Inquérito SP_EF_156
l1 : ...
l1 : (...) ahn:: o tema que::
l1 : ...
l1 : éh me foi DAdo
l1 : ...
l1 : é da estética na década de TRINta
l1 : ...
l1 : eu vou desde o o início
l1 : ...
l1 : declarar
l1 : ...
l1 : que eu vou fugir um pouco ao meu tema
l1 : ...
l1 : e talvez no decorrer:: da paLEStra fique esclarecido
l1 : ...
l1 : fique esclarecido a minha opção
l1 : ...
l1 : éh:: em todo caso aviso já desde o início porque éh:: es/ escolhi essa:: orientação
l1 : ...
l1 : a década de trinta é uma década muito rica de manifestações esTÉticas mas muitas das manifestações que poderiam me interessar aqui já foram eu creio tratados por outras tratadas por outras pessoas não irão ser tratadas
l1 : ...
l1 : porque a estética abran::ge:: enfim a:: arquitetura:: as artes plásticas em geral a arquitetura e pintura
l1 : ...
l1 : e:: e pode eventualmente entrar pelo campo da literatura
l1 : ...
l1 : éh::
l1 : ...
l1 : e
l1 : ...
l1 : por outro lado porque neste momento ah:: está ah::
l1 : ...
l1 : ah
l1 : ...
l1 : trabalhando
l1 : ...
l1 : um esteta que talvez seja o maior esteta que o Brasil já teve que é Mário de Andrade
l1 : ...
l1 : e eu acredito que é mais importante para nós
l1 : ...
l1 : pararmos um pouco na meditação do sistema de ARte que ele estabeleceu
l1 : ...
l1 : do que em pequenas manifestações espoRÁ::dicas
l1 : ...
l1 : que não terão
l1 : ...
l1 : tanta importância posterior
l1 : ...
l1 : de modo que eu vou tentar:: na primeira par::te da minha pales::tra me referir::
l1 : ...
l1 : a algumas manifestações
l1 : ...
l1 : e depois me fixar
l1 : ...
l1 : nã:: na:: no pensamento estético de Mário
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l1 : mesmo aqui eu fiz uma pê/ uma:: ah uma:: ah o meu enfoque é muito pessoal
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l1 : porque éh:: tendo que escolher alguns pensadores eu preferi escolher aqueles que estão ligados à Faculdade de Filosofia
l1 : ...
l1 : e que tiveram uma atuação aQUI nos cursos::
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l1 : de modo que não estranhem
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l1 : a:: a a a orientação pouco peculiar que eu vou dar a essa palestra
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l1 : na década no de/ no decênio de trinta
l1 : ...
l1 : ah::
l1 : ...
l1 : é republicado o livro de Vicente Licínio Car::doso A Filosofia da Ar::te
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l1 : que havia se originado num curso de arte feito aos arquitetos::
l1 : ...
l1 : e
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l1 : ao qual apenas eu vou me referir::
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l1 : porque se bem que ele tenha no panorama ah no panorama geral brasileiro muita imporTÂNcia
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l1 : ah:: é um livro que não pá/ apari/ ah:: apresenta nenhuma originaliDAde
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l1 : limitando-se a uma divulgação das ideias de Taine
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l1 : onde a explicação dos fenômenos artísticos era sujeita
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l1 : às três influências da raça do meio e do momento
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l1 : mas
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l1 : ah uma das poucas
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l1 : ideias curiosas DE
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l1 : Licínio Cardoso era ter DAdo à arquiteTUra uma preeminência
l1 : ...
l1 : mostrando que ela é de certa maneira a
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l1 : arte mestra
l1 : ...
l1 : à qual
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l1 : as demais deveriam se sujeitar
l1 : ...
l1 : esta a ideia principal de Licínio de Vicente Licínio Cardoso
l1 : ...
l1 : que vai se transformar
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l1 : numa ideia:: bana::l para nós hoje em dia
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l1 : o livro teve pouca influência passou quase despercebido
l1 : ...
l1 : nesse decênio
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l1 : nós temos a::
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l1 : a atividade jornalística de alGUNS pensadores como é o caso de Sérgio Milliet e de Luís Martins
l1 : ...
l1 : que atuam através de crônicas
l1 : ...
l1 : e
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l1 : HÁ no Rio de Janeiro um pouco atividade DE
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l1 : Manuel Bandeira que é um excelente crítico de artes plásticas
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l1 : nós temos alguns autores fazendo obras de muita sensibilidade mas esporádicas
l1 : ...
l1 : mas eu creio que isso
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l1 : foi ou deve ser abordado por quem falar
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l1 : da pintura
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l1 : para o decênio das experiências de Flávio de Carvalho
l1 : ...
l1 : as experiências numeradas de Flávio de Carvalho
l1 : ...
l1 : mas como houve ou haverá um testemunho do próprio [arquiteto --já houve-- não há necessidade que eu me detenha também
l1 : ...
l1 : nessa manifestação
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l1 : por outro lado
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l1 : como já houve também
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l1 : a conferência sobre arquitetura
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l1 : já deve ter sido mostrado que o decênio
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l1 : é extremamente importante para a arquitetura
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l1 : MAS
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l1 : ela é mais impor::tante como realização da arquitetura do
l1 : ...
l1 : que
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l1 : como teorização sobre artite/ arquitetura
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l1 : enfim nesse decênio nós já encontramos os frutos::
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l1 : da chegada de Warchavchik ao Brasil em mil novecentos e vinte e três
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l1 : da atuação de Rino Levi
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l1 : da divulgação das ideias de Le Corbusier
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l1 : e
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l1 : também já
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l1 : vemos a repercussão no meio ainda muito provinciano de São Paulo
l1 : ...
l1 : de algumas realizações
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l1 : éh:: modernistas como as
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l1 : duas casas sobretudo de Warchavchik
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l1 : que foram extremamente discutidas
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l1 : que receberam pelos jornais muitos ataques que provocaram polêmicas
l1 : ...
l1 : polêmicas em que --como
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l1 : a maioria das polêmicas dessa op/ dessa época--
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l1 : uma das figuras principais
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l1 : foi Mário de Andrade
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l1 : que veio a público para defender os ataques que as casas tinham recebido
l1 : ...
l1 : de Cristiano das Neves
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l1 : e creio que Dácio de Morais::
l1 : ...
l1 : então há uma polêmica pelo jornal
l1 : ...
l1 : DE
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l1 : dos arquitetos tradicionalistas
l1 : ...
l1 : e
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l1 : de Mário de Andrade querendo defender as ideias
l1 : ...
l1 : que eram ideias um pouco de Le Corbusier e muito de Gropius::
l1 : ...
l1 : difundidas no Brasil
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l1 : por Warchavchik
l1 : ...
l1 : o que nos interessa
l1 : hoje
l1 : ...
l1 : é
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l1 : a estética que fazia
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l1 : de uma maneira talvez mais aprofundada nos cursos da Faculdade de Filosofia
l1 : ...
l1 : NEssa ocasião os cursos eram dados por professores estrangeiros::
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l1 : por professores franceses
l1 : ...
l1 : e
l1 : ...
l1 : a atuação desses professores FOi para muitos de nós
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l1 : muito importante
l1 : ...
l1 : nós vamos ver então
l1 : ...
l1 : a atuação de DOis professores Jean Mocquet
l1 : ...
l1 : e Claude Lévi-Strauss
l1 : ...
l1 : que tinham nessa ocasião vinte e sete anos e começava no Brasil a SUa
l1 : ...
l1 : portentosa carreira urni/ universitária
l1 : ...
l1 : em segundo lugar
l1 : ...
l1 : queria me referir aos salões de pinTUra como o Salão de MAio onde se davam exposições de quadros e conferências
l1 : ...
l1 : e sobretudo à GRAnde exposição de pintura francesa
l1 : ...
l1 : que em mil novecentos e quarenta
l1 : ...
l1 : FEcha o decênio de maneira espetacular
l1 : ...
l1 : para muitos de nós
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l1 : foi a primeiro GRAnde conTAto
l1 : ...
l1 : COM a
l1 : ...
l1 : ar::te
l1 : ...
l1 : francesa
l1 : ...
l1 : é importante essa essa essa co/ essa:: chegada dos quatro franCEses
l1 : ...
l1 : porque nós que éramos alunos da Faculdade nessa ocasião íamos
l1 : ...
l1 : à à à à con/ à:: à exposição de quadros muitas vezes com o professor Mocquet para que ele nos explicasse os quadros
l1 : ...
l1 : para MUitos de nós foi o primeiro contato em profundidade com a pintura
l1 : ...
l1 : e em último ca/ lugar::
l1 : ...
l1 : a elaboraÇÃo da única meditação estética
l1 : ...
l1 : digna realmente desse NOme
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l1 : que é a meditação de Mário de Andrade
l1 : ...
l1 : que
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l1 : ABRANge todo período e EXtravasa
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l1 : até o período de quarenta FECHAdo brutalmente por sua morte
l1 : ...
l1 : vamos começar pelos professores franceses
l1 : ...
l1 : Lévi-Strauss
l1 : ...
l1 : primeiro
l1 : ...
l1 : Jean Mocquet
l1 : ...
l1 : e
l1 : ...
l1 : por fim Roger Bastide
l1 : ...
l1 : a que tinha me e/ ( ) me esquecido de de referir
l1 : ...
l1 : são os três professores que acho que tiveram
l1 : ...
l1 : muita importância
l1 : ...
l1 : na:::
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l1 : na informação estética
l1 : ...
l1 : em São Paulo
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l1 : os dois primeiros
l1 : ...
l1 : representam uma posição
l1 : ...
l1 : --que nós vamos ver-- que é nosTÁLgica em face da a::rte
l1 : ...
l1 : e
l1 : ...
l1 : os terceiro Roger Bastide
l1 : ...
l1 : é o que
l1 : ...
l1 : vai servir de elemento de ligaÇÃO
l1 : ...
l1 : entre essa POsição extremamente euroPEia
l1 : ...
l1 : e uma posição voltada para os problemas do Brasil
l1 : que é Roger Bastide
l1 : ...
l1 : uma posição em muitos pontos
l1 : ...
l1 : que é semelhante à de Mário
l1 : ...
l1 : então ele
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l1 : estabelece um ponto de ligação entre essa estética euroPEia
l1 : ...
l1 : e uma estética que nós podemos dizer brasileira
l1 : ...
l1 : que está se fazendo na sombra
l1 : ...
l1 : Lévi-Strauss
l1 : ...
l1 : chegou ao Brasil com vinte e sete anos era professor de Etnografia
l1 : ...
l1 : MAs
l1 : ...
l1 : ele era filho de pintor::
l1 : ...
l1 : filho de pintor::
l1 : ...
l1 : e amando a pintura
l1 : ...
l1 : como em geral
l1 : ...
l1 : todo pro/
l1 : ...
l1 : todo
l1 : ...
l1 : francês de
l1 : ...
l1 : de de formação
l1 : ...
l1 : intelectual
l1 : ...
l1 : e
l1 : ...
l1 : amando a música
l1 : ...
l1 : --como nós vemos
l1 : ...
l1 : pelos livros que ele continua escrevendo e que muitos deles têm uma
l1 : ...
l1 : uma::
l1 : ...
l1 : tem títulos ou em subtítulos tirados da:: da:: da nomenclatura musical
l1 : ...
l1 : como acontece com C-ru e Cozido--
l1 : ...
l1 : a preocupação de Lévi-Strauss pela pintura é uma pro/ preocupação
l1 : ...
l1 : que percorre a sua vida
l1 : ...
l1 : ela se manifesta sobretudo num livrinho precioso
l1 : ...
l1 : que é
l1 : ...
l1 : ENtrevistas
l1 : ...
l1 : com Claude Charbonnier
l1 : ...
l1 : é uma série de entrevistas que ele fez à televisão francesa --não me lembro exatamente o a época--
l1 : ...
l1 : onde
l1 : ...
l1 : ele dá o seu testemunho
l1 : ...
l1 : a sua de de antropólogo
l1 : ...
l1 : sobre a::
l1 : ...
l1 : a::
l1 : ...
l1 : a evolução da pintura e sobre alguns problemas
l1 : ...
l1 : da pintura contemporânea
l1 : sobretudo sobre a:: a dissolução da pintura como ele via
l1 : ...
l1 : ah se transformando de pintura cubista em pintura abstrata
l1 : ...
l1 : --provavelmente é uma curiosidade bibliográfica--
l1 : e muita gente nunca soube
l1 : ...
l1 : que
l1 : ...
l1 : no Brasil
l1 : ...
l1 : ah Lévi-Strauss escreveu dois::
l1 : ...
l1 : ensaios ou dois pequenos artigos
l1 : ...
l1 : O Cubismo e a Vida Cotidiana
l1 : ...
l1 : que foi publicado na Revista do Arquivo
l1 : ...
l1 : em novembro ou dezembro de mil novecentos e trinta e cinco
l1 : ...
l1 : e um artigo sobre pintura moderna que surgiu no segundo número da Revista Contemporânea
l1 : ...
l1 : --que este eu não consegui localizar--
l1 : ...
l1 : -- o artigo da da Revista do Arquivo
l1 : ...
l1 : é todo e/
l1 : ...
l1 : todo ele marcado
l1 : ...
l1 : éh que é sobre a:: pintura contemporânea
l1 : ...
l1 : é se fixa no Cubismo e é todo ele marcado
l1 : ...
l1 : pela ideia de que o Cubismo foi um movimento paradoxal
l1 : ...
l1 : na medida em que
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l1 : seu nascimento
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l1 : e
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l1 : que na éh que tendo NAscido e se desenvolvido sob o signo de do diVÓRcio entre a ar::te e o público
l1 : ...
l1 : acabou penetrando de uma maneira
l1 : ...
l1 : insidiosa
l1 : ...
l1 : ah::
l1 : ...
l1 : en/ nas FOrmas que ele chama mais pobres e mais utilitárias da expressão
l1 : ...
l1 : isto é
l1 : ...
l1 : foi uma aventura estética
l1 : ...
l1 : que acabou modificando totalmente a visão do homem
l1 : ...
l1 : não apenas a visão do esteta mas a visão do homem da rua do homem comum
l1 : ...
l1 : porque
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l1 : penetrou na sua vida de todo dia
l1 : ...
l1 : não através dos quadros
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l1 : MAS
l1 : ...
l1 : da arte aplicada e da arte
l1 : ...
l1 : éh e de uma e da arte tipográfica e dos cartazes
l1 : ...
l1 : dos objetos feitos em série dos cartazes
l1 : ...
l1 : e e lhe lembra a importância da decoração dos cafés com seus vidros foscos e tubos cromados
l1 : ...
l1 : a im/ éh:: na na na modificação da sensibilidade
l1 : ...
l1 : comum
l1 : ...
l1 : a importância da dos manequins
l1 : ...
l1 : utilizados pelos grandes magazin
l1 : ...
l1 : que passam a ser não mais
l1 : ...
l1 : manequins realistas mas estilizados de cores irreais
l1 : ...
l1 : e tendo como objetivo sobretudo ahn ressaltar as qualidades dos materiais ( ) e pôr em relevo a mercadoria
l1 : ...
l1 : e por último a arrumação das vitrinas
l1 : ...
l1 : que
l1 : ...
l1 : passou de ser um aCÚmulo de coisas de objetos mas
l1 : ...
l1 : a/ a/ acabou elegendo um objeto isolado
l1 : ...
l1 : para
l1 : ...
l1 : nele
l1 : ...
l1 : para que nele concentrássemos
l1 : ...
l1 : a nossa atenção
l1 : ...
l1 : desse modo --para Lévi-Strauss-- o Cubismo ensinou
l1 : ...
l1 : que a decoração
l1 : ...
l1 : deve ser feita
l1 : ...
l1 : não por SOma mas por SUbTRAção
l1 : ...
l1 : de elementos
l1 : ...
l1 : e ensinou também
l1 : ...
l1 : que a fi/ no quadro que a figuração do quadro no quadro pode haver uma figuração de quaisquer objetos
l1 : ...
l1 : não apenas de certos objetos privilegiados
l1 : ...
l1 : mas de quaisquer objetos
l1 : ...
l1 : como já fazia uma certa pintura
l1 : ...
l1 : e como fazia sobretudo Chardin
l1 : ...
l1 : o homem que tinha elegido para se exprimir apenas
l1 : ...
l1 : praticamente apenas a natureza morta
l1 : ...
l1 : uma vez que quando ele tratava a figura humana ele também tratava como UM objeto
l1 : ...
l1 : isso ahn:: a preocupação de Lévi-Strauss é mostrar
l1 : ...
l1 : que não há
l1 : ...
l1 : na
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l1 : ARte e sobretudo na pintura --que nos está interessando--
l1 : ...
l1 : imagens vulgares
l1 : ...
l1 : se o artista as transfigura
l1 : ...
l1 : uma garrafa é uma COisa
l1 : ...
l1 : somente do ponto de vista utilitário
l1 : ...
l1 : mas a percepção objetiva
l1 : ...
l1 : mas para A percepção objetiva
l1 : ...
l1 : uma garrafa é uma justaposição de formas de contornos de superfícies
l1 : ...
l1 : de sombras e de luz
l1 : ...
l1 : de manchas coloridas
l1 : ...
l1 : e o artista disporá tudo isso transformando
l1 : ...
l1 : os elementos
l1 : ...
l1 : a seu gosto
l1 : ...
l1 : portanto
l1 : ...
l1 : o artista é aquele que
l1 : ...
l1 : SAbe ver::
l1 : ...
l1 : não a imagem prática e vulgar
l1 : ...
l1 : que tem a sua representação no mundo
l1 : ...
l1 : mas o equilíbrio interno dos volumes e das formas
l1 : ...
l1 : da qual a coisa mais íntima --diz ele-- pode ser
l1 : ...
l1 : a
l1 : ...
l1 : só/ detentô/
l1 : ...
l1 : pode ser insubstituível detentora
l1 : ...
l1 : numa posição como de Lévi-Strauss
l1 : ...
l1 : vê-se já que é muito moderna
l1 : ...
l1 : vê-se já
l1 : ...
l1 : a influência nítida do funcionalismo de Gropius
l1 : ...
l1 : da esTÉtica dos materiais
l1 : ...
l1 : do horror:: ao ador::no
l1 : ...
l1 : horror de que
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l1 : o principal representante vai ser na arquitetura (é) Mies van der Rohe
l1 : ...
l1 : e sobretudo a aceitação da teori/ da teorização estética
l1 : ...
l1 : de Fernand Léger
l1 : ...
l1 : em livros como Função da Pintura
l1 : ...
l1 : e em obras
l1 : ...
l1 : como seu pequeno e
l1 : ...
l1 : clássico filme O Balé Mecânico
l1 : ...
l1 : por::tanto a aceitão a a aceitação de uma
l1 : ...
l1 : estética
l1 : ...
l1 : jo/ do
l1 : ...
l1 : geométrica do pictural
l1 : ...
l1 : de uma estética que já estava abandonando ou que já tinha praticamente abandonado a natureza
l1 : ...
l1 : através do cubismo
l1 : ...
l1 : tendo passado a eleger a beleza das formas
l1 : ...
l1 : das cores chatas e puras
l1 : ...
l1 : que já havia abandonado a perspectiva
l1 : ...
l1 : a proporção
l1 : ...
l1 : e QUE focalizava muitas vezes a beleza autônoma
l1 : ...
l1 : de um único objeto
l1 : ...
l1 : então
l1 : ...
l1 : a estética
l1 : ...
l1 : que nós desentranhamos deste pequeno artigo de Lévi-Strauss
l1 : ...
l1 : é uma estética que deriva do Cubismo
l1 : ...
l1 : da pregação
l1 : ...
l1 : da do funcionalismo
l1 : ...
l1 : da Bauhaus
l1 : ...
l1 : de Gropius
l1 : ...
l1 : e
l1 : ...
l1 : de Fernand Léger
l1 : ...
l1 : e caso de Jean Mocquet é um caso mais
l1 : ...
l1 : CONvencional
l1 : ...
l1 : é um ar/
l1 : ...
l1 : é um professor de Filosofia mais ligado ao passado
l1 : ...
l1 : e
l1 : ...
l1 : a posição
l1 : ...
l1 : significa dele ( ) uma posição mais retró::grada em relação a pintura
l1 : ...
l1 : pois
l1 : ...
l1 : Mocquet vai rejeitar o impressionismo
l1 : ...
l1 : --mas vamos por partes--
l1 : ...
l1 : se Lévi-Strauss se transformou
l1 : ...
l1 : num dos maiores nomes::
l1 : ...
l1 : da::
l1 : ...
l1 : ah:: filosofia e da antropologia moder::na
l1 : ...
l1 : um um nome
l1 : ...
l1 : ligado a uma série de setores do pensamento
l1 : ...
l1 : Jean Mocquet é
l1 : ...
l1 : --a não ser para nós que tivemos a a sorte a eNORme realmente ventura se ser seus alunos-- ele é um desconhecido
l1 : ...
l1 : no entanto
l1 : ...
l1 : foi o professor
l1 : ...
l1 : talvez mais brilhante
l1 : ...
l1 : que jamais passou
l1 : ...
l1 : pelos cursos de Filosofia nesta Faculdade
l1 : ...
l1 : --ele não fez carreira universitária
l1 : ...
l1 : ele continua a
l1 : ...
l1 : ser um professor de Liceu
l1 : ...
l1 : ele foi
l1 : ...
l1 : contemporâneo de
l1 : ...
l1 : éh:: de Sartre
l1 : ...
l1 : de Merleau-Ponty
l1 : ...
l1 : de Simone de Beauvoir
l1 : ...
l1 : e era TIdo por eles como um dos homens mais brilhantes da sua geração
l1 : mas por um desses
l1 : ...
l1 : dessas fatalidades de temperamento do destino
l1 : ...
l1 : ele não se realizou através das obras
l1 : ...
l1 : ele se realizou através
l1 : ...
l1 : DO ensino--
l1 : ...
l1 : no Brasil ele deixou
l1 : ...
l1 : dois artigos::
l1 : ...
l1 : ou três ou quatro
l1 : ...
l1 : -- eu não me lembro
l1 : ...
l1 : estou me lembrando agora de dois--
l1 : ...
l1 : há um artigo muito importante sobre Freud
l1 : ...
l1 : que são
l1 : ...
l1 : realmente
l1 : ...
l1 : JOIAS
l1 : ...
l1 : de in/ de
l1 : ...
l1 : de::
l1 : ...
l1 : exposição de um problema
l1 : ele era um escritor EXtraordinário
l1 : ...
l1 : e se nós não soubéssemos::
l1 : ...
l1 : qual era o autor desses artigo podíamos
l1 : ...
l1 : sem dúvida atribuir a das boas
l1 : ...
l1 : coisas de um homem como Merleau-Ponty por exemplo
l1 : ...
l1 : --ele tinha algumas peculiarida::des
l1 : por exemplo quando nós
l1 : ...
l1 : nos (apresentávamos aos) exames
l1 : ...
l1 : de seleção
l1 : ...
l1 : ele exigia dos alunos NÃO que tivessem lido os livros de Filosofia
l1 : ...
l1 : ele nunca perguntava se nós tínhamos lido Matéria e Memória
l1 : ...
l1 : se nós tínhamos lido A Crítica do Juízo
l1 : ...
l1 : ele perguntava
l1 : ...
l1 : quais os romances que leu
l1 : ...
l1 : porque ele achava que um aluno que se apresentasse para um primeiro exame de Filosofia
l1 : ...
l1 : não podia ter li/
l1 : ...
l1 : TEr compreendido ainda a Filosofia mas tinha obrigação
l1 : ...
l1 : de ter lido a LIteratura
l1 : ...
l1 : então ele perguntava já leu Crime e Castigo
l1 : ...
l1 : já leu o Pére Goriot
l1 : ...
l1 : lá/ já leu
l1 : ...
l1 : o:: Vermelho e o
l1 : ...
l1 : e o Preto
l1 : ...
l1 : e ficava indigNAdo quando a gente queria tentava dizer que tinha lido Descartes ele dizia o que que vai fazer com Descartes se não leu a literatura--
l1 : ...
l1 : para ele ( ) os os os artigos que nos interessam são
l1 : ...
l1 : dois artigos um que ele escreveu em mil novecentos e trinta e oito e outro que ele escreveu em mil novecentos e quarenta
l1 : ...
l1 : --portanto ainda cabe
l1 : ...
l1 : um pouco no nosso período--
l1 : A Pintura Moderna
l1 : ...
l1 : o primeiro
l1 : ...
l1 : e o segundo Os Problemas da Pintura Moderna
l1 : ...
l1 : que está no catálogo da Grande Exposição Francesa no Brasil
l1 : ...
l1 : se nós formos ler esses dois artigos com atenção
l1 : ...
l1 : nós descobriremos que o que Jean Mocquet procura na pintura
l1 : ...
l1 : não é a própria pintura
l1 : ...
l1 : como decerto modo
l1 : ...
l1 : fazia Lévi-Strauss no seu ou fez Lévi-Strauss nos seus artigos
l1 : ...
l1 : que tentou uma primeira crítica
l1 : ...
l1 : digamos
l1 : ...
l1 : ahn de estrutura da pintura
l1 : de encontrar os elementos básicos estruturais da pintura
l1 : ...
l1 : ( ) procura na pintura é o reflexo
l1 : ...
l1 : da sociedade
l1 : ou melhor o que ele procura na pintura
l1 : ...
l1 : é a relação
l1 : ...
l1 : harmoniosa
l1 : ...
l1 : equilibrada
l1 : ...
l1 : do homem com a natureza
l1 : ...
l1 : um grande escritor
l1 : ...
l1 : --seus raríssimos escritos como eu disse poderiam figurar ao lado de tudo que de meLHOR já se fez no gênero--
l1 : ...
l1 : ele apresentava um para nós nas aulas e nesses pequenos artigos
l1 : ...
l1 : uma visão marxista uma visão
l1 : ...
l1 : marxista mais de fundo muito hegeliano
l1 : ...
l1 : CHEIA de extraordinária acuidade
l1 : ...
l1 : de percepção
l1 : ...
l1 : o seu ponto de referência é sempre a pintura flamenga do século dezoito
l1 : ...
l1 : a pinTUra
l1 : ...
l1 : diz ele holanDEsa
l1 : ...
l1 : dá-nos no século
l1 : ...
l1 : no no
l1 : ...
l1 : --perdão--
l1 : ...
l1 : a pintura holandesa do século dezessete
l1 : ...
l1 : a pintura holandesa diz ele dá-nos no século dezessete
l1 : ...
l1 : uma lição
l1 : ...
l1 : de unidade
l1 : ...
l1 : uma unidade de temas
l1 : ...
l1 : e de estilos::
l1 : ...
l1 : a paisagem por exemplo
l1 : ...
l1 : põe em relevo as ideias gerais::
l1 : ...
l1 : da natureza holandesa
l1 : ...
l1 : essa unidade que ele via na pintura holandesa não tinha sido criado pelos grandes pintores paisagistas
l1 : ...
l1 : da pintura holandesa
l1 : ...
l1 : ( )
l1 : ...
l1 : Potter
l1 : ...
l1 : ( )
l1 : ...
l1 : mas
l1 : ...
l1 : se esses pintores conseguiram exprimir
l1 : ...
l1 : esta unidade
l1 : ...
l1 : é porque
l1 : ...
l1 : o povo holandês
l1 : ...
l1 : já:: a
l1 : ...
l1 : tinha
l1 : ...
l1 : criado
l1 : ...
l1 : com o seu trabalho
l1 : ...
l1 : o esforço extraordinário
l1 : ...
l1 : ela revelava assim
l1 : ...
l1 : o esforço extraordinário de adaptação
l1 : ...
l1 : de um povo às condições naturais
l1 : ...
l1 : em vista de construir um hábitat
l1 : ...
l1 : era
l1 : ...
l1 : ele amava essa pintura porque ela se apresentava como uma pintura objetiva
l1 : ...
l1 : patriótica
l1 : ...
l1 : como uma pintura pensa::da e remodelada pelo homem
l1 : ...
l1 : uma pintura que mostrava uma pai/ paisagem que tendo SIdo repensada pelo homem
l1 : que tinha sido
l1 : ...
l1 : trabalhada pelo homem
l1 : ...
l1 : diante desta pintura que para ele era um dos maiores momentos da pintura de todos os tempos
l1 : ...
l1 : o impressionismo
l1 : ...
l1 : se esfacelava
l1 : ...
l1 : o impressionismo exprimia para ele um movimento de espírito oposto
l1 : ...
l1 : não de uma relação harmoniosa com a ar/ com a natureza mas de uma relação em crise
l1 : ...
l1 : de uma grande incapacidade de pensar as ideias gerais da natureza
l1 : ...
l1 : na medida em que o pintor mergulhava particular no imprevisto no fugidio
l1 : ...
l1 : e
l1 : ...
l1 : que a pesquisa se (dissolvia) na pesquisa do instante do único
l1 : ...
l1 : a pintura per::dia
l1 : ...
l1 : a su/ o seu a sua qualidade
l1 : ...
l1 : no entanto ela revelava
l1 : ...
l1 : uma na/ uma um momento de crise
l1 : ela revelava sobretudo
l1 : ...
l1 : uma natureza que se extinguia
l1 : ...
l1 : ela revelava
l1 : ...
l1 : a natureza engolida pelas fábricas pela indústria
l1 : ...
l1 : mas também ela revelava relações perturbadas do homem com a natureza
l1 : relações perturbadas DO trabalho
l1 : ...
l1 : o homem tinha perdido
l1 : ...
l1 : a seu domínio sobre as forças da natureza
l1 : ...
l1 : então para ele o impressionismo foi antes de tudo um movimento DEsespera::do
l1 : ...
l1 : no sentido de
l1 : ...
l1 : que
l1 : ...
l1 : tenTAva fixar
l1 : ...
l1 : o que não tinha possibilidade de ser fixado
l1 : ...
l1 : tentava reter aquilo que estava desaparecendo que era a natureza natural
l1 : ...
l1 : a natureza exterior ao homem
l1 : ...
l1 : tentava reter o instante
l1 : ...
l1 : que é impossível da gente reter
l1 : ...
l1 : para ele então a história deste período
l1 : ...
l1 : é a história desta da iMENsa revolução
l1 : ...
l1 : que o homem estava
l1 : ...
l1 : passando
l1 : ...
l1 : e por isso
l1 : ...
l1 : as paisagens rasgadas pelas fábricas o nascimento dos subúrbios as zonas leprosas
l1 : ...
l1 : tudo isso era dado pela pintura sobretudo uma
l1 : ...
l1 : terrível
l1 : ...
l1 : um um uma::
l1 : ...
l1 : tentativa do olho
l1 : ...
l1 : a se acomodar a certas condições de velocidade
l1 : ...
l1 : que ele via nos quadros de Vlaminck
l1 : ...
l1 : dava também
l1 : ...
l1 : era uma pintura também sem unidade
l1 : ...
l1 : porque
l1 : ...
l1 : a sociedade ainda não tinha encontrado seu reequilíbrio depois
l1 : ...
l1 : da Revolução Industrial e depois da Revolução Burguesa
l1 : ...
l1 : as classes que subiam e desciam
l1 : ...
l1 : toda essa mobilidade social
l1 : ...
l1 : que éh:: é muito importante na percepção estética
l1 : ...
l1 : no entanto o gosto de Mocquet
l1 : ...
l1 : encontrava
l1 : ...
l1 : ANtes do impressionismo um homem
l1 : ...
l1 : que se aproximava de ce/ cuja visão
l1 : ...
l1 : se aproximava de certa maneira da visão
l1 : ...
l1 : equilibrada
l1 : ...
l1 : tranquila e harmoniosa
l1 : ...
l1 : da pintura
l1 : ...
l1 : éh holandesa do século dezessete
l1 : ...
l1 : este homem é Corot
l1 : ...
l1 : Corot representa para ele um equilíbrio tão perfeito de seus dotes da realidade
l1 : ...
l1 : que perto dele TOdos os outros paisagistas soam falso
l1 : ...
l1 : em nossa
l1 : ...
l1 : na na adoração que ele tinha por Corot --diz ele ''em minha adoração por Corot
l1 : ...
l1 : entra sem dúvida um pouco de nostalgia
l1 : ...
l1 : talvez
l1 : ...
l1 : tenha definitivamente passado o tempo
l1 : ...
l1 : em que o homem vivia verdadeiramente a vida da natureza
l1 : ...
l1 : nossas atividades não seguem mais a cadência um pouco lenta mas profunda das coisas
l1 : ...
l1 : e por muito tempo ainda
l1 : ...
l1 : a pintura não in/ conseguirá saber pintar
l1 : ...
l1 : o movimento autêntico dos rios
l1 : ...
l1 : das árvores:: e dos céus::''
l1 : ...
l1 : nós vemos por esta frase
l1 : ...
l1 : que ele continua preso a uma estética
l1 : ...
l1 : NAturalista e uma estética do Classicismo
l1 : --nós vamos voltar a isso--
l1 : ...
l1 : é preciso que ahn:: passado
l1 : ...
l1 : Corot passado o impressionismo ele vai reencontrar essa relação
l1 : ...
l1 : sobretudo em Van Gogh
l1 : ...
l1 : Vlaminck
l1 : ...
l1 : e em Utrillo
l1 : ...
l1 : --há um trecho de Van Gogh
l1 : ...
l1 : que eu vou ler para os senhores
l1 : ...
l1 : porque ele é muito típico das meditações de Mocquet--
l1 : ...
l1 : ele lembra
l1 : ...
l1 : que os quadros de Van Gogh
l1 : ...
l1 : representam construções fiscalizadas sobre um ponto de fuga
l1 : ...
l1 : no horizonte
l1 : ...
l1 : ''são profundidades batidas pela chuva ou varridas por uma luz sem alegria
l1 : ...
l1 : tudo é composto não pelo prazer de uma bela estética --des/ diz ele-- mas segundo a própria arquitetura da natureza''
l1 : ...
l1 : --diz ele-- como ninguém mais
l1 : ...
l1 : Van Gogh sentiu a tragédia de uma estrada se perdendo nas fronteiras do céu
l1 : ...
l1 : esse holandês do Brabante nascido numa região plana
l1 : ...
l1 : onde o viajante sente de todos os lados o apelo dos caminhos
l1 : ...
l1 : que passou por tantos lugares antes de se fixar num canto da França
l1 : ...
l1 : --onde aliás ele vai encontrar a loucura--
l1 : ...
l1 : é talvez com Verhaeren
l1 : ...
l1 : o artista que compreendeu com mais profundidade
l1 : ...
l1 : o que significa para um coração inquieto
l1 : ...
l1 : a grande partida solitária
l1 : ...
l1 : pela estrada
l1 : ...
l1 : suas paisagens não são apenas aspectos da natureza
l1 : ...
l1 : são sobretudo testemunhos de uma sensibilidade
l1 : ...
l1 : nos seus quadros o movimento que nos faz partir não é o próprio movimento das coisas
l1 : ...
l1 : mas o impulso de um viajante miserável
l1 : ...
l1 : pois o que vamos encontrar ao longo do caminho
l1 : ...
l1 : é o sofrimento dos homens
l1 : ...
l1 : nos campos cheios de trabalho
l1 : ...
l1 : nas casas cheias de fadiga
l1 : ...
l1 : e de refeições parcas
l1 : ...
l1 : a cor por sua vez intervém para completar a impressão do quadro
l1 : ...
l1 : é ingrata
l1 : ...
l1 : de um amarelo soturno e dividido
l1 : ...
l1 : com vermelhos pálidos e verdes sem doçura
l1 : ...
l1 : quem poderia encontrar as cores nobres e pacificadoras de outrora
l1 : ...
l1 : o colorido de Rousseau ou de Corot
l1 : ...
l1 : nessas paisagens torturadas
l1 : ...
l1 : nesses campos destruídos pelo sol
l1 : ...
l1 : e atormentados por uma esPÉcie de revolta social
l1 : ...
l1 : são as cores que o pobre olhar do camponês e do operário enxerga
l1 : ...
l1 : e para esses seres deserdados há muito o manto de Salomão se retirou da natureza
l1 : ...
l1 : eu trans/ eu eu repito aqui essa frase do Mocquet em
l1 : ...
l1 : e e na tradução ela perde
l1 : ...
l1 : por causa da sua extraordinária beleza
l1 : ...
l1 : mas também para para verem bem que tipo de crítica ele fazia muito diferente da crítica de de de Lévi-Strauss que era seca
l1 : ...
l1 : ah:: técnica
l1 : ...
l1 : ele fazia uma
l1 : ...
l1 : crítica romântica
l1 : ...
l1 : e e uma crítica:: e uma crítica que procurava ver éh ler a natu/ ler a a a pintura não como pintura
l1 : ...
l1 : mas como REpresentação de alguma coisa além dela
l1 : ele procurava através do quadro encontrar
l1 : ...
l1 : uns umas um uma:: uma concepção de vida
l1 : ...
l1 : uma concepção uhn da da natureza uma relação do homem com as coisas
l1 : ...
l1 : uma concepção enfim
l1 : ...
l1 : éh:: quase que uma uma posição filosófica
l1 : ...
l1 : o ter::ceiro
l1 : ...
l1 : hã o terceiro:: esteta que nos interessa Roger Bastide
l1 : ...
l1 : é um sociólogo
l1 : ...
l1 : um sociólogo que procura na arte não a relação (do homem) com a natureza
l1 : ...
l1 : mas a expressão de uma sociedade e de uma época
l1 : ...
l1 : sobretudo de um homem que se di/ debruçou num país extremamente diver::so do seu
l1 : ...
l1 : e que teve pela frente criações artísticas
l1 : ...
l1 : éh::: com as quais ele só tinha de se defrontado em livros porque ele era um sociólogo
l1 : ...
l1 : e que TEnta
l1 : ...
l1 : se adaptar essas formas
l1 : ...
l1 : novas e curiosas de manifestações
l1 : ...
l1 : dos três é o que o único ou o que mais se debruçou amorosamente sobre o Brasil
l1 : Lévi-Strauss fez uma viagem etno/ etnográfica
l1 : ...
l1 : mas essa viagem etnográfica (o na) no no interior do Brasil
l1 : só vai render posteriormente porque terminada a a viagem ele volta para França
l1 : ...
l1 : e ele para fazer a guerra para para para se insc/ ah:: para se
l1 : ...
l1 : ah::
l1 : ...
l1 : se alisTAR
l1 : ...
l1 : como foi o caso de Mocquet que também voltou para se alistar
l1 : ...
l1 : os dois se alistaram e fizeram a guerra
l1 : ...
l1 : hã::
l1 : ...
l1 : de modo que a:: experiência brasileira (vai) render
l1 : ...
l1 : com co/ com retardo
l1 : ...
l1 : posteriormente
l1 : ...
l1 : ( ) Roger Bastide passou aqui todo o período de guerra
l1 : e foi um longo período
l1 : e nesse período ele se
l1 : ...
l1 : ele se dedicou profundamente com um amor incrível às coisas brasileiras
l1 : ...
l1 : e
l1 : ...
l1 : éh::
l1 : ...
l1 : essa esse amor se manifesta em primeiro através de TOda uma:: uma mani/ uma::
l1 : ...
l1 : uma uma::
l1 : ...
l1 : atuação jornalística
l1 : ele escreve sobre a literaTUra
l1 : ...
l1 : sobre tantas ter/ escreve sobre as coisas mais pequenininhas sobre sobre o carTAZ:: sobre como se deve colocar o cartaz na estrada
l1 : ...
l1 : sobre a estética dos salões sobre a estética do carnaval sobre a ah:: sobre o homem fantasiado de mulher
l1 : ...
l1 : hã:: sobre o cafuné
l1 : ...
l1 : hã:: sobre os desafios et cetera
l1 : em tudo ele po/ procura pse/ penetrar no sentido profundo dessas manifestações
l1 : ...
l1 : desde a procurando delas tirar uma estética
l1 : ...
l1 : por exemplo ele sonhava com teatro brasileiro
l1 : ...
l1 : que em vez de se inspirar como se fazia na época nos modelos europeus
l1 : ...
l1 : fosse procurar inspiração nas danças populares como por exemplo no bumba-meu-boi
l1 : ...
l1 : fosse procurar:: na nau catarineta nos autos populares como posteriormente vai vai vai ser o caso de Ariano Suassuna
l1 : ...
l1 : ele foi tradutor de Gilberto Freire
l1 : ...
l1 : ele sofreu profundamente a impregnação de Casa Grande e Senzala
l1 : ...
l1 : leu com uma atenção incrível todos os historiadores os críticos os estetas os folcloristas
l1 : ...
l1 : e eu creio ser possível dizer que ja-mais um grande espírito europeu penetrou TÃO fundo com TÃo amorosa compreensão
l1 : ...
l1 : na alma brasileira
l1 : a IN-fluência que ele exerceu no Brasil
l1 : ...
l1 : é uma influência
l1 : ...
l1 : inigualável
l1 : ...
l1 : a in/ a interpretação que ele deu do Brasil foi decisiva para todo mundo que veio depois não apenas para os seus alunos
l1 : ...
l1 : e
l1 : ...
l1 : sobretudo no final do decênio de trinta e no decorrer do de quarenta
l1 : ...
l1 : é uma influência que atinge
l1 : ...
l1 : não nós os seus alunos mas
l1 : ...
l1 : ainda os intelectuais brasileiros
l1 : ...
l1 : de toda sua atuação
l1 : ...
l1 : a:: que nós teríamos que chamar atenção
l1 : ...
l1 : foi sobretudo o curso que em mil novecentos e trinta e nove ele deu aos alunos da da Faculdade de Filosofia
l1 : ...
l1 : e que posteriormente vai se transformar no livro Arte e Sociedade
l1 : ...
l1 : que recebeu --acho que o ano passado há dois anos-- uma segunda edição na Livraria Martins
l1 : ...
l1 : é um livro que apareceu em português depois vai aparecer em espanhol no México
l1 : ...
l1 : não foi publicado na França
l1 : ...
l1 : e permanece ainda não só na bibliografia pequena brasileira mas na bibliografia internacional
l1 : ...
l1 : um dos livros mais perfeitos
l1 : ...
l1 : neste livro eu quero apenas acentuar:: uma coisa ou nestes cursos --creio que no livro não está tão de de tão tão
l1 : ...
l1 : tão nítido no no livro
l1 : ...
l1 : --ele:: ele:: ele mostra uma série de coisas éh::
l1 : ...
l1 : ham::
l1 : ...
l1 : ele mostra como a relação
l1 : ...
l1 : a a a relação que a arte tem com os públicos e como os gêneros nascem e se transformam com a evolução dos públicos
l1 : ...
l1 : mostra nesse sentido a evo/ o nascimento da música de câmara
l1 : ...
l1 : de câmera com as cortes
l1 : ...
l1 : a transformação da arte
l1 : ...
l1 : ham com o novo estatuto adquirido pelo grupo feminino
l1 : ...
l1 : a relação da arte com os grupos de idade com os grupos sexuais
l1 : ...
l1 : ah:: focaliza o problema da arte popuLAR e daí por diante
l1 : ...
l1 : MAs o que nos interessa é apenas chamar a atenÇÃO
l1 : ...
l1 : sobre a sua meditação ahn
l1 : ...
l1 : na ah meditação sobre o Barro::co
l1 : ...
l1 : que
l1 : ...
l1 : foi um dos pontos::
l1 : ...
l1 : ahn::
l1 : ...
l1 : um dos setores
l1 : ...
l1 : onde ele deixou uma meditação muito original
l1 : ...
l1 : ele
l1 : ...
l1 : preferia não chamar o Barroco brasileiro de Barroco
l1 : ...
l1 : ele chamava
l1 : ...
l1 : sobretudo o Barroco de Minas de Rococó
l1 : ...
l1 : e insisTIa em mostrar a extraordinária originalidade
l1 : ...
l1 : desse Barroco em face do Barroco baiano por exemplo que é um Ba/ Barroco
l1 : ...
l1 : sobrecarregado
l1 : ...
l1 : um pouco indiano
l1 : ...
l1 : ahn:: extremamente:::
l1 : ...
l1 : rico
l1 : ...
l1 : coberto de ouro
l1 : ...
l1 : de tal forma que quando a gente entra numa igreja baiana tem a impressão que entrou numa gruta submarina
l1 : ...
l1 : MAS::
l1 : ...
l1 : que aparentemente menos rico
l1 : ...
l1 : do que que o Barroco baiano era muito mais rico
l1 : ...
l1 : como
l1 : ...
l1 : SOlução brasileira
l1 : ...
l1 : era muito mais rico como solução brasileira era muito mais original
l1 : ...
l1 : se bem que ele aparentemente fosse mais pobre
l1 : ...
l1 : porque
l1 : ...
l1 : devido talvez em grande parte à localização geográfica das grandes cidades mineiras
l1 : ...
l1 : e
l1 : ...
l1 : que difici/ estava muito longe dos portos
l1 : ...
l1 : os materiais que eram os materiais privilegiados do Barroco
l1 : ...
l1 : e que vinham da metrópole não podiam chegar em lombo de burro até Vila RIca por exemplo
l1 : ...
l1 : então era difícil trazer peças de ahn ahn ahn:: MÁRmore
l1 : ...
l1 : por exemplo que éh português aTÉ Ouro Preto
l1 : ...
l1 : então houve substituições o mármore foi subs-tituído pela mam/ me/ ma/ me/ material que eles tinham à
l1 : ...
l1 : à mão
l1 : ...
l1 : e daí a utilização da pedra-sabão a utilização geniAL da pedra-sabão
l1 : ...
l1 : por um homem geniAL como o Aleijadinho
l1 : um Barroco
l1 : ...
l1 : que pegou um material NA::da Barroco como é
l1 : ...
l1 : a pedra e transformou num material Barroco
l1 : ...
l1 : como fez
l1 : ...
l1 : o Aleijadinho
l1 : ...
l1 : daí a:: utilização da madeira em certas igrejas
l1 : ...
l1 : da madeira pintada de branco com pequenos
l1 : ...
l1 : dourados
l1 : ...
l1 : como foi feito em Ouro Preto --que creio que na na Matriz do Carmo se não me engano
l1 : ...
l1 : na Ca/ Carmo na São Francisco também
l1 : ...
l1 : É
l1 : ...
l1 : E HÃ:: e que transformou o Barroco numa coisa extremamente deliCAda extremamente::
l1 : ...
l1 : éh:: suave
l1 : ...
l1 : e muito diferente do Barroco português
l1 : ...
l1 : uma escolha muito mais graciosa então ele SEgue
l1 : ...
l1 : as observações que ele faz sobre o Barroco são muito parecidas com certas observações que Mário de Andrade já tinha feito no Aleijadinho
l1 : ...
l1 : mostrando essa Adaptação do Barroco português ao Brasil através de uma série de modificações
l1 : ...
l1 : também através de Roger Bastide
l1 : ...
l1 : que se dá a primeira discussão sobre mais ahn:: aprofundada sobre certas teorias do Barroco
l1 : ...
l1 : coisa que depois Lourival Machado iria retomar (tá)
l1 : ...
l1 : e também
l1 : ...
l1 : éh uma da coisas que ele nos chamava muito a atenÇÃO
l1 : ...
l1 : é para que pesquisássemos e não deixássemos se destruir
l1 : ...
l1 : a documentação das confrarias religio::sas
l1 : ...
l1 : que eram um manancial riquíssimo
l1 : ...
l1 : para o estudo da sociologia da Ar::te
l1 : ...
l1 : como que se faziam as encomendas
l1 : ...
l1 : qual a relação entre as confrarias religiosas e os artistas muLAtos
l1 : ...
l1 : qual o estatuto dos muLAtos no tempo da da da:: da coLÔnia e daí por diante
l1 : ...
l1 : não é difícil através dessa rapiDÍssima exposição
l1 : ...
l1 : mostrar
l1 : ...
l1 : a relação que pode ter havido entre estes TRÊS
l1 : ...
l1 : GRANdes intelectuais franceses
l1 : ...
l1 : que nós tivemos a sorte de ter entre nós
l1 : ...
l1 : E
l1 : ...
l1 : a meditação estética de Mário de Andrade
l1 : ...
l1 : a atuação dos professores franceses sobretudo dos mais jovens
l1 : ...
l1 : ainda
l1 : ...
l1 : que não tinham ainda obra
l1 : ...
l1 : publicada como era o caso de Jean Mocquet
l1 : ...
l1 : e de Claude Lévi-Strauss
l1 : ...
l1 : era restrita
l1 : ...
l1 : e se exercia sobretudo através dos cursos não atingindo grande público
l1 : ...
l1 : no entanto nós podemos perceber certos pontos de conTACto entre a abordagem da pintura de Mocquet e a abor::-dagem que Mário de Andrade fazia
l1 : ...
l1 : uma abordagem de forte impregnação Hege/ Hegeliana como eu disse
l1 : ...
l1 : e uma certa crítica que Mário fazia
l1 : ...
l1 : sobretudo no final da sua VIda num ensaio sobretudo à família paulista
l1 : ...
l1 : quanto a Lévi-Strauss
l1 : ...
l1 : tanto ele quanto sua mulher
l1 : ...
l1 : --sua mulher de então
l1 : ...
l1 : ahn:: Dina Dreyfus-- ligaram-se mais intimamente a Mário na época do Departamento de Cultura quando fundaram juntos a Sociedade de Etnografia e Folclore
l1 : ...
l1 : onde creio que ambos deram cursos
l1 : ...
l1 : é muito proVÁvel como já observou Telê Ancona Lopez no seu livro
l1 : ...
l1 : que Lévi-Strauss tenha influído na nova orientação das leituras de Mário de Andrade
l1 : ...
l1 : tendo-o posto em contacto
l1 : ...
l1 : com o Manual de Antropologia Cultural do Robert Lowie
l1 : ...
l1 : e o Tratado de Etnologia Cultural de Montandon
l1 : ...
l1 : que ele nos obriGAva a ler nos cursos que dava na faculdade
l1 : ...
l1 : mas do ponto de vista da visão da ARte Mocquet e Lévi-Strauss representam posições
l1 : ...
l1 : e interesses MUIto diversos dos interesses de Mário
l1 : ...
l1 : a breve referência
l1 : ...
l1 : às suas ideias
l1 : ...
l1 : creio que foi suficiente para mostrar
l1 : ...
l1 : QUE
l1 : ...
l1 : a meditação de ambos refletia a posição de uma estética racional
l1 : ...
l1 : diríamos mesmo de uma estética CLAssiCIsta
l1 : ...
l1 : classicista a seu modo
l1 : ...
l1 : de uma estética nostálgica
l1 : ...
l1 : dos momentos em que a ARte havia traduzido uma relação harmoniosa do homem com a natureza
l1 : ...
l1 : momentos em que o trabalho humano tinha se inscrito na paisagem
l1 : ...
l1 : uma harmonia que Mocquet via na pintura holandesa do século dezessete
l1 : ...
l1 : que via
l1 : ...
l1 : na pintura de Corot no século dezenove
l1 : ...
l1 : e que Lévi-Strauss mais TARDE nas entrevistas com Charbonnier
l1 : ...
l1 : vai ver
l1 : ...
l1 : vai divisar no século dezoito nas grandes marinhas de Joseph
l1 : ...
l1 : Vermeer
l1 : ...
l1 : há um trecho curioso
l1 : ...
l1 : QUANdo Charbonnier vendo que a posição na/ durante as entrevistas da televisão vendo que Lévi-Strauss tinha uma posição nostálgica
l1 : ...
l1 : pergunta a ele
l1 : ...
l1 : mas SE
l1 : ...
l1 : o senhor
l1 : ...
l1 : ah:: re/ éh rejeita de alguma forma a pintura abstrata
l1 : ...
l1 : e só vai até a pintura cubista --ele é um pouquinho mais
l1 : ...
l1 : mais:: adiantado que Mocquet que ficava
l1 : ...
l1 : quando muito em Van Gogh--
l1 : ...
l1 : se você vai até a pintura Cubi/ ahn
l1 : ...
l1 : Cubi/ com Cubi/ e rejeita a pintura
l1 : ...
l1 : hãm::: abstrata
l1 : ...
l1 : como é que você veria o fuTUro da pintura
l1 : ...
l1 : ele disse numa pintura minuciosamente figuraTIva
l1 : ...
l1 : mas onde o artista em vez de se colocar diante de uma paisagem e dar daí mesmo uma visão mais ou menos transposta e interpreTAda
l1 : ...
l1 : tentaria faz/ fe/ fabricar SUperpaisagens
l1 : ...
l1 : como aliás a pintura chiNEsa
l1 : ...
l1 : nunca deixou de fazer
l1 : ...
l1 : seria antes nessa direção que eu veria surgir uma solução da contradição atual
l1 : ...
l1 : numa espécie de síntese da representa-tividade
l1 : ...
l1 : que de novo poderia ser levada a um ponto extremo
l1 : ...
l1 : e de não
l1 : ...
l1 : e de não representatividade que jogaria no plano da livre com-binação dos elementos
l1 : ...
l1 : de uma pintura
l1 : ...
l1 : como os GRANdes quadros de Joseph Vermeer
l1 : ...
l1 : que representa no século dezoito
l1 : ...
l1 : --que ainda me emociona muito
l1 : ...
l1 : porque representam
l1 : ...
l1 : ahn porque me fazem reviver essa relação entre o mar e a terra
l1 : ...
l1 : que existia nessa época
l1 : ...
l1 : nessa instalação humana
l1 : ...
l1 : que não destruía mas antes ajeitava
l1 : ...
l1 : as relações naturais da geola/ geologia da geo/ da geografia da vegetação
l1 : ...
l1 : enfim
l1 : ...
l1 : que representa um mundo de sonho
l1 : ...
l1 : onde podemos encontrar refúgio
l1 : ...
l1 : --é uma posição porTANto
l1 : ...
l1 : QUE
l1 : ...
l1 : eLEge
l1 : ...
l1 : ahn::
l1 : ...
l1 : uma::: es/ que elege::
l1 : ...
l1 : um momento da pintura como preferencial
l1 : ...
l1 : e que manifesta
l1 : ...
l1 : uma:: estética
l1 : ...
l1 : ahn:: represe/ da representação
l1 : ...
l1 : e uma estética
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l1 : do equilíbrio harmonioso
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l1 : o caso de Roger Bastide é diferente e este está muito mais ligado a Mário
l1 : há com ele uma profunda identidade de interesses
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l1 : uma
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l1 : --como vimos-- e uma::
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l1 : identificação e uma:: visão parecida do fenômeno artístico
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l1 : --tenho medo de fazer confusão aqui--
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l1 : inclusive os próprios enfoques de que ele se serve são parecidos com os (demais)
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l1 : os enfoques
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l1 : e os pontos de referência
l1 : os pontos de referência é a arte popular
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l1 : os enfoques a utilização do enfoque psicanalítico e da antropologia
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l1 : e a::::
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l1 : a preocupação com as manifestações NÃO
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l1 : da racionalidade mas as manifestações
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l1 : à margem da racionalidade da Irracionalidade as manifestações das religiões
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l1 : Afrobrasileiras
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l1 : e do misticismo
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l1 : portanto
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l1 : ele está
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l1 : do lado NÃO da Europa Ocidental
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l1 : mas do lado
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l1 : das
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l1 : da diferença daquilo que nós vamos chamar da diferença em relação à Europa
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l1 : apenas para passar para Mário
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l1 : vamos passar através::
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l1 : de um ponto de relação ou de um ponto de discordância
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l1 : é curioso lembrar que apesar de todas essas identidades e pontos de vista
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l1 : Roger Bastide teve com Mário uma polê::mica
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l1 : a polêmica é que vai
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l1 : nos servir de fonte
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l1 : a polêmica em relação à arte POpular
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l1 : ela se manifestou
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l1 : a partir::
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l1 : da:: de:: de:: de algumas afirmações de Mário
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l1 : sobre a moDInha
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l1 : éh::
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l1 : Mário ah:: estudando a modinha
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l1 : já nos no na introdução que ele ti/ fi/ tinha feito a modinhas imperiAis
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l1 : e
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l1 : através de todos os estudos que ele estava fazendo sobre o folklore adotava uma posição muito ROMÂNtica em face da arte popular
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l1 : isto é
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l1 : de que o povo é criador de que o povo é criador original
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l1 : Roger Bastide lembra Mário
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l1 : que
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l1 : ahn::
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l1 : que ahn que para Mário portanto o povo é criador e são os artistas eruditos
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l1 : que para renovar
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l1 : a inspiração
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l1 : devem procurar
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l1 : novo alento nas fontes populares
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l1 : este é uma esta é uma das afirmações básicas de Mário de Andrade
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l1 : e esta afirmação é uma afirmação
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l1 : do ROmantismo alemão
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l1 : é uma afirmação que ele foi procurar inclusive na concepção de arte popular dos irmãos Grimm
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l1 : essa é uma afirmação básica
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l1 : percorre toda a sua estética
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l1 : Roger Bastide diante dessa afirmação de Mário
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l1 : lembra
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l1 : esposando a posição de Charles Lalo
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l1 : que as manifestações artísticas que nós encontramos no povo e que tomamos como de origem popular
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l1 : não são na realidade criações do povo são na verdade antigas formas de arte eruDIta
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l1 : que caíram em desuso isto é a arte erudita desnivelada
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l1 : e que foram conservadas
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l1 : no povo
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l1 : nas regiões muito afastadas
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l1 : da civilização
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l1 : então o movimento seria um movimento muito mais complexo
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l1 : e essas formas são conservadas no povo mas eles FOram formas eruditas que decaíram
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l1 : e depois os arTIStas
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l1 : eruditos se inspiram nessas formas
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l1 : e NOvamente elevam essas formas até a
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l1 : o nível erudito
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l1 : então há um movimento constante
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l1 : de desnivelamento
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l1 : E
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l1 : de
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l1 : de novamen::te
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l1 : inspiração
l1 : ...
l1 : e::
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l1 : e:: projeção
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l1 : do popular no erudito
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l1 : se essa polêmica a análise dessa polêmica nã/ não nos levasse muito longe era o caso de analisar
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l1 : mas eu apenas lembro ao
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l1 : aos senhores
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l1 : a importância dessa polêmica
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l1 : inclusive porque ela é um exemplo muito curioso de uma polêmica
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l1 : ah estabelecida num ALto nível intelectual
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l1 : depois os argumentos que Mário dá em dois artigos sobretudo sobre a modinha e Lalo
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l1 : ah:: são
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l1 : extremamente comprovantes e são arti/ são são ele ele se serve de argumentos técnicos sobre a música da música ah:: mas ah:: são exemplos hum::
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l1 : muito BOns de uma polêmica em alto nível em que os
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l1 : POlemizadores
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l1 : continuam se respeitando mutuamente
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l1 : tendo
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l1 : feito essa pequena introdução
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l1 : éh eu gostaria agora de tomar outro caminho
l1 : ...
l1 : o que eu gostaria de mostrar no tempo em que ainda me resta
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