Inquérito SP_DID_314

SPEAKER 0: : Odete, nós gostaríamos que você contasse, comentasse alguma coisa sobre os meios de comunicação e de difusão que temos aqui no palco. () Qual o meio de de comunicação eu acho mais importante no momento? que, éh, pelo menos é o que ma eu mais faço uso, é o jornal. Agora, eu tenho notado que poucas as pessoas são que, pelo menos as do meu meio, e eu estranho bastante porque eu vivo num meio socioeconômico de de um poder aquisitivo alto. E Poucas as pessoas leem, leem jornal ou até mesmo veem televisão em termos de noticiários, porque comentando com uma série grande de pessoas sobre esse projeto NURC, as pessoas não tinham conhecimento Eu fiquei extremamente surpresa, porque eu leio jornal várias vezes. Eu sei que esteve na televisão. Então, eu vi que entre as mulheres, ah, jornal, por exemplo, elas fazem desse desse meio de comunicação ãh muito pouco uso. Agora, a... () Eu inicio primeiro pela primeira parte, que eu quero ver os tópicos mais importantes. Se algum daqueles me interessa, então dizem página nove, aí eu volto e procuro a página nove para ler aquele tópico importante. Depois eu vou especialmente para a parte de é a ilustrada, que eu leio a folha. A folhinha especial. Ãh, para a parte ilustrada, porque tem uma parte dedicada à mulher Mas não é a mulher como objeto de uso, que se fala muito atualmente, ou senão a mulher como instrumento de uso, nada disso. Então tem uma parte de modas, uma parte sobre psicologia infantil, eu acho isso muito interessante para mim, e uma parte sobre comentários de televisão. Então isso eu leio todos, todos os comentários sobre sobre os programas de televisão, que eu não posso acompanhar todos, mas pelo menos eu quero estar a par do que está se passando na televisão. E Depois de ler essa parte, a folha ilustrada, aí é que eu então eu volto e começo tudo novamente, agora pulando a parte do noticiário internacional, que isso eu não consigo me interessar absolutamente. Então, eu prefiro ouvir comentários, Eu passo muito tempo conversando com com senhoras enquanto espero uma filha na na natação, a outra no balé. Então alguém me fala a situação na Argentina. () Argentina todo mundo sabe Né? Argentina está assim () está assado, ou na Espanha está sim. Então eu prefiro usar os comentários ouvidos do que lê-los, porque eu não consigo suportar essas essas fofocas internacionais. que eu acho que política internacional não passa de uma fofoca de alto gabarito. E depois eu leio... a parte de... leio muito a parte de saneamento, talvez isso em especial porque o meu marido é ligado à parte de saneamento, então essa não deixa escapar nenhuma notícia a respeito de ser os problemas da cidade. Então, nós falamos sobre o () em determinado lugar, eu leio aquilo de cabo a rabo, não sei o motivo, o porquê, mas leio aquilo com todo cuidado, com todo interesse. E eu tenho a impressão que no jornal, depois da parte de anúncios fúnebres, É, não. Eu li uma vez um artigo que dizia que a mulher, o primeiro lugar onde ela vai ler no jornal é a parte do anúncio do fúnebre. Mas é verdade que eu já encontrei vários anúncios de pessoas conhecidas nossas. E se é uma época que a gente não pode estar omissa, é quando falece alguém né, a gente precisa dar o ato de presença né. Então, aqui, essa parte eu não deixo mesmo. Então eu acredito que no jornal seja isso que eu dê atenção especial. Olha, começa da parte de ah, a parte de... dedicada especialmente, não, a parte primeiro eh dedicada aos problemas de âmbito geral. Daí eu procuro, daquele âmbito geral, qual a parte que mais me interessou. Depois de ver a parte que mais me interessou, então eu passo para a folha mais especificamente feminina. Da parte feminina, aí, eu leio aquilo que me interessa. Depois foi a parte de comentários sobre televisão. Depois eu volto pra ler o, as notícias em geral. E a documentação fotográfica? () fotografia, o que que você acha? Ela não me chama atenção, de modo geral. ###

SPEAKER 1: : Que seção do jornal mais atrai, que você acha a leitura, você se sente mais sensibilizada, você gosta mais?

SPEAKER 0: : De alguma coisa que indique assim, um fato extraordinário e a parte feminina. A parte feminina em especial, a parte dedicada à psicologia infantil. Ou se n E também a parte dedicada ... a novas conquistas de ciência ou de pesquisa, como há muitos anos. Até eu li que o professor Dino estava fazendo, estava estudando a comunicação dos jovens. Isso foi alguns anos atrás que eu li na Folha Feminina. Depois eu acompanhei também o Ano Internacional da Mulher e, embora não interesse nem um pouco, porque eu não sou nada feminista, Mas leio pra ficar atualizado, ver ver o que que a turma tá fazendo por aí, né. A disposição das colunas, dos artigos éh, na folha mesmo, na na sessão da folha ilustrada, é diferente de uma outra sessão, né? é diferente. () alguma coisa também () Então, acho que eu vou comentar mais especificamente a parte de que fala sobre televisão. Então, é o visionário da... como é que ela se chama? Ele é (). Eu vejo pelas fotografias ah. Aí me chama a atenção a fotografia, mas é porque é fotografia de artista. Então, se eu vejo que tem alguma fotografia de um artista que eu estou acompanhando uma novela, Aí eu vou ler aquilo que fala sobre esse artista. Depois eu leio sobre outras novelas para ver se eu não deveria deixar de assistir a uma determinada novela, porque a outra seria melhor. E essa parte, e depois também toda a parte de uma forma geral, de perguntas e respostas, eu gosto de ler. Porque eu gosto de ler, sabe, o que que estão achando, Por aí, o que que estão perguntando? Então, ontem uma das minhas filhas falou assim, a novela A Viagem vai terminar. Por que será que ela vai terminar tão cedo? Então, eu disse, é porque eu sei que está havendo muitos comentários negativos a respeito dessa novela. Ela me perguntou, mas por que está havendo ess Como é que você sabe? não, eu tenho lido artigos de uma sessão que se faz perguntas. E eu vejo que estão atacando muito por estar focalizando muito um tema religioso, quando na realidade a religião oficial do Brasil é a religião católica. difundindo demais uma religião que não é a nossa oficial. E está pondo em dúvida, muita mentalidade que ainda não está bem formada, se não está em dúvida, está de certa forma impondo uma religião nova, como, () citei a elas, vocês vejam, se eles filmam em São Vicente, São Vicente passa a ser um ponto turístico. Todo mundo quer ir pra lá. Se eles filmam num determinado hotel, todo mundo quer ir passar as feiras naquele hotel. Então se começa todo mundo agora a assistir a viagem e ver o espiritismo, e gente que ainda não tem uma uma uma formação muito sólida, passa a acreditar em tudo aquilo. Enquanto que No Brasil, a nossa religião oficial não é essa, então eles não teriam direito já de influenciar de forma tão de forma tão veemente as pessoas que não têm uma formação assim à altura de poder compreender que aquilo nada é mais do que uma obra de ficção, que não existe nenhum apoio científico, um apoio que se tenha certeza de que aquilo é verdade. Vou estudar em decorrência de que pergunta?

SPEAKER 1: : Ah, hum não me lem .

SPEAKER 0: : () e a linguagem do jornal, que que você acha? dela, clara, contida, qual a sua opinião? Bom, interessaria ah que eu expusesse também o que pensa o meu marido? Claro () Porque ãh eu acabei tendo uma tendência de seguir demais as opiniões dele, sabe? Eu acho que ele é superdotado tal, então é melhor seguir as opiniões dele ele Ele acha que o jornal se especializou em exprimir em duzentas linhas ou que poderia ser escrito em duas linhas. Então, quando eu vejo, por exemplo, a leitura sobre o caso da Coca-Cola, que já devia ter saído do jornal, que todo mundo já está cansado de saber, e o inquérito policial não manda mesmo, porque é evidente que é evidente que não existe interesse, ãh uma vez que não existe prova suficiente. Poderia muito ser muito mais sintetizada. Agora, eu quando leio, na realidade, eu acho também que ela se estende um pouco mais do que o necessário. Mas, de uma forma geral, me agrada a linguagem do jornal. Eu acho que comunica sim. munica ainda mais levando em consideração que precisa abranger uma série de uma série E até uma série de pessoas que leem umas mais devagar, outras mais depressa talv vez uma notícia que eu leio em dois minutos alguém vá levar vinte para ler. Então, é necessário, talvez, que essa essas notícias sejam todas de uma linguagem muito pouco sintética. Mas agora, de uma forma geral, me agrada a linguagem do jornal. E você nota muita diferença de linguagem () da folha e do Estado. Eu não suporto o estado, ah Eu acho o Estado ### () O Estado para uma classe intelectual muito sofisticada e Eu digo sofisticada porque eu estudei bastante. E quando eu estava no no colégio, por exemplo, ou mesmo da faculdade, eu tinha um bom nível intelectual, no sentido, por exemplo, de ler Platão e Francês. E eu via escritores de fôlego, e embora no momento eu não consiga mais ter concentração para ler todos esses artigos, eu acho que tudo aquilo ficou () quem lê o Estado, eu acho que deve ter ser altamente intelectualizado e, principalmente, altamente interessado em política. Eu tenho uma irmã que está morando em Brasília, mas diz que lá é uma coisa impressionante as fofocas em termo de política. Ela diz que tem vontade a todo instante de telefonar para cá, falar que está está prestes a haver um golpe de Estado. Então, por exemplo, quem mora em Brasília vive e respira todo um ambiente político. Então, essas pessoas, evidentemente, estão altamente interessadas em ler ah os artigos de fundo do Estado. Agora, quem está no dia a dia do paulistano, tanto homem quanto mulher, o homem morrendo fica () até no dinheiro. E a mulher correndo atrás dos filhos, atrás de dos diversos cursos que precisam fazer, e o tempo enorme que se perde no trânsito, não vai estar interessada em política, numa política assim, em matéria de leitura, numa política árida e de leitura difícil, uma leitura pesada, uma leitura que exigiria assim um um bom tempo de concentração, e até, vamos dizer, de digestão daquilo que se lê, porque precisa ler, depois digerir bem. Então, eu simplesmente não ponho o estado é um jornal que na minha casa não entra. Eu não leio. Só gosto de ler aos domingos. Eu não sei por que motivo, eu gosto de ler anúncios de emprego. ego ver como é que está o mercado de trabalho? e não tanto quanto está oferecendo por aí sabe, mas ver como é que está o mercado de trabalho, quais são os profissionais mais solicitados e e toda essa gama de profissionalização e profissões de uma forma geral, também não sei porque, me inter... me atrai aquilo. Então, eu gosto de ler anúncios, de procura-se empregados. E na época que eu estava construindo também eu lia, acho que eu li um ano, a página de imobiliária para ler descrição de imóveis. Porque então nessas casas eh nessas casas, tipo mansão assim, eles eles escrevem o tipo do do assoalho e o tipo do piso do banheiro. e as diversas dependências que tem dentro de uma casa, e eu não conheço essas casas, essas casas tipo mansões, então eu achei que eu podia formar uma ideia lendo a descrição delas para depois construir a minha. Então, durante um ano, eu li tudo aquilo. até que eu tive um choque tremendo. Quando eu vi uma casa colocada à venda em frente à minha, quando eu li a descrição daquela casa, a descrição parecia de uma casa, assim, de alto de alto ní vel eu estava vendo a casa na minha frente. É uma casa simples. Falava em jardim tropical, quando eu tinha um jardinzinho de de dois por dois. Então, eu me desiludi depois de ler esse anúncio e confrontar a casa. Então, dali, da dé a partir desse instante, eu me desiludi um pouco com a leitura de de descrições de casas e parei de ler a descrição de móveis. Mas era uma coisa que eu gostava de ler antigamente, sabe? Então era uma parte do Estado que eu consultava periodicamente. e... E as revistas? Revistas eu não leio. Eu não tenho tempo de ler e também me sinto... Bom, o que que eu posso ler? Eu não vou ler manchete, nem cruzeiro. Porque, de uma forma geral, elas se limitam a apresentar, ponto de vista meu. () Revistas eu não leio de uma forma geral. Eu acho que Manchete, Cruzeiro, apresentam muito mais fotografias do que artigos realmente. E essas revistas, realidade, visão, são revistas que atualmente... Eu já expliquei, eu não tenho mais ãh assim um um alto espírito intelectual no sentido de de conseguir ler um artigo e ter tempo para digeri-lo e depois meditar a esse respeito. Porque o que eu leio tem que ser assim corrido e parado, muitas vezes, porque uma das mi das crianças me solicita. Então não pode ser nada muito pesado. Porque eu acho que, em primeiro lugar, as crianças. Eu fiquei uma vez dois anos sem abrir uma revista, sem abrir um jornal. Porque naquela época, eu ainda tinha poucos anos de formada, ainda tinha toda a minha intelectualidade assim, perfeita, e adorava ler, ainda conseguia ter todo o espírito de concentração. E cada vez que uma das minhas crianças, não na ocasião eu tinha uma só, me chamava e eu era obrigada a fechar aquilo que eu estava lendo, me dava um profundo sentido de irritação. E eu sentia que eu transmitia aquilo para a criança, porque eu não via a hora dela se afastar para eu poder voltar a ler. Até que eu analisei a minha conduta e falei, bom, então eu vou durante um determinado tempo, que as crianças querem a minha presença, ou se não, a resposta, as respostas minhas às perguntas delas, então eu não vou ler nada, porque eu fico tão irritada na hora que elas me interrompem. Eu transmito isso a elas e talvez isso vá traumatizá-las, eu não quero ter criança se sentindo rejeitada, nada disso. Então eu fiquei durante dois anos sem abrir um jornal, sem abrir uma revista. Depois os anos se passaram, eu fui diminuindo cada vez mais a minha leitura, as minhas leituras precisaram ter um contexto assim muito leve, pra poder suportar todas essas paradas. Então, eu ainda, até hoje, eu leio livros, por exemplo, A Cidadela de Cronin, acho que eu já li pela vigésima vez, porque eu sei que aquele é um livro que eu posso ler e parar mil vezes. Então, realidade, visão, são revistas que eu não consigo ler. ### E eu só tenho tempo pra ler no cabeleireiro. No cabeleireiro eu tenho revista, status, é uma revista interessante é. Essa é interessante, então eu leio aqueles artigos, às vezes eu aprendo alguma coisa se eu tivesse tempo para ler, eu teria em casa revistas desse tipo, mas me sobra muito pouco tempo para ler no momento. Então, a revista pra mim ficou aquela revista que eu leio em cabeleireiro, em consultório médico e em consultório dentário. Então, é aquilo que eu encontro pela frente. Também leio Manchete, Realidade e Visão, mas se está se es está num desses lugares. Mas, de uma forma geral, não não leio revistas. Consegui mu, batalhei muito pra forem entregar na minha casa, porque eles disseram que não faziam entrega no Morumbi. Eu fiquei telefonando todos os dias. Acho que durante um mês e meio, mas consegui que eles possam entregar em casa. E às vezes há algumas edições durante o dia, várias Eu eu só adquiro a folha da tarde na segunda-feira, porque na segunda-feira não há entrega. Então, durante o dia eu não adquiro nenhuma outra ediç Nem outro jornal que saia semanalmente. Eu não conheço um jornal que sa Mas eu não conheço (risos). Uma temporada que eu conheci o Pasquim (risos). Mas eu não sei mais nem se o Pasquim existe, porque eu achei que o Pasquim passou a ser uma repetição. Uma repetição de assim de de forma de transmissão irônica, satírica. Mas a sátira, a ironia, depois de um certo tempo ela começa a se repetir. Eu acho que não tem muitas possibilidades de renovação da sátira. E mesmo semanalmente ela acaba se repetindo. ### ### ### ### E sobre os ãh os jornais () que mantêm elementos

SPEAKER 1: : () exterior ()

SPEAKER 0: : () pessoal () Você já leu assim algum artigo que chamou atenção, fei Eu evidentemente devo ter lido, mas não há nada que tenha gravado que tenha se gravado em mim a tal a ponto de agora fazer qualquer menção especial. Se nós estivéssemos vivendo numa época de guerra, aí a minha resposta seria outra, mas no momento nós estamos vivendo uma época sem guerra, só que com guerrilhas pelo mundo inteiro. Então a gente está sabendo mesmo que na Itália está uma confusão, que na França está outra confusão, na Inglaterra maior ainda. então já estou sabendo disto mesmo. E, na realidade, elas são repetições e um país repete a coisa de outro país, é toda uma uma estrutura econômica, no momento, se desmoronando. Então, no fundo no fundo, tudo aquilo, tanto faz que o correspondente vá para a Inglaterra, como que vá para a França, e tudo aquilo que ele vai escrever é consequência da da estrutura econômica da alta do petróleo. Então, o fundo dele é a mesma coisa. Eu acho que ele não merece a minha atenção especial. Não, eu não eu acho isso porque eu não tenho televisão colorida e não tenho vontade de ter. A página de turismo, por exemplo, da Folha, eu não leio a a despeito de apresentar umas belas imagens. Quer dizer, o colorido não me chama atenção especial, embora no cinema Eu não admito a ir e assistir um filme em branco e preto, mas no jornal ou em revista ou em televisão, eu acho a cor desnecessária. Não simboliza nada, também não representa nada e. () falou que essa parte turística não, você não lê muito porquê, não te atrai?

SPEAKER 1: : A forma como ela é exposta ou

SPEAKER 0: : Talvez seja porque eu tenho a minha vida já esquematizada, então eu tenho intenções de, quando as crianças crescerem, cada ano ir para um país diferente para fazer as crianças fazerem um curso de línguas nesses países. Então eu não leio reportagens sobre a Holanda, por exemplo, porque a Holanda é o que se, parece que é símbolo do que há de mais lindo, por causa das flores em todas as casas, com vasos pendurados. É uma imagem toda colorida a Holanda. né, Mas eu acho que como eu vou conhecer pessoalmente, então eu não preciso ler. Teve uma época, mais ou menos antes de a gente estar assim estabelecido defini ãh definidamente em matéria econômica, então eu precisava ler para estar mais à par de hotéis, e hotéis e preços de diárias e coisas desse tipo. Mas agora eu já vivo dentro do meio e conversando com as pessoas eu já posso ficar sabendo. Então eu acho muito mais interessante conversar com uma pessoa que for fazer turismo em um determinado lugar e está me trazendo uma experiência própria do que aquilo que está escrito no jornal que eu não sei se foi matéria paga. Pode não ser expressão da realidade pagaram pra escrever que o Hotel xis é maravilhoso. e, Ah, e também adquirir a experiência de ir para essas cidades de de campo, que eu achei que elas são extremamente monótonas. então a despeito delas terem lugares maravilhosos e passeios lindos, elas também são uma repetição. Todo lugar tem a cascata a cascata e tem o véu da noiva e, embora mude os nomes, a figura geográfica é a mesma. Então, talvez também por causa desse meu desencanto, eu parei de ler descrição, porque tudo aquilo é a mesma coisa. Vamos falar sobre um pouco sobre o telefone.

SPEAKER 1: : Qual é o papel do telefone aqui na na cidade de

SPEAKER 0: : Você quer na Cidade de São Paulo ou com relacionamento? Eu detesto o telefone, mas eu tenho pavor, porque eu sou tão ocupada, mas tão ocupada, que quando o telefone toca, eu fico horrorizada de pensar que alguém quer falar comigo e eu não vou ter tempo pra atender. Quer dizer, depois das cinco e meia, aí podem ligar à vontade. Às vezes eu passo a mão no telefone pra falar, porque aquele horário eu estou disponível. Mas durante o dia, se o telefone toca, eu fico desesperada porque eu não tenho tempo de falar ao telefone e a gente não tem essa liberdade de falar, agora não é possível. Eu sei que no exterior mandam avisar. Uma fulana ãh está ocupada no momento, não pode atender e daí não existe nenhuma ofensa. Mas aqui no Brasil não se pode fazer dessa forma. E também o que me deixa extremamente nervosa é a incumbência de ter que dar um telefonema durante o dia e pegar o telefone e ficar cerca de 20 minutos para conseguir linha, depois discar e aquilo dá ocupado. Então, se coloca o telefone novamente no lugar, pega novamente, demora mais 20 minutos para o telefone dar linha. Então, durante o dia eu não vejo possibilidade de ligar para lugar algum. Um dia eu telefonei para a Telefônica, a sessão de consertos, e avisei que talvez houvesse algum problema com o meu telefone, que não conseguia a linha. Ela foi muito gentil, sabe? ela Ela não não fez ironia, realmente, sabe? Quando ela era gentil, eu ia até () E eu vou transferir a sua reclamação para a sess para a sessão de engenharia Vou dar um conselho para a senhora. Se a senhora quer conseguir linha, a senhora se mude para uma cidade do interior bem calma, que aí a senhora tem linha na mesma hora. Aí eu A história do telefone é conhecidíssima. Outro dia já houve um artigo a o... O aparelho negro, surdo e mudo. Quer dizer, o que se faz de brincadeiras e de gozações a respeito do telefone está aí, por todos os lados. E o telefone é isso mesmo. Quando eu dou o telefone, eu ponho o o meu telefone atrás dos meus cheques, eu já aviso. Bom, o meu telefone funciona quando Deus quer, porque realmente é essa expressão, porque hora ele tá funcionando, hora ele para de funcionar, depois ele volta a funcionar sozinha, sem ter havido nenhuma reclamação, ou senão Então, a gente reclama e dizem que é um defeito assim na linha que puxaram dois mil quilômetros pra minha casa porque não tinha cabo, coisas assim. Eu acho que o telefone na a, pelo menos na minha casa, é um aparelho pra ser usado quando Deus quer. Eu quero ter em casa por Eu fico dando meu telefone para várias pessoas que precisam se comunicar comigo, às vezes eu fico esperando, aguardando aquele telefone, mas ao mesmo tempo é uma luta que s Se eu pudesse me libertar, não ter telefone, eu não teria, porque aquilo é um instrumento assim de Tântalo para mim. Eu sei que vão me chamar, eu não tenho tempo para atender, ou senão eu preciso dar um telefonema com urgência, então é sentar, pegar o telefone, começar a rezar. Se a gente tem um telefo um... um telefonema para dar com urgência, então começar a rezar, mas rezar mesmo com fé no Deus, fazer com que esse telefone dê linha, ou senão que do outro lado atenda. () Então, é um aparelho. () A gente não pode passar assim, da mesma forma que o empregado. Mas se fosse possível ele não existir, eu preferiria que não existisse. Então eu preferiria morar numa fazenda, que não necessitasse ou se não viver numa outra era em que não houvesse necessidade de desse meio de comunicação que é dos piores possíveis aqui em São Paulo. É uma a... é um meio de comunicação, mas para ser para se comunicar, se houver uma possibilidade. Não é um meio de comunicação que a gente usa quando quer. A gente usa se houver essa possibilidade. Essa possibilidade é é assim, sem dado nenhum. É um x Só pra chamadas locais quando se consegue ou também para (risos)... Não, eu uso porque eu tenho essa irmã em Brasília e teve uma temporada que eu ligava muito pra lá, mas até pra ligar pra Brasília é um desespero. A gente começa a usar o prefixo, na metade do prefixo do dê dê dê já começa a dar dar sinal de ocupado. É aquilo, bom, eu parei de ligar pra Brasília desde que a minha primeira conta veio de 800 cruzeiros né. Fica mais barato eu tomar um avião e ir até lá, do que ficar ligando com tanta constância. Mas também, mesmo pra ligar o sistema dê dê dê também, é de uma dificuldade tremenda. E eu já enfrentei um problema de pedir auxílio de telefonista e elas me passavam de uma telefonista pra outra e pra cada uma eu expunha meu caso, que eu tinha urgência de falar, até chegar a telefonista chefe e aí ela me mandou de volta pra várias outras, em vários setores. No fim, eu peguei e e fiz clique no telefone. Então, a minha a minha experiência também de ligações fora de São Paulo também é profundamente negativa. É mais fácil tomar um avião e ir até o lugar. Porque o tempo que se perde, é verdade, já se perdeu quatro, cinco horas na minha casa pra se ligar pra Brasília. Assim, de tentativas consecutivas. Olha, o telefone é é... como meio de comunicação é... É uma necessidade, mas que faz a gente sofrer, viu? () Fazer o quê? Vai sofrer no sentido de toda a tensão, toda a tensão que ele obriga. Se a gente sabe a tensão de esperar a linha, a tensão de ver discar o começo do prefixo e o prefixo já começar a dar ocupado, a tensão de a gente saber que está precisando está precisando falar e não consegue, será que vai conseguir? É uma carga emocional muito grande, expendida à toa, completamente e gratuitamente. tem uma carga emocional por um... um outro fato, vamos dizer, emotivo mesmo, ainda a gente ainda pensa, bom, isso ainda é mais fácil de suportar. Agora, suportar uma descarga emocional por causa de um aparelho... E quanto ao rádio? rádio o quê você acha Quando eu me casei, eu parei de trabalhar no começo, e... ficava sozinha dentro de um apartamento. Eu tinha vivido a minha vida inteirinha, quando eu me casei com 24 anos. vinte e quatro anos só estudando ou ou, depois estudando e trabalhando. Então, só no meio de gente. E sempre sendo... Eu não sou extrovertida, mas pelo menos sou muito falante. Então, sempre conversando. Então, em vez de jogar eu digo um apartamento ali, naquele silêncio absoluto. Então, eu ligava na rádio Bandeirantes, porque a rádio Bandeirantes ela faz assim uma série de comentários. Enfim, os... os radialistas falam muito. Como eu queria ouvir gente falando, então eu ficava o dia inteiro naquela rádio Bandeirantes só para eu ouvir gente falando. Agora, depois de um certo tempo, eu passei a não suportar mais gente falando. Então, eu procurei outra rádio que só tocasse música e música suave. Eu descobri a Marconi. Então minha a... o meu rádio não saía mais da Marconi, mas o rádio me acompanhava para todos os cantos da casa. Eu não deixava nunca de ouvir música. Isso é dentro de casa. Mas depois caçaram. caçaram a Marconi, agora eu (risos) eu não consigo encontrar outra rádio que substitua. Que tem a excélsior, mas a excélsior também tem uma parte muito grande de música erudita. E eu tenho um assim um bloqueio para a música erudita. Em decorrência de... da formação intelectual, tentaram me impor dentro de casa, com relação a música erudita, tentaram me impor. Eu era adolescente, queria ouvir música popular, e o meu pai dizia, não, em casa só se ouve música erudita. Aí eu falei, então eu não ouço música alguma. E com isso eu passei a... a não poder suportar música erudita. A não ser, às vezes, eu começo a ouvir aquilo Me soa extremamente agradável, mas depois eu acho que eu entro em mim, assim. Me lembro de todas a aquela minha parte minha parte assim subjetiva que dizia, você não pode gostar de música erudita, aí eu desligo. Então atualmente eu não... não consigo mais, não consegui mais encontrar uma rádio que me satisfizesse como me satisfazia a Marconi, que só tocava música. Música o dia todo e música sua E até eles tinham um slogan, agora eu não me lembro bem do slogan, mas era qualquer coisa como... A vida é difícil, mas a Marconi torna a sua vida mais fácil porque ela descansa, descansa você. O slogan não diz nada disso que eu estou falando, sabe? Mas a imagem era essa mesmo. Então, eu ouvindo a Marconi, Eu me sentia mais cansada e um cunhado meu ele comentou que ele se cansava demais do (), até que ele descobriu que era porque ele não a... não deixava o rádio desligado nunca. Depois que ele passou a ouvir o Marconi, quer dizer, só tem música, não tem gente falando, aí ele não se sentiu mais cansado. E o correio? Você se utiliza dele? () muito Me utilizo muito pouco do correio, bem pouco mesmo, é... O correio também é mais ou menos na base do a carta, chega se Deus quer. Porque coisas que me afirmam com toda certeza que mandaram, não chega. Agora, contas chegam. e a ordem dos advogados, qualquer comunicação que quer mandar pra minha casa, ela vem. Então, às vezes eu penso até se a, o correio não tem algo qualquer em sentido de prioridade pra certo tipo de cartas, porque ãh... cartas normais, esses cartões postais, alguns chegam, outros não chegam. Então, é como o telefone, O correio funciona... funciona... ãh, como é que eu posso dizer? Eu já disse esse como se Deus quer, também já está muito batido. Eu preciso dar uma outra imagem. Ele funciona por acaso. Se o acaso permite, sim. Se o acaso não permite, não.

SPEAKER 1: : E telegramas? ()

SPEAKER 0: : Também não faço os de telegramas, mas eu acho que eles fun funcionam bem. porque a minha irmã se casou, morando na minha casa, e todas as pessoas que disseram, que mandaram telegrama, eles chegaram em casa. Então, eu acredito que ele deva funcionar bem. Eu não mando cartas porque eu não não tenho pra quem escrever. E depois, quando eu começo a escrever, eu não tenho, eu não consigo terminar. Mas é uma... Meio obsessivo, eu começo a escrever, e aquilo eu encho folhas. que se eu vou mandar uma carta, precisa ir num envelope ofício e a carta é pesada, porque é de um peso enorme, porque aquilo eu começo a escrever, as coisas vêm vindo, vêm vindo, vêm vindo, eu não consigo mais terminar, então a carta demora muito tempo pra escrever. escrever, e com a escassez do meu tempo, então eu não tenho tempo ### teve uma vez () Não, i... isso eu nunca fiz, mas eu sei de uma empregada que mensalmente mandava dinheiro pros pais dela numa cidade qualquer de Minas e o pai recebia direitinho. Até mesmo correio, então é Então, só partindo da experiência dela, que eu vi dela, eu acho que então ele funciona bem, porque parece que ela tinha um papelzinho, escrito qualquer coisa sobre um valor, o valor expedido, então eu acho Eu acho que nessa parte que o Correio deve funcionar direitinho. Agora, eu sei do Correio dos Estados Unidos. O Correio dos Estados Unidos () horrores sobre ele, né? Inclusive, eu já sei que se a gente quiser viajar e trazer coisas pra cá, éh, por intermédio de outros meios de transporte, o melhor é mandar tudo pelo Correio porque chega absolutamente intacto. Você pode mandar pacotes enormes de compras que a gente fez, manda pelo correio ele chega intacto. E não são pelos outros meios de comunicação que eles continuam assim tão intactos. Nos Estados Unidos, a gente sabe, e pessoas conhecidas contam, que mandam frutas e a as frutas chegam no mesmo dia para uma outra cidade, do outro lado. Então, quanto ao correio dos Estados Unidos, já se sabe, que é a coisa mais perfeita que existe lá dentro. Agora, o correio do Brasil, mas está melhorando muito. Está no ritmo da da Revolução. Então, você acha que a gente chega lá ()? Chega. Eu acho que chega, sim. Eu acho que o Brasil está se encaminhando. Desde a Revolução, o Brasil está indo para frente. Você diz isso com meio... Que que outros serviços? É, só pra citar. Aham. Bom, de encome de entrega de encomendas, mas veja só, ah, de uma forma geral, ainda nós não estamos acostumados a aceitar ah o serviço perfeito do Correio, tanto que uma procuração que eu recebi do de uma outra cidade veio num pacote com vários jornais. E aqueles jornais eram só para fazer volume, como se aquilo representasse uma encomenda. Porque, no ãhn, porque parece que as pessoas, de um modo geral, sabem que encomenda chega, agora a carta pode não chegar. Então, existe por aí um conceito geral de que encomenda chega. Eu não sei, porque eu nunca mandei nada para lugar algum. ### ### Acho que já tem um material muito bom pro projeto. Muito obrigada.