Inquérito SP_DID_002

doc1 : ( ) (começou) ((risos))...

l1 : ((risos))

doc1 : (é) roberto se você quiser assim então falar um pouco assim da sua viagem e tal...

doc1 : você foi para paris né?

l1 : para paris certo.

doc1 : você foi direto daqui para lá?

l1 : éh eu (eu) fui de de avião de são paulo até até o rio de janeiro fiz baldeação no rio e depois fui para lisboa aproveitando uma oportunidade do governo português que patrocina um dia de graça para todo viajante.

doc1 : ah é?

doc1 : opa ( )...

l1 : mas acho que não é só o governo português.

l1 : outros países também.

l1 : desde que você viaje por pela companhia aérea nacional eles têm um convênio com a agência de turismo então ela já providencia tudo.

l1 : desde que você chega lá é tratado como um rei né?

l1 : vão te receber no aeroporto de táxi te encaminham para o hotel e você não gasta mais nada durante vinte e quatro hora.

doc1 : poxa...

doc1 : (nossa)!

l1 : então estive em lisboa fiquei essas vinte e quatro horas...

l1 : gostei tanto queria ficar mais mas aí não não tinha jeito de transferir a passagem (entende)?

l1 : então fui obrigado a embarcar para para a frança.

l1 : ah sobre lisboa você quer que fale alguma coisa?

doc1 : se você quiser falar se tiver alguma coisa pode falar.

l1 : e interessa para o...

doc1 : você pode falar.

doc1 : o que que te mais assim impressionou?

l1 : bom ah lisboa o que me impressionou mesmo é a minha...

l1 : a primeira impressão muito forte que eu tive quanto à arquitetura né que é uma coisa completamente diferente de tudo que (eu) estava acostumado aqui em são paulo.

l1 : e ah em são paulo eu acho que todas as cidades brasileiras mesmo e talvez cidades norte-americanas éh dá uma impressão assim de mui de muito modernismo né?

l1 : coisa que se derruba um prédio faz outro todo novo não é?

l1 : e os prédios ca hum cada vez um maior que o outro novos estilos.

l1 : então você chegando em lisboa é uma coisa que choca assim se impressiona mesmo que todos os prédios são uniforme uma arquitetura assim constante ah altura né quase a mesma...

l1 : e isso depois eu vi na em paris também.

l1 : (essa) foi a minha ah primeira impressão muito forte essa diferença.

l1 : éh os prédios se mantêm de que não sei cinquenta cem anos sempre o mesmo estilo a mesma altura.

doc1 : e você viu...

doc1 : e você viu construções novas?

l1 : construçõe...

l1 : em lisboa por exemplo não não vi muita coisa.

l1 : um ou outro em algumas praças né?

l1 : um prédio ou outro.

l1 : mas deve inclusive talvez haver já uma legislação que proíba fazer prédios assim a olho.

l1 : eu acho que não...

l1 : precisaria verificar melhor.

l1 : mas eu sei que em paris por exemplo (acho que) até um tempo atrás não poderia fazer o que bem entendesse.

l1 : hum...

l1 : tinha que seguir um certo plano né?

l1 : agora outra coisa muito bacana que eu achei ah (de) ah as áreas verdes que tem lá que é mesmo são bonitas tem bastante muito arborizada né?

l1 : não só as avenidas mas como os parques jardins né?

l1 : e outra coisa que eu vi é o ônibus de dois andares...

doc1 : ((risos))

l1 : nunca tinha visto...

l1 : e uma coisa que pode interessar também um dia se for para lá é ahn o preço do táxi né?

l1 : táxi por exemplo é tão barato que dependendo do caso vale mais a pena tomar o táxi do que o ônibus né?

l1 : e tem a qualidade de ser sempre mercedes né?

doc1 : ah é?

l1 : (lá só tem)...

doc2 : ( )...

doc1 : ( )...

doc1 : ((risos)) (chega lá dei de cara com os) mercedes.

l1 : ( ) (sempre)...

l1 : é.

doc1 : ((risos))

l1 : o pessoal...

l1 : eles tratam o brasileiro com uma delicadeza até exagerada né?

l1 : são...

l1 : quer dizer cuidam da gente como se fosse irmão mesmo.

l1 : não sei se eu tive sorte mas...

l1 : duas ou três pessoas no hotel no no táxi que eu peguei aquele bate papo assim...

l1 : um deles uh um motorista num dia depois do do jantar (né)?

l1 : um jantar bárbaro no no hotel né?

l1 : ele...

l1 : eu eu pedi...

l1 : eu queria dar uma volta rápida por toda a ci a cidade né?

l1 : e ele falou...

l1 : tá bom.

l1 : então a gente vai ver a ponte vai ver isso vai ver o castelo de são jorge lá no alto que é muito bonito à noite e uns bairros típicos de de lisboa que tem aquelas ruazinhas bem estreitas sabe?

l1 : e...

l1 : ele ficou uma hora comigo andando de táxi.

l1 : e o gozado é que ele parava nos pontos descia me acompanhava e ficava contando a história.

l1 : era um rapazinho moço ainda uns vinte cinco anos talvez.

l1 : isso quer dizer eles es estavam tratando a gente com amizade.

l1 : eu não vi assim só o interesse comercial porque aquela corrida dava o quê?

l1 : coisa era tão (mixa) que...

doc1 : ((risos))

l1 : e lisboa é tão grande...

l1 : (por) vinte contos rodeia aquilo tudo entende?

doc1 : (nossa)...

l1 : é o preço que (fica).

l1 : e às vezes você pode dar até uma gorjeta grande.

doc1 : ((risos))

l1 : (por quê)...

l1 : porque vinte conto pagar vinte e cinco trinta dá no mesmo né quando você está viajando assim.

l1 : você vê que isso éh são coisas que que a gente guarda bastante né?

l1 : o tratamento que eles têm ah com com os brasileiro...

l1 : isso foi o que mais me impressionou mesmo.

l1 : ( ) né?

l1 : os edifícios primeira impressão.

l1 : bom depois...

doc1 : você falou em edifício né as construções tal.

doc1 : você chegou a ver por dentro?

l1 : não só nas éh...

l1 : não tive tempo para isso.

l1 : só nas lojas que eu entrei ah na agência que fui obrigado a entrar num hotel...

l1 : dentro do do hotel ah eu não vi coisas assim extremamente diferentes ta daqui né?

l1 : do mobiliário quanto a à disposição das coisas não não havia muita diferença.

l1 : só a única coisa que me impressionou mesmo nesse hotel que eu fiquei foi a sala sala de jantar né?

l1 : e todo brasileiro assim meio caipirão ((risos))...

doc1 : ((risos))

l1 : estou descendo todo né na esportiva me mandaram subir ((risos)).

doc1 : ((risos))

l1 : eu não sá ( )...

l1 : não é que não sabia.

l1 : aí já estava prevenido contra essas coisa.

l1 : mas na hora não me passou pela ideia que ( ) ia estar decentemente trajado para poder entrar né?

l1 : as...

l1 : agora ah quanto à sala de de jantar isso foi uma coisa também impressionante.

l1 : eu nunca vi uma toda a minha vida assim que eu entrei em algum ( ) nunca vi um um uma sala tão agradável né?

l1 : porque ela tinha uma uma espécie de uma lareira...

l1 : não mais para enfeite porque não não estava funcionando...

l1 : a iluminação fraca e com...

l1 : ah como é que a gente fala?

l1 : candelabro (é o) que fica pendurado né?

doc1 : é.

l1 : e aquele negócio...

l1 : castiçais né?

doc1 : é.

l1 : com vela...

l1 : de que aquilo fazia um ambiente espetacular mesmo.

l1 : agora outra coisinha que isso eu acho que é importante falar que o o português povo português é que é um povo muito sofrido né?

l1 : eles não têm...

l1 : (eles) não têm (recurso)...

l1 : hum...

l1 : e o país não proporciona condições para de emprego para todos.

l1 : então uma grande parte da população jovem talvez de dezoito anos até vinte e cinco trinta ano eles são obrigados a sair de portugal porque não não tem emprego.

l1 : então eles vão ser ou chofer de táxi trabalhar em turismo né?

l1 : que...

l1 : e não não há outra coisa entende?

l1 : o chofer de táxi mesmo (que) me acompanhou ele tem uma profissão.

l1 : ele era uma especialidade que fez ( ) torneiro uma coisa assim mas não tinha onde trabalhar né?

l1 : ele era obrigado a ser chofer de táxi mesmo.

l1 : e de certa forma por causa dessa ah por causa de desse dificuldade em encontrar emprego todo mundo é obrigado a estudar bastante se quiser alguma coisa.

l1 : então essa turma de que trabalha no comércio mesmo molequinho de doze anos para cima os garçons o ah pessoal do hotel mesmo todos eles revelam uma cultura bastante grande entende?

l1 : ( ) mais linguística né?

l1 : eles falam outras línguas...

l1 : mas éh...

l1 : em qualquer lugar né?

l1 : no bar se sujeito do bar pelo meno nos que eu fui ah você vê que eles falam o francês o inglês o espanhol sempre alguma coisa.

l1 : e que eles necessitam disso né?

l1 : e outra que talvez já tenham viajado também não sei.

l1 : uh...

l1 : o fato é que eu logo no começo percebi que assim do ponto de de vista da cultura o povo tinha mais cultura.

l1 : agora do no no campo eu acho que é diferente.

l1 : mas (nós não podia)...

l1 : não sei como é né?

l1 : (só) sei de pessoas que têm viajado e contam para a gente que uma pobreza muito grande ignorância também bastante gran...

doc1 : ( )...

l1 : uma colega minha voltou agora (viu)?

l1 : ela ficou um mês numa aldeia então estava me contando como é a a vida deles né?

l1 : bom de portugal eu acho que...

doc1 : e escuta você falou assim que eles são obrigados a estudar não é para conseguir.

doc1 : e depois (que estudam) eles conseguem assim uma colocação?

doc1 : você acha que...

l1 : não eh...

doc1 : (profissões)...

l1 : não (tu) de profissão não.

l1 : eu acho que a concorrência entende?

l1 : aquele que es que es (está) mais capacitado acaba tendo a recompensa mais na na competição né?

l1 : mesmo o o rapaz que nos recebeu no aeroporto que havia mais gente que estava que tinha aceitado essa essa oferta do do governo português é um sujeito muito bacana mesmo.

l1 : assim da da minha idade ou mais novo tinha feito colegial acho que já tinha feito faculdade também...

l1 : mas uma apresentação fabulosa sabe?

l1 : ( ) facilidade com que ele tratava o pessoal recebia a educação que ele recebia e tratava todos funcionário...

l1 : que ele era obrigado a a se regularizar toda a si os problemas burocrático com cada um passaporte né?

l1 : que eles agregavam tudo para você.

l1 : não tinha trabalho nenhum.

l1 : ele por exemplo falava três ou quatro línguas mas que perfeitamente só com o colegial né?

l1 : ( )...

l1 : o colegial lá...

l1 : aliás ele...

l1 : desculpe ele fez também aliança francesa fez mas não sei o quê.

l1 : mas ele falava perfeitamente o francês o inglês e o alemão (né)?

l1 : e um rapaz de talvez vinte e cinco vinte e seis ano.

l1 : então esse esse pessoal que trata com turista né e o pessoal das lojas eles têm que são obrigados a saber essas coisa.

l1 : e é claro que eu acho que as lojas vão dar preferência a esse pessoal que têm condições.

l1 : porque o o número de turistas lá é bastante grande.

l1 : então nas lojas você vê ah gente de toda parte do mundo comprando.

l1 : ainda mais em lisboa que as coisas são baratas e re e s e coisas que vem principalmente da inglaterra da alemanha e a preço mais em conta então o pessoal prefere comprar ali já.

l1 : agora as lojas também são diferente da das daqui.

l1 : você pede uma uma uma peça de roupa lá e geralmente não tem aquilo que você vai revira tira da prateleira não tem ná...

l1 : você quer (ê) manda buscar não sei na on...

doc1 : ((risos))

l1 : ( ) sai alguém correndo...

l1 : você pede uma camisa pedi essa camisa aqui...

l1 : eu queria uma camisa né?

l1 : eu pensei que ele fosse me trazer umas caixas me levasse num lugar que tivesse uma quantidade de de camisas né para você examinar e ver.

l1 : éh trouxe uma.

l1 : foi buscar não sei na onde.

l1 : eu disse

l1 : não nessa cor eu não gosto bem.

l1 : disse mais ou menos a cor.

l1 : ele levou aquela trouxe mais uma mas só né?

doc1 : ((risos))

l1 : (trouxe) ( )...

l1 : tá bom!

doc1 : ((risos)) não ia adiantar mesmo ((risos))...

l1 : ( )...

l1 : mesma coisa que eu...

l1 : eu ia pegar inverno na na frança e eu já sabia que lá era tudo mais barato em lisboa.

l1 : então algumas coisas eu comprei lá mesmo né?

l1 : mas ( )...

l1 : não que para dissipar o dinheiro mas porque eu sabia que em paris os troço eram caro.

doc1 : hum...

l1 : e uh e fiquei mesmo que são terrivelmente tudo né terrivelmente caro lá.

l1 : e se eu não tomasse cuidado acabava ficando sem dinheiro da bolsa sem nada.

doc1 : ((risos))

l1 : então eu comprei uma não sei como é que podia dizer isso perto de uma japona boa né para aguentar o inverno.

l1 : e essa japona era um era inglesa.

l1 : e nessa época é o fim do inverno o começo de setembro...

l1 : que que era lá?

l1 : não sei se era fim de primave fim de verão qualquer coisa...

l1 : sei que vinha outra estação.

l1 : e eles não tinham isso em exposição.

l1 : mas eu expliquei para o para o vendedor lá que eu queria um um negócio bastante...

l1 : não não precisava ser caro mas uma coisa bem resistente para neve mesmo para o frio né?

l1 : eu não sabia que que neve também não não é tanto assim não tinha tanta neve quanto imaginava né?

l1 : você pegar vinte centímetro de neve ((risos))...

doc1 : ((risos))

l1 : não era isso não.

l1 : mas eu já queria ir prevenido.

l1 : então ele ouviu todas minhas explicações tal chamou um garotinho e mandou buscar.

doc1 : ((risos))

l1 : (ele) saiu da loja foi também travessou a rua e não não sei se foi em depósito onde que é trouxe.

l1 : trouxe duas para eu escolher.

doc1 : ((risos))

l1 : você não tem alternativa.

l1 : inclusive você não pode ( ) se o troço serve ou não serve.

l1 : (quer dizer) você veste.

doc1 : ( )...

l1 : se gostou está bom.

l1 : é barato...

l1 : que é...

l1 : gostei comprei.

l1 : mas não quer dizer que as coisas caiam perfeitamente né porque não dá muita chance.

l1 : bom isso é o que eu o que eu reparei.

l1 : e os vendedores em todas as lojas também...

l1 : isso eu acho que reforça um pouco essa minha ideia do que a pessoa uma vez que ela foi aceita para um emprego acho que ela ela se agarra né com todas as forças ( ) e não solta mais.

l1 : então aqueles vendedores você sente que são eles que estão vinte trinta anos ali no balcão né?

l1 : já fazem parte da acho que da da loja toda...

l1 : são figuras ali permanentes.

l1 : (ete)...

l1 : gente que está a vida ali na naquele negócio.

l1 : bom (no demais) acho que é isso...

doc2 : que que você pode dizer para a gente sobre alimentação (em) Portugal?

l1 : a de por de portugal...

l1 : eu passei muito pouco lá (viu)?

l1 : acho que...

l1 : eu ah...

l1 : o que eu comi eu gostei muito.

l1 : eu não me lembro mais o que que...

doc1 : bacalhau ((risos))...

l1 : eu não comi o bacalhau.

l1 : e eu sou um pouco fanático por vinho.

l1 : não que seja um beberrão (não)...

l1 : não é isso.

doc1 : (tá falando) ( ).

l1 : e também não...

l1 : ((risos))

doc1 : ((risos))

doc2 : ((risos))

l1 : e também não quero dizer que conheça vinho.

l1 : isso seria mentira da minha parte.

l1 : mas eu sinto pelos efeitos e por uma série de outras coisa quando eu tomei um vinho bom ou não.

l1 : eu acho que...

l1 : claro que a gente não vai tomar um vinho (e diz) ( ) esse ou daquela data.

l1 : isso...

l1 : não vamos chegar nesse ponto.

l1 : mas (a gente) percebe né o que que é...

l1 : mesmo pinga por exemplo que em casa a gente bebe bebia bastante...

l1 : ah ((risos))...

l1 : e pinga por exemplo ah quando é muito boa você percebe né?

l1 : e e eu acostumei a tomar pinga muito boa porque um tio do meu pai fabricava pinga sob encomenda.

l1 : porque a pinga dele era tão famosa num num círculo muito fechado que a produção era muito pequena que ele servia por exemplo o cônsul japonês para...

l1 : mandava para os estados unidos pelo encomendar...

l1 : mas produzia trinta ou quarenta litros por dia só entende?

l1 : mas ele ( )...

doc1 : e você viu fabricar?

l1 : eu estive no sítio dele há pouco tempo...

l1 : ele vendeu a coisa.

l1 : ele desgostou...

l1 : tinha um amigo dele...

l1 : eh...

l1 : e o beberrão por causa disso foi trabalhar com ele...

l1 : virou beberrão acabou morrendo ele...

l1 : ele desgostou e...

l1 : acho que cansaço também.

l1 : a mulher dele...

l1 : ele já é velho né?

l1 : tem uns setenta anos...

l1 : e...

l1 : mas era um alambique maravilhoso porque (é) tudo aquele tipo antigo né?

l1 : e eh e esse tio do meu pai uma pessoa extremamente engenhosa muito criativo...

l1 : e diz o filho dele que isso só apareceu depois dos cinquenta anos né?

l1 : (apareceu)...

l1 : até cinquenta anos ele não fazia nada.

l1 : de repente deu o estalo.

l1 : então ele construiu uma barragem para uma uma nascente que tinha no sítio e represou porque tem um um bom volume de água depois fez a roda né o o moinho (né)?

l1 : moinho não...

l1 : fe fez a roda né de água e ligou essa roda a um gerador...

l1 : o filho ajudou também e...

l1 : isso me interessou bastante sabe?

l1 : que estuda física estuda essas coisas também...

l1 : eu queria saber como é que eles ih controlaram a velocidade da roda.

l1 : (porque) a roda sabe tem um diâmetro éh de uns talvez dois metro né?

l1 : e a velocidade da roda varia com o fluxo da água.

l1 : quer dizer que o o fluxo da água tem que ser digamos assim bem controlado.

l1 : (porque) se você um dia deixa passar um certo fluxo ela gira de um modo.

l1 : um outro fluxo ( ) vira de outro modo.

l1 : e como essa roda depois está ligada a outras engrenagens a outras correias e vão para o gerador isso dá oscilações na na na na lâmpada entende?

l1 : (porque) o gerador cada hora ele está funcionando a uma rotação.

l1 : então do ponto de vista de de técnica é um problema extremamente sério fazer ah primeiro fazer a conversão da da roda grande para uma outra polia pequena que desce à velocidade exata.

l1 : quem estuda matemática assim (ele) não teria muitos problemas.

l1 : mas para uma pessoa que não passou do curso primário é um problema muito grande né fazer a conversão de uma roda grande...

l1 : ele queria duas mil e tantas sabia que a grande rodava tanto e queria duas mil e tanta da pequena entende?

l1 : é é um problema sério mesmo que eu acho que seria difícil até para quem já estudou quanto mais para eles né?

l1 : e depois ver como controlar o nível de água para...

l1 : (porque) desce o fluxo sempre constante.

l1 : então isso me interôs interessou bastante.

l1 : eu conversei com com ele com o filho como é que tinham arranjado tudo aquilo...

l1 : depois ele me mostrou onde era o alambique né?

l1 : e depois me contou o segredo também né da boa pinga como é que era.

doc1 : qual que é o segredo?

l1 : ih..

doc1 : qual que é?

doc1 : conta para nós ((risos)).

l1 : isso eu li no...

l1 : eu li...

l1 : eh coisa (que) me chamou atenção que eu tinha lido no suplemento agrícola do estado que o o brasil estava interessado em exportar pinga para os estados unidos mas os americanos não aceitam bebida daqui porque toda a nossa bebida contém cobre entende?

l1 : (e) pela legislação americana não pode ultrapassar uma certa porcentagem de cobre na bebida.

l1 : e esse passo explica facilmente (que você) sabe que a pinga só fica boa se ela for feita num num caldeirão de cobre.

doc1 : ah!

l1 : é.

l1 : num outro tipo de coisa não dá ah esse gosto.

l1 : ele perde o sabor né?

l1 : e eles em piracicaba estavam estudando a coisa ver se substituía por ah caldeirões de de aço inoxidável.

l1 : mas mudava o paladar que a gente conhece.

l1 : e...

l1 : e então ah eles tentaram fazer um revestimento nas paredes também botar alguma substância para minimizar o essa o outro gosto né que pegava mas a coisa não não acabou dando certo.

l1 : mas me parece que tem um um agrônomo lá em piracicaba que está resolvendo a coisa e pode ser que chegue a uma uma pinga boa e sem cobre né?

l1 : agora o problema do do do cobre também é que como ele me falou o caldeirão deve ser sempre muito bem lavado depois de cada processamento que ele fez.

l1 : porque para evitar...

l1 : (a gente) vê que (gente que tem o) primário já falando tudo isso né?

l1 : para evitar os sulfatos ah aquelas...

l1 : (qualquer) de reações lá e e e acho que...

l1 : (tá) um resíduo de sulfato na nas paredes né?

l1 : e tudo isso é muito tóxico entende?

l1 : pode ser por isso que os ah que os americanos proíbem.

l1 : mas outro segredo então...

l1 : (porque) uma um dos segredos era isso.

l1 : lavar aquilo diariamente muito bem lavado...

l1 : e depois ah uma das partes acho que é a parte da saída do do vapor uma coisa assim substituiu por madeira madeira de lei muito boa...

l1 : então inclusive ela dá o gosto de de madeira no começo né?

doc1 : ((risos))

l1 : ((risos))

l1 : e...

l1 : que...

l1 : eh esse é o segredo da boa pinga.

l1 : ah tem que ser o caldeirão de de...

doc2 : e depois (de) ( ) vai para onde depois que faz?

l1 : bom agora como faz direitinho eu não sei.

l1 : primeiro ele mói a cana né?

l1 : mói a cana e fica aquela garapa toda.

l1 : depois dessa garapa eu acho que é fermentado um troço assim.

l1 : depois que fermenta destila ( ) daí é que...

doc2 : e tem um lugar para guardar assim não?

l1 : ( )...

l1 : não.

l1 : ou você guarda em barricas ou já vai engarrafando né?

l1 : que ele ele deu o nome deu o nome da da melhor pinga que sai.

l1 : ele chama eu acho que é a pin pinga da cabeça que eles chamam sabe?

l1 : que é a primeira que sai.

l1 : então aquela primeira (inclusive) em (garafa) que guar...

doc2 : mais forte...

l1 : não não é mais forte.

l1 : éh a linguagem que ele usou foi muito (bacana).

l1 : (ele) diz...

l1 : é um troço suave né?

l1 : que você sente o gosto da cana e ele desce assim né levemente.

l1 : cê...

l1 : mas é uma delícia que eu já tomei (assim)...

l1 : percebe a coisa que que é diferente mesmo de tomar um tatuzinho ( ) né?

l1 : você sente a coisa.

l1 : e vo...

l1 : e numa primeira vez que eu ex eu tomei pinga assim e que eu senti o gosto da cana e senti aquilo descia assim né limpando (tudo) foi uma pinga que eu tomei na bahia também lá no perto de uma uma praia que tinha...

l1 : e não lembro até o nome da pinga.

l1 : eu e um amigo meu tínhamos tomado uma chuva terrível né?

l1 : então vamos tomar pinga para ver se cortava o efeito da chuva.

doc1 : ((risos))

l1 : (era) uma pinga deliciosa que eu acredito que se aproximava acho que da dessa característica de pinga de cabeça que ele que ele chama né?

doc2 : nesse sentido que você se referiu havia cultivo de qualquer outro produto?

l1 : e...

doc2 : agrí ah...

l1 : a cana né?

l1 : ((risos))

doc2 : a cana e aí...

l1 : sem sem ser a cana o que que ele fazia?

l1 : bom ele arriscou...

l1 : não sei se você sabe que palmito por exemplo é uma planta nativa (e) que não (em) lugar nenhum você pode plantar mas os resultados não são bons né?

l1 : o palmito tem que dar num mato ele tem que ter acho que condições ah muito especiais né uma mata relativamente fechada mas não em exagero (tem que) ter uma umidade muito boa né?

l1 : ah assim (o) só ah aquela aqueles arboredos todos protegem a planta acho que do sol excessivo.

l1 : e depois tendo uma mata mais ou menos fechada que isso mantém sempre fresco e bastante úmido né?

l1 : e ele arriscou plantar uns palmito lá e eu e pegou mesmo.

l1 : e está nascendo.

doc1 : hum...

l1 : mas isso tem uns oito ano.

doc1 : ((risos))

l1 : ((risos))

doc1 : oito anos?

l1 : oito ano...

l1 : mas tem umas árvores que mais um pouco doze anos talvez que tenham tenham palmito.

doc1 : poxa como demora!

l1 : demora.

l1 : palmito é doze a quinze anos mais ou menos.

l1 : e o do resto algumas fruteiras né laranjeiras limão ( ) brabo brabo limão brabo ((risos))...

doc1 : ((risos))

l1 : aquele limão...

l1 : limão brabo é o limão vermelho né bastante suculento...

l1 : e outras frutinhas assim ameixa essas coisas...

l1 : mas não em caráter de comercial (não).

l1 : porque ele tem o sítio mesmo...

l1 : ele se se considera aposentado embora não receba de ninguém.

doc1 : ((risos))

l1 : mas se aposentou por conta (própria o sítio)...

doc1 : ((risos))

doc2 : ( )...

l1 : é o sítio é do é dele e do dos filhos então todo mundo aproveita bastante do sítio né?

l1 : agora ele está fazendo uma piscina também tudo obra dele né?

l1 : eu sei que...

l1 : aí que eu admiro muito esse sujeito porque fazer piscina ( ) não é uma coisa fácil né?

l1 : pelo volume de água que que vai numa piscina exerce uma pressão muito grande na (base) se ela não tiver muito feita trinca toda né?

l1 : (se) não tiver muito bem feita trinca todo o fundo.

l1 : essa piscina que ele fez não deu problema não.

l1 : mas eu já vi gente fazer piscina que trincou tudo e até hoje não sabe como consertar porque não foi muito bem feita né (que) estoura todo o azulejo vem tudo para cima.

l1 : (tem) que o sujeito é é bom mesmo sabe?

doc2 : quanto ao cultivo da cana ele te revelou alguma coisa assim interessante sobre tipo de terreno ou mesmo modo do cultivo (mesmo)?

l1 : não eu eu também não perguntei muito né?

l1 : éh o que me interessou é saber quando corta a cana o tempo ideal para cortar e fazer a pinga no caso né?

l1 : (quer dizer) então ele só disse que realmente para pinga ser boa você tem que cortar a cana numa época que ela está madura mas num ponto certo entende?

l1 : você não pode cortar cana a qualquer hora e e fazer pinga.

l1 : daí pode não sair coisa boa.

l1 : então tem que ter um ponto bem ponto xis para cortar (um) ponto de amadurecimento.

l1 : e nós ah...

l1 : ele...

l1 : uma coisa fantástica que eu achei que ele fez essa barragem uma na parte mais baixa do sítio.

l1 : mas a água vem descendo o morro lá no bem alto né?

l1 : então ele fez três aproveitamento da água (ainda) fez três (barraca).

l1 : em cada uma da dos tanques tem uma novidade.

l1 : num tanque por exemplo ele cria peixe né traíra e muita traíra um fantástico o tamanho do peixe que a gente pega lá e lambari né?

l1 : depois ah ih a água que sai desse tanque move uma outra roda que é só para fazer garapa.

l1 : ((risos))

doc1 : ((risos))

l1 : tomamos uma garapa de de cana vermelha que é uma cana aquela roxa...

l1 : você conhece?

l1 : tem uma verde (meio) esverdeada tendendo para o...

l1 : mas vocês não conhecem nada de mato ((risos))?

doc2 : ((risos))

doc1 : a gente só gosta de mato.

doc2 : a gente só conhece o produto já assim ((risos)).

doc1 : ((risos))

l1 : ((risos))

l1 : ah vocês estão perdendo ( )...

doc1 : não eu chupei cana que isso mas eu não conheço ((risos)).

doc2 : ((risos))

l1 : ((risos))

l1 : e ah e tem a cana a cana vermelha meio arroxeada sabe (e) tem a cana verde.

l1 : o sabor é muito diferente um uma da outra.

l1 : a cana roxa por exemplo é mais adocicada.

l1 : se comprar a cana fininha roxa é mais adocicada ainda.

l1 : ( ) (se) você toma uma garapa daquela éh (é) de cair duro mesmo né?

l1 : impressionante a a coisa.

doc2 : bom do sítio dele ( ) ((risos))...

l1 : ((risos))

doc1 : e e vê você vê a oportunidade (por exemplo) de tomar alguma bebida assim ah como pinga né que é particular...

l1 : eu estava no vinho não sei porque que a gente foi parar na pinga ((risos))...

doc1 : ( ) (veio de) portugal né?

l1 : ( ) bebida eh ( ) comida de portugal...

doc2 : ( )...

doc1 : e lá e lá na frança ih você teve oportunidade de tomar assim uma bebida particular como a pinga (é) nossa por exemplo (tem isso)?

l1 : olha eu sei que que existia.

l1 : o problema é que eu fui com a ideia fixa assim tanta não é tanta fixação à ideia do vinho que eu tomava vinho diariamente ((risos)).

l1 : (o vinho) ou cerveja né?

l1 : e é uma coisa muito interessante na frança porque a gente fala aqui no brasil beber vinho não é dá a impressão de ah (né) de beberrão né mas lá a coi as condições são bem outras entende?

l1 : você tomava o vinho lá o vinho não fazia tanto mal.

l1 : mesmo que tomasse um litro por exemplo você podia sentir os efeitos.

l1 : mas tomar meio litro de vinho (você)...

l1 : eu pelo menos me acostumei perfeitamente.

doc1 : você acha que...

doc1 : ahn...

l1 : e havia diferença né?

l1 : aqui você toma um litro de vinho salton são roque qualquer coisa depois você me diz o que acontece.

doc2 : ((risos))

l1 : ( )...

doc1 : e você acha que é por causa do clima será?

l1 : ( )...

l1 : não eu não acredito que seja o clima.

l1 : eu eu estava lendo de novo um suplemento agrícola que que eu sempre folheio e diz o seguinte né aqui no no no brasil você não cultiva ah a uva como é que (eles) chamam casta nobre uma coisa assim.

l1 : (por exemplo) na na europa o vinho tem que ser um vinho de de qualidade maior porque o pessoal bebe aquilo já faz parte da vida diária.

l1 : e a há pessoas que no bar em vez de pedir café de manhã ele pede vinho.

l1 : eu via gente no bar que eu tomava café de manhã que ele já estava bêbado de manhã.

l1 : bêbado num num bom sen estava alegre né?

l1 : você via o modo de falar né alegrão assim vermelho que nem um pimentão de manhã!

doc2 : ((risos))

l1 : acho que já tinha bebido conhaque já tinha passado para o vinho tudo isso.

l1 : e lá então como a população é mais exigente os plantadores de uva têm que plantar só a uva de de casta nobre né?

l1 : e essa uva de casta nobre é muito problemática (porque) exige uma preparação grande do solo e exige um cuidado muito grande da das parreiras né?

l1 : então não pode descuidar entende?

l1 : tem que ( )...

l1 : inclusive eu soube aqui no no norte do paraná estão produzindo uma uva que tem que tomar tanto cuidado que cobre todas as parreiras com plástico.

l1 : ( ) fazem estufas para tudo entende?

l1 : aquela uva itália né tipo itália.

l1 : e tem aquecedores dentro da da de tantos em tantos metro tem aquecedores ligados para manter a temperatura num ponto.

l1 : agora imagine se todos os plantadores de são roque e rio grande do sul fossem fazer isso?

l1 : não dá.

l1 : então uma coisa que que eu li ne nesse artigo é que no brasil só existem dez por cento de (eh) de toda a área plantada de uva só existe dez por cento de uva éh dessa de casta nobre.

l1 : os noventa por centro restante aquela uva brava mesmo que a gente chama que faz um enxerto uma uva de de baixa ca qualidade o troço nasce rápido produz bem não tem que tomar cuidado não tem que fazer nada.

l1 : plantou vai come entende?

l1 : e acontece que há uma produção excessiva dessa uva que não é apropriada para o vinho há excesso de vinho quer dizer o preço é baixo...

l1 : (porque) na frança embora o o vinho existe uma quantidade fabulosa de vinhos (ou seja) talvez seja o povo que mais bebe vinho no mundo nem por isso o vinho é barato entende?

l1 : em termos de dinheiro brasileiro um litro de vinho que se possa beber sai quatro contos ou cinco contos né?

l1 : e daí para cima.

l1 : (quer dizer) a partir do vinho que você pode tomar.

l1 : o outro vinho que é para os como é que eles chamavam lá os clochard...

l1 : ouviu falar nisso?

l1 : cochard clochard...

l1 : são aqueles espécie de hippies de de meia idade não são não são bem pobres assim como esses mendigos nossos entende que vai pedir esmola não.

doc1 : hum...

doc1 : hum...

l1 : deve ser um tipo de vida...

l1 : (o sujeito) inclusive pode ter cultura mas ele se decide a não trabalhar não fazer nada.

l1 : então ele vive do das doações pública restos de comida de restaurante não de lata de lixo mas mas vai no restaurante pega dorme em cima da da saída da boca de metrô onde ventila o ar...

doc1 : hum...

l1 : aquele ar é bastante quente.

l1 : então eles (aterrisam) ali com põem um jornal deitam em cima e dormem muito bem até (caindo de leve).

l1 : éh é divertidíssimo.

l1 : ah estão sempre bêbados e sujos que você não aguenta ficar perto...

doc1 : ((risos))

l1 : impressionante!

l1 : eu sei que um deles que eu en um casal que eu encontrei numa igreja lá pelo amor de deus...

l1 : tinha...

l1 : na onde eles sentaram espalhou aquilo e veio ficar.

doc1 : ((risos))

doc2 : ((risos))

l1 : é uma coisa ( ) impressionante.

l1 : ih...

l1 : agora falar uma coisa ( ) (desligou)...

doc1 : esse (pessoal) nós estava falando de vinho.

l1 : é.

l1 : éh o que eu acho não é do do clima não sabe?

l1 : é qualidade mesmo da uva que (a gente tinha falado).

l1 : (já) que se quer fazer um bom vinho pode fazer.

l1 : e você toma vinho?

doc1 : claro!

l1 : (vinho que você toma)?

doc1 : ((risos))

doc1 : ah qualquer um ((risos))...

l1 : ( )...

l1 : ah então experimenta comprar um éh que chama vinho santa úrsula.

doc1 : santa úrsula?

l1 : (saiu) um reclame no estado de são paulo sai sempre.

doc1 : ( )...

l1 : santa úrsula custa cinco conto ( ) a garrafa.

doc2 : ( )...

doc2 : ((risos))

doc1 : ((risos))

l1 : mas e esse é um vinho que assim do do ponto de vista do sabor eu não vi uma coisa excepcional mas foi um vinho que nós tomamos lá em casa e e olha você não sentiu nada sabe?

l1 : troço leve descia bem também muito suave né?

l1 : muito...

l1 : suave não doce.

l1 : (assim) suave o vinho para mim é aquele vinho que não pega na garganta (que) te arranha tudo.

l1 : aquele bem gostoso né?

doc2 : ( )...

l1 : ((risos))

doc2 : ((risos))

doc1 : ((risos))

l1 : é um vinho esse olha é um vinho bom viu?

l1 : assim (que) que comparava com o vinho barato que a gente tomava lá.

l1 : e nós tomávamos por exemplo um vinho chiante italiano...

l1 : na champs-élysées tem um restaurante muito famoso chamado pizzaria pino e todo fim de semana ia lá comer macarronada ou ou pizzas.

l1 : ah eu sentia muita necessidade assim de um prato pesado né?

l1 : (e o) brasileiro come comida muito pesada né?

l1 : e lá (onde) se comia tudo levezinho você você não sentia ((risos)) (qual)...

l1 : comia ervilha todo dia cenoura...

doc1 : ãh...

l1 : e eu e eu gosto muito de legume...

l1 : mas eu sentia necessidade por exemplo de macarrão (né)?

l1 : feijão não existia mesmo né?

l1 : macarrão eu sentia.

l1 : então no fim de semana eu ia lá nessa pizzaria pino.

l1 : ia eu e um outro amigo meu (até) um engenheiro que estava lá fazendo (mestrado) então a gente pedia um uma aquele vinho chiante italiano aquele que vem empalhado sabe?

l1 : nós tomávamos uma daquela os dois.

l1 : saíamos (bêbados)!

doc1 : ((risos))

l1 : ((risos))

l1 : mas inclusive você sentia os efeitos sabe?

l1 : doía a cabeça mesmo.

l1 : e uma vez ganhamos um garrafão de cinco litros de um vinho espanhol e bebemos bebemos pouco...

l1 : aliás ganhamos não eu ganhei.

l1 : fui bebendo aos pouco.

l1 : mas foi um estrago né (que o) o vinho não fez bem também.

l1 : então esse chiante e aquele outro também não faziam bem.

l1 : agora não sei o que que é...

l1 : e o vinho francês o de cinco conto para cima...

l1 : e existe inclusive um muito bom custava oito francos é um tal de san saint mignon uma coisa assim...

l1 : acho que saint emilios.

l1 : procura na casa prata deve ter ((risos)).

doc1 : ((risos))

l1 : pode custar aí talvez uns dezoito contos talvez né?

l1 : é um vinho excepcional assim do ponto de vista dos efeitos que você não sente nada você toma era delicioso mesmo.

l1 : isso...

doc1 : você estava falando de alimentação você falou que não era a mema coisa né?

l1 : não não era.

doc1 : o que em que consistia a alimentação?

l1 : bem a diferença básica é que não existe feijão e arroz como aqui não é?

l1 : (então)...

doc1 : ((risos))

l1 : ((risos))

l1 : é.

l1 : o em vez do que que talvez substituía o feijão era a ervilha né?

l1 : petit pois que eles chamam.

l1 : isso...

l1 : mas sabe que aqui nós comemos ervilha ou pelo menos em casa que eu saiba e em várias casas também que eu já comi você come ervilha como um complemento da salada não é isso?

l1 : você mistura a ervilha na salada palmito tomate ou passa essas coisa.

doc1 : hum...

l1 : mas ervilha tem uma uma lata para família toda.

l1 : agora lá não.

l1 : quando é ervilha é ervilha mesmo.

l1 : entregava uma lata para cada um.

doc2 : (nossa)...

l1 : ( )...

doc1 : (uff)!

l1 : ((risos))

l1 : então num prato no restaurante universitário por exemplo tinha um dia quando tinha ervilha éh...

l1 : ((risos))

l1 : então num prato no restaurante universitário por exemplo tinha um dia quando tinha ervilha era ervilha depois de grão cenoura cenoura cozida muita também um pedaço de carne a carne podia ser um um traseiro de coelho entende tinha...

l1 : só que a gente não come muito coelho né?

l1 : mas lá se come os coelho gostoso.

l1 : come coelho à vontade.

l1 : e outros bichos também.

l1 : (isso era) um troço que impressiona bastante lá é que não existe só o açougue.

l1 : além do açougue existe a casa de aves e nessa casa de ave de aves não é só galinha como tem aqui.

l1 : tem de aves e uh e animais (né)?

l1 : então tem aqueles ah uma espécie de um não sei se deve ser entre faisão (e falc)...

l1 : faisão não é aquele bicho penas tudo colorida não sei quê?

doc2 : ( )...

l1 : aquilo tem pendurado assim aos monte.

doc1 : ( )...

doc2 : ( )...

l1 : tem javali pendurado (né) javali espetado na rua veado o coelho lebre tem de todos os bichos que se pode imaginar e que não se encontraria um um bicho desse aqui né?

doc2 : ((risos))

doc1 : só em livro de história ((risos)).

l1 : só em livro de história mesmo.

l1 : e quer dizer isso eu estranhei bastante que eu nunca nun nunca tinha visto né aqui no brasil uma casa especializada em animais assim diferente de de boi e carne de vaca e de galinha e peixe né?

doc2 : bom e quanto à sobremesa?

doc1 : ((risos))

l1 : ah sobre ((risos))...

l1 : sobremesa é um troço é fantástico né?

l1 : e lá por exemplo (se) criei o hábito de comer doce diariamente porque é uma tentação.

doc1 : (ai ai)...

doc1 : ((risos))

l1 : ninguém resiste quando passa em frente a uma patisserie que eles chamam que que tem demais ( ) em cada esquina tem uma.

l1 : as padaria não são tão grande quanto as nossa.

l1 : são digamos como um barzinho uma sala pequena.

l1 : ali eles só vendem o pão na na nas vária nos vários tipos que a gente ouve falar né?

l1 : francês cheio de mania em negócio de pão vários nomes né?

doc1 : ((risos))

l1 : e além disso tem os biscoitos que fazem e mais os doces.

l1 : agora o doce você olhou é está se apaixona imediatamente e come mesmo entende?

l1 : porque a apresentação é fabulosa e do ponto de vista de sabor mesmo eu nun nunca tinha comido doce tão tão gostosos como que eu tinha comido lá.

l1 : excepcionalmente às vezes eu comi doce bom nessas essas docerias (as) tipo alemão que tem aí com vitrine geladeira não sei se até na avenida santo amaro tem uma lá...

doc2 : ( ) passar lá agora ((risos)).

l1 : ((risos))

doc1 : ( )...

l1 : é só aí que eu vi doce desse tipo.

l1 : mas lá era uma coisa fantástica.

l1 : tinha um docinho eu esqueci o nome também que era um diariamente comia (o mesmo).

l1 : agora...

doc2 : doce de fruta assim éh...

l1 : não.

doc2 : torta?

l1 : to es...

l1 : torta.

l1 : tipo torta mas...

l1 : muito ( )...

l1 : tem o doce de fruta que eu vi tinha muita torta de maçã e uma torta de ameixa sabe?

l1 : essa ameixa amarela mesmo.

l1 : mas bem assim forrado (assim) só ameixa por cima.

doc1 : ( )...

l1 : outro de cereja também por cima que é uma...

doc2 : quer dizer que é mais a tendência de sobremesa com o doce do que com a própria fruta?

l1 : ( )...

l1 : do que com a própria fruta exato.

l1 : eu acho...

doc2 : e de (fruta) interessante que que você comeu lá?

l1 : de?

doc2 : interessante.

doc1 : fruta.

l1 : de fruta?

l1 : nenhuma diferente do que daqui viu?

l1 : são muito pobres em matéria de fruta né?

l1 : que o que tem de diferente lá é o que vem daqui mesmo entende?

l1 : uh...

l1 : éh...

l1 : banana por exemplo é uma coisa excepcional né?

l1 : uma vez na despedida de um colega nosso ou melhor na chegada da de uma pessoa conhecida nós fomos num restaurante brasileiro que chama feijoada.

l1 : de brasileiro ele não tem muito.

l1 : e a única coisa é que a francesa que era dona do restaurante morou no brasil só isso.

doc1 : ((risos))

l1 : e os dois os dois garçons lá eram portugueses né?

doc1 : ((risos))

l1 : ((risos))

l1 : e mulher era fanática por brasileiro de fato né?

l1 : mas fanática e mas entramos bem no fanatismo dela porque pedimos já que era feijoada né estava mesmo maluco para comer feijão tomar caipirinha essas coisa quanto me ah meses que a gente não tomava nada e fomos lá ( ) eu pedi feijoada.

l1 : pelo jeito tiveram que fazer a feijoada só para nós (porque) não havia ninguém ( ).

doc1 : ((risos))

doc1 : (não sabia) ( ) ((risos))...

l1 : agora estava boa sabe?

l1 : excelente mesmo fabulosa.

l1 : mas o problema é que feijoada lá não é servida como aqui no brasil que vem a cumbuca né que vem em em quantidade suficiente ( ) qualquer pessoa de porte médio se satisfaz ( ) que vem aí num restaurante paulista típico né?

l1 : mas lá não.

l1 : veio ah feijoada num prato né prato raso com feijão pronto acabou.

l1 : veio arroz tudo direitinho e está bom.

l1 : acontece que aquilo só abriu o apetite da gente e já era nove ou dez horas da noite e tínhamos tomado já duas ou três batidas né ouvindo música brasileira um cantor de passagem que estava lá estava cantando só para a gente a pedido.

doc1 : ((risos))

l1 : ( )...

l1 : todo aquele repertório de música bossa nova né?

l1 : estava com uma saudade louca então ouvindo ouvindo.

l1 : bom na hora que veio aquele pratinho forrado assim desanimou.

doc1 : ((risos))

l1 : bom acabou aquele mandamos repetir né?

l1 : mas na na doce ilusão que tudo aquilo fazia parte do do preço né?

doc1 : hã?

l1 : ( ) cobrou dobrado de tudo!

doc1 : ah!

doc1 : ((risos))

l1 : aquele jantar nosso ficou em cinquenta e cinco contos cada um!

doc1 : ah!

doc1 : nossa...

doc2 : nossa (caro).

l1 : é para você ver o preço das coisa...

l1 : então isso (a gente) se assustava bastante tem que tomar cuidado lá porque você nunca pode comer com menos digamos do que dez contos por dia.

doc2 : ( )...

l1 : por refeição né?

l1 : por refeição.

doc1 : ( )...

doc1 : ((risos))

l1 : mas num dos hotéis ou no hotel que eu fiquei por exemplo sempre tem a o quarto e tem uma uma cozinha pequena (com) um bico de gás.

l1 : pelo menos um hotel já assim digamos de segunda que eles chamam.

l1 : e tem o de terceira que nem isso tem.

l1 : e daí o jeito é você comprar as suas panela e começar a fazer cozinha ( ) comida.

doc1 : ((risos))

l1 : eu como sou um especialista muito grande em cozinha (eu) passei dois meses comendo ervilha com ovo ((risos)) ( ).

doc1 : ((risos))

l1 : nesse pra...