SPEAKER 2: Gostaríamos que a senhora nos falasse a respeito de São Paulo, suas experiências com ela. SPEAKER 1: Em termos de... de cidade para se morar, eu acho que São Paulo tem todos os inconvenientes (risos) e nenhum da do dos atrativos que se encontra em... mesmo em outras cidades m brasileiras de menor porte. Se fosse, se eu tivesse que fazer opção, seria provavelmente a a última cidade do do Brasil que espontaneamente eu escolheria para viver. Em termos de trabalho, eu acho que oferece um campo assim muito muito bom. Mas, por outro lado, acho que já estão aparecendo também outras cidades do interior onde isso é perfeitamente possível. Eu estou vivendo uma experiência nesse sentido. Um filho que, por exemplo, está formado em arquitetura. que é um campo que se imagina que só encontre campo de trabalho em cidades grandes, como é o caso de São Paulo, por exemplo, e ele está morando perfeitamente bem em cidade interior, se encaminhando muito bem e desfrutando de todas as vantagens de uma cidade de interior e sem nenhum dos inconvenientes de morar em São Paulo. Por outro lado, a minha experiência e... em termos de São Paulo também fica um pouco comprometida, porque eu tenho condições de vida e de trabalho em São Paulo que não são usuais. Eu trabalho na cidade universitária, conforme s você está vendo, rodeada de verde aí por todo o campus. lado, com sensação de que estou morando assim ou trabalhando num arrabalde né, e moro também num lugar onde eu consigo ter isso também, num lugar onde estamos lá rodeados de muito verde, muito aprazível e bem no centro de São Paulo, que é o aeroporto. Mas pelo que pelas informações que se tem de de todo mundo, jornais e tudo mais, eu acho que decididamente São Paulo em termos de se viver... se tornando uma coisa cada dia pior, cada dia oferecendo um menor número de atrativos. Especialmente no meu caso, por exemplo, em que a mim não pesa muito o tipo de de vida noturna e que parece que agora em São Paulo vai adquirindo importância com um grande número de de distrações. Eu não faço vida noturna nesse aspecto me é praticamente desconhecido. Eu me satisfaço bastante com um bom livro, com um bom cinema, com um bom teatro. Então, a esse tipo de vida noturna que agora começa a crescer e e a se desenvolver em São Paulo e, segundo aí os entendidos, é superar a vida noturna do Rio, para mim é totalmente (risos) indiferente. Como não vejo muita possibilidade também desses problemas todos que afligem aí a vida do paulistano serem resolvidos a curto prazo, eu acho que houve omissão de muitas administrações. E não sei se as coisas tendo atingido o grau que atingiram, como é que isso vai ser ãh... resolvido. Que administração teria condições de tornar São Paulo uma uma cidade SPEAKER 2: Aprazível, vivíel. E a respeito das nossas instituições artísticas e culturais, São Paulo se encontra bem servido? SPEAKER 1: Não sei, Mônica, se você fizer um aí um.. uma projeção em termos de população e de instituições existentes, a média é muito pequena. Se você tomar o número de paulistanos né, e... e o número de instituições culturais existentes em São Paulo, eu acho que é absolutamente insuficiente. Nós não temos tradição nenhuma de cultura, o povo não tem hábito de frequentar mu um museu, de coisa nenhuma. O exemplo, eu acho, que é o mais flagrante é o próprio Museu de Arte de São Paulo, que fecha às seis horas da tarde, então quem trabalha jamais tem condições de de ir ver o museu. toda exposição que é feita no museu anunciada, você vai, com raríssimas exceções, o museu está aberto à noite, né, e... fora fora o museu, digamos, o MASP, são muito poucas outras instituições, talvez aqui o nosso da USP, mas eu acho que sem projeção nenhuma no povo, se você está falando em termos de povo, eu acho sem penetração, sim, sem coisa nenhuma, quer dizer, uma faixa muito pequena da população que tem condições de apreciar, que está alertada para essa coisa toda, porque nós não temos cultura em termos de povo, não podemos ãh... consequentemente falar que o povo então desfruta e conheça esse tipo de de opção que o... que o Estado dá a ele, né? Por outro lado, se você levar em consideração a faixa pequena da população que está alertada, que está voltada para esse tipo de recreação, talvez haja uma proporção então, porque a faixa é muito pequena, o número de instituições é pequeno, então aí haveria um um certo balanceamento, né? Mas se você pensar em termos de população da cidade, elas são em números muito insuficientes. SPEAKER 2: E enquanto às escolas? SPEAKER 1: De que grau? SPEAKER 0: Em geral. SPEAKER 1: Segundo o governo do estado, a população infantil está inteiramente beneficiada com escolas. A população em nível escolar primário está inteiramente coberta, segundo o que se ouve dizer, segundo o noticiário de... de jornal. A outra faixa da população, universitária, o... as listas de matriculados nesses exames para a universidade e o, e o número de vagas existentes, acho que fala por si, dispensa comentários. Por outro lado, também não sei se não tem havido uma exacerbação nesse... nessa importância que se está tentando atribuir ao ensino superior, Parece que ainda é muito importante para nós que o indivíduo seja doutor em alguma coisa, então talvez seja esse o motivo dessa corrida à universidade. Nós também não temos um bom ensino intermediário profissionalizante, então parece que o indivíduo só consegue galgar uma certa posição social e... um certo status quando ele é doutor em alguma coisa. Então talvez isso seja uma distorção que nós, uma herança, não sei se francesa, o que é que nós temos aí de uma supervalorização do... do doutor. E também eu acho que uma uma falta, eu acho decididamente uma falta de compreensão muito grande, eu acho uma distorção isso. Em qualquer país, sempre o ensino superior é privilégio de uma certa elite. Não é possível que o mesmo número de indivíduos que entram no ensino primário e secundário tenham acesso à universidade e que o governo tenha que arcar sozinho com esse ônus. Essa... Está aí uma tese perigosa da gente falar, mas eu eu não vejo como. Em países outros, Aí a gente cai através nos Estados Unidos, todo mundo sabe que o ensino superior é noventa porcento das vezes pago. Não existe essa regalia de go do governo estender o ensino superior a todo mundo que queira entrar na na universidade. Tem que haver um afunilamento e as condições econômicas vão desenvolver, eu acho, papel preponderante nisso. Eu acho uma distorção da nossa, e... mas não se pode falar isso, porque cada vez que alguém fala isso, Reacionário, o ensino tem que ser... tem que estar ao alcance do povo. SPEAKER 2: () E a respeito das áreas SPEAKER 1: (risos) Queria dizer que não existem áreas verdes em São Paulo, não, pe pelo menos já não vamos falar. Nós estávamos dizendo há pouco dos países nórdicos, não vamos tentar nenhum, chegar perto de nenhum desses padrões ãh... nórdicos, nem americanos, nem europeus, nem coisa nenhuma, mas em São Paulo Acho que de uma maneira no Brasil inteiro. O... o brasileiro não cultiva. Talvez porque ele tenha passado muitos anos ro rodeado pelo verde, ele n... atualmente não estima, não sabe valorizar. E... não sei... é, eu costumava se dizer que talvez por uma herança do, dos nossos antepassados, que derrubava, mataria para plantar café. O café começava na porta da cozinha da fazenda. E se vem desse tempo essa nossa verdadeira, assim, pouco caso pela Por outro lado, evidentemente que o o governo, por menos que a gente queira também atribuir e ficar passando a responsabilidade pelos ombros do governo, desempenhou em termos de São Paulo um papel, eu acho que muito importante, porque é impossível que não houvessem leis e que pudessem ãh pelo menos controlar esse esse problema. Eu acho que uma legislação oportuna, ou seja, há vinte anos atrás, teria evitado que nós chegássemos a e... a essa exacerbação do uso, de valorização do uso do terreno e tudo mais. Não vejo porquê que isso não poderia ter sido feito há vinte anos atrás. Agora, evidentemente, com todo o centro de São Paulo construído em concreto, os bairros e tudo mais, realmente é difícil de você reconstituir, de você reconquistar, mas uma legislação eficiente e vi e vigiada, controlada, teria perfeitamente suprido esse problema. Problema imenso e a gente está vendo aí as crianças sem terem onde brincar, como brincar, e, problema de poluição, tudo isso. SPEAKER 2: E a respeito SPEAKER 1: <çado de São Paulo? Olha e> Você faz essa pergunta e eu digo, mas que traçado? Tanto quanto eu (risos) eu sei, nunca houve traçado. Nenhum as nossas avenidas são as avenidas de de trinta anos atrás, a nove de julho, a Rebouças, o que mais? Bom, eu estou falando também da zona que eu vivo, da da zona que eu conheço. Eu e imagino que deva ser vinte vezes pior nos bairros ãh industriais, bairros operários, que eu não vou há muito tempo, Mooca e... Essa zona leste da cidade que eu não tenho condições de falar, a não ser o que a gente consegue ler em jornal. SPEAKER 2: A sua opinião, haveria uma solução a longo prazo? SPEAKER 1: Olha, Mônica, eu não, eu não sou urbanista e não não me sinto assim em condições de estar exposando teses e nem nada. Mas eu acho que, como houve muita omissão nos governos passados, difícil, é... o problema é de uma solução é... muito difícil, é verdadeiramente desafiador, porque vai envolver gastos astronômicos, né, você vê para abrir qualquer avenida, para você traçar uma linha de metrô, tudo o que está sendo ãh, tudo que tem que ser destruído, o que isso custa o governo? não que seja a cética, que eu acho que não que não... se conseguirá, mas precisava realmente de um bom planejamento. E o que se tem visto parece que é o surgimento de Gegran, depois ninguém mais ouviu falar de Gegran, agora parece MURB, mas eu acho que um uma coisa um concreta, um plano prevendo aí e orientando o crescimento de São Paulo Eu eu não sei se existe e se existir quais serão as condições que o governo vai ter de fiscalizar e de implantar isso. Eu acho que a solução deve haver, pros... ãh, outros países estão encontrando, Tóquio está encontrando solução para os problemas deles, Los Angeles encontrou, eu acho que deve haver, mas com outro, talvez com outro tipo de de administrador, com outro tipo de mentalidade, homens mais voltados realmente para os problemas públicos, menos engajados em política, talvez, O governo federal ãh... também ãh subvencionando, porque lógico que a Prefeitura de São Paulo jamais teria condições de arcar sozinha com o ônus de tudo isso. O governo do estado empenhado. É e, esse prov> Esse problema que todo ano nós constatamos aí dessas enchentes, e desalojando milhares de de famílias e deixando na miséria tanta gente. O governo olha com olhos tão complacentes, quer dizer, ma manda limpar o bueiro e manda limpar, o... como é que se chama, as galerias de água e fica nisso, se fala nessa canalização do Tamanduateí desde que me conheço por gente e, o que que foi feito, o que tem sido feito, qual é o empenho realmente que o governo esteja tendo em atender o homem, eu acho que muito po> SPEAKER 2: () tipo de iluminação, () SPEAKER 1: tal coisa, e eu me lo> ### SPEAKER 2: porto. É um problema geral. E a respeito da limpeza pública, pelo menos na sua área, acha que a mudança de recipiente de lixo teria melhorado, facilitado? Acho que sim, eu acho que sim, SPEAKER 1: ### Humanizou, pelo menos o mais, o serviço também dos homens responsáveis por essa parte da por esse trabalho em São Paulo né, porque, então, apenas recolhem aqueles sacos plásticos e jogam dentro daqueles caminhões que vão triturando o lixo. Eu acho que o aspecto, nesse ponto da cidade, também foi mais beneficiado, desapareceram aquelas latas feias encardidas de de lixo. Eu acho que, sob esse ponto de vista, ãh... a cidade se beneficiou, mas a bolsa do indivíduo deve ter sido mais onerada, porque é caro um pacote de saco de lixo, de plástico, está a razão eu acho que de oito cruzeiros e pouco, vinte unidades de quarenta quilos. Então eu acho que cai novamente na tal história da Zona Sul. Eu não Eu não não sei o que está acontecendo nas outras partes de São Paulo, se isso é obrigatório também para os bairros mais modernos, eu creio que não, porque dificilmente uma família que vive de um... de oitocentos cruzeiros, um milhão que seja com a participação de marido e mulher, se cabe dentro do orçamento dessa família a compra semanal de de sacos de l de lixo plástico. SPEAKER 2: É muito muito fácil, muito acessível. SPEAKER 2: próprio bairro? () Não me locomovo. SPEAKER 1: é Fico ali na no Jumbo mesmo. Mesmo porque ah... ao lado do do Jumbo, você conhece o Jumbo Aeroporto? Aquele correio de lojas ali e tem farmácia, doutor show ãh... diaberg, de uma maneira... Ah, bom, também () aqui na boca, eu me eu uso bastante. É um comércio também bem bom, o da Joaquim Nabuco e muito perto também de casa. Porque eu disponho apenas, digamos, da manhã de sábado, né? E das horinhas quando eu saio daqui do do serviço com o tempo, de modo que eu não posso também me dar o luxo de de pretender comprar no, em algum outro lugar distante. Eu caio mesmo é no, no shopping Em joaquim nabuco, Even> SPEAKER 2: SPEAKER 1: Bom, as vezes que eu tenho saído para o exterior, eu tenho recorrido à agência. Agora, em termos de viagem é... aqui dentro do do país, não. Eu vou com a minha conta própria, chego no aeroporto, compro a passagem, ou então, se é viagem terrestre, inde independe-se disso. Não, não não tenho hábito. Realmente, não não posso dizer que tenha hábito de me servir de de agência. Nem para empregados? Ah, n> Não tenho problema de, sou uma feliz paulistana nesse (risos) nesse ponto de vista, porque tenho uma pessoa que me serve há mais de vinte anos, está comigo há mais de vinte anos, e... essa é efetiva, mensalista. E depois eu trabalho na base de diarista, então tenho uma passadeira que também me serve há mais de doze anos e uma faxineira, também diarista e... Eu acho que é o tipo de de or de organização com a qual eu me dei melhor. Com esse problema de ficar fora de casa, eu tenho só, então, essa Aparecida aqui é efetiva e as demais vêm assim por dia, não não dão dor de cabeça, não dão nada, são antigas também. Aí também sou um mau modelo, porque constituo um... uma excepção, porque via de regra todo mundo luta muito com o problema de doméstica e e eu, felizmente, não tenho. SPEAKER 2: () (risos) felicíss> ### pessoal que opera no comércio, você teria algo a falar? As atitudes, o modo de atender SPEAKER 1: ãh... eu a>