Inquérito SP_DID_290

SPEAKER 0: : Dona Judite, gostaríamos que a senhora comentasse alguma coisa sobre a nossa cidade.

SPEAKER 1: : A nossa cidade hoje é tão mal falada. Todo mundo só vê nela os focos de poluição. No entanto, é tão bom voltar para São Paulo. Todas as vezes, na minha longa carreira profissional, em que trabalhei em em outros estados do Brasil, Tive essa sensação agradabilíssima de voltar para São Paulo. Eu não sei, eu nasci aqui. Gosto de São Paulo apesar de todos os problemas que ela tem. Reconheço que muitos deles estão praticamente insolúveis agora. Talvez se fosse possível tomar São Paulo como uma prova para passar alívio, nós devêssemos fazê-lo. Mas realmente isso é im E nós sentimos, cada vez mais, ela se torna uma cidade... tremendamente agressiva. Mas eu não gosto que se diga isso. Agora mesmo, nessa viagem que fiz, quando se comparavam as cidades do sul, do sul da América, Buenos Aires, principalmente, e La Plata, e ou, ou Monte Miguel, com São Paulo, e se dizia, são cidades grandes, amplas, mas não são agressivas como São Paulo, e eu me revoltava. No fundo, eu acho que a cidade é agressiva porque os homens a fizeram. e os homens não os daqui.

Inf :elizmente, nós temos que notar que todos os nossos serviços se esgotam com a migração interna. Não sou contra, não acho que se deva fazer barreira nas fronteiras do Estado, não, mas realmente regularizar essa situação. Nós estamos com cada dia recebendo contingentes imensos de brasileiros de todas as plagas e onde acomodá-los? como fazê-los viver aqui. É claro que isso arrebenta todas as previsões, as estimativas caem por terra e nós realmente não... não sabemos o que prevenir para atender esse pessoal que chega do Nordeste ou do Norte ou do mesmo do Paraná e outros esta outros estados do Sul. Fora os mineiros, porque os mineiros já são quase paulistas. Porque o que existe de mineiros aqui em São Paulo é uma coisa fabulosa. E () é claro que é para todos os padrões que se possa estabelecer São Uma das coisas mais tristes a meu ver é a maloca, a favela de madeira, de A favela de lata. Nós tivemos sempre pobreza em São Paulo. mas era a pobreza de alvenaria. Os imigrantes italianos, espanhóis, se localizavam no Brás, naqueles grandes casarões, onde cada família ocupava um quarto, os chamados cortiços do Brás. Era, sem dúvida, uma pobreza de alvenaria. Hoje, nós vemos as favelas nascendo aqui e ali, em torno da cidade, e isso é profundamente triste, Elas também servem para demarcar o tipo de indivíduo que está invadindo São Paulo. Porque, se nós olharmos as favelas daqui, elas são as mesmas do Recife, são as mesmas da região de Belém, que medeia entre o aeroporto e a cidade, quer dizer, eles transferiram para cá, é o... os habitantes de lá transferiram para cá o hábito de moradia que tem. Não sei se você já sabe que no Amapá, por exemplo, as casas são todas construídas sobre palafitas e elas têm apenas o solo, o telhado e uma parede. exatamente de acordo com o clima. A parede é para prevenir o vento e a chuva que vem sempre daquele lado. Ora, num clima como São Paulo, onde todas as estações ocorrem num dia, é, como que iria viver aqui? Mas, infelizmente, o pessoal do Nordeste e do Norte que se transfere para cá faz essa visão. Agora, tam, e o poder aquisitivo dessa gente é baixíssimo. O nível de saúde é baixíssimo. E tudo isso tem que ser atendido aqui, né? Essa Essas coisas todas fazem de São Paulo isso que se chama megalópolis. mas não, não vamos, não queremos, eu não tenho nenhum desejo de sentir São Paulo como uma Megalópolis. Eu prefiro sentir como uma cidade grande, com todos os seus problemas, com seus sofrimentos, mas que não tenha assim o crescimento amalucado que se impere da, do ti, do termo Megalópolis.

SPEAKER 0: : ###

SPEAKER 1: : As instituições públicas que fazem parte de uma cidade, naturalmente, dividem-se em o grupo que a administra. Então, aí, teríamos todas as cargas de governo, de fazer leis e tribunais de justiça. Então, seria uma forma de administrar a cidade. Em verdade, toda cidade é aquela estrutura garantida por um controle social, formal ou informal. e as casas de governo visam exatamente a parte do controle formal. Numa cidade grande, o controle informal se perde muito, porque cada indivíduo, exercendo inúmeros papéis sociais, certamente dispersa a... o con, esse controle sobre a, a pessoa. E, então, isto dá uma i ideia de como deve crescer o controle formal. Aí os tribunais, as delegacias de polícia e toda a estrutura de controle mesmo nesse aspecto, o trânsito, todos todos esses organismos que visam a estruturar a cidade, dando-lhe a organização administrativa mesmo. Por outro lado, existe a parte de promoção humana, porque os indivíduos que participam da Vila da Cidade são indivíduos, são pessoas, e essas pessoas devem ser promovidas. Eu não acredito que... em falar em instituições de caridade, de assistência social e tal. Não, eu acho que num sistema em que nós devemos considerar o próximo como o próximo realmente aquele que está perto de nós e que nós podemos ajudar devemos pensar sempre em promovê-lo. É uma das coisas mais bonitas e mais necessárias no dia em que todos nós tivermos esse ideal realizado e podemos promover o nosso amigo, o nosso próximo, o nosso irmão e fazê-lo na maior... possi, ãh, na... atingindo a maior potencialidade, desenvolvendo a, a sua maior potencialidade. Então, ficaremos numa terra ideal, talvez chegaremos ao paraíso. é, Essa parte de promoção humana aqui em São Paulo é muito desenvolvida. Toda a gente está fazendo alguma coisa nesse sentido. Encontram-se entidades incríveis ãh... A gente nem chega sequer a supor que possam existir. São coisas pequenas, são atividades assim de grupos de cinco ou seis pessoas, mas a intenção é válida. Toda a gente está buscando fazer alguma coisa, então esse essa organização que não segue aqueles cânones da organização administrativa formal, marcada pelo, pelos estatutos e pelos regulamentos das entidades, é é também uma coisa muito importante na na cidade de São Paulo. Fora isso, vem as organizações de trabalho, o comércio, a indústria e um pouquinho da agricultura, porque o Cinturão Verde de São Paulo é uma coisa muito precária, tão distanciada da realidade que a gente quase esquece que existe. Mas as grandes indústrias, química e comércio imenso de São Paulo, o que não existe em São Paulo, não existe no mundo. Tudo existe aqui, não é não é () Não é Basófia. É uma observação clara. Em todos os países que você visita, sempre as cousas que são comercializadas lá, são as mesmas comercializadas em São Paulo. De modo que não há nada a desejar. Uma cidade que tem por base o trabalho. Eu acho que foi o Stephan Zweig que disse, não peça um músculo para ser bonito, quando disse que São Paulo era verdadeiramente um músculo propulsor de energia no Brasil. São Paulo tem () muita beleza. Nós temos museus maravilhosos, mas eu pergunto, quanta gente os conhece? Nós temos clubes extraordinários com grandes programas culturais, mas quem os frequenta? Nós temos realmente poucas bibliotecas, também quem as frequenta, né? Ou parece que o, a estrutura de entidades culturais está montada mas lhes falta aquele estímulo, que seria a frequência ãh... ob, quase que obrigatória da população. Quando a gente fala o museu de arte sacra, todo mundo ah é ali, mas ninguém visitou. Quando muito assistiu um programa de televisão, porque a televisão é realmente um elemento de comunicação extraordinário, então assistiu um programa de televisão e viu, () museu de arte sacra, mas visitá-lo mesmo, isso, () A pinacoteca do estado, essa palavra pinacoteca até já saiu de, da linguagem coti diana. Muita gente nem sabe O que é pinacoteca. No entanto, nós temos uma excelente. E São Paulo sim, sofre realmente uma população, uma elite pequena que conhece as suas entidades culturais e são muito boas. Mas seria bom que a gente sentisse, como em outras cidades, como Tóq como em Tóquio, por exemplo, assim, um elemento cultural vivendo, o o povo vo todo convivendo com a cul circunscritos a grupos que podem encontrá-los, encontrá-los livros ãh, difíceis de ser adquiridos, bibliotecas poucas, e muitas vezes com horários ríg idos. Biblioteca não deveria fechar () ser aberta dia e noite. Mas, enfim, eu, essa parte eu acredito, São Paulo está progredindo. Nós vemos muita coisa, muitas fundações voltadas para o assunto. Mas ainda falta o estímulo do povo para que elas cresçam mais do que () elas. Este é um problema muito s porque quase que nós poderíamos falar escolas antes da reforma de setenta e um e escolas depois da reforma de setenta e um Eu tenho a impressão de que São Paulo tinha o melhor sistema escolar público e realmente estava no caminho certo de uma estrutura escolar que, combinando a aceitação tradicional da es da... escalonação de cursos o ginásio, o colegial e as tendências modernas da educação ia chegar a um ponto () (tosse), mas a reforma realmente truncou isso. Nós temos hoje uma escola dentro de uma filosofia completamente estranha à tradição brasileira. Lidando com crianças pobres, esse é o meu hobby. Eu faço uma assistência às crianças pobres em todos os meus, todos os meus mo Verifiquei sempre que os pais desejavam ardentemente que seus filhos po () o ginásio. Isso consegui status da famílias () era muito importante, ho je. Quando se está em uma escola do primeiro grau, abs

SPEAKER 0: : olutamente () o primeiro grau é ma

SPEAKER 1: : Então, o que se vê é que a estrutura dessa nova escola está divorciada do plano tradicionalmente aceito. E até, que ela venha a ser aceita pelas famílias, pelo mu undo, ainda vai demorar muito. Hoje, naturalmente, como reforma, eu acho que essa reforma realmente não é uma reforma, ela é uma revolução. () Ela quebrou E tem de colocar outra (), mas não colocou até hoje. E... O que nós estamos vendo é que o ensino em São Paulo é hoje dos mais precários. Os nossos alunos estão saindo da escola sem aprender nada, porque aprender não é mais fornecer ao aluno Aquele cabedal de conhecimentos sem os quais, o quais o homem não pode viver em sociedade, como dizia o Fernando de Azevedo. Hoje, você tem que fornecer ao aluno meios para enfrentar os problemas da vida diária. Ele tem que aprender, principalmente, métodos de trabalho, métodos de vida, para poder usá-los na situação da vida real. E quais são as escolas que fazem isso? Não há meu ver nenhuma esta Os próprios professores estão despreparados para isto. Então, a situação de escolas em São Paulo, escolas de primeiro grau, escolas de segundo grau, na minha opinião, esta situação é realmente muito precária. Nós estamos vivendo um momento duríssimo em que as escolas caíram demais, hoje Os nossos alunos merecem coisa melhor. Nós estamos subestimando a criança A criança mereceria escolas melhores, professores melhores, tudo de ótima qualidade. Por quê? Quando não havia nenhum desses recursos da tecnologia de educação, quando realmente nós tínhamos apenas a escola de giz e quadro negro, a criança era alfabetizada em um ano. Por que agora se demora três anos para alfabetizá-la. Mudaria a criança () realmente Ora, não não () lógica a conclusão (risos) A criança deveria ser alfabetizada muito mais rapidamente com os recursos que existem agora. Então, eu penso assim muito tristemente na e ducação em São Paulo. ao trânsito. Eu vejo daqui da minha janela inúmeros helicópteros cortando o céu. Eu acho que essa gente já resolveu o problema do trânsito. Vai por cima! Porque realmente andar em São Paulo é difícil. O problema de trânsito tem de ser estudado muito mais carinhosamente do que está sendo. Por quê? De fato, Estabelecer normas para o trânsito deve ser também pensar na economia de gasolina. Se nós fazemos uma volta imensa pela Avenida Paulista para chegar a um bairro, se somos obrigados a ter cursos desnecessários de ida e volta para poder chegar a algum lugar, nós estamos queimando divisa E isso é antipatriótico. O trânsito em São Paulo é um problema sério e não acredito que os engenheiros sejam incapazes de resolvê-lo. Acho que eles podem resolver, mas deveriam ter um pouco mais de pensamento na política do combustível. Afinal de contas, o nosso carvãozinho de Santa Catarina não é suficiente para nós ficarmos libertados em termos de energia. E a nossa usina de Angra dos Reis ainda está muito atrasada para poder começar a funcionar com a sua energia atômica. Este é um drama. Em mil novecentos e quarenta, ou quarenta e um, o Geraldo de Paula Souza fez uma demonstração de que nós estávamos realmente com um sistema de limpeza pública que era o foco maior de criação de ratos. Eu não acredito que isso tenha mudado completamente. Os esforços estão sendo feitos, a gente verifica (), mas enquanto o lixo não for industrializado como é nas grandes cidades da Europa, nós não teremos solu solução. Ao contrário, os tais saquinhos de plástico agravam a situação. Eles não só porque o plástico não se dissolve, como também são fáceis de serem rasgados pelos gatos, pelos cachorros e ficam abertos para os ratos e os outros insetos ou sevandijas que ali se localizam. Depois que você vê um monte de () escuras, você acha isso aqui uma maravilha. Eu costumo brincar dando vivas a um senador Muito controvertido da nossa república quando viajo e encontro os trevos das estradas tão bem iluminados com luz de mercúrio. Porque realmente é importante que nós tenhamos a entrada das cidades. São Paulo é uma cidade iluminada pelos reclames de gás neon, pelos outros tipos de luz. Mas a periferia, é talvez a gente tenha que pensar um pouco nela e os arredores das escolas. Nós temos escolas que, francamente, funcionam à noite sem uma iluminação na rua. Então, aí eu te diria, um pouco mais de luz, embora não tenha a pretensão de que São Paulo venha a ser a cidade luz. Nós temos recursos. As nossas hidroelétricas estão aí fornecendo ãh luz, Por que energia para luz, por que que nós não podemos iluminar melhor a nossa cidade? Seria realmente bom que isso ocorresse. ### O tipo de iluminação tem melhorado. As grandes avenidas rasgadas na periferia da cidade, as marginais, esse trabalho maravilhoso que já foi feito, Isso tudo concorre para que a cidade tenha outro aspecto bonito. Aliás, chegar em São Paulo de avião, assim, à tardinha, é uma beleza, porque a cidade é realmente toda iluminada. E, como eu estou voltando de Montevideo, que é uma cidade onde você não sai à rua, porque ela, a, toda ela é só iluminada pelas lâmpadas das casas e dos anúncios, Eu posso pensar bem na diferença entre uma coisa e uma cidade e outra e sentir a ótima iluminação que nós temos. Isto seria muito difícil, talvez alguns os mais importantes, mas todos assim é uma coisa primei ah pri a primeira agressão que ocorre numa cidade grande está na posição exata das classes sociais. O problema, por exemplo, da empregada doméstica. Eu não acredito que devamos ter empregados dom éstico. Acho que o empregado doméstico tem que passar para uma categoria de indivíduo sindicalizado com sua carteira de trabalho ir à casa e trabalhar algumas horas e ser pago pelas horas de trabalho. Por quê? É um absurdo que um sirva ao outro dentro de uma casa e nas condições que nós estamos vivendo agora. Acho que isso é, eu chamo, um sinal de subdesenvolvimento. O indivíduo desenvolvido não pode ter o seu semelhante nessa posição. É out tro problema que gera aí é o p o problema da filha ou do filho do empregado. Porque aí não há solução. Se você tratar o filho do empregado como seu filho, está desajustando a família da empregada. Se você tratar como filho de empregada, arredinho, colocado à parte, está desajustando a criança. Então não há solução. O que é que está ocorrendo? As crianças estão indo parar no serviço de menores, nos juizados de menores. Então, aí, estamos formando nos abrigos dos juizados os maiores revoltados. O, Aqueles indivíduos que agravarão todos os tipos de agressão da cidade grande, então esse ess é um é uma, esse é um aspecto muito importante, ao meu ver. Outro aspecto é o problema do... da falta de orientação educa cional. Aliás, em resumo, todos esses problemas sempre caem na educação. A falta de orientação educacional. Os meninos querem tudo e não tem, mas não se esforçam para conseguir pelos meios lícitos, legais. Basta ver a conotação da palavra legal hoje que é completamente desfigurada. Por quê? O aluno o, o a criança não tem. Ela quer Legal para ela é aquela coisa que a polícia deixa passar. Ao passo que () completamente fora do eh, significado real. E aí encontramos então, os... jovens de todas as classes sociais na sua grande ambição pelo carro, pela máquina e usando os meios mais obsoletos e... e... ou inventivos possíveis, no nos dois sentidos, os mais antigos, os mais criativos, vamos dizer, para isso. Então esses aspectos são grandes. Agora, outros o... outros tipos de agressão, o isolamento dos indivíduos, isto é outra coisa seríssima. Por quê? A cidade grande é cada vez mais competitiva. cada vez mais competitiva, você passa a ter o o competidor real, potencial, imaginário, e você vai se isolando cada vez mais, porque as suas ideias podem ser utilizadas contra você, e isto vai criando ilhas isoladas na sociedade. Acredito que esse seja um problema seríssimo que nós teremos que enfrentar logo, e... A cibernética, entrar em funcionamento real no mundo. Que, hoje () francamente, não se sai mais à ru Porque as agressões, os assaltos estão aí. Não se vai mais a um teatro, não se vai mais a um cinema, porque ao terminar você não dispõe de um meio de condução fácil e acessível. Bom, isto tudo é... aquele... éh, desestimula as entidades culturais, como eu disse. E vai também fechando o indivíduo, isolando. Até dinheiro que realmente me entra incrível, como nas grandes, nas mais modernas civilizações da Suécia, etecetera em que a solução veio a ser o suicídio. Este é um problema do qual eu não entendo muito bem, porque realmente eu gostaria que o aparato fosse quantitativo e qualitativo. só quantitativo, como é em nosso caso, absolutamente não interessa. Nós gostaríamos de ter uma polícia que realmente fosse qualitativamente apoio para a população e não como nós temos. Agora, o sistema penal também, eu discordo muito. Eu acho que a ociosidade é a mãe de todos os vícios e deixar prisioneiros numa cela sem fazer nada é um ab Isso é um absurdo. Eu compro de tudo. Eu compro de tudo. Por quê? Como diretora de uma obra social, eu tenho de comprar desde o queijo, a carne, o pão, etecetera, para para as crianças do internato, ãh, como roupas, de modo que essas lojas eu tenho que frequentar todas Agora, como dona de casa, eu também tento fazer isso em (risos) escala muito menor aqui na minha casa, mas um tipo de compra diferente, porque aqui eu já seleciono mais ãh outros tipos de... de roupas, de tecidos, etecetera, para uso de casa. Dizer assim, quais as lojas que a gente mais frequenta, não é fácil. Acho que a gente frequenta todas as lojas, as utilidades domésticas, a Sei lá, os supermercados, as... éh, enfim. Todas, eu acho que todas, os elétricos domésticos, móveis, tapetes e as grandes lojas de serviços, né? Onde se conserta isso, onde se arruma isso, porque (risos) também esse é um problema que a gente

SPEAKER 0: : tem de enfrentar. ()

SPEAKER 1: : no bairro. Aliás, eu acho muito importante a gente prestigiar o comércio do próprio bairro. É uma forma de... ganhar vantagens. Uma vez que o... o bairro, tendo uma boa clientela, melhora suas lojas, melhora os os seus recursos. E moro mesmo num bairro altamente privilegiado, porque aqui existe de tudo a toda hora e em todos os pontos por onde a gente andar. E uma das razões pelas quais também eu não me mudo desse bairro (risos). Está, o bairro está bem servido também. É difícil precisar se consertar alguma coisa fora do bairro. Assistência técnica e eletrodomésticos, que é uma coisa que toda hora a gente está precisando, aqui existe bem e também há aquela ah... distribuição que eu acho bastante interessante, de uma oficina colocada em cada bairro, com vários profissionais pedre ãh pedreiros, encanadores, etecetera, e funciona

SPEAKER 0: : muito bem aqui no nosso bairro. E demais estabelecimentos comerciais?

SPEAKER 1: : Bom, eu prefiro, sem dúvida alguma, aquelas grandes lojas onde a gente pode comprar de tudo. Não temos tempo para pesquisas muito grandes. É provável que um tipo de população prefira as ruas onde um determinado ou alguns determinados produtos são comercializados. Eu diria, por exemplo, roupas. Todo mundo compra na José Paulino, porque pode então fazer uma acariação de preços, uma avaliação do da do material em várias lojas. Isso é muito bom para quem dispõe de tempo e ajuda quem dispõe de pouco numerário. Agora, eu prefiro fazer compras nas grandes lojas, porque eu não disponho de tempo e ali eu encontro alguma variedade, talvez não tão grande quanto lá, Mas pelo menos eu posso comprar ao mesmo tempo um prato, uma toalha de banho e um televisor. Mas que essas lojas eu prefiro. Mas, é, as pequenas lojas do bairro também servem muito bem. Opelarias, etc, que a gente utiliza. Mas eu acho que São Paulo nesse sentido está muito bem servido de lojas. Eu não vou brigar com o prefeito Setúbal porque não abre mais o supermercado ao domi (risos) aos domingos. Realmente, eu fazia muitas compras aos domingos e achava ótimo poder comprar no supermercado. Mas é, de fato, as razões do prefeito devem ser ponderáveis quando ele determina que não se abram mais os supermercados aos domingos. E... os superm ercado, no supermercado, realmente, eu não compro frutas e verduras. e, esses alimentos ficam mais adstritos às compras de feira. Por quê? No supermercado eles estão sempre murchos, estão sempre velhos. Explica-se. Eles são depositados uma vez por semana e ficam lá para servir. Então, aí não não existe. As feiras livres têm a vantagem de oferecer isso. E as quitandas dos bairros, Eu não sei se falta um mecanismo que permitisse ao Seasa abastecê-las com mais frequência, ou se de fato a... o movimento comercial ele é pequeno, mas essas quitandas também deixam a desejar em matéria de frutas e verduras. Então daí a gente tem que lançar a mão da feira livre. Embora ela suje tanto a cidade, deixe tanto resíduo por aí, mas elas ainda são um mau necessário. Não. Pão e leite eu compro também no supermercado. diariamente, isso eu não... não recebo a domicílio. Eu acho acredito que seja difícil num bairro como esse nosso a entrega a domicílio, porque entrar num prédio com quarenta apartamentos e para distribuir pão e leite é é difícil. Eu acredito mesmo que aqui no meu prédio todos saem para comprar. O senador compra algumas vezes, mas a maior parte de dos condôminos

SPEAKER 0: : Dirije-se ao supermercado e traz de lá o seu leite e o pão.

SPEAKER 1: : Bem, eu, como toda gente, vou às livrarias. Mas até o ano passado, antes das reformas, porque ela está passando, eu os adquiria em grande parte na Fundação para o Livro Escolar, que é uma fundação do governo do estado vinculada à Secretaria da Educação e que vende a bo vendia, vamos por a ressalva, a bom preço até o ano passado, os livros didáticos, paradidáticos e de literatura. os descontos de vinte, trinta porcento são sempre apreciáveis. Como eu já disse, o livro é caro. E quando a gente procura elementos para estudo, sempre vai cair no livro. Nós ainda não temos as fitas gravadas, não temos os slides, enfim, esse outro tipo de material que a tecnologia de educação já está produzindo. Nós caímos mesmo no livro. que é o grande, é o mais divulgado, o mais acessível. E lá era um dos lugares onde eu adquiria. A livraria da USP também, que a USP tem a sua editora, alguma coisa se comprava lá, mas principalmente na Fundação para o Livro Escolar. Eu não sei por que, agora com a reforma da educação, ela também vai deixar de vender livros baratos. () Agências, bom, depende ### É uma questão de falta de tempo ou mais tempo. Eu utilizo ge geralmente despachantes para todas as relações rh relações com o, o trânsito, porque é muito complicado você se dirigir à ao serviço do DSV. Então você tem que usar agências de despa, os despachantes. Agora, agências de aquisição de revistas, também você utiliza. E outro tipo de agência, assim de pronto, eu não estou focalizando. Geralmente. Geralmente. Quer dizer, esses esses assuntos que você tem que lidar com terceiros, com câmbio, com tudo, você faz Nós estamos passando de uma época do indivíduo que fazia tudo para a especialização. Então por que eu vou querer competir com os especialistas?

SPEAKER 0: : Eu utilizo os especialistas. é, formas de pagamento que a senhora mais utiliza nas suas compras.

SPEAKER 1: : Acontece que eu por princípio não compro nada a crédito. Nada. Eu acho que é uma boa norma não dar passo maior do que a perna. Se eu não posso comprar, deixo para comprar quando puder. Em matéria de viagem, eu aprendi que não se deve apagar a vista. porque os planos de pagamento são feitos antes da saída das viagens. Às vezes elas sofrem alterações e é muito difícil receber de volta o dinheiro. Então eu sempre faço os meus pagamentos de viagem no número de prestações suficiente para não pagar juros. Então se é permitido fazer um plano de três prestações, de duas ou de quatro, sem juros, eu vou até aí. Juros eu não pago. Eu acho que não não interessa mesmo, porque quando eu saio de viagem eu já tenho o numerário necessário.

SPEAKER 0: : Eu acredito que os juros destroem a economia de qualquer um ().

SPEAKER 1: : Eu acho que está em todos os jornais o aumento fabuloso do custo de vida. Mas, é claro, alguma coisa tem que subir. Eu lamento apenas que os cálculos não sejam feitos para que os gêneros geralmente sur, superfluos subam de preço. Eu acho que pinga nunca sobe de preço. E, no entanto, poderia subir. Agora o açúcar sobe, a pinga não sobe. Então vamos subir a pinga e deixar o açúcar. Os gêneros de primeira necessidade, deveri, de, eu sou pelo protecionismo do governo. O governo protege esses gêneros de primeira necessidade, inclusive como norma de segurança nacional. Como norma porque quando o indivíduo não tem o que comer, ele não pode concordar com o governo. Não pode. Então, como norma de segurança nacional, eu acho que o governo deve providenciar o protecionismo para os gêneros de primeira necessidade e os demais podem ser aumentados para compensação numa balança econômica. E não acredito, por exemplo, que os nossos preços estejam caminhando assim. Não acredito. Eu acho que nós estamos num caminho um tanto perigoso.

SPEAKER 0: : E quanto ao pessoal que opera

SPEAKER 1: : Bem, educação é um grande problema. O pessoal que opera no comércio é um pessoal realmente despreparado. Então você muitas vezes sofre umas agressões de vendedores que não respondem com a necessária delicadeza ao que é pedido. Também o comprador, não sendo um indivíduo muito educado, nem sabe exigir as cousas. Então essa... Esse binômio comprador-vendedor tem de ser educacionalmente melhor preparado. Eu acho que nós não estamos assim tão preparados. Até é exceção quando você encontra uma vendedora bem educada, que sabe atender e tem interesse em vender a mercadoria. A maioria não tem. Eu utilizo muito cheque, eu considero um desaforo alguém não aceitar cheque, ta mas também compreendo que, infelizmente, o uso do cheque sem fundo é muito comum e algumas casas reclamam exatamente isso. É uma irresponsabilidade que tem que desaparecer. A gente deve saber usar o cheque. E, naturalmente, com a melhor educação do povo, a introdução e o uso do cheque facilitam o o o relacionamento com o comércio e o tipo de emprego de do material. O governo, fazendo o pagamento dos funcionários através do da rede bancária, realmente estabeleceu o uso do cheque. E eu acredito que isto vá melhorar daqui para frente o... assim a a problemática de cheque sem fundo. Porque os funcionários, mesmo os menos categorizados, estão sentindo já a utilização de um outro elemento que não é puramente o dinheiro. E isso tende a melhorar, tende a fazer o uso mais correto. E por que carregar dinheiro na rua não é uma norma boa? E as formas de pagamento, como eu lhe disse, eu pago o preço, mas não pago os juros. Eu acho muito importante para uma economia não deixar que os juros extorsivos agravem a vida de cada um. Nós não poderíamos de, dizer do comércio de São Paulo que ele é antiquado, porque as lojas são bem modernas. os esquemas de contratação de pessoal são modernos e até muitas lojas já fazem sua seleção de funcionários. A única coisa que a gente poderia exigir seria um pouco mais de preparo de relações humanas do em do... vendedor com o comprador, é, porque muita gente se ressente da falta de orientação. Mas este não é um problema só de São Paulo. Agora mesmo em Buenos Aires eu vi que o (risos) o... vendedor quase agride o comprador e inclusive tem pressa, ele quer vender o mais depressa possível, não permite muita escolha, não deixa que as dúvidas se esclareçam antes de vender. É uma pressa do E isso também ocorre em São Paulo, mas eu acho que em Buenos Aires a coisa é muito mais séria e muito mai, e em maior grau. O nosso comércio nessa parte de relacionamento eu acho que perde um pouco. Não sei também se nós estamos com uma invasão de vendedoras estrangeiras. Nós achamos muitas vendedoras falando quase que um castelhano, não português, nas lojas. E, afora, aquelas que falam os ês abertos do Recife e de outros lugares do Nordeste. É difícil mesmo essa adaptação. Mas, para um comércio tão grande como este, há possibilidade de escolha e algumas lojas geralmente são melhores, bem melhores e o tratamento bem melhor. Eu diria que, quanto ao comércio de São Paulo propriamente, ele é muito mais sério, Eu sempre lembro das tais ofertas, que eu acho bárbara, quando o indivíduo acaba comprando o que não quer, pelo preço que não é correto, somente porque a propaganda está se intrometendo aí. Isso, infelizmente, está ocorrendo muito aqui. E para um comprador despreparado, não é muito bom. Enfim, para o comércio, parece ser bom, porque todas as lojas têm as suas ofertas, num cantinho qualquer. Aqui fica então o nosso agradecimento pela sua colaboração ao projeto.