Inquérito SP_EF_350

SPEAKER 0: : Uma pesquisa que está em andamento aqui na Universidade de São Paulo, porque embora éh a maioria, boa parte, não pertença a a linha de letras, pelo menos poderia tomar contato e como se faz uma pesquisa dentro desses campos da ciência humana. O projeto NURC, embora seja uma pesquisa éh destinada a conhecer o português culto no Brasil, ele se constrói com uma série de características que poderiam ser comuns a outras áreas das ciências humanas. Mesmo porque há um interesse cultural muito grande no projeto que extrapola os limites de uma mera éh assim de uma mera pesquisa linguística Então, por isso que eu pensei em falar sobre esse problema a vocês. E u gostaria de acompanhar o roteiro que está em mãos para que não éh ultrapasse demais o tempo éh aqui da palestra. A primeira o primeiro item sobre o qual eu falaria, pelo menos para os não iniciados no assunto, seria o problema de variedade linguística. Normalmente, quando nós passamos pelos cursos colegiais, cursos de formação para a universidade, nós conseguimos falar num problema de língua brasileira muito vagamente. Depois, os que se destinam a outras carreiras na universidade, na faculdade, raramente ouvem falar do problema assim, sobre outros aspectos. No colégio, por exemplo, a gente, suponho que vocês também, a gente ouve falar a propósito de de um problema de língua portuguesa do Brasil. Quer dizer, uma possível oposição entre a língua portuguesa de Portugal e a língua portuguesa, o dialeto português do Brasil. Esse é um aspecto do problema, sobre o qual não vou falar aqui, porque me parece haverá muito mais interesse em saber o problema relativo a esse dialeto do Brasil, de vez que o Brasil é um país de uma extensão geográfica muito grande e que oferece problemas vários entre os seus falares. De maneira que o problema da variedade linguística concentrada em termos de uma região como o Brasil, um país como o Brasil, podia ser visto de duas maneiras. Dentro uma perspectiva horizontal, que nós tenhamos aqui um estudo propriamente dos dialetos brasileiros, ou dos falares bra Dialeto é uma palavra ah hã hoje um pouco contestada na linguística, né? Costuma-se (tossiu) usar a palavra falares. Então, dentro de um tom horizontal, nós podemos falar das variantes linguísticas brasileiras, caminho escolhido pela dialetologia. Os estudos de dialetologia são aqueles estudos que procuram reunir as características dos falares locais das várias regiões do Brasil. Então, por exemplo, a gente ouve falar de uma linguagem do Sul e tem, por exemplo, uma noção do que é, por exemplo, o vocabulário do Sul, do Rio Grande do Sul, ou do que é a linguagem da Paraíba, ou do que é a linguagem de Mato Grosso, ou do que é a linguagem do Caipira paulista. São todos estudos que visam a uma linha horizontal, quer dizer, estudos que visam a uma variação de ordem geográfica os linguistas chamam de variação diatópica, mas vamos ficar com a variação geográfica mesmo, que satisfaz o termo. Então, seriam essas variações geográficas estudadas por uma ciência, por uma disciplina chamada dialetologia. Agora, dentro de cada um desses falares regionais ou urbanos, portanto, dentro de um falar de uma pequena comunidade ou de uma cidade grande, Existem outras variações que seriam, formariam, digamos assim, um eixo vertical, seriam as variações de órgão vertical, produto de fatores culturais. Então, aqui estaria o domínio da disciplina que se referiu o professor Isidoro, tecnicamente nova, quanto pertinente ele mesmo disse, a uma realidade como a brasileira, que seria o domínio da sociolinguística. Ela estudaria, em princípio, as variações culturais, as variações de estruturas das sociedades e as suas correspondentes variações linguísticas. En dentro desse plano das variações culturais, dentro dessa linha vertical da variação linguística, nós encontraríamos, por exemplo, éh problemas de relacionamento entre língua e posição social do falante, língua e cultura do falante, língua e profissão, língua grau de escolaridade, etecetera. Uma série de problemas, portanto, de ordem cultural que estariam diretamente ligados as re aos reflexos índices culturais ou não a s vezes, a própria posição, a própria classificação, a própria hierarquia social dentro de uma comunidade determina a variação. Esses problemas foram é primeiramente trazidos à luz pela linguística americana. no fim da década de cinquenta, quando nos Estados Unidos se processou o o movimento que visava éh conhecer a língua dos indígenas americanos. Realmente ah o objetivo não era bem esse em princípio, foi mais um processo de evangelização do indígena americano. Mas, atrás ou ao lado ou paralelamente a esse processo, houve um interesse em conhecer a língua dessas comunidades e começou-se a estudar a relação que havia entre essa visão do mundo dessas comunidades e a sua éh manifestação linguística. Daí, então, surgem os grandes estudos éh sociolinguísticos. Entre nós, aqui no Brasil, pouca coisa se tem feito. Porque, a rigor, conforme vocês estão vendo, dentro dessa linha de trabalho que o próprio professor éh disse na introdução, a necessidade de trabalhos objetivos, não trabalhos puramente teóricos de aplicação de terminologia esotérica, mas trabalhos de pesquisa de campo, trabalhos que exigem éh fundamentalmente verbas, não é? exigem pessoal, exigem treinamento desse pessoal e exigem especialistas para análises do material. Entre nós, pouca coisa se tem feito. Eu vou falar justamente, o meu objetivo, éh depois dessa rapidíssima introdução, é justamente falar de um desses projetos em andamento no Brasil, que é o Projeto NURC. A sigla que vocês estão vendo aí, Pesquisa da Norma Urbana Culta, Projeto NURC. O Projeto NURC realmente não surgiu no Brasil. Ele é um projeto éh de origem latino-americana. Ele foi proposto inicialmente para o estudo de espanhol, para as variantes do espanhol. E E, em seguida, num segundo momento, conforme verão, foi estendido ao estudo português. O que prevê, o que éh o que qual é o ponto de interesse do Projeto NURC, é o estudo da linguagem culta. Vocês vejam que Eu estou, mais uma vez, entrando em variações de natureza cultural. Não é? Dentro da linguagem de uma comunidade, aqui no caso a comunidade urbana, tomando-se como ponto de referência a comunidade urbana, Por que a comunidade urba urbana? Porque se nós fomos para o plano das pequenas comunidades rurais, nós caímos no plano dialetológico, que tem interesse também. Mas Estudar, por exemplo, a permanência de alguns falares em algumas regiões, pequenos grupos que ainda se expressam de maneira completamente diferente da cidade grande ou sem influência dos meios de comunicação da escola, por exemplo, né? mas é domínio da dialetologia. Assim, para nós, linguagem naturalmente, envolve um problema de pesquisa urbana. Porque é na urbes, na cidade, que estão os meios culturais mais importantes, como, por exemplo, a escola, como, por exemplo, os meios de comunicação de massa e todo o progressos não é? que eles trazem, as informações que eles trazem. Então, quando nós falamos de linguagem culta, nós praticamente estamos associando à linguagem urbana. Embora as variações culta, coloquial, Há outras, vulgar, profissional, outras tantas variações do que hoje se chama, a linguística moderna chama de socioleto, não é? o socioleto, não é? quer dizer as variações sociais de grupos, as variações, os vários registros que existem, também está muito em moda esse tema, os registros, os níveis de linguagem, Os vários níveis, coloquial, culto, vulgar, etecetera, estão presentes na linguagem urbana. E Em tese, estarão também na linguagem rural, embora as variações na linguagem rural sejam muito menores. Se nós pensarmos uma uma pequena comunidade rural, nós podemos imaginar que dificilmente os indivíduos que estão assim tão é digamos estão assim óh éh com uma carência muito grande de elementos culturais, não é verdade? sem escola, aproximação. Dado que dificilmente eles terão variantes desse tipo para explorar e se comunicar. Normalmente, éh o uso que eles fazem da língua é mais ou menos o mesmo em qualquer ocasião. É na cidade, justamente, que os contextos variam mais em função das muitas atividades que a cidade tem. Nós sabemos por nós mesmos, não é? Eu estou usando uma linguagem aqui que seria, digamos assim, um padrão culto. passo ao corredor para falar com um colega, eu já passo a falar num coloquial, saio dirigindo de automóvel, eu já vou para a linguagem vulgar (risos) e assim sucessivamente, não é? De forma que nós temos muitos registros ou mídias ou socioletos ou o que se tem dentro de um mesmo indivíduo, dentro de uma mesma comunidade. Então, a urbes, a Cidade Grande, é justamente a matéria principal dessas pesquisas sociolinguísticas. É nela que existe uma maior curiosidade em conhecer justamente essas variantes. Agora, por que a linguagem culta? Qual foi o interesse inicial? É claro que não está aqui qualquer hã, nesse projeto, ou mesmo nos que (acho) aqueles que criaram o projeto, ou que estão desenvolvendo, não há qualquer preconceito linguístico, como pode parecer a primeira vista, não é? Por que a linguagem culta? Porque não a coloquial? Podia ser coloquial também, Podia ser e inclusive há em andamento outras pesquisas menores sobre outras variações. Poderia ser a vulgar, por exemplo, a gírica. Na Universidade de São Paulo, por exemplo é, eu mesmo tenho lá vários grupos pesquisando linguagem gírica. Vamos pesquisar linguagem de detentos, de penitenciários. Então não há qualquer problema de preconceito de linguagem ou pensar, por exemplo, que existem fatores que determinem a pesquisa culta, e não, a pesquisa vulgar. foi a pesquisa oculta justamente porque houve interesse em conhecer o que seria o padrão linguístico do português. Como houve interesse, em princípio, em conhecer qual seria o padrão linguístico do espanhol, porque o projeto nasceu justamente do do do espanhol hispano-americano, da América Latina. E Então houve interesse em conhecer se a linguagem padrão da cidade, a linguagem que serviria, por exemplo, como elemento fundamental para a cultura escolar, por exemplo. Não é? A linguagem culta. A linguagem que seria o padrão, ou digamos assim, o registro de maior prestígio de uma comunidade. A Agora, registro de maior prestígio estabelecido pela própria comunidade, não por uma lei. Pela própria comunidade estabelece que existe uma linguagem culta padrão. Agora, falado por pessoas de maior cultura. Portanto, a própria existência desse padrão linguístico fará com que o indivíduo tenha, às vezes, éh interesse em conhecê-lo, em ascender até nas nas categorias sociais, pelo uso de uma linguagem mais culta, que seria o índice da sua do seu status, da sua cultura, do seu grau de escolaridade. Então, o interesse foi justamente em conhecer esse português padrão, como de início houve interesse em conhecer o espanhol padrão. Conforme vocês verão, existem muitos objetivos éh pela frente éh, uma vez concluído o projeto e com este material em mão. Então, sintetizando o que eu disse, dentro da linha vertical, quer dizer, da pesquisa na cidade grande, na pesquisa urbana, dentro das muitas variantes que a língua oferece nestas, nessas comunidades, nessas grandes comunidades, lá na comunidade urbana, nós vamos pesquisar, estamos pesquisando a linguagem culta. A gora, primeiramente, precisamos estabelecer o que é o nosso conceito de linguagem culta, ou pelo menos informante culto. É aqui que as coisas realmente se complicam, porque se trata justamente de estabelecer o que seria um informante, um falante culto. Convenhamos que é muito difícil estabelecer este este grau, digamos assim, essa qualificação de indivíduo culto.En Em princípio, só existiu uma possibilidade de se estabelecer assim esse critério. Foi o de pensar que indivíduo culto seria aquele que tivesse um curso superior. Teoricamente, eu acho que é um ponto de partida. E Embora sujeito a uma série de discussões e de oposições, ob Eu posso dizer, por exemplo, que muita gente que não tem curso superior fala muito bem. E posso dizer também que indivíduos que têm curso superior falam, às vezes, um português que não prima por essas éh por estruturas consideradas cultas, por razões de de várias espécies. Por exemplo, o indivíduo, pela às vezes, pela pelo próprio status, vocês estão vendo aí no na na apostila, nessas folhas, essas variações culturais, vínculo status, às vezes o indivíduo, pelo pelo status tendo uma sociedade que lhe ocupa, pela pela profissão, pela posição social que ele ocupa, ele tem necessidade de falar bem, de falar dentro de uma certa linha em que ele evite os termos vulgares, evite os termos gíricos, evite as estruturas tidas como vulgares. Não é? (Pigarreou) Por exemplo, vamos supor, um indivíduo ocupa uma posição, digamos, de um gerente de banco, O gerente de banco é um indivíduo que recebe muitas pessoas, ele tem necessidade de conversar ou passar a conversa nos outros. Hã, então ele precisa realmente falar bem, ele precisa se expressar bem, ele precisa se comunicar bem. Então às vezes encontramos um indivíduo desse sem formação éh universitária, uma forma de se expressar culta. E outras vezes encontramos indivíduos de formação universitária, () Luiz, particularmente na linha assim da da área tecnológica, os indivíduos parecem descuidam muito, falam uma linguagem, às vezes, éh muito vulgar, em termos de uma gravação éh de uma de uma entrevista. Então, às vezes, nós temos essa oposição, essa dificuldade de estabelecer o que é um indivíduo culto e o que não é, entendeu? o que seria a língua culta, ou não. Mas em em princípio ### seria aquele que falaria melhor, ou pelo menos na faixa considerada faixa padrão pela comunidade. Né? Então, voltando assim ao ao nosso ponto aqui, ao ao ponto que nós tínhamos parado, o projeto foi inicialmente previsto para o estudo espanhol, não é? tendo em vista esses problemas que nós estamos tendo aqui, e foi proposto por um dialetólogo linguista mexicano, o Juan López Blanchet (espirro). Esse homem apresentou o projeto do estudo da norma culta, o projeto coordenado, porque ele pensava em toda a América, todo o espanhol falado na América, nas capitais. Quer dizer, a capital, vocês estão vendo o elemento cultural mais mais religioso. Por que capital? Teoricamente, a capital seria o lugar o o local em que estariam os indivíduos de maior cultura, porque com maior acesso à escola e com maior éh possibilidade de estudo, de biblioteca, de conhecimento dos meios de comunicação de massa e tudo mais, não é? de cultura de massa e tudo mais. Então, o projeto passou a prever a gravação do espanhol culto nas capitais da América e, posteriormente, em Madrid. Esta pesquisa está em desenvolvimento, conforme vocês verão, daqui a pouco em todas essas capitais, quer dizer, cada país da América do Sul, na sua capital, existe uma (ela) existe um um trabalho de pesquisa da norma culta. Este projeto é foi aprovado por uma organização latino-americana de linguística, o PILEO, o Programa Interamericano de Linguística, conforme vocês estão vendo aqui, em mil E numa dessas reuniões do PLEI, ou PLEU, como se fala, depende da tradução, éh de 1968, um professor brasileiro, Nelson Rossi, que partici éh que que pertencia a essa organização latino-americana, o professor Nelson Rossi, que é um dialetólogo da Bahia, da Universidade da Bahia, de Salvador, propôs que estendesse éh o estudo do projeto da Norma Culta ao português devido à semelhança de condições que haveria entre os países da América em comum, seja os países que falavam espanhol, seja os países que falavam português. Esse projeto, essa ideia foi aprovada. E o Nelson Rossi ainda conseguiu a aprovação de uma outra éh ideia dele, que realmente éh satisfazia (tossiu) as condições éh linguísticas do Brasil. Ele mostrava que o Brasil, dentro da América, éh construindo uma extensão territorial muito maior que a dos demais países, oferecia uma variação linguística da linguagem culta que não poderia ser medida apenas em função do Rio de Janeiro, que era a capital naquela altura. Quer dizer, o Rio de Janeiro, teoricamente, onde melhor se falaria o português, uma uma uma velha lenda, teoricamente o Rio de Janeiro, como capital, não representava o falar culto de todas as regiões brasileiras Então, ele fez um projeto que se estendesse no Brasil, éh este essa pesquisa, a cinco cidades com mais de um milhão de habitantes naquela altura. Belo Horizonte satisfazia essas condições, mas não tinha ainda uma tradição cultural na muito nova. Segundo o projeto, deveria ter pelo menos três gerações. que pudessem fornecer informantes. Então Belo Horizonte foi ficou de fora do projeto. E E a Bahia, embora naquela altura Salvador não tivesse um número de habitantes necessários para entrar nas pesquisas, por ser uma uma uma das cidades mais tradicionais do país, com muitas gerações culturais formadas naquela altura, passou a integrar o projeto. Então cinco cidades entraram no projeto e começou a ser feita uma adaptação do projeto. Isso foi em mil no . vecentos e sessenta e oito. Até hoje, estamos hã setenta e seis, há oito anos, ainda estamos fazen não ainda não terminamos a adaptação do projeto original, do espanhol. Estamos no fim já da adaptação, do chamado via questionário. Então são quatro volumes não é? publicados já no México né? e estamos fazendo a adaptação. Estamos no fim dessa adaptação, mas as gravações já foram iniciadas. e um iniciamos as gravações, com problemas de toda a ordem devido a dificuldades financeiras que oferecem todos os programas todos os projetos de pesquisa no Brasil, particularmente na área de ciências humanas, onde a dificuldade é muito maior. Então vou dar uma ideia a vocês muito rapidamente do que se trata, para vocês poderem saber o que é o projeto NURC. Esse projeto, vocês têm aí algumas éh características éh arroladas, e também os coordenadores e responsáveis pelo projeto nas várias cidades. Não é? por exemplo, Celso Cunha, que é um nome muito conhecido, acho que todos vocês, o gramático mais importante ou mais conhecido do Brasil, é atualmente o coordenador geral. Ele é o responsável pela equipe de pesquisa do Rio de Janeiro. As equipes, quase todas, são de excelente qualificação, quer dizer, integradas com elementos escolhidos. São Paulo é que teve a maior dificuldade, porque teve que formar a sua equipe. Mas as outras cidades, a pesquisa nas outras cidades ficou a cargo da da disciplina de de língua portuguesa. Ela passou éh é Essa pesquisa passou a integrar o trabalho da disciplina de língua portuguesa como uma um um trabalho paralelo. De maneira que, na Bahia, no Recife, Porto Alegre, Rio de Janeiro, toda a equipe de professores universitários das faculdades oficiais é que estão dirigindo, estão tocando a pesquisa. Em São Paulo, Como a a disciplina de Língua Portuguesa não se interessou, em princípio, em liderar a pesquisa, foi necessário formar uma equipe de pesquisadores. Eu acho que aí está um aspecto muito interessante do do nosso trabalho aqui em São Paulo, que eu faço questão de relatar a vocês daqui a pouco. Como se formou essa equipe de pesquisadores. Acho As características, então, da pesquisa. Já falei a vocês, é um guia questionário adaptado do espanhol. O que é um guia-questionário? Bom, um guia-questionário é o seguinte, ele contém uma série de estruturas hã da nossa sintaxe, uma série de formas, do léxico, da fonética, da fonologia. É um verdadeiro inventário da língua, das disponibilidades do sistema linguístico. E uma vez feitas as gravações, Elas serão analisadas em função desse questionário, para ver o que ocorre e o que não ocorre nas gravações. Vamos supor Vou dar um exemplo assim vocês entenderem logo a história. Nós fizemos uma experiência no Projeto NURC, há pouco tempo, com vinte com quinze horas de gravação. Éh Alguns elementos que são meus orientantes da pós-graduação, de língua portuguesa, fizeram uma pesquisa em 15 horas de gravação sobre o pronome relativo. como ocorria nas frases o pronome relativo. Então uma coisa, por exemplo, curiosa a observar. Em quinze horas de gravação... em éh quinze horas de gravação é muita coisa. Fala-se muito em quinze horas de gravação. O número de fichas que eles fizeram levantamento do de pronomes relativos é é bem grande. Eu não tenho o número exato, mas é bem grande. E Em todas essas fichas, em todas estas gravações, todas essas fichas, não ocorreu nem uma vez sequer o pronome cujo. e nem as suas variantes. Cujo, cuja, cujos, essas coisas. Entenderam? O pronome cujo, posso dizer que em 15 horas de gravação, ninguém falou cujo. Ninguém usou o pronome cujo. Quer dizer, é um é um aspecto que já nos mostra um aspecto da evolução da nossa língua. Quer dizer, às vezes nós sabemos que o pronome cujo é tão ensinado, e insiste tanto nas escolas, no sobre o uso do cujo e a concordância com o cujo. Na verdade, o uso na linguagem oral, oral, não é escrita né? Na linguagem oral, praticamente, em São Paulo, não se usa o pronome cujo. E as pessoas entrevistadas foram todas pessoas de formação universitária, paulistanas, filhas de paulistanos ou de brasileiros. São indivíduos portanto, conhecedores em tese da língua portuguesa. Esse é um exemplo de como será analisado isso. Ai se vê, na verdade as, vão se ver as várias ocorrências desses programas gramaticais, desses programas linguísticos. Então aí seguia questionários e ela foi fixado um corpus, quer dizer, um número de horas gravadas para o projeto. São quatrocentas horas e seiscentos informantes. A í começa a divisão dos tipos de informantes. A palavra informante hoje adquiriu conotações pouco agradáveis, mas para nós ela significa apenas indivíduos que prestam informações de linguagem. E ntão os informantes são em número e devem pertencer a essas faixas etárias. Primeira faixa, vinte e cinco a trinta e cinco anos. Segunda faixa, trinta e seis a cinquenta e cinco e terceira faixa, cinquenta e seis em diante. Quando a gente participa do projeto e observa o seu desenvolvimento, a gente percebe quantas dificuldades existem na realização de um trabalho de pesquisa de campo, em qualquer área acredite. Por exemplo, nós precisávamos gravar, conforme vocês estão vendo aí, Trinta. Nós precisávamos fazer 30 gravações com informantes de cinquenta e seis anos em diante, com mais de cinquenta e seis anos, com formação universitária. Então topamos com a seguinte situação, homens ou mulheres? Homens foi relativamente fácil, nós concluímos logo as nossas gravações. Mas quando chegamos para gravar mulheres com 56 anos de idade ou mais, E com formação universitária, nós topamos com um problema realmente de ordem cul cultural. Quer dizer, a mulher só muito recentemente tinha tido acesso às universidades. Normalmente uma mulher de cinquenta e seis anos, ela não tinha passado pela universidade. Então, foi preciso fazer agora, no começo do ano, uma campanha quase que assim em âmbito assim éh é urbano muito grande, através de entrevistas, jornais, duas vezes pela Folha e televisão e tudo mais, para que nós conseguíssemos encontrar as trinta informantes paulistanas, filhas de paulistanos, de conformação universitária. Então essas é de... coisas desse tipo, exemplos desse tipo, nós temos éh muitos a mostrar hã vocês vissem as dificuldades das pesquisas de campo. Principalmente quando se se trata, por exemplo, muitas das vezes essas coisas assim que parecem éh inexpressivas, mas que são fundamentais numa pesquisa. Por exemplo, nós queremos fazer um uma pesquisa dentro de faixas etárias, mas quando nós apresentamos uma uma ficha de informações a uma senhora que agora declara sua idade, podemos perder um informante. ### As características dos informantes, todos devem ser brasileiros, nascidos em uma cidade em que a pesquisa se situa, portanto São Paulo, devem ser paulistanos, ou então terem vindo para São Paulo com menos de cinco anos. Por que menos de cinco anos? Qual seria o motivo? É porque hum éh na faixa de cinco, seis anos, sete anos, começa a escolaridade, a vida escolar do indivíduo. E essa vida escolar, a sua formação éh linguística, o seu aprendizado linguístico, os seus hábitos linguísticos que ele vai adquirir, são muito importantes que ele os adquira na cidade em que a pesquisa está se realizando. Não é? Além disso, o indivíduo deve ter passado três quartos partes dessa parte de sua vida na cidade em que a pesquisa se desenvolve. Porque acontecem coisas curiosas. O indivíduo nasceu em São Paulo, fez a sua formação em São Paulo, por exemplo, informante desse tipo, mas, de repente, aos vinte anos, digamos, ele vai para Piracicaba,() não é? ou vai para Itu, ou vai para Tietê (risos), não é? e fica lá uns dez anos, por exemplo, no nessa cidade. Então, quando ele volta, ele já não é mais um falante típico da cidade de São Paulo. Ele já ganha uma série de características que, naturalmente, o impedem de ser um informante ideal para a gente. Devem ter formação universitária, exceto letras. Aqui é uma coisa curiosa. Naturalmente, vocês devem estar curiosos. Por que um indivíduo formado em letras não pode ser informante para uma fala de português? É porque em mil novencentos e setenta e um ou sessenta e oito, quando o projeto foi adaptado, pensava-se que um professor de português, por exemplo, seria um indivíduo que falava que falaria muito bem a língua. Não, não não havia ainda a a explosão aí das faculdades, na na na na na na reforma do passarinho, não é? Então Daqui para adiante, as coisas mudaram. O professor de português já não é o falante ideal. De maneira que, então, se pensou o seguinte, que o professor de português, formado em português, não falaria... Ou melhor, não fala éh o professor de português falaria uma linguagem muito contida. O indivíduo estaria a todo momento policiando a sua linguagem, cuidando da sua linguagem, não serviria como um informante. de uma de uma entrevista, assim, o quanto possível éh, em que mostrasse a sua linguagem natural, não é? sua linguagem culta natural. Então, o professor teria sempre a preocupação de falar bem. É claro que, hoje em dia, nós não podemos pensar dessa maneira. E é curioso ver, também, que seria, talvez, um alguma coisa que poderia aproveitar a, que eu estou dizendo, como uma pesquisa, quando se inicia com determinados propósitos, como esses propósitos acabam se transformando com o correr da pesquisa. E E, se ela demora mui Ela pode se transformar completamente. Você vê um dado, por exemplo. Hoje em dia, por exemplo, é um absurdo nós aceitarmos uma condição dessa de um professor de português pelo fato de ser formado por uma universidade em letras. É o indivíduo que tem a sua fala contida. Nós sabemos que essa grande multidão de professores de letras que está por aí fala da maneira mais extravagante possível. Os concursos estão mostrando que o conhecimento de de língua portuguesa é realmente tão precário, o absurdo e que é mais precário que nas áreas de ciências. Mas, enfim, é uma exigência que nós temos que respeitar. As a natureza das gravações. Aqui também existe um aspecto muito curioso. O projeto prevê uma avaliação muito grande. Por exemplo, em primeiro lugar, uma gravação de uma entrevista natural. Um indivíduo, um entrevistador, geralmente uma entrevistadora, que a equipe é quase toda formada por moças, professoras, essas entrevistadoras o documentador entrevista o informante, é um tipo de gravação. Depois é um segundo tipo de gravação, em que nós pedimos, nós convidamos dois informantes para fazer um diálogo gravado. Então esses indivíduos se reúnem numa sala ou na sala do projeto, não é? na casa do indivíduo, onde ele quiser, enfim, e nós fornecemos um tema na hora e os dois se põem a dialogar. Esse diálogo é curiosíssimo porque oferece muitos aspectos diferentes. A Às vezes ele é muito natural, outras vezes ele é muito formal, outras vezes ele é emperrado. Então toda hora o documentador tem que interferir para tocar o diálogo adiante. Oferece uma série de variações muito grandes. Acontecendo o terceiro tipo de gravação. Terceira gravação formal em que nós levamos conferências, aulas e palestras. Quer dizer, a norma culta, a linguagem culta, a linguagem padrão culta formalizada. Então vocês estão vendo que já o culto oferece variações. Não é? Há um culto mais formal, não é? E há um culto um culto menos formal, que seria justamente o do indivíduo conversando, no diálogo. Teoricamente o diálogo seria o menos formal. Ele conversa com um amigo, troca ideias, cai a formalidade. A Agora o indivíduo dá uma aula, formalismo, a conferência, formalismo cresce. Então estamos prevendo mais formalidade e menos formalidade. E num nível ainda de menor formalidade, seria assim a a gravação que chegaria a pegar o indivíduo na sua linguagem habitual, teoricamente na sua linguagem habitual de todo dia, seria a gravação secreta. Então, existe um número de horas que nós devemos gravar com gravações secretas. Quer dizer um indivíduo, um documentador, conversa com outro não é? E naturalmente, depois nós somos obrigados a mostrar a gravação que foi feita para para o indivíduo autorizar essa gravação. Mas, de qualquer maneira, estará lá a sua linguagem mais comum. O s temas com os quais o projeto trabalha, vocês têm todas as variações de temas de natureza cultural. Corpo humano, vestuária, saúde, a vida, comunicação, cinema, teatro, o dinheiro, banco, finanças, etc. E, normalmente, o indivíduo nunca deve falar sobre um assunto que lhe é éh que está ligado à sua vida profissional. Então nós, se eu desejo um trabalho de um documentador, aqui fazendo um parênteses, não é muito fácil. Vou dar um exemplo. A gente chega, por exemplo, a um professor de química, como chegaram documentadores para fazer uma gravação. Então o indivíduo... bom primeira coisa, o indivíduo quer falar sobre a profissão dele, tá? Primeiro momento, não eu vou falar sobre a minha vida profissional, sobre a minha atividade. Tá mas isso não interessa falar. E O quê o senhor quer com... o quê que a senhora quer que eu fale? Eu quero que o senhor fala sobre finanças, bancos. Ah, mais eu não entendo nada disso. Eu não tenho dinheiro (assim) Não, já fica desconfiado que está alguma coisa (em poder) Tem não é? Não tem nada a ver com isso,(então sabe)... Não, vamos falar. É então, o o documentador ou documentadora, tem que aos poucos, ir levando o indivíduo a falar sobre esse assunto, através de perguntas que o façam passar por uma série de expressões e palavras que o documentador tem na mão, que é o guia-questionário. ### E ele vai tentando fazer com que o indivíduo passe por essas palavras. Dessa maneira, por exemplo. Hã vam os pôr esse exemplo do do banco e finanças, não é? Bom, o senhor costuma fazer seus pagamentos de que maneira? Bom, eu pago em dinheiro e tal, às vezes não pago em dinheiro (enfim) E de que forma o senhor costuma pagar? Pago em cheque. Ele já falou a palavra cheque. já é um é um dado que nós temos aqui no guia. Mas, além de cheque há outras formas de pagamento,(então) o indivíduo já vai falando, bom, eu faço por ordem de pagamento, faço isso. Quer dizer,(numa dessa daí) ele vai levando o indivíduo a falar essas palavras para sabermos qual seria o léxico que ele conhece dentro do tema banco finanças e tal. E assim em cada uma das áreas. Então, o trabalho é realmente sério, do documentador, no sentido de ele não perder às vezes, o chefe não quer falar. Nós entrevistamos sobre sobre esse assunto né? Entrevistamos um professor de Física aqui em que ele éh o tema dele, não me lembro qual era, mas o indivíduo falou, mas eu não quero, eu quero falar do meu da minha atividade. Sobre idade não me interessa, nós temos que falar eu quero que o senhor fale sobre tal coisa Bom, então ele começa a falar, de repente ah primeira gravação ele fala, olha aqui não vou falar disso não, vou falar da minha vida profissional. Então nós aceitamos a gravação, quer dizer hã, nós não perdemos a gravação, aceitamos porque ele atualmente está mais à vontade dentro desse tema, o informante tem a liberdade evidentemente transcrever as regras do jogo. (Então) o que é que nós vamos fazer com as gravações? Vamos pegar as quatrocentas horas, deixar no nosso arquivo, trabalhar com cem horas, fazer uma análise de cem horas, é muita coisa ainda assim, né? em que vamos analisar o léxico a morfologia éh a fonética, não é? a parte fonológica, para chegar a uma ideia real do que é o português culto falado. A situação do projeto, para que vocês tenham uma ideia do que está acontecendo com o projeto NURC. Na América, os últimos dados que nós temos são de dezembro de setenta e quatro. Há duas cidades que já concluíram o projeto. O México, onde ele surgiu, né? onde está o professor Lope Blanche, e Havana. Ambos concluíram qua Buenos Aires tem duzentas horas, Santiago dos Chile duzentas, Caracas cento e trinta e três, Porto Rico sessenta e uma horas, Lima em setenta e quatro não tinha gravado nada ainda, e na Europa, em Espanha, Madrid tinha duzentas horas. Talvez vocês tenham curiosidade de saber por que Portugal não entrou no projeto, de vez que o projeto previa o estudo do português nas várias cidades, inclusive o português do em Portugal. Realmente esse problema foi cogitado dialetólogos portugueses se interessaram pelo problema, mas talvez por dificuldade de verbas ou de iniciativa mesmo, o projeto não chegou a se desenvolver em Portugal. Então, o projeto do que se refere ao português ficou restrito ao Brasil. A situação no Brasil é bastante animadora em algumas cidades. E u creio que a essa altura, por exemplo, Porto Alegre deve estar quase concluindo o projeto. É a cidade que tem assim, avançado mais no projeto. Em julho de setenta e cinco, quando foi feita a nossa última reunião nacional, umas das reuniões periódicas, geralmente semestrais, o Rio de Janeiro tinha duzentas e trinta e sete horas gravadas, Porto Alegre duzentas e cinquenta e seis, Salvador Em Recife tinha dezoito horas, mas está gravando, parece que bastante agora. São Paulo, os dados mais atuais, que eu posso fornecer, em maio de setenta e seis, duzentos e sessenta e seis horas gravadas. Nós pensamos em concluir o projeto até o fim do ano. Para isso estamos, naturalmente, fazendo o possível, contando com uma equipe de é documentadores bastante grande, praticamente com dez documentadores, trabalhando né? no projeto, e pensamos que podemos concluir até o fim do ano. Algumas ideias a respeito das dificuldades que o projeto enfrenta enfr enta uma das dificuldades as dificuldades maiores é claro que são as de ordem econômica, as verbas para o projeto. São Paulo tem tido muita sorte porque a FAPESP, que é o Fundo de Amparo a Pesquisa, tem financiado anualmente, já nos deu cinco financiamentos para o projeto. Esse financiamento se destina ao pagamento das bobinas, gravadores, despesas de manutenção do material e também despesas com as gravações, com os documentadores. Esses documentadores ganham um salário assim simbólico, que dá para pagar a gasolina. Pelo menos até agora né? se a gasolina aumentar muito, né? vai dar para pagar até o fiozão na gasolina do pessoal, transporte, não dá mais do que isso. Mas, enfim, são professores recém-formados interessados muito mais na sua carreira dentro do campo da linguística aplicada, da linguística de campo, muito mais do que o salário que ganham, que é o salário simbólico. M as, em outras universidades do país, a dificuldade é realmente muito grande. Por exemplo, a única equipe que recebe alguma coisa pelo pelas gravações é São Paulo. as demais equipes em todos os estados, não ganham nada para gravar. Tem professores que fazem aquilo como um trabalho paralelo ao seu ao ensino na faculdade. S endo que só em Recife, só recentemente, só em dezembro do ano passado, é que conseguiu alguma verba para cobrar um gravador e começaram as gravações. de algumas fitas. Em Recife não contava, até o momento com até o fim do ano passado, com condições de iniciar a gravação. Dificuldades muito grandes. A contece, porém, que vocês vejam tudo que está dentro de um contexto cultural né? Toda essa celeuma que está aí, hoje em dia, se processando em torno de ensino de língua e de desleixo pela linguagem, isso aí dá umas manchetes de jornal, a todo momento vocês engolem essa matéria. Toda essa celeuma parece que está provocando um interesse pelo Projeto NURC também. Porque o próprio Ministério de de de da Educação e Cultura recentemente, em setenta e quatro, aprovou um parecer tornando o projeto NURC de interesse nacional e realmente dando uma possibilidade futura, posteriormente deste ano ainda, de umas verbas destinadas a todas as cidades. Quer dizer está havendo um interesse, o projeto realmente está ganhando assim maior importância nesses últimos tempos. A lém disso, todas essas comissões que o MEC tem encarregado de estudar problemas de ensino, e os problemas ligados às transformações da língua na escola e tudo mais. Todas essas essas comissões têm insistido sempre no Projeto NURC como uma uma forma de, justamente, se conhecer a realidade linguística brasileira. Então, o projeto vem ganhando, assim, um pouco de força nos últimos tempos. Outra dificuldade é esse quando é desinformado. Essa dificuldade é grande, porque, vocês sabem, não é fácil conseguir uma gravação numa cidade como São Paulo, por muitos motivos. Não é só porque o indivíduo tem medo de gravar, porque ele não sabe o que vai ser feito com a gra com aquela gravação. Não é só por esse aspecto, que é um problema também. Mas, às vezes, o indivíduo não quer gravar, porque ele não tem tempo. Uma gravação para o Projeto NURC sempre leva do indivíduo uma hora. Então, a gente vai, por exemplo, a documentadores que deslocam, vamos supor, para a cidade, o escritório de um advogado, vamos supor. Um indivíduo que tem lá mil e um afazeres, não é? então aceitou porque justamente uma pessoa amiga recomendou, não podia negar. A gente envolve o indivíduo de todo jeito, né? Olha, fulano recomendou, mas não posso, mas fulano disse e tal, né? Como é que o senhor vai fazer uma coisa dessas para ele e tal? No fim (você fala), então está bem, então vem as três horas. (Aí você) paralisa todas as suas atividades. Uma suposição no seu escritório de advogacia, clientes esperando, secretários esperando para atender o Projeto NURC. Há é uma gravaçãozinha e tal. A turma entra lá, faz uma gravação de oitenta minutos. Não é? Quarenta minutos a oitenta minutos. Isso mesmo. Quarenta minutos é um prejuízo as vezes na sua atividade Imagina quantas dificuldades que a gente tem em chegar no indivíduo. Outros indivíduos não compreendem a finalidade do projeto. Então, quando se fala em Projeto NURC, o indivíduo pensa, bom, falar, linguagem culta, mas eu não sei falar. Eu não sei falar com linguagem, eu não conheço gramática. Aconteceu isso na faculdade de Filosofia, gente, com um professor a a aqui da da administração que é é da administração da faculdade que foi procurado por nós, eu acho que a gente estava juntos, pedir a entrevista. Ah, mas eu não sei falar, eu falo baixo. ### Ah, mas eu não conheço gramática. Às vezes é preciso uma hora para convencer. Não tem nada com isso. Nós vamos apenas ouvir a sua linguagem natural. O senhor pode usar a linguagem que o senhor quiser, a linguagem sua de todo dia. Então, a gente até evita falar, às vezes, em linguagem culta, porque atemoriza o indivíduo. A gente fala em linguagem de São Paulo. Nós queremos conhecer a linguagem de São Paulo, a linguagem urbana. Não falamos em culto. Aí está um problema, a escolha do dos informantes. A lém disso, os informantes devem ter características, algumas delas, realmente difíceis de encontrar. Ou seja, o informante da terceira faixa etária. ### Preferências. Então há uma série de condições que restringem a pesquisa, no sentido de que o corpus uma vez gravado, seja de fato representativo.