SPEAKER 1: ### Maria Isabel, gostaríamos que falasse da cidade. SPEAKER 0: São Paulo é quase que minha cidade natal, porque, apesar de eu ter nascido em Taubaté, ela, eu quase todo o meu tempo de vida passei aqui em São Paulo. Eu conheci São Paulo, estudei aqui no tempo de ginásio, ainda tomando bonde para ir para o colégio, tudo isso, quer dizer que faz bastante tempo, mas é uma lembrança que eu tenho de São Paulo, que, para mim, é São Paulo antigo. Apesar de eu ser moça, É São Paulo antigo. () São Paulo dos bondes, das matinês, no domingo, aquela, aquele São Paulo que ainda era gostoso. Agora não. Agora São Paulo já é uma cidade, eu acho, que é uma cidade de luta, de grande progresso, mas que trouxe muita luta. Então, a gente sente que São Paulo é, é pressa e São Paulo é, é movimento e dinamismo. Não é um fator negativo, eu acho que é um fator positivo, até certo ponto. Porque São Paulo, apesar de ser grande, ser muito dinâmica, () já tem alguns pontos negativos. Quando eu estive nos Estados Unidos, pela primeira vez, eu passei um ano e meio lá. E conheci várias cidades de todos os tipos. E eu conheci também Nova York. Quando eu voltei de lá, isso foi em mil novecentos e cinquenta e nove, eu voltei de lá e disse para a minha família, São Paulo vai ficar como Nova York. São Paulo era uma cidade, ainda, naquele tempo, ainda não tão progressista como hoje, mas eu já notei certas características que indicavam uma semelhança com Nova Iorque. E, realmente, atualmente, São Paulo é uma Nova Iorque daqueles, daquele tempo e de agora. Uh É uma cidade em que o pessoal está procurando morar no, no subúrbio, está procurando morar um pouquinho longe do centro. E, naquele tempo que eu vim, em cinquenta e nove, não era assim. O pessoal queria morar pertinho de onde trabalhava, porque ainda dava para a gente, uh, usar condução e não levava muito tempo para ir para o centro. Então, tudo estava concentrado no centro. E Nova Iorque não era assim. E eu notava que São Paulo ia ficar assim. E agora já está assim. Eu noto mesmo o metrô. O metrô trouxe muitas vantagens, e uma delas que eu acho que vai trazer é justamente essa para os arrabaldes, para os subúrbios, como nós chamamos lá nos Estados Unidos, né. Mas ainda não está sendo feito, mas eu acho que vai ser. Eu acho que é uma tendência que São Paulo vai ter, essa fuga para, uh, os bairros mais afastados. E o metrô, sendo um meio de (), de, de transporte muito eficiente, e se continuar sendo eficiente, realmente vai possibilitar isso. Porque em Nova Iorque, por exemplo, Fecha quase tudo às cinco e meia, mais ou menos. Escritórios fecham às cinco, cinco e meia. E é a hora do rush. Essa hora, é, todo mundo toma o metrô. Em meia hora, esvazia a cidade. Quer dizer que, se a gente não quiser tomar o metrô nessa hora, é só esperar sentar num banco. Meia hora que, realmente, depois de quarenta minutos, não tem, já volta à normalidade o trânsito lá e o movimento de pessoas no metrô. E eu acho que, em São Paulo, a tendência, se Deus quiser, vai ser essa. de ter, assim, um, uma possibilidade de a gente sair de onde está trabalhando para voltar para casa, mais afastada, num lugar mais não tanto poluído e rapidamente, sem carro e sem trânsito muito grande. Lá no, nos Estados Unidos, os ônibus quase que desapareceram nas cidades grandes e mesmo nas menores, porque o trânsito é realmente só pelo metrô. O pessoal deixa os carros perto dos pontos de estacionamento, do ponto de parada de metrô e vai de metrô para, para o trabalho, para a compra, seja o que for. SPEAKER 1: Poderíamos falar a respeito das instituições administrativas e culturais? ### A Universidade de Grécia pode ser () uhum SPEAKER 0: Bom, aqui... Uh, eu não sei () sobre que SPEAKER 1: >pecto. Citando as instituições administra< SPEAKER 0: Bom, uh, São Paulo tem ainda muito o que aprender com () os outros países, não só dos Estados Unidos, mas da Europa também. Nós ainda estamos numa fase um pouco não tão burocrata no bom sentido. Quer dizer, burocrata, eu digo, no sentido de formalismo, no sentido de uma, uh, de uma impessoalidade. Aqui ainda existe muita, muito jeitinho. E, do jeito que São Paulo está crescendo, Essas instituições, esses órgãos, seja governamentais ou seja particulares, eles deverão se formalizar um pouco mais. A nossa organização ainda é do jeito de a gente poder contornar certas dificuldades, o que não existe nos Estados Unidos, por exemplo, que é o lugar que eu conheço mais. Na Europa também não existe tanto, mas eu não conheço tão bem. Nos Estados Unidos, () o pessoal é mais formal e as rotinas são mais específicas. E aqui, não. Aqui, ainda, nós precisamos aprender tudo isso. Uh Em matéria, por exemplo, de coisas mais corriqueiras, por exemplo, supermercados. Aqui no Brasil, nós não temos ainda produtos suficientes para competição. Então, há certas marcas que são as dominantes do mercado e que não sofrem quase competição de outras. Então, () existe o problema de preço relacionado a isso. O problema de, de local de venda, quer dizer, o supermercado em si não é um local que facilite a compra. Agora que nós estamos começando a ter os supermercados com estacionamento. E é uma coisa que facilita a compra. Então, o pessoal já está começando a ver que há necessidade de nós termos uma, um supermercado com estacionamento. () Os supermercados também, em matéria, ou outras lojas grandes, lojas de departamentos como o Mappin ou outras lojas, elas ainda não têm tudo que a gente poderia precisar para comprar. A gente entra numa loja, deveria poder comprar de tudo ali naquela loja, e as lojas ainda não estão nesse ponto aqui no Brasil, e deveria ser assim. A gente entrar num lugar e poder fazer todas as compras que precisasse. Isso também já está começando, mas ainda não chegou a esse ponto. Porque ainda nós temos aquela ideia de comprar em determinados locais que seriam mais antigos. Por exemplo, uh, existem muitas pessoas que ainda compram na mercearia do bairro ou na mercearia perto de casa. E essas mercearias, a tendência delas vai ser desaparecer completamente. Já não existe quase. Existem alguns remanescentes, mas a tendência é desaparecer. E, para desaparecer, precisaria ter locais de compra mais adequados para o pessoal comprar. Então, isso é um aspecto que eu noto que São Paulo já está melhorando e já está, já está com capacidade para produzir mais disso, desse tipo de organização. Diversão, por exemplo, nós vemos hoje que o pessoal gosta de televisão. Cinema vai ser muito pouco atualmente. Em primeiro lugar, por causa de filmes. Não existem filmes bons para a gente ver. Em segundo lugar, porque o preço está subindo cada vez mais. Então, é muito mais cômodo e muito mais barato ficar em casa vendo televisão ou, então, filmes na televisão. Outro dia, nós fomos ao cinema pela primeira vez depois de vários meses e a entrada estava a vinte cruzeiros. Isso é um absurdo. Para ver um filme que é regular, um filme que não é bom. De modo que, então, nota-se que numa sexta-feira à noite, ou, ou sábado, foi sábado à noite, na sessão das oito, não tinha fila e não tinha aquela, aquela correria, e era um filme de lançamento, quer dizer, que, então, de primeira, primeira semana. Eu estranhei bastante, mas logo notei que só podia ser o, o preço. Isso é uma das causas. Outra causa também é estacionamento. O problema de estacionamento em São Paulo está tremendo. O trânsito é, é impossível. É uma coisa que não deveria existir, mas existe uma coisa desse tipo. De modo que esse órgão que trata do trânsito deveria ter mais, uh, pessoal técnico especializado. Vai muito por... Uh, vamos ver como é que fica para ver se dá jeito. Quer dizer, a avenida Paulista é um exemplo típico. A avenida Paulista, depois que foi reformada, mudaram os trânsitos das laterais em sentido inverso. Então, isso daí, para qualquer pessoa que usava a Avenida Paulista, era óbvio que estava errado, mas eles levaram três anos para () realmente confirmar que estava errado, e agora essa semana mudou outra vez, como deveria ser, quer dizer, as pare, as paralelas no mesmo sentido, para poder aliviar o trânsito da Paulista. Então, no nosso, os nossos órgãos, tanto governamentais como particulares, ainda estão muito se, se, se organizando em termos não técnicos, talvez políticos ou talvez ainda paternalistas – paternalista eu falo mais em organizações particulares – e não técnicos, de modo que esses administradores técnicos vão ter que surgir. E, na nossa escola, nós estamos formando esses administradores especializados em, em assuntos de administração, tanto particular como pública. SPEAKER 1: E quanto às instituições artísticas e culturais de uma grande cidade? () SPEAKER 0: São Paulo tem. Tem bastante coisa. Tem muita coisa artística, tem muita coisa cultural. É só a gente querer, a gente tem a oportunidade de ver em todos os ramos. E piano, coisas que me interessam, por exemplo, piano, balé, teatro, eh, pintura, coisas assim, tem bastante coisa. Mas não são muito divulgadas e são geralmente para um nível mais elevado. Nós agora já, os jovens agora, eu tenho a impressão que já estão mais tomando () conta e já estão se, se aproveitando dessas oportunidades. Antes não era assim. No tempo em que eu era solteira e que realmente ia à cinema, teatro, não era, não eram todos os jovens que iam. Mas agora não. Agora é dos jovens teatro, balé, cinema e concertos. A gente vê os jovens tomando parte e, e, e gostando de tudo isso. Agora, eu faço um pouco de restrição ao teatro em si. As peças teatrais não são do meu agrado, quer dizer não são, () noto que não são do agrado do público em geral. É de um público minoritário. Então, nós precisamos progredir muito em matéria de teatro. Esse teatro que existe hoje não é um teatro que eu considero teatro mesmo. É uma tentativa de alguma coisa que eu não sei o que é, porque eu não vou mais a teatro, enquanto não passarem peças que me agrade. SPEAKER 1: E quanto à área verde? SPEAKER 0: A área verde (), área verde é um problema, quer dizer, nós achamos que Nós precisamos tomar muito cuidado com isso. Em São Paulo, por exemplo, a, a poluição é um fato, como outras cidades grandes do mundo, e nós precisamos realmente ter áreas verdes. O principal é não des, não desmanchar o que tem. Isso está sendo tentado, mas, mesmo assim, existem certas coisas que são incompreensíveis. Por exemplo, () a Praça Oswaldo Cruz. A Praça Oswaldo Cruz era uma pequenina área verde, era uma, era uma pracinha que, que era tradicional e que era, tinha o seu, o seu encanto. No entanto, para abrir a avenida ali, foi derrubada. Sem motivo. Porque, como eu passo todo dia pela Praça Oswaldo Cruz, eu sei que abrir uma avenida ali não vai adiantar nada. Porque se o trânsito da Paulista não parar na avenida, na, na Praça Oswaldo Cruz, vai parar na esquina seguinte, porque na esquina seguinte já diminuiu, já a rua já não tem a mesma largura, já não tem as mesmas, as mesmas condições. Os faróis estão ali do mesmo jeito. Quer dizer que, se o fato () de tirar aquela pracinha não adiantou nada o trânsito. Eu ve> Eu vou verificar isso só dessa semana para frente, mas eu tenho certeza que aquela pracinha, que era uma área verde de árvores já formadas e bem frondosas, Não havia necessidade de tirar. Eles falaram que vão fazer uma outra área verde, mas as áreas verdes que eles têm feito são gramadas com algumas, com alguns arbustos. Isso não é área verde. Para mim, no meu entender, não é. Mas, enfim, alguma coisa está sendo feita e precisamos mesmo preservar isso. A gente vê também em casas particulares jardins que são derrubados para poder fazer estacionamento. casas particulares e casas de () particulares que se transformam em casas comerciais. Nas avenidas, nos jardins, uh, na Avenida nove, nove de Julho, em qualquer um desses lugares que agora estão se tornando escritórios, eles, eles desmancham os jardins, derrubam árvores, pinheiros, seja o que for, para transformar em estacionamento. Isso daí já também precisava ser tomado conta, também precisava ser regulamentado, não sei se existe alguma coisa, Mas já ajuda a área verde. Então, não é só grandes bosques ou grandes águas que nós precisamos levar em consideração. É também os pequenos jardins. SPEAKER 1: E quanto às áreas verdes das capitais americanas? SPEAKER 0: Bom, lá, o que eu notei, quer dizer, existe alguma coisa. A Nova York tem o, o Central Park, que é um, é um enorme, é uma área verde enorme, bem no centro de Nova York. São muitos quarteirões. de bosques e de avenidas e de parques e de lagos. E é uma maravilha aquilo lá. E eles não desmancham, não mudam nada. Está sempre lá. Quer dizer Existe em toda cidade, existe Washington tem muita coisa. Agora, Chicago já não tem. Dentro da cidade, assim, no centro, não existe nada. Chicago num, num, não existe. Existe fora, nos arrabaldes, mas dentro da cidade não existe. Quer dizer, Existe de tudo lá. Em, em Los Angeles, eu notei uma coisa interessante. Lá, o problema de água é muito grande. O problema da, da chuva, da seca. Não chove quase em, em Los Angeles. E todos os jardins e todas as partes de área verde sã, são, têm irrigação canalizada. Então, eles cuidam da área verde. Eles tomam conta para que não desapareça essa área verde. Então, é tudo uma questão de cada local se adaptar ao meio e procurar vencer o meio que não é SPEAKER 1: > não é favorável, né? () falamos um pouco atrás de trânsito, a senhora deve achar que o traçado de uma cidade influi muito, uhum, para a boa ou má fluência do trânsito. É > SPEAKER 0: > Bom, não é só o traçado. Eu acho que o bom senso também influi no trânsito. Eu acabei de visitar algumas cidades da, do Sul. Eu fui até Florianópolis nesse, nessas férias de carro. E eu notei, em cidades pequenas, mesmo também nos, no interior de São Paulo, a preocupação tem sido em fazer uma rua numa direção e outra em outra direção oposta. Então, ruas paralelas em direções opostas. Isso daí é uma coisa que qualquer pessoa que guie ou que tenha carro já sabe que favorece o trânsito. E nós não vemos isso em São Paulo. É raro o lugar que a gente vê. E coisas, por exemplo, a Rua Augusta. A Rua Augusta é um local, todo aquele miolo é um local de trânsito atrapalhado. E, no entanto, ali seria tão fácil fazer isso, uma rua numa direção, as transversais da Augusta, uma numa direção, outra noutra, e não fazem isso. Porque tem ruas ali que têm duas mãos, ou então tem duas ruas seguidas com mãos iguais. Quer dizer, são coisas que apenas o bom senso poderia melhorar. Mas não é feito. E> E eu me pergunto, cadê os ()? Onde estão os técnicos? On> Onde estão, onde estão essas pessoas que são entendidas em trânsito para ver uma coisa dessas que qualquer pessoa vê, qualquer pessoa nota? Então, o trânsito é um problema em São Paulo. Poderia ser melhor resolvido com certas coisas que são práticas e que todo motorista nota. Mas fica-se esperando, eu tenho a impressão, resoluções de pessoas entendidas que não, não têm, talvez, o conhecimento de certos locais importantes em São Paulo. Então, o trânsito se torna difícil. Uh As avenidas também. As avenidas que foram construídas, quase todas elas têm muitos faróis e, além disso, têm faróis porque são avenidas que não são vias expressas. São Paulo só existe, eu acho, a Marginal, que eu considero via expressa. O resto não é. Podem falar que é, mas não é. Porque via expressa, no meu entender, inclusive, a vinte e três de maio, via expressa não tem ônibus e não tem farol. Isso é via expressa. A> Agora, tendo farol e tendo ônibus, não é possível. A vinte e três de maio é uma avenida que tem enormes erros. As entradas e saídas são completamente contra qualquer noção de trânsito bom. Eu vi vias expressas nos Estados Unidos e coisas que existem aqui. Aqui a gente sai da avenida vinte e três de maio, um pouco antes de uma entrada da avenida vinte e três de < Então, você está querendo sair, mas os outros estão querendo entrar. E fica aquela confusão e muitos desastres, como os, denotam ali () as grades, aqueles lugares de demarcação. Quer dizer, isso é um erro que um engenheiro que fez uma avenida não deveria fazer. Então, o trânsito não pode ser muito bom mesmo. SPEAKER 1: Poderíamos falar algo sobre a nossa limpeza pú> SPEAKER 0: Eu acho que eu poderia, né? A limpeza, em alguns lugares, talvez ela seja bem feita. A coleta de lixo, é, pelo menos aqui, é normal. Mas a gente nota que tem muitos, muitas, muitas, muitas falhas ainda (). Não sei se é falha de pessoal, falha de, de número de pessoas para fazer o serviço, mas houve há quinze dias, quase quinze dias, há dez dias atrás, houve a corrida interlagos. Aquilo, Eu passei uns dias, () dois ou três dias depois, eu passei por lá. Tava uma () uma sujeira, uma coisa horrível de papel, de resto de coisas, tudo pelo chão. Na própria avenida Interlagos, em frente ao autó, autódromo. Passei on, ontem outra vez lá. Faz uns dez dias. Continua do mesmo jeito. Quer dizer, é o, é o vento e a chuva que vai limpar. Mas num, não houve limpeza lá. Ninguém varreu aquilo. Quer dizer, então... Nós encontramos coisas boas e encontramos coisas ruins. E precisava ser melhor, melhor organizado tudo isso. Então, não sei como, mas eu sei que precisava ser melhor organizado. Existem cidades menores que têm mais possibilidade, talvez, de uma organização melhor, então são mais limpas. Mas São Paulo não é uma cidade limpa. Não é. Em cidades grandes nos Estados Unidos, grandes como Nova York ou Chicago, também não são muito limpas. Mas outras cidades um pouco menores, E São Paulo não é do tamanho de Nova Iorque. A gente gosta de, de comparar São Paulo com Nova Iorque, mas não pode, porque São Paulo, São Paulo é bem menor que Nova Iorque. Mas os defeitos de São Paulo estão em Nova Iorque e de Nova Iorque estão em São Paulo. Então, a gente compara por isso. São Pa> Nova Iorque e Chicago são cidades muito sujas. Já Washington não era. Não sei se agora já é, mas não era cidade suja, mas é uma cidade menor. E talvez seja como São Paulo. Eu não sei bem o tamanho de Washington, mas deve ser menor ainda que São Paulo. De modo que talvez o tamanho seja um dos fatores de São Paulo ser uma cidade suja. Mas já melhorou. Esse, essas mulheres que estão sendo usadas na limpeza, por exemplo, já é um fator positivo, já é uma melhora, mas ainda precisa de muito. Em primeiro lugar, a educação do povo. O povo precisava ser educado. Não adianta pôr aquelas caixas de lixo dizendo que São Paulo é uma cidade limpa, porque não é. E ninguém joga o lixo lá. Eles, perto da lata de lixo, jogam no chão. E isso a gente nota em qualquer lugar, em lugares, inclusive, de pessoas que deveriam ter um pouquinho mais de cultura e de educação, mas não têm. O pessoal vai numa sorveteria de luxo, estão tomando sorvete, jogam a casquinha de sorvete no chão, tendo cesta do lado. Ele simplesmente larga. Como eu vi outro dia um rapaz, largando uma casquinha no chão. Ele nem jogou, largou. Ele acabou de tomar e largou, caiu nos pés dele. Isso daí demonstra que o pessoal ainda não está educado para isso. () Lá nos Estados Unidos, em cidades menores, não digo nas cidades grandes, bem grandes, mas nas cidades menores, criança não joga um papel de bala no chão. E também existem multas para isso. Nas estradas, multas para quem joga papel no chão. Aqui () ouviu-se falar uma vez nisso, mas nunca mais se ouviu falar. E o pessoal continua jogando pela janela do carro () tudo que é lixo e ninguém faz nada. () Já melhorou bastante, mas eu acho que já está bem, bem melhor, já está muito boa e só eu acho que precisaria se estender a outros lugares, () mas nos lugares mais movimentados e mais, e mais, uh frequentados eu acho que já está boa. () objeção a fazer ou comentário específico quanto a isso. () a, melhorou bastante, de dez anos para cá, melho> >rou ### Essa nova iluminação é, é bem diferente. Quando a gente passa nas ruas que ainda tem a iluminação antiga, a gente acha, poxa, como é que eu podia achar que era claro aquilo? Porque agora a nova iluminação é bem melhor, bem mais clara. SPEAKER 1: () citar alguns tipos de agressões físicas que ocorrem em uma grande cidade? SPEAKER 0: Bom, agressões físicas tanto humanas como motorizadas (risos), porque a gente que () anda sempre de carro () sofre muito agressões motorizadas. Então, a, a gente vê, por exemplo, o pessoal, quando quer passar na frente, passa, de quer passar de qualquer jeito. inúmeras agressões quando a gente está no carro. Quer dizer, o sinal nem abriu, mas o pessoal de trás já está buzinando. Isso eu acho que é uma agressão à gente. É se O pessoal não tem paciência, mas eu acho que não é paciência, é educação, no fundo. Uh, a agressão humana também, é, () em qualquer lugar, assim, de um pouco mais de, de gente, a gente sente essa agressão humana. Entrada e saída de elevador, por exemplo, Agora não se espera mais a saída. Antigamente, pelo menos, esperar a saída, esperava. Agora não. Agora o pessoal entra junto com a gente que está saindo. () são coisas que a gente está sempre sofrendo em qualquer instante da vida da gente. No supermercado, a mesma coisa. Entrada de cinema, sessões de cinema também é uma agressão. Então, está sempre sofrendo esse tipo de agressão. Uh Agressão visual. também anda muito comum, quer dizer, anúncios espalhados por toda a parte, às vezes, uh, encobrindo paisagens e coisas assim. Então, nós vemos... Esse, isso também eu acho que é um tipo de agressão. A agressão de som, poluição sonora, eu acho que é uma agressão. A gente está num lugar e, e... Por exemplo, supermercado, esses grandes supermercados, eles inventaram de pôr som. Às vezes, o som não condiz com o local. A gente está lá, e outro dia até eu falei com o rapaz, escuta, não podia pôr uma música mais suave, eu estou fazendo compra aqui tão depressa para ir embora só por causa da música, porque a música era tão rápida, que sem querer a gente começa a andar no ritmo da música, e além disso alta. No supermercado, que tem barulho de carrinho, barulho de gente e outros barulhos ainda, uh, ouvir música, () uma música barulhenta também, não dá. a gente não aguenta tan muito tempo, porque supermercado grande, como a gente, quando vai fazer compra por uma semana ou por quinze dias, tem que se ir, aos poucos, comprando as coisas com sossego, com vagar. Então, além de, de outras agressões, que eu já mencionei, são outros carrinhos que estão passando perto da gente, aquilo tudo, mais a música. Isso daí é demais. Então, tudo isso podia ser melhorado e podia tornar São Paulo uma cidade mais humana, se a gente conseguisse melhorar e não sofrer SPEAKER 1: > tantas agressões. E, passando um pouco agora para, para lojas, que tipos de lojas a senhora mais utiliza normalmente? Eu gosto de, como eu disse SPEAKER 0: () eu gosto de lojas que tenham bastante coisas que eu possa ir numa só e comprar mais coisas. Então, () eu utilizo, por exemplo, a Sears. Eu utilizo, por exemplo, shopping centers. Então, eu acho que o shopping center é uma facilidade enorme, porque lá nós encontramos de tudo. Eu estaciono o carro facilmente, geralmente, conforme o horário, e vou e compro quase de tudo. De modo que isso é, é o que eu uso mais. Eu uso muito, () de algum tempo para cá, eu uso muito o Eldorado também. Pela facilidade de estacionamento, e pela possibilidade de encontrar lá quase de tudo que eu preciso. O Eldorado é um supermercado que te, que traz muita variedade de produtos, de um mesmo produto. Então, eu prefiro o Eldorado por isso, além de ser realmente um pouco mais barato. Lojas especiais, assim, eu costumava comprar antigamente em, em Casamappi ou outras lojas grandes. Eu me lembro também de comprar quando a Casa Sloper, quando eu era brotinha, Eu comprava na Casa Sloper, que era lá na cidade. Mas tudo isso mudou. Então, eu não vou à cidade há muito tempo. Só compro em lojas de bairro. E, na Casa Sloper, eu compro ainda. Talvez por me lembrar ainda daqueles tempos, de vez em quando eu apareço na Casa Sloper. Mas ela está muito deslocada e só apareço lá porque tem estacionamento. Então, eu vou. De modo que a minha, as minhas compras eu faço ou na Rua Augusta, que eu estaciono o carro. E lá também tem loja de todo tipo. ou nos shopping centers ou em supermercados grandes. Lojas pequenas ou supermercados pequenos, raramente eu, eu SPEAKER 1: > Eu uso. E que estabelecimentos normalmente a dona de casa gostaria de ter SPEAKER 0: > perto? Bom, primeiro supermercado. Esse é o, é o, é o estabelecimento que seria mais necessário e im, imprescindível ter. Nesse bairro em que eu moro, que é a Aclimação, Nós temos um problema, não existe muita facilidade de comprar coisas perto. Existe supermercado mais ou menos perto do Pão de Açúcar, mas, uh, não é tão bem, uh, suprido como outros que estão mais longe. Então, () geralmente, ou eu tenho que ir até a Brigadeira Luiz Antônio, no Jumbo, ou agora no Eldorado, que é mais longe ainda. Esse é o primeiro. Outros, outras que nós precisamos ter, farmácia tem, perto de todo local tem farmácias. E lojas, assim, de roupas mesmo, eu acho que não seria tão necessário. Eu prefiro shopping centers, onde a gente vai e compra de tudo. SPEAKER 1: E quanto a elementos como pão e leite, a senhora recebe a domicílio? Não SPEAKER 0: ### O leite eu compro da Leco. Então recebo a domicílio. E o pão de uma padaria perto, que me traz também a domicílio. E frutas e ver frutas e verduras na feira. Ainda uso a feira só para frutas e verduras, e, e, e existe uma feira aqui perto ainda. E essas feiras, eu acho que melhoraram bastante depois que começaram a vender só frutas e verduras, porque justamente isso é que deve ser vendido na feira. Apesar de as, de eu notar uma tendência para desaparecer a feira, eu vou sentir por isso, pela fruta e pela verdura, que na feira é realmente mais fresca e mais barata. Apesar de que eu já estou notando que supermercados mais adiantados, como o Eldorado, já estão vendendo frutas e verduras mais frescas, mas são mais caras. SPEAKER 1: () for na feira, tem que ir ao supermercado. É > belecimentos comerciais e de serviços que uma cida SPEAKER 0: Em bancos, nós estamos muito bem servidos, porque em bancos têm em todos os bairros, a gente pode realmente abrir conta bem pertinho de casa, como nós temos aqui, bem perto, e, e sendo um banco, uma agência de, de bairro, a gente se torna conhecido e, e o fica muito mais fácil a gente lidar com o pessoal. De modo que, nesse ponto, estamos muito bem servidos. Nos bancos, nós podemos pagar contas, pagar, eles fazem muitos... (telefone) Os bancos hoje já fornecem serviços de vários tipos. Então, nós nos bancos já podemos pagar quase todas as contas que a gente tem. Então, tudo isso facilita. Não se precisa mais ir à Light ou ir ao departamento de águas para pagar a conta de água. Agora a gente já paga no banco, né? SPEAKER 1: Material de estudo e livros, vocês adquirem normalmente aonde? SPEAKER 0: se, esse tipo eu, eu não preciso adquirir, porque as, os meus meninos estão numa escola, que é uma escola americana, porque, como eu vivi muito tempo nos Estados Unidos, eles chegaram aqui no Brasil, eles foram muito pequenininhos para lá. Chegamos no Brasil, eles tinham esquecido o português, não falavam mais português. Então, para evitar problema de adaptação no Brasil, e como eles já tinham sido alfabetizados lá, eu pus na escola americana E lá eles ficam quase que o dia todo, ficam até às qua< Chegam aqui em casa às quatro horas da tarde. Está incluído no preço da escola tanto o almoço deles, como o ônibus e o material escolar. Então, eu não compro livros, nem, nem papel, nem lápis, nada, nada, nada. Eu trabalho na Fundação Getúlio Vargas e lá eu tenho o meu material também. Então, material de escola eu não compro. Eu só compro livros de estudo, isso eu com< mas livros de estudos para mim e para o meu marido, que nós compramos, por intermédio de, da livraria pioneira ou de outras livrarias que lidam com esse tipo de SPEAKER 1: < de, de livro, né? E para as suas viagens, a senhora se utiliza de agência? SPEAKER 0: Geralmente de agência. Quando é pela escola, a escola tem uma agência que já lida com tudo isso, porque o pessoal já está acostumado com, com os tipos de viagens de estudos. E quando é () a viagem para a Europa, que foi mais uma viagem também de passeio, estudo e passeio, também por agência. () SPEAKER 1: () Não, só SPEAKER 0: Acho que só SPEAKER 1: Os pagamentos, a senhora já falou, são todos efetuados no banco? É. E sobre que forma? SPEAKER 0: Pagamentos em dinheiro, né? SPEAKER 1: Em dinheiro, é. Quanto a pesos e medidas, a senhora teria alguma coisa a falar? SPEAKER 0: Eu teria que falar para os Estados Unidos mudar logo deles, isso sim, porque é o único país que ainda não tem o sistema médico. Até a Inglaterra, que é tão tradicional, que é uma, é um país, né, já tem, E os Estados Unidos estão demorando um pouco. Eles acham que o custo vai ser muito grande, mas a Inglaterra também o custo foi grande para eles. De modo que eles acham que estão demorando um pouco, estão sendo um pouco cabeçudos, mas só aqui no Brasil está tudo bem. SPEAKER 1: E, para finalizar, o que seria uma cidade ideal? (risos) Bom SPEAKER 0: Cidade ideal seria uma cidade que não fosse tão grande como São Paulo, porque toda cidade grande vai ter os problemas que São Paulo tem. São Paulo tem problemas por causa do seu tamanho, do seu desenvolvimento, do progresso que está sofrendo. De modo que a cidade ideal não, não seria tão grande assim. Se possível, eu não conheço Brasília. Parece incrível, mas não tive a oportunidade de conhecer Brasília. Brasília é uma cidade construída já, uh, com todo os, com todo o conforto e com todas as possibilidades. Como eu não conheço, eu não sei se lá seria uma cidade ideal no sentido de possibilidade de trânsito e tudo isso não ter problemas. Mas eu acho que uma cidade ideal seria construída de forma a prever tudo isso. E outra, outro fator para uma cidade ideal seria a coordenação muito maior dos órgãos governamentais e particulares. Porque eu acho que, por exemplo, light, luz, água, esgoto, trânsito, tudo isso devia ser muito mais coordenado do que é aqui em São Paulo, por exemplo. Então, a cidade ideal teria tudo isso. Eu acho que a cidade ideal teria também muitas áreas verdes, um local para, para indústrias, porque a poluição vem das indústrias. Então, um local só para elas. Aliás, o meu filho fez um trabalho sobre isso. Ele fez um trabalho sobre a cidade ideal, na escola. E ele desenhou, justamente, agrupou certas coisas em cada lugar. Ele agrupou as indústrias num local. E acesso a essas indústrias é fácil. Então, o pessoal não precisaria morar perto das indústrias, tanto o pessoal de nível mais baixo como o pessoal de nível alto, e teriam acesso fácil. Agrupou em outro luga, local escolas e entidades de ensino e, e igrejas espalhadas. por todo, por toda a cidade, e bairros residenciais e com muita área verde. Foi isso que ele fez e eu acho que é realmente a cidade ideal. Muita área verde na zona residencial, muito acesso a todas as, as, as necessidades de trabalho ou de compras e tudo isso, tornaria uma cidade ideal. SPEAKER 1: aqui fica, então, o nos>