Inquérito SP_DID_316

SPEAKER 0: : Mariles, eu gostaria que você comentasse alguma coisa sobre cinema.

SPEAKER 1: : O cinema, em primeiro lugar, eu acho que ele é muito mal interpretado pelo pelos próprios espectadores. Eu li no Macluan que o cinema era um meio de comunicação quente e que a televisão era um meio de comunicação frio. não tinha entendido muito bem, depois, em palestras ou outras oportunidades que tivemos que de falar sobre sobre ci meios de comunicação, aí me explicaram que ele era quente porque envolvia o telespectador, ele quer dizer, ele pa ele se inseria na cena, ele ele trans como é transpassava não é e integrava. Então, eu passei a observar os filmes. Os filmes, do cinema moderno, não sei se os autores é que são diferentes, não sei se se o comportamento das pessoas, que variam de acordo com a sua época, me parece que eles não permitem muito que os telespectadores participem mais. Aliás, que os o a os espectadores né participem, porque são temas m diferentes, temas que sugerem problemas. Então, Eu ainda tenho a impressão que no cinema clássico, nos temas mais tradicionais, haveria oportunidade dessa dessa participação. Mas, em todo caso, naturalmente, tudo é relativo e proporcional à sua época. Então, nem não se pode ahn definir uma coisa para todas as idades, para todas as... as épocas, então existe, me parece que existem relações. E assim sucessivamente vai havendo. Naturalmente, e ele continuará sendo um meio de comunicação quente para quem se liga direitinho naquela naquele tema, naquela época, naquele assunto. e E dessa forma continuaria sendo. né o cinema clássico são aquel aqueles temas que reproduzem eh mais globalmente a própria vida. Então, é como se fosse uma história, um enredo que tem começo, meio, fim, coerência e e termina quase sempre certinho.

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SPEAKER 1: : as instalações do cinema de hoje foram se transformando comercialmente. Nós podemos ver, por exemplo, o cinema Belas Artes, que eram era era o ci antigo Cinema astúrias. Então, era um era um salão enorme, e o filme era passado numa tela enorme. Então, havia um uma preocupação com a qualidade, e era mais ou menos como ainda um despertar do do do do do frequentador. E à medida que ele foi sendo aceito, foi comercializando. E agora, se não me engano, funcionam quatro salas, não é quatro salas no mesmo lugar em que era uma só. Inclusive, o prefeito do dia foi ao ao cinema, né lá a ao Belas Artes, e e ele sentou-se numa numa das primeiras, aliás, ele Ele arrumaram uma cadeira oficial pra ele, uma daquelas que ficam reservadas pra polícia ou coisa parecida. e E, daí a pouco, ele viu que dois ou três tele ahn frequentadores, espectadores, saíram porque estavam muito mal colocados, porque a tela é muito próxima, e a e hoje já é bem menor né do que era, e sentaram num num dos corredores. Aí ele, democraticamente, levantou e foi sentar também no corredor.

SPEAKER 0: : E que tipo de filme você gosta?

SPEAKER 1: : Eu gosto de um pouco de filme policial, gosto de um pouco de filme... Eu gosto de todo e qualquer filme. Gosto do policial porque ele dis questiona um pouquinho. E a gente procura sempre se pôr no lugar, né, do? É como se fosse um teste, pra ver se chega ao final que tinha previsto. Gosto dos filmes clássicos, históricos. Gosto muito dos filmes de de história geral, sabe que contam. Outro dia, assisti pela televisão né o a vida do Carlos primeiro. né e e Pelo cinema, a gente tendo conhecimento da história em si, pode separar a fantasia do real e, às vezes, muda, inclusive, a imagem que se tinha de um de de um determinado personagem. pela história estudada como s como

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SPEAKER 1: : Um filme que inovar propriamente não inovou, mas advertiu. Foi o doutor Divago. Até assisti duas vezes. Porque, geralmente, ahn a gente vai assistindo o o cinema com com rotina. E quando vê um determinado filme que projeta uma situação que não não está fora de propósito, se não houver um um cuidado, uma prudência, uma responsabilidade n nos no comportamento de todos né de todos os cidadãos, acaba podendo acontecer. E isso me marcou bastante. Agora, eu assisti o último tango em Paris, mas só que eu assisti em Londres. Porque em Paris, ahn o pessoal que t nós fizemos uma viagem, não uma excursão. Acabamos não indo. Aqueles bobagens de... resquícios de preconceito. né Quer dizer, a falsa moral. né E depois, ehn conversando com um casal em que se se falou no problema psicológico do do do a do personagem tudo, nós acabamos indo. assistir. Não achei que fosse uma coisa fora de propósito, quer dizer, você analisando com um pouco de racionalidade, com um pouco de maturidade, com um pouco de humanidade, você acaba vendo que não naõ existe nada de mal. Agora, é uma linguagem que comunica a pouquíssimos, porque é o pe é é muito explorada a parte comercial e sensual, e etcétera e tal, que o acabam ahn prejudicando a o real papel do filme para o público que ele consegue comunicar. né () Exatamente. Explora as imagens. E, infelizmente, o o grande público é sensorial. né Então, ele não ele não gosta muito de abstrair. E... e ele prefere o ele prefere a historinha muda do que as as bolinhas né onde esva viriam as legendas. Então, ele não interpreta, ele vê mais do que sente. mas Então, ele não identifica um um problema humano, ele não identifica a problemática do filme. Ele procura ver ah os personagens,

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SPEAKER 1: : ah eu n eu acho que ele evoluiu tremendamente no aspecto técnico no no aspecto n no aspecto de beleza no aspecto de versatilidade, no aspecto de de progresso em todo o o sentido possível e no aspecto também cultural. Ele foi passando do artesanal para o industrial. e Só que ele caminhou um pouco mais depressa do que a evolução intelectual do povo. Então, às vezes, ele não é bem aceito. pe Tanto que você vai nos no nos filmes que você vai, você vê oitenta por cento da clientela é jovem né e vin te porcento são são pessoas que procuraram se atualizar, então, não ficaram para trás. Agora, o cinema para a criançada, ainda que é o cinema chamado de férias né, que durante a temporada de férias eles repassam, são sempre reprises, reprises, reprises. Não se criam coisas novas que vá levar a a criançada de hoje, de uma idade de de de quatro a dez, doze Temos a agora de Walt Disney, da da da dos filmes de Walt Disney, dos desenhos animados. Porque você veja que, geralmente, os desenhos animados são reprises. Os personagens são os mesmos que vão de geração em geração há muito tempo. Mas foram criados mais ou menos na época da minha geração de criança. Então, há há um vazio no campo de comunicação infantil. Eu acho que também evoluiu bastante, acho muito interessante, porque ahn o o povo geralmente é muito comodista. E ele, às vezes, despertado pelo flash da notícia dada numa tela bonita, de uma forma barulhenta, porque é barulhento, né? Aí vai tomando consciência de alguma coisa, porque ainda tem muita gente que, quando chega a hora do Brasil, desliga, né? E não gosta de ler jornal, lê só a lê só as partes mundanas, digamos. E e lá, quer ele queira, quer não, ele é obrigado a entrar no panorama real, atual né, da da

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SPEAKER 1: : Eu tenho uma leve ideia, porque eu tenho visto filmes de filmagem. Então, por ali eu deduzo. Tenho lido alguma coisa de alguns atores e atrizes que hoje são diretores de cinema. e E mesmo no jornal, nas revistas né, alguns comentários dos prós, dos contras, do que se espera. Andei acompanhando, inclusive, uns concursos de filmes de curta-metragem. né ### E tenho até uma uma cunhada da minha cunhada da minha filha que filmou já os meus netos. né Então, agora eu vou me interessar mais. Eu só não fiz um curso de cinema ainda porque eu não não posso estar diversificando muito. Mas a hora que eu for filmar os meus netos, minha eu tenho uma neta e um neto. Daqui pra frente, a hora que eu puder, tiver a minha hora de lazer, eu quero ver se consigo fazer isso, pegar cenas das vi da vida deles, mas vou procurar saber como funciona cientificamente, pra não perder material, pra não não errar por falta de técnica. E eu sei que há cursos, né? de de A própria CODAC mesmo deu pra professores de primeiro grau um curso de fotografia e cinema.

SPEAKER 0: : E que sessão você costuma se apresentar? assim inicialmente eu i

SPEAKER 1: : ia à sessão das oito às dez, porque a sessão de cinema vai variando conforme a fase da vida né ### E agora, ultimamente, eu prefiro ir das dez às meia-noite. Em primeiro lugar, porque é mais é menos... ahn Enfim, é menos cheio o, menos lotado o auditório. E em segundo lugar, porque até jantar, até tomar um cafezinho, uma coisa ou outra, se a gente for ficar escravo de horário também pra pra diversão, não reúne a família, né? Então a gente acaba de jantar, nós sentamos. Eu agora só tenho uma filha solteira. A gente senta, bate o papinho, toma um café, ela fuma um cigarrinho. E aí a gente se... se arruma, geralmente, né? E pra ir pro cinema. Mas eu não vou muito ao cinema porque meu marido não gosta muito de cinema, sabe? Então eu não vou tanto quanto ia. Quando eu era solteira, eu ia ao cinema três vezes por semana. Naquele tempo era muito, muito mesmo, né? Mas acontece que meus pais também gostavam muito. nós tinham Eu morava em Pinheiros, tinha um cinema novo perto. Então eu ia geralmente, mas duas vezes por semana era certo. Agora não, agora eu já vou bem menos vezes. Eu sinto muito, mas infelizmente não... ah leio é só a partir do comentário do filme é que eu que eu vou assistir leio eh ahn ler o sobre os filmes, eu leio diariamente. Porque gosto, inclusive, de saber né, mesmo que eu não vá, eu gosto de saber quais os filmes que estão sendo exibidos e quais os temas, quais as preocupações né, qual é a... a Como se diz? a A crítica. pra não Às vezes, numa outra oportunidade, porque agora, com a facilidade da televisão, eu tenho tido a oportunidade de assistir em casa muitos filmes que, na ocasião em que eles foram exibidos, Eu não estava indo ao cinema por uma ou por outra razão. Então, j eu gosto de de ter ideia do que é o filme. Não, eu quase não assisto televisão. Eu gosto de assistir na televisão ah o programa satírico, que geralmente são através da sátira, nós podemos ver o que está sendo percebido de errado, que é mais ou menos para uma aferição do nosso da nossa análise crítica. Eu gosto de assistir ahn os filmes policiais, isso normalmente eu assisto. Agora, eles têm uma desvantagem, que eles são importados. mas, infelizmente, nós não temos no nosso repertório filmes policiais que que prendam a atenção. ah nam Eu acho que o nosso cinema, em matéria de filme policial, está um pouco pouco parado. Não sei se se é consequência da nossa tranquilidade do povo né, então não é muito estimulante, porque nossa a nossa população, de origem diferente da do faroeste. né Então, não há necessidade, talvez não haja motivação para a feitura desses filmes. E eu assisto também, gosto de assistir. gu na Às quintas-feiras, meu marido gosta de assistir ao programa do do Chico Anísio né, dos personagens todos. Então, eu assisto também, mas não mas não sou presa, não me prendo por televisão em hipótese alguma Sou incapaz de de pôr a televisão acima de qualquer outra coisa, inclusive de uma boa leitura. Eu acho que evoluiu a técnica também quer dizer Ela teve as mesmas possibilidades da evolução do do cinema. Só que é um é um instrumento de muito mais alcance do que o cinema. e que não soube aproveitar esse alcance. Então, eles evoluíram na forma, mas não na essência. De maneira que eh, a meu ver, ela é muito m pouco aproveitada para o que poderia, porque seria um instrumento moderador até do próprio gosto. Você veja, a criança está construindo sua escala de valores, não é verdade? Agora, se eles procurarem ah exibir os valores que não são nossos, elas vão ficar confusas. Então, elas não vão se colocar, não vão não vão ter a sua escala de valores, de acordo com o seu meio, de acordo com as com a a natureza do nosso país mesmo, de tudo. Então, elas vão ficar confusas muito tempo. E nem todas vão se encontrar depois. Né E isso vai causar conflitos. De maneira que eu acho que deveria ser um um pouco mais resguardado o efeito da televisão. Principalmente nas crianças e na juventude. Porque o pessoal de idade, aquilo é uma distração. Quer dizer num num vai Não vai incorporar mais nada. Ah, eu acredito que sim. Aconteceu. Mas, ah principalmente na minha geração, porque o nós não tínhamos cinema. Então, quando você não tem condições nem capacidade de fazer uma coisa, Então você aceita muito mais fácil o o o que já é de um de um povo mais desenvolvido, porque isso é mais ou menos racional. Você não pode... Eh A experiência é uma coisa comprovada. Então você não pode... Um um um um povo que começou a ter um uma problemática cem anos antes, tem que ter muito mais experiência do que você que começou Cem anos depois, tá certo? Então, ahn quando não se tem, aceita-se o que vem de fora, mas a partir da hora em que você tem condições, que o mais difícil que é a técnica, é autóctone, porque já foi transformada, porque mesmo a técnica importada, ela é aculturada, não é verdade? Então você tem condições de fazer, você tem recursos, Agora, você tem que ter a criatividade de ah usar os recursos que você tem. E E você imita, quer dizer que você não tem conhecimento de causa. Então, o nós notamos que há, basta ver o problema que houve aí com esses estudos de pesquisa né, nós temos pouquíssimas ahn fontes Geralmente, você vai caminhando em vai vai numa numa num numa caminhada retrospectiva, você chega num ponto que você deriva para o exterior. Quase não tem nada. E E ficou mais ou menos um círculo vicioso, porque se não tem, não faz. Não fazendo, não tem. Não tendo, nunca terá. E eu acho que Fico até muito satisfeita de ver a preocupação que há com essa comunicação, porque ah o efeito da comunicação, seja ele por rádio, por revista, por cinema, por tudo, é que vai produzir uma mentalidade. Agora, para nós nos firmarmos mesmo como povo consciente,

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SPEAKER 1: : Eu acho. Muito mais. Porque o que aconteceu com a televisão há cinco há vi há vinte e cinco anos atrás, que eu pude participar, inclusive tive a oportunidade de... Ela surgiu logo depois, nós tivemos a felicidade de poder ter comprado. Mas Exatamente porque meu marido não gostava de cinema. né então Mas eu acho o seguinte, que El ele praticamente transportaram para a televisão o nosso circo. Sabe em e E os nossos programas de de de calouros, e os nossos programas, quer dizer, o nosso povo entrou para a televisão normalmente. E um ou outro filme, que era para preencher os vazios, Agora parece que aconteceu quase que o contrário. Né Os programas, ahn os programas de como se diz, de auditório ou de... Tem um nome especial, não me lembro bem como é. É que preenche os vazios dos enlatados. Então, eh as pessoas não percebem, mas vão interior vão gravando né subliminarmente aquelas propagandas, aquilo, aquilo, tudo, Então, ela nunca vai ter uma consciência de se de se encontrar, porque ela vai estar sempre influenciada por coisas que são semelhantes a nós, ao nosso país, ao nosso clima, ao nosso gosto, ao nosso temperamento, porque nós somos um amálgama, não é verdade? Então, nós somos um produto completamente diferente de todos os outros, não há similares. Exatamente por não ter havido restrições na própria formação do povo brasileiro, fez com que não houvesse restrições. Você veja como aqui o árabe e o e o e o isra e o judeu convivem vivem e convivem. Não é verdade? E por mais que eles sejam, mesmo o japones, que era fechado, por mais que eles queiram manter certas tradições, aos poucos eles vão percebendo que eles já não estão mantendo. E e Então, é por isso que precisa. Se é um povo diferente, ele tem que ter. o seu cinema próprio, ele tem que ter uma forma de de de de lazer própria. E os assuntos, o conteúdo programático mesmo dos próprios filmes devem dizer respeito a ao nosso ao que é nosso. Agora, não há dúvida que os filmes históricos ahn preenchem o conhecimento, que às vezes, de muita gente que nem pôde frequentar uma escola ou outra. Mas não como omo não como preponderante. E mesmo os assuntos históricos. Você veja que, logo no começo do nosso cinema, nós tínhamos os filmes do Nordeste. Eu nunca perdi um filme do Nordeste. E conheci o Nordeste através dos filmes de cangaceiro. Só bem, mais tarde, é que eu pude

SPEAKER 0: : Viajar para o nordeste para conhecer De uma certa forma, eu acho que a propaganda trata mesmo do nosso cotidiano.

SPEAKER 1: : A propaganda? Eu não acho que trate bem do nosso cotidiano. Eu acho que a propaganda está dirigindo as aspirações do nosso cotidiano. Sabe? Você normalmente não usa um produto e a propaganda vai você fazer você optar por esta ou aquela marca. Compreendeu? Ah Conscientemente. Você só fica conhecendo um produto, às vezes, pela propaganda. Se você não usava, você passa a usar. Então, ela é uma forma de... É uma forma de... ###

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SPEAKER 1: : Certo () ela pelo menos ah não há dúvida Dá pro A propaganda reflete, porque acontece o seguinte, a propaganda tem um in tem um interesse imediato. Então, ela tem que ser ultra rápida, porque daqui a pouco aparece um outro concorrente e ela é ultrapassada. E o... e o os enlatados, aquilo que que a propaganda é é inconsciente, vai transmitir valores, eh então ela ela não atinge de imediato, mas acaba atingindo. E, e normalmente, há uma interação né, a própria propaganda vive em função de uma outra propaganda maior, né acaba atingindo.

SPEAKER 0: : Então, ela tem um duplo duplo trabalho, duplo efeito. () Olha eu

SPEAKER 1: : Logo que saiu o aparelho de televisão, eu comprei de uma amiga que tinha ido para os Estados Unidos e trouxe um aparelho. Depois, dois anos depois, o marido ia voltar outra vez para para trabalho né e trouxe um aparelho mais moderno e de console, que era um móvel. E eu achei muito prático o que era pequeno, que era 17 polegadas, era um aparelho Motorola, 17 polegadas, e comprei dela. E E quase que até na estética, porque ele era de baquelite já, E ele era de dezessete polegadas. Então, até na estética, até na cor, muito pouco vai de diferente entre o o meu primeiro aparelho de televisão, que eu comprei em mil novecentos e cinquenta e dois, e o que eu tenho atualmente. Apenas o de agora tem linhas mais retas. E aquele era um pouco mais arredondado, mais ti tipo rádio, né? Mas o resto é... E esse é a cor. O nosso rádio também tem faixas (risos) não é e a E as faixas que deveriam ouvir outras faixas, não ouvem, porque elas são muito rotineiras. Agora, eu gosto do rádio. Ah Eu eu acho que o rádio é um companheiro. E você ouve o que quer, muda, muito bem. Critica, dialoga sozinha, né? E acho que tem um bom pessoal preocupado com utilidade pública e outras coisas, mas naturalmente tem o seu o seu interesse comercial. Mas acontece que para quem não tem, às vezes, condições de de ter acesso a um a um certo assunto por leitura, e geralmente é antagônico aos palpites, ouvindo de uma pessoa completamente estranha, que é o locutor do rádio, às vezes eh capta. né E pode ser um instrumento de até certa orientação. Acho formidável, eu s não quero ser assim crentona e, mas acho formidável o programa do da rádio do da Prontel. Sabe Porque eles procuram se preocupar com coisas nossas, geralmente eu não perco. O o o de sábado, o de domingo, que são as músicas que contam as nossas tradições. Quer dizer Eles estão procurando, dentro do próprio da própria mistura né que existe nas nossa nos nossos hábitos, costumes, música e tudo, eles estão procurando dar uma certa ordenação e tornar conhecidos os nossos autores. Quer dizer Estão procurando valer valorizar as coisas brasileiras. Mas o que eu sinto é que aquele pessoal o pó a, a a a clientela que deveria ser a atingida, geralmente não é. Porque não gosta desses programas, não sei não agrada a o gosto vulgar. Porque, infelizmente, ahn o homem é uma consequência né da sua interação com o ambiente. E e e a eles agrada aquilo que é mais mais imagem mesmo né, mais sensacionalismo. É uma espécie de de de de... Como se diz? É uma espécie de sadismo, digamos. Eu entendo que ver coisas, eles não têm consciência de que aquilo eh há um interesse, às vezes, superior em tra, e deixar tu como está que é para ver como fica. Né Eu, então, tenho pena, às vezes, mas não é s não são só pessoas sem cultura. Mesmo pessoas que estão afastadas, pessoas de de bom nível tudo, que estão afastadas há muito tempo, que não que que que caem naquela rotina de vida, é interessante uma recordação, é uma reciclagem. mas não ninguém tem muita paciência para ler, para ouvir e para para ficar ligado. E é um programa muito bom quer dizer se, gasta-se dinheiro, faz-se uma coisa programada, é enfim o que é brasileiro mesmo, mas o próprio povo brasileiro geralmente não se não se interessa. Certo, eu acho... Pois é, a linguagem é um pouco didática, mas acontece o seguinte, que é meio difícil, é feito por é feito pelo por professores, é meio difícil você sair, você tem papéis diferentes, mas você é uma pessoa só. Então, quando você está ahn fazendo um outro programa que não seja uma aula, Você não tem muitas condições de sair dali, a não ser que fosse interpretado por por outros por outras pessoas, como um como um teatro. Agora, acontece o seguinte, que nós estamos caindo no contrário. Você veja como falam mal os os programa os animadores de programa de televisão. Na novela, você en encontra erros crassos de linguagem. Então, eu não sei até que ponto é interessante, para que se comunique, para que se tenha uma linguagem vulgar, desça-se a linguagem do povo. Agora, é meio difícil você transmitir você transmitir conceitos e valores perenes através de uma linguagem transitória. Você pode usar um meio termo, mas não... Porque a nossa grande maioria, infelizmente, é meio ignorante, meio analfabeta, meio inculta. De maneira que eu acho que o que de ahn as escolas devem se preparar para por essa clientela em prontidão, para aceitar uma linguagem razoável, não erudita, mas também não vulgar. Eu tinha um radinho de pilha, um radinho espica, que faz acho que uns vinte anos, que foi logo que saiu. Ele agora funciona só quando quer. Então, meu marido ganhou um, que é um como se fosse um um conezinho assim, em que ele vira. É um rádio de pilha também, mas moderninho. Ah A empregada, no dia do aniversário dela, eu dei um de de pilha também né, de presente. E tem o rádio no carro. Eu geralmente ouço o rádio no carro, só em casa não tenho tempo de ouvir o rádio, porque... Eu sou muito excitada né, ou pelo trabalho, ou pelas filhas, ou pelos netos, ou pelo marido, que nós conversamos muito. Eu e meu marido batemos papo muito, sabe? Então, eu não ouço o rádio. Às vezes, eu ligo de manhã cedo, quando levanto, antes de sair né, para ver a hora certa. E, sem ser isso, eu ligo no no carro. Eu gosto de ouvir no carro. Acho que o rádio faz uma companhia muito... O o rádio faz uma uma companhia muito grande. E gosto também de saber os tipos de programas que são feitos, porque eu sou educadora. Toda educadora tem que, mais ou menos, estar a par daquilo. Porque mesmo na escola, eu leciono há vinte e sete anos. Esses últimos dez anos eu estive afastada, porque eu primeiro fiz cursei a universidade, fiz as especializações, estive na Secretaria de Educação, participando de equipes, né? E agora voltei. E eu, então, vejo o seguinte, que há dez anos já, Eu usava algumas imagens da televisão, as construtivas, para poder ah po comunicar melhor com a criança. Que é Antigamente havia muito televizinho, hoje eu tenho uma classe de vinte e vinte e sete crianças. só três cri de um Uma escola de primeiro grau da periferia. Só três crianças não têm televisão. E, no entanto, Uma boa parte dela não tem condi não tem lápis de couro, outra não tem isso, outra não tem aquilo, mas televisão eles têm. Então nós não podemos nós não podemos desprezar. Nós temos que a que usar a televisão como apoio, ressaltando aquilo que ela possa ter de bom e condenando aquilo que ela tem de mal, que às vezes ah é do gosto deles. É um ponto de partida para uma para uma abertura né, uma crítica, não uma crítica destrutiva e nenhuma condenação transformada em proibido, porque aí é bobagem. né Aproveitando que alguma coisa, porque a professora de primeira série, do primeiro grau, ela precisa muito de imagens para a criança penetrar. né na e E a televisão ajuda e favorece. Agora, mesmo isso, você pode notar que as famílias que mais precisariam ver os programas educativos, elas não gostam, de jeito nenhum. Tem coisas bonitas, mas elas nem sabem, porque elas nem se interessam. Tem programa na teve Cultura, por exemplo, tem o Jardim Zoológico, ele é meio forçado, meio meio artificial a forma como é apresentada. Mas é uma oportunidade da criançada conhecer e ver. Você pode passar a fazer um uma uma pesquisa por aí no horário em que passa você vai ver, está todo mundo ligado nas novelas, em outras coisas que, a meu ver, é prejudicial, porque faz com que a as crianças e os ah pré-adolescentes todos passem a sofrer problemas da vida que eles só teriam oito ou dez ou doze ou quinze anos depois É um O teatro, eu eu acho que o teatro mudou bastante, mas ele m como eu tive a felicidade de evoluir também, então, hoje, eu con consigo gostar mais do teatro como ele é do que antes como ele era. Eu preferia o cinema porque a gente sempre tem mania de perfeccionismo. E o cinema apresentava muito mais condições da... de atingir a imaginação, né? Agora, e o teatro, eu acho que agora ele é muito mais advertente. Mas o a c a o público do teatro é muito pequeno. Agora ainda houve. Ano passado eu fui no festival do teatro do MEC, fui assistir a todos. Fui a dez espetáculos, sendo que ia teatro sec ahn só nos dias que não tinha. E me pus em dia, né? Agora, este fim de ano também eu fiz isso. e gostei m muito de Réveillon e de Muro de Arrimo. Acho que aquilo é fantástico, aq que aquilo comunica mesmo. Agora, é comum a gente tem que aceitar uma clientela que vá ver o Muro de Arrimo, se ela não tiver condições de interpretar, não é um bom teatro, porque o cenário não muda. As palavras são mais ou menos as mesmas. Então, a a pessoa que vive aquele dia a dia, mesmo o pedreiro que vai assistir aquilo, ele não vai entender. No réveillon, o conflito da família, quer dizer, ali comunica tudo. É um su é um suicídio total. Quantas e quantas e quantas famílias vivem aquele conflito? Se eles forem assistir aquele aq Ninguém vai aceitar a sua parcela de culpa na desintegração daquela família. Então, quer dizer que não adiantou. E na vão não gos n n não gostar () Eu ouvi comentários de que ah () nã num não achei bom isso do teatro. Só a a a a atriz principal é que vibra e faz. Quer dizer, então, o teatro ainda é um pouco difícil de comunicar, mas...

SPEAKER 0: : Mas também não explora comercialmente. né Muito obrigada.