SPEAKER 1: No início do ano, quando falamos sobre a filosofia da educação e fizemos uma divisão da disciplina, colocamos como uma das partes o problema da ética em educação. A palavra ética vem do grego êthikê , que quer dizer uso, costume. Refere-se ou referia-se ao costume dos povos, essas esses regulamentos sociais que muitas vezes não são nem escritos, mas costumes que o povo, em geral, segue, e quando alguém se desvia no seu comportamento daqueles usos e costumes, em geral, sofre certas sanções da sociedade. E a palavra ética, então, passou a ser uma série, vamos dizer, de princípios morais que regulamentam a atitude do indivíduo, o comportamento do indivíduo em relação a sua profissão enquanto está vivendo na sociedade. E não somente normas de conduta quanto à profissão, mas também normas de conduta quanto à sua relação para com os outros seres humanos que compõem a sociedade, quer seja o lar, quer seja a família, a sociedade em geral, o Estado e até consigo mesmo. De maneira que, para que haja harmonia na vida social, para que haja harmonia no próprio trabalho, para que possamos alcançar os objetivos a que nos propomos na sala de aula, é necessário que nós tenhamos certas normas de condutas pelas quais vamos nos guiar. De maneira que esta ciência da moral não somente procura uma boa relação, alcançar uma boa relação do indivíduo no seu trabalho, mas na sua própria formação. E tendo como objetivo final a formação de um caráter íntegro, nobre e que resulte numa maneira de ser e agir coerente com as normas que devem devem regulamentar a própria sociedade e as normas que devem regular o alcance dos objetivos a que nos propomos alcançar, especialmente em tratando do nosso caso, na questão de educação. A palavra ética também é conhecida por moral, não é, a parte da filosofia que cuida dos das normas de conduta, conhecida por moral, ou também deontologia. Então, quando falamos em ética profissional ou deontologia profissional, estamos nos referindo A mesma coisa. Ora, para que o indivíduo tenha certas relações normais e positivas com o meio em que vive, é necessário, em primeiro lugar, tomar cuidado de si mesmo. Isto é, deve haver normas a seguir em relação do indivíduo, com ele mesmo. Ora, que normas, que relações deveria o indivíduo seguir, especialmente no trabalho de educar? Em primeiro lugar, o professor, para ser um bom professor e alcançar seus objetivos, ele deve ter uma ética. É o primeiro dever dele para consigo mesmo. ter normas de conduta. Porque seria difícil de um indivíduo influenciar seus alunos a se tornarem alguma coisa que ele mesmo não é. A serem coerentes e constantes em suas atitudes quando ele não possui isso. Uma vez que educação é feita através de comunhão. SPEAKER 3: ### SPEAKER 1: ### ### ### SPEAKER 3: ### ### SPEAKER 1: ### SPEAKER 3: ### Que o professor, para ser bom professor, ele primeiro deve ter ética, ter norma de conduta, ser coerente... Ao falar ter ética eu já... Ter ética e ter norma de conduta é a mesma coisa. SPEAKER 1: Apenas estou usando sinônimos para ver se dá para os senhores entenderem, certo? Agora, estas normas de conduta devem ser coerentes, em primeiro lugar, com a a sociedade, as normas que, os costumes da própria sociedade. Coerente com as leis SPEAKER 3: do direito. As leis do indivíduo? SPEAKER 1: Do direito. Estabelece o que está direito e o que não está. Agora, pode haver, às vezes, discrepânci>. SPEAKER 3: Agora, em terceiro lugar, o professor deve convencer-se da importância do seu papel na formação do educando. Se ele acha que não há importância nenhuma, as suas atitudes irão demonstrá-lo. E é evidente que os alunos não vão dar valor a certas afirmativas, uma vez que o próprio professor demonstra isto no seu trabalho. A seguir, o professor deve reconhecer as suas limitações e tentar, tanto quanto possível, suprir essas necessidades. Todos nós temos nossas limitações. Agora, o professor deve, portanto, reconhecer isso. Quando chega o momento em que o professor chega ao limite de seus conhecimentos, ou uma questão levantada que ele desconhece, que ele ignore, em primeiro lugar, ele deve com dizer, admiti-lo abertamente, francamente. O professor deve dizer, eu não sei, quando ele não sabe. Ninguém é obrigado hoje em dia a saber tudo, nem na sua própria disciplina. O Au conheci aumento do conhecimento está se realizando, está aumentando de tal maneira hoje que é impossível a mente humana abarcar todo esse cabedal de conhecimentos que o ser humano acumulou durante os séculos. De maneira que, quando nós sentimos alguma limitação, e que essa limitação é importante para o nosso trabalho, o professor deveria constantemente manter-se em dia com o desenvolvimento do conhecimento na sua área, na sua matéria, não é isso, para que ele pudesse satisfazer as necessidades dos alunos. Outro dever do professor em seu trabalho é cuidar de si mesmo. Cuidar de si mesmo, em primeiro lugar, no aspecto físico, no aspecto físico, na saúde, vamos dizer, não é? Ora, se nós admitimos que a educação é um processo integral, é um processo de desenvolvimento de todas as capacidades, é evidente que o professor tem a solene obrigação de desenvolver-se em primeiro lugar, para depois tentar desenvolver os seus alunos. Ora, o que diríamos, por exemplo, um professor de programas de saúde, né? E tentando ensinar seus alunos como manter saúde se ele é um doente. De maneira que não havia razão de ser. Mas não somente saúde física, mediante hábitos de higiene, mediante hábitos de alimentação corretos, mediante apresentação pessoal, não é, uma vida regrada, ordenada. O professor também deveria cuidar da sua apresentação pessoal, sua apresentação exterior. Eu tenho tito muitas ocasiões, professores, A gente não sabe se ele, ao chegar à sala de aula, veio de casa, se ele veio de um trabalho braçal ou de qualquer outro lugar. Com a roupa toda desleixada, suja, tentando agora ensinar os seus alunos se manterem em linha, em ordem, cuidadosos com sua maneira de vestir e assim por diante. Mas, além desse cuidado de apresentação física, o professor deveria cuidar da sua saúde mental. Eu não quero dizer, por exemplo, que o professor deva cuidar para não ficar louco ou coisa semelhante, mas, Ele deve ter uma vida de tal maneira regrada que evite os excessos. O que se tem notado muitas vezes é que logo no início do ano letivo, quando o professor vem do seu período de férias, do seu período de descanso, para o início do trabalho, ele está disposto, está cheio de vitalidade, está calmo, paciente. No entanto, à medida que os dias se passam, ele acaba tendo problemas de esgotamento, talvez por uma má alimentação, por excesso de trabalho, não é? Mas o que nós queremos dizer é que nem sempre é esse problema. Problema maior é a falta de domínio próprio, a falta de domínio mental, onde ele não consegue, propriamente, dominar o seu próprio sistema nervoso. De maneira que, em pouco tempo, a sua saúde se esvai. E é comum se ver, no final do semestre, professores faltando porque estão doentes, doentes, estão esgotados e assim por diante. Agora, eu diria ainda que o professor deveria manter sua saúde espiritual. sua disposição de ânimo. Isso Para isto, ele deverá ter momentos de concentração, de meditação consigo mesmo, fazer um balanço da sua vida, fazer uma análise das consecuções, o que falta, e aceitar os problemas como eles vêm. É verdade que Para isso ele necessita de uma força, de uma energia que nem sempre ele possui. No entanto, mediante momentos de comunhão pessoal com a divindade, ele pode alcançar uma tranquilidade, uma paz, um equilíbrio emotivo que vai influenciar a vida dos seus alunos. A seguir é dever do professor também planejar a sua vida e o seu trabalho. Ora, o que se diria a um indivíduo que sai de casa com todas as malas arrumadas para a viagem e se perguntasse a ele, escuta, para onde é que você vai? Eu vou viajar, mas para onde? Não sei. Bom, você é um estúpido que não sabe para onde vai. A mesma coisa seria um professor que inicia o seu ano letivo de trabalho sem qualquer planejamento antecipado. Qual é a disciplina? Ou qual é o programa? Eu não sei, eu vou ver, à medida em que eu vou dando aula eu vou vendo qual é meu programa. Agora, o que que nós diríamos se um engenheiro começasse a cavar um alicerce para levantar uma parede? O que é que você vai construir aqui? Bom, eu não sei bem ainda o que eu vou construir, mas eu vou levantar uma parede e depois eu vou ver o que vou fazer. Depois de levantar a parede, o que que você vai construir? Bom, eu vou con construir um um prédio de 20 andares, mas sobre uma parede. Onde que está a planta? Não, eu não tenho planta, eu vou fazendo a olho. Quem é que iria morar num prédio de apartamentos daquele? No entanto, a educação hoje em dia, os maior parte dos professores hoje em dia, entra na sala de aula, em primeiro lugar, sem ter uma noção clara da finalidade última da educação, que já é uma grande falha. Sem ter objetivos a alcançar na sala de aula, enquanto está ministrando a sua disciplina. E, finalmente, sem ter um planejamento antecipado da própria disciplina. De maneira que, seria uma falta do professor para consigo mesmo e para com o aluno, quando este se submete à sua influência e o professor não sabe por onde vai levá-lo. A seguir, o professor deveria cuidar diariamente do seu próprio aperfeiçoamento técnico, profissional, social e assim por diante. Ora, hoje em dia, como o conhecimento a respeito das coisas está duplicando praticamente cada cinco anos, é evidente que o professor, para estar a par do desenvolvimento técnico, ele precisa se aperfeiçoar. Se alguém não tem mais nem disposição, nem ânimo para procurar, manter-se em dia com o desenvolvimento técnico da sua própria disciplina, do seu ramo de conhecimento, seria aconselhável que esse indivíduo pedisse aposentadoria. Porque quem de nós se submeteria aos cuidados médicos de um indivíduo que terminou sua faculdade de medicina, há 100 anos atrás. Ora, todos nós dizemos, não, um indivíduo desse é um charlatão. Já profissionais que praticamente terminaram o seu o seu curso de preparação há 30, 40 anos atrás e que, porventura, não manteve não se manteve em dia com o desenvolvimento científico da sua própria área, nós já, muitas vezes, tachamos um indivíduo desses de de superado, de ultrapassado, de bitolado e assim por diante, não é? Ora, quanto mais o trabalho de educação, onde nós estamos em contato diário durante aí um período de alguns anos com um aluno tentando Tentando transformá-lo de acordo com certos pa padrões a que nós queremos chegar. É necessário que, em virtude das modificações na sociedade, das modificações de desenvolvimento científico, que nós também estejamos sempre a par dos métodos desenvolvidos no ramo educacional. Além disto, o professor Educador, deveria cuidar agora das suas relações com os seus colegas de trabalho. O trabalho educacional se realiza não através da influência de um professor, mas de uma equipe, de uma instituição. E o educando está sob a influência de vários professores, de várias mentalidades. Ora, é evidente que cada um tendo as suas próprias idiossincrasias, não é, suas maneiras de ser, que vão influenciar ao aluno. O que seria, portanto, se um professor que, talvez por qualquer razão, começasse a criticar o trabalho do seu colega? iria, em primeiro lugar, trazer uma confusão na mente do aluno, quando, depois de aceitar uma declaração qualquer como verdadeira, vem um outro e contradiz abertamente. Por isso que nós dizemos que é necessário, especialmente, que o grupo de professores tenha uma direção única. Isto não quer dizer que Não haja oportunidade para diferenças de ideias, para que o aluno receba aí noções diferentes a respeito de certas certas ideias. Mas o que queremos dizer é o seguinte, que haja uma direção, haja pelo menos um senso comum, geral, que vá permitir ao aluno se sentir seguro, Enquanto está se submetendo a esse processo de aprendizagem. Interessante o seguinte, em primeiro lugar, o professor deveria não supervalorizar a sua disciplina, com detrimento à disciplina dos outros. É bem verdade que nós devemos ter uma espécie de escala de valores também quanto às disciplinas. Há disciplinas que, para a nossa vida profissional, para a nossa vida em comum, são mais importantes do que outras. Não há dúvida. Mas, isto não quer dizer que eu deva diminuir, criticar o trabalho feito pelos colegas. Isto é muito comum entre professores. Temos, vez por outra, encontrado reclamações por parte de alunos e de próprios colegas de trabalho quanto à atitude de outros que procuram diminuir o seu valor ou supervalorizar a sua disciplina em detrimento dos outros. É o caso, por exemplo, e vão me perdoar, eu não sou nenhum frustrado em matemática, mas é o caso, por exemplo, de supervalorização da matemática, por parte de certos professores, em detrimento de outras disciplinas, especialmente português. E, em resultado disso, nós temos super técnicos que não sabem falar. Isto é, indivíduos que se dedicam totalmente a uma técnica, a um trabalho científico, a um ramo de científico, e desconhecem completamente a questão da comunicação e da linguagem. E por isso é que há esse movimento grande no Brasil atualmente de se voltar a lecionar, a ensinar português em todas as séries, em maior número de aulas do que qualquer outra disciplina. E, atualmente, o plano do Ministério da Educação é que haja o ensino de português também nas faculdades. Porque o ponto chegou a, aliás, a deterioração do conhecimento do português, ou da língua materna, chegou a tal ponto que é impossível continuar de a trabalhar, se estudar e aprender alguma coisa, sem o conhecimento do português. De maneira que, em primeiro lugar, nós vimos justamente cuidar no sentido de supervalorização das nossas nossa disciplina, nosso trabalho, em detrimento dos outros. Segundo lugar, a questão de criticar ou ridicularizar, ou então fazer referências referências desairosas aos nossos colegas de trabalho. É bem verdade, por exemplo, que muitas vezes aparecem os mexericos, não é? E então aquilo se alastra tremendamente numa escola, em detrimento de um professor. Pode ser que algum professor tenha alguma deficiência e todas nós as temos. No entanto, não cabe a nenhum companheiro de trabalho expor as deficiências de um de colega ao pouco caso de qualquer aluno. Ãh Decisões tomadas por professores, às vezes, quanto às à disciplina, ou conduta, ou planejamento de trabalho, não deveriam ser também menosprezadas por companheiros. Cada um tem a sua () própria maneira de ser, seus seu método, e cremos que faz parte da educação, quer dizer, faz parte da formação do educando, se ajustar às diferentes maneiras de tratamento, aos diferentes métodos, aos diferentes às diferentes exigências do professor. Isso vai permitir com que o aluno tenha aí uma capacidade de ajustamento social que o permi que permite ele relacionar-se com pessoas de várias índoles, de vários temperamentos, e não só de uma maneira de pessoa com quem pessoa de uma maneira de ser. Portanto, se um professor Acha que não precisa dar uma prova para avaliarmos a aprendizagem o desenvolvimento de um aluno, isso não quer dizer que aquele que dá uma meia dúzia deva ser diminuído, criticado ou menosprezado. Tanto quanto possível, o professor deverá fazer o contrário. Ele deverá ressaltar os méritos dos colegas, dos companheiros, os seus pontos fortes, sua competência, suas inici iniciativas de trabalho. E isto vai desenvolver nos alunos um respeito, não por um ou outro professor, mas pelo magistério em si, como um grupo coeso que sabe o que quer, que sabe a direção a tomar e que está es a o grupo que está, de fato, trabalhando debaixo das mesmas orientações, dos mesmos propósitos. Tanto quanto possível, ainda, o professor deveria referir-se ao trabalho, às disciplinas dos outros colegas, tentando... Tentando uma integração da sua disciplina com a dos outros. E, para que isso aconteça, é recomendável que o professor faça o seu planejamento em companhia dos outros colegas. Ora, vamos supor o seguinte, se nós estamos estudando ãh Geografia, Estamos agora estudando a região do Nordeste. Por que não tomar como texto de antologia, no estudo do português, algum trecho literário que fale a respeito do Nordeste? Para que o aluno não somente compreenda ah os problemas que nós enfrentamos numa região destas, Só por parte de geografia, mas que também, no seu contexto, ele possa compreender através do ensino do português, e assim por diante. De maneira que os professores têm um dever a cumprir no sentido de relacionamento com os seus companheiros. E, finalmente, trabalhar em equipe, trabalhar de comum acordo. O que muitas vezes, eu sei que é difícil nesta vida agitada, nessa correria, nós muitas vezes não conseguimos nem conversar com os colegas, muito menos eh planejar juntos e trabalhar juntos. Seria interessante, por exemplo, que às vezes os professores convidassem Outro companheiro para dar uma aula ao seu lugar e assim por diante. A Há, hoje em dia, já sistemas onde os professores se revezam, são professores especialistas num setor, numa parte da do programa, ministra aquela matéria e um outro professor que se especializou em outra parte continua o trabalho. De maneira que ficam aí essas sugestões quanto ao dever profissional do professor para consigo mesmo e do professor para com os colegas. Na próxima aula continuamos.