SPEAKER 1: Elza, gostaríamos que você falasse alguma coisa a respeito de São Paulo. SPEAKER 0: Bom, acho que atualmente ãh a gente poderia dizer que São Paulo é uma cidade que realmente precisaria ir contra aquele slogan de que é uma cidade que não pode ãh não para de crescer, digamos. Eu acho que São Paulo precisaria parar um pouquinho de crescer. ou pelo menos fazer alguma coisa para que pudesse... uma série de problemas que nós encontramos pudessem ser ãh resolvidos. (risos) Eu acho que ãh para a pessoa, por exemplo, que depende apenas dos dos meios de comunicação, digamos que qualquer cidadão paulistano depende, São Paulo está ficando bastante difícil, no sentido de que é cada vez mais demorado você ter acesso de um lugar ao outro, se você, digamos, não tiver ãh condição própria. Então ãh, o tempo que as pessoas perdem para se locomover é muito grande. Mesmo agora, com as facilidades, digamos, do metrô, digamos que ainda é um uma faixa muito pequena que utiliza essa facilidade. Por enquanto você só tem a linha norte e sul, então desde que você vá a uma daquelas ãh estações, tudo ãh dá certo. Mas se você eh já depende de outros acessos, então é bem mais difícil. O tempo que as pessoas gastam é bem grande ãh só para se locomover. E isso se nós não contarmos ainda que qualquer imprevisto como, por exemplo, uma chuva maior como ontem, então esse tempo é triplicado. Ãh... Um outro aspecto que eu acho bastante precário em São Paulo é a parte, por exemplo, do lazer. Não que São Paulo não tenha áreas verdes, tem, mas em relação à megalópole que ela é, o lazer em São Paulo é muito limitado ainda. Eu acredito que talvez o pessoal ainda não ãh digamos os responsáveis ainda não tenham se conscientizado do quanto ele é importante numa ãh numa cidade ãh do porte digamos de São Paulo. ### é bem contrastante as limitações a que as pessoas estão sujeitas aqui em termos de lazer e nas outras cidades, as possibilidades que elas têm, principalmente se nós levarmos em consideração ãh que o lazer em São Paulo é, sobretudo, em circuito fechado, como eu diria, quer dizer, é um lazer geral confinado. O lazer em termos de área verde, de parques, enfim, mais em contato com a natureza, a menos que a pessoa disponha de um de um meio de transporte próprio e se locomova, aqui em São Paulo ele é bastante limitado. SPEAKER 1: E quanto às instituições artísticas e culturais que São Paulo apresenta? SPEAKER 0: Bom, eu diria que São Paulo nesse sentido, se nós formos comparar só em termos de Brasil, ele oferece bem mais que qualquer outro estado. Digamos que qualquer companhia estrangeira de teatro, se vem ao Brasil, nunca deixa de passar por São Paulo. Então, di digamos que você tem o maior número de opções em termos de vida cultural. Mas, em termos de... Se nós compararmos com outras grandes cidades, e não precisa ir muito longe, talvez o próprio Buenos Aires aqui é bastante limitado ainda. Digamos que uma pessoa que viva intensamente a vida cultural do país, chega a um ponto que aquilo que existe de mais representativo ela já viu. SPEAKER 1: Você que visitou e viveu em Londres, daria para comparar lazer em Londres e aqui? SPEAKER 0: Bom, para comparar, dá. Em primeiro lugar, porque Londres já tem uma peculiaridade muito grande dentro da própria Europa, que é dispor de um número de parques fora do comum. Então, digamos que praticamente cada bairro dispõe de uma área verde muito grande, onde a pessoa, depois de andar cinco minutos dentro daquele pa parque, ela tem a sensação de estar digamos, no campo. Tal o isolamento que ela se sente apesar de estar dentro da cidade. Quer dizer, o silêncio, ela não ouve se quer uma buzina de automóvel ou barulho de tráfego. Entende? Quer dizer que isso já é bem peculiar, a parte dos parques em Londres. Isso se a pessoa quiser um tipo de lazer assim mais ligado à natureza. Sem se nós formos falar então na vida cultural, eu acho que eles só têm como rival Paris. E você precisa, inclusive, lá, nesse sentido, ter um objetivo definido sobre o que você se interessa, porque é tal a ãh digamos a o número de de atividades culturais que você tem que, se a pessoa não souber exatamente... Por exemplo, dentro de música, ela prefere um determinado estilo, ela pode, inclusive, ficar assim meia perdida no sentido o que eu vou ver. Você tem não só todas as correntes, mas ãh digamos, a música clássica, a música a música de jazz, a música popular, enfim, todas as as modalidades e desenvolvidas de uma forma assim bem grande. Então, (riso) é bem diferente. SPEAKER 1: E as nossas demais instituições administrativas? Você poderia ci> <á já presenciei, por exemplo, em eh no vale do Anhangabaú, esse problema todo dos dos menores, entende? Que assaltam assim as suas vistas, Já tive a ocasião de assistir a um praticamente na minha frente, mas nunca fui vítima de roubo ou qualquer outra agressão na cidade, não. SPEAKER 1: E quanto ao aparato policial nessa questão de roubo? SPEAKER 0: Olha, esse por exemplo que eu presenciei, não existia aparato policial nenhum (riso) no caso. Era uma pessoa de idade que estava sendo assaltada e o aparato policial apareceu depois só. Quando eu voltei eu vi que havia todo um aparato no local, mas digamos que tudo já havia sido consumado. Uma coisa que eu noto em São Paulo é que o policial é muito pouco respeitado, entende? Você vê bem, ãh por exemplo, numa corrida em Interlagos, você nota bem a diferença entre digamos, a a imagem que a juventude empresta à polícia, e a imagem que ela empresta ao corpo de bombeiros. Quando a polícia aparece, eles praticamente lançam tudo o que eles têm na mão na pista. Latas de cerveja, o que for. Quando o corpo de bombeiros aparece, eles aplaudem. Em geral, traz água para refrescar o pessoal. Uma coisa que chamou bastante atenção em uma das corridas que eu fui (). A imagem da polícia em São Paulo é bastante negativa. Acho que devia ser preocupação do pessoal, ãh inclusive, em modificar essa imagem, que evidentemente é generalizada. E você tem bons elementos e tem ma maus elementos na polícia. mas digamos que, talvez, acho que de todos os lugares que eu já estive, eu nunca vi tamanho desrespeito pela polícia como aqui no Brasil. Ela é quase que equiparada a ser um marginal. Entende o tratamento que se dá a ela? E a gente vê que o desacato que se faz, inclusive, é fruto dessa imagem, principalmente entre a juventude. Eu acho que ela respeita muito pouco a polícia como realmente é uma organização que vem de encontro à proteção dela. Realmente ela não é vista como uma proteção, ela é vista como um inimigo. Não sei se eu respondi bem o que você que> SPEAKER 1: SPEAKER 0: