Inquérito SP_EF_156

l1 : ...

l1 : (...) ahn:: o tema que::

l1 : ...

l1 : éh me foi DAdo

l1 : ...

l1 : é da estética na década de TRINta

l1 : ...

l1 : eu vou desde o o início

l1 : ...

l1 : declarar

l1 : ...

l1 : que eu vou fugir um pouco ao meu tema

l1 : ...

l1 : e talvez no decorrer:: da paLEStra fique esclarecido

l1 : ...

l1 : fique esclarecido a minha opção

l1 : ...

l1 : éh:: em todo caso aviso já desde o início porque éh:: es/ escolhi essa:: orientação

l1 : ...

l1 : a década de trinta é uma década muito rica de manifestações esTÉticas mas muitas das manifestações que poderiam me interessar aqui já foram eu creio tratados por outras tratadas por outras pessoas não irão ser tratadas

l1 : ...

l1 : porque a estética abran::ge:: enfim a:: arquitetura:: as artes plásticas em geral a arquitetura e pintura

l1 : ...

l1 : e:: e pode eventualmente entrar pelo campo da literatura

l1 : ...

l1 : éh::

l1 : ...

l1 : e

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l1 : por outro lado porque neste momento ah:: está ah::

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l1 : ah

l1 : ...

l1 : trabalhando

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l1 : um esteta que talvez seja o maior esteta que o Brasil já teve que é Mário de Andrade

l1 : ...

l1 : e eu acredito que é mais importante para nós

l1 : ...

l1 : pararmos um pouco na meditação do sistema de ARte que ele estabeleceu

l1 : ...

l1 : do que em pequenas manifestações espoRÁ::dicas

l1 : ...

l1 : que não terão

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l1 : tanta importância posterior

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l1 : de modo que eu vou tentar:: na primeira par::te da minha pales::tra me referir::

l1 : ...

l1 : a algumas manifestações

l1 : ...

l1 : e depois me fixar

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l1 : nã:: na:: no pensamento estético de Mário

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l1 : mesmo aqui eu fiz uma pê/ uma:: ah uma:: ah o meu enfoque é muito pessoal

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l1 : porque éh:: tendo que escolher alguns pensadores eu preferi escolher aqueles que estão ligados à Faculdade de Filosofia

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l1 : e que tiveram uma atuação aQUI nos cursos::

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l1 : de modo que não estranhem

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l1 : a:: a a a orientação pouco peculiar que eu vou dar a essa palestra

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l1 : na década no de/ no decênio de trinta

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l1 : ah::

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l1 : é republicado o livro de Vicente Licínio Car::doso A Filosofia da Ar::te

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l1 : que havia se originado num curso de arte feito aos arquitetos::

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l1 : e

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l1 : ao qual apenas eu vou me referir::

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l1 : porque se bem que ele tenha no panorama ah no panorama geral brasileiro muita imporTÂNcia

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l1 : ah:: é um livro que não pá/ apari/ ah:: apresenta nenhuma originaliDAde

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l1 : limitando-se a uma divulgação das ideias de Taine

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l1 : onde a explicação dos fenômenos artísticos era sujeita

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l1 : às três influências da raça do meio e do momento

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l1 : mas

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l1 : ah uma das poucas

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l1 : ideias curiosas DE

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l1 : Licínio Cardoso era ter DAdo à arquiteTUra uma preeminência

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l1 : mostrando que ela é de certa maneira a

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l1 : arte mestra

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l1 : à qual

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l1 : as demais deveriam se sujeitar

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l1 : esta a ideia principal de Licínio de Vicente Licínio Cardoso

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l1 : que vai se transformar

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l1 : numa ideia:: bana::l para nós hoje em dia

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l1 : o livro teve pouca influência passou quase despercebido

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l1 : nesse decênio

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l1 : nós temos a::

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l1 : a atividade jornalística de alGUNS pensadores como é o caso de Sérgio Milliet e de Luís Martins

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l1 : que atuam através de crônicas

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l1 : e

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l1 : HÁ no Rio de Janeiro um pouco atividade DE

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l1 : Manuel Bandeira que é um excelente crítico de artes plásticas

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l1 : nós temos alguns autores fazendo obras de muita sensibilidade mas esporádicas

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l1 : mas eu creio que isso

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l1 : foi ou deve ser abordado por quem falar

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l1 : da pintura

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l1 : para o decênio das experiências de Flávio de Carvalho

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l1 : as experiências numeradas de Flávio de Carvalho

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l1 : mas como houve ou haverá um testemunho do próprio [arquiteto --já houve-- não há necessidade que eu me detenha também

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l1 : nessa manifestação

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l1 : por outro lado

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l1 : como já houve também

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l1 : a conferência sobre arquitetura

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l1 : já deve ter sido mostrado que o decênio

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l1 : é extremamente importante para a arquitetura

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l1 : MAS

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l1 : ela é mais impor::tante como realização da arquitetura do

l1 : ...

l1 : que

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l1 : como teorização sobre artite/ arquitetura

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l1 : enfim nesse decênio nós já encontramos os frutos::

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l1 : da chegada de Warchavchik ao Brasil em mil novecentos e vinte e três

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l1 : da atuação de Rino Levi

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l1 : da divulgação das ideias de Le Corbusier

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l1 : e

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l1 : também já

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l1 : vemos a repercussão no meio ainda muito provinciano de São Paulo

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l1 : de algumas realizações

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l1 : éh:: modernistas como as

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l1 : duas casas sobretudo de Warchavchik

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l1 : que foram extremamente discutidas

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l1 : que receberam pelos jornais muitos ataques que provocaram polêmicas

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l1 : polêmicas em que --como

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l1 : a maioria das polêmicas dessa op/ dessa época--

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l1 : uma das figuras principais

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l1 : foi Mário de Andrade

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l1 : que veio a público para defender os ataques que as casas tinham recebido

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l1 : de Cristiano das Neves

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l1 : e creio que Dácio de Morais::

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l1 : então há uma polêmica pelo jornal

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l1 : DE

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l1 : dos arquitetos tradicionalistas

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l1 : e

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l1 : de Mário de Andrade querendo defender as ideias

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l1 : que eram ideias um pouco de Le Corbusier e muito de Gropius::

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l1 : difundidas no Brasil

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l1 : por Warchavchik

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l1 : o que nos interessa

l1 : hoje

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l1 : é

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l1 : a estética que fazia

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l1 : de uma maneira talvez mais aprofundada nos cursos da Faculdade de Filosofia

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l1 : NEssa ocasião os cursos eram dados por professores estrangeiros::

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l1 : por professores franceses

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l1 : e

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l1 : a atuação desses professores FOi para muitos de nós

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l1 : muito importante

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l1 : nós vamos ver então

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l1 : a atuação de DOis professores Jean Mocquet

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l1 : e Claude Lévi-Strauss

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l1 : que tinham nessa ocasião vinte e sete anos e começava no Brasil a SUa

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l1 : portentosa carreira urni/ universitária

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l1 : em segundo lugar

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l1 : queria me referir aos salões de pinTUra como o Salão de MAio onde se davam exposições de quadros e conferências

l1 : ...

l1 : e sobretudo à GRAnde exposição de pintura francesa

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l1 : que em mil novecentos e quarenta

l1 : ...

l1 : FEcha o decênio de maneira espetacular

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l1 : para muitos de nós

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l1 : foi a primeiro GRAnde conTAto

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l1 : COM a

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l1 : ar::te

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l1 : francesa

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l1 : é importante essa essa essa co/ essa:: chegada dos quatro franCEses

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l1 : porque nós que éramos alunos da Faculdade nessa ocasião íamos

l1 : ...

l1 : à à à à con/ à:: à exposição de quadros muitas vezes com o professor Mocquet para que ele nos explicasse os quadros

l1 : ...

l1 : para MUitos de nós foi o primeiro contato em profundidade com a pintura

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l1 : e em último ca/ lugar::

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l1 : a elaboraÇÃo da única meditação estética

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l1 : digna realmente desse NOme

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l1 : que é a meditação de Mário de Andrade

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l1 : que

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l1 : ABRANge todo período e EXtravasa

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l1 : até o período de quarenta FECHAdo brutalmente por sua morte

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l1 : vamos começar pelos professores franceses

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l1 : Lévi-Strauss

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l1 : primeiro

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l1 : Jean Mocquet

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l1 : e

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l1 : por fim Roger Bastide

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l1 : a que tinha me e/ ( ) me esquecido de de referir

l1 : ...

l1 : são os três professores que acho que tiveram

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l1 : muita importância

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l1 : na:::

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l1 : na informação estética

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l1 : em São Paulo

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l1 : os dois primeiros

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l1 : representam uma posição

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l1 : --que nós vamos ver-- que é nosTÁLgica em face da a::rte

l1 : ...

l1 : e

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l1 : os terceiro Roger Bastide

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l1 : é o que

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l1 : vai servir de elemento de ligaÇÃO

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l1 : entre essa POsição extremamente euroPEia

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l1 : e uma posição voltada para os problemas do Brasil

l1 : que é Roger Bastide

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l1 : uma posição em muitos pontos

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l1 : que é semelhante à de Mário

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l1 : então ele

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l1 : estabelece um ponto de ligação entre essa estética euroPEia

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l1 : e uma estética que nós podemos dizer brasileira

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l1 : que está se fazendo na sombra

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l1 : Lévi-Strauss

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l1 : chegou ao Brasil com vinte e sete anos era professor de Etnografia

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l1 : MAs

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l1 : ele era filho de pintor::

l1 : ...

l1 : filho de pintor::

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l1 : e amando a pintura

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l1 : como em geral

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l1 : todo pro/

l1 : ...

l1 : todo

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l1 : francês de

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l1 : de de formação

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l1 : intelectual

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l1 : e

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l1 : amando a música

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l1 : --como nós vemos

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l1 : pelos livros que ele continua escrevendo e que muitos deles têm uma

l1 : ...

l1 : uma::

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l1 : tem títulos ou em subtítulos tirados da:: da:: da nomenclatura musical

l1 : ...

l1 : como acontece com C-ru e Cozido--

l1 : ...

l1 : a preocupação de Lévi-Strauss pela pintura é uma pro/ preocupação

l1 : ...

l1 : que percorre a sua vida

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l1 : ela se manifesta sobretudo num livrinho precioso

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l1 : que é

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l1 : ENtrevistas

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l1 : com Claude Charbonnier

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l1 : é uma série de entrevistas que ele fez à televisão francesa --não me lembro exatamente o a época--

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l1 : onde

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l1 : ele dá o seu testemunho

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l1 : a sua de de antropólogo

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l1 : sobre a::

l1 : ...

l1 : a::

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l1 : a evolução da pintura e sobre alguns problemas

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l1 : da pintura contemporânea

l1 : sobretudo sobre a:: a dissolução da pintura como ele via

l1 : ...

l1 : ah se transformando de pintura cubista em pintura abstrata

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l1 : --provavelmente é uma curiosidade bibliográfica--

l1 : e muita gente nunca soube

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l1 : que

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l1 : no Brasil

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l1 : ah Lévi-Strauss escreveu dois::

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l1 : ensaios ou dois pequenos artigos

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l1 : O Cubismo e a Vida Cotidiana

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l1 : que foi publicado na Revista do Arquivo

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l1 : em novembro ou dezembro de mil novecentos e trinta e cinco

l1 : ...

l1 : e um artigo sobre pintura moderna que surgiu no segundo número da Revista Contemporânea

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l1 : --que este eu não consegui localizar--

l1 : ...

l1 : -- o artigo da da Revista do Arquivo

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l1 : é todo e/

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l1 : todo ele marcado

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l1 : éh que é sobre a:: pintura contemporânea

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l1 : é se fixa no Cubismo e é todo ele marcado

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l1 : pela ideia de que o Cubismo foi um movimento paradoxal

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l1 : na medida em que

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l1 : seu nascimento

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l1 : e

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l1 : que na éh que tendo NAscido e se desenvolvido sob o signo de do diVÓRcio entre a ar::te e o público

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l1 : acabou penetrando de uma maneira

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l1 : insidiosa

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l1 : ah::

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l1 : en/ nas FOrmas que ele chama mais pobres e mais utilitárias da expressão

l1 : ...

l1 : isto é

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l1 : foi uma aventura estética

l1 : ...

l1 : que acabou modificando totalmente a visão do homem

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l1 : não apenas a visão do esteta mas a visão do homem da rua do homem comum

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l1 : porque

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l1 : penetrou na sua vida de todo dia

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l1 : não através dos quadros

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l1 : MAS

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l1 : da arte aplicada e da arte

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l1 : éh e de uma e da arte tipográfica e dos cartazes

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l1 : dos objetos feitos em série dos cartazes

l1 : ...

l1 : e e lhe lembra a importância da decoração dos cafés com seus vidros foscos e tubos cromados

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l1 : a im/ éh:: na na na modificação da sensibilidade

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l1 : comum

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l1 : a importância da dos manequins

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l1 : utilizados pelos grandes magazin

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l1 : que passam a ser não mais

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l1 : manequins realistas mas estilizados de cores irreais

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l1 : e tendo como objetivo sobretudo ahn ressaltar as qualidades dos materiais ( ) e pôr em relevo a mercadoria

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l1 : e por último a arrumação das vitrinas

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l1 : que

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l1 : passou de ser um aCÚmulo de coisas de objetos mas

l1 : ...

l1 : a/ a/ acabou elegendo um objeto isolado

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l1 : para

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l1 : nele

l1 : ...

l1 : para que nele concentrássemos

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l1 : a nossa atenção

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l1 : desse modo --para Lévi-Strauss-- o Cubismo ensinou

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l1 : que a decoração

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l1 : deve ser feita

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l1 : não por SOma mas por SUbTRAção

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l1 : de elementos

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l1 : e ensinou também

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l1 : que a fi/ no quadro que a figuração do quadro no quadro pode haver uma figuração de quaisquer objetos

l1 : ...

l1 : não apenas de certos objetos privilegiados

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l1 : mas de quaisquer objetos

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l1 : como já fazia uma certa pintura

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l1 : e como fazia sobretudo Chardin

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l1 : o homem que tinha elegido para se exprimir apenas

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l1 : praticamente apenas a natureza morta

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l1 : uma vez que quando ele tratava a figura humana ele também tratava como UM objeto

l1 : ...

l1 : isso ahn:: a preocupação de Lévi-Strauss é mostrar

l1 : ...

l1 : que não há

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l1 : na

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l1 : ARte e sobretudo na pintura --que nos está interessando--

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l1 : imagens vulgares

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l1 : se o artista as transfigura

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l1 : uma garrafa é uma COisa

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l1 : somente do ponto de vista utilitário

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l1 : mas a percepção objetiva

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l1 : mas para A percepção objetiva

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l1 : uma garrafa é uma justaposição de formas de contornos de superfícies

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l1 : de sombras e de luz

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l1 : de manchas coloridas

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l1 : e o artista disporá tudo isso transformando

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l1 : os elementos

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l1 : a seu gosto

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l1 : portanto

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l1 : o artista é aquele que

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l1 : SAbe ver::

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l1 : não a imagem prática e vulgar

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l1 : que tem a sua representação no mundo

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l1 : mas o equilíbrio interno dos volumes e das formas

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l1 : da qual a coisa mais íntima --diz ele-- pode ser

l1 : ...

l1 : a

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l1 : só/ detentô/

l1 : ...

l1 : pode ser insubstituível detentora

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l1 : numa posição como de Lévi-Strauss

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l1 : vê-se já que é muito moderna

l1 : ...

l1 : vê-se já

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l1 : a influência nítida do funcionalismo de Gropius

l1 : ...

l1 : da esTÉtica dos materiais

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l1 : do horror:: ao ador::no

l1 : ...

l1 : horror de que

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l1 : o principal representante vai ser na arquitetura (é) Mies van der Rohe

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l1 : e sobretudo a aceitação da teori/ da teorização estética

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l1 : de Fernand Léger

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l1 : em livros como Função da Pintura

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l1 : e em obras

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l1 : como seu pequeno e

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l1 : clássico filme O Balé Mecânico

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l1 : por::tanto a aceitão a a aceitação de uma

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l1 : estética

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l1 : jo/ do

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l1 : geométrica do pictural

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l1 : de uma estética que já estava abandonando ou que já tinha praticamente abandonado a natureza

l1 : ...

l1 : através do cubismo

l1 : ...

l1 : tendo passado a eleger a beleza das formas

l1 : ...

l1 : das cores chatas e puras

l1 : ...

l1 : que já havia abandonado a perspectiva

l1 : ...

l1 : a proporção

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l1 : e QUE focalizava muitas vezes a beleza autônoma

l1 : ...

l1 : de um único objeto

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l1 : então

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l1 : a estética

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l1 : que nós desentranhamos deste pequeno artigo de Lévi-Strauss

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l1 : é uma estética que deriva do Cubismo

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l1 : da pregação

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l1 : da do funcionalismo

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l1 : da Bauhaus

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l1 : de Gropius

l1 : ...

l1 : e

l1 : ...

l1 : de Fernand Léger

l1 : ...

l1 : e caso de Jean Mocquet é um caso mais

l1 : ...

l1 : CONvencional

l1 : ...

l1 : é um ar/

l1 : ...

l1 : é um professor de Filosofia mais ligado ao passado

l1 : ...

l1 : e

l1 : ...

l1 : a posição

l1 : ...

l1 : significa dele ( ) uma posição mais retró::grada em relação a pintura

l1 : ...

l1 : pois

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l1 : Mocquet vai rejeitar o impressionismo

l1 : ...

l1 : --mas vamos por partes--

l1 : ...

l1 : se Lévi-Strauss se transformou

l1 : ...

l1 : num dos maiores nomes::

l1 : ...

l1 : da::

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l1 : ah:: filosofia e da antropologia moder::na

l1 : ...

l1 : um um nome

l1 : ...

l1 : ligado a uma série de setores do pensamento

l1 : ...

l1 : Jean Mocquet é

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l1 : --a não ser para nós que tivemos a a sorte a eNORme realmente ventura se ser seus alunos-- ele é um desconhecido

l1 : ...

l1 : no entanto

l1 : ...

l1 : foi o professor

l1 : ...

l1 : talvez mais brilhante

l1 : ...

l1 : que jamais passou

l1 : ...

l1 : pelos cursos de Filosofia nesta Faculdade

l1 : ...

l1 : --ele não fez carreira universitária

l1 : ...

l1 : ele continua a

l1 : ...

l1 : ser um professor de Liceu

l1 : ...

l1 : ele foi

l1 : ...

l1 : contemporâneo de

l1 : ...

l1 : éh:: de Sartre

l1 : ...

l1 : de Merleau-Ponty

l1 : ...

l1 : de Simone de Beauvoir

l1 : ...

l1 : e era TIdo por eles como um dos homens mais brilhantes da sua geração

l1 : mas por um desses

l1 : ...

l1 : dessas fatalidades de temperamento do destino

l1 : ...

l1 : ele não se realizou através das obras

l1 : ...

l1 : ele se realizou através

l1 : ...

l1 : DO ensino--

l1 : ...

l1 : no Brasil ele deixou

l1 : ...

l1 : dois artigos::

l1 : ...

l1 : ou três ou quatro

l1 : ...

l1 : -- eu não me lembro

l1 : ...

l1 : estou me lembrando agora de dois--

l1 : ...

l1 : há um artigo muito importante sobre Freud

l1 : ...

l1 : que são

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l1 : realmente

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l1 : JOIAS

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l1 : de in/ de

l1 : ...

l1 : de::

l1 : ...

l1 : exposição de um problema

l1 : ele era um escritor EXtraordinário

l1 : ...

l1 : e se nós não soubéssemos::

l1 : ...

l1 : qual era o autor desses artigo podíamos

l1 : ...

l1 : sem dúvida atribuir a das boas

l1 : ...

l1 : coisas de um homem como Merleau-Ponty por exemplo

l1 : ...

l1 : --ele tinha algumas peculiarida::des

l1 : por exemplo quando nós

l1 : ...

l1 : nos (apresentávamos aos) exames

l1 : ...

l1 : de seleção

l1 : ...

l1 : ele exigia dos alunos NÃO que tivessem lido os livros de Filosofia

l1 : ...

l1 : ele nunca perguntava se nós tínhamos lido Matéria e Memória

l1 : ...

l1 : se nós tínhamos lido A Crítica do Juízo

l1 : ...

l1 : ele perguntava

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l1 : quais os romances que leu

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l1 : porque ele achava que um aluno que se apresentasse para um primeiro exame de Filosofia

l1 : ...

l1 : não podia ter li/

l1 : ...

l1 : TEr compreendido ainda a Filosofia mas tinha obrigação

l1 : ...

l1 : de ter lido a LIteratura

l1 : ...

l1 : então ele perguntava já leu Crime e Castigo

l1 : ...

l1 : já leu o Pére Goriot

l1 : ...

l1 : lá/ já leu

l1 : ...

l1 : o:: Vermelho e o

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l1 : e o Preto

l1 : ...

l1 : e ficava indigNAdo quando a gente queria tentava dizer que tinha lido Descartes ele dizia o que que vai fazer com Descartes se não leu a literatura--

l1 : ...

l1 : para ele ( ) os os os artigos que nos interessam são

l1 : ...

l1 : dois artigos um que ele escreveu em mil novecentos e trinta e oito e outro que ele escreveu em mil novecentos e quarenta

l1 : ...

l1 : --portanto ainda cabe

l1 : ...

l1 : um pouco no nosso período--

l1 : A Pintura Moderna

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l1 : o primeiro

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l1 : e o segundo Os Problemas da Pintura Moderna

l1 : ...

l1 : que está no catálogo da Grande Exposição Francesa no Brasil

l1 : ...

l1 : se nós formos ler esses dois artigos com atenção

l1 : ...

l1 : nós descobriremos que o que Jean Mocquet procura na pintura

l1 : ...

l1 : não é a própria pintura

l1 : ...

l1 : como decerto modo

l1 : ...

l1 : fazia Lévi-Strauss no seu ou fez Lévi-Strauss nos seus artigos

l1 : ...

l1 : que tentou uma primeira crítica

l1 : ...

l1 : digamos

l1 : ...

l1 : ahn de estrutura da pintura

l1 : de encontrar os elementos básicos estruturais da pintura

l1 : ...

l1 : ( ) procura na pintura é o reflexo

l1 : ...

l1 : da sociedade

l1 : ou melhor o que ele procura na pintura

l1 : ...

l1 : é a relação

l1 : ...

l1 : harmoniosa

l1 : ...

l1 : equilibrada

l1 : ...

l1 : do homem com a natureza

l1 : ...

l1 : um grande escritor

l1 : ...

l1 : --seus raríssimos escritos como eu disse poderiam figurar ao lado de tudo que de meLHOR já se fez no gênero--

l1 : ...

l1 : ele apresentava um para nós nas aulas e nesses pequenos artigos

l1 : ...

l1 : uma visão marxista uma visão

l1 : ...

l1 : marxista mais de fundo muito hegeliano

l1 : ...

l1 : CHEIA de extraordinária acuidade

l1 : ...

l1 : de percepção

l1 : ...

l1 : o seu ponto de referência é sempre a pintura flamenga do século dezoito

l1 : ...

l1 : a pinTUra

l1 : ...

l1 : diz ele holanDEsa

l1 : ...

l1 : dá-nos no século

l1 : ...

l1 : no no

l1 : ...

l1 : --perdão--

l1 : ...

l1 : a pintura holandesa do século dezessete

l1 : ...

l1 : a pintura holandesa diz ele dá-nos no século dezessete

l1 : ...

l1 : uma lição

l1 : ...

l1 : de unidade

l1 : ...

l1 : uma unidade de temas

l1 : ...

l1 : e de estilos::

l1 : ...

l1 : a paisagem por exemplo

l1 : ...

l1 : põe em relevo as ideias gerais::

l1 : ...

l1 : da natureza holandesa

l1 : ...

l1 : essa unidade que ele via na pintura holandesa não tinha sido criado pelos grandes pintores paisagistas

l1 : ...

l1 : da pintura holandesa

l1 : ...

l1 : ( )

l1 : ...

l1 : Potter

l1 : ...

l1 : ( )

l1 : ...

l1 : mas

l1 : ...

l1 : se esses pintores conseguiram exprimir

l1 : ...

l1 : esta unidade

l1 : ...

l1 : é porque

l1 : ...

l1 : o povo holandês

l1 : ...

l1 : já:: a

l1 : ...

l1 : tinha

l1 : ...

l1 : criado

l1 : ...

l1 : com o seu trabalho

l1 : ...

l1 : o esforço extraordinário

l1 : ...

l1 : ela revelava assim

l1 : ...

l1 : o esforço extraordinário de adaptação

l1 : ...

l1 : de um povo às condições naturais

l1 : ...

l1 : em vista de construir um hábitat

l1 : ...

l1 : era

l1 : ...

l1 : ele amava essa pintura porque ela se apresentava como uma pintura objetiva

l1 : ...

l1 : patriótica

l1 : ...

l1 : como uma pintura pensa::da e remodelada pelo homem

l1 : ...

l1 : uma pintura que mostrava uma pai/ paisagem que tendo SIdo repensada pelo homem

l1 : que tinha sido

l1 : ...

l1 : trabalhada pelo homem

l1 : ...

l1 : diante desta pintura que para ele era um dos maiores momentos da pintura de todos os tempos

l1 : ...

l1 : o impressionismo

l1 : ...

l1 : se esfacelava

l1 : ...

l1 : o impressionismo exprimia para ele um movimento de espírito oposto

l1 : ...

l1 : não de uma relação harmoniosa com a ar/ com a natureza mas de uma relação em crise

l1 : ...

l1 : de uma grande incapacidade de pensar as ideias gerais da natureza

l1 : ...

l1 : na medida em que o pintor mergulhava particular no imprevisto no fugidio

l1 : ...

l1 : e

l1 : ...

l1 : que a pesquisa se (dissolvia) na pesquisa do instante do único

l1 : ...

l1 : a pintura per::dia

l1 : ...

l1 : a su/ o seu a sua qualidade

l1 : ...

l1 : no entanto ela revelava

l1 : ...

l1 : uma na/ uma um momento de crise

l1 : ela revelava sobretudo

l1 : ...

l1 : uma natureza que se extinguia

l1 : ...

l1 : ela revelava

l1 : ...

l1 : a natureza engolida pelas fábricas pela indústria

l1 : ...

l1 : mas também ela revelava relações perturbadas do homem com a natureza

l1 : relações perturbadas DO trabalho

l1 : ...

l1 : o homem tinha perdido

l1 : ...

l1 : a seu domínio sobre as forças da natureza

l1 : ...

l1 : então para ele o impressionismo foi antes de tudo um movimento DEsespera::do

l1 : ...

l1 : no sentido de

l1 : ...

l1 : que

l1 : ...

l1 : tenTAva fixar

l1 : ...

l1 : o que não tinha possibilidade de ser fixado

l1 : ...

l1 : tentava reter aquilo que estava desaparecendo que era a natureza natural

l1 : ...

l1 : a natureza exterior ao homem

l1 : ...

l1 : tentava reter o instante

l1 : ...

l1 : que é impossível da gente reter

l1 : ...

l1 : para ele então a história deste período

l1 : ...

l1 : é a história desta da iMENsa revolução

l1 : ...

l1 : que o homem estava

l1 : ...

l1 : passando

l1 : ...

l1 : e por isso

l1 : ...

l1 : as paisagens rasgadas pelas fábricas o nascimento dos subúrbios as zonas leprosas

l1 : ...

l1 : tudo isso era dado pela pintura sobretudo uma

l1 : ...

l1 : terrível

l1 : ...

l1 : um um uma::

l1 : ...

l1 : tentativa do olho

l1 : ...

l1 : a se acomodar a certas condições de velocidade

l1 : ...

l1 : que ele via nos quadros de Vlaminck

l1 : ...

l1 : dava também

l1 : ...

l1 : era uma pintura também sem unidade

l1 : ...

l1 : porque

l1 : ...

l1 : a sociedade ainda não tinha encontrado seu reequilíbrio depois

l1 : ...

l1 : da Revolução Industrial e depois da Revolução Burguesa

l1 : ...

l1 : as classes que subiam e desciam

l1 : ...

l1 : toda essa mobilidade social

l1 : ...

l1 : que éh:: é muito importante na percepção estética

l1 : ...

l1 : no entanto o gosto de Mocquet

l1 : ...

l1 : encontrava

l1 : ...

l1 : ANtes do impressionismo um homem

l1 : ...

l1 : que se aproximava de ce/ cuja visão

l1 : ...

l1 : se aproximava de certa maneira da visão

l1 : ...

l1 : equilibrada

l1 : ...

l1 : tranquila e harmoniosa

l1 : ...

l1 : da pintura

l1 : ...

l1 : éh holandesa do século dezessete

l1 : ...

l1 : este homem é Corot

l1 : ...

l1 : Corot representa para ele um equilíbrio tão perfeito de seus dotes da realidade

l1 : ...

l1 : que perto dele TOdos os outros paisagistas soam falso

l1 : ...

l1 : em nossa

l1 : ...

l1 : na na adoração que ele tinha por Corot --diz ele ''em minha adoração por Corot

l1 : ...

l1 : entra sem dúvida um pouco de nostalgia

l1 : ...

l1 : talvez

l1 : ...

l1 : tenha definitivamente passado o tempo

l1 : ...

l1 : em que o homem vivia verdadeiramente a vida da natureza

l1 : ...

l1 : nossas atividades não seguem mais a cadência um pouco lenta mas profunda das coisas

l1 : ...

l1 : e por muito tempo ainda

l1 : ...

l1 : a pintura não in/ conseguirá saber pintar

l1 : ...

l1 : o movimento autêntico dos rios

l1 : ...

l1 : das árvores:: e dos céus::''

l1 : ...

l1 : nós vemos por esta frase

l1 : ...

l1 : que ele continua preso a uma estética

l1 : ...

l1 : NAturalista e uma estética do Classicismo

l1 : --nós vamos voltar a isso--

l1 : ...

l1 : é preciso que ahn:: passado

l1 : ...

l1 : Corot passado o impressionismo ele vai reencontrar essa relação

l1 : ...

l1 : sobretudo em Van Gogh

l1 : ...

l1 : Vlaminck

l1 : ...

l1 : e em Utrillo

l1 : ...

l1 : --há um trecho de Van Gogh

l1 : ...

l1 : que eu vou ler para os senhores

l1 : ...

l1 : porque ele é muito típico das meditações de Mocquet--

l1 : ...

l1 : ele lembra

l1 : ...

l1 : que os quadros de Van Gogh

l1 : ...

l1 : representam construções fiscalizadas sobre um ponto de fuga

l1 : ...

l1 : no horizonte

l1 : ...

l1 : ''são profundidades batidas pela chuva ou varridas por uma luz sem alegria

l1 : ...

l1 : tudo é composto não pelo prazer de uma bela estética --des/ diz ele-- mas segundo a própria arquitetura da natureza''

l1 : ...

l1 : --diz ele-- como ninguém mais

l1 : ...

l1 : Van Gogh sentiu a tragédia de uma estrada se perdendo nas fronteiras do céu

l1 : ...

l1 : esse holandês do Brabante nascido numa região plana

l1 : ...

l1 : onde o viajante sente de todos os lados o apelo dos caminhos

l1 : ...

l1 : que passou por tantos lugares antes de se fixar num canto da França

l1 : ...

l1 : --onde aliás ele vai encontrar a loucura--

l1 : ...

l1 : é talvez com Verhaeren

l1 : ...

l1 : o artista que compreendeu com mais profundidade

l1 : ...

l1 : o que significa para um coração inquieto

l1 : ...

l1 : a grande partida solitária

l1 : ...

l1 : pela estrada

l1 : ...

l1 : suas paisagens não são apenas aspectos da natureza

l1 : ...

l1 : são sobretudo testemunhos de uma sensibilidade

l1 : ...

l1 : nos seus quadros o movimento que nos faz partir não é o próprio movimento das coisas

l1 : ...

l1 : mas o impulso de um viajante miserável

l1 : ...

l1 : pois o que vamos encontrar ao longo do caminho

l1 : ...

l1 : é o sofrimento dos homens

l1 : ...

l1 : nos campos cheios de trabalho

l1 : ...

l1 : nas casas cheias de fadiga

l1 : ...

l1 : e de refeições parcas

l1 : ...

l1 : a cor por sua vez intervém para completar a impressão do quadro

l1 : ...

l1 : é ingrata

l1 : ...

l1 : de um amarelo soturno e dividido

l1 : ...

l1 : com vermelhos pálidos e verdes sem doçura

l1 : ...

l1 : quem poderia encontrar as cores nobres e pacificadoras de outrora

l1 : ...

l1 : o colorido de Rousseau ou de Corot

l1 : ...

l1 : nessas paisagens torturadas

l1 : ...

l1 : nesses campos destruídos pelo sol

l1 : ...

l1 : e atormentados por uma esPÉcie de revolta social

l1 : ...

l1 : são as cores que o pobre olhar do camponês e do operário enxerga

l1 : ...

l1 : e para esses seres deserdados há muito o manto de Salomão se retirou da natureza

l1 : ...

l1 : eu trans/ eu eu repito aqui essa frase do Mocquet em

l1 : ...

l1 : e e na tradução ela perde

l1 : ...

l1 : por causa da sua extraordinária beleza

l1 : ...

l1 : mas também para para verem bem que tipo de crítica ele fazia muito diferente da crítica de de de Lévi-Strauss que era seca

l1 : ...

l1 : ah:: técnica

l1 : ...

l1 : ele fazia uma

l1 : ...

l1 : crítica romântica

l1 : ...

l1 : e e uma crítica:: e uma crítica que procurava ver éh ler a natu/ ler a a a pintura não como pintura

l1 : ...

l1 : mas como REpresentação de alguma coisa além dela

l1 : ele procurava através do quadro encontrar

l1 : ...

l1 : uns umas um uma:: uma concepção de vida

l1 : ...

l1 : uma concepção uhn da da natureza uma relação do homem com as coisas

l1 : ...

l1 : uma concepção enfim

l1 : ...

l1 : éh:: quase que uma uma posição filosófica

l1 : ...

l1 : o ter::ceiro

l1 : ...

l1 : hã o terceiro:: esteta que nos interessa Roger Bastide

l1 : ...

l1 : é um sociólogo

l1 : ...

l1 : um sociólogo que procura na arte não a relação (do homem) com a natureza

l1 : ...

l1 : mas a expressão de uma sociedade e de uma época

l1 : ...

l1 : sobretudo de um homem que se di/ debruçou num país extremamente diver::so do seu

l1 : ...

l1 : e que teve pela frente criações artísticas

l1 : ...

l1 : éh::: com as quais ele só tinha de se defrontado em livros porque ele era um sociólogo

l1 : ...

l1 : e que TEnta

l1 : ...

l1 : se adaptar essas formas

l1 : ...

l1 : novas e curiosas de manifestações

l1 : ...

l1 : dos três é o que o único ou o que mais se debruçou amorosamente sobre o Brasil

l1 : Lévi-Strauss fez uma viagem etno/ etnográfica

l1 : ...

l1 : mas essa viagem etnográfica (o na) no no interior do Brasil

l1 : só vai render posteriormente porque terminada a a viagem ele volta para França

l1 : ...

l1 : e ele para fazer a guerra para para para se insc/ ah:: para se

l1 : ...

l1 : ah::

l1 : ...

l1 : se alisTAR

l1 : ...

l1 : como foi o caso de Mocquet que também voltou para se alistar

l1 : ...

l1 : os dois se alistaram e fizeram a guerra

l1 : ...

l1 : hã::

l1 : ...

l1 : de modo que a:: experiência brasileira (vai) render

l1 : ...

l1 : com co/ com retardo

l1 : ...

l1 : posteriormente

l1 : ...

l1 : ( ) Roger Bastide passou aqui todo o período de guerra

l1 : e foi um longo período

l1 : e nesse período ele se

l1 : ...

l1 : ele se dedicou profundamente com um amor incrível às coisas brasileiras

l1 : ...

l1 : e

l1 : ...

l1 : éh::

l1 : ...

l1 : essa esse amor se manifesta em primeiro através de TOda uma:: uma mani/ uma::

l1 : ...

l1 : uma uma::

l1 : ...

l1 : atuação jornalística

l1 : ele escreve sobre a literaTUra

l1 : ...

l1 : sobre tantas ter/ escreve sobre as coisas mais pequenininhas sobre sobre o carTAZ:: sobre como se deve colocar o cartaz na estrada

l1 : ...

l1 : sobre a estética dos salões sobre a estética do carnaval sobre a ah:: sobre o homem fantasiado de mulher

l1 : ...

l1 : hã:: sobre o cafuné

l1 : ...

l1 : hã:: sobre os desafios et cetera

l1 : em tudo ele po/ procura pse/ penetrar no sentido profundo dessas manifestações

l1 : ...

l1 : desde a procurando delas tirar uma estética

l1 : ...

l1 : por exemplo ele sonhava com teatro brasileiro

l1 : ...

l1 : que em vez de se inspirar como se fazia na época nos modelos europeus

l1 : ...

l1 : fosse procurar inspiração nas danças populares como por exemplo no bumba-meu-boi

l1 : ...

l1 : fosse procurar:: na nau catarineta nos autos populares como posteriormente vai vai vai ser o caso de Ariano Suassuna

l1 : ...

l1 : ele foi tradutor de Gilberto Freire

l1 : ...

l1 : ele sofreu profundamente a impregnação de Casa Grande e Senzala

l1 : ...

l1 : leu com uma atenção incrível todos os historiadores os críticos os estetas os folcloristas

l1 : ...

l1 : e eu creio ser possível dizer que ja-mais um grande espírito europeu penetrou TÃO fundo com TÃo amorosa compreensão

l1 : ...

l1 : na alma brasileira

l1 : a IN-fluência que ele exerceu no Brasil

l1 : ...

l1 : é uma influência

l1 : ...

l1 : inigualável

l1 : ...

l1 : a in/ a interpretação que ele deu do Brasil foi decisiva para todo mundo que veio depois não apenas para os seus alunos

l1 : ...

l1 : e

l1 : ...

l1 : sobretudo no final do decênio de trinta e no decorrer do de quarenta

l1 : ...

l1 : é uma influência que atinge

l1 : ...

l1 : não nós os seus alunos mas

l1 : ...

l1 : ainda os intelectuais brasileiros

l1 : ...

l1 : de toda sua atuação

l1 : ...

l1 : a:: que nós teríamos que chamar atenção

l1 : ...

l1 : foi sobretudo o curso que em mil novecentos e trinta e nove ele deu aos alunos da da Faculdade de Filosofia

l1 : ...

l1 : e que posteriormente vai se transformar no livro Arte e Sociedade

l1 : ...

l1 : que recebeu --acho que o ano passado há dois anos-- uma segunda edição na Livraria Martins

l1 : ...

l1 : é um livro que apareceu em português depois vai aparecer em espanhol no México

l1 : ...

l1 : não foi publicado na França

l1 : ...

l1 : e permanece ainda não só na bibliografia pequena brasileira mas na bibliografia internacional

l1 : ...

l1 : um dos livros mais perfeitos

l1 : ...

l1 : neste livro eu quero apenas acentuar:: uma coisa ou nestes cursos --creio que no livro não está tão de de tão tão

l1 : ...

l1 : tão nítido no no livro

l1 : ...

l1 : --ele:: ele:: ele mostra uma série de coisas éh::

l1 : ...

l1 : ham::

l1 : ...

l1 : ele mostra como a relação

l1 : ...

l1 : a a a relação que a arte tem com os públicos e como os gêneros nascem e se transformam com a evolução dos públicos

l1 : ...

l1 : mostra nesse sentido a evo/ o nascimento da música de câmara

l1 : ...

l1 : de câmera com as cortes

l1 : ...

l1 : a transformação da arte

l1 : ...

l1 : ham com o novo estatuto adquirido pelo grupo feminino

l1 : ...

l1 : a relação da arte com os grupos de idade com os grupos sexuais

l1 : ...

l1 : ah:: focaliza o problema da arte popuLAR e daí por diante

l1 : ...

l1 : MAs o que nos interessa é apenas chamar a atenÇÃO

l1 : ...

l1 : sobre a sua meditação ahn

l1 : ...

l1 : na ah meditação sobre o Barro::co

l1 : ...

l1 : que

l1 : ...

l1 : foi um dos pontos::

l1 : ...

l1 : ahn::

l1 : ...

l1 : um dos setores

l1 : ...

l1 : onde ele deixou uma meditação muito original

l1 : ...

l1 : ele

l1 : ...

l1 : preferia não chamar o Barroco brasileiro de Barroco

l1 : ...

l1 : ele chamava

l1 : ...

l1 : sobretudo o Barroco de Minas de Rococó

l1 : ...

l1 : e insisTIa em mostrar a extraordinária originalidade

l1 : ...

l1 : desse Barroco em face do Barroco baiano por exemplo que é um Ba/ Barroco

l1 : ...

l1 : sobrecarregado

l1 : ...

l1 : um pouco indiano

l1 : ...

l1 : ahn:: extremamente:::

l1 : ...

l1 : rico

l1 : ...

l1 : coberto de ouro

l1 : ...

l1 : de tal forma que quando a gente entra numa igreja baiana tem a impressão que entrou numa gruta submarina

l1 : ...

l1 : MAS::

l1 : ...

l1 : que aparentemente menos rico

l1 : ...

l1 : do que que o Barroco baiano era muito mais rico

l1 : ...

l1 : como

l1 : ...

l1 : SOlução brasileira

l1 : ...

l1 : era muito mais rico como solução brasileira era muito mais original

l1 : ...

l1 : se bem que ele aparentemente fosse mais pobre

l1 : ...

l1 : porque

l1 : ...

l1 : devido talvez em grande parte à localização geográfica das grandes cidades mineiras

l1 : ...

l1 : e

l1 : ...

l1 : que difici/ estava muito longe dos portos

l1 : ...

l1 : os materiais que eram os materiais privilegiados do Barroco

l1 : ...

l1 : e que vinham da metrópole não podiam chegar em lombo de burro até Vila RIca por exemplo

l1 : ...

l1 : então era difícil trazer peças de ahn ahn ahn:: MÁRmore

l1 : ...

l1 : por exemplo que éh português aTÉ Ouro Preto

l1 : ...

l1 : então houve substituições o mármore foi subs-tituído pela mam/ me/ ma/ me/ material que eles tinham à

l1 : ...

l1 : à mão

l1 : ...

l1 : e daí a utilização da pedra-sabão a utilização geniAL da pedra-sabão

l1 : ...

l1 : por um homem geniAL como o Aleijadinho

l1 : um Barroco

l1 : ...

l1 : que pegou um material NA::da Barroco como é

l1 : ...

l1 : a pedra e transformou num material Barroco

l1 : ...

l1 : como fez

l1 : ...

l1 : o Aleijadinho

l1 : ...

l1 : daí a:: utilização da madeira em certas igrejas

l1 : ...

l1 : da madeira pintada de branco com pequenos

l1 : ...

l1 : dourados

l1 : ...

l1 : como foi feito em Ouro Preto --que creio que na na Matriz do Carmo se não me engano

l1 : ...

l1 : na Ca/ Carmo na São Francisco também

l1 : ...

l1 : É

l1 : ...

l1 : E HÃ:: e que transformou o Barroco numa coisa extremamente deliCAda extremamente::

l1 : ...

l1 : éh:: suave

l1 : ...

l1 : e muito diferente do Barroco português

l1 : ...

l1 : uma escolha muito mais graciosa então ele SEgue

l1 : ...

l1 : as observações que ele faz sobre o Barroco são muito parecidas com certas observações que Mário de Andrade já tinha feito no Aleijadinho

l1 : ...

l1 : mostrando essa Adaptação do Barroco português ao Brasil através de uma série de modificações

l1 : ...

l1 : também através de Roger Bastide

l1 : ...

l1 : que se dá a primeira discussão sobre mais ahn:: aprofundada sobre certas teorias do Barroco

l1 : ...

l1 : coisa que depois Lourival Machado iria retomar (tá)

l1 : ...

l1 : e também

l1 : ...

l1 : éh uma da coisas que ele nos chamava muito a atenÇÃO

l1 : ...

l1 : é para que pesquisássemos e não deixássemos se destruir

l1 : ...

l1 : a documentação das confrarias religio::sas

l1 : ...

l1 : que eram um manancial riquíssimo

l1 : ...

l1 : para o estudo da sociologia da Ar::te

l1 : ...

l1 : como que se faziam as encomendas

l1 : ...

l1 : qual a relação entre as confrarias religiosas e os artistas muLAtos

l1 : ...

l1 : qual o estatuto dos muLAtos no tempo da da da:: da coLÔnia e daí por diante

l1 : ...

l1 : não é difícil através dessa rapiDÍssima exposição

l1 : ...

l1 : mostrar

l1 : ...

l1 : a relação que pode ter havido entre estes TRÊS

l1 : ...

l1 : GRANdes intelectuais franceses

l1 : ...

l1 : que nós tivemos a sorte de ter entre nós

l1 : ...

l1 : E

l1 : ...

l1 : a meditação estética de Mário de Andrade

l1 : ...

l1 : a atuação dos professores franceses sobretudo dos mais jovens

l1 : ...

l1 : ainda

l1 : ...

l1 : que não tinham ainda obra

l1 : ...

l1 : publicada como era o caso de Jean Mocquet

l1 : ...

l1 : e de Claude Lévi-Strauss

l1 : ...

l1 : era restrita

l1 : ...

l1 : e se exercia sobretudo através dos cursos não atingindo grande público

l1 : ...

l1 : no entanto nós podemos perceber certos pontos de conTACto entre a abordagem da pintura de Mocquet e a abor::-dagem que Mário de Andrade fazia

l1 : ...

l1 : uma abordagem de forte impregnação Hege/ Hegeliana como eu disse

l1 : ...

l1 : e uma certa crítica que Mário fazia

l1 : ...

l1 : sobretudo no final da sua VIda num ensaio sobretudo à família paulista

l1 : ...

l1 : quanto a Lévi-Strauss

l1 : ...

l1 : tanto ele quanto sua mulher

l1 : ...

l1 : --sua mulher de então

l1 : ...

l1 : ahn:: Dina Dreyfus-- ligaram-se mais intimamente a Mário na época do Departamento de Cultura quando fundaram juntos a Sociedade de Etnografia e Folclore

l1 : ...

l1 : onde creio que ambos deram cursos

l1 : ...

l1 : é muito proVÁvel como já observou Telê Ancona Lopez no seu livro

l1 : ...

l1 : que Lévi-Strauss tenha influído na nova orientação das leituras de Mário de Andrade

l1 : ...

l1 : tendo-o posto em contacto

l1 : ...

l1 : com o Manual de Antropologia Cultural do Robert Lowie

l1 : ...

l1 : e o Tratado de Etnologia Cultural de Montandon

l1 : ...

l1 : que ele nos obriGAva a ler nos cursos que dava na faculdade

l1 : ...

l1 : mas do ponto de vista da visão da ARte Mocquet e Lévi-Strauss representam posições

l1 : ...

l1 : e interesses MUIto diversos dos interesses de Mário

l1 : ...

l1 : a breve referência

l1 : ...

l1 : às suas ideias

l1 : ...

l1 : creio que foi suficiente para mostrar

l1 : ...

l1 : QUE

l1 : ...

l1 : a meditação de ambos refletia a posição de uma estética racional

l1 : ...

l1 : diríamos mesmo de uma estética CLAssiCIsta

l1 : ...

l1 : classicista a seu modo

l1 : ...

l1 : de uma estética nostálgica

l1 : ...

l1 : dos momentos em que a ARte havia traduzido uma relação harmoniosa do homem com a natureza

l1 : ...

l1 : momentos em que o trabalho humano tinha se inscrito na paisagem

l1 : ...

l1 : uma harmonia que Mocquet via na pintura holandesa do século dezessete

l1 : ...

l1 : que via

l1 : ...

l1 : na pintura de Corot no século dezenove

l1 : ...

l1 : e que Lévi-Strauss mais TARDE nas entrevistas com Charbonnier

l1 : ...

l1 : vai ver

l1 : ...

l1 : vai divisar no século dezoito nas grandes marinhas de Joseph

l1 : ...

l1 : Vermeer

l1 : ...

l1 : há um trecho curioso

l1 : ...

l1 : QUANdo Charbonnier vendo que a posição na/ durante as entrevistas da televisão vendo que Lévi-Strauss tinha uma posição nostálgica

l1 : ...

l1 : pergunta a ele

l1 : ...

l1 : mas SE

l1 : ...

l1 : o senhor

l1 : ...

l1 : ah:: re/ éh rejeita de alguma forma a pintura abstrata

l1 : ...

l1 : e só vai até a pintura cubista --ele é um pouquinho mais

l1 : ...

l1 : mais:: adiantado que Mocquet que ficava

l1 : ...

l1 : quando muito em Van Gogh--

l1 : ...

l1 : se você vai até a pintura Cubi/ ahn

l1 : ...

l1 : Cubi/ com Cubi/ e rejeita a pintura

l1 : ...

l1 : hãm::: abstrata

l1 : ...

l1 : como é que você veria o fuTUro da pintura

l1 : ...

l1 : ele disse numa pintura minuciosamente figuraTIva

l1 : ...

l1 : mas onde o artista em vez de se colocar diante de uma paisagem e dar daí mesmo uma visão mais ou menos transposta e interpreTAda

l1 : ...

l1 : tentaria faz/ fe/ fabricar SUperpaisagens

l1 : ...

l1 : como aliás a pintura chiNEsa

l1 : ...

l1 : nunca deixou de fazer

l1 : ...

l1 : seria antes nessa direção que eu veria surgir uma solução da contradição atual

l1 : ...

l1 : numa espécie de síntese da representa-tividade

l1 : ...

l1 : que de novo poderia ser levada a um ponto extremo

l1 : ...

l1 : e de não

l1 : ...

l1 : e de não representatividade que jogaria no plano da livre com-binação dos elementos

l1 : ...

l1 : de uma pintura

l1 : ...

l1 : como os GRANdes quadros de Joseph Vermeer

l1 : ...

l1 : que representa no século dezoito

l1 : ...

l1 : --que ainda me emociona muito

l1 : ...

l1 : porque representam

l1 : ...

l1 : ahn porque me fazem reviver essa relação entre o mar e a terra

l1 : ...

l1 : que existia nessa época

l1 : ...

l1 : nessa instalação humana

l1 : ...

l1 : que não destruía mas antes ajeitava

l1 : ...

l1 : as relações naturais da geola/ geologia da geo/ da geografia da vegetação

l1 : ...

l1 : enfim

l1 : ...

l1 : que representa um mundo de sonho

l1 : ...

l1 : onde podemos encontrar refúgio

l1 : ...

l1 : --é uma posição porTANto

l1 : ...

l1 : QUE

l1 : ...

l1 : eLEge

l1 : ...

l1 : ahn::

l1 : ...

l1 : uma::: es/ que elege::

l1 : ...

l1 : um momento da pintura como preferencial

l1 : ...

l1 : e que manifesta

l1 : ...

l1 : uma:: estética

l1 : ...

l1 : ahn:: represe/ da representação

l1 : ...

l1 : e uma estética

l1 : ...

l1 : do equilíbrio harmonioso

l1 : ...

l1 : o caso de Roger Bastide é diferente e este está muito mais ligado a Mário

l1 : há com ele uma profunda identidade de interesses

l1 : ...

l1 : uma

l1 : ...

l1 : --como vimos-- e uma::

l1 : ...

l1 : identificação e uma:: visão parecida do fenômeno artístico

l1 : ...

l1 : --tenho medo de fazer confusão aqui--

l1 : ...

l1 : inclusive os próprios enfoques de que ele se serve são parecidos com os (demais)

l1 : ...

l1 : os enfoques

l1 : ...

l1 : e os pontos de referência

l1 : os pontos de referência é a arte popular

l1 : ...

l1 : os enfoques a utilização do enfoque psicanalítico e da antropologia

l1 : ...

l1 : e a::::

l1 : ...

l1 : a preocupação com as manifestações NÃO

l1 : ...

l1 : da racionalidade mas as manifestações

l1 : ...

l1 : à margem da racionalidade da Irracionalidade as manifestações das religiões

l1 : ...

l1 : Afrobrasileiras

l1 : ...

l1 : e do misticismo

l1 : ...

l1 : portanto

l1 : ...

l1 : ele está

l1 : ...

l1 : do lado NÃO da Europa Ocidental

l1 : ...

l1 : mas do lado

l1 : ...

l1 : das

l1 : ...

l1 : da diferença daquilo que nós vamos chamar da diferença em relação à Europa

l1 : ...

l1 : apenas para passar para Mário

l1 : ...

l1 : vamos passar através::

l1 : ...

l1 : de um ponto de relação ou de um ponto de discordância

l1 : ...

l1 : é curioso lembrar que apesar de todas essas identidades e pontos de vista

l1 : ...

l1 : Roger Bastide teve com Mário uma polê::mica

l1 : ...

l1 : a polêmica é que vai

l1 : ...

l1 : nos servir de fonte

l1 : ...

l1 : a polêmica em relação à arte POpular

l1 : ...

l1 : ela se manifestou

l1 : ...

l1 : a partir::

l1 : ...

l1 : da:: de:: de:: de algumas afirmações de Mário

l1 : ...

l1 : sobre a moDInha

l1 : ...

l1 : éh::

l1 : ...

l1 : Mário ah:: estudando a modinha

l1 : ...

l1 : já nos no na introdução que ele ti/ fi/ tinha feito a modinhas imperiAis

l1 : ...

l1 : e

l1 : ...

l1 : através de todos os estudos que ele estava fazendo sobre o folklore adotava uma posição muito ROMÂNtica em face da arte popular

l1 : ...

l1 : isto é

l1 : ...

l1 : de que o povo é criador de que o povo é criador original

l1 : ...

l1 : Roger Bastide lembra Mário

l1 : ...

l1 : que

l1 : ...

l1 : ahn::

l1 : ...

l1 : que ahn que para Mário portanto o povo é criador e são os artistas eruditos

l1 : ...

l1 : que para renovar

l1 : ...

l1 : a inspiração

l1 : ...

l1 : devem procurar

l1 : ...

l1 : novo alento nas fontes populares

l1 : ...

l1 : este é uma esta é uma das afirmações básicas de Mário de Andrade

l1 : ...

l1 : e esta afirmação é uma afirmação

l1 : ...

l1 : do ROmantismo alemão

l1 : ...

l1 : é uma afirmação que ele foi procurar inclusive na concepção de arte popular dos irmãos Grimm

l1 : ...

l1 : essa é uma afirmação básica

l1 : ...

l1 : percorre toda a sua estética

l1 : ...

l1 : Roger Bastide diante dessa afirmação de Mário

l1 : ...

l1 : lembra

l1 : ...

l1 : esposando a posição de Charles Lalo

l1 : ...

l1 : que as manifestações artísticas que nós encontramos no povo e que tomamos como de origem popular

l1 : ...

l1 : não são na realidade criações do povo são na verdade antigas formas de arte eruDIta

l1 : ...

l1 : que caíram em desuso isto é a arte erudita desnivelada

l1 : ...

l1 : e que foram conservadas

l1 : ...

l1 : no povo

l1 : ...

l1 : nas regiões muito afastadas

l1 : ...

l1 : da civilização

l1 : ...

l1 : então o movimento seria um movimento muito mais complexo

l1 : ...

l1 : e essas formas são conservadas no povo mas eles FOram formas eruditas que decaíram

l1 : ...

l1 : e depois os arTIStas

l1 : ...

l1 : eruditos se inspiram nessas formas

l1 : ...

l1 : e NOvamente elevam essas formas até a

l1 : ...

l1 : o nível erudito

l1 : ...

l1 : então há um movimento constante

l1 : ...

l1 : de desnivelamento

l1 : ...

l1 : E

l1 : ...

l1 : de

l1 : ...

l1 : de novamen::te

l1 : ...

l1 : inspiração

l1 : ...

l1 : e::

l1 : ...

l1 : e:: projeção

l1 : ...

l1 : do popular no erudito

l1 : ...

l1 : se essa polêmica a análise dessa polêmica nã/ não nos levasse muito longe era o caso de analisar

l1 : ...

l1 : mas eu apenas lembro ao

l1 : ...

l1 : aos senhores

l1 : ...

l1 : a importância dessa polêmica

l1 : ...

l1 : inclusive porque ela é um exemplo muito curioso de uma polêmica

l1 : ...

l1 : ah estabelecida num ALto nível intelectual

l1 : ...

l1 : depois os argumentos que Mário dá em dois artigos sobretudo sobre a modinha e Lalo

l1 : ...

l1 : ah:: são

l1 : ...

l1 : extremamente comprovantes e são arti/ são são ele ele se serve de argumentos técnicos sobre a música da música ah:: mas ah:: são exemplos hum::

l1 : ...

l1 : muito BOns de uma polêmica em alto nível em que os

l1 : ...

l1 : POlemizadores

l1 : ...

l1 : continuam se respeitando mutuamente

l1 : ...

l1 : tendo

l1 : ...

l1 : feito essa pequena introdução

l1 : ...

l1 : éh eu gostaria agora de tomar outro caminho

l1 : ...

l1 : o que eu gostaria de mostrar no tempo em que ainda me resta

l1 : ...