SPEAKER 0: É verdade que eu exerço uma porção de atividades... na vida industrial, comercial, comunitária. Mas eu acho que talvez eu faça isso... porque diz a Constituição brasileira... que o trabalho é uma obrigação social. O que eu realmente gosto de fazer é voar. SPEAKER 1: Senhores... SPEAKER 0: diretores do Clube Atlético Paulistano, minhas senhoras e meus senhores. Eu quero, novamente, e eu iniciar esta palavra, trazer expressões de agradecimento ao Clube Atlético Paulistano, que gentilmente me convidou para aqui vir dizer o que sei e o que não sei sobre um mistério que há anos me fascina. o dos objetos não identificados que, com frequência, têm sido vistos céu sobre as mais válidas formas e nas mais diversas circunstâncias. Mais de uma vez tenho sido convidado a falar sobre o assunto e verifico que o enigma que cerca estes fatos e que me deslumbra também fascina os outros, como podemos constatar pela numerosa e para mim, muito honrosa assistência, que acolheu o convite de meu amigo e diretor cultural do Clube Atlético Paulistano, doutor Ubirajara Martins, e aqui está para me ouvir. Por que o tema é sedutor? Como já disse, ele não é árido. Entretanto, posso afirmar que ele é frustrante, é irritante, é quase exasperador. Porque, como veremos, Se de um lado temos depoimentos insuspeitos a provar a existência de objetos não identificados, de outro lado temos nossa razão, nossa inteligência, nossos sentidos a provar o contrário. Antes mesmo de entrar na matéria, e para que todos participem da minha frustração, deixo a primeira pergunta no ar. Segundo a teoria da relatividade de Einstein, é uma verdade axiomática, provada e comprovada, que a maior velocidade obtenível no universo é a velocidade da luz, que se move a trezentos mil quilômetros por segundo. Ninguém contesta esta afirmação física do grande sábio. Minha pergunta, esta lei se aplica à telepatia, fenômeno psíquico? Mais adiante veremos. porque esta indagação é de vital importância. Para ordenar os trabalhos, vamos dar certas definições e historiar alguns fatos que esclarecem e se tornam necessários à exata compreensão de nossa exposição. No dia vinte e quatro < > de junho de mil novecentos e quarenta e sete, à tarde, Kenneth Arnold, piloto civil com muitas horas de voo, Homem conceituado e responsável, voando com seu ã avião particular nas proximidades do Mount Rainier, no estado de Washington, no noroeste americano, foi surpreendido com a visão de nove objetos grandes e brilhantes que passaram por seu aparelho voando a uma velocidade que estimou em dois mil ou mais quilômetros a hora. Os objetos eram de forma arredondada, medindo cerca de trinta metros de diâmetro. e foram descritos pelo piloto como se assemelhando a um pires saucer em inglês de onde adveio o nome flying saucer traduzido para o português como disco voador esta denominação perdurou por muitos anos e contribuiu de certa forma para tornar ridículas as observações feitas até que a força aérea americana ao iniciar as investigações sobre o assunto ouvindo o depoimento de pessoas e registrando e catalogando as milhares de observações levadas a seu conhecimento, decidiu oficialmente denominar as aparições de u éfe ó, Unidentified Flying Object, designação que foi internacionalmente aceita, passando desde então a utilizar a classificação mais exata de objetos voadores não identificados. De mil novecentos e qua> Um cem número de observações foram feitas, classificadas, investigadas. Coincidem sempre as descrições. Os objetos são de forma esférica ou ovoide ou fusiforme, o que pode ser explicado pelo ângulo sobre o qual são vistos. Podem parar no ar ou pelo menos reduzir consideravelmente sua velocidade. Quando se deslocam, e à medida que aumenta sua temperatura pelo atrito com a atmosfera, mudam a cor de sua luminosidade que passa de branca à azulada e ao rubro cereja. po> Ora se apresentam isoladamente ora em maior número, quando em formação ou não. Deslocam-se em linhas retas, descrevem ângulos de noventa graus e mesmo a>. Obviamente uma grande parte dessas observações são explicáveis por um fenômeno físico meteorológico raro, sem dúvida, mas conhecido desde tempos bíblicos, onde há a menção de bolas de fogo percorrendo já pequenas, já extensas distâncias do horizonte. Manuscritos da Idade Média, recortes de jornais do século dezoito e dezenove falam da aparição de estranhas bolas que encheram de pavor as populações que as viram naqueles tempos longínquos ou mais próximos e> E por isso vemos agora > afirmar-se que os objetos voadores não identificados não são (tosse) novidades. Desde tempos imemoriais, eles nos vêm observar. Mas não há confundir aquelas aparições com as que nos últimos anos, de mil novecentos e quarenta e sete para cá, têm sido noticiadas em todas as partes do mundo. Com efeito, as chamadas bolas de fogo, relatadas na Bíblia em todos os tempos, são fenômenos conhecidos de eletricidade atmosférica, chamados relâmpagos em bola, ball lightning em inglês. São referidos em tratados de física e em todas as enciclopédias. Em determinadas circunstâncias, sob tempo tempestuoso, descargas elétricas podem tomar uma forma esférica e descer das nuvens com grande ou reduzida velocidade, deslocando-se em maior ou menor extensão, ora com detonão, ora sem ruídos. Esta ocorrência, devido à eletricidade atmosférica, explica grande número de observações e> Entretanto, sendo cientificamente explicáveis, nem interessa a esta palestra e nem pode ser confundida com o nosso tema principal, o dos objetos voadores não identificáveis. Estão em campo autoridades militares, cientistas, técnicos, correspondentes de jornais e o homem da rua. Todos dispostos a decifrar o mistério ao> Alguns por curiosidade científica, outros em razão de funções que exercem u> Uns querendo realmente encontrar uma explicação, outros querendo aproveitar a oportunidade para obter publicidade gratuita para sua vaidade e ignorância. Há os que, acreditando nos relatos recebidos, foram de parecer que se investigasse o assunto. Mas há também os que preferem desde logo tudo negar, não aceitando nenhuma das hipóteses formuladas, atribuindo tudo à alucinação, fenômeno histérico, ilusão de óptica ou pura mentira a> Alguns cientistas tentaram explicar as aparições numa tentativa de conciliá-las com fenômenos físicos naturais e> E assim vemos uma autoridade em física como o astrônomo de Harvard, Dr. Donald Menzel, atribuir tudo à ilusão de ótica causada por um acúmulo de partículas de gelo em nu nuvens da variedade Cirrus, ou por câmaras lenticulares de ar, formadas entre camadas atmosféricas de... Outro, um perito em assuntos navais da Marinha dos Estados Unidos, Dr. Ernest Liddell, declarando que tudo não passava de balões empregados em pesquisas de raios cómicos, acendendo às vezes a trinta mil metros, levados por corrente de ar a grande velocidade antes antes explodir na atmosfera rarefeita. Muitos aceitaram aquelas explicações e esqueceram o incidente. Mas os objetos continuaram a aparecer, inclusive para pessoas da mais alta idoneidade profissional e> E, o que é pior, começaram a fazer suas primeiras vítimas. Na tarde do dia sete de janeiro de mil novecentos e quarenta e oito, um objeto de grandes dimensões, de forma arredondada, intensamente luminoso, foi visto por centenas de pessoas na cidade de Madison, Kentucky, e em seguida por milhares de outras em todo aquele estado a> A polícia estadual avisou o Fort Knox, calculando em setenta e cinco me> Cerca de trinta minutos mais tarde, um estranho aparelho sobrevoou a base aérea de Godman, próxima do Port Knox, brilhando fortemente como se encandescente ora branco, ora vermelho. Nesse momento, quatro pilotos militares em voo de treinamento em aviões pê cinquenta e um voavam sobre a base u> Um deles, o capitão Thomas Mantell Júnior, veterano de guerra, foi chamado pelo rádio da base de Godman e instruído no sentido de investigar. Minutos mais tarde, voando através de nuvens esparsas, o capitão Mantell chamou a torre. Veja o objeto. Parece metálico e é extraordinariamente grande. Começa a subir. E novamente, depois de alguns minutos de silêncio e> Está ainda acima de mim a> A minha velocidade ou mais. Subirei até sete mil > e se não conseguir arrumar-me, abandonarei a perseguição. Minutos se passaram (tosse) a> A torre chamou, tornou a chamar o capitão Mandel, mas aquelas haviam sido suas últimas palavras. Horas mais tarde, seu corpo foi encontrado a cento e cinquenta quilômetros da base, no meio dos restos do avião espalhados por uma grande área. Não havia sinal de fogo, e testemunhas afirmaram que o avião se desintegrara no ar a> A Força Aérea Americana recusou-se a fornecer qualquer fotografia dos restos do avião ou do corpo de mantel, o que veio reforçar as notícias alarmantes que se espalharam em torno do acidente o> Os estados maiores das forças aéreas de todos os países do mundo estão cheios de comunicados, relatórios, descrições e informações dadas por pilotos militares e comerciais que tiveram seus aviões perseguidos, ultrapassados, cruzados por objetos voadores não identificados. Eu mesmo já tive a ocasião de ouvir depoimentos insuspeitos de oficiais da nossa Força Aérea, de pilotos comerciais, de amigos comuns a todos nós, pessoas da mais alta responsabilidade que afirmam ter visto e observado durante longo tempo aparelhos que se deslocavam no céu e que não puderam ser identificados, em mil novecentos e cinquenta e cin> >inco, o então Major Magalhães Mota, hoje Brigadeiro, um dos mais brilhantes oficiais de nossa Força Aérea, servia na base de Porto Alegre. Em determinado momento, chamado por um soldado para ver estranha coisa que sobrevoava aquela zona militar, constatou a veracidade da informação. Durante cerca de hora e meia, o objeto foi visto por dezenas de oficiais, sargentos e praças que tiveram tempo suficiente para se munirem de binóculos, assestar teodolitos e avaliar a altitude e medir a velocidade do mesmo de doze mil quilômetros a hora. Quando conversei poucos anos depois com o Major Magalhães Mota, disse-me aquele oficial a> Até que me seja provado o contrário, sou forçado a acreditar que se trata de objetos voadores não identificados, porque o vi. Na noite de dezenove para vinte de julho de mil novecentos e cinquenta e dois, fatos ocorreram que vieram ainda mais comprovar a teoria da existência do dos u éfe ó. Três aparelhos de radar em três aeroportos próximos, dos quais dois militares e um civil do Aeroporto Nacional de Washington, detiveram concomitantemente uma formação de objetos não identificados que sobrevoou aquela área durante longo tempo. À zero hora daquela noite, oito homens ocuparam seu posto no centro de controle da área para seu quarto de serviço. Sendo um centro de controle civil, o trabalho desses operadores é o de coordenar o tráfego dos aviões que se destinam àquele campo. Aliás, dentro do programa de proteção ao território americano, nenhum avião pode aproximar-se do país sem se identificar e receber autorização para penetrar na área que se estende por centenas de quilômetros mar afora, constantemente vigiada por uma rede de radar a> Aos quarenta minutos do dia vinte, o operador Ed Norgan, estava sentado em frente ao visor do seu aparelho de radar a> A noite estava límpida e o céu vazio naquele instante, salvo quanto a certo número de aviões comerciais em operação normal de aproximação. De repente, sete manchas apareceram nitidamente no quadrante sudoeste do aparelho, movendo-se ora a grande, ora a baixa velocidade. chamou o chefe de serviço Harry gê Barnes. Não havia dúvida. Sete aparelhos não identificados haviam penetrado a área que sobrevoava a região de Washington no> Os operadores de radar puderam determinar sem perda de tempo sua velocidade três vírgula dois qui> >lômetros por segundo >ze mil e quinhentos quilômetros por hora O chefe Barnes chamou a torre do aeroporto cujo operador Howard Coughlin informou nervoso que também tinha em seu radar os estranhos aparelhos. Dado o alarme, Barnes comunicou o fato ao comando de defesa aérea da base de Andrews, no Maryland e> Já os temos em nossos scopes e os caças já se preparam para levantar voo, foi a resposta. Durante cinco horas, a cidade de Washington foi sobrevoada pelas aeronaves não identificadas. voando ora em formação, ora em grupos, ora isoladamente. Quando os caças se aproximavam, os aparelhos se afastavam a grande velocidade para voltar alguns minutos mais tarde a> As observações feitas levaram a uma convicção u> Não se tratava de projetos teleguiados, mas de aeronaves tripuladas, dada a precisão das manobras e a perfeição da formação e dos movimentos em que se deslocavam. seria pueril atribuir esse efeito a qualquer outra potência. Todos sabemos que a tecnologia começa agora a vencer as velocidades de três mil e mais quilômetros a hora em aviões de titânio, superando obstáculos quase insuperáveis de resfriamento da parte exterior, elevado a centenas de graus pelo atrito do ar. Pensar-se em velocidade de dez mil e mais quilômetros por hora é totalmente fora de qualquer possibilidade ou cogitação num momento e nos próximos muitos anos. Uma pedra foi colocada sobre o incidente do aeroporto de Washington e nunca mais se falou sobre o assunto e> Entretanto, ele foi amplamente comentado e documentado na época. Em dezenove de > > julho de mil novecentos e sessenta e sete, o jor> noticiava que objetos não identificados haviam sobrevoado todo o território francês, sendo vistos na região de Paris, em Nantes, em Estrasburgo e na Bretanha. Telegramas da mesma data davam conta de observações semelhantes feitas na Itália, na Suíça, na Grã-Bretanha e outros países. E o correspondente do Estado em Paris, o conhecido jornalista Gilles Lapouche, declarava em seu telegrama uma primeira certeza, ao contrário do que acontece frequentemente, ninguém duvida hoje que o fenômeno foi real. Não se fala nem ilusão coletiva, nem de uma brincadeira. E até um jornal sério como Le Monde aceita esse ponto o> Outra afirmação valiosa é a do consultor da Força Aérea dos Estados Unidos, o astrônomo djêi Allen Hynek, que depois de passar dez anos investigando o mistério, publicou em livro as suas conclusões. Não se pode mais afirmar que eles não existem. Diga-se de passagem que o doutor djêi Allen Hynek é diretor do Observatório de Dearborn e chefia o Departamento de Astronomia da Universidade Northwestern de Chicago e> Ele chefiou o chamado Project Blue Book da Força Aérea Americana que investigou exaustivamente as o aparições dos objetos não identificados. Tão importante quanto o anterior é o depoimento do doutor Frank Salisbury, conhecido biologista da Universidade de Utah, atualmente prestando serviços à Comissão de Energia Atômica em Washington. O Dr. Salisbury investigou sessenta e oitos casos, ouvindo testemunhas transladando-se para os locais das aparições e descar descartando os casos que, no seu entender, não mereciam ser mais estudados por serem omissos, incompletos ou não merecerem às testemunhas sua total confiação. Em seu livro, The Utah iú éf ôu Display, declara ele, aspas, constitui os OVNI um assunto válido para um estudo científico Caso positivo, como aplicar o método científico para atingir compreensão? e> Estas questões me vêm perturbando desde mil novecentos e sessenta e dois, quando decidi que a segunda pergunta deveria ser respondida pela afirmativa...