Inquérito SP_DID_296

SPEAKER 2: : Gostaríamos que a senhora nos falasse a respeito de São Paulo, suas experiências com ela.

SPEAKER 1: : Em termos de... de cidade para se morar, eu acho que São Paulo tem todos os inconvenientes (risos) e nenhum da do dos atrativos que se encontra em... mesmo em outras cidades m brasileiras de menor porte. Se fosse, se eu tivesse que fazer opção, seria provavelmente a a última cidade do do Brasil que espontaneamente eu escolheria para viver. Em termos de trabalho, eu acho que oferece um campo assim muito muito bom. Mas, por outro lado, acho que já estão aparecendo também outras cidades do interior onde isso é perfeitamente possível. Eu estou vivendo uma experiência nesse sentido. Um filho que, por exemplo, está formado em arquitetura. que é um campo que se imagina que só encontre campo de trabalho em cidades grandes, como é o caso de São Paulo, por exemplo, e ele está morando perfeitamente bem em cidade interior, se encaminhando muito bem e desfrutando de todas as vantagens de uma cidade de interior e sem nenhum dos inconvenientes de morar em São Paulo. Por outro lado, a minha experiência e... em termos de São Paulo também fica um pouco comprometida, porque eu tenho condições de vida e de trabalho em São Paulo que não são usuais. Eu trabalho na cidade universitária, conforme s você está vendo, rodeada de verde aí por todo o campus. lado, com sensação de que estou morando assim ou trabalhando num arrabalde né, e moro também num lugar onde eu consigo ter isso também, num lugar onde estamos lá rodeados de muito verde, muito aprazível e bem no centro de São Paulo, que é o aeroporto. Mas pelo que pelas informações que se tem de de todo mundo, jornais e tudo mais, eu acho que decididamente São Paulo em termos de se viver... se tornando uma coisa cada dia pior, cada dia oferecendo um menor número de atrativos. Especialmente no meu caso, por exemplo, em que a mim não pesa muito o tipo de de vida noturna e que parece que agora em São Paulo vai adquirindo importância com um grande número de de distrações. Eu não faço vida noturna nesse aspecto me é praticamente desconhecido. Eu me satisfaço bastante com um bom livro, com um bom cinema, com um bom teatro. Então, a esse tipo de vida noturna que agora começa a crescer e e a se desenvolver em São Paulo e, segundo aí os entendidos, é superar a vida noturna do Rio, para mim é totalmente (risos) indiferente. Como não vejo muita possibilidade também desses problemas todos que afligem aí a vida do paulistano serem resolvidos a curto prazo, eu acho que houve omissão de muitas administrações. E não sei se as coisas tendo atingido o grau que atingiram, como é que isso vai ser ãh... resolvido. Que administração teria condições de tornar São Paulo uma uma cidade

SPEAKER 2: : Aprazível, vivíel. E a respeito das nossas instituições artísticas e culturais, São Paulo se encontra bem servido?

SPEAKER 1: : Não sei, Mônica, se você fizer um aí um.. uma projeção em termos de população e de instituições existentes, a média é muito pequena. Se você tomar o número de paulistanos né, e... e o número de instituições culturais existentes em São Paulo, eu acho que é absolutamente insuficiente. Nós não temos tradição nenhuma de cultura, o povo não tem hábito de frequentar mu um museu, de coisa nenhuma. O exemplo, eu acho, que é o mais flagrante é o próprio Museu de Arte de São Paulo, que fecha às seis horas da tarde, então quem trabalha jamais tem condições de de ir ver o museu. toda exposição que é feita no museu anunciada, você vai, com raríssimas exceções, o museu está aberto à noite, né, e... fora fora o museu, digamos, o MASP, são muito poucas outras instituições, talvez aqui o nosso da USP, mas eu acho que sem projeção nenhuma no povo, se você está falando em termos de povo, eu acho sem penetração, sim, sem coisa nenhuma, quer dizer, uma faixa muito pequena da população que tem condições de apreciar, que está alertada para essa coisa toda, porque nós não temos cultura em termos de povo, não podemos ãh... consequentemente falar que o povo então desfruta e conheça esse tipo de de opção que o... que o Estado dá a ele, né? Por outro lado, se você levar em consideração a faixa pequena da população que está alertada, que está voltada para esse tipo de recreação, talvez haja uma proporção então, porque a faixa é muito pequena, o número de instituições é pequeno, então aí haveria um um certo balanceamento, né? Mas se você pensar em termos de população da cidade, elas são em números muito insuficientes.

SPEAKER 2: : E enquanto às escolas?

SPEAKER 1: : De que grau?

SPEAKER 0: : Em geral.

SPEAKER 1: : Segundo o governo do estado, a população infantil está inteiramente beneficiada com escolas. A população em nível escolar primário está inteiramente coberta, segundo o que se ouve dizer, segundo o noticiário de... de jornal. A outra faixa da população, universitária, o... as listas de matriculados nesses exames para a universidade e o, e o número de vagas existentes, acho que fala por si, dispensa comentários. Por outro lado, também não sei se não tem havido uma exacerbação nesse... nessa importância que se está tentando atribuir ao ensino superior, Parece que ainda é muito importante para nós que o indivíduo seja doutor em alguma coisa, então talvez seja esse o motivo dessa corrida à universidade. Nós também não temos um bom ensino intermediário profissionalizante, então parece que o indivíduo só consegue galgar uma certa posição social e... um certo status quando ele é doutor em alguma coisa. Então talvez isso seja uma distorção que nós, uma herança, não sei se francesa, o que é que nós temos aí de uma supervalorização do... do doutor. E também eu acho que uma uma falta, eu acho decididamente uma falta de compreensão muito grande, eu acho uma distorção isso. Em qualquer país, sempre o ensino superior é privilégio de uma certa elite. Não é possível que o mesmo número de indivíduos que entram no ensino primário e secundário tenham acesso à universidade e que o governo tenha que arcar sozinho com esse ônus. Essa... Está aí uma tese perigosa da gente falar, mas eu eu não vejo como. Em países outros, Aí a gente cai através nos Estados Unidos, todo mundo sabe que o ensino superior é noventa porcento das vezes pago. Não existe essa regalia de go do governo estender o ensino superior a todo mundo que queira entrar na na universidade. Tem que haver um afunilamento e as condições econômicas vão desenvolver, eu acho, papel preponderante nisso. Eu acho uma distorção da nossa, e... mas não se pode falar isso, porque cada vez que alguém fala isso, Reacionário, o ensino tem que ser... tem que estar ao alcance do povo.

SPEAKER 2: : () E a respeito das áreas

SPEAKER 1: : (risos) Queria dizer que não existem áreas verdes em São Paulo, não, pe pelo menos já não vamos falar. Nós estávamos dizendo há pouco dos países nórdicos, não vamos tentar nenhum, chegar perto de nenhum desses padrões ãh... nórdicos, nem americanos, nem europeus, nem coisa nenhuma, mas em São Paulo Acho que de uma maneira no Brasil inteiro. O... o brasileiro não cultiva. Talvez porque ele tenha passado muitos anos ro rodeado pelo verde, ele n... atualmente não estima, não sabe valorizar. E... não sei... é, eu costumava se dizer que talvez por uma herança do, dos nossos antepassados, que derrubava, mataria para plantar café. O café começava na porta da cozinha da fazenda. E se vem desse tempo essa nossa verdadeira, assim, pouco caso pela Por outro lado, evidentemente que o o governo, por menos que a gente queira também atribuir e ficar passando a responsabilidade pelos ombros do governo, desempenhou em termos de São Paulo um papel, eu acho que muito importante, porque é impossível que não houvessem leis e que pudessem ãh pelo menos controlar esse esse problema. Eu acho que uma legislação oportuna, ou seja, há vinte anos atrás, teria evitado que nós chegássemos a e... a essa exacerbação do uso, de valorização do uso do terreno e tudo mais. Não vejo porquê que isso não poderia ter sido feito há vinte anos atrás. Agora, evidentemente, com todo o centro de São Paulo construído em concreto, os bairros e tudo mais, realmente é difícil de você reconstituir, de você reconquistar, mas uma legislação eficiente e vi e vigiada, controlada, teria perfeitamente suprido esse problema. Problema imenso e a gente está vendo aí as crianças sem terem onde brincar, como brincar, e, problema de poluição, tudo isso.

SPEAKER 2: : E a respeito ficuldade no trânsito atualmente, teria alguma correlação que tra

SPEAKER 1: : çado de São Paulo? Olha e u eu diria que traçado? Traçado físico das ruas. Pois é, mas eu diria que traçado físico, porque tanto quanto me consta, São Paulo nunca teve um planejamento. São Paulo foi uma cidade que cresceu a esmo. Não... Nunca houve, você ainda está vendo hoje bairros surgirem aí da da noite para o dia, uma companhia compra uma gleba de terra e divide a seu bel prazer, não reserva área nenhuma verde. não é? E... Então eu digo, que traçado, São Paulo cresceu assim. sem um delineamento, sem ninguém tra... traçar, traçado nenhum, cresceu a vontade. Então o resultado é esse também que nós estamos vendo aí. Uma avenida, por exemplo, uma vinte e três de maio, que foi aberta relativamente há pouco tempo atrás, que parecia ter havido uma previsão muito boa da parte do do Prestes Maia naquela ocasião, está hoje aí super engurgitada, super engarrafada, você não anda a hora nenhuma, para não falar da das horas de rush, mas mesmo nas horas habituais é um trânsito de trin Você faz essa pergunta e eu digo, mas que traçado? Tanto quanto eu (risos) eu sei, nunca houve traçado. Nenhum as nossas avenidas são as avenidas de de trinta anos atrás, a nove de julho, a Rebouças, o que mais? Bom, eu estou falando também da zona que eu vivo, da da zona que eu conheço. Eu e imagino que deva ser vinte vezes pior nos bairros ãh industriais, bairros operários, que eu não vou há muito tempo, Mooca e... Essa zona leste da cidade que eu não tenho condições de falar, a não ser o que a gente consegue ler em jornal.

SPEAKER 2: : A sua opinião, haveria uma solução a longo prazo?

SPEAKER 1: : Olha, Mônica, eu não, eu não sou urbanista e não não me sinto assim em condições de estar exposando teses e nem nada. Mas eu acho que, como houve muita omissão nos governos passados, difícil, é... o problema é de uma solução é... muito difícil, é verdadeiramente desafiador, porque vai envolver gastos astronômicos, né, você vê para abrir qualquer avenida, para você traçar uma linha de metrô, tudo o que está sendo ãh, tudo que tem que ser destruído, o que isso custa o governo? não que seja a cética, que eu acho que não que não... se conseguirá, mas precisava realmente de um bom planejamento. E o que se tem visto parece que é o surgimento de Gegran, depois ninguém mais ouviu falar de Gegran, agora parece MURB, mas eu acho que um uma coisa um concreta, um plano prevendo aí e orientando o crescimento de São Paulo Eu eu não sei se existe e se existir quais serão as condições que o governo vai ter de fiscalizar e de implantar isso. Eu acho que a solução deve haver, pros... ãh, outros países estão encontrando, Tóquio está encontrando solução para os problemas deles, Los Angeles encontrou, eu acho que deve haver, mas com outro, talvez com outro tipo de de administrador, com outro tipo de mentalidade, homens mais voltados realmente para os problemas públicos, menos engajados em política, talvez, O governo federal ãh... também ãh subvencionando, porque lógico que a Prefeitura de São Paulo jamais teria condições de arcar sozinha com o ônus de tudo isso. O governo do estado empenhado. É e, esse prov Esse problema que todo ano nós constatamos aí dessas enchentes, e desalojando milhares de de famílias e deixando na miséria tanta gente. O governo olha com olhos tão complacentes, quer dizer, ma manda limpar o bueiro e manda limpar, o... como é que se chama, as galerias de água e fica nisso, se fala nessa canalização do Tamanduateí desde que me conheço por gente e, o que que foi feito, o que tem sido feito, qual é o empenho realmente que o governo esteja tendo em atender o homem, eu acho que muito po

SPEAKER 2: : () tipo de iluminação, ()

SPEAKER 1: : tal coisa, e eu me lo ### movo numa área pequena de São Paulo, Mônica, e numa área privilegiada. que é a Zona Sul. Evidentemente que essa essa zona melhorou, mas isso não constitui, a força de São Paulo. Eu não sou capaz de dizer para você qual é a situação de desses outros bairros, que da da... como é que chama aquele bairro, o Brás. Eu não sei em que condições está o Brás. E eu acho que o que pesa é isso, porque quem mora na Zona Sul é um é um... grupo muito pequeno, é um grupo de elite. Então, eu acho que é importante. Ibirapuera está muito bem iluminada. nove de julho está razoavelmente ilum... Bom, iluminação antiga, nove de julho, mas a da vinte e três de maio, por exemplo, é uma iluminação mais recente, bonita e... Mas eu acho que é pouca... é uma... é uma porcentagem tão pequena... Eu não sei o que o que isso representa em termos do do São Paulo. A periferia, por exemplo, eu tenho andado muito pouco na zona do ABC, mas aí já já nós estamos fugindo de São Paulo né, porque são outras prefeituras. Então, e essas regiões parecem que estão bastante beneficiadas. Mas, realmente, eu não teria condições de dizer para você em que situação está o Brás, a Moca, o Bom Retiro, etecétera. Mas, de uma maneira geral, eu tenho a impressão que sim, que houve melhoria disso, n nesse setor. Conquanto eu moro numa rua que não (risos) tem iluminação. e que é em pleno aeroporto, nem calçamento, nem iluminação. Atrás do Jumbo, aero

SPEAKER 2: : porto. É um problema geral. E a respeito da limpeza pública, pelo menos na sua área, acha que a mudança de recipiente de lixo teria melhorado, facilitado? Acho que sim, eu acho que sim,

SPEAKER 1: : ### Humanizou, pelo menos o mais, o serviço também dos homens responsáveis por essa parte da por esse trabalho em São Paulo né, porque, então, apenas recolhem aqueles sacos plásticos e jogam dentro daqueles caminhões que vão triturando o lixo. Eu acho que o aspecto, nesse ponto da cidade, também foi mais beneficiado, desapareceram aquelas latas feias encardidas de de lixo. Eu acho que, sob esse ponto de vista, ãh... a cidade se beneficiou, mas a bolsa do indivíduo deve ter sido mais onerada, porque é caro um pacote de saco de lixo, de plástico, está a razão eu acho que de oito cruzeiros e pouco, vinte unidades de quarenta quilos. Então eu acho que cai novamente na tal história da Zona Sul. Eu não Eu não não sei o que está acontecendo nas outras partes de São Paulo, se isso é obrigatório também para os bairros mais modernos, eu creio que não, porque dificilmente uma família que vive de um... de oitocentos cruzeiros, um milhão que seja com a participação de marido e mulher, se cabe dentro do orçamento dessa família a compra semanal de de sacos de l de lixo plástico.

SPEAKER 2: : ar alguns tipos de agressões físicas que normalmente ocorrem na cidade grande? Em que sentido?

SPEAKER 1: : ###

SPEAKER 2: : Agressões físicas que ocorridas na rua... Eu acho que é trânsito. É

SPEAKER 1: : Trânsito sempre é o maior responsável ãh... por esse tipo de de coisa. Os indivíduos se impacientam. e ficam nervosos e se agridem oralmente ou mesmo fisicamente. Eu acho que o... as a... as condições de vida na cidade têm concorrido para que haja... Agora, tem uma coisa, eu não sei se o indivíduo atualmente ele é mais agressivo ou se simplesmente os meios de informação melhoraram, então você tem mais ã condições de de saber de coisas que acontecem. Talvez fosse isso. É muito comum a gente ouvir de uma pessoa mais idosa, dizer ah mas antigamente não acontecia isso. Possivelmente, simplesmente era uma questão de comunicação. Como a comunicação era mais difícil, eles estavam menos a par das... Quando tiver visita, Sebastiana sirva a visita primeiro () Mas todo dia se presencia. Onde quer que se ande, a gente presencia esse tipo de de agressão, de trânsito e e... agressão de tudo, não? Ah... A propriedade particular, a residência que é invadida, o homem que é agredido na rua, são os trombadinhas, é tudo Todo resultado dessa dessa vida meio meio louca que se está tendo em em São Paulo, tipicamente fruto de uma grande cidade, né? que cresce da da, como eu estou dizendo a você. Eu acho que cresceu sem planificação, sem estrutura básica, sem coisa nenhuma,

SPEAKER 2: : não? Pensando um pouco na dinamarca, que foi sua grande vivência, que tipo de agressão vivenciaríamos lá? Não não tem nenhuma, quer dizer, eu particularmente não

SPEAKER 1: : Não tem nenhuma. ### Nunca me defrontei com problema, nenhum () Toda vez que tive que me locomover, me locomovi com muita segurança, ainda que de noite, sem receio nenhum. Nunca me lembro de ter tido receio de tomar um ônibus à noite e, por ser tarde da noite, ter receio que a me acontecesse alguma coisa. Onde, por exemplo, saindo de uma rua que é Peixoto Gomide, aqui em São Paulo, ainda levamos um susto danado. Na hora que íamos tirando, o carro estava estacionado na na guia né, e no momento em que nós íamos tirando o carro, um carro parou ãh... paralelamente ao nosso, bem próximo ao nosso. Três indivíduos dentro do carro. Minha primeira sensação de tanto que se ouve falar, de tanto que se comenta, de tanto que se lê todo dia no jornal, que acontece isso, que acontece aquilo, a minha sensação exata é que nós estávamos sendo assaltados. No entanto, o indivíduo queria s, apenas saber onde era o hospital maternal, mas a nossa reação foi de pânico na hora que o carro encostou e que os os indivíduos abaixaram o vidro do carro. Tudo isso já (risos) já concorre. Agora, na... nos outros países latinos, europeus, Eu acho que, em termos pelo menos de de trânsito, as agressões são tantas quanto aqui. Em Paris, a gente vê vê muita gente a gritar, vociferar ah... na rua, caluniar a qui, até quinta (risos) geração né É muito semelhante aqui ao ao nosso problema né. Mas, na na Dinamarca, é um paralelo muito difícil de a gente traçar, porque todas as condições são tão diametralmente diferentes da gente. É difícil ag se se tentar fazer qualquer comparação. O tamanho da cidade né, o... o nível de cultura que o povo tem, no estágio atual. Por outro lado, parece há que muita gente insatisfeita também. com tanta regularidade, com tanta sistemática, com tanta coisa... uma sensação de uma certa frustração, porque relativamente pouca coisa resta à iniciativa particular. O Estado já tomou tantos cuidados, já previu tanto, já se antecipou tanto que ao indivíduo resta realmente pouca criatividade. Não podemos descansar um pouquinho, tomar um café?

SPEAKER 2: : A respeito de comércio, () eu queria que você tivesse uma opinião do nosso comércio ()

SPEAKER 1: : ### Comércio de...?

SPEAKER 2: : Lojas.

SPEAKER 1: : Tipo loja? Olha, Mônica, eu eu... tenho habito há muito tempo que já não tenho mais uma costureira, de modo que me sirvo ãh... das lojas do, do shopping. ali da da Augusta, e de vez em quando faço umas incursões muito tímidas, porque é um com um comércio que eu não conheço muito bem, é o da... aqui da Teodoro Sampaio né, mas predominantemente é o shopping e também é tem algumas lojas agora bem melhores ali no no Jumbo, ao lado do Jumbo. E como o o forte, digamos assim, do meu guarda-roupa é a roupa de trabalho, eu não tenho muito problema de de roupa, eu não... Resolvo via de regra os meus problemas da Marie Claire.

SPEAKER 2: : (risos) Que estabelecimento da senhora como dona de casa mais utiliza para o andamento? Jumbo Jumbo.

SPEAKER 1: : Jumbo porque é o... praticamente dois ou três quarteirões da minha casa, muito acessível. Com esse problema de trabalhar Primeiro que não é do meu... eu eu tenho que reconhecer que não é assim do meu feitio fazer muita especulação de de preço. Então, se eu tenho uma rede boa de supermercados, como é o caso do Jumbo, eu encontro um produto fresco, carne boa, bom. Verduras e frutas eu não compro no Jumbo. Isso eu compro na, em uma feira aqui. Há toda quarta-feira ali pertinho de casa. Mas os demais gêneros de casa, limpeza, mantimento maior, eu me sirvo do do Jum É muito muito fácil, muito acessível.

SPEAKER 2: : próprio bairro? () Não me locomovo.

SPEAKER 1: : é Fico ali na no Jumbo mesmo. Mesmo porque ah... ao lado do do Jumbo, você conhece o Jumbo Aeroporto? Aquele correio de lojas ali e tem farmácia, doutor show ãh... diaberg, de uma maneira... Ah, bom, também () aqui na boca, eu me eu uso bastante. É um comércio também bem bom, o da Joaquim Nabuco e muito perto também de casa. Porque eu disponho apenas, digamos, da manhã de sábado, né? E das horinhas quando eu saio daqui do do serviço com o tempo, de modo que eu não posso também me dar o luxo de de pretender comprar no, em algum outro lugar distante. Eu caio mesmo é no, no shopping Em joaquim nabuco, Even

SPEAKER 2: : tualmente rua algusta. E gêneros com pão e leite. A senhora

SPEAKER 1: : Leite nós ãh pegamos. Toda manhã pegamos num num empório. No meu bairro ainda existe um empório, então pegamos no empório que existe ali por perto. E pão, como todo mundo em casa a é de comer muito pouco pão, eu compro pão de centeio. No jumbo, uma vez por semana, três pacotes, ponho dois na geladeira e guardo um no... e com isso atravessamos a semana. Bom, e eu não adquiro quem quem se incube dessa parte, é o próprio Fábio, que é o caçula, que ainda está na faixa de precisar esse material, mas eu sei que ele recorre a... esses cadernos do do MEC, parece que ele compra ali na galeria Prestes Maia, se não me engano, compra assim meio por atacado.

SPEAKER 2: : () vários tipos de agência, a senhora Se utiliza já ou já utilizou de algum tipo de agência? Agência do quê, Mônica? Qualquer modalidade, deixa eu só lembrar no momento. Várias via

SPEAKER 1: : Bom, as vezes que eu tenho saído para o exterior, eu tenho recorrido à agência. Agora, em termos de viagem é... aqui dentro do do país, não. Eu vou com a minha conta própria, chego no aeroporto, compro a passagem, ou então, se é viagem terrestre, inde independe-se disso. Não, não não tenho hábito. Realmente, não não posso dizer que tenha hábito de me servir de de agência. Nem para empregados? Ah, n Não tenho problema de, sou uma feliz paulistana nesse (risos) nesse ponto de vista, porque tenho uma pessoa que me serve há mais de vinte anos, está comigo há mais de vinte anos, e... essa é efetiva, mensalista. E depois eu trabalho na base de diarista, então tenho uma passadeira que também me serve há mais de doze anos e uma faxineira, também diarista e... Eu acho que é o tipo de de or de organização com a qual eu me dei melhor. Com esse problema de ficar fora de casa, eu tenho só, então, essa Aparecida aqui é efetiva e as demais vêm assim por dia, não não dão dor de cabeça, não dão nada, são antigas também. Aí também sou um mau modelo, porque constituo um... uma excepção, porque via de regra todo mundo luta muito com o problema de doméstica e e eu, felizmente, não tenho.

SPEAKER 2: : () (risos) felicíss ### pessoal que opera no comércio, você teria algo a falar? As atitudes, o modo de atender

SPEAKER 1: : ãh... eu a cho que, fazendo exatamente uma exceção para esse tipo de de loja um pouco mais, assim superior que se usa, tipo Marie Claire ou qualquer loja ali do ce, do Center, eu acho que já existe um bom atendimento por parte das vendedoras ãh... do papel que elas devem desempenhar em relação a quem está comprando. Mas se você fizer tentar fazer um termo de comparação, por exemplo, com o atendimento que você recebe na na Europa, é muito deficiente né O clássico bom dia senhora, em que posso servi-la, isso não existe de forma nenhuma. Quer dizer, via de regra, eu que entro, eu que cumprimento e que peço a mercadoria que eu quero. Espontaneamente é, é muito difícil que elas se levantem ou saiam de trás do do balcão para oferecer qualquer coisa ou tentar cativar o... o freguês ali em potencial. Acho que já melhorou, mas ainda não não tem aquele bom atendimento de classe eu ropeu não tem.

SPEAKER 2: : () Para finalizar, a senhora poderia nos descrever o tipo de cidade ideal na sua opinião? Bom... Sou da cidade

SPEAKER 1: : Bom, a cidade ideal para para trabalhar eu ainda acho que é São Paulo. Mônica ainda acha que a... aqui estão um grande mercado de trabalho, grandes opções, mas em termos de cidade ideal para morar, para desfrutar a vida, e... eu acho que qualquer cidade pequena nossa do interior, de vida sossegada, agora tem um um condicionamento que a família faz que é difícil, de né.. de se conseguir. O marido, por exemplo, faz muita questão de morar numa cidade futuramente onde haja água, porque gosta de vela, gosta de esportes ãh... náuticos. Então isso fica meio difícil, porque restringe muito a sua opção. Teria que ser Santos ou coisa que o valha e eu não gostaria de forma nenhuma de sair de São Paulo para morar em Santos. E também para morar numa cidade litorânea, mais afastada, como seria do meu gosto, Também cria um problema de locomoção para os filhos, então você tem que abrir mão de, de estar podendo vê-los a todo instante. de distância, mas em termos assim de poder fazer uma opção, não precisa nem ser cidade. Um lugarzinho qualquer, uma praia aí distante e isolada, se se pudesse pensar em termos assim de aposentadoria, de não poder, de não precisar mais pensar no ganhar pão do dia a dia, o que é muito difícil né, eu gostaria de poder ir para um lugar desse. Aí conciliaria o interesse do marido, que gosta de E o meu que gostaria de ter uma assim vida bem, bem sossegada, bem à vontade, bem despreocupada de dessas coisas todas que no momento não se tem condições de... de de não se preocupar com elas, tal tal seja, ganhar vid da e prover aí a subsistência você agora já está transpondo aí o problema para a... para a Europa? Bom, não moraria em nenhuma grande cidade também europeia, nenhuma das capitais, nem nada. Talvez exatamente exceção feita a a... as da Escandinávia, e ali especificamente Copenhague e Estocolmo, que como são cidades ainda relativamente pequenas, com um milhão e pouco de habitantes, ãh Estocolmo nem chegando, eu acho que é um milhão, ainda a vida é perfeitamente vivível né, mas não ãh... mas não em termos, por exemplo, de de eu me aposentar e ir para um lugar desses. Aí seria em continuidade o que se faz aqui. Apenas sair de um centro muito grande, muito tumultuado, como é São Paulo, e ir para um centro um pouco menor, mas também movimentado. mas se fosse para fazer opções em termos de... é e, não tem que pensar em, em ganhar pão. Para onde você iria? Muito certamente ou para o interior da França ou para o interior da Itália.