SPEAKER 1: aproximadamente há mil oitocentos e cinquenta, portanto até meados do século dezenove  Então, uma é uma história éh tem que ser vista, essa segunda. Essa segunda a realidade que eu fiz referência, teria de ser vista, então, segundo segundo um um enquadramento histórico, como uma realidade que tem seu princípio e teve, inclusive, o seu fim, né, ( ) deixando lugar a uma estética subsequente que, no caso, é o realismo. No primeiro caso o considerando o romantismo como um estado de alma, como um modo de ser, É nesse sentido que se costuma considerar que o romantismo é próprio da atitude éh jovem. Porque o curioso é isso, que exis já vários enquadramentos foram a respeito de romantismo e classicismo. que são consideradas as estéticas mais opostas entre si. E há quem chegue a considerar, de certo modo, que o classicismo corresponderia a uma estética de mat de maturidade, de madurez do espírito, enquanto o romantismo ãh significaria uma forma de adolescência, uma forma de colocação dentro da realidade que seria imatura, por excelência. E isto, o de certo modo, justificaria que os românticos foram, na sua imensa maioria, adolescentes não é> <é e que, portanto, haveria alguma razão em considerar que o romantismo equivalha a uma a um comportamento ou a um modo de se pôr diante da realidade que é adolescente, enquanto o classicismo seria próprio da madureza. Eu sei que éh, se se fala do estado de alma, é claro que o cronológico aí tem muito pouco a ver, não é? Porque poderia haver perfeitamente uma atitude romântica numa pessoa que tivesse oitenta anos, por exemplo, não é? E uma atitude que se considerasse clássica ou madura em alguém que tenha os seus vinte anos adolescentes, certo? E> Uma das formas de ãh encarar o problema é este, considerar o romantismo próprio do adolescente, enquanto oh o classicismo seria próprio da maturidade. Há quem leve as considerações ainda a um plano ãh ma ãh de outra ordem, considerando, por exemplo, o seguinte, que a atitude clássica> corresponderia à atitude masculina diante da realidade e> Isso porque se pressupõe, errado ou certamente, não sei, que a mulher seja muito mais sentimental, seja muito mais subjetiva do que o homem. Vocês talvez tenham melhores condições do que eu para me dizer se é verdade ou não. Certo? É> <É verdade? É muito (risos) relativo mes> Bem, então, se se se coloca a coisa por aí, a gente tem que entrar em generalidades de grande estilo, né? Porque éh é difícil que nós nos situemos de uma maneira bastante objetiva. O> Quero dizer com isso o seguinte, que se nós estivermos propensos a admitir a atitude romântica como uma das posições válidas do espírito, tendemos a che a achar ãh mais ou menos ãh limitante oh o classicismo, porque exatamente porque corresponderia a uma forma de maturidade, poderia significar também uma certa espreiteza de espírito ou uma ah posição extremamente rígida diante da realida> Porque o que o que caracteriza o romantismo é a liberdade total né de espírito, o um libertarismo pleno. E, por isso mesmo, as formas de romantismo estão associadas a certas ideias, como a de revolucionarismo não é? como a de independência de espírito, e e há uma tendência, por isso mesmo, a considerar que o romântico seja revolucionário e o clássico seja reacionário não é? seja mantenedor de formas já consagradas. Isso talvez pelo simples fato de que o elemento distintivo das duas atitudes seja isto, que o classicismo coloca a razão como elemento predominante não é? como ah a força criativa por excelência. se bem que, no classicismo em si, a razão não seja entendida propriamente como uma força criativa, mas simplesmente como uma força crítica, seletiva não é? sendo a inteligência, sim, ãh o elemento ou a capacidade criadora bem Então, se se coloca, perdi o fio da meada, se se coloca oh a razão como oh elemento preponderante, essa essa razão tende a construir certos ãh como eu diria? certos valores que são considerados como perfeitamente válidos sempre, porque derivados do que, em sentido prático, seria o bom senso não é? e> ### Daí a tendência a considerar que a razão, ãh procurando ãh compreender a realidade, aceitar, digamos, a ordem que o mundo esteja estabelecido tenda a se transformar numa força de reacionarismo, segundo esse essa perspectiva, enquanto o libertarismo, o subjetivismo, o inconformismo, o espírito de revolta que é próprio do do romantismo, seria o oposto a isso tudo não é? Exatamente ah uma força propulsora que leva sempre o homem à descoberta de novas coisas. ( ) ainda dentro dessa perspectiva, essas duas forças opostas seriam uma que é da insatisfação plena, do romantismo, da que não aceita a realidade tal qual ela é, co como ela se apresenta, mas sempre em nome de um ideal mais ou menos vago procura atingir oh algo que seja totalmente diferente da situação em que se esteja. Então, oh o que há é uma oposição àquilo que se chamaria o status quo né? uma inaceitação da realidade tal como se apresenta e, portanto, o discortínio, ah a busca de uma realidade que satisfaça as ânsias maiores do do espírito. Eh e o classicismo nesse mesmo sentido, então, seria a aceitação da ordem, a resignação ah ao estabelecido. E> SPEAKER 3: ### SPEAKER 1: ### Eu sei que o modo como eu coloquei a situação é éh extremamente simplista, né? Ela está minimizando tudo, está colocando as coisas de uma maneira muito esquemática e, por isso mesmo, simplista e errônea, né? ( )> Já está deixando de considerar uma série de dados do problema. Porque, né, e eu disse a princípio que se a gente ãh angular a coisa sobre determinada perspectiva, tende-se a menosprezar a perspectiva oposta, certo? Se você, então, tiver qualquer proprensão às formas de libertarismo, de individualidade, subjetivismo, do romantismo, você tende a considerar as clássicas como enpequenecedoras, né? como diminuidoras da visão total que é possível ter da realidade. E o e o contrário acontece também. Se você estiver do lado da ordem do predomínio da razão, você tenderá a considerar toda a forma de de subjetivismo como profundamente limitante, porque ela reduz tudo a uma perspectiva pessoal. E, consequentemente, em termos de um descortínio de verdades, né, de de apresentação de verdades que possam interessar a coletividade, o que é subjetivo em demasia parecerá sempre ridículo, não é? Tudo dependerá dessa perspectiva. Mas, na realidade, o que se está querendo mostrar é que, as se eu fosse ter uma uma posição aí no caso, não seria nem sequer a de equilíbrio, entende? Não é que se deve deva ter uma atitude, agora estou falan co colocando tudo em termos pessoais, românticos e subjetivos, portanto. ( ) e eu acredito que não não se deva fazer uma opção entre ter uma atitude que seja totalmente subjetiva ou totalmente clássica. Eu acho que o que se deve é dar livre vazão a essas duas essas duas tendências que existem eh e retirar delas a força de que cada uma delas é capaz. Tudo no num momento apropriado, desde que se tenha a sabedoria, sei lá, de descobrir quando é que é necessário ser in inconformado com a realidade, por esta tônica melhor do romantismo, e quando é necessário que se coloquem as coisas com uma objetividade bastante grande não é? Bom, então, oh porque a observação que ele fez é é foi a seguinte, de que do modo como eu estava falando, parece que o classicismo não fez nada né? ou não aspirava a coisa nenhuma. ### A tal da mimese ou mimesis, se vocês preferirem. Mas ãh deve-se entender por isso a imitação da natureza humana e não da natureza no num como um conjunto de fenô> E, portanto, se se procura imitar ah a natureza humana, procura-se imitar segundo os valores do do classicismo grego não é? ãh da antiguidade grega. O> Ou seja, o que se procura, na realidade, é instituir modelos não é? modelos que em nos quais se tenha cumprido a aretê máxima daquele indivíduo, a virtude que é própria de um ser não é? A aretê ah ou virtude, para os latinos né corresponderia exatamente a isso. Aqui, o o indivíduo se torna excelente num campo a que ele se dedica e que e que é fiel, que é consubstancial ao seu modo de ser não é? A> A fidelidade ao seu próprio ser. Então existe uma areté pro uma aretê própria, por exemplo, do do guerreiro. não é? uma aretê própria do poeta, própria de um artesão e assim por diante eh E na realidade, quando se procura imitar quando se procura atingir o estado de perfeição do aretê de um cavaleiro, ele põe guindado a um modelo não é? a um verdadeiro arquétipo que que pre que precisa ser imitado não é? Então, quando o o homem clássico procura imitar esta natureza humana, o que ele procura fazer, na realidade, é atingir a excelência máxima possível em deter em relação a determinada virtude que haja num ser. Então, isso significa, em última instância, que essa imitação da natureza humana, na realidade, é em função sempre de um ideal do homem e nunca em em função de um real já pré-existente não é? é> <É em termos de atingimento de uma essência que não é feita, ãh digamos, da somatória das aparências, não, mas que existe como um dado já abstratizado de uma série de realidades ou de para considerar, certo? Então é evidente que os ideais do classicismo são extremamente nobres se você os puser sobre esse ângulo. Mas acontece que há há uma tendência, apesar disso tudo, de instaurar a razão como um dos órgãos máximos não é? como o órgão máximo, controlador de tudo. Para o classicismo, a razão, eu disse, não é simplesmente não é éh uma força criativa os o> <é? Então a sensibilidade, que se confundiria aí com o que os simbolistas chamariam a intuição profunda de tudo não é? é um modo de captação desse mistério existencial. ### à intuição de umas realidades profundas, aqueles procuram chegar estabelecendo uma uma crítica e uma negação bastante grande do da razão. Da razão que passou a ser entendida por ele, sobretudo depois do iluminismo do século dezoito, como totalmente infrutífera para a solução de angústias mais profundas que o homem tivesse. S> Vocês acham que seria válido fazer esse tipo de analogia, ou não? ### é ãh eu eu acho que há algumas razões, porque o o romantismo éh é normalmente caracterizado como uma forma de desequilíbrio. Se a gente pensar primeiro nas faculdades criativas, que são ah a inteligência, a sensibilidade ou a emoção e a imaginação, no romantismo essas forças estão totalmente desequilibradas, né? enquanto o classicismo pretende exatamente estabelecer uma harmonia entre elas. não é? Daí a a tão decantada a busca do equilíbrio. SPEAKER 3: ### SPEAKER 1: É, sobre esse aspecto é válido, porque a atitude do adolescente é quase sempre o de uma afirmação, né> ### Pode ser a de a de pretender sempre uma afirmação diante dos valores que estão diante dele. Mas essa afirmação de si, antes mais nada, diante dos valores, quase sempre resulta da negação de uma série deles em que ele não acredita, em que ele pretende exatamente ver ãh afastado para que sejam substituídos por outros que ele julga mais válidos, não é? Pois bem. Não, não, mas veja bem, ah espero s eu sei, eu compreendo o que você disse poderia parecer que mostrou um ponto ( ) da argumentação, mas na realidade, oh veja bem, você considera uma era clássica, né? você se considera a Era Medieval e uma Era Clássica essa> depois a gente terá que comprovar que o movimento em si, o movimento histórico, realmente tem algo que é totalmente distintivo por razões culturais dos movimentos anteriores, né? Mas o que nos estava preocupando agora é a atitude simplesmente ãh romântica e foi isso que lhe fez fazer a observação, não é? éh Com relação ao que ele disse, alguém viria em meu socorro para alegar alguma coisa? ele afirmou que na realidade todo movimento se opõe ao anterior, não é? Então, nesse sentido, se poderia considerar que qualquer movimento ãh seria próprio de um romântico ou de um adolescente. Qualquer início de movimento. E ago> Será que eu me meti numa esparrela de onde eu não saio de jeito nenhum? (risos) Bom, como é que é? SPEAKER 3: ### ### ### Então qualquer movimento seria mais ou menos próximo. ### SPEAKER 2: ### ### SPEAKER 1: É, o que ela quis dizer é que toda forma de revolução, afinal de contas, acaba sendo feita sempre pelos jovens. ### ### Mas os jovens que se opõe a, de um modo Geral para> SPEAKER 3: Agora precisa saber se você classificou caracterizou o romantis> ### Não pelo fato de ser um movimento novo. ### ### Agora, quanto ao espírito, se ele é adolescente, ou se ele é mais maduro, aí é outra coisa. ### SPEAKER 1: Aliás, já foi dito mais de uma vez que não existe nada de novo, não é? SPEAKER 3: ### SPEAKER 1: Mas olha, (risos) o que o que ela disse aí está está bonitinho, mas eu (risos) não sei a que a que me leva, entende? Porque realmente eu não sei se seria válido considerar que realmente todos os movimentos de de oposição a um anterior, possam realmente ter sido sempre feitos por gente de espírito jovem. Eu eu entendi. E eu não sei se eu vou sofismar se eu disser se eu disser o seguinte, que é muito provável realmente que o que aconteça seja isto, que ãh ao surgir um movimento qualquer a o espírito de inconformismo que existe em relação à estética anterior ou a um movimento qualquer anterior, e se o considerarmos como próprio da adolescência e consequentemente próprio do romantismo, esse realmente indicaria existirem esses componentes nesses indivíduos que fazem as revoluções. Dito em outras palavras, em termos mais simples, porque eu acho que eu me embananei um pouco. oh Se quem faz um movim um movimento de revolução é jovem, não é? em espírito No momento em que ele está sendo, mesmo quando ele tivesse a tendência a se opor, por exemplo, ao romantismo, e já se éh esgotou e tentasse impor uma forma que seria de de maior objetividade, haveria uma atitude de espírito que seria próprio do inconformismo romântico. Certo? A> É, eu acredito que não deve estar muito curado, não é? É a> Nós estamos considerando que o romantismo é uma atitude própria do adolescen> Mas é preciso, então, que nós consideremos o que nós temos como tal, o que é que se considera um espírito romântico ou um espírito adolescente, certo? O que é que caracteriza isto, afinal de contas? Nós já demos alguns SPEAKER 0: ### ### SPEAKER 3: Certo. SPEAKER 1: Certo, é é evidente. ( )> o incon o o que se o que que caracterizar o romântico for realmente o inconformismo, a inaceitação de uma realidade, essa realidade terá de ser sempre imediatamente anterior. Não é? A> SPEAKER 3: ### ### SPEAKER 1: Mas e eu não sei se nós estamos realmente colocando esse esse libertarismo, esse espírito de rebeldia, como um dos aspectos do romântico existentes, né? sendo o mais importante. Talvez ele não seja. Pode ser que não seja. O que nós sabemos todos é que existe uma ( ) oposição entre as duas atitude> Numa predomina declaradamente a verdade a verdade sentimental, a sensibilidade, a emoção. Né? Aquilo que é subjetivo, que é pessoal, que é personalista, por excelência. Não> No outro predomina ah praticamente a abstração. Prat predominam os valores do raciocínio. Não é? E> Há isto. E quando se considera que alguém é romântico ou que alguém é realista, o que se leva em conta apenas é o predomínio de umas tantas atitudes ao longo do dia ou ao longo da sua existência. Não é assim? É pela é pela somatória, por um denominador comum que se faz, é que se chega a essa conclusão. Porque ninguém é totalmente subjetivo nem totalmente objetivo. Porque o que fosse totalmente racional ou que vivesse pura e simplesmente numa esfera de abstração de intangíveis, esse seria um que fosse um filósofo o tempo inteiro e que a a e que filosofasse sempre, o tempo inteiro também, mesmo no trato diário e que nunca tivesse uma atitude que tivesse a menor coloração sentimental. o que seria a própria pena de um doido, acredito eu. Não é? Quer dizer essa esse tipo de abstração é impossível de acon de ocorrer. E> <É? Eu não quero nem chamar de anímica, porque de deveria associar o anímico ao sensível né? e provavelmente oh o espiritual aí a uma realidade em que o racional fosse um ( ). Não é?> Mas não vamos colocar, vamos colocar que são duas apenas possibilidades do ser, duas disposições do ser. Então essas duas disposições do ser independem de de idade cronológica, porque é possível perfeitamente que eu mantenho ao longo da minha existência uma atitude de ãh que seria própria, do que eu chamo de adolescência, mas adolescente em quanto à atitude e não em quantidade e vice-versa. SPEAKER 3: ### ### ### SPEAKER 1: é que a natureza éh é vista de dois modos diferentes para um e para o outro. Não é? Nós sabemos que o romântico tende, por exemplo, ah a transpor para a natureza o seu estado de alma. Então, há uma identificação dele para com a natureza. Ela se torna sua confidente e ele a vê como um elemento ãh que, primeiro, funciona como um confidente dele e, segundo, como uma realidade uma realidade imensamente grande em que ele se situa muitas vezes diminuído dentro dela. ### ### Uma verdade ideia ( ). transbordando toda ela, pesando cosmicamente sobre ele, sobre o homem. E> O homem está acima da natureza que ele utiliza. e e pela qual ele não se vê absolutamente esmagado. Mas o homem romântico sente a natureza opressivamente pesar sobre ele. E se ele tende a transferir para essa natureza seus estados de alma, se ele se identifica com ela não é? é ele o faz por um por um sistema de projeção. Mas ela tanto serve como esse elemento de confidência, de projeção de si para a natureza, quanto ela funciona ao contrário, como uma força esmagadora, em que a gente se sente diminuído e oprimido diante de todo um mundo que é imenso, em que ele se sente diminuído. O clássico, ao contrário, sempre subordina a razão, sempre a ver de uma de uma forma que é que se porque é racional, acaba sendo sempre SPEAKER 3: ### SPEAKER 1: ãhm sabe o que que é? Éh é o seguinte... é que, enquanto para oh o clássico, a natureza, quando sempre se reduz a uma paisagem particular, que é dominável pela razão certo? E a natureza, quase sempre, é um esquema mental, mais do que uma realidade vivida certo? Para oh o romântico, a natureza não é simplesmente uma paisagem, mas é um todo, é a fenomenologia toda do mundo, é tudo quanto existe que que é a natureza, com toda a ordem e a desordem possíveis desse mun> Então, é porque ele alarga e incomensuravelmente o âmbito de natureza, é que ele aceita o pesar sobre si. Certo? Então, enquanto ele a vir como uma paisagem, do mesmo modo como a vê o clássico, entretanto, ele transfere para ela os seus estados de alma, o que o clássico não faz. Mas, muito mais do que simplesmente ser uma paisagem para a qual ele transfira os seus estados de alma, ela é o universo inteiro. A natureza é tudo quanto não seja ele próprio, e ele próprio se considera um ser da natureza e, portanto, ãh passível dos mesmos das mesmas forças que estão em ação sobre tudo. E ele se sente esmagado, muitas vezes, por um mecanismo que ele é incapaz de controlar, de e cuja força ele é capaz de sentir, mas da qual ele não consegue ter o domínio. Seria isso, seria essa intuição de que existe uma ordem aí que lhe escapa ao controle. Não é? E ele se sente, por isso mesmo, esmagado. Mais ou menos como seria a atitude, nesse sentido, do adolescente que, procurando afirmar-se, sente ãh o mundo todo, ainda como, a determinado momento, pelo menos, como só tendo oh a sádica atitude de de se unir para perseguir. Não é? Ele tem, muitas vezes, a impressão de que todas as forças do universo se agruparam para perseguir. Ele sente a sua a dificuldade de afirmação diante desse todo. Não é? E o romântico tende, muitas vezes, a se sentir um ser inconformado, a a se sentir um perseguido, um desgraçado, diante da das forças cósmicas, né? Nesse sentido que, parece que a atitude diante da natureza é bastante diferente, num e no outro. Ainda que haja, porque o que faz exatamente a diferença de uma atitude diante da realidade é o modo como uma mesma realidade é sentida, vista, apreendida. Não é? A realidade é praticamente sempre a mesma, mas o modo como a gente se situa diante dela é que dá um marco distintivo da das atitudes. Né? Certo? Então-ses, então-ses, então> Diga> SPEAKER 3: Não sei se posso falar, objeti> ### Uma coisa e depois ele vai fazer uma outra coisa. Ele não está preocupado em ser inconformista, o clássico romântico romântico ( ) ele é essencialmente inconformista, ele é inconformado com muitas coisas. ### ### ### ### ### SPEAKER 1: eu a eu acho que está muito bem observado, sim. É, é porque, na realidade, isto aqui que você disse poderia ter ãh aproveitado naqueles termos que dissemos, né? Ou seja, o predomínio da razão de um lado e o predomínio do sentimento do outro. Porque quando predomina o sentimento, é o ser com a sua alma toda que se situa diante de algo. Então ele vibra intensamente> Ele sente. E se ele sente ele está mergulhado na realidade. E, portanto, ele ele experimenta uma comoção interna violentíssima. Enquanto a outra atitude, muitas vezes, é> <é uma atitude fria, exatamente porque reduzida à esses à esquemas mentais. Não é? Foi o que você quis dizer, quando essa atitude objetiva de um inconformismo que seria ãh que não tocaria a profundidade do ser, não é? Que simplesmente ãh ficaria tocando assim pela rama certa a periferia intelectual, sei lá, se pode dizer assim, mas não atingiria a essência profunda do ser, aquilo em que ele é ele mesmo, que atin que atingisse o ser profundo entre outras coisas, o ser anímico ali a com a sua psique toda colocada em ação. Seria isso? E acho que realm> não fala mais, não vamos dar dica para ele (risos) E então eu tenho a impressão de que ela não quis dizer absolutamente nada disso. Porque o o ideal para o romântico éh é palavra-chave, é fundamental. Eu não entendi como é que você chegou a essa conclusão, não entendi o seu mecanismo aí para chegar nisso. SPEAKER 3: ### SPEAKER 1: Mas isso aí se aí agora que provavelmente vou atacar de adulto outra vez. Entende? É é> <É aí. Porque realmente ãh é aí que entraria a necessidade das duas atitudes. Porque se a gente con entender que a a própria da adolescência realmente é o inconformismo, é a oposição aos valores consagrados, isso significaria que o que o romântico faz é muito mais uma derrubada de mitos do que a apresentação de mitos novos que substituam os antigos. Não é isso? É isso que diz nossos termos?. Quer dizer, é há uma tentativa de oposição, de derrubada de valores de que não se acredita e, consequentemente, uma oposição que aumenta do ponto A. A atitude marcada seria essa de revolta, de insatisfação por tudo quanto existe. Aí é que há a necessidade do do Espírito da Ordem, porque depois dessa derrubada toda, o o espírito clássico tem de entrar em ação para ver realmente o que é subsistente, o o que tem realmente valor duradouro naquela derrubada e que e repousa numa filosofia nova de sentido e de ver tudo. E que aí sistematiza aquilo que foi simplesmente uma um um derrubar que foi simplesmente ico iconoclasta, né? Que foi uma uma uma longa vassoura varrendo tudo, para colocar as coisas em ordem. E se não houver sempre o o, acredito eu, esse espírito seletivo, crítico, não é? Que organize o o caos formado, a humanidade não evolui. Então há necessidade de ambos os Espíritos, um que se inconforme, que e que abale as estruturas, e um outro que depois de abalada essas estruturas, coloque realmente algum em ação, que pode ser exatamente a filosofia de toda aquela aquela derrubada que foi feita, mesmo que não houvesse consciência clara de quais fossem os valores em que os românticos se baseassem. Mas é essa mas acho que você teria razão nesse sentido. Não é? De fato, eles talvez tenham ãh eles estejam agindo em nome de um ideal, mas esse ideal muitas vezes não lhes é claro. Esse que é o esse SPEAKER 3: ### SPEAKER 1: Não, entrou sim. O o movimento histórico do romantismo, a meu ver, entrou em em em numa luta séria, que foi a de a de dar ãh de dar a expressão àquilo a que se chama verdade pessoal, sentimental, pessoal. Não é? E e E e, consequentemente, foi contrário à impessoalidade. A impessoalidade da razão, a pessoa eles opuseram à pessoalidade do subjetivo. SPEAKER 3: ### ### ### SPEAKER 1: ### ### SPEAKER 3: ### SPEAKER 1: Mas éh ãh estou vendo que a gente tem que situar sempre o problema do romantismo histórico, né? Não há como fugir disso. Mas é preciso não esquecer que todo o romantismo em si foi preparado, e longamente, desde meados do século dezoito, não é? Pelo próprio espírito do iluminismo que se tentava superar e pelas atitudes pré-românticas. O> O que há, na realidade, é que há atitudes pré-românticas aqui e ali em indivíduos. Porque, no fundo no fundo, aquilo a que se dá nome de pré-romantismo é um romantismo. é exatamente, em muitos aspectos, igualzinho ao que seria o romantismo depois. Vocês viram no próprio Bocage, não é? Uma série de atitudes que seriam consagráveis aos românti> Mas por que é que o pré-romantismo não é ainda chamado romantismo? Pelo simples fato de que são esporádicas as as as atitudes, de que elas não não funcionam como um bloco, como um todo de uma humanidade que se modifica. Ela aparece aqui ali, em em uns poucos indivíduos, sem atingir os foros de um de uma geração, sei lá, de um de um movimento, de uma atitude coletiva. que tenha coesão e unidade suficientes para permitir falar-se em um movimento. O que há antes é uma atitude de esparsa, e por isso se fala em pré-romantismo. Mas o que deveria acontecer é mais ou menos isto, em que os indivíduos ãh talvez vivessem sob a dependência de uma, de uma ãh sob a dependência não, sob uma existência em que predominassem esses valores ãh racionais e sentissem a a lacuna que havia em eles se confessarem de vez em quando, em se exporem sentimentalmente, em dizerem algo que fosse próprio só deles e que não tivesse nada a ver com o resto da humanidade. e que teria sempre a ver com o resto da humanidade, mas que eles estavam pouco se importando que dissesse a respeito ou não. E> A redução dele a a conceitos. Mas, a a ao se ele tem aqueles sentimentos> SPEAKER 3: ### SPEAKER 1: Vocês se dão satis por satisfeitos com essa minhocação toda? (risos) Não, é que eu pretendi, para vocês não ficarem perdidos, eu pretendi simplesmente situar ou colocar um dos ângulos da questã> Não é? Como que nos interessa fundamentalmente o problema histórico, então eu quis fazer a apresentação de um aspecto em que talvez vocês tenha pensado muitas vezes, mas que convém considerar que pode ser benéfico.