Inquérito SP_DID_303

SPEAKER 0: : debatidos e conversados e falados por aí. Evidentemente é uma cidade com, que oferece grandes oportunidades, oportunidade de trabalho, oportunidade de estudo, mas me parece que seja uma cidade adequada para uma faixa mais jovem. Não para uma faixa como a minha, já acima de cinquenta anos, porque eu acho que para nós a cidade já não oferece condições boas de vida. E realmente chega num ponto, depois de uma vida toda de trabalho, a gente sempre pensa em viver mais tranquilamente. E é uma coisa interessante, que apesar de toda a técnica, de todo o progresso, a vida no mundo, quando se chega a uma faixa como a que eu estou, a tendência das pessoas e de amigos meus é muito mais uma vida mais voltada a coisas simples da vida. Mais natureza e a gente chega à conclusão de que tudo aquilo que a cidade grande oferece para gente, me parece que ela oferece muito mais para o interesse do jovem do que da pessoa mais velha. Então, vocês não vão encontrar em mim nenhum admirador de São Paulo, apesar de ter sido daqui, ter sido, ter morado sempre aqui. Outro tema que vocês me falam é sobre o comércio. Claro, o comércio em São Paulo é bem desenvolvido. Normalmente se encontra tudo o que se quer. O que eu tenho tido oportunidade de ver com algumas viagens pelo estrangeiro, não muitas, mas algumas delas, é que na realidade o brasileiro não tem uma necessidade de fazer compras fora. fora do Brasil e principalmente fora de São Paulo. Quase tudo que se encontra no estrangeiro nós podemos encontrar aqui. A exceção de algumas, vamos dizer assim, toda a linha eletrônica. Por exemplo, o Japão está muito mais desenvolvido que o Brasil. Mas falando como mulher, sob o ponto de vista do que mulher compra e o que mulher compra no estrangeiro, não me parece que seja vantagem estar se comprando coisas no estrangeiro. Normalmente a gente traz mais um casaco vermelho, mais um casaco verde e nós podemos ter que ter comprado o casaco verde ou casaco vermelho aqui mesmo. Principalmente se a gente levar em conta que esse casaco vermelho ou verde lá no estrangeiro está nos custando dólar. Então, consequentemente, nós poderíamos comprar um casaco aqui mais caro, aqueles que a gente não vai comprar aqui porque são muito caros, mas a gente acaba comprando no estrangeiro, o mesmo casal. Então, eu também não sou grandemente favorável à compra no Dentro de comércio em São Paulo, evidentemente, melhorou muito a vida para o populistano, o fato da descentralização do comércio. Vocês também citaram o ponto de que eu poderia falar sobre um comércio de vinte anos atrás, E esse comércio, vinte anos atrás, era um comércio que estava mais ou menos localizado numa zona central de São Paulo, ou seja, da, na Rua Direita, Rua de São Bento, viria para Barão de Abitininga e começava a se estender pela Rua do Aroche. Então, havia necessidade de que todo habitante de São Paulo se locomovesse da sua residência até a parte central da cidade para fazer qualquer compra, muitas vezes, Uma compra bem pequena, sem nenhuma complicação, nenhuma importância. E eu não agora não posso saber há quantos anos já se começou a descentralizar o comércio. Talvez mais de quinze anos, quinze, vinte, talvez E atualmente já existe uma facilidade bastante grande para o paulistano, porque normalmente em todos os bairros existe uma zona comercial bastante grande, bem desenvolvida. E acredito que o que deu esse desenvolvimento realmente à descentralização do comércio foi a, o estabelecimento da Rua Augusta, com todo o comércio, e que se caracteriza pelo comércio jovem. A Rua Augusta é uma rua de comércio jovem, pelo ponto de vista de vestimento. Roupas, calçados, bolsas. É um comércio só usado por jovens. Isso eu falo porque muitas vezes eu saio para tentar fazer compras na Rua Augusta e nunca consigo nem o meu número, nem o meu gênero, nem nada. A roupa é do jovem. Seria um comércio que, considerado em São Paulo, um comércio mais fino, vamos dizer assim, um comércio de elite, mais avançado no seu estilo, na sua moda, como lançador de moda. Já nós temos uma zona comercial bastante desenvolvida para o lado de Pinheiros também. Uma zona mais nova que a de Pinheiros é a zona ali da João Cachoeira, João Florencio. Bastante desenvolvida também, mais em comércio de roupas, não? E uma zona bastante procurada, bastante procurada por, por revendedores, mas que eu gosto muito de passear por lá, que é a zona da José Pauli Eu não sei se vocês já chegaram até lá, mas é uma zona interessante porque é uma zona de fabricantes. São os fabricantes que mantém lojas lá e a gente pode constatar lá que o artigo vendido lá é um artigo que é encontrado inclusive na rua Augusta. E lá ele pode ser comprado por um preço mais baixo e é um comércio onde se encontra desde o artigo mais barato, inferior, horrível, até o artigo bastante caro. Existe também uma outra zona, o Oriente, a Lapa tem um comércio bastante desenvolvido também, a Vila Mariana, até onde eu conheço, e eu tenho a impressão de que outros bairros também já devam estar com suas zonas comerciais bem desenvolvidas, onde isto vem facilitar realmente a vida das pessoas. Por exemplo, em matéria de, de facilitar a vida, vamos dizer assim, em época de Natal, que é aquela época que a gente anda muito para comprar presente, eu já cheguei à conclusão de que, eu, a melhor coisa é eu tentar fazer minhas compras o mais próximo possível da minha casa. Porque se eu me locomovo para zonas onde eu esteja dependendo de condução, já a coisa se complica demais e, e não vai resolver o meu problema. porque eu vou andar, eu vou tentar comprar presente para a, para bê, para cê, e não consigo, ando, me canso, tenho muita dificuldade para voltar para casa. Então, já estabeleci que na, na época de Natal, por exemplo, eu faço minhas compras, eu que moro aqui na Major Sertório, eu faço minhas compras até a Barão de Itapetininga. Isso aqui já é mais ou menos uma violência. Em época de Natal, chegar até as imediações do mar. Mas, em todo caso, eu tenho conseguido as minhas compras por aqui. É uma loja menor, uma boutique. Se é a parte de, de moda, se é uma parte de objetos de casa, nós também contamos com casas comerciais onde se pode fazer compras realmente. Agora, eu estou me lembrando de uma coisa que talvez a instalação da Sears em São Paulo tenha trazido o início da descentralização do comércio. Porque a Cias, quando veio para cá, a primeira loja da Cias foi instalada foi a do Paraíso. E eu me lembro perfeitamente que o paulistano não compreendia como é que uma firma tão grande como a Cias fosse escolher uma, um lado da cidade onde ninguém pensava em fazer compras. Então a Cias, quando foi instalada, ela era assim quase que uma atração turística na cidade. () todo dia passear nas cias para fazer compra. Diga-se de passagem, nunca consegui fazer compra nas cias. E talvez daí tenha vindo realmente a, o despertar do paulistano da necessidade da descentralização do comércio. Sobre o ponto de vista de artigos, vamos dizer assim, sobre o ponto de vista da situação do paulistano ao fazer suas Há uma coisa que eu sempre achei muito ruim. Não só em São Paulo, acredito que no Brasil todo. É É realmente um assunto que vem sendo agora objeto de, de preocupações, inclusive preocupação do próprio governo. Ou seja, uma determinada proteção ao consumidor. Realmente o consumidor não tem nenhuma proteção. Acho que com raríssimas exceções, se compra uma, um objeto qualquer, que seja ele, com um defeito, se consiga uma devolução do objeto comprado. E Isto é uma coisa terrível, porque eu acho que a sensação da gente, sensação do comprador, é uma sensação de uma completa impotência. Você não tem a quem recorrer, você não pode devolver esta coisa. Não tem. Eu me lembro que uma das das últimas coisas que eu comprei e que me deixou mais ou menos doida, foi esta televisão a cores que está aqui do lado. Ela foi comprada, ela chegou em casa, eu chamei um técnico para ligá-la, o técnico veio, ligou e ela estourou, né? Estourou e foi para o laboratório. E eu então fui ao laboratório e não me conformei com a história. E disse, eu não quero essa televisão. Porque para mim esse televisor já é um televisor consertado. E o, naturalmente, o fabricante dá todas as razões que ele tem para dar. Que absolutamente, que não é, que é assim mesmo, e não era um conserto, e isto e aquilo. Bom, pra vocês terem mais ou menos uma ideia, eu tive que ficar com ele, não consegui devolvê-lo, ele ficou. E ele me leva a um conserto rotineiro de três a quatro visitas de técnicos por ano para consertá-lo. A mim me parece que se eu tivesse conseguido devolver este, este televisor e ter um televisor que não viesse para minha casa já passando por laboratório, à vista de um curto, ele deveria economizar estas três ou quatro visitas anuais, pelo menos durante o primeiro ano. Mas já, já no segundo ano, eu já tenho todo, todo o histórico, toda a anamnese dele, qualquer técnico pode chegar aqui, e que eu dou integralmente. A A última deu um outro curto dentro dele, tiraram meio metro de fio de alta tensão dentro dele, que é uma coisa horrível. Para mim, televisão em São Paulo é, é uma necessidade. Hoje em dia ela é uma necessidade, Mas é uma das coisas altamente trabalhosas. Talvez ela seja tão trabalhosa quanto o automóvel. Do automóvel não posso falar para vocês porque eu tive automóvel durante algum tempo, anos atrás e na realidade não consegui deslanchar as minhas atividades de motorista e resolvi vender o automóvel e não tenho mais. Mas o televisor é assim. É o televisor e o técnico de televisão dentro da casa da gente. E quando é o televisor a cores, você tem o televisor e tem a antena, o que é muito pior ainda, não é? Porque, dependendo do lugar onde você mora, você consegue uma imagem. Dependendo do outro lugar, você não consegue. O meu caso, evidentemente, é o segundo. Eu aqui não consigo, então eu tenho o técnico do televisor, o técnico da antena e, e não tem para quem reclamar. Então, uh, esta conversa sobre o televisor está surgindo exatamente por isso. Porque eu tenho um televisor que, que apresentou um defeito e eu não pude devolvê-lo. Fiquei com ele. Tem uma antena aí em cima, que é uma antena coletiva, que se chama uma, uma firma, a firma instala. Você não tem certeza se a firma colocou lá em cima do telhado todo o material que foi estabelecido, foi previsto no, no orçamento. E, simplesmente, ela é colocada, acabou, não tem, você não reclama. Se você reclama, a pessoa chega e diz que é assim mesmo. E, normalmente, em São Paulo, a gente encontra muito esse tipo de frase. Isto é assim mesmo. Isto é assim mesmo, não se pode fazer melhor. Então, talvez, este é assim mesmo, seja também um sinal dos, dos tempos, um sinal da, da indústria que está mais interessada numa quantidade do que numa qualidade. E também a gente pensa que se a indústria for fabricar coisas assim, essencialmente boas, ela venderá menos do que se ela fabricar coisas não muito boas e que as pessoas terão que sempre, uh, voltar a comprar o mesmo objeto. Então, este é um ponto, para mim, é um ponto da, da atual técnica, vamos dizer assim, num certo prejuízo a própria população. Mas acho que quanto a isso a gente num, não vai ter muito conserto porque me parece que é o problema no, não é o problema brasileiro, é o problema mundial. Agora o que me parece é que em outros países as pessoas podem contar ainda com alguma garantia, algum recurso que o consumidor tenha para conseguir trocar coisas que não, não são boas, uma devolução, E aqui em São Paulo a gente não tem, realmente não tem. E eu ouço aí tendências do governo em criar um órgão de defesa ao consumidor. Talvez ele venha a existir. Aí talvez a gente possa viver um pouco melhor. Vocês veem que eu não sou muito favorável à cidade grande. Não, me parece que estou martelando um pouco demais, né? Isso talvez seja por um (risos), pelo fato de eu querer sair daqui. Ah, das, das vendas especiais, das liquidações, sim. Eu acho que é uma das características femininas. Eu acho que toda mulher gosta muito de liquidações. Eu tenho a impressão. E E embora a gente esteja raciocinando em torno disso e saiba que não convém comprar, normalmente se compra coisa de qualidade inferior, mas eu não sei, é um certo prazer que a mulher tem em tentar fazer uma compra mais barata. É gostoso. Eu mesmo gosto. Gosto realmente de, de, de uma liquidação, de um, um bairro onde se oferece um, um preço mais baixo. E já tenho me convencido, mas inúmeras vezes, de que absolutamente isso não é vantagem. É mais vantagem se comprar o artigo melhor, um pouco mais caro. Agora, aqui também surge um outro problema. É É que há vinte anos atrás, por exemplo, Se podia comprar um sapato de excelente qualidade. Um sapato de couro, feito à mão, com a bolsa. Uh, e ia se usar este sapato e esta bolsa durante quan Cinco anos? Sete anos? Oito anos? Mas, no momento, não há possibilidade de se fazer isso, porque a mudança da moda é tão grande e tão frequente que a compra de um sapato ou de uma roupa de muito boa qualidade e que realmente pode durar cinco anos, não vai trazer nenhum interesse para gente. Porque no ano seguinte aquele sapato está completamente desatualizado, aquela bolsa ou aquela roupa. Então a gente vai ter que chegar ao ponto de que é melhor comprar o artigo menos bom, o artigo inferior, mais barato, sem estar ligando para que ele dure. Porque se ele durar muito ele vai ficar no guarda-roupa, e ele fica no guarda-roupa até o ponto em que a gente vai dar para alguém. Isto não acontecia há tempos atrás, onde realmente o artigo era de excelente qualidade. Então, não dá mais para se fazer. Então, talvez isto seja uma das coisas que leva a gente à liquidação, à oferta, enfim, se encontra coisas boas. Realmente temos boas liquidações e bons bairros onde se compra objetos mais baratos e preço melhor. Esse objeto é o mesmo e com preço melhor. Normalmente a minha forma de pagamento é sempre à vista. Eu não gosto do pagamento a prazo. Eu não gosto e eu acredito que seja pelo fato de que eu detesto papéis. Eu não gosto de papéis, não gosto de tomar conta do papel. E toda a conta que eu tenho para pagar, normalmente ela é deixada muito à minha vista. Mesmo deixada muito à minha vista, é muito frequente eu esquecer a data de vendida. E acabar pagando o conto () Então eu evito toda a compra a, a prazo, porque certamente eu vou cair ni () eu prefiro pagar à vista, porque pelo menos eu posso comprar, eu compro, pago. E não, não me preocupo mais com, com o problema. Eu deixei de pagar. Se vocês perguntarem por que, eu não sei. Deixei de pagar o condomínio de um apartamento que eu tenho. Aí ficou uma multa de cento e poucos cruzeiros. Eu esqueci de pagá-la. juro, é terrível. (risos) Mas é, é uma das das características minhas, não gosto Agora é difícil, porque quem toma conta da casa, sob o ponto de vista de manutenção da casa, não sou eu, é minha mãe. De modo que eu poderia responder a vocês o que eu sei do caso, não diretamente. Mas normalmente as compras para a manutenção da casa são feitas em supermercado. Eu acho que pela facilidade, proximidade da, da casa e pela facilidade de se conseguir quase tudo que se precisa numa casa dentro de um supermercado. Quase tudo que se precisa e também aquilo que não se precisa, que é muito comum no supermercado, que está ali na prateleira à vista da gente, a gente pega um, dois, três e traz para casa. Mas normalmente é em supermercado. Com exceção de carne, que é comprada diretamente em açougue, não Verduras, é, vocês lembraram bem. Verduras também nós temos aqui, porque nós temos aqui uma boa quitanda, uma chamada quitanda, que tem verduras frescas que vêm diariamente do, do SEASA. Mas eu acredito que se não existisse esta casa de verduras, elas acabariam sendo compradas no supermercado, que seria uma coisa horrível de supermercado. É sempre uma verdura já de, de geladeira, de frigorífico, não é boa. não usamos aqui o sistema de compras em, em feiras livres. Eu acho muito trabalhosa e não vejo assim grande vantagem em si. Há vantagens, dizem, pessoas, minhas amigas, dizem, a vantagem de preço na feira, mas pelo fato de nós termos aqui, muito próximo de casa, a possibilidade de aquisição de, de verduras, então nós não usamos o, as feiras livres. Pão e leite é comprado também diariamente. Nós não temos nenhum tipo de... Aliás, em São Paulo não existe, acho que não existe mais a entrega de leite nem de pão. Vocês duas, naturalmente, não conheceram o tempo que o padeiro batia na casa da gente, trazia uma lindíssima cesta cheia de pão, mas uns pães lindos e que a gente corria, que queria esse, queria aquele, queria o pão doce. Isso não existe mais, é uma pena. É, a gente podia escolher. Pão e leite é comprado também em, em confetaria muito próxima daqui. Nós aqui temos toda a facilidade de, de aquisição, toda a facilidade de, de vida aqui é, é bom. O bairro é bom nesse sentido. Próximo à cidade, um bairro meio, meio falado, meio amedrontador para muita gente. Mas ele não chega a ser assim. Eu acho que ele não difere de qualquer outro bairro de São Paulo. Nós estamos aqui numa... Bom, vocês veem a minha casa e eu tenho uma localização que eu acho mais ou menos invejável no centro da cidade. Da minha sala eu enxergo aquela belíssima árvore que vocês duas estão vendo agora e que só isso já alegra um pouco a gente. Aliás, quando eu vim aqui para o centro da cidade não faz muito tempo não. Já fazem uns quatro anos. que eu estou aqui, e eu dizia a amigas minhas que insistiam muito para que eu viesse morar perto delas, e eu dizia que só viria para a cidade se fosse nesta praça. Por causa da praça, por causa das árvores. A A minha tendência de verde é tão grande que vocês encontram bastante verde aí na minha sala. É só para eu ter assim uma ilusão de que eu não estou tão dentro de São Paulo, tão dentro de de concreto, de asfalto. Eu não gosto muito disso, não. Tanto não gosto que eu vou dizer para vocês, eu quando estive em New York, eu tive uma das impressões tremendamente desagradáveis. Quando eu subi o terraço lá da Empire State, eu olhei de lá de cima e tive uma impressão horrível, uma impressão de que eu estava num lugar onde realmente não havia lugar para mim. E para mim, São Paulo está ficando mais ou menos assim, sabe? Ele está dando a impressão de que num, não existe lugar para gente. É por isso que eu tenho vontade de sair daqui. () ele tem outras, outro tipo de atração, que muita gente encontra atração em São Paulo e deve existir, realmente. uma coisa particular minha de não, não gostar da cidade, é só isso. locais públicos que a cidade oferece. São Paulo me parece que oferece muito poucos locais públicos. Se eu voltar a, a minha ideia de, de vida, que é uma vida mais de ar, de verde e de beleza natural, São Paulo oferece muito pouco. São Paulo oferece como área verde central, Nós temos a Praça da República, () não agradável de se ir, pela, pela sua frequência, pelo seu movimento, pelo barulho. A A Praça Buenos Aires, um pouco mais afastada, ali no Higienópolis. E

Inf :elizmente, a gente se esquece dela. Quando pensa em área verde em São Paulo, é muito comum a gente esquecer esta praça. Uma bela praça. O Jardim da Luz, bonito. Prefeitura tentou recuperá-lo. mas não vai conseguir recuperar nunca pela localização do Jardim da Luz. Localização próximo a estações de estrada de ferro e estação rodoviária, consequentemente a frequência não é uma frequência que leve o paulistano médio e de elite a ir até o Jardim da Luz. É uma pena, é um belo jardim. E uma ou outra vez, a gente se lembra de ir ao Ibirapuera, mas ele não oferece grandes atrativos. Eu acho que o povo realmente precisa de, de tipo de parques, tipo de jardins que, que lhe possam se utilizar. Embora Ibirapuera seja muito utilizado pelos moradores, é engraçado, muito utilizado pelos moradores dos bairros lá do, dos chamados jardins, E que domingo saem os seus automóveis, aí que aí é que está a dificuldade de São Paulo, né? pessoa tem sua condução própria, ela tem maiores possibilidades de ir a locais longe. E E o povo, em geral, que tem que usar o seu ônibus, dificilmente vai de ônibus até o Ibirapuera. E existe aqui em São Paulo um lugarzinho bem agradável para o domingo de manhã. E ali é aquele parque do Murumbi, não sei se vocês conhecem, onde a prefeitura, uh, consegue levar para lá um conjunto musical, às vezes elementos de orquestra sinfônica, coral, e é muito agradável. Também frequentado o pessoal da classe pédia para cima, porque há necessidade de automóvel para se chegar até lá e para se sair de lá. É uma pena, um belo lugar. Bom, evidentemente temos o quê? Temos o Orquidário do Estado, bonito, fechado aos domingos, por incrível que pareça. O zoológico, agradável de se ir também. O Simba Safari, pela sua originalidade daqueles leões, todo mundo tem medo deles, eles não têm medo de ninguém, eles estão lá, tranquilos, atrás da carninha que eles recebem. Mas é um lugar agradável de Parque da Cantareira. Orquidário do estado. Orquidário? Não, orquidário eu já falei. Não, orquidário é o horto florestal. O O horto é muito bonito. Mas são jardins já mais longe da cidade e que normalmente requerem um automóvel para que a pessoa chegue lá. É Essa é uma das características desagradáveis da cidade grande. A pessoa poderia fazer muito mais coisas Se ela tivesse automóvel. Sem automóvel, a vida dela é mais dificultada. E se põe mais automóvel, a gente pode andar menos na rua, o trânsito é maior, então é uma bola de neve que a gente tem crescendo, crescendo, crescendo e transformando a cidade grande num, num lugar não muito agradável. Não acredito que o metrô venha a solucionar a dificuldade. O metrô virá a melhorar, isto eu acredito. E melhorar irá. Mas solucionar é muito difícil, porque quando nós conseguimos o, o metrô pronto, e note-se, apenas duas linhas, Norte, Sul, Leste e Oeste. Mas quando nós conseguimos a nova linha, Leste e Oeste, de que tamanho estará São Paulo? Quantos automóveis mais terão entrado nessa cidade? Então, na realidade, uma solução que São Paulo possa tentar, ela será sempre uma solução de ontem. Ela nunca conseguirá ser uma solução para amanhã, quanto mais uma solução para daqui a cinco anos. E E nisto me parece que as próprias autoridades não sejam tão responsáveis por isso, porque não há possibilidade de que São Paulo possa realmente vir dentro de um plano de governo ou de dois governos, se os governos se, se coordenassem muito bem, que chegassem a solucionar um problema. Porque num espaço de quatro anos ou de oito anos a () a, a cidade cresce assustadoramente. E E eu acho que fora de qualquer planejamento de um técnico, de um pesquisador, E ela cresce em todas as direções. Não há possibilidade de se fazer com que ela cresça mais ordenadamente. E o automóvel vem sendo cada vez mais necessário. E cada vez mais ele está enchendo as ruas. Quer dizer que dificilmente as pessoas de, deixarão seus carros em casa para ir de ônibus até um, uma das duas linhas do metrô para depois irem trabalhar. Mas que o metrô virá melhorar. Indiscutivelmente. Nosso metrô é bom, vocês conhecem? É bastante bom, agradável. Não é um metrô, assim, tão escuro. Os nossos túneis estão iluminados. De modo que a gente não tem aquela impressão, assim, de, de minhoca andando embaixo da terra, não é? Agora você me fala em instituições culturais e artísticas. Se nós falarmos sobre o ponto de vista... Eu num, não estou bem ao par, tá? vamos dizer assim, da vida das instituições culturais e artísticas. Se falar sobre teatro, por exemplo, eu diria que nós estamos com um desenvolvimento grande, um aparecimento grande de, de grupos teatrais, um interesse bem grande, principalmente do jovem, em fazer teatro, mas eu confesso que eu não gosto muito do atual teatro. Não por uma questão de, de, de preconceito, coisa () Eu gosto muito de coisas, de coisas novas. Mas o que eu gosto em teatro, eu gosto de ter um texto que me diga alguma coisa. E E eu gosto muito do Brasil. Eu sou muito brasileira. Eu gosto muito de, de assunto brasileiro, de texto brasileiro, de literatura brasileira. E atualmente nós temos muito pouca coisa em, em teatro dentro da... sociedade brasileira. Nós estamos nos utilizando muito de autores estrangeiros. Os nossos autores, infelizmente, estão sendo muito censurados. E Então, eu não gosto muito de, de teatro estrangeiro. Mas acho que há um desenvolvimento. Num movimento de literatura, também, dificilmente eu compro uma literatura estrangeira. Eu gosto mais da literatura brasileira. Os nossos escritores escrevem pouco. E temos poucos escritores realmente bons, ou pelo menos os que são bons e que ainda num, num, não apareceram, ainda estão desconhecidos por aí. Os bons escritores escrevem pouco e eu normalmente compro livros só de literatura brasileira. Cinema Cinema brasileiro, eu tô meio, meio afastada dele, viu? Meio afastada dele. durante um certo tempo eu assisti sistematicamente os filmes brasileiros. Ultimamente não. Não Não estou muito de acordo também com a linha usada pelo cinema, não só brasileiro como todo cinema que é uma linha erótica e de sexo e. Não acho que haja assim um interesse muito grande em ver. Outro tipo de... locais assim onde se podia falar sobre cultura, música. Nós temos aqui, nós temos uma parte musical () não, não muito desenvolvida, relativamente desenvolvida pela prefeitura através da orquestra sinfônica e os movimentos de, de municipal. Eu acho que realmente nós poderíamos ter mais música, mais balé, mais coral, Os componentes são todos considerados funcionários públicos, () da prefeitura. Se apresentam pouco. As razões, eu () não sei quais ser. Eles poderiam estar dando espetáculos, não só no teatro municipal, que sempre foi considerado um teatro elite, um teatro caro, um teatro que o povo tem pouca oportunidade de ir, a não ser nos concertos mar mas poderia haver apresentação mais descentralizada no bairro () outro movimento Seria um movimento, talvez, de, de conferências. No momento, não estou à parte, não sei o que está se passando aí neste, no sentido de conferencistas tenham vindo falar alguma coisa. Outras instituições culturais, você me perguntou sobre elas. () O que está fazendo a Universidade de São Paulo?

SPEAKER 1: : Seria uma pergunta que eu daria para vocês. E o aspecto escolar da nossa cidade? Ah

SPEAKER 0: : Ah, o aspecto escolar. Difícil a gente falar nele, principalmente no momento atual. Isto se nós pensarmos no, no, na rede de primeiras, quer dizer, na rede

Inf :anto-Juvenil, que seriam as primeiras séries, da primeira à oitava série. No momento, eu acho que é muito difícil falar sobre ela, porque me parece que ela está um verdadeiro caos. Ah A medida tomada pela Secretaria de Educação, de, a chamada rede física, se não me engano, eu não estou bem Mas, se não me engano, seria, teoricamente, uma coisa muito boa, ou seja, ah, os alunos deveriam frequentar a escola mais perto da sua casa. Mas isto feito, como a Secretaria vem fazendo em todas as séries, me parece que está realmente tumultuando isto aqui. O que se ouve é, não é absolutamente abonador para São Paulo. No No ensino maternal, o ensino pré-primário, me parece que a maior rede está no maternal, a rede é toda particular. O governo não mantém escolas maternais. E me parece que as mães acham bastante falta porque procuram muito as escolas maternais. E quanto à parte superior, de ensino superior, eu estou meio afastada da universidade, não sei. não posso dizer, a não ser o aparecimento de inúmeras escolas, não só na capital como no interior, escolas que estão dando oportunidade realmente para muita gente estudar, pessoas que nunca imaginaram que pudessem chegar a um curso superior, estão podendo chegar atualmente. Isto com o auxílio do, do supletivo, que me parece uma boa coisa, porque pessoas que não tiveram oportunidade de de fazer o antigo colegial, o ginasial. O colegial tem possibilidade de fazer este exame para entrar na, no curso superior. Agora, realmente, a validade desses cursos, a honestidade com que eles são feitos, eu num, não posso dizer. Eu sei que, na minha opinião, já é um bom passo. Se eles são fracos, se existe alguma... Existem deficiências, acredito que existam mesmo, Elas podem perfeitamente vir a ser corrigidas. É a oportunidade que está se dando à população toda para que estude. Pessoas que nunca imaginaram que pudessem chegar até, até a universidade, ou melhor, até um curso superior, não exatamente as universidades, estão chegando. Na Universidade de São Paulo, fala-se bem, fala-se mal. En Então, do cur, do meu curso, eu falo bem. Da minha escola, eu falo bem. que é a Escola de Saúde Pública? Eu acho uma excelente escola. É muito boa. As outras escolas da Universidade de São Paulo, eu não, não posso falar, não conheço. Mas acho que nós já estamos com uma rede escolar bastante grande.

SPEAKER 1: : () iluminação e a () pública?

SPEAKER 0: : Iluminação, limpeza pública, Na minha zona, aquilo que eu conheço, aquilo que eu vejo, eu acho que está bom. Porque eu moro no centro, eu ando pelo centro. E eu não ando pela periferia. Principalmente não ando pela periferia à noite. Então, eu não posso saber realmente se a iluminação está chegando até a periferia. A limpeza pública também não sei se chega até lá. Sei é que como uma criatura que fez um... que andou em faculdade de saúde pública, não se conforma de maneira alguma que se veja ainda secretário da saúde e elementos da secretaria da saúde e de governo falando que o que nós precisamos para diminuir a incidência de moléstias e etc, e etc, e etc, é saneamento básico, é rede de águas e esgotos, é uma coisa que já está muito batida e que, na minha opinião, eles nunca deveriam vir para a televisão ou para jornais falando a mesma coisa. É fazer a rede. O problema é fazer a rede de água e esgoto e diminuir o nu, número de incidência de moléstia infantil, principalmente a mortalidade infantil. Qualquer pessoa ligeiramente ligada à saúde pública sabe que isto é uma verdade. Põe água e esgoto e diminui de cara pelo menos Mas me parece que é muito difícil estender a rede de água e, e a de esgoto até a periferia da cidade. Problemas de governo, que eu não sei. Não gosto desse setor.

SPEAKER 1: : Não gosto de falar nele, não. () tempo esgotou, já deu bastante material, já temos bastante material

SPEAKER 0: : está bom. Espero que vocês consigam aproveitar, então, Uma conversa, uma pessoa está malhando um pouquinho a cidade.