Inquérito SP_DID_301

SPEAKER 1: : Dona Carmen, gostaríamos que falasse a respeito de suas experiências com a nossa cidade.

SPEAKER 0: : Eu estou em São Paulo há 38 anos. Eu sou do Rio Grande do Sul, nasci no Rio Grande do Sul. Depois, meu pai foi chamado, era médico do do presidente Vargas, e foi da família, foi chamado, então, ãh para ir trabalhar no Rio de Janeiro. Papai era professor da Faculdade de Medicina. Da Faculdade de Direito, lá no Rio Grande, e foi transferido para a Faculdade do Rio de Janeiro, onde ele passou a ter um serviço de clínica médica realmente importante () ### () nós fizemos ao Europa, ele trouxe aparelhos completamente desconhecidos aqui no Brasil. Eu digo desconhecido no sentido didático. Não tinham se lembrado de usar aquilo para uma penetração maior de comunicação. De forma que o trabalho do serviço do Papai, da no Rio de Janeiro, era muito procurado, ele tinha Quarenta e nove assistentes, só cinco eram papos, quarenta e quatro eram de graça, que gostavam da maneira que ele tinha de ensinar. Um homem que escreveu uma obra gigantesca de medicina, ele no Brasil, no Dieu Lafoye, em Paris, são as duas únicas obras completas escritas por um homem sozinho, sem colaboração de outros colegas. O papai escreveu uma obra de medicina que não precisa ser médico para entender. Os livros deles são escritos com uma fluência, com uma propriedade de linguagem, hum são telefonicamente agradáveis, não parecem conferências médicas, sabe? E eu participei disso, porque desde os onze anos fui secretária do Papai (). E aprendi. ### E com ele que eu aprendi uma série de coisas de colocação certa, de pronomes, o abuso do uso do que, do uso do um. Papai me fazia aquilo a sério, corrigindo. E como ele tinha esse pendor muito grande pra linguagem, ou antes, pra língua brasileira, que ele dizia sempre que era uma língua lindíssima, ele nos fazia ler altos trechos pra corrigir certas coisas. Ele tinha horror A gíria. Mas isso ele não conseguiu nada, porque a gíria penetrou da mesma forma em casa, em colégio. A gente aprendia muita coisa. Às vezes eu dizia pro papai, meu pai, eu quero que tu arranhes uma palavra que substitui isso. Lembra quando entrou a gíria do chata, né? Que coisa chata. Pai, vê se tu achas alguma palavra (), uma palavra bonita que substitua o que quer dizer uma pessoa chata. Às vezes ele ria com isso, mas ele era muito rigoroso. E quando eu comecei a escrever, e eu hoje escrevo muito sobre viagens (). É verdade? ### E o papai cuidava, ele me fazia ler. Ele ficava com os olhos fechados, escutando, e dizia, minha filha, eu acho que se você mudasse essa fórmula, veja se não é muito mais agradável não é () pesada. Não é que hoje mesmo, Mônica, tantos anos que eu perdi meu pai, e depois que eu casei, o Prudente teve certas coisas comigo que me lembravam muito do pai. Ele gostava muito do que eu escrevia, porque foram sempre nossas viagens, e ele recordava muita coisa, e ele me ajudava com aquelas que eu tinha esquecido ou que não lembrava no momento. De forma que ele me deu muito estímulo prudente na minha vida. E muitas vezes ele fez aquilo que o papai fazia comigo, né? Ele escutava, quer dizer, às vezes ele dizia assim... Olha, meu bem, eu se fosse você, não punha isso. Mas é mas é verdade, lembra? Aquela vez assim, assim... Sim, mas nem tudo a gente conta. Você sabe, isso não faz falta. A história tá tão boa, tá tão agradável, eu tô revivendo tudo. Isso não faz falta e pode magoar alguém. Então, Mônica, hoje que eu sou só, você sabe que eu eu me sinto às vezes atrapalhada nesse sentido. Eu escrevo, eu leio alto pra mim e me concentro e pergunto, será que o papai diria assim? Será que o Prudente gostaria que eu contasse esse trecho? De maneira que isso, além do prazer que eu tenho de reviver momentos felizes, Ainda me traz a evocação direta da de pessoas tão ligadas à minha vida, tão queridas da minha vida. Mas foi assim. Você me pediu da experiência da minha vida escrevendo, foi assim que eu comecei. E hoje, que eu tenho esse trabalho aqui no hospital, que é um trabalho grande, eu entro aqui mais ou menos às onze e meia, Eu entro aqui mais ou menos às onze e meia, meio-dia e saio seis, seis e meia. Se eu entro às oito horas pra pegar um papel que eu esqueci na véspera, eu não saio mais. Fico até às sete da manhã (). Isso aqui é muito mais minha casa que a minha própria casa. Eu vou lá, eu sempre digo que eu vou pra casa pra dormir e tomar banho. Porque eu passo, de manhã saio muito cedo, cuidar dos meus () Dos casos pessoais e dos casos do hospital que eu tenho a meu cargo. E o resto do tempo eu passo aqui atendendo pessoas. Meu papel... São dois papéis diferentes. Um é de presidente da Rede Feminina de Combate ao Câncer, com cento e sessenta e quatro voluntárias trabalhando aqui dentro, com quatro secretárias, uma internacional, uma só para o Brasil, Uma só para o estado de São Paulo e outra para Biscates, como eu digo (risos) e. Como presidenta da rede, eu tenho cento e sessenta e quatro voluntárias trabalhando ativamente aqui dentro. E tenho aquele quadro ali, com cento e oitenta e seis municípios, onde existe a rede feminina de combate ao câncer. Depois disso, o Prudente e eu que fundamos, nós dois, em (). ### Ee hoje está estendido a dezesseis estados do Brasil, tanto que a rede feminina agora chama-se Rede Feminina Nacional de Combate ao Câncer. Tem uma projeção no exterior razoável, tem um eh tem muito prestígio até, junto com a americana e a canadense, eh guardando de vidas proporções, a nossa tem um prestígio muito grande no exterior. Então, só esse movimento aqui, o dia inteiro, com cento e sessenta e quatro voluntários, divididos nesse quadro aqui, os setores de de trabalho com setores, subsetores e departamentos, isso aqui é um É uma gaiola de passarinho o dia inteiro. Nós temos muita gente trabalhando com prazer. Você está ouvindo o barulho na sala ao lado. Estão preparando a rouparia do hospital. Toda rouparia do hospital, hoje até uniformes de médica, é feita pelas voluntárias. São vários grupos separados que tratam várias coisas. Por exemplo, amanhã é terça-feira, nós temos uma média de trinta japonesas que trabalham aqui. A colaboração deles é importante. Porque a nossa, o nosso hospital, é o único lugar no Brasil que tem um grupo tão grande de japoneses trabalhando. Até elas já mudaram de jeito. Elas aqui são alegres, são desinibidas, dão risadas. () aquele aspecto mais corrente, a japonesa tímida. Tem aqui não. Elas ficam iguais às nossas brasileiras alegres, (). E uma das funções que elas têm, elas são ótimas costureiras e fazem os uniformes de todos todos do hospital. flores pro hospital inteiro. Uma coisa que eu sempre me preocupei muito, da alegria que dá a flor. Então, elas levam um carro com três andares de flores, que é habitualmente rosas, muita rosa, muito perfumada. Então, você imagina, andando pelo hospital, aquele aquele colorido, em primeiro lugar. Ou perfume, né? Batendo de porta em porta e dá uma flor pra cada doente que tem lá. E sempre tem um um dado divertido. Uma ocasião, houve qualquer coisa aí, uma seca, sempre faltaram as flores. As floristas mandaram dizer que não podiam fornecer as flores. E tudo é de presente, vinha de graça, não pago nada. Tudo é dado. Eu dizia, pedi desculpas, não podiam nos atender naquele dia, não havia flores por causa da seca. () flores. Os japoneses trabalharam o tempo inteiro aí, costurando e fazendo. Elas fazem o chazinho delas, com orações delas, as coisas muito particulares. E no dia seguinte eu recebo um bilhete de um doente, aí dos indigentes, assim, dona Carmen, ontem não deram flor pra gente, o hospital tá deteriorando (risos). De maneira, que eu fiquei radiante que eu vi como eles percebem essas coisas, como gostam de ter esse aspecto, não é verdade? No hospital. Então, continuando, ãh nós damos uma das funções da rede, além de cuidar do bem-estar do doente no sentido total, para isso há um setor, o setor assistencial, que só cuida do doente internado, das suas necessidades e da família deles. Entre coisas que talvez você ache interessante, porque não é muito comum, Nós temos um departamento de cosméticos aqui. Quando a doente avisa, () nós temos um aviso que uma mulher vai ter alta, eu estou falando sempre da parte indigente, né? Porque aqueles que pagam têm as famílias, nós só vamos lá a (). Então, quando nós temos uma indigente, tem alta, nós somos avisadas com antecipação. Tem uma voluntária, a Avon, mandou todos preparados pra nós. Eu chamo a (), tem uma Cabeleireira, uma manicura profissionais, mas que aqui são voluntárias. Eu chamo pelo telefone, elas vêm uniformizadas, lavam a cabeça, enquanto seca fazem as unhas, vem a voluntária da maquiagem, faz a maquiagem, ela sai daqui, que eu não conhecia uma adulta que veio se despedir de mim. Eu já não queria sentar, o que ela desejava era carreira, sabe? Então, porque isto pra nós é muito importante. Esse ano, por exemplo, eu vou desenvolver a parte da fotografia. Porque há doentes que ficam aqui vezes um, dois meses. Então, nós tiramos a fotografia colorida e mandamos pra família. Pra sentir que o doente tá vivo, né? Tá aí, tá passando bem, graças a Deus.

SPEAKER 1: : Tá sendo cuidado.

SPEAKER 0: : Tá sendo cuidado com todo carinho. Né? Que nós temos ai... Eu procuro sempre dar dentro das oitenta e quatro atividades que nós temos aqui dentro, dar sempre... Esse punho humano, íntimo dos doentes com as voluntárias. Essa parte de assistência ao doente total que nós damos assistência oral, material e espiritual. Tem um grupo de visitadoras religiosas. Aqui dentro o hospital é católico, tem capelão, mas respeita-se, não se impõe religião pra ninguém. Nós tivemos até um padre, e esse que nós temos agora, que é um grande capelhão, o Padre Humberto, ele sabe até o rito do rabino, do protestante, se bem que eles não têm, eles têm depois da morte, antes da morte não tem, mas ele nunca entra assim como um padre católico, mas dá aquele conforto, a companhia, que às vezes estão sozinhos aí, a família só vem uma hora por dia, isso acontece. E a parte de arrecadação de fundos, Que é a mais dura e a mais difícil, nós estamos gastando mais de cento e quarenta mil cruzeiros por dia aqui. ### Por dia. Só Deus sabe como é que a gente chega no fim do mês. Enfim. Como nós estamos todos aqui para servir a Deus, enquanto Ele quiser e nós e precisar dos nossos serviços, a gente aguenta, enquanto pode também, nós pode fazer o impossível. Eu, às vezes, Mônica, fico tão desesperada, Eu olhei para o Herodato Prudente e pensei, como ele foi tão cedo, morreu tão cedo, deixar esse problema tão grande. Então, eu olho para cima e digo para a Nossa Senhora, digo, não abusa. Não abusa, por favor. Porque a gente tem uma resistência muito presumida, né? E depois nós temos a parte importantíssima, que é a educação do povo. A educação que nós fazemos. Vocês poderiam fazer um bem muito grande, divulgando, nós damos dois cursos por ano aqui, de informações sobre o câncer, em linguagem simples, clara, fugindo a tecnologia, fugindo a expressões difíceis. Então, são aulas de uns quarenta minutos, três por semana durante um mês, sobre todos os aspectos principais dos vários órgãos em relação ao câncer. E nós damos o curso em maio, agora vai começar no dia nove de abril, este, e termina na metade de maio. Depois o outro vem em setembro. Nós vamos dar cursos intensivos para professores do segundo grau. Então, ano passado, nós fizemos uma experiência com (). cento e cinco, aulas de Era de de repouso, mas eles preferiram de discussão em torno do assunto. Foi um sucesso extraordinário. Este ano vamos dar dois.

SPEAKER 1: : Aqui mesmo?

SPEAKER 0: : Aqui mesmo. Tá no hospital, tudo no hospital. E à noite para os professores. À tarde para leigos e voluntários que estejam interessados. Então essa parte educativa é importantíssima. Desses grupos eu costumo tirar as pessoas que têm capacidade de falar, que têm capacidade de se expressar. Então, esses são feitos educadores contra o Brasil. E, como educadores, vão aos colégios, vão ao mobral, clubes de mães, escolas de todo jeito, e vamos dilatando cada vez mais. Só que nós pagamos um preço muito alto. é que o doente chega aqui, tem que ficar na fila, né? Que aumenta extraordinariamente ãh o número de consultantes que tem que entrar na fila. Um já te deu coragem pra mim que eu preciso acabar com isso, com essa mania de ensinar o que é o câncer, que tá enchendo o hospital e o hospital não tem mais capacidade física de escorar o o número enorme e doentes que nos procuram do interior, de fora do Brasil. Inclusive, veja, nós temos aqui a escola de cancerologia maior da América Latina. Este ano, por exemplo, para cerca de duzentos candidatos, nós tínhamos apenas vinte e cinco vagas. O exame foi apertadíssimo para que não haja queixa de que favoreceu ou facilitou, quando nós não temos o menor interesse nisso que nós queremos, as vagas são tão poucas que teremos poucos que usem de melhor, que queiram entrar. De maneira que você vê que todo tudo isso é cuidado, curso de cancerologia para essa rapaziada estamos cheios de de residentes de fora do país, aqui da da zona da América do Sul, América Latina, Já tivemos até do Egito, de Portugal, estudando conosco, Líbano, estudando aqui conosco.

SPEAKER 1: : Só médicos?

SPEAKER 0: : Só. Têm que ser médicos. Este é um curso postgraduate e só pode ser médico. Aqui dentro não se permite estudante. E mesmo os eventuais estágios são sempre com médicos. Né? O câncer é uma coisa muito séria. muito difícil para tentear. Quem vem pra cá já precisa saber noções pra se aperfeiçoar e melhorar. ### E então, sobre essas três coisas se assenta o nosso trabalho.

SPEAKER 1: : Que instituição da nossa cidade mais lhe dá apoio?

SPEAKER 0: : Instituição. Que tipo de institu

SPEAKER 1: : Instituição ou associação.

SPEAKER 0: : Você fala em dinheiro?

SPEAKER 1: : Em toda a área. Dinheiro, nessa área cultural também.

SPEAKER 0: : ### Eu encontrei no doutor José Bonifácio Nogueira um apoio extraordinário, um apoio A tal ponto de eu chegar na Secretaria, coisa de umas três semanas, e ele disse assim, não me diga se pode, diga quanto, onde e como. ### Então, já estou preparando, nós vamos ter uma sessão especial de educação pelo mês de março. Hãn ### Vai ser uma coisa curta que eu detesto discurso. Detesto discur Porque às vezes a pessoa se perde numa série de coisas, né? Então vai ser muito prático a abertura do ministro, vem o secretário de educação do Rio Grande do Sul trazer o plano dele de educação de câncer, nós apresentamos o nosso de São Paulo e acaba. Você tem que agir, não é conversa-fiada

SPEAKER 1: : Falar pouco antes de bastante. Né?

SPEAKER 0: : Não, tem que falar bastante, mas mas desde que não seja falar fiado, né?

SPEAKER 1: : E dos demais hospitais da nossa cidade, o que você queria dizer?

SPEAKER 0: : ### um remédio, quando precisa, ele procura com a gente, essas coisas. Agora, diretamente, eu, estou falando do meu setor, né? Não tenho nada. Agora, eh, uma coisa eu faço questão. Quando nós montamos nosso curso, são dez a doze aulas. A metade dos professores vem sempre de fora. Eu sempre ponho da faculdade, da universidade geral, da faculdade, da escola de paulista de medicina, da Santa Casa, enfim, onde existem profissionais competentes, técnicos em câncer, eh, tão bons como os nossos, né? Eu não digo melhores, porque eu acho que os melhores é aquele que tem. Mas eu faço questão de seguir a orientação do meu pai e do meu marido, que a pior coisa que existe é a panelinha. Porque quando a gente pensa que a gente é o melhor, acaba sempre dando com os burros na água. Então sempre fizemos questão de dar, hãm, de trazer para o nosso meio os colegas de outras escolas, de outras faculdades, de outras universidades em geral, mas de outros lugares e talvez neste ano até eu vá mais além, indo buscar de fora para darem aula, para sentirem que aqui o nosso, o nosso ideal é trabalhar e evoluir. Sem a menor intenção do que nos fecharmos numa torre de marfim. E este ano tem muito valor porque este ano faz trinta anos que foi criada a rede. Então há uma série de programas em curso aí e coisas que eu quero fazer com as voluntárias, dar a elas um sentido, um sentido vivido, sabe, da rede. Eu não quero Essa história da de que a rede feminina eh, é muito disciplinada, eu exijo minha chefe das voluntárias Temos o juramento dela, tem uma série de coisas que nós não permitimos, e que deve ser cumprido à risca. Mas, ao mesmo tempo, tem o outro lado agradável. Eu faço simpósio coreano sobre câncer, sobre prevenção do câncer ginecológico. Escolho sempre uma zona do Brasil diferente e bonita. Agora, o último que nós fizemos foi no Amazonas. Fomos a Manaus, fizemos dois dias. Cento e sessenta e três voluntários em São Paulo. Em São Paulo, no Rio Grande do Sul, enfim, em uns três ou quatro estados, e nós formamos, o nosso, o maior contingente foi nosso. Foram setenta e poucos, o mais tudo era de outros estados do Brasil. Mas lá no Amazonas, eles fizeram uma propaganda tão intensa do que representava esse trabalho, do que representava esse trabalho Que nós tivemos uma assistência conjunta de trezentas mulheres ouvindo uma manhã câncer de mama, outra manhã metade câncer de útero, metade hã, perigo do fumo, o perigo do cigarro em relação A maneira que o estudo vai desenvolvendo, cada vez mais as pessoas vão ficando mais afiladas, e esses cursos são muito bons, () são oito educadores, essas companheiras nossas que fizeram os cursos, e eu exijo que repita pagam a primeira vez. Depois do primeiro, daí daí por diante, não fi não pagam mais. São o hã, obrigadas a seguirem, a fazerem o curso para estarem sempre atualizadas com o tema. Porque senão, de repente, elas vão dar a aula de um ano atrás e durante um ano um câncer, virou

SPEAKER 1: : E o intercâmbio internacional?

SPEAKER 0: : Ah, é formidável. Temos completo. A maior ligação que nós temos é com a American Cancer Society, que é realmente extraordinário e de uma generosidade conosco. Nunca nos cobraram nada, sempre deram tudo o que a gente quer. O que a gente quer... O que pede pelo menos. E também eu trabalhei com a Organização Mundial de Saúde, a União Internacional Contra o Câncer, hum, com a sede na Suíça. E volta e meio eu tenho que ir lá para essas reuniões, fazer isso e aquilo. E... vamos ter, o ano que vem, tem congresso. uh, uhum, em setenta e oito nós fazemos Então vai ter um congresso importantíssimo, vai chamar, uh, Simpósio Antônio Prudente. () daqui a dois anos, isso é uma coisa importantíssima. E em setenta e nove também a rede já foi convidada a participar do Congresso Internacional do Câncer na Argentina, e em setenta e oito E o ano passado, eu fiz a conferência em Paris, eh, para a Liga Francesa contra o Câncer, foi um, é um chamado deles. No ano anterior, em Mônaco, em uma reunião importantíssima sobre educação e Câncer, a rede foi chamada, () para apresentar o trabalho. E no fim do ano, em outubro, também recebi três convites. Um do México, em Acapulco, eu fiz três comunicações. Depois, no Panamá, também falei. E no Peru, que por sinal, a Rede Feminina de Combate ao Câncer do Peru é fundada pela Fundação ()

SPEAKER 1: : E vêm médicos e pesquisadores internacionais para cá?

SPEAKER 0: : Vem, o ano inteiro temos visitas aqui, vêm conferencistas e nenhum passa por São Paulo que não venha fazer uma conferência, pelo menos para os nossos.

SPEAKER 1: : () E as entidades médicas, em que nível têm colaborado com as experiências de relações internacionais? Das médicas nossas

SPEAKER 0: : Bom, eu só posso falar naturalmente no que diz respeito aos congressos de câncer, né? Porque os outros, eu sei, que são grandes organizações, mas não () tão específicas disto ou daquilo. Agora, quanto ao, na parte relativa Aqui em São Paulo ou no Brasil em geral? No Brasil em geral. hã, em geral Os projetos internacionais, nós, uh, hã, temos gente do Rio de Janeiro que () trabalho. Agora Segundo, foi dito num congresso na Itália, em outubro de setenta e quatro, de treze, doze, treze brasileiros convidados,

SPEAKER 1: : Um momentinho, um momento. Companheira, você se lembra...

SPEAKER 0: : ### ### Dez brasileiros convidados a participarem do congresso e apresentarem trabalho. Sete eram ()

SPEAKER 1: : É uma vitória nossa (risos)

SPEAKER 0: : Trabalho, mas bem árduo e bem merecido.

SPEAKER 1: : a senhora acha que tem melhorado nos últimos dez anos? Atendimento profissional, mé dico

SPEAKER 0: : mé dico, enfermagem Tem. Sempre tem o aprimoramento no material, num equipamento () melhor. Hoje, o doente atacado de câncer, ele vai fazer com quimioterapia, só que vai tentando, dá um remédio, ele se acostuma, dá outro. E nesse meio tempo, muitas descobertas vem vindo Quanta gente, que provavelmente há dez anos atrás não teria resi stido resi stido com essa evolução, com esse progresso extraordinário, sobretudo em radiações, em todos os setores. A cirurgia, as radiações, a quimioterapia e agora a imunologia, que é a palavra de ordem do dia, dá muita esperança Muita gente hoje se salva. A questão é que uma pessoa, porque se salvou, não acredita que teve câncer. ou então, éh, escondem da pessoa o que que ela teve, e tal e coisa, e aparece quem morre e não aparece quem se salva. Aqui conosco, na rede, nós temos oito voluntários operados de câncer trabalhando. ### vinte e oito anos, né? Oito operados de câncer, que trabalham com uma raiva dana da Elas dão uma luta heroica, Tem que liquidar o inimigo, não é?

SPEAKER 1: : E quanto ao aspecto preventivo?

SPEAKER 0: : Também hoje, o preventivo, o principal é o tabaco A eliminação do hábito de fumar traria uma diferença considerável no diagnóstico de vários tipos de câncer. Hoje já chegaram a conclusões tremendas, por exemplo, () de quatro a vias respiratórios os broncos (), Hoje, já se sabe, que devido o abuso da (), está está aumentando o câncer de visícula. Então Então, a gente tem que ver isso com muito cuidado, Mônica, porque se você levar a coisa capriz, tudo dá câncer e tudo cura câncer. E outra coisa feito com bom senso, muita ponderação, para tirar o joio do trigo.

SPEAKER 1: : E quanto à poluição?

SPEAKER 0: : Poluição, eu, você sabe que eu não sou médico, (), depois eu vou dizer coisa que não é da minha conta. O que eu ouço comentário aqui no hospital é que a pessoa que fuma tem muito mais sujeita à poluição através das resp iratórias do que quem não fuma. Mas, pô, não sei.

SPEAKER 1: : Nós estamos caminhando pela vitória nesse campo, eu tenho certeza.

SPEAKER 0: : Eu tenho certeza, eu tenho certeza que o número de inteligências no mundo, mobilizadas por essa comunidade, é que faz muito para a gente que canta. mas é menos que dá mais de duzentas doenças que têm um fator comum. E também já são várias doenças relativas a vírus e (), nós () já não recebe o leito. () absolutamente ignorante. Um assunto que eu sou muito interessado e que eu lembro não correntemente dos ãh livros. () Você vai vendo a conexão na luta contra contra a () evidente nos meios de combate. se alguns () são sensibilizados, se pensam, e sejam perguntados por ver a quantidade de outros que não têm nada a ver com isso. Enfim, a gente fala hoje, não sabe daqui a um mês, porque não descobriram mais ainda né. A partir do momento em que se descobrir porquê, nor a pessoa normal, de repente, aquilo tudo que está lá dentro vira O que é, como diz o francês, é uma palavra muito boa, déclanche. O déclanche, eu acho que é, em português, eh desencadeia (). O que que de repente desencadeia dentro de uma criatura aparentemente tão inormal? Aquela ãh Aquela situação da célula cancerosa? O que que é, se a gente conseguir saber por que, o que é, eh de uma forma geral, e não, como por exemplo, se dá se dá, sabe, () só só não quer saber quem gosta de fumar e é viciado, então se defende dizendo, se defende dizendo, não enche o saco, né, ninguém tem certeza. Morre mesmo (risos). É, também tem essa do morre mesmo. Essa () agente ensina e a visa, agora cada um é dono da sua vida, né? ###

SPEAKER 1: : O que cada um individualmente, na sua vida particular, poderia fazer, além de não fumar, para chegar a esse sucesso?

SPEAKER 0: : A vida... A gente ouve você falar, falar numa vida sa . dia, eh evitar uma série de (). Evitar uns abusos de alimentação e. muitos médicos () A desconfiança atribui a o excesso de determinado... determinados alimentos ou a inclusão de certos alimentos como uma das origens prováveis de um determinado tipo de câncer. Mas, na verdade, a pessoa sadia e come sadiamente e que evita tudo isto que hoje já não é mais já não é mais citado, é apregoado com desespero. A American Cancer Society tem uns filmes maravilhosos sobre isto. Então, ele aponta como um dos grandes perigos o exemplo dos pais. que a casa onde o pai fuma é um índice, onde a mãe fuma, onde um dos dois fuma é um índice, quando os dois fumam é outro índice. Então você vê como sobe assustadoramente a cifra de jovens, de crianças com doze anos e jovens que fumam porque o pai e a mãe não tem () força para parar. Uma série de coisas que seria preciso que a pessoa abdicasse, tivesse uma renúncia verdadeira, mesmo chegando ao sacrifício, para não dar o mau exemplo para os filhos. E a alimentação também? Alimentação, é. Há há determinados países no mundo que indicam um determinado tipo de câncer de vida, é um abuso daquele elemento na alimentação. Isto tem É um terreno muito muito vasto, () eu falava com um amigo nosso que ainda me disse, olha (), com tudo que dizem, nós conhecemos o câncer melhor do que a gripe. Apesar ().

SPEAKER 1: : ### Ou quase ideal?

SPEAKER 0: : Ah, bom, falando francamente, praticamente, o dinheiro para poder comprar tudo o que é preciso e dar o máximo do conforto e do bem-estar ao doente que não pode pagar.

SPEAKER 1: : ###

SPEAKER 0: : Mas será que isso vai dar mesmo?