SPEAKER 0: >dice, nós vamos fazer uma entrevista com a senhora sobre o vestuário. Então, eu quero saber o seguinte, o que a senhora considera uma mulher bem arrumada, um homem bem arrumado? Tudo que a senhora tiver que dizer pra gente a respeito de vestuário, eu gostaria que o senhora dissesse. Bom, uma pessoa bem arrumada, um homem bem arrumado. Vou começar pelo homem, tá bom? Eu acho que tudo tem hora. você vai, se você vai para praia e vê um homem com um bonito forte, uma sandália própria de praia e o que mais? Isso ele está bem arrumado na praia. Uma camisa esporte bonita, uma mulher também na praia, uma mulher vestida, um biquíni ou um maiô bonito.  mesmo descalço, ou com uma sandália que combine, você combina as cores, eu acho muito bonito quando combina () Uma sacola bonita, um chapéu bonito e tal. Se você vai pra uma fazenda, pra um campo, pra uma casa de campo, tem uma calça ali, eu acho muito alinhada, um tênis, um uso, se, se anda a cavalo, uma bota,  Tudo, eu acho que o principal na vestimenta, no, no, no poste da pessoa, é, uh, saber a hora. A hora pra se arrumar, () como está, como aparece. Se você é convidado para uma reunião informal, por exemplo, você vai toda de toalete, vai, uh, de, de estrave, sei lá, aquelas joias, não sei o quê, você fica fazendo papel ridículo. Eu acho que é mal vestido nessa hora.  Você vai pra uma reunião informal, tem homens com calças esportas, com blusas esportas, bonita, não também de marro, de cor demais, assim, cheguei, eu detesto, acho feio para cachorro Eu gosto mais de () Então, isso também, a roupa define muito a personalidade da pessoa. Tem pessoas exuberantes, e eu Eu gosto muito de, desses cartas que você usa à noite. É informal, quando é fazendo assim que você...  meio tipo indiano e tudo. Acho muito bonito. Quer dizer, dentro do moderno, acompanhando a moda. Dentro do moderno, se acompanhando a moda, eu acho muito bonito. Essas fantasias. Se eu pudesse, por exemplo, eu vestiria um vestido chinês, um vestido desses, assim de, pra noite. Um grego, um italiano. Cara> Mais característico de cada raça. ###  E isso eu acho uma pessoa bem vestida. Agora, se vai para uma conferência, uh, eu acho que deve pôr um terno, vestido de terno, um homem vestido com um terno completo, um terno () () Eu acho muito bonito esses, como é que se chama? Blazer. Quando põe blazer, () como é que é? Malha () no inverno.  Põe aquela mala colante, não sei como é que chama, que vira aqui no pescoço. () (risos) Então, o > () vê pra hora, certo? Você vê que ele tem... Que ele sabe se vestir, sabe se... Tem uma personalidade. A Apesar dele estar acompanhando a hora, dele () estar acompanhando... Está dentro de uma...  quase que um ritual social, mas ele dá... Você olha a pessoa, () você admira, você vê que é uma pessoa que tem bom gosto. Não precisa exagerar, não precisa pensar só nisso, porque moda pra mim não é o meu forte, né? Então () assim, eu não me preocupo com isso. Eu acho isso uma coisa que está hoje muito importante, mas está dentro de, de um limite. Se você fala isso de um valor,  todo especial, seu próprio, então já não é muito bom, não acho natural isso. Tem que se vestir conforme a hora só. A senhora falando em roupa, toalete, como é que a senhora descreveria essa roupa? Toalete, eu descreveria assim, por exemplo, um vestido de uma senhora que fosse elegante, que fosse convidada, como foi  Digamos, minha cunhada foi... Nós fomos convidados, mas eu não fui para o, a posse do governador. Então, teria que ir de um longo e um vestido toalete. Ou, então, casamento. E Por exemplo, para uma missa de sétimo dia, já tinha que ser um vestido mais discreto, mais esporte, um taieiro, uma coisa assim. É diferente. Toalete para a noite. Eu chamo toalete ou um vestido de noite.  E não para essas reuniões informais, reuniões de Natal, reuniões familiares quase. Coquetel já é uma coisa também mais especial. Toalete eu chamo disso, de vestido assim longo e de casamento e mais chique.

SPEAKER 1: E como a senhora definiria um traje esporte?

SPEAKER 0: Definiria como?

SPEAKER 1:  Como é que a senhora, não, como é que a senhora descreveria? Como a senhora diz que em toalete seria um vestido longo? E quais os detalhes que teria uma roupa esporte, um vestido esporte, por exemplo?

SPEAKER 0: Bom, esse aqui é um vestido esporte, um vestido que não é longo e de fazenda, assim, mais lavável. Ou então, uh, vestido esporte para verão.  vestido de alcinha, de fazendas da Pernambucana, que eu adoro, () acho uma delícia (risos). Acho um bom negócio, fazendas da Pernambucana, que acho uma graça. Quer dizer, algodão, não é? Seria vestidinho de algodão, estampadinho ou liso. Antigamente se dizia chita, vestidinho de chita, como tem os pepiras lá da fazenda, que eu acho uma graça, mas eles não falam. Mas são () fazendas de algodão,  ou então calça comprida, que hoje usa muito, blusas, blusõezinhos, isso é uma roupa esporte, botinha que as meninas usam, tênis, sandália, crianças em, estão sempre vestidas, esporte é isso. ###  Então, já tem um detalhe. É uma saia de um, de um... No inverno, uma saia de, digamos, de camurça, ou uma saia de lã, de lã escocesa, mais bonita, mais cara, em cores combinando com a, com a blusa. Qualquer coisa desse gênero. Não sei se tá certo, mas... É isso mesmo que eu queria  E o que que a senhora acha que deve acompanhar? Quais complementos que devem acompanhar uma toalete? Uma roupa de toalete? Uh A toalete, quer dizer, para o, o toalete que eu disse, é toalete de, de noite. O longo deve acompanhar uma bolsa muito fina, pequena, que seja... Ou, às vezes, um, uma echarpe ou um chale, que hoje está usando bastante.  E, principalmente, é o adorno, as, os, as joias. Ela que define, a joia que vai definir o, a pessoa que está em toalete. Pode estar com um vestido preto, por exemplo, um longo preto, simplíssimo, sem nada, mas está com uma, um colar de pérolas que antigamente usava. Hoje é uma fantasia francesa fina, ou um brilhante.  ou está usando muito () ou então, flor. Isso define mais, ou então, uns brincos, um brinco de brilhante, qualquer coisa. Brilhantes, em geral, que usam mais para a toalete. Uma baguete, um broche, ou então, o detalhe é de um cinto, uma, o sapato é sandálias, em geral, prateadas ou douradas, ou principalmente do mesmo tecido do vestido. Isso é que faz a...  A toalete. Detalhe é sapatos, bolsas, sempre uma bolsa ou uma bolsa de... de teatro dourado, ou geral de... como é que chama? Aquele bordadinho francês, petit point. Isso faz um detalhe da toalete. ### Maquiagem. E nas mãos do senhor usaria alguma coisa? Luvas. Luvas usou muito. Trava-se luvas para camisa.  Usava luva e chapéu. Chapéu não, não pegou o meu tempo, eu nasci () ### pouco se usa () ### Missa de sétimo dia ou uma recepção, assim, à noite também se usa. Ou metele () Antes de fazer essa pergunta, a senhora falou em maquiagem, não foi isso? Como é que a senhora faz a sua maquiagem e o que a senhora considera uma mulher bem maquiada  Em que ocasiões ela quer, precisaria se apresentar bem maquiada e que tipo de maquiagem? Bom, isso é muito especial, muito individual, né? Porque eu, por exemplo, eu faço maquiagem rarissimamente. Eu não ponho nada de pintura o dia inteiro de trabalho, eu não faço. Mas para uma reunião à noite eu faço uma maquiagem, mas eu não sei fazer maquiagem eu mesmo. Então eu vou no cabeleireiro, o cabeleireiro mesmo faz.  Maquiagem, põe cílio postiço, põe um creme, põe uma base, depois põe aqueles negocinhos mais escuros, que eu não sei como é que chama, minha filha sabe o nome. Eu não sei, vocês devem... Blush! Blush! (risos) Lembrei, é o tal do blush. Esses nomes horrorosos! (risos) Não tem jeito E... O que mais? Um batom de acordo... E o que eles se preocupam muito, que fazem a maquiagem, perguntam que vestido, que cor de vestido.  se é preto, se é azul, se é vermelho, etc. Depois, pra combinar, fazer uma maquiagem um pouco mais de acordo com os tons. Se vai com vestido marrom ou tudo que se der pro marrom, bege, claro, degradê, assim, você, eles põem em geral na maquiagem um batom já mais laranjado ou mais no tom do marrom também, o que eu não gosto. Porque depende da gente morena, fica...  O marrom, preto, marrom, tudo assim, fica meio esquisito. Então, deve fazer muito leve a maquiagem. Ainda mais na senhora, eu acho que pouquíssima maquiagem. Só pra não parecer que saiu com cara lavada, né, de casa. Pra ficar uma coisa, pra dar um ar mais de... Um xixe... Uma consideração mesmo com as pessoas que vão te receber. Se uma pessoa... Outro dia mesmo, eu fui numa reunião de uma amiga, ela recebeu.  Pedi, fui aí fazer maquiagem. Foi muito leve, mas pra dar um ar mais de visita, de reunião, de Eu acho mais uma consideração com as pessoas que a gente vai do que para gente mesmo. verdade. E como é que você descreveria essa maquiagem leve? Bom, eu não sei descrever assim pra você, mas eu pedi pra mocinha que faz pra ela pôr, não pôr muito blush, digamos.  a cor da, da base, não ser aquela cor que fica assim, parece roupa de palhaço que tem gente que faz, aqui até o pescoço, e depois fica branco, aqui a mão, se põe a mão perto do rosto e tá aquela coisa medonha. Então, fazer o máximo de cor próximo da... Porque tem maquiagem, digamos, de artista que é diferente, né? Elas fazem uma maquiagem muito mais forte. Então, a gente faz um levíssimo, o mais possível do tom da pele e...  O cílio também, cílio postiço. A gente põe naquele que põe pedacinho em pedacinho, pequenininho, pra não parecer que tá, também está muito maquiada. Depois, os olhos. Em geral, fazem um azul forte aqui, puxam muito. Então, eu peço, com essa meia maquiagem, como eu chamo, fazer muito pouca pintura de olhos. É coisa mais suave, assim, pra dar um... só como se fosse...  Uma limpeza na pele, um ar mais assim, menos cansativo, tirar um pouco as olheiras, só isso pra não dar um ar de casa. De uma mulher de dona de casa, que como hoje eu estou, por exemplo, sem nada, com o rosto lavado e sem, sem preparo nenhum, sem nada pra... Um batom também leve, depende da hora também, né? Se você vai pra um casamento, é diferente. Se você vai pra um teatro também, é diferente.  Em geral, hoje, para o teatro, ninguém faz maquiagem, não é de qualquer jeito. É muito bom, não é? () A gente vai ver a arte, não vai, não vai se exibir. Mas quando é uma reunião assim, acho que a gente deve caprichar um pouco, porque é uma consideração, enfeita um pouco o ambiente para os outros. Pelo menos para quem você é convidada, de quem você tem consideração. Eu acho muito bonito se fazer uma coisa, se cuidar para aquele dia que a pessoa se expulsa, mas que maravilha.  mais arrumada e tudo, mas muito mais simpática. Eu diria. Dona Dias, com a parte do rosto, o que a senhora acha que a mulher tem que tomar mais cuidado para não ficar com uma expressão carregada ou coisa parecida? Olha, eu acho importantíssimo o cabelo, ca< Se você faz um cabelo leve, se você faz um cabelo simples, que hoje não usa mais aquelas coisaradas todas, a não ser aquela engraçada da televisão, como é que ela chama? aquela que, fazem os cabelos assim, maluríssimos, mas aí é modelo. Então, elas fazem de propósito. Então, o quanto mais leve é preciso para deixar o rosto mais à vontade, mais bonito, mais normal. Se não, fica com cara de embunecado, fica com cara dura, parece que aí foi, aprontou para aquilo. Então, não pode nem se mexer, eu acho horrível. Depois, você... Os olhos, não deve carregar demais os olhos também, porque eu acho que o olhar, os olhos, é uma coisa  importante. Hoje eles fazem, andou, andaram pondo batom fortíssimo, vermelho demais, também não gosto. Eu acho tudo importante. Pra carregar, eu acho que pode carregar na boca com batom vermelhíssimo, fica feio, carrega. Pode carregar no blush, na cor, como eu disse pra você. Pode carregar na pintura dos olhos e pode carregar no penteado, se você faz um penteado todo encaracolado, todo cheio de coisas,  Fica também. Chama muita atenção. Acho que deve ser o mais natural possível. E quais os cuidados que a senhora toma com o cabelo? Pra mantê-los assim sempre em ordem e à vontade, como a senhora diz? Bom, eu tomo muito pouco cuidado com meus cabelos, mas eu acho que em geral, em geral toda mulher tem um bom shampoo. Lava com um bom shampoo. No... Em praia, principalmente, não, eu não posso. Eu não sirvo de base mesmo. Negócio comigo mesmo.  Eu sei pela filha e pelas amigas e tudo, mas eu mesmo, porque quando eu gosto, eu nado, quando eu nado eu jogo, eu faço com cabeça e tudo, eu não gosto de mergulho, eu não gosto de andar com touca nem nada. Então, eu já estrago o cabelo. Mas manter o cabelo penteado, e uma coisa também, que eu não vou muito à cabeleireira, porque eu não tenho muito tempo. Eu me dedico com cessar mais a aulas e tudo, eu gosto mais de ler. Eu prefiro pegar um livro, ler, do que estar perdendo tempo de cabeleireira. Eu só vou... O tratamento é lavar,  Uma, duas vezes por semana, e um bom shampoo e deixar sentar quando muita Acho que o mais natural que pode. Pouca tintura. Quando os jovens não precisam, quanto menos tintura. ### (tosse) O que que a senhora acha que mudou em relação à moda?

SPEAKER 1: Por exemplo, de uns dez anos pra cá, a senhora acha que mudou muita coisa ou não?

SPEAKER 0: Moda que eu digo em relação à maquiagem, cabelo, mesmo roupa. Ah, bom. Isso mudou bastante, eu acho. Mudou e está sempre mudando, mas do meu tempo de mocinha, de jovem, eu vejo minha filha, todas usam, todas as idades dela que eu tinha, nós não usávamos pintura, nós usávamos muito pouca coisa. Hoje se usa maquiagem demais. A mulher está muito maquiada, está muito mais...  comercializada com os anúncios de televisão, com anúncios de... com, com novelas. As mulheres são lindas nas novelas. Eu tenho prazer de ver essas moças todas. Os cabelos maravilhosos. Tem, então, o cabeleireiro para especialistas. Tem ótimos cabeleireiros. Tem os modistas. Tem o Denner. Tem o outro, como é que ele chama? Aquele que eu acho fantástico. ### ### Tem aquele outro... um outro rapaz também.  E eles mostram tudo que é de moda, eles falam tudo que é de moda pela televisão, então, eu acho que () a televisão mudou totalmente. Porque nós, na minha época, de moça, nós não tínhamos televisão, ainda, nem sei se existiu, tava no começo. E a gente fica um pouco fora disso, não é uma preocupação. Agora, como hoje você vê e acha uma beleza, eu acho realmente lindo.  Não tinha esse problema de fazer muito regime, de ter um corpo... Todo mundo queria ter corpo bonito, toda mocinha, jovem queria ter, é lógico. Mas não havia preocupação, nem receitas, nem médicos de, preocupados, as moças, as jovens preocupadas em regime. Hoje está todo mundo preocupado em regime. Hoje as moças tratam muito mais a pele do que nós, quer dizer, tem mais cosméticos.  tem cosméticos pras jovens, você vai na Sears, você vai em qualquer casa de... aí na Sears, no shopping, você vai no Marte, qualquer grande loja tem aquela moça que começa, você é muito bonitinha, não sei o quê, pra filha e pras outras moças, então usa isso, usa aquilo, você precisa. Eu então começo, mas é muito jovem ainda pra pôr coisa na... começa a judiar da pele,  Não, mas agora tem preparado pra jovens, porque às vezes tem pele muito gordurosa, às vezes pele já mais seca, então tem que tratar desde já. Então, mudou totalmente esse sentido de beleza, sentido de... E mesmo eu acho que de beleza mudou, porque hoje é mais personalidade. Estão todas maquiadas e também com esse negócio de operação de plástica. Todo mundo faz hoje.  Há uma, uma aquisição pra quase todo mundo. Daqui a pouco, qualquer um pode, já mesmo a classe mais, mais pobre, menos... Nem a classe média toda tá fazendo mesmo. Porque tu tá prestação, então mudou. Mudou totalmente. que hoje, a mulher é um manequim. Toda mulher tem obrigação de ser quase que um manequim, dentro das suas possibilidades, dentro da sua capacidade. todas você vê mocinhas, você vê crianças na fazenda, meninas, elas querem já, porque vê televisão em qualquer lugar. São Carlos é uma cidade certa, você vê já. E essa preocupação que antigamente não tinha, na minha, na minha época não tinha de jeito nenhum. Como valor. Sempre teve, toda mulher foi vaidosa, tinha outro tipo de bobe, tinha outro tipo de arrumar cabelo, mas não tinha cabeleireiro como se vai hoje. Não tinha tantos cabeleireiros.  Maquiagem, nem pensar, não existia. para nós, () classe média, não existia. Não tinha. Você não ia cabeleireiro, cabeleireiro pra cá, cabeleireiro pra o melhor, o pior, o médio, o finíssimo, não tinha fazer maquiagem cabeleireiro. A gente passava () um negócio qualquer, pintava um pouquinho a sobrancelha. Hoje, não. Ho> Você não é capaz de fazer uma maquiagem em casa. Você se arrumar com lugar, sempre um casamento, todo mundo vai fazer maquiagem. Senhoras, pelo menos, que não estão  Como as moças, com aquelas caixas, e mais caixas, e mais estojos, e mais não sei o quê, de tanta complicação. Fica lindo. Eu acho maravilhoso. Mas mudou totalmente isso. E acho bonito. Não sou contra, não, de jeito nenhum. (risos) Acho muito bonito.

SPEAKER 1: Escuta, dona Dirce, naquela época, quando a senhora era mocinha... Não, não tô querendo dizer que a senhora é velha. (risos) (risos)  Qual era o tipo de penteado da moda, uh, para uma mulher se apresentar assim, bem penteada? O que que precisaria ter de característico no cabelo? Ó

SPEAKER 0: Olha,para mim sempre é difícil essa pergunta porque como eu não era de alta sociedade, de frequentar alta sociedade, de fazer isso, fazer aquilo, muito associado, eu sempre me dediquei mais ao trabalho de música e uma vida bastante simples. É É difícil para eu dizer.

SPEAKER 1:  mas usava muito coque, eu usava trança, as minhas primas. Eu acho que mais era coque. Um coque, cabelo preso. Eu não lembro, assim, para casamento, para festa, assim, que eu pudesse lembrar, não sei.

SPEAKER 2: Se eu não saberia te responder, não sei mesmo. Isso eu fiz muito pouco.  Se eu não saberia te responder, não sei mesmo. Isso eu fiz muito pouco.

SPEAKER 0: Hoje eu já sei mais, por causa de, de moça, de, de movimento e tudo, porque presta mais atenção, mais vivência. Mas, antigamente, era um pouco dos concertos. É mais o cabelo preso, ou então todo enrolado, caracolado, como agora estão usando um pouco.  Esse cabelo curtinho assim que agora tá usando, nessa última, novidade que diz que tem, está chegando é cabelo bem curto, não tinha. Era mais comprido, enrolado. Ah, tinha uma opagem, teve a época da opagem que era assim, meio no pescoço e virado pra baixo. ###

SPEAKER 1: E as mulheres quando atingiam a fase dos cabelos brancos, elas usavam de algum recurso ou não? Ou elas continuavam grisalhas?

SPEAKER 0:  Bom, em casa a mamãe não usou recursos nenhum, nem vovó, mas estavam, já usavam. Tinha tias que já te enchiam de, de, de louro, isso eu já estava, como agora mesmo. Ou então desse lilás. Chegou muito a moda desse meio batata roxa, cachorrinho, (risos) medonho, que já saiu, né? Mas tinha gente que exagerava bastante, tinha também. Mas é louro, isso já todas...  Em casa não, como eu te disse, mamãe não, mas já todos as tias, tias avós, pessoas mais sociáveis todas já tingiam o cabelo.

SPEAKER 1: E os rapazes na época, como é que se vestiam?

SPEAKER 0: Era muito diferente de agora? Bem diferente. Hum Não, já tinha também as, as camisas esporte, mas não era como hoje, assim, toda...  trabalhada, às vezes até com renda, mas todas assim, mais exageradas, mais abertas, não sei como, () do Bruno, todas coloridas, não tinha isso. Então, mas hoje, (risos) mas hoje, inclusive, isso igualou, eu acho muito bom. Igualou, porque já não tem mesmo, você vai comprar, isso é um absurdo, você vai comprar roupa, por exemplo, para a senhora, eu quero comprar roupa, uma roupa para Natal, uma roupa para fim de ano,  uma recepção de, de trinta e cinco anos de formado de Bruno, por exemplo, eu não posso, não sei onde fazer, eu tenho que mandar fazer, é um inferno. Ou então eu ponho essas roupas indianas, esses longos, assim, atrapalhados, porque muito bonitos, mas, ãh, não tem mais. Você vai em boutique, é só roupa de broto. Tamanho não tem quaren> () quatro, quarenta e seis, tem só quarenta e dois, trinta e oito, quarenta, quer dizer, é um inferno (risos) () Se eu tivesse bastante dinheiro, eu abria uma boutique para senhoras. Só para senhoras, com a moda atual,  Mas, agora, tem o Denner, tem esse Clodovil, tem os grandes costureiros que eles fazem vestidos pra senhoras. Você vê as artistas aí, quando elas desfilam por aí e tudo. Elas têm, mas é caríssimo, é para classe média é impossível. E> Inclusive, que é um vestido justamente para classe média, que é mais... trabalha mais e leva uma vida menos social. (tosse) A gente faz um vestido no ano e depois fica, usa uma vez, fica no guarda-roupa, mofando, né?  Depois chega no outro ano, já não está mais na moda, quer dizer, então é um inferno mesmo. Um inferninho de todo. Bem feitinho para nós.

SPEAKER 1: Foi bem arrumado. Escuta, Dona Dirce, (tosse) naquela época, () querendo dizer muito distante, né? O que vocês consideravam, assim, um homem bem vestido, como ele precisaria estar trajado para você, para que vocês considerassem que realmente ele estava bem vestido?

SPEAKER 0:  Bom, como eu disse para você, tudo depende da hora. Um bonito terno, um terno bem feito, bem cortado, fazenda. Você vê uma casimira inglesa, logo você vê que uma casimira chamava, a gente chamava e até hoje se chama de casimira inglesa, quando é uma casimira bonita, um corte principalmente, uma, a camisa social, a gravata é muito importante. Porque tem gente que usa a gravata assim, completamente descombinada com a camisa.  ou então com o tom de terno, então uma gravata muito exagerada, como andou há tempos atrás, que o Bruno ganhou de, de, de Natal, até uma gravata de bolas, umas brutas bolas assim, e a gravata virou uma gravata assim, parecia um, um lenço, mais do que uma gravata, tão grossa que era. O laço grosso também, que agora estou usando de novo. Então isso a gente reparava muito, e eu não gostava muito também era de gravata borboleta, porque aí isso é só para teatro lá,  pianista para concertos, sei lá para que, e garçom, né? garçom (risos), então, a gente viu um rapaz com gavata borboleta e () falou que ele tem cara de garçom. Não queria saber nem de olhar, porque era horrível. Quer dizer Isso era uma das coisas. E Um cabelo que mais ou menos como o que voltou agora, um cabelo francês assim, mas cortado, bem cortado.  dos cabeludos de agora, eu não gostei. Essa moda, graças a Deus, já saiu. Porque dá sempre uma ideia de sujeira de mulher. E mulher suja, ainda por cima. Que não lava a cabeça, né? Porque em homem, por mais ele que seja limpo, por mais... O cabelo comprido dá ideia, porque o homem é o rapaz sai, o rapaz é mais esportivo, o rapaz pega a poluição, o rapaz... Hoje a moça também. Mas, então, isto para nós, da nossa idade, com...  um rapaz com cabeludão assim, só se ele tivesse com aquela roupa de antigamente, de cerca de mil, mil e oitocentos, talvez, que fosse com rendas aqui, com caixinha de rapé. Então, talvez combinasse, porque disseram, ah, mas usou, Luiz dezesseis, Luiz quinze, todos eles usaram peruca, está muito bem, usou. Mas parece que a roupa ajudava e a época estava dentro. Agora, hoje você toma um metrô,  Você toma, anda de carro a não sei quanto cento e cinquenta horas e anda correndo por tudo, nessa velocidade com os cabelos esvoaçantes do jogador de futebol, quer dizer, aí você o> Olha, assim está o cabelão lá do jogador de futebol. Mas, felizmente, agora o que dizem é isso, né? Cabelo comprido de rapaz é só... Ah, não tá usando mais, tia. Não quero mais, já vou cortar, não sei o quê, porque agora é só jogador de futebol. E eles mesmos acham que estão cortando também.  Aliás, eu gosto muito, acho, eu admiro muito os jogadores de futebol. Mas isso que eu digo, cada lugar com as suas coisas, sabe? Por isso que eu acho que cabelo comprido para homem, eu não gostei dessa moda. Estranhei mesmo, mas por outros motivos. Não porque é feio ou pude, pudesse parecer que é afeminado. Não é isso. Não é bem isso, acho que uma coisa ajuda a outra

SPEAKER 1:  Escuta, e o contrário? O que a senhora consideraria, como a senhora descreveria um homem assim, bem mal trajado?

SPEAKER 0: Bem mal trajado? Depende da hora também, né? Isso aqui é tudo que eu disse para você. Se um homem vai trabalhar de... de, de blue jeans com tal Bruno, por exemplo, de uma...  Se ele vai trabalhar num escritório, na cidade, se ele entra num escritório de advocacia, se ele entra num escritório de, num banco, se ele entra em qualquer lugar desses de comércio, ou mesmo numa loja, numa boutique mais fina, mais, de mais luxo, que ele recebe pessoas de mais, de mais categoria, eu acho que ele não está... Assim como eu gosto de estar bem vestida para uma reunião,  para não fazer feio. Uma pessoa, eu acho que ele também deve receber, trabalhar bem arrumado, um terno. Eu vejo hoje em bancos, por exemplo, você vai nos bancos, os bancos, os rapazes dão todos os cabelos cortadinhos, de terno e camisa e gravata. Eu acho isso bem vestido. Agora, se você, se uma pessoa está em casa, ou se ele é um engenheiro, que ele vai com o carro e vai para um medir, por exemplo,  coisas e vai para lá. Ele tá bem vestido, com um blue jeans, com uma camisa bastante, bastante... É bastante que esteja limpo, né? Bem passado, bem limpo, e acho que tá bem vestido. Tudo depende da hora. Não é... Não pode estipular uma coisa assim para uma pessoa bem vestida, só um tipo de roupa, né?

SPEAKER 1: Por que a senhora gosta de usar mais no inverno, por exemplo? que que a senhora acha que a mulher fica mais elegante usando no inverno?

SPEAKER 0:  Você disse que eu gosto mais. Agora, mais elegante, eu acho um taieiro, um casaco bonito, esporte de, de lã, ou com uma pele, ou um casaco de camurça, e uma saia. Um taieiro, como eu disse, saia e blusa conjunto, ou então calça comprida. Eu acho muitíssimo elegante calça comprida. Com bota, ou com mocassim, com sapato baixo, eu acho muito bonito. Mas depende de combinar, depende das cores, depende de tudo.

SPEAKER 2:  Tipo da pessoa também, né? E

SPEAKER 1: E que... Quais tecidos que a senhora acha que são mais finos pra usar no inverno?

SPEAKER 0: Mais finos? Olha, isso é difícil de te dizer, eu não sei mesmo. Essa especialidade eu não tenho também. (risos)

SPEAKER 1: Mas uma lãzinha assim, gostosa. Hum... O quê?

SPEAKER 0:  Cachimira, cachimira é muito gostoso porque não dá alergia. Cachimira argentina, por exemplo, já que você tá falando, a gente vai lembrando, né? Cachimira argentina pinica para uma coisa horrível. Então, ou então dessas clideli que a gente chamava, mas é uma, uma... Não sei como é que, que chama, uma fazendinha gostosa que você faz blusas.

SPEAKER 1: Agora não vi mais.

SPEAKER 0: Também não. Mas tem agora essas outras fazendas de...  mais modernas, não sei como é que chama, de espumas, nem eu sei como é que chama isso. Que tenha muita lingerie também. Mui> Muito gostosa, quentinha e tudo, mas, hum, de resto só isso.

SPEAKER 1: A senhora acha mais difícil se vestir no verão ou no inverno?

SPEAKER 0: Ah, eu acho mais difícil se vestir no verão. No verão, apesar de ser fácil, porque é  põe um vestidinho, tomara que caia tudo. Na minha idade é muito mais fácil vestir no inverno. Você põe uma calça comprida, um bonito mantô, mas eu acho que em geral é mais fácil no inverno. É mais caro no inverno, mas é mais fácil de você estar mais bem vestido. Agora no verão é mais difícil, porque com essa moda doida, hein, que tem um monte de, de cores, um monte de misturadas, então com essa moda hippie que veio, de mau gosto,  Você podia ser hippie pelo, pelo fato de ficarem assim bem à vontade, ser uma roupa mais prática, mas de bom gosto. Mas não. Eles fizeram questão de fazer misturar ciganinha, com, com, sei lá, quase que com strass, com bordado, quer dizer eles põem tudo que eles veem, juntam tudo numa roupa só, inclusive com retalhos. E uma calça, em vez de ser uma calça bem limpa, bem passada, não. Tem que botar de>  Tem que botar remendo para ficar bonito. Então, isso parece, é para parecer a vontade. E, inclusive, às vezes, as pessoas me aparecem brotos aqui, pessoas vestidas de hippie, mas mal à vontade, mais formais, mais, uh, sem saber falar natural, sem ser hippie dentro dele. Então, fica um absurdo, uma bobagem, quer dizer, a roupa não quer dizer nada.

SPEAKER 1: É verdade () É tanta misturada. Né? Escuta, dona Dirce,  Se a senhora fosse fazer um enxoval, se fosse não, a senhora já fez, né, um enxoval para sua filha, uh Quais as roupas principais que a senhora comprou para o enxoval da criança?

SPEAKER 0: Ah, para a bebê? Para nascer?

SPEAKER 1: Primeira coisa é fralda, né? (risos) Que vai fralda, ainda mais quando nasce no inverno.

SPEAKER 0: a enteada, que () teve nenenzinho, nós temos dois netinhos lindos.  Primeira coisa é fralda. fralda Johnson, que é muito boa, uma que, que seca isso aqui. Então, é dúzias e dúzias de fralda, principalmente para quem mora em apartamento, que é muito importante isso. E tem uma fralda também de papel, parece que você joga e quando não usa isso para viajar. Depois, é aquelas coisinhas de... Hoje mudou muito, e já no tempo da minha filha, já não usa mais coeiro, aquela coisarada toda.  Os médicos deixam muito à vontade, dizem pra deixar a criança já não apertar muito, só nos primeiros dias por causa do umbigo. Então a roupa é toda levinha. Tem aquelas camisinhas de... Como é que chama aquilo? É uma fazenda de pele de ovo, que chama. Bem fininha. Bordadinha, o mais simples possível, porque inclusive machuca. Botão também não, porque machuca. E touquinha não usa mais. Só no inverno, para que você saia com a criança.  e principalmente sacola para levar a criança para cá pra lá aquelas cestinhas assim é muito importante também sapatinho e blusãozinha e blusinha de crochê de tricô, crochê não tricô o que mais? e a roupinha de cama né que isso é uma belezinha hoje tem coisas lindas a gente fica maluco para comprar para o bebezinho e tem uma roupinha tem que ter uma roupinha amarela pra dar sorte e a gente faz azul e cor de rosa  para ser ou menina ou menino, mas usa tudo, mistura já de uma vez. Então a mãe guarda quando ganha muito, a mãe guarda que depois o próximo vai ver se, se a menina se ganhou muita coisa cor de rosa. Mas hoje tá muito mudado também, as cores a gente faz de tudo quanto é cor. O enxovalzinho é de, uh, também fazenda bem levinha, e aquele xale também de tricô, de crochê, aquele xale para enrolar a criança.

SPEAKER 1: Eu acho isso o principal.

SPEAKER 0:  E não muita quantidade porque criança perde logo também. Hoje todo mundo é prático. Né? Uhum