Inquérito SP_DID_294

SPEAKER 2: : ###

SPEAKER 0: : já foi já foi bom. Hoje é uma cidade muito desumana, que não... ahn éh que evolu evoluiu sem ter estrutura básica, não é? E E ahn falta também de planejamento. Então, é uma cidade muito muito cansativa. A Agora... Também éh acho a vida em São Paulo bastante cara, comparando relativame comparando relativamente com a de, por incrível que pareça, comparando com a com o vida o em outros países, eu acho a vida em São Paulo cara, mesmo pagando o dólar ao preço que se paga hoje. porque a gente eu já tive a oportunidade de de viajar algumas vezes. E estive três vezes na Europa, uma vez nos Estados Unidos. () E Estive e e achei, por exemplo, eu tive também uma bolsa de estudos na Inglaterra, do Conselho Britânico, E e lá eu achava que, apesar do dólar caro, a gente pa, relativamente, a vida era mais, eu acho, mais em conta que em São Paulo, por incrível que pareça. Mesma ali mesma alimentação. Na Inglaterra, por exemplo, as frutas são importadas praticamente, né, com aquele inverno que eles têm e tudo. A A gente ainda compra conseguia comprar uma fruta relativamente pelo preço da fruta que a gente compra aqui, num país que tem fruta de tudo quanto é lado, né? Por exemplo, vem fruta da Argentina aqui mais barata que a fruta nacional. E Então, isso eu acho. que é uma coisa que eu acho eu acho uma pena, né? A Agora, também acho que o governo São Paulo cresceu demais, aliás, o prefeito diz que São Paulo devia parar de crescer, eu concor, o prefeito Figueiredo Ferraz, eu concordo plenamente com ele, desde que não haja, porque não há essa infraestrutura, não é? E eu acho também falta de planejamento do governo central. Outra coisa que eu acho, agora vocês estão fazendo uma uma uma entrevista para procurar uma norma padrão, não é? É de linguagem. Então e Eu acho os programas de televisão têm muita responsabilidade ne nessa questão e eu tenho ficado isso realmente espantada com o que eu vejo hoje nos programas de televisão, nas no novelas, que usam uma linguagem que eu acho que, em vez de ahn fazer com que o povo se eleve, ele abaixa o nível cultural da população. Por exemplo, e e e eu posso citar essa novela, Um Dia, o Amor, que aquela mo ah uma das moças, uma das atrizes usa a palavra, toda hora está usando a palavra poxa. E E e e ma e até coisa... () É, pois é. Imaginem que, quer dizer que então, eu acho que eles deviam tomar mais cuidado, quer dizer, deve não sei se do trabalho de vocês pode sair alguma coisa nesse sentido, inclusive de influenciar futuramente, os canais competitivos de televisões, et cetera, não é? E que curem melhorar a linguagem também nos programas de televisão, não é? E eu Não, não é que a gente seja também quadrado ou para trás, mas eu acho que ainda devia-se procurar falar bem, falar adequadamente, e não usar só gíria, como legal, e como, né, poxa, e da e daí esses termos que a gente vê. Eu acho que a mocidade de hoje não não sabe mais falar português, um português bonito. Não acho que já seja questão só de defasagem, mas eu acho que é uma questão de de não procurar melhorar mesmo. Quer dizer, os professores, não sei, nas casas, todo mundo acha que é bonito, que é não ser para trás, que é ser para frente, usar essa linguagem. Para para se sentir atualizado, mesmo os mais velhos preferem falar uma língua falar a gíria atual da mocidade. Com isso, eu acho que ninguém progride, não é? No modo de falar, no modo de falar um português mais bonito, não é? E j Já não digo mais bonito, mas pelo menos um português normal, correto.

SPEAKER 2: : Não é? Mais refletivo. Não é?

SPEAKER 0: : Ago

SPEAKER 2: : que São Paulo abarca, já que a senhora tocou no ponto da língua, o que que poderias falar das nossas instituições culturais e artísticas? Ah sim. Bom as

SPEAKER 0: : as nossas, ahn bom as o, em que

SPEAKER 2: : Pode citar e e dizer como elas estão se desenvolvendo em São Paulo, se estão adequadas para grande população, o nível?

SPEAKER 0: : É, eu prefiro falar sobre coisa que eu me lembre na hora, né? Pode ser geral. Bom, as institu bom é as nossas éh o e a U a USP, não é, como instituição cultural, acredito que os professores procurem dar um melhor... são de bom nível, de um modo geral, e procuram acompanhar a evolução. Agora, hoje há uma série de até tem saído nos jornais, há uma série de... de () É sé é uma uma oposição, não é, a aos critérios, às vezes seguido, principalmente na parte de exames, né, exames de admissão à universidade. o critério desse exame a moderno de só não ter redação, agora já foi incluído de novo a redação, não é? O que de fato é bastante necessário, porque nós temos visto inúmeros alunos que entram na universidade e não sabem redigir, não sabem falar português, chegam a fazer erros, às vezes até de grafia. Então, eu acho indispensável que éh volte as instituiço volte a o exame de redação do português, mas parece que isso já está decidido, né? E eu acho que devias haver exame de cultura geral, tudo mais mais amplo. M Mas, de fato, é difícil a gente poder julgar o critério, porque com um número enorme de concorren se fosse fazer o exame como se fazia antigamente, acho que precisaria dias para os professores também corrigirem, não é? As provas. Então, tem esse problema tamb

SPEAKER 2: : ém, não é? E demais instituições artísticas, senhora acha que São Paulo está bem servido no momento?

SPEAKER 0: : São Paulo tem, eu acho que com o museu, assim, o Museu de Arte de São Paulo, do Assis Chateaubriand, que é que foi fundado por pelo Assis Chateaubriand, eu acho um museu muito bom. M Muito bom na parte de pintura, ele tem uma coleção maravilhosa, ahn conseguiu obras muito boas e é bom Naturalmente, São Paulo está servido relativamente, se a gente comparar com outros centros. mesmo com a própria Buenos Aires, né, que tem talvez a parte cultural assim, a parte artística de balé, de teatros, eu acho que Buenos Aires ainda está mais bem servido do que São Paulo. Mas Está servido relativamente. E quanto às áreas verdes? Ah você tocou no a Agora sim você tocou num assunto bastante interessante. Quer dizer que a gente tem vontade de falar. (risos) Eu acho São Paulo muito mal servido com essas áreas verdes. Isso eu acho uma a Acho que é não sei se é a pior cidade do mundo servida em áreas verdes. É É uma coisa tenebrosa. Eu acho que deviam mandar os nossos homens públicos, os os nossos homens enge os nossos engenheiros, arquitetos, fazer estágio nas cidades civilizadas, do ahn do mundo, da Europa, para ver o que é o que são áreas verdes. Devia haver mais espírito de, mais conscientização do homem público e mais espírito coletivo do homem público para que ele me melhorasse a imagem da cidade nesse sentido. A Agora, É uma coisa horrorosa a gente dizer que tem que eles acham esse Ibirapuera, né, citam o Ibirapuera, por exemplo, mas é uma coisa medonha o Ibirapuera. Não tem nada, deixam aquilo a mal cuidado, aquelas águas paradas, o verde ali não é cuidado. Então a gente vai Qualquer cidadezinha da Europa tem jardins e mais jardins. Mesmo cidades as grandes, enormes, por exemplo, como Londres, que é uma cidade de treze milho Estou falando de Londres porque, por coincidência, eu por coincidência, eu tive fiquei lá quatro meses. E Então, é um me sinto mais à vontade de falar de lá. Mas e Então, é uma cidade grande, com treze milhões ahn de habitantes. É a a cidade mais cosmopolita do mundo, eu acho, Londres. porque ela ah tem gente lá de de paí os países africanos, por causa das ex-colônias e da da Índia também, não é, então você vê muito hindu, vê muito africano, e e pe ahn pessoas de toda parte do mundo. Então você Mas você vê então aqueles parques, você entra, sai de uma rua, de repente, você já encontra uma pracinha toda verde, cheia de folhagem, Então, quer dizer, agora aqui não. A Aqui é uma se São Paulo é uma selva de pedra, realmente, né, uma selva de pedra. Então, eu acho realmente eu acho São Paulo pessimamente servido em questão de área verde. A Acho que devia... ser feita uma campanha no nesse sentido, mas uma campanha mesmo de que a haja melho haja ahn que os os que os homens públicos reformem essa, façam uma reformulação no seu pensamento para que e ponham em prática. Não não no pensamento, põe em prática realmente. Eu não estou empregando bem o termo, mas ponham executem, não é, essa pla Não façam só planos, Mas executem depois (risos)

SPEAKER 2: : acha que o traçado de São Paulo também dificulta a execução de áreas verdes? O ou a senhora não associa que é o traçado de São Paulo? Bom

SPEAKER 0: : Talvez. É É válida a sua pergunta. Talvez o traçado de São Paulo dificulte um pouco, sim, porque São Paulo é é horrível. É horrível São Paulo, sim, o traçado, depois tem muito so muita ladeira, não é, muito sobe e desce. Não tem dúvida nenhuma que eu acredito que dificulte. Mas, independente disso, eu acho que podia ser feito, porque dependeria de de boa vontade, de de planejamento, de boa vontade e de execução, inclusive, de de energia na hora da execução. Porque chega um quarteirão, eles resolvem fazer, vê aquela Alguém do quarteirão grita ou dá uma bola, usando (risos) ou dá uma propina, então eles éh desistem, não é? Ou há uma grita no jornal, então eles desistem. Mas eu acho que não. Que de que Quando deve ser feito, éh com boa vontade, de determina, e há a possibilidade de você, por exemplo, nem que você tenha que que desapropriar e tudo, Eu acho válidas as desapropriações ahn desde que justas, que remuneradas à altura do do valor do imóvel, eu acho bastante válidas as desapropriações para fins de éh benefício para a cidade. Mesmo agora o caso, por exemplo, da escola normal. Não sei se você está sabendo que há então há uma briga, me parece, Uns acham que a escola normal é um monumento, né, que deve ser tombada, que é uma judiação derrubarem a escola normal, mas po fa fazer uma das estações do metrô. E Eu, pessoalmente, a rigor, sou a favor que ti que tirem a escola normal de lá. Porque, se realmente fosse uma coi de um valor como tem na Europa, coisas realmente, né, prédios de mi quinhentos anos, et cetera, ou de valor cultural muito grande, mas aquele prédio da escola normal não tem nada, ah realmente não tem nada de especial. E Eu, pessoalmente, eu não acho que tenha nada de especial artisticamente, nem nada. E ali é necessário fazer uma estação pa ra. Aí, sim, questão de progresso, Então, precisa ser uma estação a altura com tudo, né? Há ahn Os que alegam, acham que as estações podem ser apenas subterrâneas, né, mas eu mas eu acho que não, que é válido a que a a a intenção da prefeitura de derrubar lá para fazer uma estação. Então, eu sou contra. Aliás, outro dia, estiveram os amigos do papai pedindo para ele assinar um documento, estiveram em casa dele pedindo para ele assinar um documento, contra a derrubada da escola normal. Até eu disse ao meu pai, não assine agora (risos) Não sei se ele ia assinar como deferência ao amigo, mas eu sou con eu sou a favor. Até, por exemplo, a Igreja da Consolação, eu por mim teria tirado. a Igreja da Consolação, do lugar que ela está. Porque eu acho que ali deveria fazer um bonito... Ah ali, esses lugares todos podiam fazer área verde. Por exemplo, nem uma pedra, né? Está tudo branco ali, onde é a Conso a Igreja da Consolação. Por que que não faz uma área verde ali em cima, jardins e tudo? Quer dizer, qualquer espaço, você querendo, você dá para se fazer uma área verde. Qualquer espacinho Agora, devia abrir espaços mesmo.

SPEAKER 2: : ### E quanto ao nosso trânsito? A

SPEAKER 0: : Ah, também é Você está tocando nos pontos os pontos mais mais, quer dizer, mais mais difíceis (risos) mesmo de São Paulo, né? O nosso trânsito também eu acho horrível, né? Aliás, já diversos técnicos já esti estiveram aqui, né, até ingleses e tudo, que falaram Eu acho o nosso trânsito também péssimo. Também en Entra outra vez a questão da do traçado da cidade, n é? Ah éh dificílimo. Eu acho um problema dificílimo na na Não () não sei como vai ser resolvido isso aí. Eu acho que e tem gente que tem esperança que o metrô resolva. Eu tenho a impressão que nem com o metrô (risos) Mas, em todo caso éh é é, eu acho que aí tem que fazer também me é é a Neste caso, eu acho que tem que adotar medidas drásticas, desde que que válidas. Por exemplo, na questão da da Paulista com a Augusta a Rua Augusta. A Ali eu acho indispensável fazer uma uma dua passagem de nível. Fazer uma passagem de nível, quer dizer, na Augusta com a... Talvez, eu não conheço a fundo, não sou arquiteta nem nada, talvez o po o projeto do Figueiredo Ferraz, que foi combatido e não f não foi para frente, que nos assusta realmente, porque seria também bastante feio a Avenida Paulista com dois planos, né? Era um plano embaixo e um plano em cima. Quer dizer, ia ficar uma coisa meio assim. Mas talvez seria uma coisa... Seria a a uma um um proj um plano que um projeto que pudesse aliviar o trânsito. Porque aí haveria as passagens de nível em todas as transversais, não é? Como aqui nessa na na para aqui nessa árvore da entrada da cidade universitária também. A a Agora está razoavelmente bom com a questão da sinalização que eles fizeram, está bastante ampla as avenidas. Mas também é um lugar que podiam fazer facilmente, porque tem espaço, passagens de nível. De modo que eu acho o acho que esse é o problema mai o problema mais difícil de São Paulo, é o trânsito.

SPEAKER 2: : E a iluminação pública tem melhorado?

SPEAKER 0: : Eu acho que tal A que sim. A iluminação pública eu acho que t

SPEAKER 2: : em melhorado. E a o aspecto da limpeza pública?

SPEAKER 0: : Eu acho ainda bastante deficiente a limpeza pública. E E aí entra também a parte de educação do povo, que eu acho o nosso povo o e o é não es não tem, infelizmente, o povo brasileiro ainda não é educado, ah não e não é realmente educado para ter manter a cidade limpa, e o o pessoal das companhias de prefeitura e companhias que fazem a limpeza também não tem consciência, e aí entra muito essa par, a educação envolve tu Inclusive a parte de consciência, né, não sei se você concorda comigo. Porque a pessoa que tem é é que é bem educada, entra também a parte da consciência, então ela não vai não vai jogar um negócio, po não só porque suja, mas porque éh é porque suja, porque ela sabe que vai fazer um... vai deixar a cidade feia, ou vai prejudicar o aspecto, ou a pessoa o empregado da limpeza, ele vai lim mesmo que aquilo não é porque não é dele particularmente, ele vai limpar porque manda que a consciência dele manda que ele tem que fazer o serviço dele em ordem. Agora, o que você vê na Suíça, por exemplo, ninguém... Na Suíça, em diversos lugares da Europa, agora não todos, aí também entra. Então você tem lugares de Londres, de Paris, bastante sujo. Paris, o metrô, a última vez que eu fui, também estava uma coisa horrorosa de sujo. Tem quando... A a aquela é época dos hippies, na Europa, que hoje já diminuiu, praticamente não tem mais, Mas em sesse mil novecentos e sessenta e sete, então, aquelas praças, Trafalgar Square e uma praça lá em na Holanda, em Amsterdã, então, você via uma sujeira também inacreditável, viu? (risos) Aí dava Dava para nós, brasileiros, nos consolarmos e (risos) M Mas o que o que não justifica, não é? O que não justifica. Agora, então, você vai, à por exemplo, à Suíça, Portugal, que era limpo, não sei como está agora. Então, você vê ninguém, mas ninguém, sob hipótese nenhuma, joga nada na rua. Todo mundo vai jogar na na cestinha, na, onde é apropriado, a ponto de de os suíços, quando saem com seus cachorros, se o cachorro fizer sujeira na rua, ele recolhe ele recolhe e guarda E vai jogar no cesto. De modo que é uma coisa, é a a limpeza mesmo, né? Todo mundo contribui. A Agora, aqui, Agora, São Paulo ainda é mais limpo que o Rio de Janeiro. A Agora, não sei. Depois, agora com a reforma, o Rio também tem melhorado, né? O Rio de Janeiro. Também tem melhorado a parte de limpeza. A Aliás, o Rio de Janeiro, para mim, é uma das cidades, ou a cidade mais bonita do mundo. (risos) Agora, falar um pouquinho bem, né? A gente só fala.(risos) Falar um pouquinho bem, realmente, o Rio tem tudo, n é? A entrevista é para falar de São Paulo. Eu sou paulista, bem bem mas o Rio de Janeiro é a cidade mais bonita do mundo, porque ele reúne tudo, né? Ele reúne a beleza, a a a a bele o mar, as montanhas, a floresta da Tijuca atrás, quer dizer, ele, a topografia, que é inigualável, a topografia do Rio de Janeiro, compo o o recortado de de morros, ali do Pão de Açúcar, do Corcovado, Agora, aquela ponte Rio-Niterói, que é é a uma das primeiras do mundo, né? Então é mu Realmente, o Rio de Janeiro é, como diz aquela música, cidade maravilhosa.

SPEAKER 2: : A senhora se adaptaria fácil à vida lá no Rio? A

SPEAKER 0: : A vida no Rio? Não sei Não sei se me adaptaria fácil. () De fato, agora é eu acho linda a cidade, mas talvez a gente, como paulista, que tem um modo de vida tão diferente do carioca, não é? O carioca leva tudo muito mais com muito mais displicência, com muito mais desafogo, não é? E nós, paulistas, somos muito mais preocupados, levamos tudo mais a sério. De modo que, realmente, a vida lá eu não sei se me adaptaria. (risos) Talvez não. (risos) Onde eu me adaptaria, se eu tivesse que escolher um outro lugar para morar, seria a Inglaterra. Aí sim, gostei demais da Inglaterra, gostei demais do povo inglês, povo muito bom, muito prestativo. Ele não é solícito como nós brasileiros, mas ele, se você precisar dele, ele é prestativo. Então porque a gente sempre pensa que o inglês é muito frio, né, que não toma conhecimento. Mas eu tive uma experiência muito agradável. Não sei se foi coincidência. Talvez outros não tenham tido a mesma experiência que eu tive, né? E eu gostei demais. Depois lá também a parte cultural é muito grande, né? E Eu acho até maior que na França. Tem gente que acha que na França... A França tem muito essa parte de shows. Não é? Lá também tem. M Mas a parte de museus, de orquestras, de balés. A França também tem, mas acho a Inglaterra tem mais ainda essa parte cultural, né? Então a Eu gostei demais da e tenho a impressão que eu, eu se eu tivesse que morar, eu gostaria de morar na Inglaterra.

SPEAKER 2: : É uma boa escolha. (risos) E quantos aos tipos de agressões que nós, moradores de uma cidade tão enorme...

SPEAKER 0: : A humanidade toda está ficando agressiva. Né? Ela está chegando num estágio de agressão que eu não sei a gente. Mesmo lendo a história da civilização, eu não bom a humanidade acha que é o que é sem, desde que o mundo é mundo. Mas, em todo caso, eu tenho a impressão que ela está chegando em um estado de agressão nunca visto. Não sei se no os estamos. Os astrólogos diz que nós estamos numa fase de mudança de era, né, que vai (risos) haver aí uma catástrofe para depois entrar outra era, não sei se é isso. que no fim dessa dessa dessa fase, dessa era, então o povo ia ahn... todo mundo ia ficar muito agressivo, né? M Mas eu, de fato, é a agressão, éh eu acho que é ge é geral e já é des individual, né? Já parte do indivíduo para pa para ir para o coletivo, para a ir para o geral, né?

SPEAKER 2: : E a senhora, pessoalmente, sofreu algum tipo de agressão física?

SPEAKER 0: : Agressão física? Fí sica, bom propriamente não, mas eu já fui assaltada a mão armada. Ah é? J Já.

SPEAKER 2: : Conte-nos como foi. (risos)

SPEAKER 0: : Eu já fui assaltada a mão armada, uma vez eu estava aprendendo a guia automóvel e estava dirigindo, era a terceira ou quarta vez que eu estava dirigindo, estava na direção e eu não percebi que eu estava sendo seguida. Depois, quando eu fui encostar o carro em casa de minha mãe, eu estava encostando assim devagarinho, com medo ainda, né, de guiar E, quando eu para espanto meu, eu vejo parar um Volkswagen vermelhinho do meu lado, e eu pensei que iam me perguntar qual é a próxima esquina. E m Mas aí veio uma moça e três rapazes com um revólver, puseram um revólver na na na na meu no meu pescoço. Pediram para mim deixar a chave na direção, que eles iam levar o carro. E eu fiquei atônita. Sabe, eu nem nem sei qual foi a minha sensação. Eu nem acreditava o que estava se passando. Que eu não fiquei Na hora, por incrível que pareça, eu não fiquei nervosa. E E eu dei dei a cha, deixei a chave, deixei eles levarem o carro, né? Uma semana depois, eu achei o carro. Quer dizer, foi um susto muito grande. Eu fiquei traumatizada uns dois meses, porque eu depois não pude ter automóvel durante uma temporada, porque eu tinha a impressão sempre que eu estava sendo seguida, sabe? Mas Então, eu já sofri esse esse tipo de de agressão. Deve ser horrível. (risos) E hoje em dia me, toda hora você vê alguém dizer que foi agredido, alguém dizer que foi assaltado. Meu pai já, diversas vezes... Como é que chama esses menininhos que... Trombadinhas, os trombadinhas na cidade já tentaram algumas vezes ahn vê pessoa de mais idade, que é meu pai, né, já tentaram mais de uma vez agredir papai, uma vez meu marido, quer dizer que hoje é está ficando comum. Então, isso também eu acho outra co bastante triste e é uma coisa também, é outro problema difícil, aliás, é um problema das grandes cidades, não é um problema só de São Paulo. E Então, problema difícil também de resolver, né, que também as autoridades deveriam estudar melhor.

SPEAKER 2: : A senhora acha que o aparato policial tem melhorado nesses últimos tempos? A

SPEAKER 0: : Acredito que Talvez sim. A Agora... Acho que do e e aí está uma coisa que eu acho que o governo também devia dar maior apoio, não é? À à parte policial, dar maiores verbas para aparelhar melhor o Corpo Policial de São Paulo, com via viaturas em ordem, ahn ahn me melhor treinamento, estudo, mandar policiais nossos, de melhor gabarito para o exterior, ver como é que funciona o corpo policial, por exemplo, os Estados Unidos e alguns alguns centros que eles achem melhor desenvolvidos e que vão fazer estágios e treinamento. Eu sou a favor de melhorar o nível do nosso prof do profissional em qualquer campo, desde que fora do Brasil. Não que no Brasil, eu acho uma maravilha. Quem estuda e se esforça, por si só, pode se fazer muito. NÉ? Tem tanta gente autodidata, inclusive, de um valor extraordinário. M Mas eu acho que, às vezes, a gente pode apren A gente está pode sempre aprender, né? E, naturalmente, você tem que tentar aprender com aqueles que já têm um negócio melhor organizado do que a gente. N

SPEAKER 2: : né? Verdade (risos) E passando um pouco para o comér

SPEAKER 0: : Ah, pois não.

SPEAKER 2: : Que tipos de lojas a senhora mais utiliza nas compras diárias?

SPEAKER 0: : Bom, éh no comércio, a gente eu utilizo na parte, evidentemente, de do provimento da casa, os supermercados. Po éh Utilizo muito supermercados, dada a facilidade, não é, que eles oferecem, tem um pouco de merca eles têm um pouco de cada mercadoria, e estão hoje eles abrem num horário bastante amplo, né? Então, facilita muito a dona de casa. Agora quanto às lo lojas, éh é é muito variável, sabe? o que eu utilizo Em que sentido você quer dizer de lugar determinado. É uhn lojas mais específicas e que prestam serviço para a dona de casa? É, bom a. Para roupa. É. Para a ro É, para roupa, por exemplo, ahn é eu compro, assim, por exemplo, alguma boutique do shopping center, às vezes, eventualmente, da Rua Augusta. Olha, eu não tenho assim preferência, viu? Pinheiros, né? Em Pinheiros. Não tenho muita preferência. Eu go o. Go acho. Gosto de comprar muito coisa prática, o pret à porter ou coisa prática. Hoje já não dá mais para você estar com essas roupas. Hoje é o pessoal se veste muito mais simplesmente, não é? Do que... Hoje você não faz um vestido quase rigor, porque você usa usaria tão pouco, não é? Só num caso de necessidade. Aí você vai mandar fazer especialmente um vestido, né? Mas é bastante raro. E depois sapato também, é tão variável hoje, né, tem tanta casa de calçado, né? O sapato brasileiro é muito bom. N é? A acho que é , olha, um dos melhores do mundo, o sapato brasileiro. E É muito bonito o sapato brasileiro. Aí i Isso sim, você não encontra sapato bonito assim nos outros lugares. Na Itália, na Itália tem sapato bonito, né? Mas são caríssimos.

SPEAKER 2: : E quanto as suas refeições são em casa ou a senhora faz fora? A

SPEAKER 0: : Ah, eu ainda faço muita refeição em casa, sabe? Nesse ponto eu sou bastante caseira e bastante conservadora. Eu gosto muito de co de comer na minha casa. Não sei se é porque eu também trabalho fora, e mais eu janto do que almoço em casa, então eu gosto ir gosto de jantar na minha casa, gosto de Domingo, por exemplo, eu dou prefe, todo mundo sai domingo por causa do problema de empregada, eu também tenho problema de empregada, mas eu prefiro almoçar em casa, nem que seja para eu arrumar, para deixar alguma coisa pronta, ou ainda ela fica um domingo sim, um domingo não, porque eu já almoço praticamente semana inteira fora, trabalhando assim.

SPEAKER 2: : Almoço aqui.

SPEAKER 0: : E e eu almoço ou na cidade universitária ou eu trago alguma coisa de casa, sabe? Eu trago alguma coisa. E E não sou muito dada a restaurantes, assim, gosto eventualmente, né? Uma vez ou outra. M Mas não sou, assim, de de diário, entende? De comer, assim, em restaurante diariamente, não.

SPEAKER 2: : É um pouco cansativo. É

SPEAKER 0: : É, eu acho cansativo.

SPEAKER 2: : Alguma outra loja específica para arrumar roupa? A

SPEAKER 0: : Ah, para arrumar? O Olha, isso eu não se. Eu e Eu vou ser muito sincera a você. E Eu praticamente não sei isso porque minha mãe costura muito bem. Então (risos), tudo que é negócio de arrumar roupa, eu corro para casa de mamãe. Então, não sei. Mas, outro dia, a mamãe me deu um endereço até, que ela foi via jar, disse olha, se você precisa de alguma coisa Eu não esto Ah me dê o endereço aí. Pops? Pops, qualquer coisa diz que arruma roupa, faz bainha de saia, põe zip Eu não sei, eu posso verificar, inclusive, viu? Que diz que tem agora tem. Não sei se é bem loja, que é coisa só de arrumar coisa pequena, viu? Que é uma coisa que às vezes oferece uma certa dificuldade, né? Porque ninguém tem. Uma costureira não vai às vezes estar querendo pregar um zip ou fazer uma bainha, né? Então, você fica dependendo, às vezes, de da boa vontade de... Ou você faz, se não souber fazer, você depende da boa vontade de alguém.

SPEAKER 2: : Né? E seu material de estudo, livros e material técnico, onde o senhora os

SPEAKER 0: : De de eu costumo adquirir, assim, em livrarias aqui de São Paulo mesmo, livraria Cosmos, livraria Pioneira ou em congressos. Nós temos muito congressos, né? Que ve congressos do da na nossa área que estão permene sempre apresentando trabalhos, não é? E então que atualizam ah o campo, não é? Então, a gente está Através disso, está acompanhando, né, o desenvolvimento da ciência biblioteconômica.

SPEAKER 2: : E a nossa cidade possui vários tipos de agência s. A senhora já se utilizou utiliza de algum tipo? Ah é bom eu

SPEAKER 0: : De agências, eu utilizo muita agência de turismo (risos) Não sei o termo. ### É, utilizo muito agência de turismo para viagens.

SPEAKER 2: : Deixa eu ver aqui mais tipo de agência. E para su para as funcionárias, para as suas empregadas?

SPEAKER 0: : Não, não utilizo. Não gosto de agência de agência de empregada doméstica. Tem Tive sempre receio. N Não sei se é fun se tem fundamento esse meu receio ou não, mas eu para, por exemplo, arrumar empregado, sempre prefiro através de pedido, sabe? Pedido com gente conhecida, que arrume empregado, através de conhecimento, assim. Porque a agência eu tenho impressão a, não sei, eu tenho impressão que põe, éh eu não sei, pode ser impressão minha, mas eu éh tenho um certo receio. Primeiro do de não vir uma pessoa E depo, apesar que elas têm ficha, tem tudo. E depois a agência é interessada, né? E Então, às vezes pode pôr empregada, amanhã vem outra e oferece mais. Tem é Ela ganha comissão. Tenho um certo receio que a gente vá investir mal e ficar sem empregada.

SPEAKER 2: : Então, eu prefiro... Então, senhora só utiliza de agência para as via

SPEAKER 0: : É, agência de turismo para viagem, porque sempre eu gosto de reservar, por exemplo, passagem, reservar hotel. Mesmo que lá, depois, os passeios tudo eu faço por minha conta ou outras coisas, eu já gosto de... Para não ter muita dor de cabeça, né, eu reservo através de agências de turismo, eu reservo as passagens e os hotéis geralmente.

SPEAKER 2: : É mais tranquilo, né? É. E sobre os seus pagamentos, normalmente onde são fei

SPEAKER 0: : meus pagamentos? eu f ah faço... você diz assim... Por conta própria? Não, eu faço também os meus pagamentos por conta própria. E Eu u utilizo ou pago diretamente com dinheiro ou pago com cheque também, né, porque hoje a gente tem muito medo de andar com bastan com mais dinheiro por causa de assalto, então uso também bastante o cheque, mas geralmente eu procuro fazer o pagamento diretamente. N Não uso esses cartões. A Ainda não uso, mas hoje tem muitos esses cartões de crédito e tudo, né? Ainda não tive tempo de (risos) de ver como é que eu... E as contas básicas da casa? As ah Qual? De luz, gás, telefone, as contas da casa? Bom, isso eu providencio Às vezes pago no através do banco, né é? Ene pe esse da empregada, tudo isso através do banco.

SPEAKER 2: : Mais sosse É. E sobre o pessoal que opera no comér cio? A senhora poderia falar alguma coisa? Bom é

SPEAKER 0: : Bom, eu a, o pessoal que opera no comércio, eu não tenho impressão que também aqui em São Paulo já melhorou bastante, não é? Éh porque antigamente eu achava que São Paulo, o pessoal que operava no comércio era mais mal educado, até que eu acho que não. E Eu acho que essa parte éh já melhorou bastante, não tenho Não tenho uma observação maior a fazer, não. Eu acho que é bastante razoável o pessoal que opera no comércio, de um modo geral, né?

SPEAKER 2: : E, de modo geral, para as suas compras, só retornando um pouquinho (risos). Ah n

SPEAKER 0: : Não, não tem problema.

SPEAKER 2: : A senhora fica no bairro ou se locomove até o o centro da cidade? É

SPEAKER 0: : Bom, eu não sirvo de base para ninguém, porque Se for preciso me locomover, eu me locomovo, sabe? Mas tenho a impressão que a maioria das pessoas fica num bairro, né? (risos) Eu já sou mais, gosto mais de especular, sabe? Não só por questão de preço, mas por questão de achar aquilo que eu quero realmente, né? Então, às vezes, eu me locomovo, se for preciso. M Mas, de um modo geral, evidentemen, a compras assim de casa, de provimento de casa, é sempre no bairro. Agora, se for uma compra, assim, um presente ou uma roupa éh às vezes, ou uma coisa de casa, assim, bom decoração, é relativo, né? Às vezes a gente se se locomova para ver uma fazenda. E n No fim, é bobagem, viu? Se for por preço, é bobagem. A senhora vai lá lá na vinte e cinco de março não não é mais barato nada.

SPEAKER 2: : E frutas e verduras, legumes, essa parte a senhora também adquire no supermercado? O

SPEAKER 0: : frutas e legumes, eu tenho uma facilidade de ter uma feira a um quarteirão da minha casa. Então, frutas e legumes, ahn normalmente eu compro na feira. Se bem que eu também já acho acho, para mim é muito cômodo isso, que é muito fácil, muito perto, e tem ba não não tem dúvida que a feira oferece maior varie maior variedade de escolha, né, para escolha. M Mas, Eu acho que a feira já é um sistema também ultrapassado, que precisa ser estudado, né, fazerem não sei se mercados distritais, porque feira éh atrapalha bastante, né, o bairro no dia que tem, né? éh Suja muito as ruas, fica aquele cheiro de peixe, atravanca o trânsito, né? Para mim é cômodo, como eu disse, É um sistema ultrapassado, que precisava ser também estudado de outra forma, não sei. Mas para as donas de casa, a maioria gosta. E eu Eu, pessoalmente, acho cômodo, mas não sei. O q ue pensam, geralmente, da feira? Go

SPEAKER 2: : tam, mas já acho que está um pouco ultrapass ado

SPEAKER 0: : Pois é, esse que é o problema. Então, aí entra a parte do sacrifício, né? Então, é isso que eu digo que tem que entrar. Se é para um bem maior, então a gente tem que pensar. Não adianta a mi a comodidade individual, mas nem que a gente vá ter que ir a outro lugar, um pouco mais longe e tal, mas tem que ir de acordo com com os tempos, né? (risos)

SPEAKER 2: : E para finalizar, gostaríamos que a senhora descrevesse o tipo de cidade ideal, na sua opinião.

SPEAKER 0: : O tipo de cidade ideal? É o Bom, teria que ser (risos) uma cidade mu é bom planejada, não? () O ideal seria que fosse pudesse ser planejada antes, né, como vamos supor, como Bra Brasília. Não que eu ache Brasília a cidade ideal. Lá também ficou muita coisa a dever, né, inclusive a pessoa que lá, não esqueceram do pedestre em Brasília. Brasília foi uma cidade planejada, com avenidas amplas, mas eles esqueceram do pedestre. Pedestre lá não tem vez para atravessar as ruas, era uma coisa medonha. Então, acho que a cidade ideal seria uma cidade planejada, com avenidas amplas, ahn e com todo o planejamento de trânsito, de áreas verdes, um número um número xis de população, né? E porque não e com pessoal sem poluição, não é? Sem fábricas totalmente retiradas éh do das redonde Com prédios, nã nada desses arranha-céus desse tamanho, absolutamente. Eu acho se que devia ter um limite à altura dos prédios, e e e a não só a altura, como a parte que rodeia o prédio. D Devia ter aqui essa lei do zoneamen pretendia ou pretende, não sei como é que está, fazer, quer dizer, só pode ser construído, a só se eleva de acordo com a área. Mas, mesmo assim, eu acho que devia haver devia ser maior isso do que a lei da, mais exigente do que a lei do zoneamento atual exige. Devia ser mais restritiva ainda. E não, ter um limite, por exemplo, os prédios, não tem nenhum mais de dez andares. E acho que isso, outra coisa que São Paulo é é uma questão inacreditável, né, que entra a fa parte da falta de consciência pública, do homem público. Éh Pre ahn na Rua Oscar Freire, por exemplo, foi construído um prédio que ele deve ter uns u uma zona que tem uma os prédios, uma média de doze Lá tem um prédio que deve ter uns trinta e cinco andares. Agora, como é que foi permitido isso? É é um pé até eu posso citar aí, se você ou alguém quiserem comprovar, é um prédio na rua Oscar Freire, entre a a Peixoto Gomide e a Alameda Casa Branca. E Eu não sei quantos andares ele tem, eu não contei, mas, para mim, tem uma média de uns trinta andares. E e é É um é um monstro, é um monstrengo ali, é um verdadeiro monstrengo. Quer dizer, eu acho que devia ser terminantemente proibido essas coisas. E Então, não sei mais, e que tivesse boas escolas, bons hospitais, não é? Toda a parte social também éh aparelhada, não é? A parte de recursos sociais pa aparelhada para atender a população. silêncio, que não toca a que não houvesse buzinas, barulho, obedecessem obedecessem aos às leis do silêncio, né, as construções começassem na hora certa, terminassem na hora certa, as construções em São Paulo, que fazem não é para trabalhar de noite, trabalham de noite, não é para trabalhar no domingo, trabalham no domingo. Então, quer dizer, o ti tipo de cidade ideal teria que respeitar todas as leis. (risos) homens que fizessem cumprir as leis e não sei se é isso que eu que

SPEAKER 2: : ### Que você queria (risos). Está muito bom, obrigada então pela s