Inquérito SP_DID_328

SPEAKER 2: : Sanedite, nós vamos começar a fazer uma entrevista com a senhora sobre cinema, rádio, televisão, teatro. Então, eu gostaria de saber se a senhora costuma ir ao cinema e ao teatro, ou costumava ir? Que tipo de filme ou de peça a senhora mais aprecia? Então, tudo que o senhor tiver que dizer a respeito de teatro, de cinema, eu gostaria que a senhora dissesse.

SPEAKER 1: : eu, quando vou ao cinema e teatro, você sabe, eu sou assistente social, né. Então, me interessa muito todo o assunto que no terreno social. Então, eu fico mais perto de uma mania né? Quando é uma, um tema social, eu procuro, de preferência, temas sociais. É o que eu mais, mais me interessa. Huhum Em cinema, em teatro, em literatura, leitura... eh... Eu sou... não é que eu, você tenha um diploma e e acabou, não. Eu sou gra gamada no negócio esse e só, só rio para isso não tem Não sou casada, não tenho filho. Minha vida é realmente cuidar do do do terreno social. É estudar o problema social e procurar, na medida do possível, fazer alguma coisa para melhorar um pouquinho a coisa. E

SPEAKER 2: : E, a não ser assim para filmes que tratem de problema social, Que tipos de filmes a senhora conhece ne Mesmo embora a senhora não goste, mas quais os tipos de filmes que a senhora conhece?

SPEAKER 1: : Bom, eu vou te dizer uma coisa. Além, estou falando do social, mas além disso, quando eu quero descansar, então eu vou em filme antigo, sabe? História antiga, roupa antiga, aqueles tempos passados. Isso eu acho que, para mudar, porque de sociedade a gente já está cansada. Então eu digo, hoje eu quero descansar, eu procuro no teatro, no cinema, uma peça antiga, ou então um filme antigo. Sabe? De roupas antigas, aqueles tempos bem antigos. Isso eu gosto, para descansar. Mas eu me lembro que você me perguntou.

SPEAKER 2: : Que tipo de filme a Ah... A não ser o filme so eh... Filme que trata de problemas sociais Quais outros tipos de filme que a senhora conhece? Embora não goste, mas que tipos a senhora conhece?

SPEAKER 1: : Eu gosto também e, e, e... parte cômica, de filme cômico eu gosto. Tem alguma coisa de engraçado, sabe? Que trate do assunto com um pouco de humor, isso eu gosto também e me interessa também nesse sentido. Não é fácil da gente encontrar, não, mas de vez em quando aparece né? A gente encontra alguma coisa que trate de algum, do, de um assunto com um pouco de humor não é? Fica um pouco cômico, Isso eu acho interessante também. E com... mesmo que não vá ver, me converso com outras pessoas. Literatura também. Agora nós estamos, mês-livro, até de em todos os assuntos. Até religião, quando tem assim um pouco de humor, um pouco de coisa meio engraçada, isso interessa muito, eu gosto. E me interessa não só de ver, mas de conhecer, de conversar com os outros nesse assunto.

SPEAKER 2: : E, () não ser assim, agora a senhora acrescentou mais o filme cômico. Então, a não ser uh o filme cômico, quais os outros tipos de filme que existem por aí agora?

SPEAKER 1: : E sempre existiu, não é? É É, sempre existiu. ãh O Bang Bang, não é, tá aí firme. Sempre, seja lá como for, muda um pouquinho o assunto, muda um pouquinho uh o lugar, às vezes é cowboy, às vezes é gente da cidade mesmo. Os filmes policiais, né? Tem muito filme, que parece que gostam muito de filme policial eu... Também não é dos piores, não. E há muita muito filme, eu acho que há muito filme pornográfico, eu acho muito filme que trata muito do assunto sexo né? Parece que se interessa muito. Eu acho que principalmente filme brasileiro, né? Porque brasileiro não tem outro assunto. Não sei se não sabe fazer uma coisa boa mesmo de verdade, então toma aí, vai por esse lado apela. Vai por esse lado que, para ter público, me pare, não sei se é isso ou não, estou falando mal aqui do do filme brasileiro, mas enfim, me parece. Eu geralmente não vou ver filme brasileiro, não. É uma coisa que eu não vejo é filme nacional. Por incrível que pareça. E o do Roberto Casas, eu achei a coisa mais horrorosa do mundo. É um escândalo, eu falar, isso não é? Não é que eu não gosto do Roberto Carlos, eu gosto muito dele, mas o filme eu achei uma coisa horrorosa. osa. Meu Deus do céu, como é que se você pode fazer uma coisa daquelas? Enfim, vi duas vezes, porque a minha sobrinha adorou, então fui duas vezes ver o Roberto Carlos. Eu no Segunda viagem, a gente, o único jeito é dormir um pouco, né? Dar um cochilão, porque... Um cochilão. Um cochilão.(risos) Agora, eu acho o teatro mais interessante que o filme, viu? Eu tenho a impressão que, no teatro, uh não sei, o artista ou a autor da peça quer sempre transmitir uma mensagem. Pode não ser a mensagem do do mesmo pensamento que a gente, que agrade, mas eu acho, tenho a impressão, que no teatro eles têm um pouquinho mais de áudio mensagem. Me parece. Pelo menos, se não sei se é o teatro que eu escolho, mas eu acho que eles têm mais esse diálogo artista. têm mais arte, sabe? Me parece. Agora, na televisão, de vez em quando agora tá aparecendo alguma coisa nesse sentido, né? Sai daí, tico-tico! Agora vai sair gravado isso aí. E... E, não é? Por exemplo, agora o grito, ele tem uma mensagem, ele quer pelo menos transmitir, vai ver se consegue, uma mensagem. Eu acho eu gosto de alguma coisa que tenha uma mensagem. Ou então, é cômico mesmo, pra gente dar risada de E mesmo a mensagem no no terreno cômico, que é muito interessante, né? Eu acho que isso é muito difícil e eu aprecio muito e acho muito inte(). E de (risos).Eu vou te contar que é porque eu li ontem, entendeu? Eu peguei, é curtinho, pequenininho, num instantinho eu li, acabei aca, num livro que chama-se Jesus Cristo, do i ene pê esse a TV. É muito interessante.() É É uma mensagem, assim, aliás, escrita por um cômico, e é uma mensagem nesse sentido, que tem um pouco da de dar coisas assim meio engraçada sabe? Eu acho isso muito interessante e gosto até meu a Aliás, é meu meu gênero. Eu agora já estou mais velha, mas, quando eu era mais moça, eu fazia, mesmo quando se fazia uma coisa difícil, um sacrifício, eu fazia com humor e ria do negócio. E a Acho mais, é muito melhor nesse sentido. do que fazer tragédia das coisas, não é? Não é? A gente vai pela brincadeira, é difícil, é um sacrifício, mas você faz na brincadeira, porque se você vem fazer esse seu trabalho achando, ai, carregar os gravadores, e fica aquele negócio, se você vai meio na brincadeira, com humor, eu sou muito pelo lado do humor, eu aprecio muito o humor, sabe? não acho também fácil. A gente vê essas revistas Nádia, e essas coisas assim, tem umas coisas assim, gozadas, de vez em quando tem uma, né? Tem uma coisa engraçada. Outro dia fui comprar cartão de Natal, eu queria comprar justo um para a Tiquiti. Era uh o Snoopy, o cachorrinho, uma arvore de Natal cheinha de urso. Para este eu vou levar para a Tiquiti. Eu achei essa coisa, assim, dar um areja, um pouquinho a vida, né? Porque senão fica uma vida muito pesada, né? A gente tem que ir pela, pelo humor. Agora, acho que não é fácil. Porque a pessoa, às vezes, quer fazer piada, cai na sujeira, na na no ridículo, ou ridiculariza coisas sérias. Não é que não, isso eu não gosto também, não.

SPEAKER 2: : E, Dona Edite eh, quais são os elementos principais para a elaboração de um filme?

SPEAKER 1: : Ai, eu não entendo de cinema. Eu não entendo cinema, não, mas eu acho que não só de filme, mas como de teatro, eu acho que precisa ter uma parte, uma mensagem, como eu disse a você né? E depois precisa ter uma parte cômica. O que eu estou achando falta no Grito, eu conheço muito o autor do Grito, viu, ()? E eu estou achando falta, que não tem nada, é tudo, se vocês não vende () Eu não estou seguindo, eu acho muito pesado para seguir toda noite, eu ir dormir debaixo de um grito, que hoje eu escuto esse grito o dia inteiro no meu serviço, mas eu acho que não tem nenhuma coisinha assim um pouquinho cômica, um pouquinho engraçada. Eu acho que isso é indispensável. Num teatro, num cinema, num livro, eu acho que precisa ter uma parte séria, uma parte... trágica, semi-trágica, uma parte sentimental, acho indispensável também, que tem uma parte de amor bem firme, bem boa, e uma parte cômica. Uma parte assim de humor, enfim. () é necessário. O que mais você queria saber?

SPEAKER 2: : Por exemplo eh, para um filme Existem certas pessoas responsáveis para a elaboração dele. Então, eu gostaria que a senhora me dissesse quais são esses elementos que sem eles, o filme jamais seria elaborado ou filmado?

SPEAKER 1: : Bom, precisa ser a primeira pessoa que que escreve ou escolhe o assunto, não é? pois que elabore o script, o Passe aquele ou romance ou a ideia de um modo que possa ser levado no cinema, não é? Depois, o seu diretor. E Este moço que que acaba de escrever esse livro que é meio... Como diz assim? O diretor é aquele que quer que o artista faça o que ele não sabe fazer. E é verdade mesmo né? O artista tem que fazer o que o diretor quer, mas que o diretor não sabe fazer. Então, você tem o diretor. Depois, precisam os personagens né? Agora, acho que... Não sei, o mais importante é o que escreve o diretor. O personagem também é importante, mas eu acho que ele está... O que eu gosto quando vejo televisão não me interessa tanto o assunto, sabe? Aquele fulano casou com a beltrano, não encontrou, não encontrou, encontrou com a mulher, saiu... Não é isso que me interessa, não. Me interessa ver o trabalho do artista. A gente vê realmente o artista que faz aquilo seriamente não é? Procura viver aquele tipo. Isso é o que me mais eu aprecio na... Não o enredo, o enredo... Está claro que um enredo muito cacete a gente não aguenta mesmo, mas eu gosto muito de ver o trabalho do artista, ele procurar realmente reproduzir ou, então, passar para a gente aquele tipo que ele está procurando viver naquela hora né?

SPEAKER 2: : A senhora falou que quando vai ao cinema, que a senhora Observa mais a parte social do filme, certo? A não ser essa parte social, o que é que prende mais a sua atenção ou não num filme? Ou Ou filme de televisão ou mesmo cinema? O que que a senhora observa mais quando a senhora está assistindo o filme?

SPEAKER 1: : Bom, eu observo muito, como eu disse para vocês, o trabalho do artista não é? Ele procurar realmente viver aquele personagem. Porque eu percebo, parece que muita gente, ou a maioria das pessoas, se envolve no assunto. E até acha que está vendo mesmo. Até não é que ela se envolve no assunto, ela fica vivendo. Se é uma moça, ela fica vivendo o papel da mocinha lá, que está com aquele problema de amor e coisa né. Ela A pessoa vive. Fica... Eu acho que a pessoa se projeta ou projeta em si a uh o personagem. Agora, eu não faço isso, não. Eu Eu fico observando como ele está vivendo aquele personagem. Eu não me envolvo no assunto, não. Acho muito difícil e... Pode acontecer alguma vez, se for uma coisa tão boa que eu me envolva. Mas, senão, eu fico observando como realmente o espectador... Eu estou de fora. Eu estou, não entro no filme, não. Eu Nem entro na novela. Porque eu vejo que as pessoas, mais ou menos, ficam vivendo aquele negócio. Ficam sendo... Se é moça, fica sendo aquela moça que está sendo amada, que tem um namorado, que tem um novo, que vai casar e etcétera... Até ela se ver de vestido de noiva, aquela coisa. E eu penso que os homens fazem o mesmo. Eu não, eu fico de fora mesmo do filme, sabe? Observando de fora. E quer dizer que eu acho que observo com espírito um pouco crítico né? Né? Eu tenho um espírito, eu fico observando, me distraio, mas eu tenho um espírito crítico. Aliás, eu tenho sempre um espírito crítico viu? É... Preciso até fazer um pouquinho de força para não ser mordaça. E para não ser muito crítica viu, porque é o é o meu tipo. Eu sou mais pro espírito crítico. Se eu fosse em qualquer trabalho que eu vou, eu vou no meu trabalho, por exemplo. Agora eu não faço uma pá de direção, vejo as coisas mais importantes, mas eu estou andando pela casa, ou an eh... parece que estou à toa. Mas eu, depois, ando por ali, depois de um tempo, eu tomo uma série de resoluções ou faço umas conversas das coisas que eu vi, que parece que eu estava andando à toa. Isso eu tenho naturalmente.

SPEAKER 2: : E Dona Edite, quando a senhora, eh... Tirando essa parte de envolvimento né? Dentro do filme, seja ele social, cômico, trágico, seja lá o que for, o que mais a senhora observa no filme? Além da participação do artista, além do tema que está sendo abordado, além de toda essa problemática que gira, o que mais a senhora observa no filme, tirando toda essa parte?

SPEAKER 0: : Bom, eu go, eu observo uh... Como é que eu posso explicar?

SPEAKER 1: : Apresentação seria, por exemplo, paisagens bonitas, ambientes bonitos ou feios ou, que realmente estão de acordo com o assunto do filme. Isso eu observo muito também né? Por exemplo, se é um filme antigo, a roupagem, Vou, vou te dizer, sem ser () na televisão, por exemplo, aquela novela Senhora. be eu gostava daquilo, até aí um assunto, eu vou ver uma coisa completamente fora. Não é a roupa de agora, não é o assunto de agora, não tem esse esse assunto. Então, eu ficava vendo a roupa, como era bem feita, como era bonita, e na televisão a cores, então fica muito bonito não é? Então, eu observo, isso me distrai também de ver coisas bonitas. Não gosto muito De vez em quando eu vou, mas não gosto muito de ver coisa muito trágica ou um ambiente meio feio, porque eu já vejo muito na vida sabe? Por causa do meu trabalho. Então, quando tem paisagens bonitas, gosto muito de ver paisagem bonita, colorida, bonito, ambientes bonitos, agradáveis, repousantes. Eu penso que eu vou e também para descansar, para me distrair um pouco, então, por isso, essa parte eu gosto. Se passasse um filme só de coisas bem bonitas e paisagens, eu iria ver. Mas a gente vai viajar, ver coisas bonitas né? Quando a gente viaja, prefere ver coisas bonitas. Aliás, prefere. Quando a gente quer descansar, e sem querer, a gente vai ver o problema, porque fica viciada na profissão.

SPEAKER 2: : E na parte do teatro? Tirando a participação do artista, o tema a ser abordado, o que mais a senhora observa?

SPEAKER 1: : Eu acho que no teatro não tem muita importância. Eu não dou importância a cenário, Não dou mesmo. Eu acho que no teatro já não tem essa importância, não. Já passou. Acho que antigamente tinha uma importância de cenário. Agora eu acho que não. Eu acho que mesmo o trabalho do artista, o assunto ãh... Eu gosto de sentir a plateia. Isso eu acho importante. Acho que a gente sente a plateia. Eu acho isso muito importante. Mas eh... o trabalho do artista... Mas o cenário num num me, é completamente diferente o teatro. Não dou importância ao cenário, não. Apesar de que, às vezes, tem uma coisa interessante. Vou te contar. Lá no meu serviço, um grupo de rapazes e moços quiseram fazer um teatro escrito por eles e idealizado por eles. E vai gravar, vai fazer barulho aí, hein? Não faz mal? Então, Salete não fala, viu, meni Ele não faz barulho. De maneiras que eles conseguiram. Eles conseguiram, num salão comum, Armar um um pal, Eu não posso dizer que fosse um palco, mas um cenário que eu achei uma coisa extraordinária, mas admirei. Você precisava ver uma sala comum, eles não tinham nada de objetos ãh especializados, ou compraram nada. O que eles encontraram na casa, eles conseguiram organizar esse, um ambiente, mas estava uma coisa tão interessante, era uma peça era A peça era um assunto do Norte, entendeu? Porque lá era, são são operários, e pegaram muito o assunto daquela tragédia da vida do Norte. Eles conseguiram fazer um cenário mais interessantíssimo, com o que tinha. Eu fiquei só admirando porque eram as coisas que tinham na casa, sabe? Puseram uma uma uma lanterninha com uma velinha, umas cordas, eles prenderam assim no no teto e até embaixo, Isso é uma coisa interessantíssima. Isso eu acho muito interessan Não é beleza é No teatro eu não faço questão de beleza, nem de ambiente bonito, não. Mas que aquilo realmente reproduziu o ambiente da peça que eles estavam representando. Foi muito interessante, sabe? Ele saiu no meio do povo. Estava muito interessante ir no meio da plateia e falavam com a plateia. Muito interessante mesmo sabe? Conseguiram fazer isso, e eu fiquei admirada. Eu acho que ali tem verdadeiros artistas. Qualidades, quer dizer, capacidades que não estão sendo cultivadas, o que é uma judiação, como tem no meio do povo, grandes qualidades e capacidades de arte, de todos em todos os sentidos, e que não são cultivadas, de maneiras que não são aproveitadas. E a gente vê pessoas querendo fazer teatro, e fazendo uma força, não tem valor nenhum, e aquilo aparece quando eu digo que tem tantos valores no meio do povo. Porque eu estou sempre no meio do povo, né?

SPEAKER 2: : E qual é a manifestação agradável assim, quando um público, uma plateia, gosta daquilo que ele está assistindo? No teatro, naturalmente? Qual é a manifestação amorosa que ele poderia dar para o artista para mostrar que ele realmente gostou da peça?

SPEAKER 1: : Eu não sei os artistas como é que podem. Eles também num, cada um é, tem um temperamento ou Ou um é verdadeiramente artista. Eu acho que a maioria não é verdadeiramente artista, sabe? Eu tenho a impressão, principalmente em televi, no no teatro, pode ser mais do que na televisão. Porque no teatro eles ganham pouco, coitados, ou não ganham quase nada. Mas, na televisão, eu penso que eles acham que eles ganham bem. Mas, quando ele é artista mesmo, eu acho que nem é palmas, não. Eu acho que a pessoa sente. Eu acho que a gente sente uh uh o calor, que que que estão unidos e vivendo aquilo que eles estão dizendo. Muito mais do que nem palmas. Bom, naturalmente, é uma coisa engraçada é, po pode dar risada ou coisa, mas eu acho que, além disso, eu acho que sente, fica um sentimento. Só que naquele grupo de muita gente. Teve muita gente com um só sentimento. Eu acho que isso a coisa mais impressionante né? Um grupo humano que tem um único sentimento. Por isso que impressiona essas manifestações. Algumas impressionam, manifestações de grupo que tem no ós conseguimos um grupo grande que tem um só sentimento né?

SPEAKER 2: : E quanto à parte técnica, a senhora acha que é importante no teatro ou mesmo no cinema?

SPEAKER 1: : Sim, muito importante a parte técnica. Sabe? Eu acho muito importante, mas como eu absolutamente não sou dada a técnica. É uma pessoa que não sou capaz nem de mexer um pouquinho com a máquina ou com uma coisa. Então, eu acho que a coisa está muito bem, mas eu não sou capaz nem de de apre, de dizer isso aqui é técnica que faz. Eu oh, sabe? Não sou muito da técnica, não. Quer dizer, não sou contra, não, mas sou muito contra a tecnologia. Eu acho que a técnica está matando o humano. Não é técnica, tecnologia ou o tecnocracismo, seja lá o que for, de pejorativo o termo aí, bem pejorativo. Eu acho que a gente passa a técnica antes do homem. O pessoal dá muito mais valor a um carro do que a uma pessoa. Então, eu acho que isso é um absurdo. Você quer ter um filho ou um carro? Ah um carro. (risos) É claro, isso já se ouviu Você quer isso, quer uma um, você quer o objeto, quer uma casa, quer uma cortina, quer uma geladeira. De maneiras que eu acho que até... Isso eu acho, Então, eu fico... Não sou contra Deus, me livre de ser contra a técnica, mas eu acho que mata o humano sabe? desorganização, uma coi oisa mata muito. Eu vejo no meu serviço, às vezes a gente quer fazer uma coisa com uma pessoa não pode, porque a lei não permite. Você tem uma legislação trabalhista que não permite nem você ser boa. Mas se você (), Esse livro diz uma coisa muito interessante. São José e Nossa Senhora, que Nossa Senhora está para dar à luz, e ela é do i ene pê esse, e chega no hospital, o patrão não assinou a carteira dela no i ene pê esse impagável. É muito interessante. Então, a gente não pode, porque amanhã você tem uma queixa na na Justiça do Trabalho, você não pode nem fazer alguma coisa que não seja... Você já tomou? ### Então eu, de vez em quando,(risos) pode alguém vim e dizer, mas essa aí está meio no século passado, atrasada, mas não é não. Eu admiro, acho uma coisa extraordinária, mas acho que no momento está se dando muito valor. Quando a técnica mata o homem não é? Eu acho isso terrível. Acho muito uma coisa muito importante. Tanto que, às vezes, a gente vê uma pessoa... Às vezes, uma vez, uma pessoa diz assim, você tá ve está vendo que você gosta de gente sem educação e ignorante. Mas não é. É porque a pessoa que não está tão presa a essa, não sei esse século de de de de robô né? E de computador, você veja o porque acabou a responsabilidade, porque quem é responsável é o computador. O certo é o computador, aquilo num não tá na hora, o computador tá estragado. Não é assim? O computador não funciona. Então, não tem mais responsabilidade, porque o único responsável nesse mundo é o computador. Para exame, pra pra por conta pra, tudo é computador, né? Então, quem é o responsável? Não tem mais responsável, não. O co o responsável é o computador. Ninguém mais tem responsabilidade. Então, não se pode ter um computador para ter a felicidade na família, né? Para fazer a felicidade da família, não se pode comprar um computador e esse aí vai organizar a família para que ela seja feliz. Não dá, né? Então, ninguém mais pensa como viver bem, como ter felicidade, como ter uma vida humana, a não ser que se consiga um computador, porque diz que até o computador vai dizer com quem é que a gente tem que casar, né? Vai indicar é.

SPEAKER 2: : ficar mais fácil. (risos) ta, Dona Edite, e além da participação do artista numa num filme ou num teatro, quais os elementos também que são importantes, além da da participação do artista principal?

SPEAKER 1: : Quais outros elementos que são importantes? Bom, todos aqueles que não aparecem, né? Tem muita gente trabalhando num teatro que nunca aparece. Aliás, não é só no teatro, não minha filha. É no mundo inteiro e tudo. Quem faz o papel mais importante é aquele, são aqueles que não aparecem, não é? Na família, quem faz o trabalho mais obscuro que não aparece e que é o mais importante. Sem aquele, não existe a família, nem pais, nem ordem, não aparece, né? uh No teatro, a mesma coisa. Você vê funcionando aí um... uma coisa muito bonita, um um espetáculo, uma iluminação, um prédio, e vem dos os engenheiros ou quem desenhou, mas ninguém lembra de quem fez o importantíssimo, que é quem trabalhou ali. Eu fico pensando no metrô, aquela gente toda que cavou e que fez aqueles buracos e que e teve suou e até morreu, se sacrificou, quanta gente morreu fazendo. O metrô, por exemplo, que eu ando muito de metrô, diz que eu sou muito que eu sou fã do metrô, que eu sou sócia. Mas não aparece, viu? Porque vocês estão fazendo esse trabalhinho aqui, chato, vai de casa em casa Depois vai aparecer um dia um trabalho na Ah, não sei onde. E ninguém vai lembrar de quem fez aquele trabalhinho de base mas fi O traba... é O trabalho real, eu sempre digo eu sempre eu, lá no meu serviço eu digo, Tem que ter a professora, psicóloga, assistente social. Então, eu digo, olha, eu vou explicar pra vocês bem fácil pra vocês entenderem. Tem uma colcha, porque o pessoal gosta muito de crochê, né? Tem aquelas rodinhas quadradinhas pra você. Tem um monte de quadradinhos, assim, uma porção de quadradinhos. É colcha? Não é. Agora, tem aquelas aha aranhazinhas, aqueles fiozinhos que unem um quadradinho no outro. Ninguém dá valor, todo mundo, como é que faz? Qual é a receita? Como é que faz esse quadradinho aqui? E, no entanto, se não tiver aqueles fiozinhos que unem um quadradinho no outro, não existe colcha, né? Então, aquele elemento é importantíssimo. Mas não é a psicóloga, a assistente social, a diretora, entendeu? Aquela gente que une tudo isso. E tem um papel importantíssimo na sociedade que não aparece. Estas pis, essa gente toda é muito esquecida. E a gente precisaria, eu sempre digo, precisaria se dar mais valor. Por isso que há tanta gente revoltada, viu? Porque eles estão realmente trabalhando e fazendo o mais importante e o mais sério, o mais importante. Enfim uma, um trabalho muito sério e eles não são nem um pouco valorizados. E é pelo outro, então pensa em valorizar e dar dinheiro, não é? Não, é realmente respeitar esse povo, essa pessoa que faz o trabalho obscuro, o trabalho que não aparece. que, no entanto, eu acho importantíssimo. Não Você vai ver na escola, quem é que lembra da servente ou da pessoa e que fez tanta coisa, trabalhou tanto lá, que, só lembra quando não está feito para reclamar, não é? Mas nunca lembra quem é que lembrou, vamos fazer a amigo secreto, vamos fazer Natal, vamos não sei o quê. Lembra se der um jeitinho ou um dinheirinho, mas não lembra de prestigiar aquela pessoa. E, no entanto, se prestigiar a pessoa, ela realmente vai ser feliz, vai viver melhor e vai fazer um serviço muito mais bem feito. É como a dona de casa, né? É como a dona de casa, mãe de família, minha filha. Nossa Senhora, fica escondida lá, vocês estão doutoras, de diploma, tal, tal, tal, ganham tanto, chegam em casa todas as coisas. E quem tá lá em casa, fazendo, ordenando, recebe lá, tá tudo arrumadinho, tá tudo pronto, né? Não aparece, não tem um... Agora diz que até vão fazer um i ene pe esse para dona de casa, porque, afinal de contas... É, afinal de contas, é pessoa que não tem nenhuma aposentadoria, ao menos nem que ela não aposente de trabalhar, ao menos ela recebe um dinheirinho, ela fala, recebi um ordenadinho. Olha, é uma coisa extraordinária a pessoa receber um dinheirinho seu. ### Pois é. Eu acho também uma coisa sempre, mesmo necessária, né? Porque é uma categoria, senão fica não tem não tem profissão, não tem categoria, eh não é ninguém não é ninguém na sociedade. No entanto, tem uma função importantíssima na sociedade. Empregada doméstica então nem se fala. Eu não gosto nem de falar de empregada doméstica, porque acho uma coisa terrível serviço. Enfim, não vamos começar a discutir problema social aqui, porque se não é uma verdadeira mania, você está vendo? A gente fica viciada, né? É, mas é da profissão, né? ### a gente vive a coisa, né? Vive a vida inteira, uma vidona cumprida já, a gente fica viciada na coisa, né?

SPEAKER 2: : Escuta, em televisão em rádio, o que a senhora mais gosta de ver? Ver ou o que a senhora não gosta? Como é que a senhora encara a televisão e o rádio?

SPEAKER 1: : Bom, eu vou dizer uma coisa pra você. Eu vejo, não vejo muito, não. E a minha irmã então diz uma coisa engraçada, que às vezes vem vem muito perguntar aqui. Tem, tem... Que que estação que estação a senhora vê? Então, minha irmã fala assim, eu vejo a estação que os outros querem ver. O programa que o outro quer ver. O programa que o outro quer ver, sabe? E... Mas eu vejo pouca televisão. Agora, rádio, eu gosto é de frequência modulada. Por mim, só, eu só ligo na frequência modulada no rádio. Às vezes, sabe quando é que eu ouço rádio? Quando ando de tarde. E, às vezes, até tem umas coisas interessantes que eu fico sabendo no rádio do motorista, porque ele liga o rádio. Então, as notícias que eu sei, e as novidades, eu até acho interessante a gente ouvir sem rádio. Eu sabia muita coisa, tinha muita notícia, muita novidade, mas, mas só ouço no táxi. Não tenho e Aqui na minha casa, eu ligar o rádio, só ligo na frequência modulada. Agora, na televisão, Eu gosto do jornal. Nem todos, mas, enfim, gosto do jornal gosto do jornal sim. Gosto bem do Canal dois, mas não vejo nunca alguma coisa interessante no Canal dois. Outro dia vi um programa ótimo sabe? No Canal dois. Tem de ver, de vez em quando, programas bons no Canal dois. Agora, novela eu vejo ah vejo ah vejo. Vejo o que estão vendo. Eu fico até às vezes, nós jogamos buraco. Sabe eu e minha irmã aqui joga o buraco e Faz as duas coisas ao mesmo tempo e dá uma espiadinha na novela, porque ficar sentada sem fazer nada, só olhar a novela... Porque só tem novela, você já reparou, os programas eu de televisão, às vezes tem algum filme policial que eu vejo também, às vezes. Mas mais tarde ou levanto cedo, não tenho muita paciência, não. Sentar e ficar só vendo televisão, é raro eu fazer isso viu? Raro mesmo. Não tenho muita paciência, não. Num Acho que não dá para aprender. Dá para

SPEAKER 0: : Então, prefiro descansar do que ver aquele negócio lá sabe? Mas o jornal eu gosto, vejo. Então, prefiro descansar do que ver aquele negócio lá sabe? Mas o jornal eu gosto, vejo. ###

SPEAKER 1: : Vou vou lá, a hora do jornal, vou ver o jornal. Nem sei que horas é o jornal. Vou virando assim, ah! Apareceu o jornal. Então, deixa eu ver um pouco. Não sou fã de televisão. Mas acho muito necessário, por televisão há cores. Quando tem umas coisas bonitas, as cores são muito bonitas. E tem alguma coisa bonita, eu vejo para me distrair, achando bonito. Olha que bonito, colorido.

SPEAKER 0: : Já acabou? Já

SPEAKER 2: : Já. Escuta, Dona Edite, o que que a senhora acha da televisão atualmente? Além desses problemas que a senhora abordou. Bom, vamos supor que a senhora fosse realizar uma peça. A senhora fosse bolar uma peça, não, uma novela. O que a senhora acha que a senhora teria que colocar de importante nessa novela, a não ser ainda a parte cômica né? Que a senhora diz que é esse tom cômico que a senhora acha muito importante? O que mais a senhora colocaria numa novela?

SPEAKER 1: : Olha, eu vou dizer uma coisa pra você, que outro dia eu já estava dizendo aqui em casa. Eu acho que para... Eu sou... Eu fiz minha tese na Escola de Serviço Social e faço isso a vida inteirinha. Educação do povo. Educação popular, podem chamar de educação de base. O nome não tem muita importância, não. eu acho que fazer educação do povo, principalmente uma educação social, porque eu vejo que falam em educação, mas uh a parte social fica completamente esquecida. A pessoa aprender a viver em sociedade, a viver uns com os outros, saber que ela depende um do outro, e que ela depende do outro, ela precisa do outro, ela tem que respeitar o outro, ela tem também que conviver com o outro. Então, eu eu outro dia ainda falei, se nós quiséssemos fazer educação do povo, formação, educação, seria pelo teatro. Acho que o teatro seria uma coisa formidável, se nesses bairros, ao invés de tanto mobral, tanto isso, tanto aquilo, nós tivéssemos teatro. Educando mesmo e ensinando mesmo. E acho que na novela também. Eu faria uma novela educativa, mas precisaria ser muito bem feita para ser interessante, não ter um não ser sermãozinho nem choropada, não, porque aí seria terrível, não ia se aguentar. Eu acho muito difícil fazer, sabe? Mas eu acho que teria que ser uma parte de educação, porque desde a minha tese da escola social, eu acho que o que falta mesmo é a educação do povo. O país sobredesenvolvido, o que falta? Não é Falta dinheiro, claro, porque não vai deixar morrer de fome porque tem que dar alguma coisa, porque como é que vai deixar morrer? Mas precisa a educação. Então, eu abordaria o sistema o assunto, quer dizer, o assunto educação, mas educação do povo. Acho que as pessoas que querem fazer educação não conhecem o povo, então querem educar o povo sem conhecer o povo. Então fica sempre um pouco fora, sabe? Fica fora, está achando que está educando e num num não atinge mesmo a coisa, sabe? você está vendo é mania. A gente fica com a mania do do de um assunto. Acabou?

Inf :elizmente.