Inquérito SP_DID_114

doc1 : (bom) eu gostaria que a senhora falasse aqui para a gente como é que foi assim o ensino eh quando a senhora começou?

doc1 : como é que como é que era o primário (né)?

l1 : o meu curso primário?

doc1 : o seu curso primário.

l1 : ah foi ótimo.

l1 : eu acho que eu tive um curso primário poderia não ser nos moldes como é dado atualmente mas um curso muito bem dado.

l1 : muito bem dado principalmente dado com muito amor e eu acho que essa primeira professora me influenciou demais.

doc1 : uhn uhn...

l1 : e ela mesmo sendo uma professora de de quarenta anos atrás ela já tinha uma ela ti...

doc1 : pode continuar.

l1 : eu acredito que ela já utilizasse os métodos audiovisuais bastante modernos.

l1 : talvez fossem intuitivos.

doc1 : ahn...

l1 : extraordinário pois eu me lembro dela ensinar a fazer conta com bastõezinhos coloridos eu me lembro que ela utilizava quadros para para confecção de descrições de composições lindos de morrer muito bem pintados excelentes.

doc1 : uhn uhn...

doc1 : e e como é que era assim ahn o curso em si como é que se estruturava?

l1 : o curso primário?

doc1 : é.

l1 : ah o curso primário eh nós tínhamos tivemos quatro anos de primário fiz o grupo escolar rodrigues alves ali da avenida paulista.

doc1 : uhn uhn...

l1 : essa dona olga borroul foi minha primeira professora.

l1 : eu me lembro em primeira série de de de de curso primário já sair escrevendo bastante bem perto do que eu vejo hoje e já s sabia as quatro operações também.

doc1 : uhn uhn...

l1 : e agora depois segundo terceiro e quarta série de grupo escolar eu tive com uma professora que atualmente se poderia dizer para frente.

l1 : porque você imagina que eu em eh em quarta série de grupo eu era a oradora da turma nós tínhamos júris simulados eu era advogada...

l1 : daí então eu me inspirar tanto em rui barbosa eu adorava falar eu adorava discursar...

l1 : eu discursei na inauguração da biblioteca do grupo para a almeida júnior e aquilo era uma glória falar para o doutor almeida júnior.

l1 : eu eu naquela ocasião comecei a escrever um livro um pouco de ciências e nesse livro eu já utilizava o diálogo para ensinar.

doc1 : hum...

l1 : quer dizer que ela deveria ser excelente!

doc1 : ((risos))

l1 : eu acredito.

doc1 : que ela foi excelente?

l1 : e e antes do do primeiro ano primário não fiz nada só brinquei brinquei e fui feliz.

doc1 : ( )...

doc1 : ( )...

doc1 : ((risos)) ( )...

l1 : só.

l1 : não tinha nada de pré-primário jardim da infância nada disso.

doc1 : nada disso?

doc1 : já era (desde a) época já (é)...

l1 : nada disso.

l1 : não.

l1 : depois quando eu entrei no primeiro ano de de grupo escolar eu teria oito anos e até aquela até então eu tinha ficado assim só brincando feliz em casa.

l1 : nunca fiz jardim da infância brincava com as amiguinhas ali de de rua com primos pessoas da família assim mas e ( ) é feliz acabou-se.

l1 : entrei no primeiro ano.

l1 : aí evidentemente eu adorava a escola talvez a família me fizesse uhn sabe pai (e) mãe influenciasse nisso tudo com muito carinho e era levada pelo avô e trazida pelo avô e talvez tudo isso com muita sorte né?

doc1 : uhn uhn.

doc1 : e ah como é que é (essa) ah ah uh a se a senhora falou em métodos audiovisuais né?

doc1 : como é que eram feitos a ah essa alfabetização como é que foi feita?

l1 : é...

l1 : eu me lembro de uma célebre cartilha proença que eu ainda tenho guardada com muito amor por sinal.

l1 : e eu...

l1 : me parece se eu posso me lembrar que ela tinha uma letra muito bonita essa professora era muito calma tinha assim uma calma extraordinária.

l1 : realmente a imagem dela eu tenho todinha na frente.

l1 : imagine que eu me lembro até de um broche que ela usava no tailleur que seria teria doado para revolução de são paulo e ela muito paulista né ela utilizava assim na lapela e ela fazia umas letras assim muito bonitas na pedra...

l1 : eu tenho a impressão que deve ter sido assim pela imitação.

l1 : e eu me lembro que tinha um ca um caderno de pautado com uma pauta toda especial para a formação de letras ela então escrevia uma frase e a gente ia repetindo.

l1 : mas uma coisa eu me lembro muito bem é das orelhas do célebre primeiro caderno.

doc1 : ((risos))

l1 : (ficou) tão virado tão virado que ((risos))...

doc1 : ((risos))

l1 : era interessante!

doc1 : ( ) castigo professor não tinha casti...

l1 : eu não sei porquê.

l1 : hã?

l1 : não tinha castigo não não.

l1 : isso ( ) não não.

l1 : essa primeira professora ela me deixou vamos dizer marca até.

l1 : quem castigava mas não a mim às outras...

l1 : então às vezes eu acho que até eu eu sou muito assim eu sou muito revoltada contra qualquer tipo de violência é que esta professora...

l1 : eu era das primeiras então ela me elogiava.

l1 : mas ela dava assim piparote na cabeça das meninas e ela ameaçava com régua quem não aprendesse essa segunda professora era até dona matilde rizzo não vai nenhuma eh crítica malévola à lembrança dela evidentemente mas assim ela errou.

l1 : ela errou.

l1 : se é que ela pode ser julgada...

l1 : eu acredito que com crianças jamais se use de violência.

l1 : quer dizer toda aquela bondade aquela meiguice da dona olga ela já não tinha.

l1 : então eu me lembro assim de eu muito espevitada dizer para o meu pai pai se algum dia ela me der uma reguada nós vamos no jornal!

l1 : quer dizer ((risos)) eu já sempre fui desse tipo sabe?

doc1 : uhn uhn.

l1 : eu ia me queixar que às vezes deus me livre olha se a dona matilde me fizer isso...

l1 : isso foi ruim.

l1 : isso foi um mal.

doc1 : uhn uhn...

l1 : tanto que eu hoje que eu sou professora pelo amor de deus como eu tenho pavor à violência viu?

l1 : eu tenho assim...

l1 : chocou.

l1 : isso chocou.

l1 : eu acredito (que) com todo valor que ela tenha tido assim do ponto de vista formativo intelectual nessa parte ela pecou.

l1 : ela era um pouco nervosa demais talvez tivesse seus problemas...

l1 : eu não podia entender naquela ocasião hoje eu entendo e eu acho que o mais errado foi descontar em aluno que não tinha nada que ver com a história.

doc1 : uhn uhn...

l1 : e três anos ela foi minha professora.

doc1 : e e a senhora se lembra assim da da aparência física da escola?

l1 : totalmente.

l1 : da escola?

doc1 : aham.

l1 : belíssima!

l1 : ainda é o grupo rodrigues alves lá da avenida paulista.

l1 : eu me lembro até onde era a minha primeira classe de de de primário.

l1 : eu...

doc1 : e como é que era essa classe?

l1 : como é que era essa classe?

l1 : me lembro que eu entrava à tarde.

l1 : não sei se uma e meia duas horas por aí e saía às cinco horas mais ou menos.

l1 : ela era pintadinha de branco e de um verde muito claro era uma escola bastante bonita que ainda hoje se vê que é bonita.

l1 : eu me lembro que tinha uma vice-diretora muito brava assim (um) tipo que nós diríamos hoje masculinizado chamava-se dona cardoso e então ela ficava no corredor e nós passávamos...

l1 : nós usávamos um aventalzinho bege com as iniciais erre á rodrigues alves do lado...

l1 : e depois nós tínhamos uma pasta e essa pasta minha mãe que tinha feito do mesmo pano do avental.

l1 : mamãe sabe costurar muito bem fez com todo o capricho e pôs as iniciais então nós guardávamos o material escolar ali.

l1 : era uma classe clara bastante clara.

l1 : e eu me lembro também que ela me punha como monitora para ensinar as outras colegas do lado.

doc1 : uhn uhn...

l1 : sei lá talvez porque tivesse aprendido mais depressa.

doc1 : e e de que constava esse material escolar dentro da pasta?

l1 : ah me lembro de uma célebre caixinha de gi de lápis de cor eu adorava o tal lápis de cor se usava caneta com pena mas ca com pena que você só usava depois que você já sabia escrever.

l1 : então talvez no segundo semestre é que a gente foi usar a tal da tinta e a caneta com pena que hoje não se usa mais né?

doc1 : uhn uhn...

l1 : então por exemplo entre as meninas a gente recebia das amiguinhas quando fazia anos umas escrivaninhas com um papel todo de linho e com umas bonequinhas impressas e a canetinha era com as cores da bandeira paulista né para você ver como o negócio é firme por são paulo mas então era assim branca preta e vermelha e...

doc1 : ah...

l1 : que mais que eu me lembro ainda?

l1 : me lembro que o meu primeiro livro foi comprado numa manhã numa livraria francisco alves na rua líbero badaró.

l1 : isso eu me lembro muito bem.

doc1 : ((risos))

l1 : tranquilamente.

l1 : você tá me fazendo reviver assim que parece que eu estou num filme!

doc1 : ((risos))

doc1 : ( )...

l1 : lembro.

l1 : lembro de tudo!

l1 : da segunda profe a pri essa primeira professora tinha cabelos pintados pretos também era chocante naquela ocasião cabelo muito preto assim e ela tinha os lábios grossos era feia.

l1 : era eh o que ela tinha de bondade interna íntima ela tinha assim o aspecto exterior não era muito bonita.

l1 : era uma senhora assim mais ou menos de uns talvez um metro e sessenta e oito por aí não era assim muito nova mas tinha um filho ahn novinho que às vezes ela levava na escola que pelo jeito hoje é um grande médico por aí e ela ia muito com tailleur de linho branco.

l1 : e ela pintava as b a boca com um batom um pouco forte um pouco vermelho.

l1 : meu deus eu lembro até que tinha dente postiço!

doc1 : ((risos))

l1 : ((risos))

l1 : mas é o cúmulo!

l1 : eu vou me lembrar de detalhes.

l1 : a segunda professora ela tinha um cabelo crespinho ela tinha um olhos verdes assim muito apertados ela era míope de vez em quando ela usava um lorgnon.

l1 : então assim então ficava aquele ar meio pernóstico de pessoa que usa lorgnon e ela tinha uma filha mocinha também que já ia se formar e ela era assim meia enrugada própria assim de pessoas de gênio meio forte né?

doc1 : uhn...

l1 : e falava com uma voz meio fina interessante.

l1 : um tipo bonitinho usava uma espécie assim de um coquinho atrás mas muito bonitinha de fisionomia.

doc1 : uhn uhn...

doc1 : e depois ahn então da ah desses assim da classe né da escola uh quais eram as outras salas que compunham o o grupo?

l1 : uhn...

l1 : da escola?

doc1 : é.

l1 : é nós tínhamos um grande pátio depois eu acho que nós...

l1 : ah havia dois andares ali no prédio nós teríamos umas (bem) umas dez salas por andar depois havia uma diretoria.

doc1 : uhn uhn...

l1 : diretoria era um negócio (que) quase a gente não sabia nem para quê que servia sinceramente né?

doc1 : uhn uhn...

l1 : depois dessa senhora eu me lembro que veio um diretor assim muito simpático seu francisco de pádua ramos.

l1 : mas assim e com o...

l1 : é na ocasião em que eu entrei era seu lafaiete não sei o quê pinto.

l1 : era um senhor muito magro!

l1 : mas eu acho que os diretores daquela ocasião impunham muito.

l1 : eles eram assim figuras que pareciam verdadeiros juízes.

l1 : e talvez hoje em são paulo um juiz seja um zé ninguém um diretor seja um zé ninguém naquela ocasião não.

l1 : eles se vestiam muito bem falavam muito bem tratavam a todos com muita delicadeza aquilo tudo era impunha.

doc1 : uhn uhn...

l1 : eles se tornavam pessoas assim que se sobressaiam rapidamente.

doc1 : ( )...

doc1 : uhn uhn...

l1 : que mais que a escola tinha?

l1 : tinha um galpão.

l1 : e pegado a esse galpão tinha uma sala onde a gente onde tinha teatro e onde a gente cantava (não era)?

doc1 : uhn uhn...

l1 : o bendito orfeón.

l1 : eu cantava bendita princesa dona isabel mamãe disse que a senhora o quê?

l1 : sei lá!

l1 : um negócio qualquer assim.

l1 : princesa dona isabel mamãe disse que a senhora não sei quê em seu trono qualquer coisa assim.

l1 : não me lembro mais.

doc1 : uhn uhn...

doc1 : e era era era só isso?

l1 : mas foi uma alegria.

doc1 : ( )...

l1 : a escola só.

l1 : assim uma belíssima escola né?

doc1 : uhn uhn...

l1 : que eu me lembre,

l1 : é não tinha mais assim de...

l1 : evidentemente teria os sanitários (mas) dessa parte eu não me lembro.

l1 : sala da diretoria e galpão recreio...

l1 : (eu) me lembro sempre daquela no fim do grupo escolar servia-se sopa esc sopa...

l1 : como é que chamava?

l1 : sopa escolar parece.

l1 : e era vendida para todo mundo não era?

l1 : ah que coisa adorável!

l1 : lembro até hoje.

l1 : então a gente tomava assim saía de casa...

l1 : segundo terceiro e quarto ano eu fiz das dez e meia às duas horas da tarde.

l1 : e eu sei que eu almoçava antes de sair eu chegava na escola eu comia eu chegava em casa almoçava de novo...

l1 : ((risos)) muito magra.

l1 : mas era uma comida in gostosa muito bem feita também.

l1 : eu me lembro (de) uma servente negra bonitona muito boazinha também.

l1 : (mas era) uma comida deliciosa que até hoje ainda eu falo eu quero arroz com pastel arroz com croquete que eu me lembro daquele tempo.

l1 : sopa de feijão com salsão.

l1 : quer dizer muito bem feita portanto né?

l1 : me parece que é o contrário do que eu vejo hoje servindo nos grupos escolares que é servida meio a grosso modo num caldeirão muito grande sem muita higiene dá-se lá uma água qualquer colorida diz que é leite com nescau não acredito muito nisso não.

doc1 : uhn uhn...

l1 : parece que estava tudo...

l1 : não querendo dizer no meu tempo que eu acho isso horrível de falar.

doc1 : ((risos))

l1 : mas eu acho que ou havia mais dinheiro ou havia mais amor.

doc1 : uhn uhn...

l1 : talvez.

l1 : tudo feito assim mais para o semelhante tratando a gente assim como filho...

l1 : eu acho que custava vinte centavos um prato da bendita comida.

doc1 : uhn uhn...

l1 : mas acho que era duzento réis.

doc1 : ((risos))

l1 : sei lá não me lembro direito.

l1 : ((risos))

doc1 : e daí a gente saindo do primário...

l1 : fazia curso de admissão.

doc1 : (faz faz)...

l1 : isso era muito importante!

doc1 : ah e como é que era?

l1 : não eu me lembro que eu saí do primário e...

l1 : sabe né mulher nunca precisava estudar muito e eu meu irmão já estava em ginásio.

l1 : e eu então adorava estudar.

l1 : e me lembro que o papai ele tomava era gerente da agência do meu avô ele conheceu um professor doutor luis rangel.

l1 : e esse senhor (por onde) tinha um grande curso de admissão aqui em são paulo para o célebre ginásio do estado que ah atualmente é o colégio estadual de são paulo.

doc1 : hum...

l1 : mas naquela ocasião havia só um ginásio do estado que era uma escola não totalmente gratuita não ah pagava-se uma taxa do princípio do ano.

doc1 : uhn uhn...

l1 : mas era dificílimo entrar no ginásio do estado porque é onde se formava a elite intelectual de são paulo.

l1 : tanto que atualmente eu e meu irmão porque meu irmão depois se transferiu para essa escola ele era do osvaldo cruz depois se transferiu pra lá...

l1 : nós éh eh nos formamos numa escola onde se formou carvalho pinto onde se formou lucas nogueira garcez josé meixes foi nosso colega e eu tenho colegas assim todos nós nos formamos em escola superior.

l1 : todos os que terminaram o ginásio lá.

doc1 : hum...

l1 : agora para entrar então eu fiz esse cursinho de admissão eu...

l1 : eu me lembro até da data.

l1 : dia quatro de janeiro de mil novecentos e trinta e sete eu fui nesse cursinho de admissão que era na atual praça clovis bevilácqua mas se chamava rua onze de agosto.

l1 : e já foi assim um pouco chocante para mim que eu nunca tinha ido para a cidade né?

l1 : tinha onze anos então fui pra cidade.

l1 : e tinha que tomar bonde até a cidade mas eu achava aquilo formidável.

l1 : e eu me lembro que ele disse assim...

l1 : só se ela estudar muito.

l1 : mas ele me dava com apostilas e apostilas de geografia de história de não sei o quê sei lá.

l1 : eu sei que estudei feito uma doida entrei e fiz todo o ginásio lá no ginásio do estado.

doc1 : uhn uhn...

l1 : me formei por lá depois eu fiz o colégio porque no fim eu peguei reforma...

l1 : eu peguei a ulti a última turma de cinco anos de ginásio depois eu fui para o segundo científico saltei o terceiro científico porque podia fiz vestibular na faculdade e entrei.

doc1 : ( )...

doc1 : e e o ginásio como é que era aí?

l1 : ah o ginásio era fantástico.

l1 : ah era fantástico!

l1 : era não era um giná tão não era essa escola assim tão amiga como a de hoje não era.

l1 : mas eu acho que criançada sempre se divertiu muito.

l1 : você...

l1 : veja que que contraste.

l1 : hoje...

l1 : ah meu filho é formidável meu filho é livre meu filho...

l1 : eh ah meu filho você já é um homem pode ir aqui eu dou a chave de casa não sei o quê.

l1 : então os pais acham que isto que a criança de hoje é uma criança independente só que na hora de um exame de admissão vai pai vai mãe vão de carro levar o filho na porta da escola e é no mesmo bairro onde eles moram.

l1 : naquela ocasião a gente tomava o bonde ia sozinho fazia inscrição pro exame de admissão fazia o exame de admissão porque era escrito e oral saía ia ver o resultado e se matriculava.

l1 : isso era ser independente!

l1 : e no entanto a gente vivia todo sábado e domingo saindo com o pai e a mãe achava uma delícia visitar toda a família.

doc1 : (ah)...

l1 : sábado e domingo nós íamos sempre passar fim de semana assim mais retirado numa casa dos meus avós.

l1 : e eu acho esquisito!

l1 : hoje então dizem que não a criançada de ontem os pais assim tolhiam muito mas hoje...

l1 : (e) depois pai e mãe não vivia na escola.

l1 : que sinceramente hoje eu leciono e eu digo pro ( ) para os meus alunos olha faz favor já não dá mais dor de cabeça que você dá lá em casa.

l1 : vê lá se você já é autêntico e você não dá dor de cabeça.

doc1 : uhn uhn...

l1 : e agora uns aí que vivem choramingando em porta de escola eu acho horrível isso.

l1 : horrível e acho um contraste.

doc1 : (certo).

l1 : (depois) eu fiz o ginásio também diferente porque eu nunca tinha visto francês então francês no primeiro ano.

l1 : eu fui aluna do cesarino júnior que é hoje catedrático de de legislação trabalhista na faculdade de direito ele era meu foi meu primeiro professor de história...

l1 : me lembro até ainda duma maneira até dele dar aula (ele) tinha os benditos questionários ele tinha um livro ele era autor de um livro e ele pedia os tais questionários para todas as aulas...

l1 : e depois se tinha ( ) excelentes professores!

doc1 : e como é que era o sistema assim?

doc1 : o que o (mo)...

l1 : (de) dar aula?

doc1 : eh uhn ahn não o sistema do ginásio em si assim?

l1 : ah o ginásio era assim você...

l1 : deixa eu ver se eu me lembro bem...

l1 : você fazia começava o ano em março ia até dezembro novembro eu acho.

l1 : fim de novembro acabava tudo.

l1 : mas tinha um exame em junho depois tinha outro em dezembro.

doc1 : é e e o sistema de notas?

l1 : notas era ah trabalho arguição...

l1 : não havia trabalhos em equipe só isso que não havia.

doc1 : uhn uhn...

l1 : não havia isso de você se entrosar muito com os seus colegas e havia uma coisa que hoje v está voltando.

l1 : pensou-se algum tempo atrás que colocar os alunos numa classe pela ordem das notas do ano anterior seria um mal porque traumatizaria porque aquele que estava situado em primeiro lugar eh queria sempre na vida em tudo ser o primeiro em detrimento dos outros e (isso) estabeleceria disputa não sei o quê.

l1 : em todos esses anos que eu agora já estou lecionando a gente está verificando que isso é um estímulo que isso seleciona um pouco os alunos porque se você tiver numa classe como está havendo agora alunos analfabetos ao lado dos alfabetizados e ao lado dos dos bem dotados esses bem dotados perdem e os analfabetos perdem.

l1 : porque os analfabetos jamais alcançarão os bem dotados ou os alfabetizados.

l1 : os bem dotados perdem em detrimento dos outros.

l1 : quer dizer então fica aquela aula assim para para servir uma média e afinal das contas o professor não sai contente o aluno não sai contente você não seleciona é nada.

l1 : e afinal das contas ainda nota ainda é estímulo porque no nosso eh essa estória de conceito eu acredito que seja muito bom mas numa escola que realmente funcione.

l1 : conceito não vai funcionar numa escola primeiro para um professor que dá em média trinta e seis horas de aulas por semana.

l1 : segundo numa escola com aula de cinquenta minutos que cada cinquenta minutos tá voltando professor.

l1 : terceiro em classes com cinquenta alunos você não tem conceito de todo mundo.

l1 : por exemplo eu faço muita chamada oral trabalho muito em equipe conheço os meus alunos mas também não ponho a mão no fogo se numa equipe dois ou três se encostam num determinado trabalho.

l1 : eu não tenho tempo de verificar isso!

l1 : se a escola fosse de tempo integral então sim eu teria tempo de ve de de estar em contacto com esses alunos eu orientaria um trabalho de pesquisa eu verificaria quem é interessado eu verificaria quem quem gosta de se encostar quer dizer tudo isso a gente verificaria.

l1 : mas mas atualmente não dá.

l1 : (aí) então naquela ocasião era tudo na base da nota.

l1 : quer dizer tudo nota tudo vale nota e em parte o aluno em si não valia tanto.

l1 : valia a nota que o aluno tirava.

doc1 : certo e essas notas eram dadas através ah...

l1 : de de dez a cem né?

doc1 : (certo) ah ah ih ih como é que era feita essa nota era dada no trabalho...

l1 : de dez a cem.

l1 : sabatina?

doc1 : sabatina...

l1 : sabatinas sabatinas mensais trabalhos de de pesquisa...

l1 : mas não havia assim muita orientação para trabalho de pesquisa sabe?

doc1 : e de mês em mês ou...

l1 : trabalhos eram geralmente mensais.

doc1 : mensais...

l1 : ou então assim de aula para aula também.

l1 : esses questionários como hoje mesmo se faz de aula para aula.

l1 : agora uma grande falha era um ensino assim muito muito de falatório sabe?

l1 : só o professor falava.

l1 : aluno não falava!

doc1 : uhn uhn...

l1 : aluno não falava só professor falava era assim muito ditatorial.

l1 : a distância entre professor e aluno era muito grande.

l1 : para quem quem vinha assim de um convívio familiar de uma escola primária era muito chocante entrar na escola secundária aquela austeridade de professor catedrático...

l1 : aquilo eh de um lado era bom mas por outro lado também era excessivo né?

doc1 : uhn uhn...

l1 : excessivo.

l1 : nenhum extremo é bom.

doc1 : e e como é que era assim a uh se o aluno não passasse durante o ano?

l1 : fazia segunda época.

doc1 : ( )...

l1 : se não passasse na segunda época ficava em dependência da matéria.

doc1 : ah ( )...

l1 : eu cheguei a ficar numa dependência de matemática do primeiro pro segundo ano.

l1 : depois então eu cursei todo o segundo ano dependendo do de matemática do primeiro.

l1 : depois eu passei em tudo acabou-se.

l1 : aí não tive mais problema mas ah...

l1 : depois acabou também.

l1 : foi só uma vez você vê que era um regime que estava se extinguindo mas depois então só havia ( ) época mas aí eu resolvi tomar juízo e não aconteceu mais nada.

l1 : ((risos))

doc1 : e e entre assim existiam órgãos dentro do do colégio que que promovia o...

l1 : como associação de pais?

doc1 : é e que pro ou que promovessem assim o entrosamento entre os alunos?

l1 : nada disso!

l1 : que entrosamento nada.

l1 : não tinha nada disso.

l1 : isso é horrível!

l1 : diretor era uma figura assim de estatuária nós diríamos assim não era?

l1 : doutor danilo muito s célebre doutor danilo era uma figura assim que inspirava muito respeito (né)?

l1 : não estou querendo falar muito medo.

l1 : dava assim um certo medo.

l1 : isso é horrível.

l1 : isso também não gosto.

l1 : acho está errado.

l1 : depois os professores...

l1 : ahn que que você estava me perguntando?

l1 : parece que até esqueci o fio da meada...

doc1 : eu tava eh ta eu estava perguntando justamente do do entrosamento.

l1 : ah se havia é...

l1 : eh os professores a maioria não.

l1 : o aluno era o aluno lá naquele lugar ele era o professor aqui neste lugar e isso era horrível.

l1 : isso (era) horrível!

l1 : e não ah havia também a...

l1 : a maior parte dos professores era foram constituída por homens.

doc1 : hum...

l1 : e também não é?

l1 : quer dizer mulher geralmente é assim mais carinhosa mais afetuosa mas a maioria era constituída por homens e...

l1 : os homens não sei se também eram um pouco velhos...

l1 : não sei...

l1 : alguns talvez um pouco desiludidos revoltados talvez.

doc1 : uhn uhn...

l1 : mas...

l1 : uns pecaram por serem humildes demais talvez por exemplo doutor gomide.

l1 : doutor cândido gomide foi um dos maiores matemáticos que já ho houve aqui em são paulo e era assim de uma modéstia mas era uma modéstia doentia.

l1 : dava até dó.

l1 : o homem era um portento era um gênio mas era tão gênio que também a gente não entendia.

l1 : ele dava aquelas aulas numa altura que só a gente (então) eu detestava matemática.

l1 : (por exemplo) então português você eu tinha um prof tive vários professores de português mas um por exemplo que despejava assim todo...

l1 : (porque eu como) gostava de português estudava muito.

l1 : mas (era) era assim uma pessoa muito muito errada porque não dizer...

l1 : porque não é porque gostava de mim (nem) porque eu ia bem que eu não verificava assim.

l1 : se (quando) ele não gostasse de um aluno ele descarregava toda a sua bílis nesse aluno e afinal das contas demonstrava que de adulto ele não tinha nada hoje é professor de escola superior também mas assim um tipo meio vingativo aquilo choca muito o adolescente.

l1 : para mim me chocava.

l1 : eu ia bem porque gostava achava extraordinário como professor foi extraordinário como professor mas essas atitudes de professor marcam muito o adolescente e ele se revolta evidentemente.

doc1 : uhn uhn...

l1 : então ele não quer nem o bonachão que que ele tacha de trouxa mas ele também não quer aquele que é demais de de assim gênio muito impetuoso isso não faz bem para cri para para adolescente de jeito nenhum.

doc1 : e e ahn além do professor certo e do diretor existiam outras pessoas encarregadas?

l1 : ah existiam os inspetores de aluno como existem hoje.

doc1 : uhn uhn...

l1 : e quando eu fiz ginásio por exemplo eram senhores até de idade mas muito carinhosos!

l1 : já eram quase que os nossos avós nós diríamos assim.

l1 : muito carinhosos eu me lembro até deles era seu césar depois era um senhor seu camargo depois era o seu cesarino depois era uma senhora dona francisca.

l1 : mas existia assim no no no ahn no ginásio do estado uma disciplina que era um pouco rija demais.

l1 : não precisava tanto entende?

doc1 : uhn uhn...

l1 : não precisava assim tanto também assim.

l1 : está certo hoje nós nos orgulhamos todos da disciplina que o que o ginásio do estado nos deu da formação que ele nos deu mas não precisava tanto.

l1 : tsc tsc

l1 : nada disso.

doc1 : e depois do ginásio então ahn pulou né ( )...

l1 : (foi) para o colégio.

l1 : aí foi uma alegria porque aí era uma folia não tinha outro nome.

doc1 : ((risos))

l1 : aí (houve) uma transição.

l1 : todas as pessoas que pegam transição de ensino em parte são prejudicadas em parte são favorecidas.

l1 : foi o que aconteceu comigo.

l1 : então eu saltei do quinto ano de ginásio você imagine bem.

l1 : eu terminei essa célebre quinta série então tinha aquele baile de formatura porque eram licenciandos tinha um nome qualqu bacharelandos do ginásio do estado né?

l1 : formatura na faculdade de direito com vestidos longos aquele negócio baile no harmonia era aquele baile chiquérrimo!

doc1 : ( )...

doc1 : ai como é que pode ( )...

l1 : nossa era um negócio!

l1 : saía no jornal até o baile ((risos)).

l1 : era uma coisa!

l1 : então ih nossa uma disputa de vestidos aquela coisa toda.

l1 : depois ah eu então fiquei até maio sem ter aula.

l1 : aí as aulas começaram em maio no roosevelt onde eu sou professora hoje.

l1 : aí eu fui pro para o roosevelt e fiz o segundo colegial.

l1 : mas naquela transição de escola formação todos os professores eram novos e a diretoria não se entendia e nós então com os nossos dezessete dezoito anos aproveitávamos e nós tirávamos a maior ((risos)) vantagem daquilo tudo sabe e organizávamos bailinhos (uh) foi uma alegria.

l1 : ali foi uma alegria!

l1 : ali nós desforramos tudo que nós tínhamos acho que tido de dureza no na (do) ponto de vista disciplinar na parte lá de baixo nós dizíamos lá em baixo porque era na ladeira do carmo sabe aqui em cima na rua são joaquim ah nós desforramos.

l1 : desforramos que nos regalamos!

doc1 : ((risos))

l1 : clássico e e científico então estudávamos muito.

l1 : realmente se estudava muito.

l1 : mas também se divertia muito.

doc1 : uhn uhn...

l1 : aí terminado esse segundo colegial aí eu fui para o...

l1 : aí eu fui...

l1 : eu li no jornal cursinho da faculdade de filosofia.

l1 : (eu) não sabia nem o que era faculdade de filosofia mas eu li cursinho de férias em história natural para a seção de história natural.

l1 : acontece que eu gostava demais de história natural.

l1 : e eu falei em casa olha mãe a senhora vai comigo ver onde é que é essa alameda glete aqui?

l1 : sabia nem onde era alameda glete...

l1 : que eu gostaria de fazer esse cursinho a senhora vai?

l1 : ah vou!

l1 : lá fui eu uma tarde com a minha mãe me inscrevi no cursinho sempre assim meio éh interessante até não sei ah eh gozado até ter acontecido isso me inscrevi no cursinho era um cursinho de graça fiz o cursinho veio o vestibular fiz o vestibular passei entrei na faculdade (saltei) o terceiro colegial.

l1 : depois me fez falta viu?

doc1 : ah...

l1 : saltar o terceiro colegial pelo amor de deus!

l1 : eu não sabia nada de genética e o pessoal que entrou conosco na faculdade vinha dos do extinto pré.

l1 : era o pré-médico.

l1 : e nós não éramos de pré nenhum (porque) nós éramos da antiga quinta série com um ano de segundo colegial sem ter feito um terceiro eles nos detestavam porque eles achavam que nós estávamos saltando ano e podendo entrar foi duríssimo o primeiro ano de faculdade.

l1 : mas depois felizmente eu venci.

doc1 : e quando a gente entrava assim na faculdade como é que era recebido pelos pelos que já estavam lá?

l1 : ah muito bem.

l1 : nossa!

l1 : para começar o cursinho ah uns amores eles eram.

l1 : o cursinho era dado por alunos assim de terceiro ano de faculdade e era o tal cursinho do grêmio da faculdade.

l1 : quer dizer que se estabelecia aquela camaradagem a gente muito broto aquela estória namorava todo mundo né?

l1 : todos os professores a gente namorava ((risos)).

l1 : uma folia!

l1 : e nós então éramos muito bem recebidos e a química e a história natural funcionavam no mesmo prédio então havia muita afinidade havia os rapazes todos eram muito bons!

l1 : ah não sei.

l1 : uma maravilha!

l1 : não tinha nada de trote dessas bobagens todas não tinha disso.

doc1 : ah (ainda) não tinha nada de...

l1 : nada disso.

l1 : uma recepção belíssima se houve trote para mim não houve um um amor.

l1 : os rapazes hoje é o geraldo camargo carvalho que é autor de livros...

l1 : ahn aquele que foi eh era um repórter do canal quatro ele se chamava hectore fecarota mas na televisão ele se chamava heitor de andrade...

doc1 : uhn uhn...

l1 : ele entrou comigo também foi da minha turma de faculdade ele fazia química...

l1 : mas nós fomos muito bem recebidos pelo cretela pelo cancela...

l1 : o cretela é o josé cretela júnior hoje professor na faculdade de direito nos recebeu todos muito bem.

l1 : sei lá logo fiquei sendo do do partido orientador da faculdade e me dava bem com todo mundo.

doc1 : ah e pi como é que funcionava lá dentro ah...

l1 : ah funcionava muito bem.

l1 : nós sabíamos que do partido orientador eh sei lá nós nos ach nos achávamos duma classe mais assim distinta vamos dizer assim.

l1 : depois tinha um outro partido que nós naquele tempo já achávamos que era dos vermelhinhos dos oposicionistas não é assim do dos que dos meio do contra lá da escola.

l1 : havia aquela guerrinha de partidos mas eu como gostava da turma do orientador e namorava com a turma do orientador aquela coisa toda a gente ia aos bailinhos e e ganhava distintivos e fazia campanha do orientador e me dava bem com todo mundo e acabou-se.

doc1 : ( )...

l1 : (eu) não ti não tinha atritos não sei!

l1 : o pessoal da da história natural sempre se caracterizou por ter um curso assim muito harmonioso sabe seja com professores com assistentes ou com os da química.

l1 : então nós formávamos uma família só.

l1 : foi uma faculdade deliciosa.

doc1 : e e aí como é que era então o sistema né?

doc1 : por que aí muda um pouco né?

l1 : ah completamente.

l1 : hoje vocês falam em conceitos e não sei o que lá não tinha nada disso.

l1 : nós tínhamos eu me lembro nós tínhamos aula todos os dias à exceção de sábado e (então) nós começávamos às oito e quinze nós terminávamos às seis e meia da tarde geralmente nós almoçávamos na faculdade e nós ahn...

doc1 : uhn uhn...

l1 : nós éramos vinte e seis quando entramos nós saímos em seis.

l1 : nós p éramos vinte e seis para o segundo ano nós já passamos seis e até o quarto ano continuamos seis.

l1 : e nós fazíamos...

l1 : havia o isso sim.

l1 : havia uma...

l1 : como nós chamá chamávamos aquele tempo?

l1 : digamos assim a zoologia tem vertebrados e invertebrados.

l1 : então suponhamos se no primeiro eu tinha invertebrados o segundo ano também tinha invertebrados que tinha tido vertebrados no ano anterior.

l1 : quer dizer era uma ciclagem assim sabe?

l1 : era rotativo vertebrados e invertebrados então ora alguém começava a faculdade dando vertebrados ora alguém começava dando invertebrados

l1 : a outra turma de botânica começava digamos por ahn digamos pela parte de de de de sistemática a outros outros começavam pela morfologia.

l1 : e era assim rodavam o primeiro e o segundo ano rodavam sempre.

doc1 : ( )...

doc1 : e o sistema de notas (daí) então variava?

l1 : nós tínhamos um exame em junho nós tínhamos um exame em novembro...

l1 : eu sei que se a gente parece que tivesse mais do que seis e meio a gente não ficava para o o oral que era em dezembro.

l1 : agora ficar pro oral já era um passinho da segunda época.

l1 : então a gente tinha pavor de ficar para o oral.

doc1 : uhn...

l1 : pavor mas pavor mesmo.

l1 : que por exemplo rui ribeiro franco hoje é um professor da escola de mineralogia mas ele era o terror da escola lá da faculdade.

l1 : então nós sabíamos por exemplo como aconteceu comigo que mineralogia no primeiro ano todo mundo ficou para o oral.

l1 : então o que a gente fez?

l1 : perdeu por doença né?

l1 : para não dizer que ficava em segunda época perdeu foi fazer segunda chamada em fevereiro.

l1 : era uma segunda época disfarçada.

l1 : mas ninguém não passou ninguém em primeira (época).

doc1 : uhn...

l1 : aí e foi ele que deixou os seis para o segundo ano que depois terminaram o curso.

l1 : em compensação depois ele foi amicíssimo da gente!

l1 : uma pessoa extraordinária mas não sei se valia assim daquela armadura de pessoa muito brava muito incomunicável e não tinha nada disso!

l1 : uma pessoa formidável ( )...

doc1 : é e e dentro da faculdade existiam distinções né entre os professores.

l1 : assistentes catedráticos isso?

doc1 : é e como é que era e como é que era quem dava aula?

l1 : ah sim.

l1 : não nós tínhamos por exemplo digamos ah zoologia doutor marcos já falecido era o nosso catedrático de zoologia.

l1 : ele tinha doutor michel savaia assistente então doutor marcos dava a parte teórica o doutor savaia ass primeiro assistente dava a parte prática a doutora marta vanucci dava também a prática não me lembro mais quem.

l1 : fisiologia gen o catedrático geralmente dava as aulas teóricas mas se é o que você quer saber que às vezes o assistente parece que agradava mais do que o professor catedrático.

doc1 : ((risos))

l1 : que estava às vezes o assistente realmente era uma criatura ou mais inteligente ou um pesquisador mais profundo talvez do assunto e às vezes o assistente (sobrepujava) o catedrático realmente.

l1 : tanto em didática como em profundidade científica mesmo há muitos exemplos dentro da escola.

doc1 : e en entre os alunos existiam ah órgãos agora de integração como é que como é que funcionava isso?

l1 : nós tínhamos os nossos partidos só né?

doc1 : só partidos?

l1 : partidos assim...

l1 : só.

l1 : não existia assim você diria como?

l1 : como eh co eh essas associações de conjunto residencial da usp essas coisas?

doc1 : não não assim e ahn instituições dentre os alunos mesmo ahn vamos (dizer) uma espécie de...

l1 : uma agremiações uns clubinhos?

doc1 : isso.

doc1 : é.

l1 : não não.

l1 : nós éramos realmente poucos não?

l1 : porque você vê nós éramos entramos em vinte e seis.

l1 : depois passamos a seis certo?

l1 : agora as turmas foram mais ou menos formando assim seis dez.

l1 : hoje é que tem essa essa massificação de formandos não existia isso.

l1 : imagina cem alunos mas de de jeito nenhum!

l1 : para começar não teria nem onde onde ficar.

l1 : ((risos)) começando por aí.

doc1 : (bom) ( )...

l1 : começando por aí.

l1 : lógico não teria nem onde ficar nem onde ter aula e a faculdade (realmente) era bem aparelhada.

l1 : bastante bem aparelhada com grandes professores e eu não acredito que hoje esteja sendo dada a assistência que (nos dado).

l1 : por exemplo eu tive biologia com o doutor dreyfus.

l1 : você imagina por aí.

doc1 : uhn...

l1 : eu tive genética com o doutor dreyfus a assistente dele era a rosina de barros.

l1 : uma capacidade...

l1 : é o pavan atual catedrático está afastado está na universidade de colúmbia nos estados unidos mas o pavan era extraordinário.

l1 : o antonio brito cunha era um assistente do doutor dreyfus mas ali dando era dava uma assistência total ao aluno.

l1 : com pouca gente.

l1 : agora com mil alunos aí cem alunos por classe?

l1 : minhas dúvidas!

doc1 : e as aulas continuavam sendo falatórios ou agora já eram ( )...

l1 : não não já havia pesquisa.

l1 : já havia pesquisa se bem que pouca mas havia.

doc1 : e a e a escola era dotada de material pra isso?

l1 : ah sim a faculdade toda.

l1 : faculdade bem dotada né?

doc1 : uhn uhn...

l1 : eu acredito que o curso da faculdade de de...

l1 : todo curso prático que nos foi dado na faculdade nos foi de grande valia agora está sendo de grande valia até agora e e sempre.

l1 : a faculdade da nossa parte era bem dotada.

doc1 : uhn uhn...

l1 : nós tivemos um belo (um) excelente curso prático.

l1 : nós você veja que hoje por exemplo nós utilizamos todo...

l1 : quem é que nos ensinou todas as secções técnica de secção técnica de microscopia toda essa parte foi dada pelos técnicos de laboratório pelos assistentes extraordinários4.

doc1 : e depois então aí eh acabando o curso houve festa como é que foi?

l1 : ah sim não o célebre baile de formatura desse eu não participei.

l1 : na ocasião a minha turma toda resolveu não participar ninguém entrou.

l1 : nós tivemos a faculdade a solenidade colação de grau no teatro municipal (a comida) está sendo (paga) até agora ( ) toga e nós tivemos quadro de formatura e nós tivemos missa de formatura que foi no são bento como tinha sido o do ginásio também e toda enchapelada porque na moda era chapéu divertidíssimo!

l1 : hoje olhava naquelas fotografias é uma diversão.

doc1 : ( )...

l1 : ((risos))

l1 : gozadíssimo os penteados as roupas os chapéus ai que gozadíssimos!

doc1 : e depois eh eh a sua vida de de estudante se encerrou aí ou ( )...

l1 : não.

l1 : eu acho que eu continuo estudando até hoje.

l1 : eu acho que quem faz uma faculdade é um eterno estudante e se alguém achar que já está...

l1 : como é que se se fala tanto em entrevista de rádio e televisão você já se realizou?

l1 : ah está perdido.

l1 : pode se enterrar meu caro dar um tiro no ouvido e...

l1 : ninguém se realiza até morrer ninguém para de estudar e não não é demais falar mas que a gente é eterno ignorante é.

l1 : quanto mais estuda menos sabe...

l1 : e eu já falei quanto mais velho a gente vai ficando acho que a gente vai falar menos.

l1 : pelo menos emitir parecer ou às vezes até dar hipóteses tudo a gente vai ficar é bem caladinho.

l1 : é muito difícil.

l1 : não dá (no) o meu ramo...

l1 : e todos os ramos em tudo!

l1 : pode ser até uma cozinheira.

l1 : eu acho que uma cozinheira não pode dizer eu sou realizada porque daqui a pouco surge um prato novo uma coisa nova que ela não conhecia.

l1 : agora pra nós assim que fazemos uma escola superior?

l1 : duvido que isso exista.

l1 : tsc tsc

l1 : de maneira nenhuma!

doc1 : uhn uhn...

l1 : de jeito nenhum.

doc1 : ( )...

doc1 : ( ) ((risos))...

l1 : cabô?