Inquérito SP_D2_095

doc1 : ...

doc2 : ...

l1 : ...

l2 : ...

doc1 : [olá.

l1 : [bom dia!

doc1 : ...

l1 : éh éh ((risos))...

doc1 : ((risos))...

doc1 : ...

l1 : ...

l1 : bom eu espero que o senhor não não se horrorize com a minha::... com meu desconhecimento total da terminologia bancária quer dizer acho que vou falar uma porção de [boBAgem mas...

l2 : [não estou aqui para ajudar o senhor naquilo que o senhor precisar.

l1 : ...

l2 : ...

l1 : ótimo ((risos))...

doc1 : é tem que ser mais [informal.

l1 : ...

l1 : [menos menos formal??

doc1 : ...

doc1 : menos formal

l1 : ...

doc1 : ...

l1 : está ((risos))

l1 : ...

l1 : mas éh::... então eu gostaria de saber::... com todas as minhas deficiências de... de termos técnicos como é que eu posso fazer para conseguir (enfim) um dinheiro emprestado e quanto eu pago por isso??

l1 : ...

l2 : éh:: me diga uma coisa o senhor trabalha com que banco??

l2 : ...

l1 : bom os meus salários são depositados naquele banco... como é que é mesmo? do Magalhães da... Nacional de Minas.

l2 : [Nacional de Minas Gerais??

l1 : [é...

l1 : ...

l2 : ...

l1 : é.

l1 : ...

l2 : o:: o senhor não... tem conta aqui neste banco??

l2 : ...

l1 : não ainda não.

l1 : ...

l1 : mas foi um amigo meu que me [recomendou.

l2 : [é um amigo (do) senhor recomendou.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : o senhor já fez algum desconto... em algum banco??

l2 : ...

l1 : uhn explica melhor o que que é isso ((risos))...

l2 : [o senhor já::... fez empréstimos em algum banco??

l1 : ...

l2 : ...

l1 : não ainda não.

l1 : ...

l2 : não fez empréstimo de [nenhuma forma.

l1 : [não nunca.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : já financiou CArro por algum banco??

l2 : ...

l1 : não porque... ten/ sempre tentei apesar de ser um hábito meio difícil de cultivar de só comprar esse tipo de coisa quando eu já tivesse o dinheiro para não ter que me amarrar nas prestações.

l1 : então geralmente eu compro à vis::ta não/ quando posso comprar.

l1 : ...

l2 : ah:: quan/... quando pode comprar compra à vista.

l1 : [então eu não te-nho esse tipo de de experiência.

l2 : ...

l1 : ...

l2 : não tem esse tipo de experiência.

l2 : ...

l2 : nós costumamos fazer um empréstimo aqui no banco... baseado no saldo médico... médio que o cliente tem.

l2 : ...

l1 : uhn...

l2 : o cliente tem uma conta... e/...

l1 : ...

l1 : [durante quanto tempo??

l2 : ...

l1 : ...

l2 : oh acontece o seguinte o saldo médio é compuTAdo... durante três meses baseado nos saques::... nos débitos e no e nos créditos.

l1 : uhn uhn.

l2 : ...

l2 : ou seja... o senhor depositou mil cruzeiros hoje... amanhã o senhor tira... quinhentos cruzeiros... né? e vai ter um saldo de quinhentos cruzeiros.

l1 : ...

l2 : ...

l1 : sim até aqui [( )

l2 : [esse saldo diário vai ser somado... durante quinze durante:: quinze dias... e feito... e feito uma divisão.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : desse saldo médio.

l2 : então será feito um saldo de quinze dias nos saldos diários.

l2 : ...

l1 : uhn uhn.

l1 : ...

l2 : isso será feito durante três meses consecutivos.

l2 : ...

l2 : após três meses nós vamos... nós teremos o saldo médio de três meses.

l2 : ...

l2 : sobre esse saldo médio nós... mul::tiplicaríamos por três... que seria a/ [o total que o senhor poderia emprestar o teto máximo.

l1 : [o teto...

l1 : ...

l2 : ...

l1 : quer dizer que:: para efeitos imediAtos eu não posso ter esperança nenhuma assim??

l1 : ...

l2 : dependendo... para que::... o senhor quer o dinheiro.

l2 : ...

l1 : uhn...

l1 : ...

l1 : éh:: bom di:: [digamos que seja:: um negócio imobiliário...

l2 : [só queria te explicar::...

l2 : ...

l1 : ...

l2 : ah:: [imobiliário!

l1 : [eu quero o dinheiro para comprar um... uma [casa ínfima:: no Guarujá.

l2 : ...

l2 : [uma casa.

l2 : ...

l1 : ...

l2 : nós temos um/ nós temos uma carteira... especial... para financiamento... de... i-móveis.

l2 : ...

l1 : uhn...

l1 : ...

l2 : é uma carteira toda especial... com plano especial... para financiamento de imóveis.

l2 : ...

l1 : e não é:: nenhuma limitação quanto à localização do imó::vel??

l1 : ...

l2 : não a li/... quanto à li/ à localização do imóvel não há limitação... haverá uma limitação quanto ao PREço do imóvel.

l2 : ...

l1 : en/ ah é bem barato.

l1 : ...

l2 : bem barato.

l2 : ...

l2 : não vai passar de cento e cinquenta mil... [mil cruzeiros.

l1 : [não:: nem ((risos))...

l2 : ...

l1 : ...

l2 : e:: acontece o seguinte nesse preço eu precisaria fazer uma poupança de vinte por cento... no valor do imóvel.

l2 : ...

l1 : e essa poupança precisa:: ficar [depositada no banco??

l2 : [é essa poupança o senhor daria para o nós financiamos... só oitenta por cento do valor.

l1 : ...

l1 : [certo.

l2 : ...

l1 : ...

l1 : ahn ahn.

l1 : ...

l2 : então o senhor precisaria ter uma poupança... uma poupança de vinte por cento... deste valor.

l2 : ...

l1 : ótimo.

l1 : e colocando a coisa em termos nuMÉricos se é que de número também se pode falar... ahn::... supondo que o preço da casa fosse quarenta mil... eu teria que ter portanto:: vinte por cento:: oito mil não é??

l1 : ...

l2 : perfeitamente.

l1 : os senhores financiariam até o MÁximo de trinta e dois mil...

l2 : ...

l1 : ...

l2 : perfeitamente.

l2 : ...

l1 : [agora...

l2 : [isso poderá ser financiado... a-té... dez anos...

l1 : ...

l2 : ...

l1 : nossa... que [beleza!

l2 : [por uma tabela... por uma tabela assim fabulosa que o senhor nem sentiria as prestações... o senhor iria pa/ o senhor iria pagando::... de uma maneira fá-cil... como o bê ene agá ((risos)...

l1 : ...

doc1 : ((risos))...

l1 : ((risos)) sim ((risos)) ( )

l2 : ...

doc1 : que nunca acaba!

doc1 : ...

l2 : [o senhor iria pagando pagan::do seria seria a mesma coisa que o senhor estivesse (pagando) o aluguel e... de uma casa... por tempo indeterminado.

l1 : ...

l2 : ...

l1 : ((risos))...

l2 : as prestações só aumentariam de acordo com o seu salário.

l1 : ...

l2 : ...

l1 : com o MEU salário??

l2 : [é::... na mesma proporção do seu salário.

l1 : ...

l1 : ((risos))...

l2 : ...

l2 : é um plano especiAL do bê ene agá.

l1 : ...

l1 : [((risos))...

l2 : ...

l1 : vale (pichar bê ene agá) ((risos))...

l1 : mas éh::... então isso trocado em miúdos quer dizer que::... de que forma eu posso fazer para conseguir o empréstimo i-mediatamente??

l2 : [imediatamente??

l1 : ...

l1 : [se há alguma [possibilidade SEM ter saldo médio e nada.

l2 : ...

l2 : [eu vou lhe dar eu vou lhe dar uma ficha... para o senhor preencher uma ficha é uma ficha cadastral... uma ficha para o seu avalista que o senhor vai precisar de um avalista... o senhor me trará essa ficha nós... prepararemos o seu cadastro... e depois o senhor terá o seu crédito dependendo do seu cadastro.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : o seu avalista precisará ter propriedades.

doc1 : [(agora)...

doc1 : ...

l2 : ...

l1 : uhn uhn.

l1 : ...

doc1 : explica para ele a função do avalista.

doc1 : ...

l2 : a função do avalista é uma função... atualmente... éh::... s/... por simples... exigência do banco Central.

l2 : ...

l2 : porque como o senhor deve saber o aval hoje em dia não é mais protestado.

l2 : ...

l2 : a jurisprudência moderna não permite... mais que o aval ((risos))... que o aval... que o avalis-ta... te-nha protesto.

l1 : ((risos))...

l1 : ...

l2 : ...

l2 : inclusive o próprio::... o próprio::... sacado... ele também não é protestado.

l2 : porque ele pode pe/... pedir o cancelamento do protesto... após ter pago no protesto o título.

l2 : ...

l2 : então a mera burocracia.

l2 : ...

l2 : é exigência do banco Central mas há necessidade do aval.

l2 : ...

l2 : evidentemente se alterar pessoas da sua família... que poderão ser seu avalista.

l2 : não serve a sua esposa.

l2 : ...

l1 : perfeito.

l1 : eu creio até que o meu avalista vai ser essa pessoa que me indicou o banco e que tem conta aqui [( ) tem a ficha eu creio que...

l2 : [perfeitamente ele... tendo a ficha é bem mais prático.

l1 : ...

l2 : ...

doc1 : agora fala para ele os tipos de conta... que tem num banco.

doc1 : ...

doc1 : como faz para... [iniciar...

l2 : [o::... o senhor poderá abrir uma conta conjunta... com a sua esposa... uma conta que poderá o senhor só assinar... e ela somente assinar... ou uma conta que... necessite de assinatura dos dois.

doc1 : ...

l2 : ...

l2 : uma conta... é Luís e Maria por exemplo uma conta Luís::... e ou Maria.

l2 : ...

l2 : o senhor poderá:: uma abrir uma conta...

l1 : [((risos)) se a minha mulher que se chama Vânia souber disso ela não vai gostar muito ((risos)...

l2 : ...

doc1 : ((risos))...

doc1 : ...

l1 : está certo então vamos que eu queira abrir uma conta com a Maria ((risos))...

l1 : isso vai ficar documentado aqui ((risos))...

l2 : ((risos))...

l2 : ...

doc2 : é:: perigoso.

l1 : ...

doc2 : ...

l1 : mas está bom então...

l1 : ...

l2 : abrindo a conta com Maria... ((risos))... o senhor terá de::... assinar:: essa FIcha... nesses dois lugares... ela... levará esta ficha para que ela assine... e preencherá... esses dados:: que eu estou lhe mostrando.

l1 : ((risos))...

l1 : ...

l2 : ...

l2 : e ela os preencherá também.

l2 : ...

l2 : juntamente a requisição do talão de cheque.

l2 : ...

l2 : e fará um depósito inicial.

l2 : ...

l2 : de pelo menos... éh:: quinhentos cruzeiros para abrir a conta.

l2 : ...

l1 : bom... perfe::ito eu acho que... (espera) eu vou conversar com a... com a MaRIa...

l2 : [então olha aqui está a sua con::ta aqui está seu negócio... eu tenho outros clientes para atender passar bem muito obrigado ((risos))...

l1 : ...

l1 : ((risos))..

l1 : ...

l2 : ...

l2 : eu vim aqui lhe oferecer... investimentos... ver se o senhor teria possibiliDAde... eu sei que o senhor é uma pessoa de posse...

l2 : ...

l2 : posse significa... ter dinheiro... sobrando ((risos)) o investimento::... posse significa ter dinheiro sobrando.

l1 : ((risos))...

l1 : ...

l2 : ...

l2 : então... logicamente o senhor terá algumas economias ou alguma coisa que o senhor poderá... u-sar atualmente para investir.

l2 : ...

l1 : bom éh:: eu tenho um certo medo de...

l2 : [(ele me mandou ir embora né?)?

l1 : ...

l2 : ...

l1 : não ((risos)) (ainda não) ((risos))...

l2 : ((risos))...

l2 : ...

l1 : ...

l1 : éh::... eu acho que a nossa conversa teria que começar em primeiro lugar por... éh:: teria que começar o senhor me explicando de uma maneira::... bastante razoÁvel os riscos envolvidos nesse tipo de operação.

l1 : ...

l2 : não existe rico... risco neste tipo de operação... (porque) acontece o seguinte...

l1 : [ah bom se não existisse rico então ((risos))...

l2 : ...

l2 : ((risos))...

l2 : [acontece o seguinte... veja uma coisa... o::... evidentemente para cada tipo de pessoa existe um ti-po de financiamento... adequado.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : especialmente para aquela pessoa feito especialmente para ela dentro das suas possibilidades.

l2 : ...

l2 : o:: o QUE que o senhor gostaria que eu lhe explicasse??

l2 : ...

l2 : o senhor precisaria me falar... a disponibilidade que o senhor tem ou seja... aquele dinheiro que o senhor tem::... sobrando.

l2 : ...

l2 : ou mesmo aquele dinheiro que não irá fazer falta de momento que o senhor ( ) u:: não irá usar de moMENto... o senhor poderá::... investir.

l2 : ou seja... o senhor poderá a-pli-car esse dinheiro... numa coisa que lá/... que irá::... que irá... lhe render... algum juros.

l2 : ...

l2 : ou seja sobre esse dinheiro... s/ o senhor terá algum mais... com essa aplicação.

l1 : uhn uhn.

l1 : ...

l2 : ...

l1 : bom eu éh:: a primeira dúvida que eu acho que se coLOca é em relação ao que seja o dinheiro sobrando... quer dizer eu acho que esse é um conceito que pode mudar com o tempo.

l2 : [dinhe/...

l2 : ...

l1 : ...

l2 : com o tempo o dinheiro sobrando...

l2 : ...

l2 : veja uma coisa... o seu orçamento é::... oito mil cruzeiros por mês a sua renda auferida... total.

l2 : ...

l2 : o senhor [gasta...

l1 : [o senhor está bem informado como é que o senhor soube disso??

l2 : ...

l1 : foi [a minha secretária? ((risos))?

l2 : [não é um exemplo é um eXEMplo apenas é um exemplo apenas que eu estou lhe dando.

l1 : ...

l2 : ( )

l1 : [é porque eu estou (me) fazendo de conta que eu estou realmente num escritório...

l2 : ...

l2 : [o senhor o senhor:: o senhor em uma posição que o senhor está o senhor deverá receber... aproximadamente isso eu acredito... mas veja uma coisa... é uma hiPÓtese.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : desses oito mil cruzeiros... o senhor tem um gasto mensal de cin::co mil cruzeiros por exemplo... por mês... seis mil cruzeiros quatro... todo mês sobra... dois mil... mil e quinhentos três mil cruzeiros.

l2 : ...

l2 : estes três mil cruzeiros se não aplicar... não fizer com que ele:: aumente... aumente... a correção monetária a correção... irá::... fazê-lo diminuir.

l2 : ...

l2 : três mil cruzeiros hoje amanhã não serão mais três mil cruzeiros.

l2 : ...

l2 : três mil cruzeiros hoje o senhor poderá comprar... um::... um móvel de SAla... amanhã o senhor não poderá mais comprar esse móvel esse mesmo móvel com três mil cruzeiros.

l2 : ...

l2 : o dinheiro não chegará... a custar isso.

l2 : ou seja o móvel... estará custando:: [cinco seis mil cruzeiros e o senhor terá os mesmos três.

l1 : [não é::...

l1 : ...

l2 : ...

l2 : então esses três... é a sobra que o senhor tem.

l2 : ...

l1 : não perfeito mas o que eu queria dizer o seguinte é que éh::... uma sobra:: existente hoje atual... éh:: pode se tornar uma necessidade dentro de DOIS ou três meses.

l1 : [de forma que eu gostaria de::... apliCAR essa... ahn:: essa SObra atual... de modo a torná-la::... enfim de poder contar com ela:: em um tempo tão curto quanto possível.

l2 : [AH::!

l2 : ...

l1 : supondo (que [venha a haver alguma necessidade)...

l2 : [AH:: não há problema nenhum:: sobre não há problema nenhum.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : todos os investimentos que existem... o senhor poderá::... no momento que o senhor quiser... retornar o seu dinheiro.

l2 : ...

l2 : ou seja... o senhor poderá resgatar... ou a letra de câmbio... ou tornar a vender a ação::... então não existe problema nenhum... com o dinheiro.

l2 : o seu dinheiro estará livre feito um passarinho.

l2 : ...

l1 : puxa mas é::... eu acho que ((risos)) isso com:: isso com o que o senhor está me acenando é uma maravilha!

l1 : quer dizer a gente com todos os os... os fatores:: [que a gente busca.

l2 : [todos os fatores bons.

l2 : ...

l1 : quer dizer... é:: bastante segurança:: um juro muito ALto e eu [posso ter o dinheiro... como é que se chama isso mesmo??

l2 : [tu::do.

l2 : ...

l2 : [completa.

l2 : ...

l2 : [infinit/ infinitamente alto.

l2 : ...

l1 : ...

l1 : a capacidade de ter o dinheiro de volta tão logo quanto se queira liquiDEZ é isso??

l2 : [não eles falam de resgate.

l1 : [é liquidez??

l1 : ...

l2 : resgate [da letra de câm::bio... resgate de ( ).

l1 : [(é) resgate??

l1 : ...

l1 : [e liquidez o que que é??

l1 : ...

l2 : ...

l1 : liquidez se aplica mais a ação quando a gente pode vender imediatamente alguma coisa assim ou não??

l1 : ...

l2 : existe existe uma diferença entre liquidez.

l2 : ...

l2 : as/ a ação só/ a ação a:: quando o senhor pode negociá-la de imediato... ela ela apresenta liquidez.

l2 : ...

l2 : mas muitas vezes uma letra de câmbio ela também apresenta liquidez::... no momento... em que o senhor está res/ resgatando esta letra.

l2 : ...

l2 : então ela é líquida para aquele momento.

l2 : ...

l1 : bom em relação às ações com:: com tudo o que se fala:: atualmente a respeito dado que é um:: assunto da MOda a gente mais ou menos já sabe os (rudimentos) do que seja.

l1 : agora uma letra de câmbio não tenho a meNOR ideia do que se trata.

l1 : quer dizer... o que que é uma letra de câmbio??

l1 : ela representa o que??

l1 : é uma parcela:: de que valor??

l1 : ...

l2 : veja uma coisa... o senhor já comprou alguma coisa financiada??

l2 : ...

l1 : bom (vamos) digamos que agora já ((risos))...

l2 : já comprou alguma coisa financiada.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : no momento que o senhor financiou...

l1 : [aquela ca::sa da qual o senhor conseguiu aquele empréstimo se lembra? ((risos))?

l2 : ...

doc1 : ((risos))...

doc2 : ((risos))...

l1 : quando o senhor trabalhava em banco ((risos))...

l2 : [AH:: estou lembrado!

l2 : ...

l2 : só que aquela casa aquela casa foi financiada por intermédio de letras... imobiliárias... não letras de câmbio.

doc1 : ...

doc2 : ...

l1 : ...

l1 : ah::...

l1 : ...

doc1 : o que que é letra imobiliária??

l2 : ...

doc1 : ...

l2 : a letra o senhor veja uma coisa a letra quando o senhor comprou... um bem... um/ uma::... um carro... financiado... aquele carro foi financiado por uma financeira... algum capitalista... estava emprestando aquele dinheiro.

l1 : uhn uhn.

l2 : ...

l1 : ...

l2 : então foram emitidas... notas de câmbio.

l2 : ou seja letras de câmbio foram emitidas... para que o senhor pudesse... ter o carro.

l2 : então foram emitidos notas dentro do prazo que o senhor vai pagar o carro.

l2 : ...

l2 : então (se eu vou) emitir as notas... para seis meses:: doze meses:: vinte e quatro meses::.

l2 : ...

l2 : (ou) seja... foram emitidas tantas letras de câmbio quantas foram as prestações que o senhor vai comprar o carro.

l2 : ...

l2 : aquelas...

l1 : [é que esse câmbio do nome quer dizer:: a troca [do papel pelo dinheiro que ele representa.

l2 : ...

l2 : [apenas... a troca do papel pelo dinheiro.

l2 : ...

l1 : ...

l2 : perfeitamente.

l2 : ...

l2 : o papel seria apenas... uma:: uma a garantia daquela troca daquele dinheiro que está sendo emprestado ao senhor.

l2 : ...

l1 : uhn uhn.

l1 : ...

l2 : um agiota... emprestou o dinheiro... recebeu... uma nota promissória.

l2 : ...

l2 : a letra de câmbio não.

l2 : ...

l2 : é uma::... é um papel... diferente com características diferentes... ou seja tem um prazo certo de vencimento... tem um juro já computado a um papel... tem a pessoa que se responsabiliza pelo para... pela... aquele pagamento que está no papel... ou seja no momento que o senhor tem a letra de câmbio o senhor vai na financeira que emitiu... e resgata aquele papel... por... dinheiro no próprio caixa.

l2 : ...

l1 : uhn.

l1 : ...

l1 : perfeito.

l1 : ...

l2 : ótimo.

l2 : ...

l1 : agora como é que funciona a coisa mesmo eu comprando essas letras de câmbio quer dizer o que??

l1 : que eu estou... comprando papel assinado??

l2 : [me diga uma (outra coisa)... o senhor quer apenas perguntar ou o senhor vai comprar??

l1 : ...

l2 : ...

l1 : ((risos))... não eu éh::... eu posso:: mais ou menos sossegá-lo porque eu sou desse tipo de pessoa que::... [que se sente muito mal ahn::... chateando um vendedor qualquer sem depois com/ compensá-lo pela chateação ((risos)).

l2 : [pergunta pergunta e (não quer comprar::)...

l2 : ...

l2 : (por isso estamos falando agora).

l1 : é ((risos))...

l2 : ...

l1 : ...

l1 : mas éh::... isso quer dizer que eu iria comprar um desse tipo de papel... éh::... em suma que eu iria comprar a obrigação que uma terceira pessoa qualquer tem de... de::... enfim de:: de devolver o dinheiro representado pelo papel??

l1 : quer dizer trocando em miúdos se eu pago uma letra de câmbio de:: vinte cruzeiros do João da Silva... eu estou comprando...

l2 : [a pess/...

l2 : ...

l2 : [não o senhor não estará comprando do João da Silva o senhor estará comprando... da financeira... a qual eu represento... financeira Carlos Alberto... eu sou (um) eu sou o DOno... (eu sou rico né? por um lado também) ((risos))...

l1 : ...

l1 : ((risos))...

l2 : ...

l1 : ainda bem que isso daqui vai ser analisado por linguistas e não por psicólogos ((risos)) senão ((risos))...

doc2 : ((risos))...

l2 : ...

doc2 : ...

l1 : ...

l2 : estava na... no banco... e essa essa... essa letra de câmbio será... ( )... emitida... ou seja será... feita... será::... feita no seguinte de ser o papel será imPREsso... pela financeira... certo??

l1 : [(financeira).

l1 : ...

l1 : uhn::...

l1 : ...

l2 : ...

l2 : a garanTIa... é a da financeira.

l2 : ...

l1 : ah certo.

l1 : quer dizer que a financeira eventualmente arca com a responsabilidade de cobrir o valor do papel desde que um um devedor do financeiro não tenha feito né??

l2 : [com a responsabilidade...

l2 : ...

l2 : [o senhor não paga.

l2 : ...

l2 : [perfeitamente.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : parece que o senhor entende mais do que o senhor pensa (desse assunto).

l1 : ((risos)) não fora de brincadeira o nosso diálogo está está sendo bastante instrutivo.

l2 : ...

l1 : ...

l1 : estou aprendendo ((risos))...

l1 : mas éh::... então eu gostaria que o senhor me... me pusesse ao par:: de quanto custa uma letra de câm::bio... como é que eu faço para comprar::...

l2 : [a letra de câmbio não tem custo.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : depende do do dinheiro que o senhor quer investir.

l2 : ...

l2 : nós temos letras de acordo com o financiamento.

l2 : então tem letras de câmbio... de:: trinta cruzeiros letra de câmbio de cem cruzeiros...

l2 : ...

l2 : o mínimo... a letra de câmbio mínimo desculpe... é cem cruzeiros menos de cem não são emitidas.

l2 : ...

l2 : letras de câmbio de cem cruzeiros letras de câmbio de:: dez mil cruzeiros... em prazos variados.

l2 : ...

l2 : temos letras quebradas ou seja... éh::... algumas letras por exemplo de cem cruzeiros... que a pessoa resgatou antes do tempo... decorrido então tem um ( ) o tempo decorrido... então essa letra vai custar setenta e nove cruzeiros por exemplo.

l1 : uhn uhn.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : (por)que ela... chegou e resgatou antes do vencimento.

l2 : então ela ganhou juros até o vencimento.

l1 : [(quinhentos) ( ).

l2 : aquele juros... é feita a diferença do total com que ela... resgatou... e esse é o tempo que o senhor paga pela letra.

l1 : ...

l1 : uhn uhn.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : até o final do vencimento.

l2 : ...

l1 : agora a gente volta ao problema inicial o senhor estava me dizendo que todos esses papéis tem um prazo de vencimento fixo.

l1 : ...

l2 : perfeitamente.

l2 : ...

l1 : e:: supondo que eu quisesse resgatá-los antes do prazo de vencimento [aí seria um...

l2 : [porém...

l2 : ...

l2 : [a:: a nossa financeira é a única... no mercado evidentemente que faz isso.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : ela permitirá ao senhor... que o senhor resgate o quanto o senhor quiser disso ( )

l2 : evidentemente (o senhor) não vai ganhar os juros do tempo total.

l2 : ...

l2 : o senhor comprou a letra para seis meses... o senhor resgata no quatro mê/ no::... no quarto mês... o senhor vai ganhar o juros proporcional até o quarto mês pagando também aquela taxinha da administração do nosso trabalho durante (isso).

l1 : é porque eu tenho um juros (proporcional).

l1 : ...

l2 : ...

l1 : sim que sinal é um setenta ( ) ((risos))...

l2 : [por cento do total.

l2 : ...

l2 : [é mas é uma taxinha pequena que o senhor não perceberá não.

l2 : ...

l1 : ...

l1 : é pois não.

l1 : ...

l1 : então:: eu acho que a gente poderia fazer negócio na base de uns mil cruzeiros mensais.

l1 : ...

l2 : ah o senhor gostaria de pagar todo mês mil cruzeiros??

l1 : sim éh::... pela pelo ( )...

l2 : ...

l2 : então nós poderíamos fazer o seguinte nós podemos fazer... uma compra de ações no mercado a termo.

l1 : ...

l2 : ...

l1 : ((risos))...

doc2 : ((risos))...

l2 : ou seja o senhor (poderia) mil cruzeiros por mês... o senhor poderia adquirir da nossa financeira... uma ação de:: dez mil cruzeiros... no valor de dez mil cruzeiros de ações... e o senhor todo mês o senhor pagaria uma prestação daquela ação.

doc2 : ...

l1 : ...

l2 : ...

l2 : e desde agora o senhor iria oferir rendimentos dos dez mil cruzeiros já.

l2 : ...

l1 : e o juro que eu teria que pagar por esse financiamento seria de...

l2 : [ah:: tudo coisinha pequena (viu?)((risos))?

l1 : ...

l1 : ((risos))...

l1 : ...

l2 : o senhor ganharia muito mais nas nas:: na bolsa nessas ações...

l2 : ...

l1 : o que me assusta um pouco é que nossa conversa está em termos muito... qualitativos e muito pouco quantitativos.

l2 : ((risos))...

l1 : (mas) mu::ito ( ) ((risos))...

l2 : ...

l1 : ...

l2 : qual é sua profissão??

l2 : ...

l1 : éh::... digamos que eu ( )...

l2 : [o senhor é engenheiro??

l2 : ...

l1 : é eu sou engenheiro ((risos)).

l1 : ...

l2 : me diga uma coisa... éh:: o senhor já... o senhor já ouviu falar da engenharia operac/ da engenhari engenharia finanCEira não existe isso??

l2 : ...

l1 : é:: parece que existe um curso assim na França né??

l2 : [engenheira de finan::ças...

l2 : ...

l2 : [engenharia de finan::ças...

l1 : ...

l1 : é::.

l1 : ...

l2 : ...

l1 : parece que os grandes (caras) lá da Politécnica são disso.

l2 : [o senhor não tem ideia do que seja??

l2 : ...

l1 : mas eu não tenho ideia do que seja não.

l1 : ...

l1 : o senhor me perdoe mas geralmente eu eu relaciono isso com picaretagem... ((risos)).

l2 : ((risos))

l2 : ...

l1 : isso era para mandar o ( ) embora... ((risos)).

l2 : ((risos))...

l2 : ...

l1 : ...

l2 : não o senhor sabe por quê? porque o senhor como engenheiro o senhor deve... ter... certas noções de:: de fin/ de finanças não tem??

l2 : ...

l2 : certas noções de:: empreendimen::to essas coisas.

l2 : ...

l1 : vamos dizer assim que seja uma falha na minha formação ((risos)).

l1 : ...

l2 : gostaria que o senhor explicasse um pouco de:: da eng/ de engenharia... da engenharia que o senhor parece que o senhor faz... o senhor dá aula de cálculo.

l2 : ...

l1 : É não é exatamente cálculo mas ahn::... ahn:: eu dou aula de matemática aplica::da.

l1 : ...

l2 : como o que que é uma matemática aplicada??

l2 : (explica).

l2 : ...

l1 : olha a finalidade da matemática aplicada é fazer com que... NUNca se torne verdadeira... aquela pia::da que circula a respeito de professores de matemática.

l1 : ...

l1 : o professor está dando AUla e tal... e um aluno lá levanta o braço e pergunta ''olha professor por favor (vai)... será que o senhor não poderia tornar as coisas um pouco mais concre::tas?''?

l1 : quer dizer::... ahn ''por exemplo propor um problema aí e resolver com essa teoria de modo que a gente pudesse [sentir meLHOR''...

l2 : [você está apenas explicando a quadratura do círculo.

l1 : ...

l2 : ...

l1 : pois é do que se trata né??

l1 : então o professor diz ''pois não então digamos seja um problema pê com uma solução efe'' ((risos)) quer dizer a:: matemática aplicada tenta fugir disso né??

l1 : dessa:: dessa proposição assim eminentemente teórica das coisas e tal.

l1 : ...

l1 : [éh:: digamos que a gente usa matemática:: aplicando a coisas assim:: banalmente cotidianas.

l2 : [uhn::...

l2 : ...

l1 : ...

doc1 : ( )

doc1 : ...

l2 : Luís olha eu:: vim agora... d::os Estados Unidos... eu não sei como é que funciona aqui o banco... como é que a gente faz para tirar dinhe::iro como é que faz... dá para você me dar uma explicação aí como é que você vai no ca::ixa onde você ti::ra como é que é o seu talão de che::que... como é que você::... saca o dinhe::iro...

l1 : ahn ahn.

l1 : ...

l1 : ahn.

l1 : ...

l2 : ...

l1 : isso é fácil olha vamos fazer o seguinte... (pr/)... para início de conversa você me dá os teus dólares que eu trato de convertê-los em cruzeiros.

l1 : ...

l2 : [é pode fazer isso??

l1 : [eu vou alimentar tua con/...

l2 : ...

l1 : não p/ eu faço para você.

l2 : [você faz... você faz pelo pelo câmbio do di::a como é que você faz isso??

l1 : eu eu estou por dentro aí.

l1 : ...

l2 : ...

l1 : podemos fazer pelo câmbio oficial:: do dia tá certo??

l1 : ...

l2 : não vai fazer pelo câmbio negro??

l1 : ((risos)) não.

l2 : ...

l1 : ...

l2 : ((risos))...

doc1 : que que é isso??

doc1 : ...

l1 : bom o:: câmbio oficial do dia eu acho que você sabe do que se trata é só a gente pegar um jornal e::... verificar a cotação corrente da moeda que você quer converter em moeda nacional.

l2 : ...

l2 : [ué e em qualquer e ca/ em jornal todos os jornais (usam) igual??

l1 : ...

l2 : ...

l1 : e/ eu tenho impressão que sim ((risos)).

doc1 : ((risos))...

doc2 : ((risos))...

l2 : ((risos))...

doc1 : ...

doc2 : ...

l2 : ...

l1 : eu tenho impressão que isso não depende muito do particular jornal da tenDÊNcia do jornal né??

l1 : que geralmente seria no sentido de aumentar ou de diminuir o valor da... daquela moeda né??

l2 : [( )?

l2 : ...

l2 : éh:: então está (está) os meus dólares aqui.

l1 : ...

l1 : [então a gente pode fazer assim vamos pegar aqui o Estadão... que:: ao que parece é uma fonte:: ((riso)) por muitos considerada insuspeita né??

l2 : ...

l1 : ...

l1 : vamos ver olha aqui a cotação do dólar está::... se eu não estou errando de coluna e confundindo o dólar com o guarani está um cruzeiro e vinte ((risos)) então você me dá os teus [dólares...

l2 : [está dez dólares está aqui dez dólares.

l1 : ...

l1 : mas só dez dólares? ((risos))?

l2 : ...

l2 : [é o que sobrou gastei tudo.

doc2 : ((risos))...

l2 : ...

doc2 : ...

l1 : mas então dez dólares dividido por um e vinte isso quer dizer que eu tenho que te dar de volta o que? uns:: oito cruzeiros e tanto.

l1 : ...

l2 : ah deve ser você está certo eu:: (confio em você).

l1 : [então nós vamos fazer o seguinte eu vou:: eu vou abrir para você uma conta com esses oito cruzeiros e tanto de modo que você possa movimentá-la sempre.

l2 : ...

l1 : ...

l1 : quando você quiser depositar alguma coisa eu sei que você está ganhando em DÓlar né? você está ganhando do exterior.

l1 : ...

l2 : estou [estou.

l1 : [você me traz os dólares a gente faz de novo essa conver/ essa conversão... e eu posso:: me encarregar de depositar isso na sua conta... eu tenho uma rede de despachantes aqui que funciona [comigo...

l2 : ...

l2 : [ah é se... se eu gas/ ganhasse em dólar sabe Luís eu já tinha casado o mês passado ((risos)).

l1 : ...

doc1 : ((risos))...

l1 : ((risos))...

l2 : ...

doc1 : ...

l1 : agora uma coisa que eu percebi a pouco tempo é que você ganhar no Brasil em dólar é mais ou menos a mesma coisa que você ganhar em cruzeiro na Argentina né??

l1 : ...

l1 : éh::...

l2 : [ah não sei não sei.

l1 : ...

l1 : [não sabe??

l2 : ...

l1 : éh:: a moeda deles coitados está::... não condiz com a civilização daquele pessoal.

l1 : a moeda muito fraca.

l1 : ...

l2 : por isso que é que o [brasileiro agora... resolveu fazer turismo na Argentina.

l1 : [é isso.

l1 : ...

l2 : ...

l1 : é.

l1 : ...

l1 : e::...

l1 : ...

l2 : só dá brasileiro fazendo turismo na Argentina.

l2 : todo brasileiro agora [vai para o exterior.

l1 : [horrorizan::do os argentinos.

l2 : ...

l2 : [anda com o passaporte no bolso né??

l1 : ...

l2 : ...

l1 : é horrorizando os argentinos porque é aquele mito que a gente tem do americano ri/ turista gro::sso bu::rro limita::do e tal... éh::... parece que o brasileiro turista é qualquer coisa com isso elevado assim à décima potência.

l2 : [é quase a mesma coisa.

l2 : ...

l1 : quer dizer além de tudo é barulhento cafajeste tal...

l1 : ...

l1 : então::... mas é nós estamos ((risos)) nos desviando aqui do assunto.

l2 : [é:: o problema é banco sabe??

l1 : [((risos)) ( )...

l2 : ...

l1 : ...

l2 : (para lá) a gente só pode falar sobre ban::co ((risos)) BANco.

l1 : [(nosso problema é) ban-co ((risos)).

doc1 : ((risos))...

doc1 : ...

l1 : ...

l1 : [quem foi que disse mesmo que:: a fundação de um um ROUbo de um banco não é NAda comparado a fundaÇÃOe um banco? ((risos))?

l2 : ...

l1 : foi algum cara aí que disse desses que andam meio pichados hoje em dia.

l1 : ...

l1 : mas éh:: ((riso)) continuando a falar de/ da da nossa::... do nosso neGÓcio... então éh nós vamos fazer o seguinte::... você me dá o dinheiro em DÓlar...

l1 : ...

l2 : está eu já te dei o dinheiro o senhor se lembra??

l1 : (e aí)...

l1 : ...

l2 : ...

l1 : ah sim é verdade ((risos))!

l1 : e:: eu creio que dentro de uma semana mais ou menos eu já vou estar em condições de lhe devolver um talão de cheques.

l1 : ...

l2 : uma seMAna??

l2 : ...

l1 : é:: uma semana.

l1 : ...

l2 : puxa nos Estados Unidos eu compro eu chego nos Estados Unidos aqui se compra talão de cheque??

l1 : ((risos))...

l1 : ...

l2 : ...

l1 : ahn que eu saiba não.

l1 : ...

l2 : nos Estados Unidos a gente compra o talão de cheque paga vinte cents... um talão de cheque.

l2 : ...

l1 : como??

l1 : mas compra num talão ahn::...

l2 : [compra-se o talão de cheque.

l1 : ...

l2 : ...

l1 : éh:: o talão já com teu nominho impresso e tal??

l2 : [é.

l2 : ...

l1 : ...

l2 : custa vinte cents.

l2 : a gente não joga:: cheque à toa.

l2 : ...

l2 : ( )...

l1 : ah quer dizer que o o próprio usuário do banco:: não [recebe gratuitamente o seu talão??

l2 : ...

doc1 : ((risos))...

doc1 : ...

l2 : [não recebe.

l2 : ...

l2 : [é comprado.

l1 : [( )

l2 : [ele compra um talão de cheque.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : mas é na hora também né??

l2 : ...

l2 : quer dizer aqui que demora::...

l2 : ...

l1 : aqui demora uma semana.

l1 : ...

l2 : e a gente pode passar cheque para (em) lugar que todo mundo aceita.

l2 : ...

l1 : olha eu acho que não você... geralmente só é aceito cheque:: que seja passado nã/ não na PRAça do banco não é isso??

l1 : não é essa a norma [TÉCnica terminologia??

l2 : [não sei...

doc1 : [que que é isso? ((risos))?

l2 : ...

l1 : ...

l2 : que que é (isso)??

doc1 : ...

l1 : [olha se eu não me engano a:: pra-ça:: qualquer conotação assim geoGRÁfica né??

l2 : ...

l2 : [que é PRAça ein??

l2 : ...

l1 : ...

l1 : quer dizer existe um:: um determinado lugar aonde certos cheques aceites... de acordo [com...

l2 : [em qualquer loja que eu vá nessa PRA-ça??

l1 : ...

l2 : ...

l1 : eu acho que dependendo da boa vontade do::... da boa vontade do vendeDOR e::... e::...

l1 : ...

l2 : por que da boa vontade do vendedor??

l2 : ...

l1 : porque:: ahn:: dado que aqui parece que não há uma fiscalização muito:: rigoROsa... no sentido de que o sujeito que passa cheque sem fundo... ainda não é:: [devidamente puNIdo...

l2 : [me diga uma coisa o que é cheque sem fundo??

l2 : nunca ouvi falar disso.

l1 : ...

l1 : ah... não... uhn:: (a questão) está meio difícil.

l2 : ...

l1 : ...

l1 : éh:: o cheque sem fundo vamos dizer assim que seja::... que seja::... corresponda a fazer o seguinte o senhor::... o cheque representa:: pelo menos teoricamente uma certa quantidade em dinheiro que está depositada na sua conta.

l1 : quer dizer o senhor em vez de sair com o dinheiro... pelo BOLso... dado que o senhor tem muito dinheiro e no seu bolso:: tem certas limitações FÍsicas ali quanto a quantidade de dinheiro que ele pode conTER... o senhor leva esse dinheiro num lugar que tem uma CA::ixa gran::de assim... dá para um sujeito de óculos o sujeito de óculos guarda dentro da caixa ((risos)).

l1 : ...

l1 : e:: ele tem que lhe dar algum comprovante de que:: o seu dinheiro está lá.

l2 : [ainda bem que não sou só eu que uso óculos.

l1 : ...

l1 : ((risos))...

l2 : ...

l1 : ...

doc2 : e:: e tem algum jeito de/ desse cheque ser aceito em todas as lojas??

doc2 : há algum tipo de cheque especial... que é aceito??

doc2 : ...

l1 : bom eu creio que há::... ahn se não me engano há... tipos especiais de CHEques que são devidamente garanTIdos no sentido de que... se faz uma seleção:: m::uito forte sobre as pessoas que vão possuí-los né?... e isso (confere)...

l2 : [o que é cheque garantido hein??

l1 : ...

l2 : ...

l1 : ahn:: eu acho que é um cheque tal que:: o banco se compromete a::... a devolver ao possuidor do cheque a quantidade de dinheiro ali mencionada mesmo que eventualmente o senhor não tenha uma... em sua conta essa quantia.

l1 : ...

l1 : parece que a mocinha ali está passando cheque sem fundo [((risos))...

doc1 : [((risos))...

doc1 : ...

l1 : ...

l1 : e:: o cheque garantido é isso.

l1 : como eu eu estava explicando o senhor então depositou uma porção de dinheiro lá na caixa do homem ele lhe dá um comprovante de que tal dinheiro está a sua disposição... e o senhor passa cheques ahn:: correspondentes aquela quantia lá...

l2 : [o que é passar cheque hein??

l1 : ...

l2 : ...

l1 : ao invés do senhor:: ir numa loja ((risos))...

l2 : ( )

l2 : ...

l2 : ((risos))...

l2 : [é a mesma coisa que pegar o ferro e ((risos))...

l1 : ...

l1 : ((risos))...

l1 : ...

l1 : não eu acho que a gente chama de...

l2 : ...

l2 : [( )

l2 : ...

l1 : ...

l1 : é:: realmente essa nossa conversa está desenvolvendo aqui uma certa...

l1 : ...

l2 : uma certa ( )...

l1 : é é...

l2 : ...

l1 : ...

l1 : éh:: a gente costuma:: designar por passar cheque a operação através da qual o senhor:: paga alguma coisa sem usar dinheiro.

l1 : ...

l1 : mas sim o papelucho ali que representa o dinheiro que o senhor tem guardado num certo lugar ((risos)).

l1 : ( ) meu vocabulário está ((risos))...

l2 : ((risos))...

l2 : ...

doc2 : e::... você falou aí que... precisa ser da mesma praça e não há jeito de a gente ir para um outro lugar e... conseguir::... levar cheque [às vezes ( )??

l1 : ...

l1 : [eu acho que há:: em certos casos especiais quando::... esse lugar onde você guardou teu dinheiro não tem:: e:: limitações regionais muito marcadas quer dizer::... é um lugar que tem fácil comunicação... com::... uma porção de OUtros... de forma que esse dinheiro que você depositar aqui você pode receber através aí de uma...

doc2 : ...

l2 : [você nã/... você levou cheque quando você foi para Argentina??

l1 : ...

l2 : ...

l1 : não eu levei dinheiro mesmo e:: assim na base da... é éh:: consegui trocá-lo nos nos pesos... exatamente:: da forma como::... se desenvolveu aqui nosso diálogo.

l1 : quer dizer chega para o vendedor e [tal como é que está o câm::bio e tal...

l2 : [AHN...

l2 : ...

l2 : [você não levou:: assim um cheque de via::gem traveler checks??

l1 : ...

l2 : ...

l1 : éh::... levei mas:: ahn::... a quantia que eles [permitem...

l2 : [me falaram aí um tal de traveler checks o que que é isso??

l1 : ...

l2 : ...

l1 : olha esse esse negócio funciona da seguinte... s/ da seguinte maneira... obviamente quando você quer mudar de país você tem que sair com o::... com o dinheiro do país que você pretende visitar né??

l1 : ...

l1 : verdade que hoje em dia:: como ninguém segura mais o nosso país... nossa moeda::... está::... pelo menos aparentemente aí ahn::... com um certo peso internacional de certa forma.

l2 : [Peru:: Bolí::via...

l1 : ...

l1 : [Peru Bolívia:: EquaDOR ((risos))...

l2 : ...

l2 : ((risos)) eles aceitam nossa moeda.

l1 : [eles aceitam ((risos)).

l2 : ...

l1 : e:: então nesses países altamente desenvolvidos que a gente acabou de citar... a nossa moeda::... pode servir assim como um padrão de (deferição) dos valores né??

l1 : mas em outros um pouquinho mais desenvolvidos... [geralmente...

l2 : [Portuga::l Itá::lia...

l1 : ...

l2 : ...

l1 : é Esp::anha [((risos))...

l2 : [Espa::nha...

l2 : ...

l1 : eles geralmente gostam que:: a gente faça negócio na base da moeda... corrente lá do país.

l1 : ...

l1 : [então::...

l2 : [dólar.

l2 : ...

l1 : ...

l1 : ahn...

l1 : ((risos)) pois é.

l1 : ...

l1 : e e::... e isso a gente pode fazer:: no momento em que sai do país... a gente tem dinheiro a levar tem direito a levar para o exterior uma certa quantidade de dinheiro... ((risos)) e:: que é devidamente convertido aí nos organismos competentes né??

l1 : e o traveler check é justamente um cheque::... aliás ((risos)) como o nome mesmo está dizendo... que um:: viajante pode descontar num país estrangeiro.

l1 : pelo que me consta é [isso.

l2 : [e como é que faz para descontar??

l1 : ...

l2 : você tem ideia??

l2 : ...

l1 : éh:: eu tenho impressão que:: deva ser NUM tipo particular de banco do país que você vai... visitar... que você le::va [esse...

l2 : [sabe como é que funciona esse cheque??

l1 : ...

l2 : ...

l1 : éh:: eu eu via certo tempo uma propaganda éh...

l1 : ...

l1 : aliás ahn:: a propaganda saiu publicada em:: todos os jornais... e:: depois em relação a ela houve um comentário::... para variar muito inteligente do Pasquim.

l1 : a propaganda era o seguinte...

l1 : ...

l1 : suponha que você tenha ido para o exterior... não... suponha que seu papai... tivesse:: cinco mil dólares:: no bolso::... ahn um dia depois que ele saiu de viagem para o exterior.

l1 : ...

l1 : então você é uma filhinha muito:: ahn:: leva::da... mexeu no bolso do papai pegou os cinco mil dólares e jogou pela janela.

l1 : ...

l1 : então obviamente papai vai ficar muito chateado... agora se em vez de seu papai tivesse levado... tivesse::... se em vez de/ dele::... ter carregado c::inco mil dólares:: em dinheiro... ele não tivesse feito:: tivesse levado os dólares em:: cheques... nos traveler check... não teria problema neNHUM porque você:: filhinha levada pode destruir:: o traveler check et cetera que ninguém vai poder se apoderar dele.

l1 : ...

l1 : quer dizer parece que o traveler check tem assim::...

l1 : ...

l2 : certa garantia.

l2 : ...

l1 : éh... não só certa garantia como também [ahn:: ele não c/ um certo cunho de:: de pessoalidade.

l2 : [certa segurança.

l2 : ...

l1 : quer dizer apenas [o próprio possuidor:: que pode utilizá-lo.

l2 : [ah é parece éh:: parece que::... quando você compra... o traveler checks... você paga mil cruzeiros... em:: em valor em dólares parece que é:: c::/... dez dólares c::inco cem dólares não sei (que) direito...

l1 : ...

l2 : ...

l2 : então você tem uma você assina frente do banqueiro... uma vez... e assina na hora... que você vai descontar a outra vez::.

l2 : ...

l2 : então a assinatura teria que conferir.

l2 : ...

l1 : ah:: eu acho eu tenho a impressão que é justamente isso.

l1 : ...

l1 : então de modo que esse cheque que a menininha jogou pela janela a não ser que algum falsificador muito experiente o tivesse achado... o pai estaria perfeitamente a SALvo né??

l1 : ...

l1 : a salvo a menos da ressal::va né? feita no Pasquim que era o seguinte... ''bom papai ia ficar muito satisfeito porque não ia perder o traveler check... mas ia ter que explicar direitinho para o banco Central como é que ele fez para sair com cinco mil dólares'' ((risos)).

l2 : [( ).

l2 : ...

l2 : ( )

l1 : ...

l2 : ...

l1 : OH Carlos Alberto a gente não se vê desde aqueles tempos do primá::rio né::??

l2 : [OH!

l2 : ...

l1 : ...

l2 : onde você fez o primário Luís??

doc1 : ((risos))...

doc2 : ((risos))...

l1 : ((risos)) (então nós) ((risos)) começamos errado ((risos)).

l2 : ((risos))...

l2 : ...

doc2 : vão pensar coisas [(erradas).

l1 : ...

l1 : [então vamos supor que a gente:: (era)... era vizinho... não é??

doc1 : ...

doc2 : ...

l1 : a gente não se vê desde daquele tempo de lá:: do... de onde mesmo do Aeroporto??

l1 : no Aeroporto era eu adolescente... você aonde é que era quando era pequeno??

l1 : ...

l2 : quando era pequeno nasci na Pompeia.

l2 : ...

l1 : então na [Pompe::ia...

l2 : [mas lá não (acho que) fiz o primário lá não fiz o primário no Tremembé.

l1 : ...

l2 : ...

l1 : em Tremembé??

l1 : ...

l2 : no grupo escolar Arnaldo Barreto.

l2 : ainda existe.

l2 : ...

l1 : puxa mas éh:: não foi muito traumatizante essa experiência de ir da Pompeia para o Tremembé todo dia??

l2 : [( )...

l1 : ...

l2 : ...

l1 : ( ) ((risos))

l1 : ...

l2 : eu morava em Tremembé.

l2 : ...

l1 : ah:: sim.

l1 : ...

l2 : isso aqui me deu uma ideia de microfone sabe igual o Costinha faz no:: na ( )? UAU ((risos))!

l1 : ((risos))...

l2 : ...

l1 : mas éh::... mas éh:: que coisa né? ((risos))?

l2 : ((risos))...

l1 : ...

l2 : onde você fez o grupo escolar??

l2 : ...

l1 : eu fiz o grupo escolar aqui perto da avenida Paulista naquele grupo escolar Rodrigues Alves que ainda existe está quase caindo aos pedaços agora.

l1 : ...

l2 : uhn::...

l2 : ...

l1 : foi simpático né??

l1 : a gente tem::...

l2 : [gostava dos seus professores??

l1 : ...

l2 : ...

l1 : gostava viu éh:: eu Acho que elas eu passei assim por um ciclo de quatro professoras de tipos assim bastante [diferentes.

l2 : [você lembra o nome delas ainda??

l1 : ...

l2 : ...

l1 : olha eu tenho a impressão que lembro.

l2 : [no (teu) primeiro ano quem foi??

l1 : [a primeira::...

l2 : a primeira.

l1 : no primeiro a::no que era a professora boazi::nha... que era a titia se chamava Ofélia.

l2 : ...

l1 : ...

l2 : Ofélia.

l2 : ...

l1 : é era assim::... sabe desse tipo [de:: de professora muito maternal::...

l2 : ...

l2 : [é um nome sugestivo para professora.

l2 : ...

l2 : [é um nome sugestivo para professora.

l1 : ...

l2 : que toda vez que a gente vê uma... uma pe::ça um filme que tem uma professora... chama Ofélia.

l1 : uai eu a/ sempre acho que é Terezinha.

l2 : ...

l2 : [a/...

l2 : ...

l2 : [não é Ofélia.

l1 : ...

doc1 : ((risos))...

l2 : ...

l2 : aquela professora do Popeye... na revistinha do Popeye chama Ofélia.

doc1 : ...

l1 : ...

l1 : [é é é Ofélia??

l1 : ...

l2 : ...

l2 : Ofélia uma magricela compridona ((risos)).

l1 : ((risos))...

l2 : ...

l1 : aliás o sujeito que desenhava o Popeye morreu na semana passada... certo??

l2 : [morreu.

l2 : ...

l2 : [semana passada.

l2 : ...

l1 : ...

l1 : mas éh:: Ofélia.

l1 : Ofélia era assim tipo maternal:: e tal::.

l1 : aliás bem próprio para um moleque de seis ou sete anos como eu era né??

l1 : quer dizer eu gostava muito da Ofélia.

l1 : mas (é) ensinava muito mal:: e tal.

l1 : era tudo muito fraco.

l1 : ...

l1 : depois eu tive uma no segundo ano que era professora... gor-da e boazinha também que se chamava dona LAUra.

l1 : ...

l1 : aí no terceiro ano eu tive a professora pavoro::sa... que era a dona... GIL-via.

l1 : ...

l1 : aliás com esse nome acho que... (esse nome) ((risos))...

l2 : [ela devia ser solteira...

l2 : ...

l1 : não era por incrível que pareça viu??

l2 : [com esse nome??

l1 : ...

l2 : ...

l1 : não era.

l1 : ...

l1 : tinha uma fi-lha que foi assim a minha paixão infantil ((risos)) a filha da dona Gilvia.

l1 : ...

l1 : eu tinha mais ou menos uns oito anos ou nove anos.

l1 : e depois... do quarto ano como é que era o nome??

l1 : ...

l1 : essa daí... era do tipo competente.

l1 : ...

l1 : que era::: uma mulher... espanhola eu não me lembro o nome dela...

l1 : você vê como a gente é??

l2 : [Lolita??

l1 : ...

l2 : ...

l1 : não Lolita ((risos)).

l1 : a gente é ass/ ((risos))...

l2 : [Dolores??

l2 : ...

l1 : também não ((risos)).

l1 : ...

l1 : a gente é mais ou menos ahn::... injusto com as pessoas eficientes né??

l1 : que é boazinha e simpática que é brava a gente lembra né??

l1 : aquela que é (totalmente) eficiente...

l2 : [é::...

l2 : ...

l2 : [eu eu tive não sei eu tive umas professoras... todas elas foram boas.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : eu tive no primeiro ano uma professora chamada dona Lurdes Carlo.

l2 : ...

l2 : inclusive depois de grande ela me visitava na minha casa.

l2 : gostava muito de mim.

l2 : ...

l2 : porque eu era muito bobo sabe??

l2 : ...

l1 : ((risos))...

l2 : então não dava trabalho.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : ficava lá quietinho sentado não dava trabalho... era uma excelente professora embora eu já tenha entrado na escola... já tinha mãe já tinha me ensinado em casa assim as primeiras le::tras aquela parte mais difícil eu já tinha aprendido de casa.

l2 : ...

l2 : ( )...

doc2 : [entrou de cara no primeiro ano??

l2 : ...

doc2 : ...

l2 : eu fiz um ano como ouvinte com essa dona Lurdes Carlo.

l2 : também eu não cheguei a fazer um ano.

l2 : ...

l2 : fiquei lá s::entava na/ na escola ficava lá.

l1 : [( )

l1 : ...

l2 : ...

l2 : era num grupo escolar (Lauro) Barretos lá no Tremembé.

l2 : ...

l2 : era uma professora muito boa.

l2 : ...

l2 : eu era assim muito chato sabe??

l2 : ...

l2 : era fui muito mimado então eu gosta/ eu gostava que a atenção toda fosse voltada para mim.

l2 : então ela dava toda atenção para mim.

l2 : então eu gostava dela.

l2 : ...

l2 : eu no segundo ano tive uma professora chamada dona (Nincurina).

l2 : ...

l2 : (Nincurina).

l2 : ...

l2 : era uma senhora de cabelo branco me lembro até hoje assim rechonchudinha sabe??

l2 : muito simPÁtica muito boazinha.

l2 : ...

l2 : depois ela:: essa senhora foi muito simpá::tica me levava na casa de::la gostava que eu fosse a casa de::la.

l2 : no terceiro ano tive uma professora... chamada dona Araci.

l2 : ...

l2 : daquelas assim... pequenininha sabe essas meninas pequenininha assim... embirradi::nha né??

l2 : ...

l2 : éh::... toda:: correndo ficava ( ) correndo assim.

l2 : ...

l2 : chamava dona Araci.

l2 : ...

l2 : no quarto ano tive uma que chamava do/ dona OTÁvia.

l2 : ...

l2 : foi com quem eu fiz admissão também.

l2 : ...

l2 : a dona Otávia era uma mulher espetacular.

l2 : ...

l2 : o marido dela é professor ainda de::... língu/ língua e literatura italiana na Universidade de São Paulo... mora lá perto de casa uma mulher muito baca::na muito espetacular.

l2 : ...

l2 : meu primário o:: curso primário assim não teve::... não sei foi uma coisa assim... eu praticamente não tive um um com/ uma convivência escolar.

l2 : ...

l2 : no curso primário... devido uma:: uma série de condições de minha vida... e:: do grupo que eu estudava não ti-ve uma convivência com os colegas.

l2 : eu era praticamente um::... um PÁria dos colegas ficava separado.

l1 : [uhn uhn.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : você foi o mesmo caso??

l2 : ...

l1 : é eu acho que mais ou menos sim.

l1 : quer dizer eu acho que eu também... correspondo a essa (mesma) descrição do sujeito que era... bonzinho.

l1 : ...

l1 : e:: aliás acho que uma coisa boa de ser:: discutida é:: até que ponto é uma coisa positiva essa preferência que as professoras do primário... costumam... dar justamente a esse tipo de menino bonzi::nho passivo... quieto né??

l1 : ...

l2 : eu acho que é uma cois/... eu acredito que isso não funcione.

l2 : ...

l1 : é:: eu acho que [isso é uma coisa mais ou menos negativa né??

l2 : [seja prejudiciAL.

l2 : [para mim pelo menos me prejud/ me:: prejudicou bastante... porque naquela época a gente a gente (era) uma formação... muito grande... principalmente com a formação escoLAR... essa preferência que dá a uma pessoa só... prejudica sem-pre na vida escolar porque a gente vai sem-pre ter essa preferência.

l1 : ...

l2 : ...

l1 : não e eu digo mesmo mesmo ahn::... o caRÁter através do qual essa preferência é concedida quer dizer conceber a preferência a um sujeito que seja bonzi::nho quieti::nho e tal... talvez seja um jeito de:: não sei mas de estar:: valorizan::do certos aspectos ali da... da personalidade da criança... que não seriam exatamente assim os MAIS... valorizá::veis né??

l2 : [é::...

l2 : ...

l2 : [não seria não seria bem... essa:: essa proteção que eles dão... que as as que as professoras dão... eu não sei não sei se seria bem por uma simpati::a que vai nutrir pela criança... se seria uma simpatia que iria nutrir pela famí::lia da criança... ou seria uma simpatia por interesse apenas.

l1 : ...

l2 : ...

l1 : uhn uhn.

l1 : ...

l2 : pelas pela condição da criança.

l2 : ...

l2 : eu não sei.

l2 : ...

doc1 : e nenhum de vocês fez assim:: nenhum ano ANtes do curso primário??

doc1 : ...

l1 : éh:: eu acho que eu fiz sim.

l1 : eu fiz um ano de::... naquele tempo se chamava jardim de infância né??

l1 : hoje em dia::... jardim de infância ainda existe??

l1 : eu não sei ou é maternal::...

l1 : ...

l1 : eu fiz sim.

l1 : eu me lembro que a gente fazia aquelas brincadeiras de massi::nha... ( )...

l2 : [isso eu não fiz.

l2 : eu não fiz isso.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : eu tinha eu fui uma eu fui muito mimado então tr/ essas coisas eu tinha fazia em casa.

l2 : ...

l2 : tinha praticamente uma professora em casa.

l2 : ...

l2 : eu fazia todas essas coisas em casa.

l2 : ...

l2 : eu entrei num grupo...

l2 : ...

l2 : TANto que quando eu fu/ minha mãe foi me matricular me matriculou num colégio de freiras.

l2 : ...

l2 : eu ia fazer o primário num colégio de freiras meu pai não deixou.

l2 : ...

l2 : meu pai tirou em cima da hora... falou assim ''nã::o não dá''.

l2 : ...

l2 : eu ia fazer colégio de freiras.

l2 : ...

l2 : me lembro até hoje a minha mãe me levou na igreja... naquela época eu ia na missa então... eu ia na missa e fazia parte de uma::... como é que chamava?... de um grupo de pessoas... não era filhas de Maria... (porque) filhas Maria era as mulheres era da...

l2 : ...

l2 : como é que é o nome??

l2 : você se lembra (Maria)??

l2 : ...

doc2 : Mariano??

l1 : Maria::nos né::??

doc2 : ...

l2 : [nã::o não é.

l1 : os irmãos Marianos??

l2 : ...

l2 : [era da era do como é que é do::...

l1 : ...

l2 : ...

doc2 : não sei que lá do São José::...

doc2 : ...

l2 : sei lá era umas coisas que punha umas fita no pesc::ço entrava na:: na igreja na frente primeira fi::la e tal e coisa.

l2 : ...

l2 : daí quando eu fui fazer primeira comunhão eu perguntei para o meu pai ''pai por que que eu vou fazer primeira comunhão?''?

l2 : ...

l2 : ele falou assim ''ah porque os vizinhos vão reparar''... [((risos)).

l1 : [((risos))...

l2 : nunca mais fui na igreja.

l2 : ...

l1 : é eu acho que realmente são duas coisas mais ou menos in-dissolúveis né??

l1 : pelo menos aqui... éh:: essa FAse::... de::... de primeira escolarização né? quando você faz primá::rio e tal... e essa experiência religio::sa que você tem também né??

l2 : [é (parece).

l2 : ...

l1 : ...

l1 : são coisas que sempre coincidem né??

l2 : [para mim foi uma fase difícil para mim foi uma fase difícil.

l1 : ...

l1 : [nessa época de:: cateci::smo...

l2 : ...

l2 : eu estava num grupo escolar (onde) a condição financeira das pessoas eram bem baixa.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : eu ia com::... tinha pessoa que me levava de carro me trazia de carro então tinha uma série de fatores... que inclusive me punham in::disposição... com os alunos da escola.

l2 : ...

l1 : uhn uhn.

l1 : ...

l2 : eu levava por exemplo...

l2 : ...

l2 : iam me buscar para tomar lanche em casa.

l2 : ...

l2 : ou senão me davam lanche me dari/ me davam seja um... um pedaço de pão com::... salame... presunto alguma coisa.

l2 : ...

l2 : mas eu gostava de trocar meu lanche... com pão com ovo que a criançada levava que era meio filão de pão... com mortadela... alguma coisa desse tipo porque eu aquilo me agradava.

l1 : ((risos))...

l1 : ...

l2 : ...

l2 : quer dizer eu gostava de... fazer parte do... do da::... por natureza própria você gostava de fazer parte... que aquelas crianças faziam.

l2 : ...

l2 : mas não:: não era permitido fazer.

l2 : ...

l2 : porque eu [tinha...

l1 : [ah havia uma fiscalização sobre a??

l2 : ...

l1 : ...

l2 : é m/ as professoras mesmo não sei se por ordem de minha mãe ou não não deixavam que eu participasse inclusive das brincadeiras do recreio... que eu comesse com os outros... então tinha de comer numa mesa sepa::rada tinha que fazer uma série tudo separado.

l2 : ...

l2 : o banheiro que eu usava não era o das crianças era o banheiro dos professores das professoras.

l2 : ...

l2 : então era uma::... frescura total.

l2 : ...

l1 : isso aí está [me parec/...

l2 : [me enfrescalhou para o resto da vida.

l1 : [((risos))...

l2 : ...

l1 : isso daí está me parecendo mais ou menos a plataforma de um:: partido político que havia na escola politécnica... que:: ahn::... a palavra de ORdem do partido era pela VOLta dos privilégios ((risos)).

l1 : esse negócio de acabar com os privilégios é meio.

l1 : ...

l2 : ah vai cair tudo.

l2 : ...

l1 : ((risos)) vamos conseguir gravar melhor se sobrevivermos ((risos)).

l1 : ...

l1 : mas...

l1 : ...

doc2 : e depois dessa fase de:: de::... de escolarização vocês foram para onde??

doc2 : ...

l1 : não mas eu acho que a gente teria ainda alguma coisa [a mais a comentar né??

l2 : [aquele:: vamos falar... [vamos falar do primário ainda.

l1 : [por exemplo... éh:: eu me lembrei...

l2 : ...

l2 : [só temos uma hora e vinte para falar do primário.

l1 : é.

l1 : ...

l1 : [pois é temos que ((risos)) que ficar ((risos)).

l2 : ...

l2 : [então temos (ficar ficar assim).

l2 : ...

l1 : mas éh:: quando você falou ne/ nessa expressão primeiras letras isso me faz lembrar imediatamente um negócio... do qual eu tomei conhecimento assim há pouco tempo... que atualmente primeiras le-tras é um treco que não tem mais.

l1 : quer dizer atualmente o que tem são primeiras pala::vras né??

l1 : ...

l1 : eu percebi pelo meu sobrinho eu tenho um sobrinho pequeno que está nessa fase agora... que hoje em dia:: o tipo de escolarização não é mais... quer dizer a a criança não aprende mais a ler... ahn:: na base em que a gente aprendeu de ahn:: reconhecer LEtras isoladamente... depois ahn:: começar a reconhecer combinações de DUas letras quer dizer bê a bá pê a pá et cetera.

l1 : ...

l1 : quer dizer hoje em dia pelo menos o método que o meu sobrinho está:: a::prendendo... eu achei bacana... ele já toma conhecimento com a palavra globalmente.

l1 : quer dizer...

l1 : ...

l2 : é os meios de comunicação permitem que a criança tenha um desenvolvimento... mental muito maior.

l2 : um conhecimento.

l1 : [olha eu não sei se isso exige::...

l2 : ...

l2 : [uma... uma ligação palavra... objeto.

l1 : ...

l2 : eu acho que aquele [( ) (é) muito maior.

l1 : [é:: justamente.

l1 : SEM passar por essa fase intermediária da le-tra né??

l2 : ...

l2 : [( )...

l1 : [que é uma coisa que não que não tem::...

l1 : ...

l2 : inclusive os meios de pedagogia estão mais evoluídos.

l2 : ...

l2 : eu me lembro que naquela é::poca a professora tinha a pegar na mão da gente para ensinar a fazer uma letra.

l2 : ...

l2 : pegar fazer o... o o ó o rabi::nho...

l2 : ...

l2 : hoje em dia não eu não acho que eu não acredito que não há essa necessidade.

l2 : ...

l2 : de [pegar muito na mão.

l1 : [é i/ isso que você falou é perfeito.

l2 : ...

l1 : quer dizer... pelo menos eu estava conversando com minha irmã que me contou as teorias lá do::... pessoal do colégio (do) garoto... disse que ahn::... enfim primeiro lugar ahn:: o garoto aprende pa-lavras já globais.

l1 : quer dizer o:: exercício que ele faz ele não sabe ler coisa nenhuma.

l1 : ...

l1 : mas é:: distinguir por exemplo uma palavra... de todas as outras palavras que se podiam formar com a mesma letra mas mudando a ordem.

l1 : ...

l1 : quer dizer... aparece lá:: num quadrinho assim doce... depois três quadrinhos aqui um com cedo:: outro com edoc outro com:: cê ó é::dê enfim... [e para ele assinalar aquele que:: corresponde aquele dali.

l2 : é:: as escolas de [hoje em dia...

l2 : ...

l1 : quer dizer ele não sabe o que que está escrito ele simplesmente está reconhecendo a palavra.

l2 : (então) você veja mudou t/ na época na época que eu estudava não existia por exemplo o que existe hoje.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : outro dia eu fui buscar minha noiva no colégio... na escola que ela leciona... cheguei na escola vi ela no recreio com os alunos... ''que que você está fazendo?'' ''dando recreação''.

l2 : ...

l2 : então as crianças estavam brincando... depois ela ia dar:: soninho... eles iam dormir... e ela não trabalhava evidente.

l2 : ...

l2 : é na época ((risos)) na época que eu estudava não tinha isso.

l2 : quer dizer a professora dava aula do começo ao fim três horas.

l2 : ...

l2 : não tinha brincade::ira não tinha soni::nho depois do depois do lanche não tinha nada disso.

l1 : ahn ahn...

l1 : ...

l2 : ...

l2 : mas a/ essa:: essa parte essa mudança de pedagogia... faz com que a criança aprenda com mais::... rapidez as coisas.

l2 : ...

l2 : ela tem a m::aior facilidade... a/ além da apreensão o desenvolvimento daquilo que aprendeu.

l2 : ...

l2 : nós ficávamos apenas subordinados aquilo que o professor ensinava.

l2 : ...

l2 : agora a criança... parece ser mais esperta do que nós fomos...quando fizemos o primário.

l2 : ...

l1 : é eu diria que são mais privilegia::das né??

l2 : [a professora por exemplo que está ao nosso lado está concordando (está lá).

l1 : ...

l2 : ...

l2 : não quer fazer cafuné e enquanto eu falo??

doc1 : [e como é... e como eram as salas de a::ula??

l2 : ...

doc1 : o colé:gio??

doc1 : ...

l1 : [é.

l2 : [o meu colégio por exemplo era um colégio... ve::lho à beça caindo aos pedaços.

l1 : ...

l2 : do lado tinha uma delegacia a gente via os presos... do lado da sala de aula via os presos num chiqueirinho... mas... prédio velho mesmo.

l2 : ...

l2 : tanto que no banheiro da escola nem entrava tanto que fedia.

l2 : ...

l2 : era um prédio bem velho.

l2 : ...

l2 : ainda existe em Tremembé agora foi um pouco reformado.

l2 : ...

l2 : ah era um:: o chão dele era um:: era todo de madeira... as cadeiras eram aquelas cadeiras que sentavam de dois com o tinteiro no meio da cadeira... aquele tinteiro molhava a pena de... que não era caneta.

l1 : [é era pena também é.

l2 : ...

l2 : [pena.

l2 : ...

l1 : ...

l1 : quer dizer com ((risos))...

l1 : ...

l2 : eu quase atingi:: o tempo da pena de rabo de:: galo.

l2 : ...

l2 : de::... pavão.

l2 : ...

l2 : sério??

l2 : ...

l2 : sério??

l2 : ...

l2 : então tinha caderno de lingua::gem tinha caderno de aritmé::tica tinha caderno de conhecimento gera::is... tinha caderno de caligrafi::a...

l2 : ...

l2 : eu ( )...

l1 : [é o ca/ caderno de caligrafia parecia o de mú::sica né??

l2 : ...

l1 : ...

l2 : i::sso.

l1 : tinha...

l1 : ...

l2 : ...

l2 : as letras eu nunca soube nunca consegui fazer uma letra boa por mais que eu fizesse... caligrafia eu nunca consegui escrever bem.

l2 : ...

l2 : eu fa/ tinha umas... tinha umas letras que eu não escrevia de jeito nenhum.

l2 : ...

l2 : professora pegava na mã::o fazia tudo.

l2 : ...

l2 : quando era para escrever o pê... meu pe não saí::a... o meu gê também não também não saía o meu gê igual ao quê::... o quê saía diferente.

l2 : ...

l1 : eu vejo nisso uma certa chantagem::... assim::... sentimenTAL:: no sentido de conseguir que a professora segurasse na sua mão... não é não? ((risos))?

l2 : [vai ver que era...

l2 : ...

l2 : ((risos))...

l2 : ...

l1 : ...

l2 : é mas eu não conseguia escrever essas letras.

l2 : ...

l2 : e depois...

l2 : ...

l2 : eu ia bem em aritmética.

l2 : ...

l2 : a minha professora do primeiro ano dava uma coisa chamada pos-to.

l2 : ...

l1 : posto??

l1 : ...

l2 : posto.

l2 : ...

l2 : era uma maneira de se aprender... tabuada.

l2 : ...

l1 : uhn::...

l2 : soma e tabuada ao mesmo tempo.

l1 : ...

l2 : então punha os números em cima... tinha os números do la::do ia fazendo... é uma espécie... chamava posto.

l2 : eu nunca soube fazer aquele negócio direito até hoje eu não sei.

l2 : ...

l2 : chamava pos-to.

l2 : ...

l2 : então tinha um::... u::ma travessão uma coisa os números multiplicava somava... era um negócio bacana funcionava para aprender.

l2 : eu nunca soube fazer.

l2 : ...

l2 : mas eu gostava muito de:: matemática sempre gostei.

l2 : ...

l2 : como é/ como é que era tua escola hein??

l2 : ...

l1 : ((risos)) era correspondia mais ou menos a isso.

l1 : eu não sei se é pelo fato de... de::... naquela época a gente ser muito pequeno portanto as recordações serem mais ou menos falsea::das... mas me parecia que o prédio era terrivelmente GRAN::-de...

l1 : quer dizer as pare::des al::tas e tal.

l1 : ...

l1 : muitas janelas... eu sentava sempre numa sala por muito tempo sentei numa sala que dava para ver a avenida Paulista que ainda tinha movimen/ já TInha movimento naquela época.

l1 : ...

l1 : tinha um recreio ótimo que a gente jogava futebol com bola de me::ia e tal.

l1 : sempre esfolava o joe::lho e tal.

l2 : [nunca joguei.

l1 : ...

l2 : ...

l1 : eu eu acho que ao contrário de você eu fui uma criança assim:: bastante::... enfim que teve:: assim abertas as portas do convívio né??

l1 : bastante proximidade.

l2 : [meu divertimen/ meu divertimento o quando eu era pequeno era estudar violino.

l1 : ...

l2 : ...

l1 : ((risos)) os vizinhos deviam adorar ((risos))...

doc1 : inclusive o cachorro.

l1 : ...

l1 : [((risos))...

l2 : [o cachorro.

doc1 : ...

l1 : [o cachorro também.

l2 : [meu cach/ meu cachorro quando eu tocava violino... o cachorro tem uma audição muito sensível né??

l1 : ...

l1 : [é... sim.

l2 : ...

l1 : ...

l2 : então quando eu estou eu eu ia estudar violino ele punha as duas patinhas e cobria a orelha.

l1 : ((risos))...

l2 : ...

l1 : mas outra outra coisa:: que é é um dos mitos aí que a gente no qual a gente sempre ouve falar mas que eu pelo menos pessoalmente não comprovei nem nada parecido com isso... é esse mito de dizer que a criança se apaixona pela professo::ra e ta::l.

l2 : [é:: eu acredito que não.

l1 : isso é bobagem.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : a minha noiva teve um aluno... no quarto ano primário... q::ue inclusive comprou dos colegas o endereço dela.

l2 : ...

l1 : ((risos))...

l2 : pagava cinco cruzeiros para os colegas saberem o endereço dela.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : convidou a ir no programa do Sílvio Santos... ((risos)).

l1 : ((risos))...

l2 : ...

l2 : eu acredito que pos-sa acontecer isso quando a professora é mais nova.

l1 : ...

l2 : agora minha profes/ minhas professoras eram tudo umas velhi::nhas coitadas.

l2 : ...

l2 : não tinha possibiliDAde né??

l1 : [é eu também você veja não podia nem com a gorda nem com a maternal ((risos)).

l2 : ...

l2 : [não você se apro/ você se apaixonou pela filha.

l2 : ...

l1 : pela filha justamente acho que deve ser uma uma forma né??

l1 : de:: de ainda... (justificar em) uma teoria do...

l2 : não mas acho que existe essa:: essa paixão pela professora eu acho que existe quando a professora é nova... é bem provável que exista.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : esse rapaz esse menino aí esse garotinho que se apaix/... que gostava dela... era uma coisa impressionante viu??

l2 : ...

l2 : estava até com ciúmes já.

l2 : ...

l1 : ((risos))...

l1 : ...

l2 : quase que ela me abandona.

l2 : ...

l2 : ((risos)) é um ((risos))... foi uma parada.

l2 : o garotinho... o garotinho ficava se sentava na frente olhando para cara dela (o tempo todo assim).

l2 : ...

l2 : ela me contava pelo menos.

l2 : ...

l2 : e e eu acredito que deve ser tenho certeza que é verdade que ela não mente.

l2 : ...

l2 : o garotinho comprava o endereço dela.

l2 : ...

l2 : depois teve um programa do Sílvio Santos uma vez que era para levar a professora mais bonita... [(aí ele queria) por força levar o menino ficou doente... o menino chegou a ficar doente (já) ficou??

l1 : [((risos))...

l1 : ...

l2 : ...

l2 : o menino chegou a ficar doente porque queria por força levá-la no programa.

l2 : eu falei para ela ''va::i minha filha'' ''vai contentar o garoto né?''?

l2 : ...

l2 : não ganha não vai ganhar o concu/ não vai ganhar o concurso... mas pelo menos vai ((risos)).

l1 : ((risos))...

l1 : ...

l2 : mas ela não foi.

l2 : ...

l2 : mas éh::... acho que existe essa possibilidade.

l2 : ...

l2 : deve existir.

l1 : ahn ahn.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : éh:: não é as/ o a pai/ a paixão é aquela... é um afeto de mãe.

doc1 : [substituição da mãe.

l2 : substituição da mãe.

doc1 : ...

l2 : ...

l2 : muito obrigado.

l2 : ...

l1 : bom e por outro lado eu tenho a impressão que na época que a gente fez o primá::rio a gente tinha um tipo de vida... assim pelo menos::... intelectualmente muito mais sadi::a no sentido de que... naquela época praticamente não existia televisão não é??

l1 : ...

l1 : ou pelo menos estava tão no começo e:: enfim.

l2 : [a gente fazia as coisas mais escondido não é? atrás do muro.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : quer dizer:: a gente falava as besteiras mais escondi::dos...

l1 : [não eu acho que a gente não ti/ eu acho que e/ esse simples fato de você não ter em cima de você a influência neFASta de televisão... fazia com que:: sei lá compensasse mais ou menos ( )...

l2 : ...

l2 : [não eu acho que.. não sei eu acho que agora agora a televisão apenas mostra claramente aquilo que a gente fazia escondido.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : eu me lembro meu pai por exemplo meu pai meu pai tinha umas revistas de nudismo em casa quando eu estava no primário... eu ficava vendo as revi::stas de mulher pelada (revista) escondi::do (lá) correndo... quer dizer::... era pior.

l2 : ...

l2 : hoje hoje o meu irmão depois já... o meu irmão já quando nasceu já não teve esse problema.

l2 : ...

l2 : ele via as mulheres peladas na televisão.

l1 : não eu::... ((riso))... não eu nego que e:: não só a televisão como todo:: enfim... todo o outro o resto do contexto em que a gente vive se-ja realmente mais sadio... mas eu acho que e::... ter sido LIvre desse:: desse fanTASma... quer dizer no sentido em que você era uma criança que não... que não tinha divertimentos muito paSSIvos quer dizer que não ficava para::do em frente.

l2 : ...

l2 : [não sei eu acho que a criança hoje em dia deva desde o começo... ser posta à frente aos problemas da...

l1 : ...

l2 : (tan/) as coisa reais aquilo que deve acontecer aquilo que é.

l2 : ...

l2 : não deva apenas escondê-las.

l1 : [pois é mas eu acho que colocá-la na frente de uma televisão é... é justamente fugir disso não é??

l2 : ...

l1 : quer dizer:: ( )...

l2 : [nã::o ela está vendo ela está vendo já uma série de coisa inclusive... ( ) ela ela está sendo educada pela televisão... de uma forma indireta.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : embora a televisão apareça mu::ita besteira mu::ita porcaria você pode ir mostrando a ela aquilo que ela não deve fazer.

l2 : ...

l1 : é mas eu não sei não eu tenho um certo medo (disso).

l2 : [difícil não é??

l2 : de conseguir isso.

doc1 : [( ) é o método mais... errado que se pode usar mostrar.

l1 : ...

l2 : ...

doc1 : ...

l2 : não é sua entrevista.

l1 : ((risos))...

l2 : ...

doc2 : mas é agora acho que vocês podem falar para gente e depois daí do primá::rio vocês... fizeram como??

l1 : ...

doc2 : ...

l1 : bom:: depois do priMÁrio eu acho que nós canonicamente fizemos o giná::sio ((risos)).

l1 : [( )...

l2 : [nossos pa::is nos obriga::ram a fazer o ginásio (então) vocês vão fazer o ginásio...

l1 : ...

l1 : ((risos))...

l1 : ...

l2 : ...

doc2 : e como que era aí??

doc2 : aí aí continuava esse não entrosamen::to ou aí já...

l2 : [não não... no ginásio... eu fiz admissão.

doc2 : ...

l2 : ...

l2 : evidente... fazia admissão.

l2 : ...

l2 : então eu fiz três meses de admissão... era difícil entrar no ginásio do estado meu pai obrigava ''não tem que entrar no ginásio do estado'' mas era difícil entrar.

l2 : ...

l2 : nos três meses de admissão que eu fiz eu tive coqueluche catapora sarampo... tive tudo.

l2 : ...

l2 : todas aquelas doenças que davam no/ no/ normalmente.

l2 : ...

l2 : nessa época uma pessoa que eu gostava muito... estava hospitalizada... morreu... meu avô... então... e (me) pediu a mim Carlos entre no colégio no ginásio.

l2 : eu sei que em um mês eu me preparei entrei em terceiro lugar no colégio do estado.

l2 : ...

l2 : colégio Estadual Conselheiro Rui Barbosa.

l2 : ...

l2 : em Tremembé.

l2 : ...

l2 : entrei no primeiro ano.

l2 : ...

l2 : então o primeiro ano comecei a ter educação física.

l2 : foi o meu primeiro trauma... por problemas de não convivência com os outros::.

l2 : ...

l2 : todo mundo foi:: no dia de educação foi no banheiro mudar de roupa... na frente do outro mudando de roupa... eu não mudei.

l2 : ...

l2 : eu fiquei lá e não mudei porque senti vergonha.

l2 : ...

l2 : nunca tinha tirado a roupa na frente dos outros ( )?

l2 : ...

l2 : no ahn e no::... vestiário dos rapazes todos... mudavam de roupa juntos.

l2 : eu não mudei.

l2 : ...

l2 : levei uma surra desgraçada!

l2 : ...

l2 : me torceram o braço... me deram tapa... aí eu cheguei em casa e falei ''pai não dá mais'' para mudar o negócio né??

l2 : ...

l2 : aí entrei numa academia de judô.

l2 : ...

l1 : ((risos))... que bom ((risos)).

l1 : ...

l2 : daí entrei numa academia de judô.

l2 : daí eu falei o negócio vai mudar.

l2 : ...

l2 : daí mudou.

l2 : ...

l2 : daí comecei a ver o entrosamento.

l2 : daí foi um entrosamento inclusive... demasiado que me prejudicou... por uma série de fatores.

l2 : daí começou (haver) um entrosamento bem grande.

l2 : ...

l2 : no ginásio eu tinha no primeiro ano ano uma série de matérias tinha... uma matéria especial trabalhos manuais você teve no primeira série??

l1 : [era chato.

l2 : ...

l2 : [chato.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : então todo mundo fazia cestas... gran::des para mãe...

l2 : ...

l1 : tapete::...

l2 : [eu fazia uma cestinha...

l1 : ...

l2 : tapete.

l2 : ...

l2 : então eles faziam uma cestas gran::des né? para mãe ir na feira.

l2 : eu fiz uma desse tamainho com argola de cortina.

l1 : ((risos))...

l2 : ...

l2 : e ainda porque:: a minha mãe terminou... porque eu não... tenho... mãos... não tenho paciência para fazer nada que é manual e não gosto.

l1 : ...

doc1 : ((risos))...

doc1 : ...

l2 : ...

l2 : tinha uma má/ matéria que eu gostava sobremaneira matemática.

l2 : ...

l2 : eu fui sempre bom aluno de matemática... tanto que eu pretendia fazer física nuclear.

l1 : uhn uhn.

l2 : ...

l1 : ...

l2 : gostava mu::ito de matemática.

l2 : ...

l2 : e tinha um professor chamado João Sobenco... um alemão... professor... ele não ia com a minha cara.

l2 : eu exigia tirar dez em matemática fazia as coisas certas.

l2 : então na prova na quando tinha prova dividia a classe á bê e cê eu era aluno eu era a turma cê.

l2 : ...

l2 : eu era sozinho na turma cê.

l2 : ...

l2 : aí ele fazia a prova.

l2 : ...

l2 : ÚLtima prova do ano eu me lembro do primeiro ano ele me deu nota nove... eu pedi revisão de pro::va já era marrudo... negócio de fui pedir revisão de pro::va porque eu queria dez... ele achou oito ( ) não estavam bem feitos ele tirou um ponto.

l2 : ...

l2 : então... eu tinha um professor de português chamado Her-mínio... desses desses desses desses camaradas assim neuróticos eles vão sentar então eles limpam a:: limpam a::... a cadeira com ál::cool chegam em casa desinfetam a mão com á::lcool... todo meticulo::so né? todo... então (tinha esse) Her-mínio.

l2 : ...

l2 : então no exame a tinha que fazer exame oral:: exame escrito essas coisas.

l2 : ...

l2 : e tinha que passar por dois examinadores quando não ia bem.

l2 : ...

l2 : eu nunca fui bom aluno de português eu fui sempre péssimo aluno de português não acentuava as pala::vras escrevia erra::do... até hoje.

l2 : ...

l2 : então esse professor Hermínio me deixou de segunda época.

l2 : primeira vez que eu fiquei de segunda época.

l2 : ...

l2 : foi a primeira da SÉrie de (frequências).

l2 : ...

l2 : então esse professor Hermínio me deixou de segunda época... em português no primeiro ano.

l2 : cheguei em casa contei a minha mãe e tal e coisa... me pôs num professor particular que era um capitão da Força PÚblica... capitão Marche-tti.

l2 : ...

l2 : era um homem muito simpá::tico muito educado ele ia em casa de camiseta dar aulas de português.

l1 : ((risos))...

l2 : ...

l2 : me lembro até hoje.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : ele chegava em casa de camiseta peludo... né?... transpirando de camiseta (na) aula de português.

l2 : ...

l2 : mas ele ( ) conhecimento ele tinha um conhecimento profundo de português.

l2 : tive aula com ele e tive aula com um outro homem... que se chamava professor... René.

l2 : ...

l2 : esse homem era um poe::ta e tal e coisa.

l2 : então aprendi a gostar de português aprendi a gostar de literatura embora eu já lesse muito que em casa tinha uma boa biblioteca eu já::... eu já lesse.

l2 : ...

l2 : aí no colégio então eu comecei a participar::... começou haver entrosamento de grupo maior... embora ainda houvesse uma pequena separação::... em certos seto::res... eu não participava não saía quando eu saía eu saía acompanha::do... tinha uma série de coisas eu comecei a me (sobressair) já.

l2 : comecei::... a ficar mais senhor de mim.

l2 : ...

l2 : ganhei um ganhei logo no início um campeonato de judô:: comecei a me sentir melhor daí os cara olhava feio eu já ia brigar... então já melhorou as coisas::.

l2 : não sei se para você deve ter acontecido a mesma coisa embora você tivesse tido... você já... teve anteriormente um... um entrosamento maior social.

l1 : [não mas a ques/ éh::... é entrosamento social realmente eu nunca t/ não e:: eu acho que eu jamais tive assim de uma forma muito acentuada.

l2 : ...

l1 : o que eu não tive foi essa dificulDAde de entrosamento né??

l1 : isso realmente eu não tive.

l1 : ...

l1 : e:: gozado que eu eu também tenho... se bem que sejam:: de qualidade diferente mas... lembranças bem marcadas em relação a essas aulas de educação fí::sica também que tinha gozado isso né??

l1 : ...

l1 : o::... e:: eu também fazia num ginásio de Estado as aulas eram... éh:: de manhã... e só sobrava para educação física um horário:: incrivelmente::... madrugadal né??

l1 : ...

l1 : quer dizer:: eu acho incrível hoje em dia quando eu penso naquilo eu acho inacreditável.

l1 : tinha aula de educação física seis horas da manhã.

l1 : ...

l1 : quer dizer sei lá:: moleque do quê? de treze anos não é? me lembro que eu saía de ca::sa... na véspera de?

l2 : [(exagero).

l2 : ...

l1 : me lembro que eu saía de ca::sa... na véspera da:: houve um ano em que na VÉSpera da aula de da educação física... eu vítima (como) era de televisão tinha o programa que eu MAIS adorava era na VÉSpera... de desse dia que eu tinha que levantar naquela madrugada terrível eu não podi::a assistir o progra::ma e tal.

l1 : ...

l1 : mas por outro lado eu adorava as aulas de educação física.

l1 : ...

l1 : eram sempre duas por semana uma delas eu achava muito chata que o professor mandava fazer ginástica e tal eu muito brasileiramente indisciplinado preguiçoso e tal não gostava daquilo.

l2 : [saiu uma reportagem sobre isso na Veja... da::... da reportagem do ( ) Jarbas Passarinho.

l1 : ...

l1 : [a respeito das olimpí::adas??

l1 : ...

l2 : é das... ele falou a respeito da:: do brasileiro gostar quando chega em vez de fazer educação física...

l1 : é.

l1 : ...

l1 : [é vai já vai jogar.

l2 : ...

l2 : [já vai jogar.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : que ele viu como se alguém alguém viu da janela do hotel... em no Japão o camarada ficar o dia todo jogando...

l2 : ...

l1 : jogando vôlei na parede não é??

l2 : na parede.

l2 : o dia todo só treinando... os saques o brasileiro não já... já fazia equipe já ia jogar na... metade para cada lado.

l2 : ...

l1 : e às vezes também (a gente) quer dizer eu eu tinha um dia que eu adora::va tinha um joguinho de basquete lá:: apesar de ser ALto como sou né? eu adora::va jogar basquete tal.

l1 : ...

l1 : e gozado que até hoje... é eu de vez em quando ainda ainda sonho um tipo de coisa que me deixava louco da vida tinha dias... que eu chegava atrasa::do... e e e chegava atrasado jus-to no dia que era basquete né?... então chegava seis e dez:: assim não podia mais entrar na aula... ficava LOUco da vida a molecada toda jogando e eu ali marginalizado olhando e tal negócio que até hoje eu SOnho assim quando eu tenho sonhos desagradáveis (é) sempre eles.

l2 : [não deixavam fazer.

l2 : ...

l2 : [eu gostava (mesmo).

l2 : ...

l2 : [eu gostava de fazer educação física.

l2 : [eu gostava que...

l2 : ...

l2 : [eu gostava de fazer educação física só quando tinha jogo meu problema era diferente quando tinha jogo... eu não gostava porque eu ficava de fora porque eu não sei jogar nada.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : onde tem bola eu não dou bem.

l1 : ((risos))...

l2 : ...

l1 : ...

l2 : futebol não dava bem:: jogava de goleiro... entrava todas na frente só não acertava um chute.

l2 : ...

l2 : basquete a:: a cesta era muito alta.

l2 : ...

l2 : quer dizer não::... era maior do que o normal... de uma quadra de basquete.

l2 : ...

l2 : eu só me dava bem onde tinha ginástica mesmo... ginástica eu fazia bem que eu tinha:: o (meu)... tinha um físico que se apropriava aquela ginástica.

l2 : ...

l2 : agora jogos em si eu... eu ia mal.

l2 : ...

l2 : depois no:: colégio basquete comecei a jogar... basquete... porque no:: resto futebol ( ) no ginásio nunca conseguia jogar.

l2 : ...

l2 : ficava sempre de fora.

l2 : quer dizer escolhia escolho esse escolho esse eu lá.

l1 : ((risos))...

l2 : ...

l1 : ...

l2 : nunca chegava a minha vez.

l2 : ...

doc2 : e além de esporte assim como integrador lá... a existiam outras coisas para intrega/ integrar os alunos??

l1 : [uhn eu acho que não viu??

doc2 : ...

l1 : eu acho que havia uma integração assim mais ou menos:: a a pouca integração que havia era:: mais ou menos espontânea.

l1 : assim não que houvesse ali pelo menos no meu caso não havia nenhum... nenhum organismo assim que:: que propiciasse esse tipo de coisa não é??

l2 : [é nessas é/ nessa época começou os bailinhos não começavam? para as formaturas da quarta sé::rie...

l1 : ...

l1 : ih que nada ( ) eu só comecei a ir em bailinho em científico.

l2 : ...

l1 : por aí:: eu era muito bobão::.

l1 : ...

l1 : quer dizer era é::... esse tipo de coisa foi... começou muito tar::de para mim.

l1 : ...

l1 : bailinho eu me lembro que eu devia ter o que? uns dezesseis dezessete anos.

l1 : quer dizer hoje em dia com essa idade... parece aquela piada do Dom Rossé Cavaca né? menininhas de treze anos... não menininhas de nove anos que fumam como se tivesse onze ((risos)) hoje em dia a coisa já está...

l1 : ...

l2 : era não na/ porque naquela época eu me lembro dava bailes ( ) colégios para arrecadar dinheiro para formatura do ginásio.

l2 : ...

l2 : então dava um dinheiros para arrecadar... dava uns bailes para arrecadar dinheiro para formatura do ginásio.

l2 : ...

l2 : eu não sabia dançar... não sabia nunca soube até hoje.

l2 : ...

l2 : mas eu ia.

l2 : ...

l2 : eu ia ficava observan::do... comecei:: a experimentar as primeiras cubas...

l2 : ...

l1 : é... ((risos)).

l2 : fumar eu não fumei nunca gostei.

l1 : ...

l1 : [uma bebida execrável como é que a gente tomava aquilo? ((risos))?

l2 : ...

l2 : ( )...

l2 : ...

doc1 : e como era o relacionamento com professor??

l1 : ...

doc1 : ...

doc1 : [( )?

l1 : [com o professor??

doc1 : ...

l1 : ...

l1 : bom eu acho que não:: havia uma regra geral né??

l1 : ...

l1 : eu tinha também éh::... uhn::... bom ahn:: acho que se se a gente tem que limitar aí aquilo do que a gente vai faLAR... nós tínhamos um professor que acho que marcou profundamente como acho que:: de resto acontece com todo mundo né??

l1 : ...

l1 : mas tinha UM professor em particular que marcou de um jeito mais ou menos definitivo a turma toda.

l1 : ...

l1 : quer dizer... uma turma de giNÁsio que tinha o que? uns quarenta cinquenta alunos? eu creio que há aproximadamente assim de vinte a trinta na área de matemá::tica física:: engenhari::a e tal né??

l1 : ...

l1 : acredito eu que por influência muito marcada desse cara.

l1 : ...

l1 : era um cara muito extrovertido... ahn:: tinha assim um apelo externo para todo mundo porque era um cara que tinha um jaguar que naquela época era:: não é?... e:: um sujeito muito brincalhão griTA::va botava apelido em todo mundo... meu nome é Marinho Brandão né? então o meu em particular ele troca::va quer dizer ele não achava que eu era um Marinho Brandão ele achava que eu era o Marão Brandinho.

l1 : e:: para todo aluno ele tinha um nome ahn:: enfim chamava cada aluno de um nome particular quer dizer cada aluno:: e ele:: se particularizava com cada sujeito chamando-o de uma maneira diferente daquela que o cara era chamado...

l1 : ...

l1 : bom é/ era um sujeito Ótimo excelente exigia violentamente da turma... e ahn::... co/ esse cara... participou do dos maiores foras assim da minha vida estudantil.

l1 : ...

l1 : como não podia deixar de ser num colégio em que tem um sujeito como ele que tem a personalidade assim preponderante... e uma mulher também que chama a atenção que no caso era::... como é que se chamava? orientadora educacional ou coisa que o valha... mais ou menos inevitável que todo mundo fala ih:: o fulano com a fulana e tal.

l1 : é óbvio que não tinha coisa nenhuma né? mas é aquela fantasia adolescente e tal.

l1 : ...

l1 : e esse cara o professor tinha um gesto TÍ-pico ele adorava fazer a::... enfim ahn:: em relação às mais diferentes solicitações ele fazia assim... VOCÊ:: AÍ:: e não sei o que e tal... e um dia veio a orientadora pedagógica na escola com o filhinho dela... obviamente ela era casa::da veio com o filhinho não sei porque né?... e eu tentando ser muito gentil como sempre tal passou o filhinho e o menininho quando passou perto de mim criança não tem muita coordenação motora ((risos)) e eu inadvertidamente falei ih:: olha parecido com o Teixeira ((risos))!

l1 : acho que eu não dormi durante três dias assim depois imaginando o que que eu tinha di::to...

l1 : ...

l1 : o que que tinha pensa::do e tal quais as minhas torturas adolescentes assim... ((risos))...

l1 : eu tenho essa péssima mania de realmente falar o que não de::ve ((risos)).

l2 : ((risos))...

l2 : ...

l1 : mas... é acho que fora esse sujeito não sei tinha um outro professor de francês... também era um velhinho extremamente elegante...

l1 : quer dizer que correspondia aquela imagem ( ).

l2 : [como era o nome desse velhinho??

l2 : ...

l1 : ...

l1 : era::... ele morreu... foi logo depois que ele começou a dar aula para gente OTÁvio.

doc1 : ( )

doc1 : ...

l1 : ...

l1 : O::távio não sei do que.

l1 : ...

l2 : ele tinha um livrinho de poesias de tradução france::sa??

l2 : ...

l1 : que eu saiba não.

l1 : ...

l1 : talvez tivesse.

l1 : quer dizer Otávio ali nas suas horas solitárias ((risos))...

l1 : mas esse eu me lembro também que ahn:: a gente se lembrava dele porque ele limpava a mão suja de giz no rosto dos alunos... ((risos)).

l2 : ((risos))...

doc1 : ((risos))...

l2 : ...

doc1 : ...

l1 : aluno de primeiro ano naquela como a gente era passivo né??

l1 : quer dizer imagino hoje em dia o professor de francês passando a mão na cara de um aluno eu acho que há uma revolução no colégio.

l2 : ((risos))...

l2 : ...

l2 : não mas para mim era pior!

l1 : ...

l1 : [a gente era tão passi::vo tão cordeiro...

l2 : ...

l2 : [para mim ainda era pior ( )...

l2 : ...

l1 : ...

l2 : eu ia de calça curta.

l2 : ...

l1 : ah é?... ((riso))?

l1 : ...

l2 : eu sou peludo... então o diretor da faculd/ do:: ginásio... ia me puxar o pelo da perna.

l2 : ...

l1 : ((risos))...

l1 : ...

l2 : eu passava lá ele tchum pra mim... ''tua mãe precisa comprar calça comprida''.

l2 : ...

l2 : minha mãe queria que eu andasse até os catorze anos de calça comprida catorze anos eu já era barbado.

l1 : ((risos))...

l2 : ...

l1 : ...

l2 : de calça curta quer dizer.

l2 : ...

l1 : (agora) isso isso é outra coisa da qual a gente não falou mas e:: eu acho uma constante... esse tipo de... prepotência física... que professor exerce sobre o aluno enquanto é criança.

l1 : não sei se hoje em dia ainda tem isso... mas eu além desse grupo eu fiz ahn::... bom não não... e::u digo professor homem... eu me lembro que antes de fazer o grupo eu fiz por uns três meses um colégio de padre que hoje em dia é muito badalado aí o Santo Américo... no tempo que eu fiz era lá na cidade eram uns padres húngaros eu acho... nossa mãe mas que violência viu??

l1 : ...

l1 : qualquer coisa... pé pé tapa:: beliscão...

l2 : [aquele meu primo Toninho que é casado com aquela turca lá na foi morar na Paes de Barros ele tem um ouvido que ele é surdo... de um tapa que ele levou de um padre.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : ele acabou com o padre mas o/... levou um::... tapa que ficou surdo de um ouvido.

l2 : ...

l2 : de um padre não sei o que o padre falou para ele mandou... o padre também para não sei que lugar...

l1 : ((risos))...

l2 : ...

l2 : ele tem um:: ele tem um ouvido surdo de um tapa que levou de um padre ele não escuta de um ouvido.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : uma... é uma é um crime padre.

l2 : ...

doc2 : e::... depo/...

l2 : [eu já vou acabar de falar do ginásio.

doc2 : ...

l2 : ...

l2 : está quase acabando o ginásio.

l2 : então no ginásio o que aconteceu mais??

l2 : eu tive um professor chamado João ( )... eu tive um caso...

l2 : ...

doc2 : mas me fala como é que e::ra como é que funcionava o sistema ( )...

l2 : [então eu vou falar.

l2 : ...

l2 : o meu ginásio era pequeno tinha... cinco salas de aula apenas.

doc2 : ...

l2 : ...

l2 : quatro salas de aula... ( ) de lanche... eu era o responsável pelo departamento de Ciências do:: ginásio fazia parte de ciências... então fi/ esta/ ficava tomando conta ficava arrumando as coisas lá não tinha nada mas eu ficava arrumando o que tinha porque eu gostava.

l2 : ...

l2 : tinha um::... teve... um:: professor... que me au/... que:: me mostrou muito para mim estudar francês... ele era secretário do embaixador Santiago Dantas... ele chamava::... Vila Boas.

l2 : ...

l2 : esse homem falava... uma série de idiomas inclusive.

l2 : ...

l2 : ele era comunista.

l2 : ...

l2 : uma vez ele foi jantar em casa... então ele falou para o meu pai assim... ''isso aqui é um absurdo o senhor ter uma casa desse tamanho''... ''isso aqui dá para morar não sei quantas família'' ''uma família ali uma família aqui pode morar umas quatro famílias aqui nessa CAsa''.

l2 : ...

l2 : eles achavam um absurdo era um professor comunista.

l2 : ...

l2 : e TIve um professor de desenho... que hoje é meu aluno na faculdade.

l2 : ...

l1 : ah é??

l1 : ...

l1 : bacana!

l1 : ...

l2 : e e ele é foi pro/ meu professor de dese::nho hoje eu dou aula a ele no terceiro ano... ele faz Direito.

l2 : ...

doc2 : e:: ahn vocês não estraNHAram a passagem assim do:: do priMÁrio para o giná::sio? não havia um::... diferenças de proce::ssos e tal??

doc2 : ...

doc2 : [como era...

l2 : [havia havia uma diferença total no primário a gente tinha umas aquelas materinhas no ginásio... é naquele... por sinal naquela época é que era... era o problema havia uma diferença brutal.

doc2 : ...

l2 : ...

l2 : ( )... no grupo escolar saía saía fazendo aritmética entrava no ginásio aprendendo geo a a álgebra.

l2 : ...

l2 : puxa vida (como é que) ( )...

l1 : [tinha um primeiro ano que era mais ou menos::...

l2 : ...

l2 : [mas assim mesmo muDAva tinha pelo menos no meu primeiro ano... fazia ca/ faziam cálculos de de cilí::trio uma série de coisas puxa vida que coisa que que é isso?... né??

l1 : ...

l2 : ...

l1 : é esses primeiros anos são sempre trá::gicos né??

l1 : trágico no sentido de que a mudança é (sempre radical).

l2 : é foi uma mudança foi uma mudança radical.

l2 : [que HOje eu acredito que não aconteça isso.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : (principalmente) com a matemática moderna não aconteça isso.

l2 : ...

l1 : é eu não sei se esse tipo de coisa interessa aí para o nosso... bate-papo mas ahn::...

l1 : ...

l2 : está longo nosso bate-papo já quanto falta??

l2 : ...

doc1 : vinte.

doc1 : ...

l1 : (não eu acho que) a gente poderia falar mais sobre se esse tipo de coisa que a gente está falando é o que é que interessa...

l2 : [falta vinte minutos ainda??

l2 : ...

l2 : [está falando é assim mesmo??

l2 : ...

l1 : ...

doc1 : só que seria bom vocês mudarem um pouco de::... de curso para chegar até o fim.

doc1 : ...

l1 : ah:: tá.

l1 : ...

l2 : [vamos ao colegial.

l1 : [e:: agora...

l1 : ...

l1 : isso colegial.

l2 : ...

l2 : [estamos entrando no colegial agora.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : fala você depois falo eu.

l2 : ...

l1 : éh::...

l1 : ...

l2 : você fez aonde o colegial??

l2 : ...

l1 : no mesmo colégio no tal Alberto Conte no colégio estadual.

l1 : ...

l1 : termiNEI o colegial também...

l1 : ...

doc2 : mas é aqui perto.

l1 : ahn...

l1 : ...

doc2 : ...

l1 : é aqui perto é.

l1 : ...

l1 : terminei o colegial na boate azu::l no colégio Ipiran::ga.

l2 : [boate azul??

l1 : ...

l2 : ...

l1 : é no colégio Ipiran::ga fiz o terceiro científico à noite porque eu fazia cursinho durante o dia.

l1 : ...

l1 : e colegial para mim o que eu me lembro é isso era um:: era uma Época em que eu fundamentalmente me preparava para o vestibular.

l1 : quer dizer eu acho que eu tive essa... essa deformação assim de... de::... me dirigir:: muito especificamente desde cedo.

l1 : quer dizer desde que eu comecei a fazer o científico eu já estava preocupa::do com vestibular:: e tal.

l2 : [o problema acho que é ainda é atual:: e o problema (do) vestibular todo mundo se preocupa com vestibular.

l1 : ...

l1 : é::...

l1 : ...

l2 : ...

l1 : por outro lado eu acho por incrível que pareça o curso científico que eu fiz... foi e:: muito mais do que o giná::sio... ahn:: contribuiu muito mais... para o pouco que eu tenho mas enfim::... do que eu tenho assim de de cultura humanística e tal.

l2 : é:: quando a gente começa [(aprender filosofi::a)...

l1 : ...

l1 : [( ) você ti/ tinha tão poucas matérias quer dizer tinha português... tinha francês ainda tinha as histórias né??

l2 : ...

l1 : ...

l1 : eu não cheguei a ter curso de filosofia.

l1 : ...

l1 : mas éh:: eu não sei porque não sei se era o o a maneira como era da::do você começava a ver literatu::ra [france::sa e tal...

l2 : [é:: história da literatu::ra...

l1 : ...

l2 : ...

l1 : me lembro que:: ahn:: [achava Ótimo excelente.

l2 : [eu comecei fazer... comecei fazer o colegial... no colégio estadual doutor Otávio Mendes em Santana.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : só que eu quando estava no ginásio eu fiz eu fiz eu quis ir para mari::nha para escola dos oficiais da Marinha... não quis não falaram assim que eu iria ser marinheiro... então::... me preparei especificamente para aquilo.

l2 : então quando eu... eu não entrei por causa da vista eu tive um problema de vista... tenho astigmatismo e miopia... eles:: eu fiquei des::/ assim desorientado... no colegial.

l2 : ...

l2 : no colegial eu fiquei desorientado.

l2 : quer dizer eu não sabia... tinha de escolher no meu colégio entre o::... científico para medicina e científico para engenharia

l2 : ...

l2 : então... eu fui fazer no Pais Leme.

l2 : ...

l2 : colegial.

l2 : falei assim ''ah vou mudar e fazer no Pais Leme''... chegou no Pais Leme fui fazer um teste vocacional no... Paulo Gaudêncio... Paulo Gaudêncio chegou a uma triste conclusão... eu dava para fazer engenharia e dava para fazer ciências humanas.

l2 : ...

l2 : então... eu era:: não tinha nada que fazer... comecei a fazer o científico comecei a fazer o clássico.

l2 : ...

l2 : o científico no::... Pais Leme... e o clássico no::... Otávio Mendes::.

l2 : ...

l2 : daí eu fui expulso do Pais Leme.

l2 : ...

l1 : ((riso))...

l1 : ...

l2 : terminei o clássico.

l2 : ...

l2 : mas... continuei::... não... passei para um outro colégio Albino César fazendo científico uma turbulência o meu colegial.

l2 : ...

l2 : naquela época a gente não::... sabe?... (aquilo) era uma turbulência tremenda.

l2 : ...

l2 : foi nessa ( ) no fim do colegial conheci:: uma moça... então:: ela me ordenou assim mais ou menos né::? daí deu certo ((risos)).

l1 : ((risos))...

l2 : ...

l1 : ...

l2 : nós estamos fazendo bodas de prata de namoro ((risos)) então:: daí deu certo.

doc2 : ((risos))...

l1 : ((risos))...

doc2 : ...

l1 : ...

l2 : não porque foi gozado... porque no/ então estávamos no fim do colegial... pensando em curSInho... quando eu a conheci.

l2 : ...

l2 : então:: não sabia direito ainda o que eu ia fazer no fim do colegial... estava:: meio atordoado não sei o que eu faço direito faço administração faço engenharia'' ''quero fazer física nuclear''... acho que vou fazer física nuclear porque falavam que era mais difícil''.

l2 : ...

l2 : eu tinha mania de fazer tudo que era mais difícil.

l2 : ...

l2 : um fazia uma fazia só o clássico e eu ia fazer clássico e científico.

l2 : ...

l2 : então eu comecei fazer... sei lá eu fiz tanta coisa no colegial!

l2 : foi uma... época até hoje... não até pouco até pouco tempo atrás foi aquela época de turbulência queria (estar) fazendo bastante coisa para descobrir o que você quer.

l2 : ...

l2 : quando você descobre então você fica contente.

l2 : ...

l2 : mas o meu colegial me marcou... primeiramente foi uma professora... que me fazia fazer teatro.

l2 : ...

l2 : representar.

l2 : ...

l2 : eu representava Racine Moliére... depois... foi... um professor de história chamado Vivalde... eu gosto muito de história e esse homem foi muito meu amigo... é louco... tornou-se meu amigo muito facilmente.

l2 : ...

l2 : então... esse professor de história... de/ devido a eu ter uma certa cultura... his/ em história... ele tornou-se meu amigo particular esse homem.

l2 : ...

l2 : ia na minha casa ele chegou ao cúmulo esse homem... teve uma época do colegial... que eu comecei a trabalhar... e eu trabalhava em um serviço que me:: marcou tremendamente... eu fui ser investigador de polícia.

l2 : ...

l2 : era um negócio horroroso!

l2 : ...

l2 : o meu primo era diretor... segurança pública... falou assim:: fiz dezoito anos ele falou ''você vai ser investigador de polícia'' então está bom lá vou eu.

l2 : ...

l2 : quer dizer o cara que saiu de uma:: de uma série de mimos... passou de repente... a uma s::/ a uma fase da vida completamente::... horrorosa.

l2 : ...

l2 : então eu trabalhava à noite na polícia de manhã fazia o colegial à tarde fazia Aliança Francesa.

l2 : ...

l2 : um dia eu estava nervoso esse professor... não sei o que ele falou ele me deu zero na pro::va não sei eu não tinha feito NAda na prova estava nerv/ não conseguia escrever de choro... aí peguei a prova r/ amassei joguei no rosto dele.

l2 : ...

l2 : um aluno lá atrás levantou PROFESSOR... ''cai (FORA) da classe'' quer dizer o homem era meu amigo... desabafou no outro pôs o outro fora da classe.

l2 : ...

l2 : eu saí da classe ele veio me procurar lá... evidentemente eu chore::i e tal coisa ficamos... resolvemos o problema.

l2 : ...

l2 : mas... no colégio tinha:: não sei eu tinha uma facilidade de fazer amigos com os professo::res com os cole::gas...

l2 : ...

l2 : colégio foi uma fase:: assim::... em questão de::... ambientação muito boa.

l2 : ...

l2 : em questão de ver... o rumo de:: profissão... foi uma fase difícil.

l2 : ...

l2 : porque eu tenho muita facilidade... de me adaptar a uma série de coisas.

l2 : ...

l2 : então era um excelente aluno de física era um excelente aluno de matemática.

l2 : ...

l2 : era mesmo.

l2 : ...

l2 : gostava tremendamente de matemática e de física.

l2 : ...

l2 : mas me saía muito bem em filosofia também.

l2 : ...

l2 : eu era o líder de grupo de filosofia.

l2 : ...

l2 : fazia desenho muito bem.

l2 : ...

l2 : inclusive faço parte da São Paulo dos pintores.

l2 : ...

l2 : então foi uma fase que você fica na dúvida... ou você não sabe fazer nada... ou você gosta de tudo então passei a gostar de tudo.

l2 : ...

l2 : então comecei a fazer administração... [comecei a fazer administração comecei a fazer:: economi/ comecei a fazer economia e direito.

l1 : [( ) meio chata (né)??

l1 : ...

l2 : ...

l2 : no fim optei por direito... me sinto melhor em direito... dentro do ramo de direito... fui me especializar mais ainda numa profissão me sinto bem sen::do promotor público.

l2 : ...

l2 : faço estágio na promotoria.

l2 : ...

l1 : produto talvez da sua::... (pela) sua experiência como investigador.

l2 : [agressividade.

l2 : ...

l2 : [não... não não... da minha agressividade.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : sou um pouco agressivo.

l2 : ...

doc1 : e vocês ao saírem do:: do ginásio vocês tinham outras::... opções a escolher:: algum curso que::...

l2 : [eu já falei você não prestou atenção.

doc1 : ...

l2 : ...

l2 : eu ia faz/ ia ser marinheiro.

doc1 : não... não:: é nesse aspecto.

l2 : ...

doc1 : ...

doc1 : algum curso que DEsse assim um diploma??

doc1 : ...

l1 : a/ imediatamente a-pós o:: o ginásio??

doc1 : [giná::sio...

doc1 : ...

l1 : ...

l1 : olha eu não me lembro se não haVIa... o:: o fato foi que eu nunca cogitei disso... mas certamente havi::a não é??

doc1 : o senhor sabe de algum:: (que tem) HOje por exemplo??

l1 : ...

doc1 : ...

l1 : bom naquela época havi::a quer dizer havia... esses cursos que ainda há de química industrial:: [de:: eletrônica industrial:: não sei o que você faz nesse colégio aqui em Pinheiros é o principal.

l2 : [certo.

l2 : ...

l1 : ...

l1 : Pinheiros não aqui... ahn...

l1 : ...

doc1 : ( )

doc1 : ...

l2 : Oswaldo [(Cruz).

l1 : [Oswaldo Oswaldo Cruz é um:: mas aqui tem outro como é que é o nome? é::... bom não vem ao [caso.

l2 : ...

l2 : [Castro Alves.

l1 : ...

l2 : ...

l1 : é um que tem ao lado daqui para o Cidade Jardim... ( ) Eduardo Prado ( )...

l2 : [AH::... ( )...

l2 : ...

l1 : ...

l1 : [Eduardo Prado.

l2 : [eu cheguei inclusive a buscar os prospectos para fazer esses cursos.

l1 : ...

l2 : ...

l1 : [havia sim havia.

l2 : [depois eu não fiz.

l2 : ...

l1 : ...

l2 : eu fiz o fizeram eu entrei em escola de desenho té::cnico::... nossa:: foi uma embrulhada danada.

l2 : ...

doc2 : e:: na n/... depois dessa fase então vocês... o vestibular::... como é que foi::... para faculdade e tal como é que foi??

doc2 : ...

l2 : olha eu falo por ele... ele entrou numa faculdade que ele precisava ir todo dia na aula estudar... eu entrei numa faculdade que eu ia uma vez por semana... não porque não tivesse aula porque eu não::... era em Mogi das Cruzes eu preferia ficar com uma moça aqui em São Paulo no (Chara::de)... coisa e tal.

l2 : ...

l2 : a e ele estudou... eu comecei a estudar no quarto ano ele precisou estudar todos os anos.

l2 : eu comecei a estudar só no quarto ano quando eu resolvi ser advogado mesmo.

l2 : ...

l2 : faculdade é essa nunca participei da vida universitária.

l2 : ...

l2 : nunca part/...

doc1 : [e você::... participou da vida universitária??

l2 : ...

l1 : eu não eu eu outro dia eu percebi uma coisa assim revelaDOra:: a respeito desse meu ano de cursinho e do primeiro ano da escola... éh::... eu me lembrei que em mil novecentos e sessenta e três houve um plebiscito... às tantas para decidir se continuava parlamentarismo que estava implantado ou se voltava o Jango.

doc1 : ...

l1 : ...

l1 : e eu fiquei pensando piPOcas eu não me lemBRAva que houve esse plebiscito... quer dizer em sessenta e três espera lá eu tinha dezenove anos... quer dizer já era para estar:: tomando conhecimento desse tipo de coisa né??

l1 : ...

l1 : e:: éh::... quer dizer deu para perceber bem isso meu ano de cursinho e os anos de científico foram mais ou menos obcecados assim por essa preocupação de pegar e entrar na faculdade né??

l1 : ...

l1 : e depois que eu entrei... ahn apesar da faculdade ser Isso quer dizer a Politécnica é uma escola assim:: deformante no sentido de que tem::... em média umas quarenta horas de AUla... por sema::na... fora o que você tem que estudar.

l1 : e as aulas não são aulas do tipo... ahn::...

l2 : [palestra.

l2 : ...

l1 : ...

l1 : é ou aulas da da da da qual o aluno participe [ativamente no sentido de que acabada a aula ele:: já aprendeu e tal.

l2 : [é... ficava apenas olhan::do...

l2 : ...

l2 : [é::...

l2 : ...

l1 : se acabou a aula ele acabou de tomar nota de um monte de coisa que aí vai ter que estudar e tal e aí acaba que obviamente não estuda não aproveita nem a [aula nem parte de...

l2 : [na nossa faculdade de direito você praticamente você estuda sozinho.

l1 : ...

l2 : ...

l1 : ahn ahn.

l1 : ...

l1 : o que é muito melhor mesmo [(né?)?

l2 : [direito é uma matéria difícil não é uma matéria fácil.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : ( ) quem olha por exemplo assim vou falar uma coisa para você... eu conheço matemática inclusive dei aula de matemática já... no curso:: secundário... entre matemática... e direito... a matemática se torna um pouco mais fácil quando você quer conhecer o direito.

l2 : ...

l2 : isso quando você quer conhecer de fato.

l2 : ...

l2 : o pai dela deve estudar até hoje.

l2 : ...

l2 : nunca para de estudar.

l2 : ...

l2 : porque é uma coisa que lida com o ser humano.

l2 : ...

l2 : então você precisa estar sempre... melhorando.

l2 : ...

l2 : dois e dois é quatro.

l2 : ...

l2 : não sei se você trabalha na base neperiana então dois e dois é quatro.

l2 : ...

l2 : se mudou de base muda mas é a mesma coisa.

l2 : ...

l2 : então o que acontece? é uma coisa fixa.

l2 : ...

l2 : o Direito já é uma coisa aleatória.

l2 : ...

l2 : você se forma como qualquer ( ) se forma sem saber.

l2 : ...

l2 : pelo menos nos chutes dá... você consegue levar.

l2 : ...

l1 : não acho que não é:: eu acho [que é...

l2 : [a Politécnica ainda que não mas muitas faculdades de engenharia Mauá:: essas coisas... o camarada consegue formar sem ter um conhecimento pleno apenas estuda pela apostili::nha... tendo um conhecimento relativo.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : agora Direito... você se forma inclusive com menos do que isso.

l2 : colando você se forma.

l2 : ...

l2 : levando só as apostilas você consegue formar-se.

l2 : ...

l2 : o problema é vencer na profissão.

l2 : ...

l2 : então o Direito é uma matéria... é uma f::aculdade em que o aluno [depende ser AUTODIDATA.

l1 : [é inclusive ( ) [provavelmente depois de formado é.

l2 : ...

l2 : [por fora.

l2 : ...

l2 : [é ele precisa ser um autodiDAta ele precisa ser:: uhn ser ele precisa ler muito... ele precisa ter o conhecimentos:: de vida muito grande... precisa ter uma vivência muito grande ele precisa ser um autodidata.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : precisa conhecer filosofia precisa conhecer história sociologia psicologia... precisa ter ter um uma gama de conhecimentos muito variados.

l2 : ...

l2 : bem mais variados do que o TÉc-nico.

l2 : ...

l1 : ah sim sem [dúvida::.

l2 : [PARA SER... [quer dizer:: isso para ser um BOM advogado.

l1 : ...

l1 : [sem dúvida.

l1 : [a::... [aspectos puramente profissionais.

l2 : ...

l2 : [é.

l1 : [sem dúvida.

l2 : [para ser um bom advogado para ser assim simplesmente bacharel em direito não.

l1 : ...

l2 : basta (ele) frequentar a faculdade uma vez por mês.

l2 : ...

l2 : ou senão na época de provas.

l2 : ...

doc1 : e quanto ao relacionamento qual foi a diferença que vocês notaram??

doc1 : ...

doc1 : tanto entre aluno-aluno como aluno-professor??

doc1 : ...

l2 : eu não notei nada.

l2 : ...

l2 : eu só me relacionei com a minha namorada... na faculdade.

l2 : ...

l2 : eu relacionava com ela ela comigo nós discutíamos política brigávamos... brigávamos sozinhos fazíamos nossas... nossas greves sozinhas... quer dizer:: e ela comigo.

l2 : ...

doc2 : e você??

l1 : [e eu eu notei eu tive:: eu notei uma mudança bastante radical quer dizer... no sentido de que ahn:: a faculdade para mim foi uma coisa altamente impessoal.

doc2 : ...

l1 : ...

l1 : quer dizer ginásio científico e tal o professor conhecia todo mundo [você conhecia o professor e tal.

l2 : [é.

l2 : ...

l1 : ...

l1 : faculdade foi horrorosa por isso era:: quando eu en/ entrei no primeiro ano tinha o que? trezentos e sessenta alunos... divididos em turmas de cento e vinte.

l2 : ((tosse))

l2 : ...

l1 : ...

l1 : quer dizer o fato de participar de uma coisa assim altamente impessoal você::...

l2 : ((tosse))

l2 : ...

l1 : ...

doc2 : e como é que eram as aulas o ambiente??

l1 : aulas expositivas::... ambiente bastante conturbado porque era sessenta e três::... ahn::...

doc2 : ...

l1 : ...

doc2 : como que era o siste-ma de::...

doc2 : ...

l1 : o sistema eu acho que permanece inalterado até hoje.

l1 : quer dizer a::... eu não sei não não sei se se essa palavra revela o que era.

l1 : quer dizer:: um negócio expositivo.

l1 : quer dizer vai um cara lá na frente... fala sem interrupção sem apartes:: tantas horas seguidas... você faz essa coisa ridícula que é tomar no::ta...

l1 : ...

doc1 : e quanto à:: avaliação??

doc1 : ...

l1 : a avaliaç/ bom... como não:: não pode deixar de ser num:: caso assim de uma escola com... com uma relação número de alunos para números de professores muito GRANde... também era uma avaliação bastante impessoal quer dizer tinha pro::vas que se faziam naquele anfiteatro imen::so... provas escritas não é? você fazia e:: saía uma nota lá no quadro.

l2 : ((tosse))

l2 : ...

l1 : por exemplo NUNca na faculdade... tive em mãos qualquer prova que eu tenha feito.

l1 : quer dizer:: assim também não dava não era possível.

l1 : quer dizer:: era muito difícil conseguir isso.

l1 : ...

l1 : então era::...

l1 : ...

l2 : o professor jogava as provas para cima e dava nota assim [ô::??

l1 : [não eu tenho a impressão que não.

l2 : ...

l1 : quer dizer eles realmente corrigi::am [e tal.

l2 : [faculdade de Direito por exemplo eles dão muito trabalho para fazer.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : os [trabalhos (não) são corrigidos.

l1 : [é isso isso não tinha [praticamente.

l2 : ...

l2 : [os trabalhos não são corrigidos nós sabíamos isso por experiência própria.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : muitos trabalhos nossos nós citamos livros que não existem citamos... jurisprudência ou seja julgados em tribunal que não existe a gente inventa na cabeça e tira nota boa.

l2 : ...

l2 : (ele) não lê.

l2 : ...

l2 : (vou falar que eu não sei)...

l2 : ...

l2 : você está ga/ apagadinha quietinha não fala não precisa [falar...

l1 : [mas::...

l1 : ...

doc1 : [e quanto a diferença assim::... mais::... de sa::la de::... de:: liberda::de::... [assim de::...

l2 : ...

l2 : ficou maior né??

l2 : ...

l2 : [ficou maior a liberdade para maior.

doc1 : ...

l2 : ...

l2 : como é que eles tinham maior liberdade??

l2 : ...

l2 : passaram a considerar o estudante universitário como uma... como um::... um homem.

l2 : ...

l2 : livre para assistir aula se quisesse... e não assistir se não quisesse.

l2 : ...

l2 : apenas isso.

l2 : ...

doc2 : e QUEM dava aula para vocês??

doc2 : ...

l2 : um professor de ( ) de preferência.

l2 : ...

doc2 : não mas... era um professor:: e ou::... [como é que era a ( )??

l1 : [no tempo que eu fiz eram no no:: no tempo que eu fiz eram... professores geralmente HOmens geralmente:: não muito jovens... geralmente esse tipo de cara que pelo qual você tinha um certo respe::ito.

l2 : [só tinha professores homens.

doc2 : ...

l2 : ...

l1 : (diz) esse é o fula::no e tal.

l1 : ...

l1 : quer dizer... caras muito::... ahn:: NÃO como é hoje em dia que por exemplo eu não sei das outras faculdades como é que é mas o instituto de matemática por exemplo é uma garotada que dá aula.

l1 : quer dizer... você não tem aula com O fulano aquele do li::vro e tal você tem aula com um cara que geralmente bate papo com você e tal.

l1 : ...

l1 : mas na época que eu fiz ainda era [muito::...

doc2 : [e existe nomes para diferenciar assim as pessoas não??

l1 : ...

doc2 : ...

l1 : [ahn:: [as as categorias:: de professores??

doc1 : [são todos (forma::dos) ??

doc1 : ...

doc1 : é.

doc1 : ...

l1 : existe.

l1 : ...

l2 : catedrático assistente.

l2 : ...

l1 : é atualmente a hierarquia pelo menos ahn:: oficial né? na Universidade de São Paulo é a seguinte você começa como auxiliar de ensino... depois você passa a ser professor-assisTENte depois de concursos et cetera et cetera depois você é professor-assistente douTOR... depois você é professor livre-doCENte depois você é professor adjunto depois você é professor titular.

l1 : ...

l2 : daí quando está bem velhinho chega a professor-titular.

l1 : é.

l2 : ...

l1 : ...

l1 : agora:: eu não sei né naquela época:: eu não sabia direito a distinção... não dava muita bola para isso... para mim:: [os caras mais velhos eram os catedrásticos ( )...

l2 : [na minha faculdade é diferente porque uma faculdade particular é diferente.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : é o professor catedrástico consistente.

l2 : ...

l2 : e geralmente o professor da faculdade... é um juiz ou um promotor público.

l2 : ...

l2 : inclusive você vê a diferença de aula entre o juiz é uma aula chata cacete que o juiz... todo juiz geralmente é chato.

l2 : ...

l2 : juiz é meio ranzinza meio cha::to::... pela própria natureza dele... é um homem diferente.

l2 : ...

l2 : é um cara muito introspectivo:: quietão::... pensa que o mundo é:: só porque ele é o::... é o:: julgador do mundo.

l2 : ...

l2 : o:: promotor já dá uma aula melhor que é uma pessoa mais agressiva então a aula dele é melhor.

l2 : ...

l2 : você conhece o homem pelo:: meritíssimo juiz que dão a aula tal.

l2 : ...

l2 : (se propuser chamar iniciante de professor você vai levantar) [( )...

l1 : [na tua faculdade também tinha que ir de [paletó e gravata??

l2 : ...

l2 : [não não (não) tem [essa necessidade.

l1 : [no largo São Francisco tem essa coisa pró::pria.

l2 : ...

l2 : [tem essa coisa to-da.

l1 : ...

l2 : ...

l2 : inclusive no Largo São Francisco agora a gente vê ( ) no tribunal a gente... trabalhando com os colegas a gente percebe que aqueles que são pelo Largo São Francisco... muitas vezes tem menos conhecimento do que os outros que formam em outras faculdades.

l2 : ...

l2 : porque os nossos professores são professores que estão militando ainda na advocacia.

l2 : ...

l2 : são juizes que todo dia tem julgados são promotores que (todo) dia estão trabalhando.

l2 : ...

l2 : então eles estão a par da vivência... cotidiana.

l2 : ...

l2 : os professores do Largo São Francisco são os::... excelsos velhinhos... (que) escreveram uma uma teoria há cinquenta anos atrás e querem que o camarada decore aquela teoria se não decora não passa de ano.

l2 : ...

l1 : como é que é aquela frase típica de um dos caras do Largo São Francisco??

l1 : ''o direito que por mar se faz:: marítimo se lhe o chama''... não é assim??

l2 : ( )

l1 : ...

l1 : é ((risos))...

l2 : ...

l1 : ...

l2 : JÁ esgotou o tempo??

l2 : ...

doc1 : eu só ia pedir mais um negocinho para você... (para) você mostrar aquela diferença que há entre os tipos de professores depois acaba.

doc1 : ...

l1 : qual? você diz entre o tipo de professor:: ahn::...

doc1 : [é aqueles que [você citou.

l1 : ...

doc2 : [que você fez a escala.

doc1 : ...

doc2 : ...

doc1 : que você fez a hierarquia.

doc1 : ...

l1 : você diz a diferença:: ahn:: formal que existe [o que que preCIsa em cada um para...

doc2 : [o que precisa para você é.

doc2 : ...

l1 : ...

l1 : bom... sujeito para ser auxiliar de ensino precisa simplesmente de ser forma::do e:: atualmente o jeito do cara ingressar na carreira universitária pelo menos que eu saiba... é muito por convite assim [quer dizer...

l2 : [badalar o professor.

l1 : ...

l2 : ...

l1 : é tem os professo::res responsáveis que sa::bem que aquele cara deve ser mais ou menos bom então chama.

l1 : ...

l1 : pelo menos Acham que ele seja.

l1 : ...

l1 : às vezes eles se enganam.

l1 : ...

l1 : éh::... depois para ser professor ahn::... assistente... é uma condição necessária mas não suficiente o cara ter mestrado.

l1 : ...

l2 : essa essa palavra que usou ''condição necessária mas não suficiente''... é um termo que ele usa muito em matemática.

l2 : ...

l1 : é ((risos)).

l1 : ...

l1 : mas quer dizer ahn::... precisa ahn professor assistente... não é assistente não é um TÍtulo que você possa conquistar:: independentemente de outros fatores... é um tele/ é um cargo.

l1 : quer dizer é preciso que a universidade diga ''olha tem va::ga de professor assistente vai haver um concurso e tal''.

l1 : ...

l1 : concurso se faz através de:: eles chamam de provas de títulos.

l1 : quer dizer... não é que você vai fazer nenhuma prova escrita e nada você manda um currículo em suma.

l1 : ...

l1 : e eles escolhem os professores assistentes.

l1 : ...

l1 : assistente-doutor... se não me engano já é um título.

l1 : quer dizer se você fizer um doutoRAdo... para fazer doutoRAdo...

l1 : ...

l1 : bom mestrado eu eu eu parti do pressuposto que todo mundo está sabendo que que é né? bom mestrado você precisa... ter um certo número de créditos obtidos com o curso de pós-graduação... precisa de um eXAme de qualificação que geralmente versa sobre a matéria mais ou menos global desses cursos... precisa de uma dissertação... você tem que escrever submeter a uma banca e::... defendê-la oralmente.

l1 : essa dissertação não tem a menor obrigatoriedade de ser... original.

l1 : ...

l1 : quer dizer geralmente é um negócio que demonstra mera compreensão.

l1 : quer dizer você pega aí um trabalho qualquer que não seja a... não seja::... assim:: [absolutamente trivial não é? não é? você ahn:: disserta aquele negócio faz um resumo:: se::... conseguir dar qualquer coisa de pessoal nesse resu::mo... ou pelo menos um enfoque e tal.

l2 : [( )

l2 : ...

doc2 : uhn uhn.

doc2 : ...

l1 : ...

l1 : e aí o mestre.

l1 : ...

l1 : bom assistente de doutor é uma coisa parecida precisa de mais cré::dito:: mais cursos mais exames E uma... TEse que precisa ser original.

l1 : ...

l1 : em relação a uma tese de mestrado tem uma estória também na escola que é muito boa que um sujeito fez lá:: uma tese defendeu quando terminou... um dos caras da banca que era muito crítico diz o seguinte ''(oh) ótima a sua tese ela está cheia de coisas... originais e interessantes... apenas que as originais não são interessantes e as interessantes não são originais'' ((risos)).

l1 : quer dizer para doutorado então o negócio é de mais responsabilidade.

l1 : depois professor livre-docente... aí:: eu tenho impressão que precisa... de uma TEse também de livre-docência... adJUNto é um CARgo quer dizer você pode ser contratado... e titular também precisa de uma te::se.

l1 : ...

l1 : pelos traBAlhos para doutoramento livre docência e titular... ahn:: s/ acho que são mais ou menos equivalentes.

l1 : quer dizer::... (né) se você fizer três trabalhos iguais de mesmo peso você com um:: é:: doutor com outro livre docente com outro titular.

l1 : ...

l1 : eu não sei exatamente como que está o negócio de professor titular hoje em di::a mas o que eu sei é que... me parece que a coisa está um pouco mais aberta.

l1 : quer dizer catedrático era um só... por cadeira não é??

l1 : ...

l1 : atualmente com essa nova estruturação da universidade parece que... em um mesmo departamento que é a unidade que há você pode ter:: tantos professores titulares quantos:: tenham passado (no) tal concurso.

l1 : ...

l2 : na minha faculdade só matando professor (para você ser titular).

l2 : ...

l1 : ah é??

l1 : ...

l2 : tudo é pago então agora... vai.

l2 : eu sou assistente da cadeira de:: comercial... sou assistente do assistente então sou assistentinho.

l2 : ...

l2 : e o:: catedrático que é um juiz de direito aposentado vai ser mandado embora da faculdade.

l2 : ...

l2 : então entra outro catedrático.

l2 : ...

l2 : daí vou ser o assistente.

l2 : ...

l2 : só assim... que você chega a assistente.

l2 : ...

l2 : quando é mandado embora o s/ o:: catedrático.

l2 : ...

l2 : então você pode chegar a catedrático.

l2 : então você vai lá no diretor o diretor manda embora o catedrático os caras colocaram o catedrático.

l2 : ...