Inquérito SP_DID_291

SPEAKER 1: : Elza, gostaríamos que você falasse alguma coisa a respeito de São Paulo.

SPEAKER 0: : Bom, acho que atualmente ãh a gente poderia dizer que São Paulo é uma cidade que realmente precisaria ir contra aquele slogan de que é uma cidade que não pode ãh não para de crescer, digamos. Eu acho que São Paulo precisaria parar um pouquinho de crescer. ou pelo menos fazer alguma coisa para que pudesse... uma série de problemas que nós encontramos pudessem ser ãh resolvidos. (risos) Eu acho que ãh para a pessoa, por exemplo, que depende apenas dos dos meios de comunicação, digamos que qualquer cidadão paulistano depende, São Paulo está ficando bastante difícil, no sentido de que é cada vez mais demorado você ter acesso de um lugar ao outro, se você, digamos, não tiver ãh condição própria. Então ãh, o tempo que as pessoas perdem para se locomover é muito grande. Mesmo agora, com as facilidades, digamos, do metrô, digamos que ainda é um uma faixa muito pequena que utiliza essa facilidade. Por enquanto você só tem a linha norte e sul, então desde que você vá a uma daquelas ãh estações, tudo ãh dá certo. Mas se você eh já depende de outros acessos, então é bem mais difícil. O tempo que as pessoas gastam é bem grande ãh só para se locomover. E isso se nós não contarmos ainda que qualquer imprevisto como, por exemplo, uma chuva maior como ontem, então esse tempo é triplicado. Ãh... Um outro aspecto que eu acho bastante precário em São Paulo é a parte, por exemplo, do lazer. Não que São Paulo não tenha áreas verdes, tem, mas em relação à megalópole que ela é, o lazer em São Paulo é muito limitado ainda. Eu acredito que talvez o pessoal ainda não ãh digamos os responsáveis ainda não tenham se conscientizado do quanto ele é importante numa ãh numa cidade ãh do porte digamos de São Paulo. ### é bem contrastante as limitações a que as pessoas estão sujeitas aqui em termos de lazer e nas outras cidades, as possibilidades que elas têm, principalmente se nós levarmos em consideração ãh que o lazer em São Paulo é, sobretudo, em circuito fechado, como eu diria, quer dizer, é um lazer geral confinado. O lazer em termos de área verde, de parques, enfim, mais em contato com a natureza, a menos que a pessoa disponha de um de um meio de transporte próprio e se locomova, aqui em São Paulo ele é bastante limitado.

SPEAKER 1: : E quanto às instituições artísticas e culturais que São Paulo apresenta?

SPEAKER 0: : Bom, eu diria que São Paulo nesse sentido, se nós formos comparar só em termos de Brasil, ele oferece bem mais que qualquer outro estado. Digamos que qualquer companhia estrangeira de teatro, se vem ao Brasil, nunca deixa de passar por São Paulo. Então, di digamos que você tem o maior número de opções em termos de vida cultural. Mas, em termos de... Se nós compararmos com outras grandes cidades, e não precisa ir muito longe, talvez o próprio Buenos Aires aqui é bastante limitado ainda. Digamos que uma pessoa que viva intensamente a vida cultural do país, chega a um ponto que aquilo que existe de mais representativo ela já viu.

SPEAKER 1: : Você que visitou e viveu em Londres, daria para comparar lazer em Londres e aqui?

SPEAKER 0: : Bom, para comparar, dá. Em primeiro lugar, porque Londres já tem uma peculiaridade muito grande dentro da própria Europa, que é dispor de um número de parques fora do comum. Então, digamos que praticamente cada bairro dispõe de uma área verde muito grande, onde a pessoa, depois de andar cinco minutos dentro daquele pa parque, ela tem a sensação de estar digamos, no campo. Tal o isolamento que ela se sente apesar de estar dentro da cidade. Quer dizer, o silêncio, ela não ouve se quer uma buzina de automóvel ou barulho de tráfego. Entende? Quer dizer que isso já é bem peculiar, a parte dos parques em Londres. Isso se a pessoa quiser um tipo de lazer assim mais ligado à natureza. Sem se nós formos falar então na vida cultural, eu acho que eles só têm como rival Paris. E você precisa, inclusive, lá, nesse sentido, ter um objetivo definido sobre o que você se interessa, porque é tal a ãh digamos a o número de de atividades culturais que você tem que, se a pessoa não souber exatamente... Por exemplo, dentro de música, ela prefere um determinado estilo, ela pode, inclusive, ficar assim meia perdida no sentido o que eu vou ver. Você tem não só todas as correntes, mas ãh digamos, a música clássica, a música a música de jazz, a música popular, enfim, todas as as modalidades e desenvolvidas de uma forma assim bem grande. Então, (riso) é bem diferente.

SPEAKER 1: : E as nossas demais instituições administrativas? Você poderia ci tar e dizer se elas estão atendendo o interesse público realmente?

SPEAKER 0: : O que eu acho é o seguinte, o o esforço talvez seja bem grande, mas em São Paulo nada pode ser feito em termos de pequena escala. Tudo tem que ser em em grande escala porque é uma população muito grande e carente em vários ãh se sentidos, em vários setores. Digamos assim. Então, ãh não é dizer que esse serviço público não atende. Ele atende, mas muitas vezes ele não pode atender no nível da demanda. Então ele atende com uma demora muito grande, às vezes fazendo o pessoal entende aguardar muito tempo, ou às vezes quando ele atende já não não resolveu, porque aquela pessoa precisaria de uma ãh um atendimento rápido. E isso, eu acho que é fruto desse próprio crescimento, que eu digo São Paulo não para de crescer, e aquelas dotações orçamentárias que são concedidas para essas instituições, muitas vezes não não fazem frente à demanda. Então, se você for ver hospitais públicos e é muito difícil você chegar num desses hospitais e não encontrar sempre uma fila muito grande, ãh um pessoal esperando, ãh às vezes para ser atendido, embora ele esteja em caráter de emergência, ele vai ser atendido sempre, às vezes, dentro de uma semana, quando muito. Quer dizer, é bastante precário ainda. essa parte, com raras exceções, eu acredito, mas é precário no sentido de que ela não faz frente ainda ao contingente humano eh em São Paulo, porque São Paulo ainda arca com uma população flutuante muito grande. Ele nunca pode prever em termos de paulistanos só, mas eh sempre fazer uma previsão, levando em consideração toda essa digamos, esse desenvolvimento grande e esse contingente humano que se desloca sempre esperando aqui uma melhor oportunidade.

SPEAKER 1: : E quanto ao aspecto de limpeza pública de uma grande cidade? Você poderia falar alguma coisa?

SPEAKER 0: : Olha, acho que depende muito do da experiência que a gente está condicionado. Se você só tiver conhecimento de certas partes da cidade, eu diria que se nós compararmos com outras grandes cidades, não é das piores. Agora, se nós formos pegar, digamos, a periferia, os bairros de periferia, ou ou talvez estender para grande São Paulo, eu diria que é bastante precário ainda. Você tem toda uma parte de bairros eh sem canalização de córregos, Colocando de lado só o aspecto da limpeza pública, se colocar só São Paulo, digamos, o centro, eu diria que a limpeza deixa a desejar no centro, dependendo da ãh das épocas ou é. Se você pegar um fim de tarde no centro, ele é eu acho que realmente São Paulo em limpeza pública ainda deixa a desejar. Agora, se ainda saímos do centro e fomos para a periferia, então acho que realmente a coisa é mais agravante. Tendo os recursos que o pessoal dispõe, a mesma coleta de lixo é já bem ãh bem falha.

SPEAKER 1: : Você acha que a mudança de recipiente do antigo para o utilizado atualmente não não tem melhorado ou facilitado a coleta?

SPEAKER 0: : Facilitou por um lado, eu acho que sim. Ãh. Você já não tem aqueles recipientes abertos, expostos, Agora, por outro lado, também eh a gente hoje conta com uma decoração que não tinha antes, que são aqueles sacos plásticos empilhados nas portas dos edifícios ãh no fim da tarde. Quer dizer, você já não tem aqueles latões enormes que passavam mais discretos, entende? Hoje, fim de tarde ou ou à noite, quando o coletor passa, você tem quase que uma paisagem assim já (riso) configurada em porta de edifício, E isso me chama atenção, principalmente em Cidade Balneária, que era um aspecto que você não notava antes e que agora eu acho mais flagrante. Quer dizer Você tem nas portas daqueles edifícios todos aquele mundo de sacos empilhados no lugar, digamos (riso), das famosas floreiras (riso), que o pessoal tanto fala em enfeitar ruas, tudo isso, quer dizer, passou a ser um enfeite também, aqueles sacos (riso) plásticos agora na decoração da cidade, ### ### Bastante notória, quer dizer, essa parte toda de iluminação em Mercúrio ãh tornou São Paulo assim bem mais alegre, digamos. Já não não é aquela cidade de iluminação mais amarelada, né? Eu acho que principalmente se você tomar como exemplo essa parte toda de Ibirapuera, aquelas zonas mais visadas justamente, ãh ficou bem mais bonito. E a iluminação de Londres? Bom, Londres já não é também aquela cidade que eh de da época vitoriana, onde se falava muito no fog, a neblina, que não era bem neblina, era poluição, e na e naquela iluminação amarelada de Londres, que dava um ar muito melancólico. Eu acho que Londres também já mudou bastante. Eu po posso dizer mais assim, uma iluminação, uma mudança de iluminação sensível, que eu acho aqui, nossa, muito superior, é, por exemplo, a parte do metropolitano. Quando eu conheci pela primeira vez, um dos aspectos que me chamou a atenção foi essa quer dizer. O nosso metrô não é realmente como o de Londres, na base daquelas luzes bem amarelas, aquela atmosfera bastante ãh melancólica e que muitos estudos, inclusive aqui de psicologia, dão como a própria atmosfera do do túnel, digamos, condicionando muitas pessoas já em estado () a um suicídio. Então, e na Europa, por exemplo, o suicídio em metrô é muito comum. Aqui eu achei assim bastante diferente, no sentido de que a atmosfera do metrô é bem clara e a absolutamente eu acho que não condiciona ninguém a (riso) um estado depressivo, a menos que a pessoa já tenha (). E então, a iluminação e não só o fato de que aqui nós também não temos aquela aquela parte toda de brita por onde corre o trem. Então, não existe aquela fuligem, quando o trem passa, levanta toda aquela fuligem. Aqui eu acho que Nesse aspecto, é bem superior. Embora, lógico, o metrô de Londres foi o primeiro metrô no mundo, o nosso é bem mais recente. Mas Londres também não é aquela cidade mais lúgubre. Se você pegar toda aquela parte ao redor do Tâmisa, por exemplo, onde ficam, inclusive, as casas de cultura noturna, o Royal Festival Hall, tudo aquilo, é um aspecto, inclusive, muito bonito. Dá aquela iluminação bem clara, refletindo no rio. Embora ãh eu diria que certos bairros ou certas partes de Londres, à noite, são bem pouco iluminados.

SPEAKER 1: : Você poderia citar algum tipo de agressão muito comum na cidade, de agressão física? Além do trânsito, né, que tem sido uma agressão do () (riso).

SPEAKER 0: : Olha, eu acho, por exemplo, não é bem São Paulo, mas um aspecto que me chama atenção toda vez que eu passo é quando você se dirige, por exemplo, para o litoral, pega a Via Anchieta, eu considero uma agressão o pessoal, por exemplo, disparar as buzinas dentro dos túneis como dispara. Talvez seja uma agressão inconsciente, mas é bem autodestrutiva, uma vez que ãh o indivíduo está agredindo a si próprio e ao outro. tocando a buzina daquela forma como é tocada. E aí não é dizer só ãh que são os motoristas particulares, digamos, que teriam talvez uma buzina particular e gostasse de cada um mostrar um som diferente. Atualmente, eu notei, por exemplo, ela já atinge até os os motoristas de ônibus, o que eu acho que é bem mais grave, porque eles deveriam ser conscientes do do problema do ruído. Aquilo eu considero uma agressão. Sutil, que talvez muitos vejam aquilo como uma brinca uma brincadeira, mas acho altamente agressivo (riso). Você já foi vítima de algum roubo? Não (riso) não até hoje ### Não, embora eu j á já presenciei, por exemplo, em eh no vale do Anhangabaú, esse problema todo dos dos menores, entende? Que assaltam assim as suas vistas, Já tive a ocasião de assistir a um praticamente na minha frente, mas nunca fui vítima de roubo ou qualquer outra agressão na cidade, não.

SPEAKER 1: : E quanto ao aparato policial nessa questão de roubo?

SPEAKER 0: : Olha, esse por exemplo que eu presenciei, não existia aparato policial nenhum (riso) no caso. Era uma pessoa de idade que estava sendo assaltada e o aparato policial apareceu depois só. Quando eu voltei eu vi que havia todo um aparato no local, mas digamos que tudo já havia sido consumado. Uma coisa que eu noto em São Paulo é que o policial é muito pouco respeitado, entende? Você vê bem, ãh por exemplo, numa corrida em Interlagos, você nota bem a diferença entre digamos, a a imagem que a juventude empresta à polícia, e a imagem que ela empresta ao corpo de bombeiros. Quando a polícia aparece, eles praticamente lançam tudo o que eles têm na mão na pista. Latas de cerveja, o que for. Quando o corpo de bombeiros aparece, eles aplaudem. Em geral, traz água para refrescar o pessoal. Uma coisa que chamou bastante atenção em uma das corridas que eu fui (). A imagem da polícia em São Paulo é bastante negativa. Acho que devia ser preocupação do pessoal, ãh inclusive, em modificar essa imagem, que evidentemente é generalizada. E você tem bons elementos e tem ma maus elementos na polícia. mas digamos que, talvez, acho que de todos os lugares que eu já estive, eu nunca vi tamanho desrespeito pela polícia como aqui no Brasil. Ela é quase que equiparada a ser um marginal. Entende o tratamento que se dá a ela? E a gente vê que o desacato que se faz, inclusive, é fruto dessa imagem, principalmente entre a juventude. Eu acho que ela respeita muito pouco a polícia como realmente é uma organização que vem de encontro à proteção dela. Realmente ela não é vista como uma proteção, ela é vista como um inimigo. Não sei se eu respondi bem o que você que

SPEAKER 1: : ria. (riso) Vou passar um pouquinho para o comércio. Que lojas você não Normalmente mais se utiliza em São Paulo nas compras básicas? Uhum.

SPEAKER 0: : Olha, evidentemente, nas compras do dia a dia eu me utilizo dos supermercados perto de casa, porque é mais fácil, e evidentemente de uma feira ãh que você tem uma vez por semana, ãh que não sou eu praticamente que faço, mas que eu me utilizo, porque para a parte assim, digamos, de ãh gênero bem perecível como fruta, verdura, eu ainda acho que as feiras em São Paulo são superiores aos supermercados. Isso seria assim para os gêneros, né? Em casa. E depois, nas os outras compras, digamos, vestuário, tudo isso, é muito está muito condicionado assim ao meu local de trabalho. Nem sempre eu adquiro, inclusive né, onde seria melhor adquirir, mas aonde vocês mas adquiro nas lojas que estão mais próximas por questão de de tempo, talvez, e... acesso, eu não sou particularmente assim (riso) ãh interessada em compras, digamos que não é uma das coisas que eu gosto muito de fazer. A não ser ãh quando você tem mais tempo disponível para olhar tudo isso, mas normalmente, digamos que eu procuro gastar o menor tempo possível em compras. E com isso eu fico condicionada, mas aqui ao Comércio de Pinheiros, porque é onde eu estou e é onde você aproveita às vezes um horário de almoço comprar uma coisa ligeira ou no fim de tarde, para você ainda não se deslocar até uma outra parte de passagem, você para e já compra uma série de coisas.

SPEAKER 1: : Agora, suas amigas atualmente se prendem ao bairro em que moram ou se locomovem até o centro da cidade, como era muito comum com as nossas mães?

SPEAKER 0: : Olha, eu acredito que as pessoas se locomovam mais quando realmente ãh tem interesse num determinado artigo, que elas realmente saiam. Por exemplo, se fosse levar em consideração o comércio do meu bairro, é nulo praticamente. É um bairro residencial, entende? Que afora é assim um supermercado, padaria e, eh praticamente não tem comércio algum. Tem algumas lojinhas de armarinhos assim para você resolver um probleminha de de última hora, mas não tenho um comércio. Então, digamos, se eu não adquirisse, ãh ou não comprasse aqui em Pinheiros por estar perto do meu trabalho, provavelmente eu me deslocaria de casa para ir até um centro que me agradasse. Não sei se hoje seria já o centro, como a gente chama, por exemplo, A rua direita, ou () Itapetininga, porque me parece que é uma zona que, dependendo daquilo que a pessoa quer, já nem sempre é encontrada. Mas digamos que eu teria que me deslocar, ãh fosse para o comércio, por exemplo, já daquela zona de Augusta, ou eu teria que me deslocar aqui para o Brooklyn, que são as zonas que têm comércio já mais desenvolvido, ou fosse aqui Pinheiros.

SPEAKER 1: : E quanto a gêneros como pão e leite, vocês recebem em casa?

SPEAKER 0: : Ah, sim. Não, aí recebemos em casa pão e leite. Quando o padeiro e leiteiro vêm, eles já deixam todo dia, né?

SPEAKER 1: : E demais estabelecimentos que atende a ordem alimentícia da população, você utiliza bastante

SPEAKER 0: : ou não? Você diz como assim, se a (), o... Não, realmente o que nós utilizamos são os supermercados, onde é costume, por exemplo, fazermos já as compras para o mês, vamos uma vez e fazemos, digamos, uma compra maior né. Por ser bairro residencial, você precisa estar já sempre em casa com ãh tudo estocado e depois, uma vez uma outra vez ou uma vez por semana para adquirir assim aquilo que você gasta com maior facilidade e essa parte que ele disse de feira. Fora isso, realmente nós não utilizamos. É muito raro assim ir a a centros maiores, mercados ou CEASA.

SPEAKER 1: : E suas refeições fora de ###

SPEAKER 0: : Aí varia bastante. Eu não Eu venho para cá cedo, só volto fim de tarde, quer dizer que almoço por aqui. Ãh isso varia dependendo do tempo que eu tenho para o almoço, do acúmulo de serviço. Às vezes, eu me valho dos restaurantes da universidade. A maior parte, às vezes, eu saio daqui e almoço num dos restaurantes ãh aqui por perto. Tanto pode ser. Às vezes, uma lanchonete no shopping center. Ou pode ser o Wells. Entende? Aquilo que a gente tem próximo, que o atendimento também é mais rápido e e um bom número de vezes aqui também na Cidade do Estado. Essa parte de São Paulo acho que está bem servida. Eu acho que, inclusive, o () é um pouquinho mal acostumado, né? Em relação (riso)... Bem mal acostumado, porque ele é muito bem servido e dispõe de um conforto, uma versatilidade no na forma de, uh o nos vários restaurantes, muito grande, ele é considerado, até nos outros estados, um pouquinho chato,

SPEAKER 1: : (riso) no sentido que exige bastante né. E material de estudo e livros, todas essa parte, onde você adquire?

SPEAKER 0: : Bom, há uma parte que eu eu adquiro nas livrarias, normalmente, e quando é um material mais difícil, que eu não encontro aqui ou que eu quero com mais urgência então e que vem de fora, aí digamos que você faz o que praticamente todo profissional faz, vai aos bancos, importa, ãh paga, digamos, para algum livreiro fora né, já pede aquela documentação, vai no banco e paga. Isso eu faço em geral para disco, dependendo do disco, se eu não encontro aqui ou se encontro por um preço que eu acho um tanto quanto absurdo, então eu prefiro comprar diretamente e faço para livro também. Livro e, eu diria, partitura musical, que é, digamos, é de meu interesse particular.

SPEAKER 1: : E algum tipo de agência que nós possuímos aqui, você se utiliza ou já utilizou?

SPEAKER 0: : Para compra de livros, você disse? Olha, aqui para o próprio instituto, na parte de revistas, eu me utilizava de um agente estrangeiro que agora tem um escritório no Rio de Janeiro. Praticamente esse fim de ano eu lidei só com o escritório aqui no Rio. Isso torna bem mais fácil porque você já tem A correspondência toda pode ser feita já em português, quer dizer, elimina uma série de trabalhos extras né. E... Então, temos feito assim. Para livros, eu uso muito as livrarias no sentido de conseguirem lá fora os livros que querem ou que nós precisamos aqui e depois nós adquirimos. Apenas quando a quantidade é muito grande, são todos de um mesmo editor, Nós tentamos comprar porque é sabido que enquanto você fecha um câmbio a nove cruzeiros e vinte centavos de dólar, o livreiro vai lhe cobrar esse livro como com o dólar a dezoito cruzeiros. Então, dependendo da da limitação orçamentária que você tem, às vezes nós achamos mais interessante ãh comprar direto, no sentido de economizar. Embora eu tenha evitado isso porque não acho digamos, uma medida muito justa para com o nosso livreiro. Evidentemente, ele tem que ter um lucro. E se nós formos fazer sempre a importação direta, é um círculo vicioso. Quer dizer, ele não amplia o capi o capital porque realmente o mercado... não existe demanda da parte do mercado e você fica sempre naquele mesmo círculo vicioso, né? Os livreiros se queixam que nós não compramos (riso) e nós dizemos que os livreiros cobram bastante caro. Então, o que eu tenho procurado fazer é evitar a importação principalmente de livros e, digamos, dar mais apoio às nossas livrarias, já que o livro no Brasil ainda não é realmente hum uma mercadoria de consumo como é nos outros países. Ela é adquirida por uma faixa que pode. Mas digamos que o livro não entra nem sequer na previsão. Quando se quando o governo prevê o salário mínimo, Ele prevê dentro de cotas, tanto para a higiene pessoal, tanto para alimentação, tanto para aluguel, e não entra nada em termos de livros, entende? Não é nem previsto. Então, realmente, para nós, ãh eh o livro não pode ser visto realmente como mercadoria de consumo. Haja visto que, inclusive, a própria teoria da universidade, o livro entra na categoria material permanente. Não é nem consumo. ###

SPEAKER 1: : E para as suas viagens, você alguma vez se utilizou de agência? () conta própria.

SPEAKER 0: : Eu acho que aqui no Brasil não. Eu me utilizei de uma agência só quando estava no exterior, porque era mais fácil ãh fazer uma excursão, digamos, eu não dispunha de condição própria. Então era mais fácil eu fazer através de um agente. Mas aqui no Brasil, acho que nunca fiz nenhuma viagem através de agente, não. Sempre por conta própria, assim, fazendo o roteiro que te interessa mais.

SPEAKER 1: : E os pagamentos, geralmente, você faz com o intermédio do banco ()? Certo, você diz pagamentos como? De do que

SPEAKER 0: : ### ### ### Sim. ### E sobre que Bom, em eh em geral nós temos assim, aquelas ãh aqueles compromissos que você tem mensais, você paga mensalmente, nós fazemos já ãh dando a ordem para o banco, entende? Você já ãh entra em entendimento com o banco e ele mesmo vai fazendo saques da sua conta e paga automaticamente.

SPEAKER 1: : E o pessoal que opera no comércio? Daria para você fa

SPEAKER 0: : lar alguma coisinha rápida? Olha, aqui em São Paulo eu acho assim, a despeito de todo o movimento que eles têm, que realmente eu acho trabalhar no comércio bastante puxado. se você levar em consideração o movimento, o número de horas que o pessoal permanece de pé atendendo, o público, que, digamos, não é fácil trabalhar com o público, porque as pessoas são diferentes, lógico, eu acho o atendimento muito bom, acho assim muito ãh são todos muito solícitos, se interessam, sempre procuram, ãh se você não gosta de determinado artigo, eles nunca aceitam simplesmente, eles procuram lhe oferecer outras coisas. Eu acho muito bom mesmo. O pessoal é assim bastante atencioso. Não encontro qualquer problema, não. Ao contrário, aqui em São Paulo eu acho que uh os balconistas são bastante motivados no sentido de atender o pessoal da melhor maneira possível.

SPEAKER 1: : ###

SPEAKER 0: : ### Nunca vivi em uma cidade assim ideal, então é um é um é bastante difícil. Olha, eu acho que a cidade ideal seria aquela em que cada habitante realmente se identificasse com ela. e se sentisse participante e, sobretudo, gostasse da cidade. Talvez eu eu enfatize esse aspecto porque a gente nota cada vez mais que São Paulo está se tornando uma cidade de ninguém. As pessoas vêm de passagem aqui. Ela oferece uma série de oportunidades, então se deslocam, ãh vêm, digamos, tentar a vida porque as oportunidades são melhores, mas ninguém realmente se integra com a cidade. E, quando não há essa integração ou essa valorização da cidade, eu acho que ela vai perdendo muito assim ãh no respeito humano ao habitante. Então, as pessoas vão ficando insensíveis quanto ãh ao aspecto humano. E a gente vai notando isso assim em pequenos detalhes, ou grandes detalhes, digamos. Se você pegar o o incêndio, por exemplo, dos edifícios, eles revelam bem que é mais importante construir um prédio dentro de um orçamento do que realmente garantir a segurança das pessoas que nele vão habitar. Então, acho que realmente a cidade ideal é aquela que oferece uma série de condições e de oportunidades, porque as pessoas criam também uma certa... eh não sei se seria afeto, um certo respeito pela cidade. E E preservam, porque aquilo que a gente, ãh digamos, respeita ou tem um um sentimento, tem ãh procura preservar. E é isso que a gente talvez não veja muito aqui em São Paulo e que todo paulista que nasceu aqui (riso), talvez, gostasse um pouquinho mais quer dizer. Uma cidade em que eh se preservasse mais o elemento humano, já que ele hum se sente mais integrado, mais ligado a essa cidade. E as grandes cidades, em geral, o problema é esse. O elemento humano está de passagem, não se sente ligado. Ele apenas vem usufruir aquilo que ela puder dar. E partir dali para um um outro sonho, que seria viver numa cidade mais tranquila, sem problemas de cidade grande. E enfim, outras vantagens.

SPEAKER 1: : () você () (tosse) você acha que o os moradores de Londres se sentem mais integrados?

SPEAKER 0: : Não, eu diria que não, porque o o inglês, digamos, ele mesmo faz uma piadinha dizendo que a coisa mais difícil é você encontrar um inglês em Londres. Na realidade, o sonho de toda inglesa é se aposentar no que eles chamam countryside. Quer dizer, é realmente, usufruir de Londres aquilo que eles ãh podem, no sentido de mercado de trabalho, que é bem melhor, ou usufruir a vida cultural, mas morar pelo menos uma hora e meia, no mínimo, de metrô longe de Londres. porque Londres, evidentemente, é uma passarela internacional. Você encontra pessoas de todas as nacionalidades e um contingente de estrangeiro bastante significativo. Inglaterra já foi um império, teve várias colônias e todos os habitantes dessas colônias hoje são cidadão ci cidadãos britânicos e têm que e digamos entram né no país com toda a facilidade e usufruem de tudo aquilo que eles podem oferecer lá. E com isso é uma cidade um pouco despersonalizada, no sentido de que o inglês, muito voltado para a tradição, não encontra muito da tradição em Londres. Encontra aqueles costumes mais ligados à cultura, nas cidades mais afastadas. Então, se ele não puder realmente viver num dos bairros bons de Londres, ele prefere ir para o campo, como ele chama, e viver afastado. Está.

SPEAKER 1: : Ficou ótimo o material. Aqui fica o nosso agradecimento (riso).