Inquérito SP_EF_155

SPEAKER 0: : mesmo porque foi exatamente no no ano de mil novecentos e quarenta que começamos a circular no meio artístico de São Paulo. Então, inicialmente, eu queria lembrar aqui um fato curioso sobre essa posição das gerações frente ao movimento moder é que a geração de vinte e dois, com toda a rebeldia deles, ofereceu alguns a alguns revolucionários metodizados, como foi o caso do Mário de Andrade. E E os demais, grande maioria, né, é fez um um movimen que não estava, de certo modo, vinculado diretamente àquilo que mais tarde formaria um um núcleo de interesses culturais, que seria a Universidade de São Paulo. Durante um concurso aqui na faculdade, quando eu era estudante, do Mário de Andrade, o do Oswald de Andrade, o doutor Afonso Arêmis, lembrou naquela ocasião, comparando o Oswald de Andrade ao Antônio Cândido, que o Antônio Cândido pertencia a àquilo que o Oswald chamava de geração de chatovoz. Isto é, aqueles que passaram por toda aquela metodologia da universidade. E E eu sou descende éh vim depois da geração de chatovoz ( ) Redobra esse problema de chatovoz. Eu começarei pela bibliografi Vou ler um comentário sobre a bibliografia da é ### Mas eu vou apenas comentar aqui alguns livros. O primeiro livro seria do Paulo Mendes da Almeida, de Anita ao Museu onde ele aborda principalmente esse ( ). O o Paulo Mendes de Almeida foi um dos participantes da chamada Família Artística Paulista, que foi Família Artística Paulista um dos momentos mais significativos dessa década trinta a quarenta. Outro autor importante na época é o Sérgio Miller, que escreveu muito sobre os artistas desse período. e deixou no seu livro, principalmente pintores de pintura, tal da heresia, e o seu diário crítico, uma série de depoimentos vaias valiosos. Existe um trabalho pequeno, pequena história das artes plásticas no Brasil, de Carlos Rubens, que informa alguma coisa. O o o o trabalho, tem casa publicadora do Menotti del Picchia, sobre a Revolução Paulista de São Paulo. ### ### Alguns livros do Pietro Maria Bardi, Arte no Brasil, Lázar Segal, e esse último, Perfis da Nova Arte Brasileira. Tem também um livro com uma coletânea de de artigos chamado São Paulo, Terra e Povo, da Livraria do Globo. Tem o Dicionário de Artes Plásticas no Brasil, do Roberto Pontual. Tem o trabalho de Zé Valadares sobre estudo de arte brasileira. O o trabalho de Lourival Gomes Machado, sobre o retrato da arte moderna em São Paulo. O trabalho de Luiz Martins, que também militou na crítica da época, sobre os pintores de São Paulo. O livro o livro do professor Fernando de Azevedo, sobre cultura brasileira. Roger Bastille, Brasil Terra de Contrato. Estudioso americano Richard North, sobre a formação histórica de São Paulo. e uma revista de capa de alumínio de manuseio muito perigoso chamado Rasmus de Autoria do Flávio de Carvalho. Revista Salão do Mar. Flávio de Carvalho vai dar o depoimento hoje à tarde e eu não vou entrar muito na área do Flávio de Carvalho porque toda vez que eu me meti com o Flávio de Carvalho sempre aconteceram coisas estranhíssimas, não é? Estranhei, que nas duas dela Quer dizer sangue, es ### E nesse trabalho que eu escrevi sobre a família artística paulista foi publicado no número dez, se não me engano, da revista aqui do Instituto de Estudos Brasileiros. E E nessa minha publicação nós reproduzimos novamente um artigo do Mário de Andrade sobre Cláudio Graciano e outro sobre esta paulista família. ### levar a consideração do ( ). Ele fala que a família artística paulista foi um fenômeno de proletarismo. ### Quando nós estudarmos alguns antecede do movimento moderno de vinte e dois, surgiu um interesse muito grande por um ca caricaturista da dos anos onze, mil novecentos e onze E na pesquisa em torno do Voltolino, nós descobrimos o seguinte, que esse Voltolino foi, junto com Oswald de Andrade e o Dolor de Brito, o fundador de um jornal muito irreverente, que surgiu aqui por volta de mil novecentos e oito, chamado O Pirralha. E Oswald de Andrade era um simples estudante da faculdade de Direito. O ( ) era bem mais ve tinha uma caricatura muito cáustica, e eles ali realizaram esse jornal durante vários anos. Começaram modestamente, foi com o dinheiro do primeiro número que eles conseguiram fazer o segundo número, e o sucesso do jornal foi muito grande. Ao ponto de Rui Barbosa, na época da campanha civilista, fazer uma visita aos jovens. Porque o jornal não perdoava o Marechal Hermes e ninguém mais. Era bastante audacioso. E E eu sempre perguntava ao Dolores Brito se o Votolino, que era bem mais velho do que o Oswald de Andrade, não amparava um pouco a irreverência daqueles morros. E ele E a pesquisa em torno do Votolino mostrou o seguinte, que o Votolino antes ãh esteve ligado a um um italiano, um tal de Alexandre Pilli, que tinha um jornal chamado La Fendula, e um outro chamado Caradu. Esse esse Voltolini foi vizinho do Di Cavalcanti, né? E estava vinculado a a um grupo de anarquistas e socialistas italianos. ### ### Começava aí na na na Estação da Luz, em Sanfona, e acabava na no na na Noroeste, com Chicó. E esse Rosolino contava as mazelas do imigrante. O Pertinato, um jornalista que morreu há pouco tempo, dizia o seguinte. ### Ele achava que existia uma certa em contrapartida da situação desses é imigrantes caricaturados pelo na figura do Jeca Tatu, que, como vocês sabem, éh provocou grandes celeumas, inclusive um famoso discurso na Câmara Federal sobre o problema do brasileiro, da alfabetização e coisas dessas aí. es fatos, depois nós detalhamos mais, não seria o caso aqui de de demorar muit me levaram a ideia de que esse negócio dessa semana de vinte e dois não foi tão somente o resu u uma festa, tá ouvindo, de jovens ãh que momentaneamente resolveram sacudir a vida cultural de São Paulo. E ### vamos dizer assim, de de vinculação popular. Mesmo porque muitos dos elementos de vinte e dois né eram jornalistas e estavam transitando em todas as camadas sociais. De forma que é ### para outras camadas da população. E E tinha mesmo, vamos dizer assim, a emergência dessa situação. ### cheret e, então, quando aparece os anos trinta, depois do Macunaíma do Oswald de Andra, do Mário de Andrade, eu acho que não hou entre o que tinha acontecido em vinte e dois e o que é vai acontecer depois de trinta. Há um aspecto do problema, em mil novecentos e trinta, que vem à tona com uma certa evidência, especialmente em São Paulo, e eu diria com alguns movimentos interessantes, como a Família Artística Paulista, o sindicato dos artistas plásticos, e outras coisas desse tipo. O O Mário, quando quando ele escreveu sobre a família, família é dos meados do dos dos desses anos trinta, ele disse algumas coisas interessantes que eu procurei anotar para o senhor. Ele dizia, inclusive, e nós sabemos que uma um grande número desses artistas teve vínculo com o chamado Liceu de Artes e Ofícios. O O Liceu de Artes e Ofícios surgiu no fim do século passado, éh vinculado a um grupo de de paulistas muito muito ilustre das famílias tradicionais de São Paulo. ele surgiu como decorrência de uma sociedade chamada Sociedade Propagadora da Instrução pu Popular. popular. E estudando esse fenômeno do Liceu, onde muitos artistas de São Paulo foram encontrar ambientes de trabalho, principalmente esses artistas que recebem por volta de trinta. Eu encontrei lá um discurso do Martim Francisco, de mil oitocentos e setenta e quatro, éh e eu pensei até começar a minha palestra hoje com o discurso do Martim Francisco. Mas isso poderia criar uma situação embaraçosa. não é ### E a coisa é mais ou menos o seguinte, o discurso dele. salve vemos senhores, a liberdade e a ordem pela ação da justiça social. Reconheçamos que a natureza não ca não criou categoria dentre os homens, que todos têm iguais direitos, e que exigir, em ego-privilégio, é destruir a lei da igualdade, condição essencial do desenvolvimento da sociedade moderna. E defini-la cento e setenta ( ) a e acrescentava. Aí a par de uma instituição que que, dia por dia, amplia suas conquistas, a indústria prospera, a sorte do operariado melhora e a riqueza pública E daí aparece, em mil oitocentos e setenta e dois, o liceu, como uma decorrência da sociedade propagadora, com a finalidade de ministrar gratuitamente ao povo os conhecimentos necessários às artes e ofícios, ao comércio, e à lavoura, às indústrias. ( ) Isso assinala um momento significativo para a compreensão desse período que hoje nós estudamos. Queremos, portanto, retomar esse forte trabalho já adiantado por Mário de Andrade, quando estudou a família artística paulista. ( ) do nas aflições de Mário de Andrade, parece marcar o rumo adequado a visão desse período. E E não deixa de ser auspicioso, no Brasil, ver o crítico, em seu tempo, saber situar seus contemporâneos. S Se não vejamos o que ele diz, entre outras coisas, no seu ensaio sobre Clóvis Graciano, e também a proposta da família ( ) Ao meu ver, diz Mário, o que caracteriza esse grupo, é o seu proletarismo. Isto lhe determina a psicologia coletiva e, consequentemente, a sua expressão. Na descrição dos valores significativos da família, eu distingo dois elementos principais. Os assuntos e uma consciência artesanal, levando a uma técnica interativa e até dogmá A pintura foi para esses expressivos filhos de operários, uma aspiração de subir. Su Subir em complexo ( ). Não só porque esses artistas abriam caminho através da arte para a sua educação, conquistando os meios que, em nossa três pontos, igualmente classista, lhes são praticamente negados, como também porque se apostavam do jeito mais rápido de se libertar da sua cla ### Essa aspiração a elevar o nível de vida e a subir de classe é o que marcou a expressão estética da família artística paulista. Eram rapazes psicologicamente prole ### A realidade é que Clóvis Graciano descobriu a volúpia trágica do balã bailad A realidade é que ele insiste nos temas sociais de combate, denunciando os defeitos da sociedade atual. Tu do isso, se não o excetua da sua família artística paulista, lhe define a personalidade marcante, numa consciência. ( ) numa consciência pessoal, como numa consciência de classe e uma consciência de lu Ele é o mais harmoniosamente consciente dos pintores da escola de São Paulo. E mais adiante, para tentar a individualidade do artista. Clóv is Graciano, se não se parecem com ninguém, também não insiste em parecer demasiado consigo mesmo. A A sociedade generosa, a socialidade generosa do estilo de artista, não exige sujeição pessoal de ningué nem do espectador, nem mesmo dos que lhe escutam e vêem. Clóvis Graciano é um aprendizado sem mestre, mais e mais adian A arte de Clóvis Graciano representa bem um aperto bem agudo deste problema tão dramático e mesmo trágico nos tempos que correm. A arte dele não é nenhuma adesão leviana, tantas vezes inconsequen menos questão de convicção do que de moda, ao lema da arte social. Intercalamos outras observações de Mário de Andrade, apenas para retomar o sentido da sua tese quando diz: "eu creio que não será possível desistirmos das conquistas do século dezenove, principalmente do in individualismo expressional do artista, assim como jamais nos será possível não contar com a Grécia Antiga ou E depois ainda para, precisar melhor essas noções, ele diz que o Clóvis sabe que a arte tem de ser vista, isso ele infelizmente está com a causa à força. Porém, ele não se esquece da complexidade do fenômeno artístico. Não se diverta das conquistas estéticas do século passado, nem da liberdade expansiva do individualismo. E, ao tratar do problema do nu Ele mostra o seguinte, gente violenta em sua sexuação, mas gente de rua, gente coletiva, gente urbana. Ou ainda, o que as suas figuras femininas vivem com todo o seu sexualismo, não é o gozo do sexo, mas a fatalidade. Da mesma forma, os operários dos seus desenhos não fazem com isso. Mais do que isso, ele expõe uma experiência vivida na organi Outros artistas e o próprio acontecimento da família Paulista foram assim tratados por Mário de Andrade. A A família apareceu, por volta de mil novecentos três sete, data da sua primeira exposição, mas Mas, como vocês vêem, há muito que ela vinha se ( ) e para dar sentido de coesão a esse grupo que também foi conhecido como grupo do ( )   grupo de Santa Helena, porque tinha um ateliê ali no Palacete de Santa Helena, no Largo da Sé. No texto que nós redigimos sobre o assunto, nós encontramos alguns comentários sobre os outros membros da família artística paulista, como Rebolo, Gonzalo, Alfredo Volpi, Mário Zanini, Aldo Bonadei, a maioria dele vinha daquilo que nós chamamos pintor de livro, pintor de parede, o caso do Volpi, é o caso do Bonadeiro, era o caso do Janini, né? E E dali que eles puse procuraram fazer aquilo que o Mário chamou a transposição classista ( ) Vamos ver um pouco esse tema. Se por um lado, passar de pintor de livra, pintor de casa, pode corresponder a um enobrecimento, por outro lado, se verifica a depuração do ofício em íntima relação com a matemática dado ali. Pois o próprio Mário notou que esses pintores da família artística ( ) Quando pintam a natureza morta, não é a temática da fome e pura e simplesmente na sua brutrali brutalidade, mas sim refinamentos com frutas nobres, pêras, maçãs e uvas que mais condizem, contém em vencer as carências do dobro. E nas paisagens notou a predileção pelas casinhas e chacrinhas suburbanas, a pequena propriedade de injustificadas aspiraçõe compreendiam o mundo que o cercava como resultado de com penosas conquistas de trabalho. Procuravam avançar com os recursos que dispunham, ( ) a partir desse universo circundante. Propunham, a partir desse universo circudante, revalorizaram com os meios técnicos e sujetivos da pintura. o aulo mendes de almeida nesse livro de () museu Ele diz que o que essa família artística paulista tinha um problema de... não muito moderno. Eu não concordo com com o Paulo nesse sentido. Eu vou, mais ou menos, lembrar o que eu escrevi compara as considerações () e ele diz assim aqueles que conviveram mais de perto também se definem pela admiração a () e por isso eu não escapara às considerações do () geraldo ferraz que chamou o fenômeno de () artístico paulista ga ãh e um amor de ()

SPEAKER 2: : e o o paulo mendes que cita

SPEAKER 0: : Acha que o pessoal tinha apenas a a preocupação pelo metiê Mas, na realidade, se nós achamos que o problema da da modernidade é um problema vinculado na situação, as considerações feitas pelo Mário De Andrade nessa tese incluem, não é? eh, esse avanço no processo geral da cultura eh brasileira não é, com o acréscimo desses elementos. Vejam aqui, diríamos que a figura de Potinari pode ser considerada, ainda que simbolicamente, como ápice desse processo, cujos momentos significativos começam a se delinear nos primeiros anos da República. É que a ide a ideia da vinda de prol operários qualificados, imigrantes que foram chamados a lecionar no liceu de artes e ofícios, constituiu um ponto de apoio para afa afirmar mais tarde aquilo que o Mário chamou um certo tradicionalismo agarrado. Porque eh esse pessoal da família era extremamente minucioso e escrupuloso com a manipulação dos materiais, das técnicas. E eu me lembro mesmo, ahn ainda por volta de mil novecentos e quarenta, quando a gente queria fazer alguma coisa de pintura, não tinha escola () não tinha nada tinha museu A gente tinha que encontrar o os artistas da família artística paulista num num bar que tinha na avenida, na rua São Bento, esquina com a josé bonifácio um café, e ali a gente conversava e pedia explicações, como preparar a tela, como fazer eh com certas tintas com certas coisas. E eles sempre foram muito () desses processos de trabalho. E tinha duas pessoas ali que orientavam principalmente esse grupo. Uma era o Rocha, que era mais erudito um pouco, o Paulo Rocha. E outro seria o Vitório Robson não é Mas os demais eram realmente figuras que que vinham dessa esfera de convivência e essa esfera de trabalho. eu peguei a família artística paulista, no no momento, para para ver se encontrava um o o núcleo que me pareceu mais significativo da explicação desse desse período de trinta a quarenta O próprio Mário, quando fala aqui, () a propósito de cronologia não é às vezes o melhor caminha da história nem sempre é a cronologia não é É bom quando a cronologia corresponde às apreciações das dos rumos mais significativos. Eu peguei esse essa família porque realmente achei que poderia esclarecer alguma coisa sobre esses anos Fora da família, aconteceram outras coisas importantes também. Por que não? né? Aconteceram, por exemplo, oh várias formas de atividades coletivas, aliás esse é um aspecto que eh é preciso não perder de vista. Clube dos Artistas Modernos, Sociedade Paulista de Arte Moderna - SPAM, Salão de Paulista, Salão de Maio. Sobre o Clube dos Artistas Modernos. Eu vou resumir o seguinte, deixo para os senhores, naturalmente, para fazer alguma pergunta para o Flávio de Carvalho, como eu já disse. No nosso ano da Revolução Constitucionalista, tivemos Di Calvancanti, Flávio de Carvalho, Gomide, Carlos Prado, como fundadores, na Rua Pedro Lessa, número dois, do Clube dos Artistas Modernos. Com as seguintes penalidades, declarava Flávio de Carvalho: reunião, modelo coletivo, assinatura de revista de artes, defesa dos interesses de classe. Flávio de Carvalho foi eleito presidente. E Ele que também vinha da Europa onde estudara arquitetura na Inglaterra e com ideias bastantes avançadas disposto aos maiores tumultos. () Diz o Flávio referindo-se ao clube, o ambiente era acolhedor e irresponsável. Uhn (risos) Isso demonstra que o liberalismo inglês influenciou Flávio ### Muito pessoal, um misto de art nouveau, com linhas de forças expressionistas e violência nas cores. Há Havia grande entusiasmo no clube, que era frequentado por (), Camargo Guarnieri, Nelson Tabajara, Caio Prado Júnior, recém-chegado da Rússia, Mário Pedrosa e muitos. Organizou-se uma exposição de Kathe Kollwitz, a famosa artista expressionista () muitas mulheres, operárias e crianças, e outros, toda a exposição de cartazes russos trazidos ãh por (), de sua viagem à União Soviética. Or Organizou-se o mês das Crianças e dos Loucos, depois outras conferências, umas a cargo de Jorge Amado, outras de (), Oswald de Andrade e Agrippino Greco. E Entre as palestras mais interessantes no clube, a estava a de um pintor mexicano () êh ôh () não é? Que depois teve um rosário de prisões, e em que o Flávio de Carvalho dizia que ele era mais exuberante como orador que como pintor. E E acrescenta o Flávio de Carvalho. A A atitude policial contra o teatro de experiência prejudicava o clube, porque o clube e o próprio Teatro de Experiência que apresentou o () como artista no palco de () A polícia fechou o teatro, colocou guardas cercando a Rua Pedro Lessa e acabou o clube, um espanto, uhn. O Flávio, também, depois andou, metido lá com Quirino da Silva e Geraldo Ferraz (), com o Salão de Maia. Salão de Maio primeiro foi em trin Já o Clube dos Artistas é começo por volta de trinta e dois. O O Salão de Maio ahn foi organizado pela (), Paulo Ribeiro Magalhães, que, rapaz que foi diretor do Theatro Municipal, o Geraldo Ferraz e o Quirino da Silva. Também alguns conferencistas ilustres, como no segundo Salão, como Aníbal Machado, Graciliano Ramos, Oswald Andrade, Jorge Amado e ou Pintores, para citar alguns, no primeiro, o próprio Flávio, Lívio Abramo, Dino Bruno, Valdemar da Costa, Guignard, De Fiori, Cícero Dias, () de Ferreira, (), Gomide, Elisabeth Nobre, Portinari, Nélson Nóbrega, Carlos Prado. No segundo, Yolanda Mohalyi, taí uhn foi aluna de Segall. Brecheret, () foi aluno de Segall Lívio Abramo, que fez uma belíssima edição recentemente no Museu de Arte Moderna. Lu Lu Soares, fazia umas coisas meio primitivas. (), que fez ainda recentemente um uma edição de livro sobre plumárias indígenas. Foi casada com Di Cavalcanti. Manuel Martins, um pintor que ainda circula aqui em São Paulo, fazia umas cenas operárias e uns e uns e e umas e e e cenas urbanas por excelência. ### Fazia escultura, fazia pintura, ainda circula por aí. Apareceu num filme do Nelson Pereira dos Santos, lá com o extra, naquele filme sobre O Alienista, né? Figura toda Uma uma russa enorme ta, éh ca ca casada com o (), figura simpaticíssima. Mussa, Quirino, da Silva, Perus, Reboulo, Guignard, Volpi, Alcides da Rocha Miranda, que depois, arquiteto, ligado ao patrimônio, Gomide, Carlos Prado, Cícero Dias, Di Cavalcanti, (), que era uma austríaca, uma escritora excelente também, Elizabeth Nobre, uma escultora de grande valor. disso () que fugiu dos nazistas e veio baixar aqui em São Paulo, fazendo uma obra da maior importância. Flávio de Carvalho, que se apresentava com um quadro com o seguinte título "A avó jamais será revelada através das idades" (risos) Segall, Hugo Adami e uns ingleses, () e homens tão importantes como esse. () ### Isso foi hã um pouco do do Salão de Maio, Portinari. O Salão de Maio teve lá suas brigas interna Mas o Flávio colocou num dos cartazes da da do do Salão de Maio, uma frase do presidente Roosevelt. U Unicamente onde os homens são livres, pode a arte florescer e a civilização colher os seus frutos. Nesse texto, quatrocentos anos () história da guerra em São Paulo, que eu fiz em mil novecentos e cinquenta e quatro Eu concluí o texto assim e o salão acabou (risos) hum. O outro, Outro assunto que deveria merecer uma série de considerações aqui é o sindicato dos artistas plásticos, não é? Esse nós conhecemos, participamos do Sindicato dos Artistas Plásticos, que foi se diluindo, por volta de mil novecentos e cinquenta Mas o sindicato é mais ou menos também dessa época, trinta e sete. Em mil novecentos e trinta e quatro, apareceu aqui o primeiro Salão Paulista de Belas Artes. L Lá tinha uma série de artistas, (), uma série de artistas de procedência acadêmica. E E também alguns novos Nesses salões, os senhores encontram, por exemplo, sobre o primeiro salão de mil novecentos e trinta e quatro, o sindicato vai surgir dentro desse salão, com uma história de dissidência dentro () Os senhores encontram aí, na Biblioteca de () e Estudos Brasileiros, o catálogo do primeiro salão paulista, com escrita a lápis a letrinha do do Mário de Andrade, comentando alguns quadros, por exemplo, Dizendo do quadro que espero projetar para o senhor aqui, Segunda Classe de Tarsila, é o cartaz de propaganda mais genial que eu conheço (). S Sobre o (), faz uma série de elogios, () também, e diz que o Guignard é o único vácuo da exposição. R Realça ainda o trabalho do Flávio Carvalho e (). Não é uma coisa que o o o o Mário publicou, mas está aí no catálogo, com a letrinha dele, é interessante. Mas existia uma série de pessoas ligadas ao movimento moderno e que compareciam ao lado de pessoas já consagradas. Como seria o () Ao lado de Lucília e Geor e Lucília e Georgina de Albu querque Arnaldo Barbosa, que seria depois da semana. A Armando Balloni, que seria de da semana, e da família e do sindicato. A Aldo () Innocêncio Borghese, Gino Bruno, Flávio de Carvalho, com quatro telas, sendo uma a inferioridade de Deus, n né? os ultras que foram acadêmicos, o Adolfo (), que fazia pintura de flores e natureza morta, Lucília Fraga, que também fazia umas pinturas de flores e tal. Vitório Godes e Yolanda Morrales, que andava meio influenciada, que eu creio, por Gauguin, pelas reproduções me parecem, por Gauguin. Depois a gente vê um trabalho de uma artista que eu gostaria, no futuro, se possível, verificar o interesse dessa artista, não conhe não Não não estudei ainda direita. Chamada Olga (), que viveu alguns anos em Paris. Ela expunha um quadro, que era uma rua de Paris, com um cartaz enorme no fundo, escrito, (), hum éh. E de Nelson Nóbrega, por exemplo, que apresentava quadros éh de temática muito estranha. Por exemplo, ao lado de um quadro dele que era Lady Godiva, existia outro que era O Caminho da Mas eh com a presença ao lado dessa Olga Mary, com Sexe Faible, não é, e os quadros de Tarsila va éh segunda classe etcetera e tal, os senhores vão compreender que, embora de uma maneira aparentemente crítica, né, esses contrastes e começam a vir à  tona. Aliás, o outros artistas que eu poderia citar, do, que aparecem no salão, estã Alfredo Volpi, Eliseu Visconti, imaginem vocês, Domingos Toledo Piza, Orlando (). Começa a aparecer os primeiros japoneses ou () o Sérgio Tanaka e (). Esse pessoal vai aparecer depois no Sindicato dos Artistas Plásticos. É É outra leva. E homens e imigrantes de deram uma contribuição muito grande para a economia brasileira. An Angelo Simeone e também para a cultura. Antonio Rocco, Paulo Rossi (), Bertha Worms, Gastão Worms, Mário Zanini, Flávio de Carvalho com uma es escultura cubista. No quarto salão, tem um nome aqui que eu não queria deixar desapercebido, é um tal de (). E Esse deixou poucos quadros, mas era um artista maravilho Helios Seelinger, Humberto Rosa, Jacinto Figueira, Roberto de Freitas, (), Hugo Adami, Edson Motta do Patrimônio, Rebolo, (), Anita Malfatti, Rafael Galvez, Figueira, (), etcetera. A Anita Malfatti ganhou segundo prêmio no primeiro salão e Vitório () o terceiro prêmio. G Gino Bruno no segundo salão, quarto prêmio e Figueira o terceiro de escultu E no terceiro salão, Aldo Bonadei, Armando Barbosa e Nelson () já foram premiados. Rebolo acabou sendo premiado no quarto salão. D Daí, depois do quarto salão, eu acho que houve a ruptura. Hou ve a ruptura, apareceu uma sociedade paulista de bela de a belas artes, uma coisa assim, sociedade paulista de artes, dirigida pelo arquiteto, () de Albuquerque, (). Né? E... Foi o primeiro presidente da O segundo presidente foi a Anita Malfatti e o terceiro presidente foi o escultor José (), que era um escultor que trabalhava na catedral. Eu conheci o (), ele enfrenquiava o ateliê da catedral. Quando a gente queria pintar desenho, modelo vivo, nu artístico, a gente ia à catedral. Né? Tinha lá um um canto que o Cucê permitia esse tipo de trabalho. E ele ficou muitos anos até os uh a praticamente a extinção do sindicato. O sindicato expôs Portinari, o sindicato expôs (), Volpi, Bonadei, Rebolo, () Tinha todo mundo. Você queria expor, você chegava lá no sindicato, preenchia uma ficha, arranjava du duas pessoas que () e pendurava seu quadro no (). Não tinha Era uma maravilha o sindicato. Num tinha seleção, não tinha nada. () Tinha nada. () só pendurar o qua E não havia briga, porque não havia primeiro prêmio, nem segundo, nem competição. Né? Então, era aquela cordialidade. A li era muito pobre. Pessoal se reunia lá no Palacete Santa Helena, tinha uma sala de três por dois e meio, uma coisa assim. Né? Imagina você que alguns hum homens que depois ficaram ligados à vanguarda, já apareciam por lá, o Waldemar Cordeiro () Vinham depois da guerra, isso já depois da guerra. Mas uh uh uh uh. O sindicato tomou um contraste muito grande quando começaram a aparecer as Bienais, num é? O Museu de Arte, com a com a coleção de de quadros. E Ficava um contraste muito grande, aquele pessoal hum que falava uma linguagem muito simples. Uh uh uh uh uh uh (), quando começava a reunião dele, falava assim, ponhamos uma "apótese" O pessoal não tinha nenhuma erudição ainda. Né? Era aquela terceira língua que estava surgindo por aí. (riso) Em todo o caso, uh o sindicato foi praticamente desaparecendo. A guerra isolou o pessoal. Né? Não tinha nada que se... Comprar tinta era uma dificuldade. () pincel Dificulda Num tinha museu quase, só tinha a Pinacoteca (). Né? Num tinha, você num tinha você Num tinha ah a sessão de arte da biblioteca, que depois o Sérgio () organizou. Num existi a isso nesse período de trinta a quarenta. Não tinha Eh a coisa não tinha um plano institucional. Era um esforço louco para andar junto, congregar. Então, faziam esses ambien tes punks, sociedade paulista de arte moderna, clube dos artistas, sindicato, essa coisa toda, para ganhar alguns instrumentos ãh culturais e inclusive será visto com muita simpatia para certa parte da população que não tinha acesso a certas informações. Viu? A verdade que o pessoal em grande parte, o pessoal da família artística paulista da da Semana de vinte e dois, eles iam a Paris, eles conheciam Léger, (), aham, eles tinham até uma certa sofisticação de leituras e de informações. né? Mas pessoas de outra categoria social, a não ser pelo liberalismo ou por aqueles caminhos que eu já falei, do Voltolino com o Oswald de Andrade, é que tinham um uma aproximação com essa ge não que houvesse, por parte dos intelectuais, eh, falta de receptivi dade. Ao contrário, eles eram bastante receptivos a isso. Mas talvez um constrangimento daqueles que colocavam o plano da cultura, aqui, num sentido muito áurico, inatingível. E tinha uma  uma certa, ãh, acanhamento de se aproximar dessas coisas. Mil novecentos e quarenta apareceu aqui, (tosse) por, devido à guerra, uma exposição que foi a exposição de arte francesa. a Anita Malfatti, o pessoal do sindicato, o o Waldemar da Costa, essa gente toda e tomou uma série de medidas para apresentar essa exposição. Essa exposição foi uma maravilha, porque, tinha, tem um presente dessa exposição até hoje. Tinh a quadros de David, Delacroix, (), Courbet, Renoir, (), Van Gogh, Gauguin, (), Picasso, () Rousseau, ãh, Degas. Maravilha! De exposição. E esse pessoal que vivia pintando, como diz o Mário de Andrade, a periferia de São Paulo, trocando informações sobre problemas de ofício, (), quando eles viram aqueles Van Goghs de verdade, aquelas coisas assim, e deu uma animação colossal nessa Eles viram que a cultura é feita por gente, não tem mistério nenhum. Né? Que os grandes nomes da humanidade circularam pelo cotidiano, como todos circulam. Né? E se entusiasmaram cada vez mais por esses aspectos. De forma que o período que se segue, num é? Com a universidade, que também não deixa de ser uma forma de acesso, apesar dos () e outras coisas mais, Eh, apesar de muita coisa, né? Eh, esse plano, vamos dizer, foi uma conquista dessa dessa dé Servirá um certo coletivismo que houve ali né. Hum? Mas, apesar do esforço de se congregar gente, é interessante examinar alguma coisa sobre o (). Eu vou ler uma coisa aqui, que eu mesmo escrevi sobre o (). Fez um sucesso em São Paulo por volta de trinta e dois e trinta e quatro. Era uma sociedade de artistas modernos. Brotou durante uma série de reuniões na casa de Dona Olívia Guedes Penteado, () e Segal. Mas floresceu durante um baile na casa da bailarina Chinita Ullmann. Transformou-se mais tarde num verdadeiro país chamado (). Esta sociedade foi finalmente liquidada por uma autêntica tropa de choque, como dizia Oswald de Andrade, referindo-se ao movimento integralista. Mataram o SPAM porque foi o fal o falso pudor, julgou um perigo, um verdadeiro território livre, um Estado fora do Estado. Como os integralistas queriam um Estado dentro de um Estado, eles não se deram muito bem, o que aliás é muito natural. Acresce que o SPAM representava um estado de espírito e os integralistas usavam camisa verde. Um era a diversidade, outra era a uniformidade. Já que não estamos interessados na história política, hum, deixamos a uniformidade e passemos ao SPAM que foi um cantinho de liberdade da inteligência e da sensibilidade. S PAM nasceu sem pretensão, nasceu naturalmen E porque nasceu naturalmente é que nasceu sem pretensão. Nasceu e cresceu pelo entusiasmo que era a espontânea vitalidade daquele momento e daquela gente. Visto agora à distância de vinte anos ou mais, ãh, mostra que havia em São Paulo um grupo unido de artistas, gente que estudava, que pesquisava que era vigiada por uma criação crítica corajosa. SPAM criava ambiente, congregava pintores, músicos, literatos, arquitetos, jornalistas e reunia alguns amigos das ar porque assim eram conhecidos os mecenas daquela época. Discretos mecenas que apreciavam o convívio com a arte, com os artistas, não exigiam recibos e não andavam a () benemerência como alguns me mecenas de hoje. Assim, Dona Olívia Guedes Penteado, António Alves Lima, o senador Freitas Valle, procuravam medir-se na mesma escala de valores em que os intelectuais, pela inteligência et ce Entre os fundadores do SPAM está Olivia, Mário de Andrade, Segal, Paulo Mendes de Almeida, Paulo Rossi, Chinita Ullmann, () e outros. Festejou-se a fundação da sociedade com, como São Silvestre em Farrapos, uma festa estrepitosa que prolongou-se até seis horas da manhã. O SPAM realizou depois um uma série de concertos sob a direção do maestro Mignone e ainda, com o fito de arreca arrecadar fundos fundos, organizou um memorável baile de carnaval no dia dezesseis de fevereiro de trinta e três, no salão do () Depois das re, éh, atividades do (), no relatório, nós veremos ãh, que a, ãh a importante festa que foi o Carnaval na Cidade de de (), Tudo isso numa linguagem que era um misto de russo, alemão, português e brasileiro. Uma nova língua que Mário de Andrade procurava lhe ensinar. Montar a cidade fantástica. Cidade de (), né? Cidade fantástica, porque o problema da cidade é fundamental para a gente compreender esse fenômeno todo. Com praças públicas, cadeias, becos e monumentos. Era um ambiente bem expressionista. Carnaval na cidade de spam, diz o ami com o circo de spam, hoje spam spaminonda, o presídio de spam, em cenas domésticas indiscretas reveladas por de Andrade, (), (), Anita Malfatti e outros. À meia-noite, na Praça Pública de spam de spam, policiada por uma () pelotão de grilos de spamistas, haverá soleníssimos cerimonial de recepção do príncipe do carnaval, o desfile de cortejo com música de Camargo Guarnieri, inauguração do monumento a spaminonda, hino de spam de autoria do mesmo Guarnieri, concurso de beleza, coroação de rainha, a clássica canção do trovador Bailado da (), hino spamtriótico, cantado pelo povo spamista, dança grotesca e baile popular. À meia-noite, em ponto, circulou o jornal A Vida de spam, que era dirigido por Mário de Andrade e Antônio da Alcântara Machado. uh, o jornal era absolutamente humorístico e pobre em publicidade. Apenas um anúncio. (), que erra na pronúncia, mas acerta no arquiteto. O programa dessa Elaborada por () Segal, anunciava ainda às seis horas da manhã, será servido graciosamente um café com leite aos sobreviventes. Só se falava em spam, spamito, spaminondas, spatrióta. Foi uma febre. É Era a simbologia de um mundo imaginário, mas profundamente real, com agudo espírito crítico. Havia um sistema monetário, onde o spamote valia dez spamins. E na cotação oficial, o spamote valia um mil réis. Veja que inclusive ajudou o, chama atenção quando se faz certas edições de bolsa, (), hipnose, cotações etcetera e tal, já não foge a percepção de um grupo de artistas intelectuais. A cidade spam tinha marinha, Ministério, Exército, Corpo Policial, Corpo Coral, donzelas respeitabilíssimas como o Corpo (). Naturalmente o baile foi um sucesso e re restaram () sobreviventes. Dominava em toda festa, alegria diferente, carnaval,() etecetera e tal Cada um pensava a sua fantasia com humor, inteligência e orgulho E levava mesmo dias e dias a preparando para a festa. Aliás, esse programa da festa, que uh que que nós sabemos, é importantíssimo na vida da cidade, a fiesta. Né? No sentido do de ser () Como é que a escola de Mangueira consegue pôr no meio daquele burburinho do Rio de Janeiro, fantasiadas à hora certa, um certo número de pessoas na rua, né? E dança, é uma coisa importantíssima isso dentro do programa da vida urbana, da vida civil, né? E e os artistas, naquela época, levavam muito a sério a esse negócio de festa. O próprio Fábio Carvalho, que virá hoje à tarde aqui, numa dessas festas mais tarde no Clube dos Artistas, ele marcou hora para chegar na festa. Meia noite em ponto Né? Chegou de casaco, de cartola, sapato de verniz preto, meia de seda preta e um maiô daqueles antigos de mil e novecentos. (risos) Mas o Bonadei ficava meses elaborando ah ah a fantasia dele. E havia uma coisa muito incrível. Eu não () Durante a festa eh era só participar daquele aquele processo todo da fantasia, etecétera O spam tinha já esse gérmen, né () O Mário dizia: "o que realmente faz falta em nossa pintura spamista são criadores da ordem social". É uma falha sensível essa ausên essa ausência de arte social entre nós, a não ser que empreendamos, como tal, o diletantismo estético caracterizadamente burguês () Esperamos que em exposições futuras o ecletismo natural de spam apareça completado com pintores que se resolvam tomar a posição qualificada, não apenas diante da natureza, mas da vida também. Por aí se tem uma ideia como as coisas caminhavam e como as coisas caminham. Num é? A exposição ah apresentava, uma exposição do spam, além dos pintores trabalhos de (), do período metafísico, Picasso, ### spam chegou a ter uma sede magnífica, com sala de conferências e concerto, bar, ateliê, biblioteca. Promoveu uma série de palestras com os temas mais variados sobre as relações da arte na Idade Média com a arte moderna, a () do escritor () Até a conferência do Procópio Ferreira com (), os spamistas gostavam de festas, por isso organizaram outro baile estranho, o cá dáblio i, durante o qual, o convívio é () a carta da melhor definição dessas palavras. No programa existia um item assim. Também o pintor Paulo Rossi prontificou-se a executar o retrato a óleo de umas senhoras presentes escolhidas por sorteio. Mais tarde, na própria sede do spam, que era na Casa da República, inaugurou-se a segunda Exposição de Arte Moderna, com obras de artistas do Rio de Janeiro, onde estavam Portinari, Di Cavalcanti, (), (), (), () e () Finalmente o... ele promoveu um baile chamado Expedição às Matas Virgens da spamolândia. O Segal, que era a alma de tudo aquilo, como dizia uh o Rossi, Ele sempre excitadíssimo, comandando o grupo dos artistas, pegou um ringue de patinação na velha rua Martins Prado, caindo em pedaços e transformou numa bárbara selva com animais pré-históricos. vão ver as reproduções. A gora aconteceu o seguinte. Naquela época surgiram alguns Jacobinos exaltados. Dona Olívia Guedes Penteado foi uma grande amiga das artes Aliás, existe a possibilidade de a gente estudar uma certa vertente na vida cultural de São Paulo em termos de salões. Sabe que desde a época das das do que a gente diz dos salões da madame (), na época da regência, quando a corte veio de Versalhes para Paris, se formou na na essa tradição de salão. () Primeiro nós tivemos aqui em São Paulo o Salão de Dona Veridiana Prado, frequentado pelo (), pelo Frei Carvalho, pelo () de Abreu, etcetera. O Frei Carvalho, que frequentou moço o Salão de Dona Viridiana, organizou mais tarde um salão, que foi a (), onde aparece Oswald de Andrade, fazendo conferência, o Mário de Andrade, Eudoro José. E, finalmen te tem o salão de Dona Olívia, que que era uma senhora ligada a fazendeiros etecertea que acolhia todo esse pessoal. Mas ela era muito amiga da Tarsila. Né? Isso a Tarsila me contou. E Oswald viveu com a Tarsila, depois ele casou com a Pagu, Patrícia Galvão. E um dia ele aparece na casa de Dona Olimpia, as distintas (), a festa lá, com a Pagu. E a Tarsila achou que aquilo ia ferir ah ah Dona Olívia achou que aquilo ia ferir a Tarsila. Tarsila insensível, estava muito ostensiva à presença do... Mandou dizer para Oswald que voltasse. Oswald ficou uma fera. E começou a reclamar de Dona Olívia, porque uh o pessoal lá da dos familiares de Dona Olívia andavam frequentando os integralistas e tal. O Plínio Salgado que vinha do movimento moderna, e depois se meteu em estudos políticos, e deste estudo político começou a assumir aquelas posições dele, né? Também frequentava Dona Olívia... Dona Olívia era respeitabilíssima, uma senhora... Todo mundo se portava diante de Dona Olívia. Na verdade do Jornal, o Flávio de Carvalho que me contou essa história. Escreveu um artigo, Dona Azeitona. (risos) hum Foi um escândalo, né? Foi um escândalo, criada a confusão. De lá para cá, só briga. Acabou o escândalo, etcetera e tal, a interferência desses grupos. Ach

SPEAKER 1: : aram () acabou ()

SPEAKER 0: : Então, talvez a gente não consiga fazer uma síntese muito grande, mas nós vemos essas duas coisas interessantes. De um lado, aqueles intelectuais que já já tomaram bastante consciência do valor da atividade artística, da atividade criadora, num é? Da importância dela na vida da cidade, etcetera e tal, ligados aos intelectuais do mundo inteiro. De outro lado, aqueles que querem, que queriam, com essa geração de de imigrantes, filhos de imigrantes, etcetera e tal, atingir, hum, esse esse plano de ócio criativo, hum? Sair do anonimato, que o certo tipo de trabalho que eles estão habituados lhes dá, hum, e o encontro e a convivência dessa equipe. importância nessa época desse Estado. Nós vivíamos os anos de guerra, ficamos um pouco isolados, num é? E nesse isolamento também nós mobilizamos algumas algumas forças que, até estão, até então estavam imersas. Eu vou mostrar aí os slides e depois

SPEAKER 1: : ### ### ###

SPEAKER 0: : ### Mário de Andrade, os senhores notam que muito nessa pintura do Clóvis, tem o tom assim sombrio, acinzentado. Aliás, esse esse () habitantes () sobre São Paulo, formação histórica de São Paulo, mostra, transcreve lá um um comentário, inclusive a propósito legal, sobre es, sobre esse sentido da de () expressão, essa... essa expressão () o Mário também comenta muito esse de sejo do do do Clóvis Graciano Está um pouco contaminado, (). Mas ele comenta que existem essas linhas do Clóvis Graciano (), e essas transparências, que às vezes é um pouco o que traz essa sensação de brilhar. Né? Ele, o Clóvis

SPEAKER 1: : Eh, mereceu um um um... Nesse ensaio de Mário de Andrade, né? Há uma uma série de observações sobre esse sentido que a linha representa para ele próprio, como fenômeno que acompanha com um olho só. Né? Eh É um olho técnico da linha.

SPEAKER 0: : Esse quadro é de quarenta e quatro, mas é um bom exemplo para mostrar essas condições que (), essa (), eh esse () que tem a sobriedade ().

SPEAKER 1: : ###

SPEAKER 0: : E não deixem de ler esse artigo, do Mário de Andrade então (), sobre o Clóvis Graciano Aqui está uma das praias, paisagens (), né? Das chamadas Praias de Luxo, né? Do próprio (). E não deixem () uma certa influência, de um grande artista que andava em São Paulo, que era o () (tosse)

SPEAKER 1: : () e e não não chega Era impressionista porque o Impressionismo tem uma diversidade cromática, uma pureza cromática que o povo não encon tra. O povo mistura às formas um certo teor expressionista, um pouco de pre

SPEAKER 0: : () E o Segal que dizia isso ### que dão esse () ### tem um catálogo, com uma série de informações interessantes, inclusive com a afirmação que o termo Família Artística Paulista já era conhecido. (tosse) Esse também é bom

SPEAKER 1: : O que é que () essa pintura de cada um?

SPEAKER 0: : ###

SPEAKER 1: : Às vezes pode haver italianos que é de uma uma...

SPEAKER 0: : Uma () de trabalho, dizer que tempo precisa para fazer uma pintura (), não precisa forçosamente estudar a fundo os outros. Às vezes os outros vêm na macarronada

SPEAKER 1: : ###

SPEAKER 0: : Isto é, não é uma prática do cotidiano, do (), de acusar que há () âmbito do relacionamento interpessoal. Essas são as paisagens do retorno. Num é? Ele faz essa periferia de São Paulo, a pequena propriedade, como eles dizem, (), parece um retorno. ### ### () um tom sombrio, sendo () do pessoal da família. Ainda o Rebolo tem às vezes um a figura da monumentalidade do mundo. () no mural da velha lha () do italiano. O afresco, a renascença, () a admiração por tudo (), isso é o Di Cavalcanti.

SPEAKER 1: : O Di, que circulou no primeiro mundo, num é ()

SPEAKER 0: : Aliás, ele veio para São Paulo, com uma caixa de () () esse período de mil novecentos e sessenta, onde a única nota, o único comentário () foi do Amadeu Amaral. caricatura ### Desde as páginas literárias, últimas páginas literárias, () Mas ele se interessa também, por isso que temos aqui em São Paulo, padronização Pintei um quadro () e gravei o clima daquelas reuniões aí na Casa do Mário de Andrade. Aqui no Instituto dos Estudos Brasileiros, os senhores têm uma coleção de pinturas ### ### ### ### ### ### ### () Ele tem mais uma vinculação com o impressionismo alemão. Lívio Abramo, que expôs recentemente no Museu de Arte Moderna () A gravura é todo um capítulo da história da arte pós guerra nesse período era ()

SPEAKER 1: : ###

SPEAKER 0: : Esse é o Ismael (), só que o Ismael () está cortado. Ele é um pintor que o pessoal está falando () agora. e teria casado com uma... () Tem uma série de pequenos quadros que estão (), com essa coleção (), e hoje eles estão ()

SPEAKER 1: : dessa visão sobre a vida. E le é um homem

SPEAKER 0: : Nessa época, nós estamos vi vendo () eh segundo o serviço do patrimônio histórico () nacional, Mário de Andrdade () no plano nacional. assessorar o que o Estado está fazendo. O Cícero Dias, em Pernambuco, né? Com esse primiti vismo () Depois ele foi a Paris com ()

SPEAKER 1: : ### ###

SPEAKER 0: : () dos operários atrás de tudo. E ela contava, aquele aquele senhor que está ali no meio era capataz lá na fazenda do () era o Camargo Guarnieri uma lá era () Aquele é o Oswaldo César está indo embora ### ###

SPEAKER 1: : ### () operar, a nossa hora de () ### ###

SPEAKER 0: : Há um um sentido local, e meio que noturno da rua do () ### () com irreverência (). Essa monumentalidade, essas figuras pesadas e (), de Di Cavalcanti e de Portinari Também tem uma correspondência na América Latina com o trabalho dos dos mexicanos, né? ()

SPEAKER 1: : ###

SPEAKER 0: : ###

SPEAKER 1: : () E eu disse para a galera que eu ia a São Paulo

SPEAKER 0: : Então, eu disse para o pessoal da própria Família Artística Paulista, o pessoal do sindicato, e todo mundo se queixava que o Portinari era o único artista comparável () não é

SPEAKER 1: : uma espécie de articulação, né? ### peça ao Rafael. E na reunião do presidente, escrevi outra peça. Sabe por quê?

SPEAKER 0: : () encontrei na praça da república com o mário de andrade

SPEAKER 1: : () caixa da banana não é () e eu não saberia ()

SPEAKER 0: : Mas a dificuldade de qualquer psicólogo brasileiro, ()

SPEAKER 1: : Tu imagina, por exemplo, que na época em que construíram o Ministério da Fazenda (), eles conseguiram construir um Ministério da Educação. Hum?

SPEAKER 0: : Eles eh conseguiram ficar em uma () Não é? Eles conseguiram moldar, ali, o registro do patrimônio nacional. E o Portinari E o () para fazer o () do Ministério da Educação. ###

SPEAKER 1: : ### ### O ócio, o ócio é o seu espaço de desenvolvimento, ()

SPEAKER 0: : Então, () eles tiveram acesso lá no Ministério da Educação, à cena de arte () essas exposições estão na sala () ###

SPEAKER 1: : Mas era uma uma alegoria de trabalho, não é? A noção do trabalho.

SPEAKER 0: : ainda estava ligada aqui, essa, eh eh, essa noção de como o () trabalho () () A noção mais ampla de trabalho, a noção de trabalho intelectual, o trabalho físico, (), né? () ### Mas, enfim, havia uma parte do trabalho que ninguém... Eh, que a pessoa sentia que não era () () presente do Portinari. Eu tenho um um um uma um um estudo sobre o Portinari, com uma bibliografia que foi feita com o auxílio das moças da da da Faculdade de Arquitetura, que foi foi publicada em um dos últimos números da revista História da (). () um vasto material () Inclusive até sobre como uma das figuras que () ### ### do Portinari, o café Esse negócio de pé, mão do profissional, eu vou contar uma história para vocês. ### Pintor italiano. Então tinha a figura de um homem () () E o pintor italiano () Mostrava o pé do do do do quadro do Portinari, e você veja essa linha curva, você veja como ele colocou as complementares aqui, como ele colocou o o vazio do () Não é? Mais formal, uma coisa que acontece no liberalismo. ### ### Vejam que Segal também tem essa simplicidade enorme na nos grandes planos, Ele transcende um pouco a () ###

SPEAKER 1: : Esse é um, uma análise do do do do Mário que

SPEAKER 0: : () Desde os pássaros no navio de imigrantes até os pássaros na guerra. Isso é uma gravura da série de návios de imigrantes O com o contato com o Brasil deu, vamos dizer assim, à cultura do Segal ih uma uma dimensão humana, quer dizer foi necessário a humanidade do Segal, hm, a maneira como ele vive certas coisas do Brasil, Campos do Jordão, mesmo as paisagens do Rio de Janeiro, mesmo certas construções de natureza morta. Num é? Para nós começarmos a () esses aspectos da nossa realidade. Esse certo modo contribuiu para humanizar nossa visão da vida, que é (), hã, () e universal, e tem momentos em que ele também está ligado ()

SPEAKER 1: : É, desde essa época do da dos anos cinquenta, essa pintura do Segal, onde predomina esse tom cinza, esses tons hã sombrios. Um pintor () dimensão, hã, universal.

SPEAKER 0: : Eu convivi com o Segal muitos anos da vida dele e tenho um presente, uma história ### () um dos últimos quadros dele: um homem diante de um muro com a mão levantada. Então, ele perguntou para o Segal "É operário?". Naquela época, tinha muitas das pinturas

SPEAKER 1: : () E ele falou assim "não, não é um operário, é um homem"

SPEAKER 0: : ###

SPEAKER 1: : Portinari ### ### da língua nacional ()

SPEAKER 0: : ### O Portinari, de certo modo, pega todos os símbolos brasileiros, (), café, Cacau. Né? Ele faz um uma verdadeira coletânea, vamos dizer assim, do cenário brasileiro e o repertórios formal também. Os famosos baús de viagens. () aspecto também um pouco surrealista que aparece nos céus do Portinari. ()

SPEAKER 1: : ###

SPEAKER 0: : Olha o pessoal do baile aí. Aquele aquele no centro é o () () A noiva é a senhora do a Alice Rossi, mulher do Paulo Rossi.

SPEAKER 1: : Eh, ah ali dá para ver também, tem o maestro Souza Lima lá no fundo, atrás dela.

SPEAKER 0: : luís quatorze Não, o Souza Lima, ele tinha apresentado.

SPEAKER 1: : ###

SPEAKER 0: : ###

SPEAKER 1: : ### ### ### ### (tosse) Olha as florestas (), onde já aparecem as impurezas ### () foi na floresta.

SPEAKER 0: : Os artistas trabalhavam de dia e de noite. ()

SPEAKER 1: : ### ###

SPEAKER 0: : Olha lá, ali aparece o Geraldo Ferraz de chapéu à esquerda que foi ca que foi casado com a Pagu está ali no fundo articulando, dona () com a paleta na mão, Segal na escada

SPEAKER 1: : ###

SPEAKER 0: : Aí está o pessoal, o Mário de Andrade, o (), o Paulo Mendes de Almeida () ### ### ###

SPEAKER 1: : Segal de cartola, aqui ao lado de todo mundo.

SPEAKER 0: : Flávio de Carvalho (). ### () Flávio de Carvalho, desenhista excepcional, maravilhoso, expressionista, ()

SPEAKER 1: : ###

SPEAKER 0: : O retrato do maestro (), professor lá da (), mas o sociólogo ()

SPEAKER 1: : Vignard, que depois foi pzra () E... Já deve ter se perdido, principalmente o quadro que era da coleção do Mário de Andrade, uh, a família... () ###

SPEAKER 0: : da coleção do Mário de Andrade, com uma série de autorretratos ()

SPEAKER 1: : ###

SPEAKER 0: : ### projeto Logo depois de quarenta () de São Paulo, não vendeu um quadro.

SPEAKER 1: : Não saiu uma nota no jor nal Era a mesma () que o Vignard fez de uma () sobre o uh o () Num saiu no jornal, () ###

SPEAKER 0: : ### ### ### na nota ### ### Ele falou assim Eu vou te dar um () ### ### Eu vou te dar um () ### ### u ma dúvida ###

SPEAKER 1: : ### ### ### ### ### ### ### ###

SPEAKER 0: : () Antes de encerrar, eu queria dizer aos senhores o seguinte, em mil novecentos e quarenta e um, em mil novecentos e quarenta e um foi organizado esse salão de arte na feira da indústria, é um acerto muito significativo. Né? sob aqui o patrocínio do doutor robe rto E uma série de damas da sociedade, Dona Deise de Almeida, () Pinto Alves, () Pinto Alves, () Nabuco, () do Elias Carlos Neto, jornalista, Vitório (), pintor, Quirino da da Silva, pintor, em mil novecentos e quarenta e um. Então é bem significativo isso, esse (), ih. Os conferencistas estão aqui, o professor José José (), já falecido, o professor () Castro Medeiros, já falecido. O professor José (), grande poeta italiano, já falecido. Já falecido, Félix (), já falecido, César Meneses, já falecido, Menotti del Picchia (), Oswald Andrade, já falecido, Professor José Nogueira, nosso professor na fi na filosofia () (risos) Então quer dizer que esse quadro de industrialização depois de trinta, eh, esse, esse período, eh, também correspondente à guerra, mais ou menos, alguns fatos que nós conseguimos ### Um texto que me pareceu, mais também um poema ah, a do Mário de Andrade. não há originalidade nenhuma portanto no que nós trouxemos hoje para os senhores a bibliografia talvez () () deixo aqui mais também do que a bibliografia () demoraria algum tempo para para montar. Eu lamento não poder fazer isso, dado o caráter dessa dessa conferência. Mas, ao chamar a atenção sobre o o estudo de Mario de Andrade, sobre Clóvis (), eu direciono também () encontram algumas das análises mais bem feitas pelo Mario de Andrade. () é um conforto, um sinal de maturidade. (), vendo a gente do seu tempo. ###