Inquérito SP_DID_315

SPEAKER 1: : ### Fizesse um paralelo entre o cinema atual e do seu tempo de mocinha, por exemplo.

SPEAKER 2: : (risos) O meu tempo de mocinha, primeiro ele era mudo. Depois, passado um tempo, ele passou assim a ser musicado, vamos dizer. Tinha uma bandinha, uma orquestrinha embaixo, que tocava. Quando era triste, tocava música triste, quando era alegre, tocava música alegre e de dança não há coisa. primeira vez que vi o cinema falado foi em Paris. E Era um filme sobre um casal com uma criança que se perde, um negócio assim, mas era falado só de vez em quando, tinha uns que de vez em quando. Agora, aqui em São Paulo, o primeiro fo era do Leo Stone, passou no Paramont. Foi a inauguração do Paramont, era sobre os o czar da Rússia, não me lembro o nome da fita. Eu me lembro que a iminência parda chamava Pálen. Então, de vez em quando, a gente ouvia o Leo Stone falar Pálen, Pálen. Era Alexandre segundo da Rússia. Foi o fim, foi quando começou comunismo na Rússia. Tinham assim umas umas dez vezes que a gente ouvia a voz. E, de lá para cá, deslanchou, né? Do jeito que você está vendo. Agora, antigamente, naturalmente, nós não tínhamos cinema pornográfico, né? Quando ia para a cama, ia esmaecendo. Se o rapaz ou a moça se encontravam, iam apagando, apagando, apagando. A câmera olhava a lua, sei lá o quê, e su (estalo) e sumia (estalo) E eu não gosto, não, viu? Dessa pornografia que anda no cinema, nem no teatro, nem nada. Não é nem por moralidade, é porque esses esses a gente está ficando completamente apática. Você Veja você uma numa revista você vê, aqui em São Paulo não tanto, mas o revista estrangeira, você vê comumente aquela pornografia, e pra qua praticamente ao lado, anúncio de excitante. Para que tudo isso? É tanta pornografia que perdeu o entusiasmo, perdeu a graça. Ninguém está mais entusiasmado em ver mulher pelada. Está vendo em com qualquer lugar. A Agora, tem muita muito filme de gente pelada por aí que é bom é bonito mesmo. Agora, esse que fica muito chão, eu acho que até a mocidade perde o interesse pela própria moça e a moça pelo rapaz. Tu não acha? Por que esse anúncio de excitante? afrodisíaco, qualquer coisa, insistentemente. Você vê pornografia e o anúncio quase que na mesma página. ### Se houvesse (risos) um pouco mais de segredo, o pessoal ficaria mais curioso. Eu acho que está sendo um pouco nocivo. E não me afeta não, não me afeta nada. Nada mesmo. Tudo que eu tinha que ver, já vi. É como quando eu estou guiando automóvel, saio por aí, o pessoal xinga. Xingar o quê? Eu já conheço todos os nomes feios, já canso de dizer. Se pensa que inventou um novo? Não inventou.

SPEAKER 0: : Eu sei, mas não digo, né?

SPEAKER 2: : Foi o Paramont, mas aí era lindo já. Já tinha... plateia assim em desnível, frisa, camarote. Agora, o cinema antigo não, era chatinho, chatinho (risos) com cadeira muito inconfortável. Quando era o cinema de gente comportada, as cadeiras não estavam pregadas no chão, se puxava um pouquinho para lá, um pouquinho para cá. Agora, quando era cinema assim de bairro, principalmente, elas eram todas presas numa madeira, para não tirar do lugar, senão acabava um pandemônio. Mas era gozado. No meu tempo de criança, era muito engraçado, porque o a platéia tomava quase que parte no filme, era uma gritaria. Eu tenho uma prima que jamais ia, tinha um cinema na Consolação, chamava América. Nós éramos... Nós tínhamos quanto? Nove, dez anos. Pagava um o não pode nem dizer, não tem mais valor para aquela moeda, mas era um um mil re. Não, dez tostões. Hoje nem tem mais, não existe mais esse valor, não dá (risos) ### Era uma gritaria mesmo, era um pandemônio, eu acho. Viu? Precisava ter muita paciência, gente grande, para levar a gente no cinema e ficar lá naquele pandemônio. Agora, cinema de gente grande, né? Isso era matinê. Cinema de gente grande, o pessoal se portava melhor. Mas era comum, por exemplo, eu já tinha já tinha bem dezessete, dezoito anos, quando cantava no cinema, nós cantávamos juntos, sem problema nenhum. Aí, um a última vez que nós cantamos no cinema, quase todo mundo foi preso. Porque a úl a ma não fomos... não, verdade, nós não fomos presos porque eu não ia ao cinema sem mamãe. E mamãe já tinha, assim como tenho agora, cabeça branca. Quando o guarda veio, parou o cinema e veio para prender aquele bando de gente, que nunca éramos só nós, né? Mamãe disse, ah de de jeito nenhum, pois estou tomando conta deles, e eles não estão fazendo nada, estão cantando a música da tela. Era Betty Boop. Era uma gracinha, viu? A Betty Boop. Ela cantava e tinha uma bolinha, era um desenho animado. Apareciam as palavras na tela, e a bolinha ia pulando. Se ca se dizia duas vezes aquelas Se repetia a sílaba, ela pulava duas vezes, descia a escadinha, subia a escadinha. Era muito fácil a gente acompanhar na plateia. Depois acabou tudo isso, né? porque é arruaceiro, incomoda o vizinho. Era mais fácil. Mas não pense que eu acho ruim agora, não, viu? Eu a Acho bom São Paulo de qualquer gente, mesmo bagunçado, mas que era mais fácil. Antigamente era.

SPEAKER 0: : Que tipo de povo cantava mais louco?

SPEAKER 2: : Já tinha gordo e magro, tinha uns outros que eu não me lembro o nome, mas não me lembro o nome de jeito nenhum mesmo, viu? E Eram engraçados, mas pastelão sempre, viu? Sem Sempre pastelão, mas sempre acabava de bolo na cara, creme para lá, creme para cá. Carlitos, a era daquele tempo, Olhe, eu vi um filme uma vez, do Gordo e o Mago. Nós vimos de noite, eu fui com meu irmão ao cinema. Foi no Rosário, ali na Rua São Bento. Nós demos escândalo de tanto rir, tanto escândalo, porque não ficava muito bem, viu? Se rir demais, nem chorar demais, não é nada disso. Meu irmão me tro trocou de lugar, porque aquela redondeza onde nós estávamos, já estava olhando demais (risos) Foi mesmo. Nós trocamos, fomos mais para trás ainda. numa turma nova né? Que já Mas foi era engraçadíssimo aquele filme. A Ainda hoje, quando vejo, às vezes passa na televisão, eu ainda acho uma graça louca. Era um filme muito bom. ()

SPEAKER 0: : Não lembro o nome.

SPEAKER 2: : De mocinho? Mocinho é muito bang-bang. Tinha um... Como é que ele chama? Dumont, qualquer coisa Dumont. Ele andava de motocicleta, como vocês nunca viram andar, só faltava voar (risos) Tinha um esse esse á Arte. ### Esse Arte fazia coisas espetaculares também, viu? Mas de mocinho tinha de monte. E ele passava assim andando no cavalo, como tem hoje, passava andando no cavalo, ficava pendurado em cima da árvore, o bandido passava embaixo, ele caía em cima na garupa. O tal do moço motocicleta só não virava barco, não sei por quê, porque ele vinha, entrava na água e andava assim ainda um bom pedaço dentro d'água para depois largar a motocicleta. Aí tinha os ca ### dos Esta era um apo apostando em uma corrida, dos Estados Unidos, até ah dos Estados Unidos Nova Iorque, até São Francisco. O que acontecia naquela naquele filme com chuva, estrada ruim, automóvel fraco, os bandidos de cha () Os bandidos sempre tinham charutos. Quando enchia de charutos, você já sabia que era bandido (risos) E o mocinho de camisa xadrez. Até hoje, os bandidos andam de preto, andam de escuro no no cinema. Não andam? Naquele tempo, já andavam de preto, com uma gravata que, pra branca e preto, parecia branca, né? E charuto, e chapéu do (), igualzinho que você vê hoje. televisão está cheio (tosse) de bandido de roupa escura. Aquela folia de... Aquele negócio de bandido (risos) andar de luva também já era daquele tempo, não mudou. O bandido é o mesmo. Foi quando lançaram Blue Jean. O Blue Jean americano começou em uns filmes de cinema, que o pessoal trabalhava na roça e andava andava de Blue Jean. Agora c Começou assim, feito macacão, né? Com fre de fre a frente subindo suspensório atrás, aquela tira cruzada nas costas. Aí o paulista ficou louco, começou ()

SPEAKER 0: : Quer dizer que a moda também era lançada no cinema?

SPEAKER 2: : Muita coisa. Muita coisa assim. Talvez as coisas mais práticas, né? O Blue Jean não é bem uma moda, é uma coisa prática para a roça. Né? Ainda mamãe dizia assim, isso é só para o americano na roça, não é, minha filha? Mas bem que eu achava confortável (riso) mas não podia usar, né? Eu quis aprender ballet, só moça à toa que aprendia ballet. De jeito nenhum, depois que a primeira () que eu pude, mandei minha filha. Já que eu não fui, alguém foi. E minhas duas netas estão no ballet. Eu acho lindo o ballet, viu? Não, (negação) não tinha nada documentado Foi bem depois que apareceram os documentários. Eles faziam assim, ou duas fitas, porque a fita antigamente eu acho que o roteiro era pouco pobre, né? Então eram duas fitas. Mara Quase nunca era um filme só, eram dois. Tinha uma fita, depois tinha o intervalo para você comprar a bala, para ir no banheiro, depois voltava a segunda a o segundo sempre era melhor que o primeiro. Então por e depois foi mudando um pouquinho, aí vieram os filmes primeiro, um filme tipo Carlitos, pequenininho, e depois um filme ma mais sério. Demorou muito para mudar esse negócio de fazer um filme só, viu? Ainda tem, se não me engano, cinema pequeno de bairro, ainda tem dois filmes, não tem? Esse negócio de um filme só foi, mais bastante depois, Eu acho que já tinha filho, quando começou o segundo

SPEAKER 0: : Começou um filme só com jornal ou sem jornal?

SPEAKER 2: : ### Aí já tinha jornal. Para dar sabe eu acho que o jornal foi feito no princípio, talvez tenha sido feito para dar tempo para o povo atrasado chegar no cinema. Porque, antigamente, o cinema não era como agora, vazio, era entupido. Se você ia à primeira sessão, Era engraçado. primeira sessão, você não saía. Muita gente não saía logo que acabava, saía um pouquinho depois para ver a multidão entrando aos empurrões, aos tropeções. Era engraçadíssimo. O pessoal procurando o lugar. Quantas vezes eu sobrei no cinema para ver, abrir a porta para cavar a lava? (risos) ### Ficavam de pé atrás, de pé no corredor, esperando sair gente para poder sentar. Era uma luta. Hoje em dia, não. A gente vai a qualquer hora. A não ser filme assim como Tubarão e Terremoto, que nos primeiros dias ficam cheios, não é? Era tranquilo. Você ia no cinema, procurava lugar para sentar.

SPEAKER 0: : E a programação?

SPEAKER 2: : No princípio, não. No princípio, eles distribuíam os papeizinhos assim. Assim, mas era horrível, vi u? Era um papelzinho de jornal bem ruim. E eles imprimiram aquilo e distribuíram na re na redondeza do cinema, o programa. mudava, mudava todo domingo. Não sobrava não para um domingo para o outro. Todo domingo tinha que mudar, senão eu acho que não ia ninguém. Não era tanta gente e não e tinha menos cinema. Eu sei que eles trocavam toda semana, era raro ficar, mas acho que eu nunca vi de uma semana para o outro. Só bem mais bem depois, quando já tinha cinema falado tudo, é que eles começaram a demorar quinze dias a Aí já estava no jornal. Mas, no princípio, era papelzinho distribuído. todo cinema tinha programa. A gente sabia o filme que ia assistir, mas eles davam na entrada, davam o programa. Eu tive coleção de programa, era uma pilha desse tamanho. Estava o nome do filme, do artista e um pouquinho de anúncio. () Falei em anúncio, lembrei. An tes enquanto você esperava começar a sessão, eles passavam o anúncio. Eu acho que era um vidro, que eles pintavam o anúncio, porque era tudo feito à mão assim, grosseiro assim, não era caprichado. Sapato, sapataria fulano de tal. Depois aquilo andava assim para o lado e an empurrava o segundo empurrava o primeiro, o terceiro empurrava o segundo. A gente via perfeitamente quando (risos) um vidro ia saindo lá de dentro e eles iam empurrando o segundo com a propaganda de outro lugar. Isso era na primeira sessão, antes de começar o cinema. A gente ia chegando, ia assistindo àqueles anúncios. As Às vezes eram coloridos. Muita a maior parte das vezes eles pintavam com tinta colorida. Assim era colorido. Anúncio, anúncio, anúncio, anúncio e e e ganhavam anúncio na porta do cinema.

SPEAKER 0: : E como é que o os jornais começaram a oferecer comentários sobre os filmes?

SPEAKER 2: : Isso já foi bem de agora. Não comentavam nada. Fazia propaganda sem comentário nenhum. Olha, não me lembro, não, viu? Quando começaram os primeiros comentários, mas eu acho que já estava casada e com quatro filhos, já estava levando filho no cinema. Começou com um comentário muito, muito, muito disfarçado, porque dizia, tal fita, ótimo, tal fita, péssima, tal fita, boa, tal fita, não vai ver, não vá ver que é uma droga, Agora, não. Agora eles quase que dão o enredo. Se você gostar do enredo, vai ver. Se não gostar, não vai. Mas não tem mais surpresa nenhuma. O pessoal já sabe o que vai acontecer e a Antigamente, não, você não sabia. Sabia quando contavam, né? Perguntava para a pessoa você gostou? Gostei. Mas, em geral, quando a pessoa... Não acredi nunca acreditei. Quando a pessoa dizia não gostou ou gostei, eu ia ver para ver se era bo se eu gostava ou não. Eu que tenho que gostar.

SPEAKER 0: : ###

SPEAKER 2: : Eu não prefiro nenhum, eu gosto de todos. É raro o filme que eu não goste... Quer dizer, eu gosto de todos bons. Quando é ruim, é ruim, acabou. Agora, se eu gosto mais de um sentimental do que um de bang-bang, do que um de capa-espada, do que um de não sei o quê, não, não tem preferência. Eu quero que ele seja bom. Agora, um que eu detesto, detesto, mas detesto mesmo, é filme de uma cama para outra cama. É tanta cama que eu já (risos) na segunda cama eu já começo a dar risada, achar graça. Então, para mim, não é mais nem pornográfico, é en engraçado. Que não sabem mais o que inventar com esse negócio de uma cama. () a coisa mais chata do que você ir no cinema e ver um quarto só, O tempo todo? Eu acho, inclusive, que é pobre. Não tiveram dinheiro para fazer ce outros cenários. Então, faz um quarto bem arrumado e fica de uma cama para outra cama. É monótono. Gosto demais do dos filmes do Walt Disney, porque tem cada paisagem. E é diferente. Uma hora é na na Rússia, outra hora éh éh é no Equador. É variado.

SPEAKER 0: : Que?

SPEAKER 2: : Televisão? Eu vejo televisão toda hora que eu posso. Eu gosto muito de televisão. Diz que ela é que ela não é educativa. Uns dizem que é, outros dizem que não é. Eu estou numa idade que não é mais educativa para mim, né? Para mim é distrativa, vamos dizer. Se me distrai, muito bem. Se me diverte, muito bem. Se não eu desligo, vou fazer outra coisa. Mas eu não vejo quase de dia, viu? Muito raro. A A não ser que eu pegue o jornal de manhã e veja que vai passar um filme ou Hoje, por exem, ontem de noite, passaram filme às duas e meia da tarde, que eu gostaria muito de ver, que eu não vi quando passou da da de () Mas eu não sabia porque eu não tinha prestado atenção, nem tinha olhado, né? Não vi. Mas, se se estivesse em casa, eu teria visto, porque aquele filme foi lindo, foi muito bonitinho, muito engraçadinho. Mas acho que todo mun que não faz mal nenhum para ninguém, contanto que não fique sentado lá dentro, dentro da televisão, não tem importância, porque tem gente neto meu que vai sentar lá embaixo, né? Ele que Se quiser entrar, (risos) eu abro a portinha e você entrar lá dentro, mas aí você não vai ver mais nada. Além dos filmes, o que que eu assisto? Documentários. Tem lindos, não sei se vocês têm visto, mas tem ótimos alguns. E não é documentário estrangeiro, não. O nacional também está muito bom. Tempo tem é Eles têm pa passado coisas no documentários que eu nem pensei que existisse no Brasil. Quase que dá para desconfiar. Mas eles dão nome, dão onde é, onde não é, então... São muito bonitos os documentários nossos. Tem o da Globo e tem aquele outro né?... Tem um nome. Não sei o que Repórter, como é que ele chama? Se não me engano, foi um camarada, se não me engano, é um camarada que foi... que foi deputado, depois foi cassado, depois deu um barulho qualquer, depois ele resolveu fazer reportagem. É, ele tem uma voz antipática Mesmo. Mas a parte é exato mas a parte de documentário a parte de fotografia é perfeita é uma beleza Uma evolução monstro, monstro. Sim Naquele tempo, quando começou a televisão, ela era muito bisonha, vamos dizer. Mas também os coitados, os artistas (tosse), eles faziam o roteiro, eles faziam o roteiro, eles faziam a parte de artista, eles que trabalhavam, eles que faziam a decoração, eles faziam tudo, gente. Tinha que ser pobrinha, Mas e tinha muita coisa bonitinha (tosse) Logo que começou, tinha um Gouveia que fazia o narizinho arrebitado. Não é do tempo de vocês nada, mas é do tempo dos meus filhos. Ele apresentava o programa. A Lúcia Lambertini, que ainda aparece na televisão de vez em quando. Se não me engano, ela apareceu ontem. Ela era o narizinho arrebitado. Era um amor de narizinho arrebitado, mas bem de acordo com o livro, não mudava quase nada. Tinha a Vovó, tinha a Dona Benta, tinha o Pedrinho. E esse Gouveia, ele começava apresentando. Aí sumia e, no fim, ele vi vinha só para dizer. E amanhã teremos uma outra história, Era uma coisa assim, uma outra história que fica para uma outra vez. É Era um programa engraçadinho e era bem, bem, bem no princípio da televisão, viu? E era muito bem feitinho. Ele estava sempre sentado numa escrivaninha, atrás uma porção de livros. Ele abria o livro para para contar a história e já apareciam as crianças trabalhando. E ele só aper aparecia de novo para fechar. Se não me engano, eu ouvi dizer que o outro dia eu ouvi contar que vai fazer de novo. Vão fazer de novo. Sabe, agora tem videotape, que vai ficar bem mais fácil, né? Inclusive dá para preparar um pouquinho melhor. Não tinha falha nenhuma, porque criança é muito natural sempre, né? O Marquês de Sabugosa, esse eu nunca vi, nunca nós vimos a cara dele. Mas tinha programa musical, Tinha enlatado, como tem hoje, que eu gosto muito. Enlatado, seja ele qual for, eu acho muito bom. Tinha para criança, mas não tinha nada que fosse educativo, como agora tem a tevê Cultura, que fica dois e dois, mas são quatro. Deixa eu ver uma coisa que eu tenha visto naquele tempo. Às vezes tinha tea mas não me lembro, não.

SPEAKER 0: : Teve uma cobertura do quarto centenário na televisão a senhora lembra de alguma coisa?

SPEAKER 2: : ### Foi feito? Tenho a impressão que foi feito nada. Não. No quarto centenário mesmo, porque eu não teria visto. No quarto centenário eu tomei parte eu não Prefiro muito mais mais ser artista do que assistente, viu? Honestamente. () Se tivesse feito a cobertura, Eu eu estava na rua não teria visto. Não teria visto nada. televisão lá em casa, quando as crianças eram pequenas, era fechada com chave. Só ligava na hora que era para ver. Meus filhos foram péssimos estudantes. Se eu fosse (risos) deixar a televisão ligada, então não estudava nada. Então, depois que faziam eles todo mundo fazia lição, eu ligava a abria televisão. Não é como agora, que fica ligada di... meus ve netos vêm aqui, primeira coisa eles entram por ali, vão ali, ligam a televisão, depois vão pegar um jogo e jogar ali. Eu acho que eles gostam é do barulho, né? da companhia, da voz. Porque mesmo que seja uma coisa interessante, se eles estiverem jogando lá, ele lá ficam. Então, acho que eles sentem falta de alguém conversando continuamente. Ouve a voz. O rádio serviria muito, mas eles preferem a televisão.

SPEAKER 0: : Eh aparelho mesmo de televisão sofreu muita modificação Muito.

SPEAKER 2: : Ele era um almanjarra, viu? Difícil de acomodar dentro (risos) de casa. Era um móvel. Olha é é Era um móvel maior que aquele, a televisão. Você olha um pouco aquele barzinho. E Ele era daquela altura e ele era mais grosso. bem mais grosso. Quando foram diminuindo o tamanho, foi um festival, né? porque daí cabia em qualquer lugar. Agora, com esses pequeni... () não é? Sony que tem desse tamanhinho? É uma gracinha.

SPEAKER 0: : Tinha até portinha para abrir, né? Que eu me lembro

SPEAKER 2: : Tinha porta? Estou te dizendo que minha televisão tinha chave. Tinha porta para abrir. Também sabe por quê? Talvez também... Quando fizeram com porta para abrir, Não foi pensando como eu fiz com os meus filhos. Para quando enquanto não faz lição, não vê televisão. Eu saía, eles não podiam ver televisão, estava fechada. Era para a empregada não ver. A empregada não via televisão. Depois, passados uns anos, é que a empregada começou a ver televisão. Na minha casa, punha a cadeira ali. Né? Então, elas ficavam ali vendo a televisão. Agora, é lá e aqui, né? (risos) Mudou muito. Então, para que por chave? Talvez a chave tenha sido por isso, viu? Para evitar que, quando o patrão não está em casa, empregada fosse ver televisão escondido. Não tenha dúvida que era, porque eu na casa do meu do meu cunhado, uma vez nós fomos visitar, e nós, da rua, dissemos que eles estão aí, porque nós estávamos ouvindo a televisão. Quando nós chegamos, não tinha batemos na po Estava mudo, não tinha mais barulho nenhum. E meu cunhado não estava lá. Foi um próprio escândalo. Então, com chave, evitava isso.

SPEAKER 0: : Evitava amolação.

SPEAKER 2: : Não mudou demais, viu? Mudou é baixo Passou para o lado. Mas eu acho eu desconfio que ainda tem muitos que são embaixo. Era só branca e preta. vez em quando, lá em casa () era muito co de vez em quando, num jogo de futebol, que já faziam jogo de futebol, tinha cinco bolas em campo. Não sei o que dava (risos) na televisão, ou de lá, ou da irra da irradiação deles para nós. O nosso aparelho dava cinco bolas às vez Uma vez eu contei, eram cinco bolas em campo. Nós não conseguia nunca saber qual era a verdadeira (risos), porque só era só a bola. que multiplicava, que se fosse o os jogadores, né? você marcaria pelo número nas costas e saberia. Mas também não adiantava. Tinha que adivinhar qual é a bola certa. Eram cinco bolas. Eu telefonei para lá, eles disseram, nós estamos radiando direito, a sua televisão que está errada. Eu tinha uma amiga que morava em frente, fui lá olhar, a televisão dela também tinha cinco bolas. () Você já imaginou que jogo de futebol sofrido? E meu marido gosta muito, né? Certo? Foi um verdadeiro sacrifício aquela

SPEAKER 0: : Noite (risos)

SPEAKER 2: : Eu gosto do noticiário da televisão. Viu? E meu marido tem fascinação. Qua quando você vê, de noite, um dos últimos noticiários, quase que você não precisa ler jornal. Porque eles vão dando tudo. Eles não dão inteiro, assim, tintim por tintim. Mas eles dão o principal. Não interessa muito se cinco pessoas mataram uma ou se quatro pessoas mataram uma. Não interessa. Interessa que um bando de gente matou uma pessoa. Né? Agora como é que eles chamam, o que que eles são, para mim não interessa nada. Talvez para outra pessoa interesse, para mim não. E eu gosto do noticiário. Viu? A gente fica sabendo quase que antes do povo da cidade saber, você sabe perder. Uma vez cheguei aqui em casa, eu não sabia nada do que estava acontecendo. Tinha caído uma árvore na Consolação e o trânsito estava infernal. Eu levei um tempo enorme para chegar aqui em casa, mas eu não sabia por quê. ### Ela disse, claro, pois caiu uma árvore na Consolação. Como é que ela soube? Pela televisão. Então, antes do jornal dar, a televisão dá. Eu acho ótimo o noticiário. Porque eles correm, né, para dar notícia rápido. Inclusive, a maior parte das vezes, com fotografia. Né? Então, praticamente, seria bacana, viu, se fosse em lugar de vim jornal na casa da gente, vocês ligassem o rádio ou a televisão e eles lessem o jornal para você (risos) Não seria bom? Você está fazendo uma coisa e alguém está lendo o jornal para você? É uma delícia. Você quer ver uma ocasião? (tosse) Eu gosto muito de ler. E nós íamos para Campos do Jordão, já fazia tempo que nós não () para Campos do Jordão, então não tinha agasalho que chegasse para ci quatro filhos e dois adultos para uma temporada em Campos do Jordão. E eu me pus na máquina. para fazer cinco suéteres para cada um. A esta éh Nesta época da do ano eu já estava fazendo suéter. Não podia ler, não dava tempo. Liguei o rádio e ouvi todas as novelas que estavam no rádio naquela ocasião, todas. É como se fosse ler. E, se não me engano, naquela ocasião, eles estavam pa entre elas tinha aquele direito de nascer. Então, eu fiz tricô tranquilamente sem precisar sofrer porque eu não estava lendo. Alguém lia (riso) (riso) Alguém li ia para

SPEAKER 0: : para mim. Eu acho bom.

SPEAKER 2: : Eu não quase não vejo rá não ouço rádio, viu? Mas eu acho que não pode comparar um com o outro. Um é visto. Quase sempre, poucas vezes, eles não algo daquele (tosse) do que está falando. Certo? E o coitadinho do rádio não dá, né? Então, acho que não pode bem comparar. Um é falado e mostrado, outro é só falado e imaginado. Você não acha? Acho que o rádio leva desvantagem louca. Quando começou o rádio, ele era o rei, né? Era o rádio Galena, mamma mia como dava Vocês algum dia viram rado raga Rádio Galena? Ela tinha tinha presinho assim um tre ua uma pedrinha que brilhava, assim como se fosse um pedacinho de prata, mais escurinho. Tinha um um um caninho, assim, um ferrinho preso e uma um lugar para segurar. E na ponta tinha um... um fio, como se fosse fio de violão, entendeu? Pequenininho assim, enroladinho e preso. Então, você vinha com aquele fio, você tinha que cutucar na galena, que era uma rodelinha assim, você ia cutucando até o achar a onda do rádio. Se esbarrava, saía do lugar se começava tudo de novo. Eu ouvi óperas irradiadas do municipal com meus irmãos no rádio galena. Agora tinha que pôr fone. senão não daria. Então, era uma luta, né, porque cada um queria comprar um um fone. Então, quando não tinha para todo mundo, cada um pegava uma metade. Muitas vezes eu ouvi ópera que acabava bem tarde e não era para ouvir, né? Quando acabava, começava os aplausos, voava para a cama, porque estava na hora de mamãe chegar (riso) (risos) Ela nunca nos pegou ven o ouvindo a ópera por causa disso, né? Porque ela nunca lembrou, coitada da mamãe, ela nunca lembrou da hora dos aplausos. Enquanto o pessoal batia a palma, a gente voava para a cama.

SPEAKER 0: : Dava bem tempo para a gente deitar.

SPEAKER 2: : Eu acho, formidável. Mas era muito tarde. Nós tínhamos escola de manhã, né? E naquele tempo a gente deitava mesmo às oito horas. Quando eles saíam para a ópera, a gente já já já já devia estar na cama dormindo, né? Então a gente deitava dormia, né? Quando batia a porta lá embaixo, todo mundo descia para ouvir a ópera. Eu ouvi muitas óperas assim roubado. Eu tenho quatro irmãos. Um é bem mais velho que eu. E os outros dois são um pouco mais moços que eu. Nós três. Meu irmão ia na ópera também. E nós três ficávamos deitado no chão, no escritório de papai e no rádio Galena. Depois foi melhorando, melhorando, ficou mais fácil, né, a gente não precisava mais de fone para pôr no ouvido, nada. Eu gostaria, viu, de ver ter um rádio Galena ainda agora para mostrar para os meus netos. E é muito fácil fazer, meu marido fazia em caixa de fósforo. Facílimo, tinha loja que vendia, como tem, acho que a a Santa Efigênia ainda devem vender os pedacinhos que a gente montava em qualquer caixa. ### Agora é com a complicação, fio pra cá, fio pra lá, mas aquele tempo era três, quatro fios pronto, rádio. Ele adorou, porque aí ele já ficou bem mais co já estava bem mais comodista e não (risos) precisava sofrer no campo. ### Olha, eu fui em jogo de futebol, nós temos cadeira cativa lá no no São Paulo, né? mas começou antes no estádio aqui do Pacaembu, né? Eu fui em jogo de futebol com chuva, sem chuva, com sol, sem sol, com tempestade, sem tempestade, de plástico por cima da cabeça para não encharcar demais, e Oswaldo toda vez brigava, toda vez brigava. Ele brigou a soco com um camarada, Eu enfiei em cima, e o o homem era contra o São Paulo do lado de cá, e ele a favor do São Paulo. Eu afundei, (risos) eles ficaram por cima. Foi engra çadíssimo. Agora ele está muito comodista, só quando o jogo é muito bom, que nós vamos para o estádio. Senão, nós vamos pela televisão mesmo. Ele fica tão feliz, porque ele gosta tanto de futebol, que ele ouve no rádio, quando não (tosse) tem televisão, ele ouve no rádio. Imediatamente, ele sai vai comprar a gazeta esportiva para ler o jogo. E amanhã ele lê também, outra vez, porque aí o comentário é mais tranquilo, né, é mais amadurecido, é um comentário que já foi discutido.

SPEAKER 0: : ###

SPEAKER 2: : O que, por exemplo? Eu gosto de teatro. Meu marido não gosta de teatro. Então, você já viu, né? Eu adorava antigamente, quando tinha matinê de quinta-feira, porque eu levava as crianças para o colégio, me mandava para o teatro. Só só tinha mulher. ### Mas, depois que eu vi que só tinha mulher no (risos) teatro de de tarde, quinta-feira, aí eu contei que, quinta-feira, eu sumia para o teatro. Você é louca! Esses hom ens. Eu disse não não tem homem. Pode ficar sossegado, se só tem mulher. ### Mas era um teatro assim, você comprava a entrada é mas era um teatro bom já, viu, já era como o teatro agora. Esse aqui que existia, Paulo Eiró, aqui embaixo, eu vim muito, mas muito mesmo, toda quinta-feira. Depois acabou o teatro na quinta-feira, só tem sábado domingo. ### Eu faço tanta coisa! (risos) Que ele não liga nada, as minhas as minhas () todas, ele não liga nada, não custa nada e a entregar os pontos para o teatro, né? Mas, agora, eu vou. De vez em quando, eu vou ao teatro. Tenho uma amiga que gosta e mora aqui perto. Então, eu vou com ela e não tem problema. Sozinha ele não vai deixar mesmo. Para ir para o clube de noite para ensaiar um negócio de teatro, ele ou ele vai, ou quer que eu vá com a empregada, () se eu já estou na idade de andar sozinha. (risos) Foi gozado? Ficou tão preocupado. Ficou acordado até a hora de eu chegar e, por acaso, aquele dia o ensaio, acabou uma e meia. Estava uma bomba quando eu cheguei em casa. Mas eu assumi um compromisso, então não podia deixar, não é?

SPEAKER 0: : ###

SPEAKER 2: : Toda a etapa? Primeiro, o senhor diretor, que é o rei da bola, que eles mandam e desmandam e judiam da gente às vezes, ele escolhe a peça. Às vezes, ninguém gosta da peça, mas o o diretor gostou, a diretoria da do clube, por exemplo, apor aprovou, já não pode dizer mais nada. Aí marca a reunião, todo mundo lê todos os papéis. Naturalmente, homem lê de homem, mulher lê de mulher, né? Todo mundo lê. ### Quando é segunda terceira reunião de leitura, que é uma mesa grande, todo mundo sentado à volta. Todo mundo leu, aí ele dá distribui os papéis. ### O resto da turma que estava lá para ler, Não aparece mais. Ficam só os artistas propriamente ditos, os que ele escolheu. Os restos vão em vão embora. Aí continua a ler. Continua a ler sem sair da mesa. Só lendo. Depois ele vai corrigindo, impostação de voz, o modo de dizer, estar triste em lugar de ser alegre. Vai dando os palpites dele. Quando ele sente, Chega numa certa hora que a gente mesmo sente, viu? Que não aguenta mais ler aquilo sentado. Porque não é para decorar, é para ler mesmo. Agora tem gente, broto tem muita facilidade de decorar. Não decora inteira, mas decora uma bela parte lendo quatro, cinco vezes, né? Eu não, eu preciso decorar mesmo. Aí ele deixa ficar de pé. Mas você fica em qualquer lugar. Se você quiser falar aí e eu quiser falar de lá e eu falo de lá, você fala de cá, não tem a mínima importância. Você continua lendo, ler, aí você segura com uma mão e faz gestos com a outra. Chega num certo ponto que ele acha que a turma já está bem madura ele diz, daqui por diante, texto na mão de ninguém. Então você chega naquela aflição, né, aí já chegou a hora de decorar. Decora, e vai para lá, mas muitas vezes falhas Mas aí sempre tem duas ou três. ### Um para segurar o texto, outro para ajudar a marcação. Depois que todo mundo sabe bem de cor, aí ele começa a marcação propriamente dito. () Se a gente pensa, quando vê um teatro, que que que tem muito caco, não tem caco nenhum, é tudo caco combinado, a não ser (risos) o Procópio Ferreira, ### ### ### Essa gente entra com caco e o outro artista, que não sabe do que está acontecendo, trata de se virar, porque eles inventam coisas. Nós não temos esse direito. O amador não tem esse direito de inventar, porque o outro também é amador e pode encalhar. Mas tudo isso que vocês pensam, que é inventado na hora, como uma vez eu assisti a uma peça, o Oswaldo disse que aquilo é caco, e o camarada deix esquecia de se de car derrubar o cinto, e o outro assobiava e dizia, derruba o cinto. Mas aquilo é tudo é combinado, parece que é sem querer, mas não é, é combinado. Mas tudo isso tem que ser combinado quando faz a marcação, porque você não dá um passo daqui para lá, sem ser ter autorização da diretor. Praticamente você ãh, às vezes, a pessoa está falando e vai para lá e vem para cá, e vai para lá e vem para cá, mas isso não é sem querer, é o diretor que manda. Você tem que dar cinco passos falando tal coisa e volta com cinco passos para tal lugar. Teve na Bernarda Alba, ele fez uma marcação para eu entrar. Eu estava ajoelhada, levantava, Ia para a direita, depois ia até a porta da casa, voltava. Uma semana antes de estrear a peça, ele mudou toda a marcação. Eu quase me embananei, viu? E o pessoal comigo, porque eu tinha que ficar... Est e en ensaiamos um monte de vezes comigo, do lado direito. Uma semana, mais ou menos, antes de estrear a peça, eles tinham que falar comigo do lado esquerdo. Vocês não queira saber o que atrapalha a gente mudar a marcação. Ou muda a marcação, você espera a voz nas suas costas, bem atrás. A voz vem daqui atrapalha até o texto. viu? Depois que está tudo marcadinho, mas marcado assim, viu? ### A sua filha encontra com o Pepe às quatro da manhã. Quando ela dizia quatro da manhã, no quatro, eu tinha que pôr a mão para começar a levantar. No da manhã, eu tinha que estar em pé, e eu tinha quebrado o joelho naquela ocasião, e tinha uma força bruta para alcançar o manhã de pé. No quatro, eu tinha que pôr a mão para começar a levantar. Da manhã, eu tinha que estar em pé. Eu tinha quebrado o joelho naquela ocasião. Tinha que fazer uma força bruta para alcançar o manhã de pé, porque, senão, ele fazia repetir, porque estava errado. O desgraçado tem uma memória louca, não é? E tem a Aí ele tem já tem um um dos outros artistas auxiliando na marcação, porque ele faz a marcação e o outro marca no livro. Cada palavra em cada lugar, onde tem que estar, de cada um dos atores. Aí tem o cenarista, entra o cenarista. E os cenaristas são muito salafrários, são muito mentirosos. Eles prometem as coisas para quinze dias antes. Na Bernarda Alba, nós entramos no palco montado na véspera da estreia. E eram três estrelas... Não, era uma estrela, uma rodela e um quadrado. Então, conforme a fala, você tinha que estar ou na estrela presa, como ele queria que se fosse, aquilo representasse A prisão das filhas, né? feitas uma gaiola. Elas se debatiam dentro daquela gaiola, era a estrela delas. A minha de bandona era a roda grande do palco do meio, e da minha empregada da ponte era um quadradinho do lado. Agora E, no fundo, para entrar da porta da frente para o curral, tinha uma meia-lua. Tudo isso foi posto no palco na antevéspera. E tinha degraus, nós subia e descia, (risos) subia e descia. Era um horror. Depois o pessoal dava... Como é que vocês andavam lá dentro sem tropeçar? Só Deus sabe como é que nós andávamos lá dentro sem tropeçar e sem cair de um de um de um praticável para outro praticável. Porque marca primeiro a gente, né, os lugares. ###