Locutores: então a gente gostaria que você começasse a diz dizer para onde você foi ((risos))... ((risos)) olha ( )... em questão mais ou menos de uns dois anos eu estive na bahia. éh entre os poucos lugares que eu conheço assim de brasil... uhn uhn. éh um outro estado seria o rio né? e aqui são paulo... eu... é impressionante assim o povo. uma das coisas que mais me impressionou na bahia é o povo. é muito gente sabe? uhn uhn. éh o relacionamento que a gente consegue m éh manter com eles é um negócio assim impressionante que aqui dificilmente você tem. porque aqui tá todo mundo preocupado realmente em trabalhar. o trabalho é individual né? individual. lá o pessoal é desligado como o pessoal do rio também é desligado. mas é assim um um sei lá um desligamento entende muito diferente. eu não sei... enquanto você sente muito mais sinceridade sabe mais maturidade no pessoal da bahia no rio você não percebe isso na na nas pessoas de lá né? uhn uhn. e eu tive a oportunidade assim de conviver na bahia entende desde os de pessoas assim de um nível éh não só universitário mas como de uma posição ah em termos de profissionais bastante de com muita projeção como no de caso de um f de funcionários do do incra sabe e até mesmo operários. uhn uhn. ( )... mas foram pessoas geniais. nós tínhamos assim quase que um encontro marcado diário éh lá pelas onze horas meia noite assim... uhn uhn. era hora que to hora que a gen todo mundo ia jantar... e nós ih costumávamos frequentar muito o varandá sabe? porque é um é uma varanda muito grande que tem uma vista assim para o mar ali perto do elevador lacerda. hum... e nós íamos chegando aos poucos né? chegava um chegava outro... eu sei que lá pelas tantas nós éramos trinta trinta e cinco sabe pessoas. e todo mundo tinha alguma coisa de nó de nova assim para dizer para contar... e aqueles casos da bahia né? e o o interessante que uma das pessoas que mais me impressionou era exatamente um operário sabe? e ele era compositor. mas se você ouvisse (esse) a qualidade não só da música mas também da letra o conteúdo a vivência que que demonstrava mas era assim um negócio impressionante absorvente. (parece) ( )... e a personalidade dele também sabe? uhn uhn. marcante mas... olha era... (é) assim era ótimo sabe? o nome dele era ismael (sabe)? e é assim uma figura... ele não era bonito mas só a presença dele já dominava sabe? era um preto muito bonito sabe? uhn uhn... um sorriso assim muito simpático. os olhos dele parece que sorriam junto. ( ) ele era excelente sabe? você foi sozinha nessa viagem? não. nós fomos em doze pessoas mais ou menos. agora o que facilitou muito éh foi que uma das moças que nos acompanhou ela é noiva de um jornalista lá na bahia sabe? hum... então quer dizer que todos esses contatos que nós tivemos realmente foram proporcionados por ele. então a gente conheceu assim tudo na bahia. não não fizemos aquela viagem turística de ficar conhecendo mil igrejas mil recantos aque aqueles passeios obrigatórios não é?? uhn uhn... é ((risos))... não vou dizer também que nós não fomos a nenhum desses lugares. não. aquilo que a gente achava assim o o importante mais importante né ou numa igreja vamos supor a gente ia. uhn uhn. o museu de arte sacra não é?? então a gente foi também sabe? é (porque) lá é basicamente igreja. e exato. mas alguma coisa assim a gente destacava privilegiava e ia né? entende? mas de resto... o importante para a gente era conhecer gente ((risos)) entende? nós passávamos o dia não é sempre batendo papo conhecendo ( ) e sendo convidado para cá convidado para lá coisas assim interessantíssimas né? agora uma coisa que a gente sentia é que a gente não era assim muito bem recepcionado pelas esposas sabe? os casais baianos éh em geral os maridos convidavam o grupo todo para irem a casa deles sabe? então a gente dava uma passadinha à noite e convidava o casal para sair com a gente também sabe? e as esposas nu nunca aceitavam o convite. com uma única rara exceção que foi uma socióloga (certo) que saiu... o marido dela éh éh trabalhava com cinema coisas assim... essa é a única que aceitou o convite saiu... inclusive saiu mais de uma vez com a gente. e de resto o pessoal nos olhava muito mal sabe? porque mulher da de fo de fo fora da bahia de são paulo para eles para as mulheres né de um modo geral não prestam sabe? uhn uhn. por que essa birra da gente? eu não sei o porquê mas elas nos tratam assim sabe? com indiferença. pelo menos fomos tratadas assim sabe? com ( ). e você veja oh todo mundo acompanhado dos seus maridos né outras com noivo tudo isso. quer dizer elas não po não tinham motivos para dizer qualquer coisa né de errado. mas sei lá falavam. ((risos))... não queriam ( )... ah sem dúvida (nenhuma). outra coisa que me impressionou muito na na bahia foram as crianças. você sabe que você encontra criança na bahia que percebe que você não é de lá. então elas... uma menina de dez anos e não foi a única... éh bom dia! a senhora não é daqui né? de onde você é? então a gente conta de tal lugar. e que que você está achando da bahia? tá gostando? sabe? e as apreciações que elas fazem a respeito da da da própria arte da bahia entende? você percebe que não é uma coisa assim decorada não sabe? uma coisa mecânica de jeito nenhum! você pode perguntar estabelecer um diálogo porque a coisa sai espontaneamente assim. então a gente sente a cri... até crianças na bahia é diferente da criançada daqui não é? éh olha eu fiquei assim encantada realmente. hum... é bom ver dois tipos assim bem distintos né? nem me fale. um outro... uma outra pessoa que eu tive oportunidade de conhecer na bahia foi um entalhador. éh ( ) campos. eu não sei se você já ouviu falar nele. ele inclusive já fez uma exposição aqui em são paulo. então ele tem uma... a casa dele é muito pequena e é numa ladeira que dá bem em frente ao portão do museu de arte sacra. então desde a porta da rua à janela certo ja é toda entalhada sabe? e inclusive teto as portas internas sabe? mas é uma coisa! qualquer pedacinho de madeira para ele serve. se ele souber que na sua casa tem uma porta antiga ele vai lá vai comprar a porta entende? ( )... qualquer coisa ele (tá lá) ele entalha. faz coisas fabulosas sabe? eu vi coisas espantosas que eu nunca pensei que pudessem ser feitas assim em termos de de arte. depois ele além de entalhar ele pinta sabe a madeira. então dá um colorido e e for formam assim recantos... eu tenho um um amigo que comprou. ele fez de portas... sabe aqué portas tipo veneziana? ele fez um bar sabe? todo entalhado. mas ficou uma coisa espetacular. fora do comum! deve ter ficado... e com uma criatividade espantosa. uhn uhn. e e ele ofereceu para a gente uma roda da samba. ((risos))... ((risos))... não podia deixar né? não podia. vou te contar. oh a roda de samba (só existe) conversa. começou devia ser assim duas horas da tarde. hum... uhn uhn. e nunca vi coisa pra... contando não dá para se acreditar. ( ) a gente tem que viver viu? porque você chega porta aberta. para entrar quem quiser. puxa! então ele fez uma feijoada. então a feijoada tava num canto éh batida... engraçado que para batida ele tinha assim urinol de barro sabe? ((risos))... só serve para isso. ((risos))... então cheio de batida e você vai chegando vai colocando sua canequinha lá dentro tira e vai bebendo né? e comendo. e lá no fundo não é um conjuntinho... ((risos))... a batucada marcando realmente o samba. você sabe que chega gente come bebe dança e vai embora. mas quando vai embora chega mais adiante e encontra mil outras pessoas né? fala... olha na casa do ( ) tem roda de samba e feijoada! então ( ) o povo entra outra leva sabe? entram mil pessoas diferentes que você ainda não conhecia comem dançam e vão embora. agora eu pergunto você já pensou se ele dá uma festa dessa em são paulo? quantas brigas iam sair? ((risos))... indiscutível né? sem dúvida nenhuma! não saiu nenhuma! e olha que o pessoal bebe hein? não é brincadeira. eles bebem mesmo! agora você imagina bebendo né (assim) dançando entra um sai outro entra um sai outro... quer dizer as possibilidade de briga realmente existem. é bem grande né? bem grande. mas não tem perigo viu? não saiu uma discussão. fosse aqui ((risos))... ah (se fosse) ( )... nossa senhora! seria assim um negócio sabe? ficar marcado viu? ((risos)) você falou que visitou uma igreja e o museu de arte sacra né? uhn uhn. dá para você contar como é que é? eu adoro esses negócio... olha uma das igre a igreja que eu fui... uma das né? éh eu fui à igreja de são francisco. realmente ah o que existe de... todos os altares inclusive são maravilhosos todos entalhados muito ouro né? e todo uh... ah os anjos... quer dizer muito assim estilo barroco né? uhn uhn. caras assim... as caras são até que meio feiosas sabe? hum... são meio deformadas... realmente não são muito boni... mas um conjunto majestoso. você entra assim dentro da igreja você se sente pequenina sabe? a coisa é tão imponente que te esmaga. e ela é muito escura. talvez inclusive a própria sombra não é é muito carregada assim te dê aquela sensação de de sei lá de de de pequenez (não sei). (mas) mas é muito bonita. éh... (pegada) à igreja de são francisco tem uma porta. (ele é externa). ( ). uhn uhn. éh é uma porta... ah... e a fachada do convento parece que é da ordem terceira do carmo. é dessas coisas também que não podem deixar de ser vista entende? tal a magnificência sabe? a a riqueza de detalhes. ( ) muito bonito. ( )... tê... é. agora a tão falada igreja do senhor do bonfim não tem nada sabe? hum é... ah sério? foi aquela decepção! não tem nada nada nada nada... e todo mundo que vai para bahia vai para conhecer a igreja ( ). todo mundo... exato. e não tem nada. é é em termos de arte não te oferece absolutamente nada. éh você... a única coisa que tem é uma sala entende cheia de votos. quer dizer para ver sala de votos você vai até a nó a igreja de aparecida né que acho que a sala é muito maior e tem muito mais. (muito mais)! e é sempre aquilo não é? uhn uhn. as pernas de de cera mão sabe quadros fotografias com dedicatória fitinhas... (e) é isso entende? ( )... ( )... talvez é porque o santo realmente seja muito mai milagroso entende o pessoal vai. mas fora disso não não tem nada ( )... quer dizer como igreja... agora como peculiaridade também eu fui à santo amaro da purificação... terra do caetano né o glorioso! ((risos))... uhn uhn. e e lá existe uma igreja em estilo bizantino. é a única igreja bizantina do brasil. sério? é. não sabia dessa... ela não é bonita sabe? muito pelo contrário. ela é muito carregada tem um mal gosto... as cores da igreja é rosa azul e verde. tudo é pintado de rosa azul e verde muito e algum dourado sabe? não é bonita não. mas as os lustre é impressionante de grande é um tamanho descomunal (sabe)? e e e ah éh não é delicado não tem um trabalho artístico assim sabe que vo te impressiona nada disso. mas como curiosidade... vale a pena. ah eu acho que vale a pena. (mas ela não) não abre sempre. ( )... de vez em quando... inclusive conseguimos que ela fosse aberta para nós porque uma das pessoas que nos convidou para passar o dia lá em santo amaro era assim pessoa importante no lugar. o pai dele ah havia tem tinha um título de nobreza sabe? nasceu lá também... tanto que o pai dele está enterrado na capi na na sede a matriz da do lugar sabe? e ele ( )... faz uma certa reverência... agora o que é uma judiação é... também a matriz de santo amaro da purificação é muito bonita também. mas é uma judiação (a) conservação da igreja né? entende? então aquelas paredes pintadas e riquíssimas sabe? uhn uhn. já assim éh com aberturas (né)? uhn uhn. a pintura já descascando e... e não tem verba não é para (conservar). a cidade é pequena e mui... é uma judiação sabe? ( )... é pior do que ( ) uma igreja feia... é. é pior do que numa igreja feia realmente. aliás em termos de conservação até a época em que eu fui na bahia tudo deixava a desejar né? aquelas casas aqueles casarões né da bahia (entende) ( ) bem coloniais mesmo. e... quase que labirintos né? você olha lá dentro é escada para cá escada para lá... ah tem... a gente tem impressão que se perde dentro da da da da casa. muito mal conservadas. outras éh como casas em estilo moderno construídas... quer dizer não é nem estilo moderno. não tem estilo nenhum certo? construídas ao lado de casas assim antigas que são verdadeiras preciosidades. então você imagina o conjunto o que que fica não é? fica horrível! quer dizer essa falta assim de de cuidado em tratar o que existe de bom e de bonito é muito característico do brasil né? (por isso) a gente não ((risos)) não deve se espantar. mas choca tanto sabe que a gente acaba tendo a impressão de que esperava encontrar alguém que também gostasse daquelas coisas e que no fim não trata do jeito que a gente gostaria que tratasse. uhn uhn. mas também é muita quantidade né? eu pelo menos acho que é isso. é mas você sabe... por exemplo lógico que as casas são de particulares. então eu acho que os prefeitos poderiam exigir que os particulares entende tomassem conta daquilo. uhn uhn. tivessem o mínimo né de consciência e de ter que zelar por aquilo. porque realmente é muito importante viu? uhn uhn. ( )... eu pelo menos acho. ((risos)) e o museu? o o museu de arte sacra? então este realmente é muito bem cuidado muito bem tratado... eh tem peças valiosíssimas entende? assim de séculos doze treze e e coisas as impressionantes. e muito bom... e a (or)... muito bem organizado. uhn uhn. e você vê que realm... tudo ali sabe? ah tem tem tem o os os detalhes estão observados inclusive a localização das peças sabe com termos assim de para serem colocados com um toque de luz sabe? tá muito bem montado. esse é uma das coisas que valem a pena também. e o que que tem lá assim como objeto? bom ah por ser um museu assim de arte sacra você tá entendendo você encontra só objetos éh religiosos (né)? (então) todas as estátuas né de santos possíveis e imagináveis como todo todos os objetos que você que se usam em em ofícios religiosos mas desde que eles tenham sido éh construís feitos não é éh com arte sabe? que a coisa seja específica de uma determinada época éh e tenha ido... seja em ouro prata ou seja mesmo em pedra com pedras preciosas sabe? então existem coroas assim nas nas santas todas elas en entalhadas em ouro com com aplicação de de pedras preciosas né? são coisas riquíssimas sabe? (são) muito bonitas (mesmo). vale a pena. deve ser genial. tinha... agora esse já é bem mais popular assim. tinha um es um escultor... escultor não. ele eh faz alguma escultura mas não é o forte dele não. ele trabalha muito com couro e faz quadros também. mas o que ele faz é um negócio bem moderno e... ele tinha por exemplo um quadro que era um vaso pintado. mas ele usa muito entende ah com como uma das técnicas o que ele usa é araldite. ele trabalha o araldite e mistura com várias éh coisas para dar um para dar uma coloração especial (sabe)? e então este vaso era todo ele feito (assi)... e depoi... com araldite... com margaridas também em araldite. muito bonito! (trabalhoso né)? tinha um outro que tinha um vaso e saía de dentro do vaso um com a uh uma flor mas toda ela feita em tampinha de cerveja. mas o que ele conseguiu ((risos))... você não consegue pensar que alguém possa fazer uma coisa assim de de de um material que afinal de contas o que que é? nada né? a gente não dá importância. não dá importância. uma outra coisa muito interessante que ele fez... sabe a enxada? ele tirou o cabo então só a parte de metal não é? ali de... sei lá que material era que ele comprou enxada de... então ele pintou toda de de preto. e na parte onde ele tirou o cabo ele colocou vidro de carro quando sofre um desastre que ele fica bem moído e colou tudo aquilo com araldite mas colorido. então deu assim a a impressão... ele manipulou tão bem a coisa que dá impressão de um rosto sabe? e depois colocaram no ali no ô no no orifício onde colocaria o cabo da enxada sabe? então formando o rosto e depois ele desenhou o o como se fosse uh a roupa de um padre. mas deu a este padre um número como se ele estivesse sido preso. (sa) ((risos))... e e a outra... ( )... eram duas pás. numa então era o padre preso e a outra ele fez ah a freira sem rosto. porque o orifício do da enxada ele não colocou nada. mas o ah tem umas umas saliências assim umas proeminências que vem para frente então dava... o jeito que ele pintou dava a impressão nítida entende de que se de que era aquele chapéu de de freira de aba larga sabe? ((risos))... ((risos))... fizeram o padre preso e a freira sem rosto. (puxa) deve ser (fogo) né? muito bom. muito bom mesmo. e ele se utiliza assim de coisas que ele acha na rua sabe de peças velhas desmontadas... o trabalho dele em couro é muito bom também... bandejas... (hum) é lindo o trabalho em couro. é... muito bonito. também quadros e... mesmo coisas assim de de coisas que a gente pode usar né? assim tipo cera (né)? (essas) coisa a gente tem muito mas todo ele trabalhado assim dessa forma sabe? como material que que para a gente não tem nenhum valor. hum... mas que ele realmente aproveita e assim com um um senso ah ah estético muito impressionante. e quais as outras cidades assim que você conheceu? de lá ah em termos de bahia você tá falando? é bahia. olha eu realmen... eu passei quinze dias... mas eu fiquei o tempo todo em s em são salvador (sabe)? não saí de lá e e fui à santo amaro né? (quer dizer) eu saí... de passagem... quando a gente foi que nós fomos de carro... então nós passámos por lugares assim desde são paulo até chegar lá né as mais variadas cidades que... uhn uhn. por mais que a gente ouça falar em termos de estrada e de vazios enormes que existem nessas estradas você não é capaz de imaginar o que é solidão o que é pobreza no brasil. você... principalmente quando você entra em minas não é? vai chegando e entra em minas a coisa é desoladora. você encontra um casebre. uhn uhn. que aqui você anda uma hora de carro até você encontrar outro casebre certo na no meio do mato. agora uma coisa que eu fiquei impressionada são os lugarejos onde já existe assim uma certa aglomeração de casa não é já existe assim um uma densidade demográfica maior as casas são paupérrimas. mas em todos estes lugarejos a casa melhor é sempre a do padre. porque a igreja está sempre presente... muito. é bem conservada sabe? tendo em vista a pobreza do lugar a gente vê que a igreja realmente está sendo éh demais. dá até impressão que toda renda do lugar reverte em favor da igreja. não não é possível sabe? não é... não são duas não são três não. qualquer lugarejo que você passar é realmente assim. bem oposto né? bem o oposto sabe? mas aqueles desertos em pedras aquele chão árido sabe? o tempo todo aquilo. chega a dar ( ) não é? e isso na bahia já não... acontece também. (acontece)? também oh! até você chegar bem próximo já de salvador... coisa vai melhorando assim quando você vai chegando aqui... éh... são essas cidades mais conhecidas que aqui que a gente fala tanto... éh sâ... qual é a? é san... feira de santana... ah... tem umas... tem outras... agora me fugiu o nome. mas bem próximo entende? quando você está assim ah uma hora duas horas no máximo para chegar à bahia então você começa a encontrar as cidades já bem melhorzinhas. mas antes é uma pobreza de fazer dó. uhn uhn. e em salvador (olhando) assim que que tem lá de bacana? bom de bacana tem... você gostando entende de antiguidade de gente ((risos)) não é? e... tem de tudo... não vou dizer assim... por exemplo de vida noturna em termos do que existe aqui em são paulo boate essas coisa também tem. mas não são muitas certo? são algumas. e a mais famosa é uma que fica localizada em cima das pedras né que é o cloc né? e que não tem nada de excepcional não sabe? é (assim) uma boate grande e toca muito iê iê iê muito pouco samba... ((risos))... mas é aquilo. não tem nada nada nada de de especial. hum... e deixa ver... tem mais umas duas ou três... tem uma que... o anjo azul que é a única nota assim em termo de característica original dela é que ela te serve em em peniquinhos de barro bem pequenininhos uma bebida chamada xixi de anjo. ((risos))... ai cristo! ((risos))... sim mas é a única coisa assim ah nota peculiar em termos de de boate. o resto é o que se tem aqui. que mais que tem? ah existem ainda na bahia algumas daquelas baianas tradicionais sabe? uhn uhn... não mais vestidas como antigamente sabe? uma só ah que estava mas não toda de branco. mas com aqueles saiões e turbante a roupa dela era escura. e ela é muito gorda tem dificuldade até mesmo para para se locomover... e a gente encontra com ela de madrugada. lá pelas duas três quatro horas da madrugada. daí ela está ali perto da do da igreja de são francisco... hum... e ela vende o... ela tem comida pronta sabe? e tem desde o arroz e o feijão e algu e pratos típicos da bahia. ela costuma fazer um por dia. então se você sair de algum lugar e estiver com fome quiser comer alguma coisa típica você vai lá e come você tá entendendo? que bom né? e é o alguma coisa assim que ainda existe. agora existem muitas outras pelas esquinas éh de são salvador e que vendem muito o acarajé né o vatapá (certo)? que você come assim a em qualquer hora né? uhn uhn. e quanto ao tempero assim da alimentação lá? ( )? olha é forte. ( )... realmente éh nós tivemos alguns amigos que comeram e no dia seguinte tava todo mundo passando mal sabe? tava... eu e uma outra a márcia nós comemos de tudo! nada nos fez mal. ( )... ( ) tivemos coisas que nós não estávamos acostu... não estamos acostumadas a fazer. (que) a gen... fomos em julho mas... em julho assim mesmo é quente tá? apesar de não ser tão quente faz calor. então você sai com uma blusinha manguinha bem curta e é o suficiente. nós saímos pela às nove horas da manhã sem tomar café. e começava-se a tomar cerveja. que loucura! e íamos até quatro cinco horas da madrugada né assim tomando cerveja. você sabe que... eu não sou muito resistente a bebida não. mas eu não ficava alta sabe? nem ela. íamos o dia inteiro assim. de vez em quando é que a gente parava de tomar cerveja para tomar um suco de lima né? eles têm éh éh a lima mesmo. não é laranja lima é a lima. eles fazem um suco que é uma coisa divina. como diz um amigo meu sempre no primeiro dia quando deus tava inspiradíssimo né? ((risos))... e é muito gostoso. agora os pratos... para você comer bem ( ) da bahia não vá comer em restaurante éh grã fino. hum... ( )... que são pratos típicos mas muito mal feitos. e cobram muito caro. você quer comer bem você vá nos botecos. aquilo que aqui a a gente chama de boteco que a gente olha não tem muita limpeza éh assim é lá também entende? (lugar) não é muito limpo você fecha os olhos para isso... mas sente-se à mesa porque você será muito bem servida não só em termos de atenção porque os garçons são são ótimos né? tem (deles)... o jeitão deles te tratarem deles conversarem deles se chegarem são excelentes. e além disso a comida... éh... olha eu não gosto de feijão (certo)? no dia nós fomos num mercado éh das sete portas. e chegámos lá onde o pessoal assim que é carregador éh que descarrega éh caminhão esse pessoal todo vai comer lá. e nós fomos. quando eu cheguei na cozinha num dos restaurantes eu olhei na cozinha eu falei... não não é possível hoje... mas tinha lixo misturado com com panela sabe? as panelas eram negras. todas elas ( ) com aquela capa assim grossa né? desespera né? desespera ( ). eu disse assim... então mas eu vou fechar os olhos para isso né? e... porque senão eu não vou comer. aliás sentei de costas para cozinha. ((risos))... bom pediram feijão. ele trouxe feijão trouxe uma farofa feita de uma farinha farinha de copioba e um molho de pimenta e serviu. nunca comi tanto na minha vida! ((risos))... mas de um sabor sabe? os temperos eu não sei... o jeitão de combinar aqueles temperos parece assim muito especial a coisa mas muito bom mesmo. e seria mais ou menos o mesmo tempero que o nosso assim ou será que eles usam coisas diferentes? não sei. (eles não) dizem. não é segredo da bahia não é? não querem imitação? não querem imitação. depois eles serviram também um frango sabe assim mais... éh o tal frango de de cabidela... mas isso foi feito assim especialmente porque nós pedimos porque o pessoal que vai lá realmente não come essas coisas porque fica muito caro. você vê um prato de feijão como aquele com... tá certo que a gente não é de lá eles tão sabendo que a gente é turista eles cobram mais caro mesmo. uhn uhn. mas nós pagámos éh dois cruzeiros e cinquenta centavos entende por pessoa pelo feijão. também vem feijão à vontade né? mas quer dizer um operário para ele pagar dois cruzeiros e cinquenta centavos por dia para comer aquele feijão já é caro né? quer dizer (que) para eles não deve ser esse preço. ele tá sabendo que a gente tá passeando não resta a menor dúvida. (vão) aproveitar... ah sem dúvida nenhuma que eles cobram mesmo né? uhn uhn. e quais os as comidas assim mais características assim? olha o vatapá. (que)... que... completamente diferente daquele que a gente come aqui. como sendo baiano. como sendo baiano. ((risos))... exatamente! e... mas eu reconheço que o daqui é melhor. uhn uhn. é mais sofisticado certo? mil coisas né? deve ser mais fraco né (o daqui). em termos de pimenta. ((risos))... é. ( )... mas tem muita assim... ah o daqui tem muito camarão tem amendoim castanha e castanha de caju não é e mil sofisticações. o de lá não (certo)? é feito com farinha de milho... outros fazem com uma outra farinha também amarelada sabe? e ele fica como se fosse uma pasta mas ele tem um uma uma densidade tal que você pode cortar inclusive. o daqui é tão (molinho)... é o daqui é quase uma sopa não é? é. e ainda a gente serve com bolo de creme de arroz e coisa que lá não tem não (sabe)? e eles servem muito com acarajé. então você corta o acarajé e põe o o o vatapá dentro com camarão muito camarão seco... o camarão seco da bahia não existe igual né? e despeja o molho em cima e você pode comer viu? ((risos))... hum... é uma delícia. muito bom. e... que mais? o... eu comi efó que é uma comida feita de uma verdura. mas ela é bem batida sabe? batidinha batidinha mil vezes até se transformar quase que num mingau com camarão azeite de dendê... e o azeite de dendê usa-se não é em... ( )... mu muito. muito. que mais de bom? sarapatel. hum... sarapatel para você dar a primeira garfada você tem que fechar os olhos. ((risos))... porque o aspecto não é dos melhores. e é feito de miúdos de porco. ai! você desanimou um pouco de tentar. ( )... ((risos))... e depois sabe regado com (o) sangue também né do porco vem tudo misturado... então você fecha os olhos dá a primeira garfada mas... depois começa a achar gostoso não atrapalha mais. não. depois da primeira você já ficou comprada entende? vá em frente. come mesmo sabe? muito. éh... outra coisa é moqueca de arraia. os nomes são bem... sugestivos. ( )... só pelo nome já dá para vontade ( ) de comer né? éh... também é uma delícia. esse foi um foi um prato que assim quase que eu mais repeti na bahia era a realmente a moqueca de arraia. eu fui comer a famosa carne de sol também que eles servem com um pirão de de de farinha de arroz... (é uma delícia)... mas essa não sabe? a carne de sol eu comi por curiosidade. para saber qual era o sabor mas realmente não não me agradou muito não sabe? eu (não)... tanto que eu não repeti jamais. ((risos))... também não gosto (muito)... quando eu vou para minas minhas tias fazem assim... ((risos))... ( )... é muito forte né? é. é muito forte. embora assim... é... embora fosse muito macia tudo isso ( )... (é muito bom)... e e tem né? cada lugarzinho tem o seu prato. ( ) (desviavam) assim a gente sabe ( ). ali se come bem isso ali naquele outro lugar tem um muito bom éh o sarapatel e assim a gente vai percorrendo toda a bahia para comer (bem). nessa nesse lugar onde servem a carne de sol eles fazem uma sobremesa que é um doce de leite... hum... eu não sei como é que eles conseguem. não sei nem dizer para você como é que é feito o que que vai naquele doce de leite sabe? eu sei que ele parece pedrinhas. mas ele fica tão gostoso! (imagino)... é muito bom viu? vale a pena. e o que mais de sobremesa assim característica? olha aquelas sobremesas características não é em qualquer restaurante que você acha não sabe? ne nestes peque éh assim... nesses botecos que eu falei para você não você não encontra muito. tem um restaurante éh o o coco e dendê. é o res... esse já é o restaurante de classe mas onde se come bem. hum... e a decoração dele por si só já é uma coisa maravilhosa. é uma casa colonial sabe muito grande em que todos os móveis as mesas sabe que você éh senta tudo isso são lindas. estilo colonial com aquelas éh éh toalhas de linho sabe bordadas... sabe aquele bordado antigo e todo ele feito a mão sabe com muito rendão? uhn uhn. tudo isso tem ah nesse restaurante. as cortinas também são assim e não tem iluminação ah em termos de luz elétrica. eles têm nas mesas pequenos castiçais mas com lamparina. então a iluminação é toda com lamparina sabe? fica lindo lindo! e realmente te faz voltar não é àqueles tempos que a gente só encontra assim descritos nos nos livros lá do josé de alencar ah machado de assis umas coisas assim. uhn uhn. e aí então aos sábados e domingos eles fazem à tarde o chamado lanche. então você entra não tem o as comidas tradicionais em termos de jantar. mas em compensação você encontra em termos de lanche os mais variados tipos de pãezinhos bolinhos sabe doces em quantidade... mas tudo tudo tudo típico. então você entra toma o seu chá com tudo aquilo...