SPEAKER 0: Bem, gente, hoje, diferente da diferentemente daquele do que a gente via havia feito na outra vez, nós vamos fazer uma análise um pouquinho mais detalhada, é um texto mais complexo e é o que eu chamaria de uma análise de texto em nível A adequação desse texto, eu creio que serviria, vocês poderiam adequar, seja para um colegial bom, para um um segundo grau bom, ou então para oitava série, já mais avançadas também. Até para a faculdade, se vocês tiverem a oportunidade de trabalhar com alunos de faculdade, vocês poderiam trabalhar. Então, nesse texto, Um Domingo, do Paulo Mendes Campos, a gente poderia trabalhar inicialmente com aquele aspecto do vocabulário. Só que aqui não vai ser feita uma análise de detalhada como vocês fizeram em mudança, porque serão crianças ou adul ou jovens, que não terão tantos problemas de vocabulário como no texto anterior, se bem que o vocabulário deve ser trabalhado da mesma forma. Não se esqueçam de trabalhar o vocabulário sempre dentro do contexto, para que seja escolhida a a a acepção que mais cou> Outros aspectos que a gente poderia pensar em em destacar aqui desse texto seriam aqueles aspectos de linguagem que saltam imediatamente aos olhos, desde que a gente analise. Eu fiz um esquema éh dos aspectos linguísticos que deveriam ser analisados, mas isso não significa que esse esquema vá valer para todos os textos. Então, por exemplo, nesse aqui, o ah a estrutura verbal ela é, de certa forma, predominante. Vocês vão ver logo em seguida porquê. o que não significa, repito, que num outro texto a estrutura verbal é que vá a ser privilegiada. Também vocês vão ver aqui, por exemplo, a carga de aditivação, a organização dos períodos, o a a os tipos de discurso, funções de linguagem. Isso são coisas que seriam possí passíveis de ver em todos os textos. Então vejam bem, no primeiro parágrafo do éh do domingo, vocês têm um predomínio de com um único presente, vocês tem era domingo, reconhecia as coisas, nada tinha a fazer, de repente vocês tem a cor do firmamento que parece olho baço, qual seria a razão dessa predominância ou dessa constância de passados e quebrada de repente por um presente? Será que realmente a fun a função verbal aqui tem apenas a conotação de função verbal ou ela é uma ela tem uma sobrecarga de função? Vejam bem, a cor da água, a cor do eucalipto, a cor da relva, lá aqui mais próximo e aqui bem próximo a cor da água que parece o Então vocês vão poder perceber que além da função verbal, vai haver um acúmulo de função por esse presente que vai exercer uma função adverbial. Então os passados seriam, por exemplo, ãh dariam uma noção de distância, lá a cor da água, lá a cor da relva. mais próximo à cor do eucalipto e aqui à cor da lagoa. Então vocês teriam, além da função verbal de localização, de de de esta de estado, de situação, essa função adv adverbial de distância, certo? Ah analisando o seguinte o seu o parágrafo seguinte vocês vão perceber que há um predomínio muito nítido de presença, é bom que, um homem deixe, o lito a mar este é terrível, resiste a nossa sede, são belas as palavras do mar, no entanto uma lagoa muda e fechada compreende, então vocês vão ver que há nitidamente uma predominância de presente. O terceiro pa> vocês tem novamente uma predominância de passados, com apenas uma interrupção de uma frase, onde vocês veem que são as aves mais feias do céu, mas tem um belo vôo alçado e tranquilo. Ou então nova predominância de passado, com um corte feito em uma frase, onde se percebe nitidamente a predominância de tempos presentes. Pará os dois parágrafos seguintes, se vocês perceberem, eles obedecem a me a ao mesmo esquema estrutural da distribuição de verb éh ver Há domingos que cheiram a ### há o mito pelo esforço dos não vistos Aquele, entretanto, tinha um perfume de outo> Então vejam bem, o que que vocês viram? No primeiro parágrafo, houve um predomínio nítido de tempos passados, com uma única interrupção de presente, com valoração adverbial. No segundo parágrafo, um predomínio de presente. E E no terceiro, no quarto e no quinto, um predomínio de passado com cortes no presente. Agora, vejam bem, o importante não é detectar uma predominância de estrutura verbal, simplesmente por detectar. A> Eu gostaria que vocês relessem novamente agora esses parágrafos, pensando justamente no que significa essa predominância verbal, se existe ou não uma ligação entre a predominância do da estrutura verbal, ãh do tempo da estrutura verbal, ãh com relação ao tipo de discurso predominante, ou se é um mero acaso, ou se não é algo inerente da organização do tex> Então vejam, no primeiro, (tosse) onde predominou passado, ele diz, diante da lagoa Rodrigo de Freitas, eu nada tinha a fazer, nem a pensar, nem a sofrer. É> Era domingo, reconheci as coisas. Que coisas reconhecia? A cor da água, a cor da relva, do eucalipto. E como é que ele estava? Estava sentado com os olhos abertos num banco de pedra. Então vocês veem nitidamente Nesse primeiro parágrafo, onde predomina o passado, houve uma predominância de aspectos narrativos descritivos, mais descritivos. Pensando agora no segundo parágrafo, vocês têm, por exemplo, o presente do ti> É bom que um homem, vez por outra, deixe o litoral misterioso e grande. Sim, são belas as palavras do ma> Eu gostaria de de de de ressaltar que o fato de predominar passado e predominar presente não significa que sempre onde predomine passado ou sempre onde predomine presente, vá haver o predomínio também do discurso discutivo-narrativo ou discurso dissertativo ou vice-versa. Acontece que nesse texto em que nós estamos estudando, houve um predomínio de tempos verbais que correspondeu a um predomínio de tipos de dis> Agora vamos verificar se o que eu disse ãh se verifica também nos parágrafos que se seguem. Vocês se lembram que no terceiro, quarto, quinto parágrafos nós vimos uma um predomínio nítido de passado com quebras de no para o presente. Então vejam, domingo se aquietaram, quando passou zunindo o automóvel vermelho, o ar continha cubos translúcidos, Dentro deles () De repente o corte, acrescento que, nada mais bonito existe do que um barco à vela. Também repito, ainda que haja um elemento descritivo, nada mais bonito do que barco à vela, eu acrescento que é característico do discurso avaliatório, do discurso dissertativo e vem no presente Daí ele continua, e havia também as casas dos pobres do outro lado, construções admiráveis no ar. É a narração (), havia também que Casas dos pobres do outro lado, construções admiráveis no ar. Último parágrafo a gente tem, o sol foi acabando, levantei-me do banco e fui embora pensan> O esquema seria de um passado contínuo, que ainda dá ideia da narração descritivizada. Corta-se novamente. A> A gente narra o mundo, a gente narra o mundo que está vendo e a gente faz reflexões acerca do mundo que está narrando e vendo. Então não é possível haver um discurso puro, a não ser pequenos trechos, de trechos maiores, em que a gente percebe a predominância de um ou de outro tipo de discurso, como também num texto todo, você quando fala de funções da linguagem, percebe a predominância de uma ou mai> funções, quer dizer uma hierarquia de funções como uma hierarquia de tipos de discurso. Não há ãh, vamos dizer, ah aquele discurso de função pura, de de tipo de discurso puro. Há uma hierarquia na presença desse dessa dessa desses dados. Deixando de lado agora um pouquinho essa parte verbal, da estrutura verbal, eu gostaria de analisar com vocês o aspecto da escolha léxi> Como vocês viram, é um texto predominantemente descritivo, com características também dissertativas, ainda que haja o predomínio da descrição, como nós vimos na () Então, se há uma descrição, logicamente, deve haver uma carga de adjetivação, mais ou menos grande, né? Então vamos ver se realmente essa carga de adjetivação existe. Vocês têm aí no primeiro parágrafo, vejam bem, ãh a partir de reconheci as coisas. Que coisas são essas? Ele não reconhece exatamente as coisas, mas a cor da cois> Com relação a barco vocês tem pequeno e a vela. Com relação a caminho vocês tem invisível e do vento. Então vocês estão vendo que a distribuição continua de mais adjetivos para menos substantivos. Depois surgiram outros barcos. Como é que são esses outros barcos? Brancos e silenciosos. Dois adjetivos para um substantivo. Acrescento que nada mais bonito existe do que um barco a vela. E havia também as casas. Que casas? Dos pobres. Como é que são? Construções admiráveis. Per> Levantei-me do banco fui embora pensando. Há domingos, como é que ele vai caracterizar esse domingos? Que está generalizado que cheiram a claustros. Que tipos de crau claustros? Claustros brunidos. Por quê? Pelo esforço dos novícios. e fala então desse domínio. Aquele, entretanto, aquele que é esse, não é? Tinha o quê? Perfume. Perfume de quê? De outono. Então, em termos de escolha lexical, a gente vê que o predomínio dos adjetivos e das locuções adjetivas é bastante grande, o que vem ãh caracterizar ainda mais essa conotação, e essa essa essa caracterização de texto descritivo com ãh descritivo-narrativo o com aspecto dissertativos. Deixe dividir em termo ãh das figuras. O que a gente poderia levantar que seria importante aqui? Vejam que no segundo parágrafo, ele estabelece, primeiro ele cria uma metáfora linda, uma metáfora muito bonita. Ele fala, o mar é perigo e resiste a nossa sede com o s> É uma metáfora com base metonímica, vocês perceberam o que? Mar é profundo. Mar tem sal. Então, de que forma o mar resiste a nossa sede? Com o sal profundo. Porque sal agora não é só o que o mar contém, mas é o próprio mar, na medida que ele é profundo. Se o mar é profundo, se o mar é de sal, o sal é profundo, certo? e ele estabelece uma com uma comparação ãh muito, muito densa, porque ele fala de mar e de lagoa, ele fala de mar e de oceano, ah ao mesmo tempo ele fala de eh coisas pequenas e coisas grandes, de ãh litoral que é misterioso e grande, e lagoa que é muda e fechada. Então vejam que no fundo, o que que ele faz? Ele compara água e água, Água de lagoa, água de mar. No fundo é água e água. Ah vamos dizer, águas grandiosas e águas pequenas. E também ele compara homem e homem. Que ele diz é bom que um homem, em vez por outra deixe o litoral e contemple uma lag> diferente, no mesmo termo, água. E pelas diferenças conseguidas do termo homem e do termo água, você estabelece as diferenças em primária e lagoa, nas pequenas coisas grandes e nas grandiosidades e nas coisas pequenas. E de homem e homem, nos nos seus momentos de profundos ãh ãh de profundos naufrágios de grandes angústias ou de pequenas desventuras de efêmero de cotidiano. Ainda em termos de parte de de figuras, no terceiro parágrafo desse texto, existe uma figura muito bonita, inclusive muito plástica, que você percebe onde a gente percebe claramente que há uma inversão vejam bem Ele diz, o ar continha cubos translúcidos, e dentro deles reboavam cubos. Vejam, na realidade não era o ar que continha cubos translúci> e nem era dentro desses cubos que revoavam Acontece que o voo dos urubus no ar, vamos dizer dando essa essa ideia de dimensão aqui, lá, mais longe, mais próximo, eles quase que formavam uma figura de cubo que E por que translúcido? Ainda, em termos das das da da parte de de de figuras, a gente tem aqui esse trecho, e havia também, do outro lado, a casa as casas dos pobres, construções admiráveis no ar. A gente nunca pode esquecer que a personagem está colocada diante da lagoa Rodrigo de Freitas, não é? E quando ele diz do outro lado, seria do outro lado da lagoa Rodrigo de Freitas. Como vocês sabem, há umas um monte de favelas. E essas casas dos pobres do outro Elas se tornam construções admiráveis, o que é mais ou menos o irônico. E o caso dos pobres não são construções admiráveis. E por que que elas são admiráveis aqui? Porque elas estão no ar. E por que que elas estão no ar? Elas estão realmente no ar? Não. Elas estão visualmente, plasticamente no ar. Porque elas são vistas do lado de cá. Elas estão do lado de lá da lagoa Rodri> Então vocês podem perceber éh que esse texto, as ãh ah o tipo de organização dele, não é casual, como eu acho que não é de nenhum texto. É engraçado que conforme a gente vai estudando, conforme a gente vai verificando e levantando as coisas, ah a gente percebe que não são coisas jogadas. O texto tem uma estrutura própria, quase que o que a gente poderia dizer, ele tem uma estrutura orgânica. E haveria, por exemplo, muitas coisas mais para a gente analisar. A gente poderia, por exemplo, analisar a carga de, ah vamos dizer, ah o predomínio sintático das organizações. O que que realmente predominaria, se era um es um um um esquema subordinante ou esquema coordenado, de cor de orações coordenadas. Então, se vocês verificarem, no primeiro parágrafo, todas as orações, elas são soltas. Com a exceção de uma, que é a cor da água que parece o olho baço. () () São ações independentes. Com a exceção de a cor da água que parece o olho baço que seria uma oração adjetiva. Mas, na realidade, ela não é uma adjetiva ãh verdadeira. Porque esse que parece o olho baço tem um simples valor adjetivo, que, aliás, é característico da oração adjetiva. Porém, não tem uma um um valor de esquema subor> a não ser no segundo no segundo parágrafo, onde ele disserta, é bom que deixe (), é bom que Que contemple. Então, aí sim, nós teríamos o esquema subordinante Que há o julgamento. Na medida em que você faz julgamentos, você tem que argumentar, contra-argumentar, comprovar, dar causas, consequências. Então, é lógico que no no no no éh vamos dizer no discurso de estilo dissertativo, você teria uma predomi uma predominância de ãh de orações, de de esquemas subordinantes, ao passo que no a no no no no discurso descritivo não há necessidade de subordinações constantes, você tem mais justaposições. Porque você privilegia ora isto, ora aquilo, ora lá, ora longe, ora perto, ora bem distante. Então não há uma necessidade de esquemas ãh a mais coordinan>