Inquérito SP_DID_287

SPEAKER 0: : Dona Neuza, gostaríamos que nos falasse a respeito de uma cidade grande. Eh

SPEAKER 1: : Eu falaria então da de Washington, uma cidade onde eu estive dois anos numa bolsa de estudo ãh para obter um mestrado em biotecnomia. Você quer perguntar alguma coisa?

SPEAKER 0: : Poderia comparar o traçado da cidade de Washington com a de São

SPEAKER 1: : Washington é um, como é ah a capital lá do dos Estados Unidos e uma cidade, eh vamos dizer, quase que noventa por cento de eh de funcionários e funcionários públicos, eh ela é uma é uma cidade, assim, você falou em traçada, mas eu eu (riso) eu me dispersei, é uma cidade eh, vamos dizer, eh eu não sei se é uma cidade pré-tra eh traçada, mas ela é uma cidade muito bem bem planejada, assim, sistema de trânsito, co como quase todas as cidades dos Estados Unidos. Mesmo Nova Iorque né, uma cidade muito grande, mas com trânsito com a muito bem organizado. Naturalmente, ela () era muito bem traçada ãh. Não sei se ãh ao em ao ser fundada a cidade, mas, em comparação com São Paulo, ãh quer dizer nem há nem há termos de comparação né as ah. A cidade muito bem traçada, muito fácil de se localizar um determinado distrito ou determinado bairro. E Você falou em em plano físico né. É isso que observei ().

SPEAKER 0: : Você poderia citar os tipos de rua?

SPEAKER 1: : Tipos de rua? Ãh de em que sentido? Tipos de

SPEAKER 0: : de rua em uma cidade grande.

SPEAKER 1: : Tipos de rua? Por exemplo, em Nova York, ãh aquela eram as avenidas largas Eh ruas eh o que mais assim chamou a atenção é que eram ruas numeradas né. E e dava a impressão que que tal talvez a gente não pudesse encontrar as ruas, mas, perfeitamente, a gente se encontrava. E, comparando agora vamos dizer com Brasília, que é uma cidade também de superquadras, vê a complicação entre uma e outra. Eu também vivi dois anos ãh em Brasília. Mas eu acho que acho que quase um ãh um ano eu levei para me acostumar com aquele sistema de superquadra, e elas não eram bem assim ãh... bem sinalizadas, vamos dizer, não havia um sistema de si de sinalização adequado, então era dificílimo a gente encontrar um determinado prédio para depois encontrar o bloco xis, o apartamento então eh. Percebe-se bem que, ah na questão de planejamento, como ãh deve ter havido problemas né aqui no aqui no Brasil, uma cidade não traçada assim adequadamente, e lá nos Estados Unidos, que se também é uma rua numerada, a gente encontrava facilmente, apesar de ser uma uma cidade ultra grande, uma Nova Iorque né. Então, não está eh implícito o problema de ser grande e nem ser complicado, porque Nova Iorque, com () com o número de habitantes que há, não se localizava perfeitamente. E aqui, por exemplo, em São Paulo, ãh um por exemplo um estrangeiro, um pessoal que vem do interior, não consegue se localizar em São Paulo né.

SPEAKER 0: : E a relação centro e bairros, como se dá nos Estudos Unidos? Centro e bairro? Ãh.

SPEAKER 1: : No sentido o quê? De De chegar ao centro? É como eu disse logo no início, como há um sistema... o que me impressiona é o sistema de trânsito, como os ônibus lá ah tão fáceis de a gente a gente tomar, como era hum não não havia essa complicação de ônibus cheios, de nada, de modo que a gente ah o acesso era era facílimo de um de um lugar a outro. Também havia o Subway, () e quase todo mundo tem tinha automóvel, então quer dizer que não não havia quase praticamente problema assim de acesso para o centro aos bairros. Em compensação, aqui no Brasil, a gente sofre à beça de um bairro para outro. Ah o que eh O que há também era um sistema de ônibus que iam de um lugar para outro com linhas assim enormes né, que a gente ia ãh parando por sessões, pagava mais uma mais uma uma passagem, mas ia até a outra cidade. Então, eles tinham um sistema muito bem organizado de trânsito que não não se percebia esse problema de de acesso.

SPEAKER 0: : O próprio traçado de Nova York. É, isso eu não eu não tenho conhe

SPEAKER 1: : cimento, por isso que estou com sem sem informações de que se se eh eh sobre o traçado. Isso não me passou assim na mente. Eu não sei, () Geralmente é o homem que que presta atenção mais nisso. Mas se a gente for estudar mesmo esse aspecto, pode ser que seja, sendo bem traçado e com o sistema de trânsito muito bem organizado, não se percebe prob o um problema né de a de acesso.

SPEAKER 0: : E quanto às nossas instituições administrativas? Ãh

SPEAKER 1: : Isso foi uma das coisas assim, foi uma das das lições e de umas coisas mais benéficas que eu trouxe do dos Estados Unidos para o Brasil. Foi a justamente uh ah a organização administrativa, da vamos dizer, da universidade, a universidade lá de de Washington uh. Desde o dia que se matriculava lá na na universidade, vamos dizer, o primeiro dia ia se matricular, uma fila enorme, mas em pouco tempo a gente passava por diversas mesinhas, cada uma ãh registrando, primeiro ãh dando cartão e registrando os tipos de curso, depois passava pela parte médica, eles já davam o cartão com com aquela... ah a vida, vamos dizer, de assistência médica, já toda organizadinha, com os hospitais que a gente poderia ãh... (riso) Como é que se diz? Eh Recorrer. Na na parte de biblioteca, já no último, já passava por uma mesazinha que tinha uma ãh... O pessoal da biblioteca já da já dava o cartão uh o cartãozinho da biblioteca, e esse cartãozinho já servia a todas as unidades da da universidade né. Aposto que, vamos dizer, aqui no Brasil, que é o meu campo, em bibliotecas, mas outro dia estive na Poli, um senhor lá com um cartão queria tirar livros de uma outra biblioteca. Não, teria cada departamento de uma de uma... só a biblioteca de uma escola né, eh ele teria que ter uns doze cartões, porque parece que da da dava doze eh bibliotecas departamentais. Então, nessa parte administrativa, nos Estados Unidos, eu aprendi, tanto mesmo na escola, tudo muito bem organizado, o contato com o professor, o tipo de aulas, No primeiro dia, a gente já recebia ah os sílabos ãh e já sabia o horário, com antecedência. A própria universidade tinha o seu catálogo, com todos os uh os feriados o (), as férias eh, época de (), tudo com antecedência. A gen te sabia de todos os eventos durante aquele ano. Queria qualquer coisa na secretaria, ia, no outro dia já estava né já estava pronto né na. Quer dizer que a gente se sentia assim perfeitamente bem, a administrativa, a co a coisa funcionava né. Na nas bibliotecas também, na parte na parte, vamos dizer, orga organiz (riso) organizacional, que eh que entra essa parte administrativa também muito bem engendradinho. De modo que, ãh uh vamos dizer, no na questão de profe dos professores também, professores ãh atendendo no horário certo, através de de entrevista, ah que eu aprendi também. Às vezes, eu me disperso, porque é muita informação, Por exemplo, eh uma coisa que eu notei. Aqui no Brasil, a gente vai estar trabalhando, vem lá uma pessoa visitar, vem o outro visitar, sem sem a devida antecedência. Às vezes, a gente fica o dia inteiro no departamento sem poder ãh trabalhar de tanta visita, tanta gente que vem sem avisar. Nos Estados Unidos, não se pode ir a uma sessão ãh de uma biblioteca, não se pode falar com um professor sem eh ter marcado uma entrevista com a devida antecedência. E não se vai também fazer uma visita a uma pessoa sem ter telefonado antes né. E E tudo isso é uma uma disciplina, não não digo bem que seria o tema aqui administrativo, mas é uma disciplina que implica-se numa economia de tempo, numa ãh numa facilidade depois de a gente eh de a gente viver, de trabalhar, que é uma é uma coisa louca. Nisso eu aprendi, principalmente nessa parte, vamos dizer, da eh da parte administrativa de de um de uma universidade. no sentido de ser tudo disciplinado quando quer falar com alguém, telefonar antes, acertar né. Mas isso já é uma é uma política, e é um tipo de tradição, um tipo de de educação mesmo que eles têm, que uma pessoa não incomoda a outra né. Então, isso aqui ãh foi uma lição que eu trouxe dos Estados Unidos, essa esse disci essa disciplinamento. Até tem (riso) um professor meu, um português muito engraçado, que disse que uh os americanos são a... a burrice organizada né. Eles não são inteligentes não são inteligentes, mas eh eles têm a vida tão disciplinada, tão organizada, que eu acho que, com isso, que eles estão no ponto que estão né, mesmo não sendo muito inteligentes (riso).

SPEAKER 0: : Quais outras instituições administrativas ou culturais que uma cidade oferece aos habitantes? Administrativa vamos dizer

SPEAKER 1: : Não, ### Não, isso ãh, por exemplo, eu nunca tive contato assim, por exemplo eu nunca fui àquela, vamos dizer, à casa lá à Casa Blanca Casa Branca (riso), mas ãh nesse também deve ser a mesma coisa. Lá é o tal ho eh lobby, que diz né, para a gente chega a ter um acesso a uma a também hum um governante, uma pessoa de um alto escalão administrativo, tem que também ter mu ter muita, tem que passar por muitas barreiras, tem que ter uma entrevista marcada, não é assim como O brasileiro que quer ir num lugar, já quer falar com a pessoa, e quer falar diretamente com o governante. E há muita hierarquia, muita ordem, muito disciplinamento em qualquer tipo de instituição. E, logo e logicamente, num tipo governamental, como seria a Casa Bran Branca, coisa mais ainda e voluída que uma administração simples, numa escola, numa biblioteca. ### Bom, vamos dizer de, eh dentro de assim da minha área, nós já vimos bibli a biblioteca, seria o centro de documentação, essas governamentais, o os museus. Eu estou eh focalizando Washington né então. Os museus que existem lá, museus de de de caráter histórico, cultural é também é uma coisa maravilhosa, é uma coisa também (riso) que que me impressionou muito. foi a ordem, o disciplinamento no mu nos museus e, vamos dizer, esse espírito, vamos dizer, de distrair dessa parte administrativa das instituições para o fins turísticos e fim e fins culturais. Vamos dizer, qualquer daquelas daqueles museus, daquelas igrejas, agora também pensando também na, indo mais além, a uma viagem que eu fiz à Europa, aqueles conventos, igrejas, tudo é tão disciplinado, tão ãh bem feito administrati ah administrativamente que eles recolhe um dinheiro fabuloso, porque qualquer desses museus tem também aquela... Vende aqueles cartões postais, slides e livretos, e tudo tão bem organizado. Por exemplo, lá no Museu da Nacional lá de ãh de Nova Iorque, até os facsímiles né, daquelas peças maravilhosas gregas, egípcias, a gente queria um um facsímile de qualquer coisa egípcia, eh comprava ali por cinco, seis seis dólares né, eu trouxe até moedas, assim que parecem original, da da Grécia, e tudo em facsímile. Então eh Vejo como eles, administrativamente, aproveitam qualquer tipo de de instituição né ãh. Uma facilitando também ah as pessoas que que vão a esse a esses estabelecimentos para trazer uma recordação, uma coisa que interessa, por por exemplo, no caso meu, que eu estava pensando em dar aula de História do Livro, eu trouxe bastante material, folhetos com ãh iluminuras hum, e trouxe muitos cartões postais também com, que em no Nova York, na na biblioteca, eles vendem eh, que que me serviram assim de depois de ilustração para para as aulas. Então hum, eu acho assim a administrativa muito bem organizada nos países assim estrangeiros, que não que não Iluminação pública? Daqui de lá. () Unidos, Nova Iorque. ### () eh em Chicago. Em todos Eh quer dizer, no na Europa, eu não me lembro bem, mas, nos Estados Unidos, a iluminação assim é ultra adequada. Lá também eu tenho a impressão que é é tudo estudado também né, essa parte de iluminação, de de refrigeração, de ar-condicionado, é tudo já estão num num estágio bem avançado que nós aqui, nesses em termos de iluminação, em termos de ãh ar quente (riso), ar frio, nós estamos em uma estaca zero né. Você veja que, por exemplo, São Paulo é uma cidade quase que europeia em em clima, e nós quase morremos num tempo de frio, dificilmente a gente encontra um prédio que tenha ãh calefação. Rede de esgoto (riso)? Ah, isso é o o problema, tenho a impressão, que que há na na nesses bairros mais assim periféricos, que o problema é sempre a falta de água. Eu vejo, às vezes, programas de rádio, aí o pessoal reclamando, coisas que parecem assim do do da Idade da Pedra né, uh bairros assim com buracos, quase um rio, faltando água o tempo todo, o pessoal reclamando. São coisas assim de que Uma cidade como São Paulo, no nível de São Paulo, não deveria de acontecer isso. Né e eu tenho a impressão que, no estrangeiro, dos dois anos que eu estive nos Estados Unidos, nunca houve um problema de de falta de água né. E limpeza pública? A limpeza é outra ### Tremendamente foi em Portugal, quando eu estive lá. por ocasião daquela pesquisa do Fidelino de Figueiredo, que estive quatro meses, a limpeza pública, uma da coisas que que eu mais me senti assim brasileira, quando vi a ordem que existe lá em Portugal, que não se não joga um papel no lixo, não se tira uma flor de um jardim, até, eh em termos assim de brincadeira, contar fui num piquenique com uma turma e paramos lá em determinado lugar, e, na hora, tinha mais uma outro brasileiro. Na hora, a gente começamos a jogar coisa lá, () o pessoal não, não, não não pode jogar isso, não, que tem multa, não sei o quê, apanhou tudo direitinho, os copos, papéis, amarrou num saquinho e, depois, ãh quando voltamos né ãh, viu hum uma lata de lixo e jogou ãh aquele saco. Quer dizer que Você vê que é uma disciplina, já desde criança, de de limpeza, de não não jogar nada no chão de. Aí, nos Estados Unidos, existem também cartazes enormes assim mexendo com as pessoas ãh que vai jogar uma qualquer coisa na rua né. E há há campanhas também. Agora, no Brasil, acho que de uma eu não consigo me conformar como não existem uma cam campanhas permanentes sobre esse aspecto de limpeza né. Nós estamos aqui num também num nível de idade de pe

SPEAKER 0: : da pedra né na parte de limpeza pública. Você acredita que essa mudança de recipiente de lixo venha a beneficar beneficiar a cidade?

SPEAKER 1: : Não, eu acho que só mesmo uma campanha assim, mas uma campanha constante. De vez em quando eu vejo na televisão, eu fico até (suspiro)... ai ãh eu até suspiro aí quando vejo uma campanha de... ãh em prol de da da limpeza pública, porque o nosso o nosso povo é muito mal-educado né. Mesmo vamos dizer pessoas de um certo nível de educação fazem coisas que que a gente joga no um carro, joga uma caixa de de fósforo, joga ãh papel, ãh na numa viagem joga fru ca casca de fruta na na estrada. É um povo completamente... Eh eu tenho a impressão que ele é inconsciente. Então, faltava aqui agora uma campanha assim educativa e também os professores primários começarem ãh a educar esse povo, porque isso é é um do dos indícios assim de um povo subdesenvolvido é essa. a limpeza pública e e cachorro na rua né. Uma outra coisa que não me conforma aqui no, a gente conhece o país subdesenvolvido vendo ca a cachorrada que existe aí, solto pela rua quer dizer. Nos Estados Unidos não existe um cachorro, porque lá há lei né. Se um cachorro morder uma pessoa também, e se o dono terá uma multa, ela se será preso, me parece, eu não sei bem. Ele é preso né. Então, quer dizer que Aí implica muito a lei, como lá em Portugal, via ah a lei sabia que ia multado se tirava uma rosa do jardim, ninguém mexia. Então, aqui o brasileiro não tem medo de nada né quer dizer. É mal educado e não tem medo da da da (riso) lei. E quanto aos tipos de agressões físicas que ocorrem numa cidade? Agressões? Isso eu vi uma a gressões assim, bem de perto. Porque Washington era uma cidade assim de é parece que era quase oitenta por cento, setenta e sete por cento é uma coisa assim de negros né. Então Havia muito um problema muito grande da de preconceito racial, mas ali eu percebi que o preconceito racial não era do do branco contra o negro, mas já era do negro contra o branco. Então Ali, no perto da universidade onde estava, tinha muito negro. Lembro que um amigo meu, italiano, foi comprar uma... buscar cigarro numa daquelas máquinas, era um tempo de neve, e um negro me pegou uma bola de... Acho que deve ter pegado uma pedra num ãh envolto, assim, em neve, jogou na cabeça dele, abriu, até era um amigo assim mais íntimo, telefonou, tive que ir com ele para o hospital. Teve, parece, uns oito, dez pontos né. Ficou vários dias no hospital. Isso aí seria uma hum uma agressão que eu vi de perto. E as mulheres, principalmente, o pessoal lá que morava comigo, num (riso) () um convento lá, eh ### Então, havia. Não Tinha medo de justamente desse tipo de assalto. De ãh e Mesmo se, ah acredito, como como houve essa essa agressão. ### Né é isso é em Washington uma coisa que eu que eu percebi assim bem de perto né nesses dois anos.

SPEAKER 0: : De Washington, o que que você poderia dizer? Ãh eu acho que de

SPEAKER 1: : um tempo para cá, que o Brasil está assim quase que um Estados Unidos (), de uns dez, vinte anos atrás, que havia aqueles assaltos, subversões. Agora, como a gente vê, eu tenho visto pelo televisão e sabido assim de caso assim, de perto, de agressões tipo as assalto né, e a gente vê constantemente ãh assaltos ãh a bancos, ou ãh assaltando, vamos dizer, os os motoristas de praça, ### Nunca fui nunca fui vítima de de assalto nenh um. E não e não tenho me E não tenho medo. () (riso) A coisa também é engraçada que eu não não tenho tido medo não de de sair, de ser agredida, apesar de se anuncia assim abertamente na televisão.

SPEAKER 0: : E a respeito do aparato policial? O aparato policial

SPEAKER 1: : é outra outro outro fantasma brasileiro né que. A gente não praticamente não vê policial na na rua. Não se Eu quase que praticamente não vejo policial em em São Paulo. E e uma coisa assim também que é (riso) que digno de nota é que a gente não tem essa confiança não. Um policial muito mal vestido, mal ãh mal apre como se diz, muito mal selecionado, a maioria vai conversar com policial sem dente, dente quebrado (riso), aqueles guardas civis que não sabe nada, você pede informação, ele não sabe, e tudo meio caipiras né. Então, a gente não tem na, é muito mal selecionado, nós estamos assim eh nessa parte de de policiamento. Também tipo estaca zero aí, que dá até vergonha do nosso do nosso policial. A polícia americana é de um (riso) de uma de uma delicadeza, de uma aparência maravilhosa, tudo muito bem eh eles sele muito bem selecionados, homens educados, e que indicam. Lá qualquer pessoa, independentemente de ser policial, se se a gente perguntasse qualquer coisa para um para um motorista, ele ele parava o ônibus e ficava ali cinco minutos (riso) conversando com você, explicando, e nunca deixou de dar uma informação. É uma coisa que me impressionava, gente. Lá eh A população em geral, mas o policial mais ainda. Agora vamos passar um pouquinho para comércio.

SPEAKER 0: : Comércio? () exemplo. Assim, uma visão geral a respeito do comércio que que você poderia comparar? Com

SPEAKER 1: : mér cio? A Nova Iorque (). Não o co eh Eh É que muito uh Nessa parte, vamos dizer, de de propaganda, de ãh de preparação psicológica no no Estados Unidos, é uma coisa louca. () os sales lá, aquela essas liquida liquidações, quando havia uma liquidação, era uma coisa assim de louco né que. E vendia-se baratíssimo mesmo né. Eh então, eles devem ter uma política assim já muito firme, muito bem bem traçada, porque ãh quando chega na época assim de de troca de estação, há uma liquidação que você pode você pode de ter confiança, que é a liquidação que eles vendem coisa barata mesmo. E nos Estados Unidos é in interessante. Quando () tem uma determinada coisa, tem que comprar logo. Depois que passar um mês, você não encontra mais aquilo. Porque não eles já fazem um ãh não não repete aque ah ah aquele produto, aquela coisa característica. Então, a gente também tem confiança que você quer comprar uma coisa e não há também essa essa especulação como aqui de mais barato, mais caro. Você vai, num de vai por exemplo, agora eu estive em Poços de Caldas. mas numa casa ali, ãh um lugar turístico, é um preço. Ali já é uma uh mais caro, mais adiante, mais barato. Então, a gente fica numa numa aflição, como era a vinte e cinco de março, lá e a outra José Paulino, que você andando mais um passo, você sabe que é mais barato né. Então, a gente quase nem compra. Então isso dá uma angústia para as pessoas né, porque você não tem confiança no comércio nosso. E nos Estados Unidos, sim. Agora, na no resto, da América do Sul, América Latina, também é uma coisa louca. E mesmo na na Europa, eu lembro né, na Espanha, aquela loucura de mais caro, mais barato, e de de a pessoa explorar. Agora, uma coisa interessante, nos Estados Unidos, não se explora. Você pode ter confiança que não explora, mas na América do Sul, lá no México, uma loucura de exploração, na no comércio, sabendo que é turista, aqueles motoristas também sabendo que é turista, aquela exploração tremenda. Nos Estados Unidos, não tem disso, não né. Uma coisa é... Não sei se voltei fã ou que é uma disciplina mesmo lá né. Que tipo de loja você mais se utiliza? Loja? (riso) Eu sou muito curiosa por ãh por essas coisinhas Essas eh bugigangas assim coisinhas, miniaturas. Então, eu estou vivo sempre olhando coisa lá assim de enf enfeitezinho.

SPEAKER 2: : Alguma ma acho que é uma mania, alguma loucura (riso) que eu tenho lá no ().

SPEAKER 1: : Gosto de comprar bobagem. Então assim é um tipo de curiosidade de com comprar miniaturinha, coisinha colorida coisinha, mas a

SPEAKER 0: : gora eu tenho que (riso) perder isso (riso). E você vai ao centro ou se serve dos bairros?

SPEAKER 1: : Não, agora eu estou me servindo mais dos bairros. Também era uma outra não sei se política boba que a gente tinha de ir ao bairro comprar uma coisa mais barata, mas agora o bairro, uh aliás, o centro, agora o centro está tão ãh ruim de a gente se locomover e a gente fica (riso) tão cansada de chegar até ao centro, que é preferível, às vezes, pagar uns dez cruzeiros mais barato e e servir do do dos bairros né. Agora, por exemplo, aqui na Augusta, mesmo que seja um pouquinho mais barato, é muito mais cômodo ir a Pinheiros, que tem tudo mais ou menos junto, e numa grande loja que tenha tipo o shopping center, do que estar correndo lá pela vinte e cinco de março, José (riso) Paulino. É o bendito eh supermercado mesmo que (). O tipo de supermercado que tem tudo ali, tudo limpinho, tudo bem selecionado. Mesmo que seja um pouquinho mais caro, eu eu acho ideal um supermercado. O que eu não também abomino e acho que eu que também é eh tipo (riso) idade da pedra são as as feiras livres né, uma coisa falta de higiene. A feira aqui na na esquina é muito fácil ir ali, () por causa de um dois cruzeiros ãh mais baratos, o mas como eles deixam essa rua, o che o mau cheiro, e aquela coisa mesmo higienicamente né. Eu não sei como é permitido. Você vê que é uh ãh de país subdesenvolvido. Em um país desenvolvido não tem uma feira livre assim. Se já tem o supermercado tudo limpinho, direitinho, por que que vai uma feira livre né? ### Se só tivesse uma feira livre, talvez um um lugar as retirado de um lugar fechado, podia ter tipo de feira livre, como ah o CEASA né, mas não assim no nos bai

SPEAKER 0: : rros, sujando ruas. E frutas e verduras, onde vocês as adquirem?

SPEAKER 1: : Não, aqui (riso) eu tenho uma ideia, mas como a minha mãe já é mais velha, já pensa mais em dinheiro, ela vai à vai à feira livre, mas eh e mas adquirimos também sempre na no supermercado. Eu () compro com o supermercado. Minha mãe prefere às quintas-feiras para tirar um pouco, cinco cruzeiros (riso) mais ().

SPEAKER 2: : (riso) E pão e

SPEAKER 0: : leite? Vem a domicílio?

SPEAKER 1: : Não, nós temos uma uma vendinha bem aí em frente, quer dizer que é só atravessar ali, não não há problema, né? Porque é bem em frente aqui ao prédio e não sou eu quem (riso) Essa é minha mãe, quem vai, eh eh eh já aí é uma até uma uma sessão dela fazer um pouco de de exercício, para não ficar sempre fechada no apartamento. Parece que até uma higiene mental sair um pouquinho, buscar o pão, escolher, mexer.

SPEAKER 0: : ###

SPEAKER 1: : () sei, eu tenho ido sempre aqui no Eldorado.

SPEAKER 0: : É. E lavar a roupa, talvez tingir? Não, isso eu não

SPEAKER 1: : não praticamente eu não

SPEAKER 0: : não faço é. E estabelecimentos que atendem a ordem alimentícia da população fora supermercado e feira? Em que sentido? Você

SPEAKER 1: : diz a lguma fábrica?

SPEAKER 0: : Alguma... Não, o que voc

SPEAKER 1: : Não, não nós nós adquirimos mesmo só aqui nessa na feirinha livre e no supermercado. Não tem nenhuma espécie de... Às vezes tem na uma cooperativa, assim, mas nós não fazemos uso,

SPEAKER 0: : não. E seus materiais de estudo e livros? Onde adquire?

SPEAKER 1: : (), são em Eh geralmente aqui no supermercado mesmo. Agora livros em em livrarias, né? E al Agência? () Só nessa parte turismo, às vezes se se uti utiliza uma agência turi de turismo, mas do contrário eu não me lembro não de de agência.

SPEAKER 0: : ### Pagamentos? Forma de de pagamento normalmente.

SPEAKER 1: : Eu normalmente prefiro sempre pagar pagar de ãh assim de de uma vez, só para evi evitar as prestações, que eu detesto fazer a prestação, só no caso, assim, muito raro, como no caso de, por exemplo, na compra de de apartamento, que daí tem tem que ser prestações, mas normalmente eu eu eu não compro a prazo. Eh sempre através de banco né, na na da Banespa, eu deposito no. Banespa e no Itaú. E

SPEAKER 0: : E quanto ao pessoal que opera no mercado, no comércio no nosso comércio, você teria algo a dizer?

SPEAKER 1: : Também é um pessoal que nem sem que não está muito bem preparado as como é que se diz para hum eh se relacionar com o público, mas como eu, nessa parte, não sou eu quem faço, é mais eh minha mãe aqui, eu não tenho assim ãh nada assim a considerar. Por exemplo, nessa vendinha aqui, eu sempre a gente tem bom relacionamento, acaba até sendo amigo do do do pessoal, eu não tenho tido problemas. Né mas, dizendo de um modo geral, vamos dizer, o os comerciantes brasileiros Não são também... eh não é um pessoal preparado. Porque eu acho que deveria ter assim uma umas umas noções de psicologia, de relações humanas. Porque é um pessoal, às vezes, é muito assim... não olha para a pessoa, muito frio. Não é um pessoal simpático, não. Entendeu? É um pessoal assim, se for para classificar, mais (riso) mal-educado do que que bem-educado assim, em termos de de re

SPEAKER 0: : lacionamento né? Isso você notou que também oco

SPEAKER 1: : Isso olha é na () eh uma coisa negativa que eu notei. Lá nos Estados Unidos, nessa parte comercial, tive assim até algum hum algum probleminha. O pessoal é meio... um pouquinho grosso também na na parte desses eh... dos como é, os comerciários, vamos dizer. Tive até um probleminha lá uma vez numa sho num num shopping, como se diz, num na drugstores, uma senhora tratou... Quando ela vi via aqui que era amé América, da América Latina, eles tratavam mal, acho que tinha algum preconceito. ### Quando percebia que que era da América do Sul, que estava falando lá espanhol, pensavam que português era espanhol, não tratavam lá muito bem. A nós né, estrangeiros, Não eu não vi muito assim. Mesmo numa ocasião que estive também numa ãh numa viagem assim a Europa, na ita as ita as italianas também não trataram bem, na França não me trataram bem. Acho que de

SPEAKER 2: : (riso) Acho que é um problema geral. Ou é problema meu, sou muito agressiva ou é deles.

SPEAKER 1: : Né? Eu sou meio assim, sem paciência, já querendo que si que sirva logo, talvez seja isso também.

SPEAKER 0: : (riso) E, na sua opinião, como seria uma cida

SPEAKER 2: : Ideal acho que é só (riso) a do () (riso).

SPEAKER 1: : Ãh ah o ideal teria que ser (riso) eh tinha que ser ter uma política né, uma política de muito administrativamente muito bem organizada, e com com uma linha diretiva de ãh de organização e de e de, justamente, de de comunicação entre pessoas. O maior problema, principalmente no Brasil, aqui, você vai no i ene pê esse, vai num num cartório buscar um documento, qualquer coisa é um (riso) é o cão né de vida. Então, acho que o ideal seria que houvesse uma administrati administrativamente uma uma linha diretiva e com o pessoal sempre treinado para para os diversos postos. Isso acho que seria o ideal né.

SPEAKER 0: : E que instituições básicas uma cidade ideal

SPEAKER 1: : Ah eu acho que são as que que que existem aqui mesmo né uh ah. Governamental né, eh de governo, de instituições culturais, de de ensino e de comércio e indústria. São as linhas básicas que que compõem um administrativamente uma cidade. Não po não poderia sair disso, né?

SPEAKER 0: : nar, você teria alguma outra experiência para nos contar a respeito das suas viagens? Uma experiência que me calou

SPEAKER 1: : e que eu pu eu gostaria até de escrever um romance, é o brasileiro viajando para o exterior e fazendo compras. A coisa eh eh é até assim não é pitoresca e grotesca ao mesmo tempo. Uma viagem que eu fiz à Europa, um mulherio com a obsessão de de fazer compras, que tinha uma dois cruzeiros mais baratos, Em lugar de apreciar a um momento para ver o o panorama ou aquelas ãh aqueles já aqueles passeios determinados, ir a um museu, ãh (riso) uma como é que se diz castelo, elas queriam fazer compras. Então, uma lá inventava. Não e já ia com a listinha. Em tal país tem agulha quadrada. Então, chegava lá naquele país, vou ver agulha ca quadrada. Todo mundo corria atrás da. da agulha quadradinha (), no Inglaterra era peruca. Então, todo mundo trazia peruca, não sei porque lá tinha renda, então ia haver renda. No outro, lá na Holanda, as mulheres na vitrine. (riso)

SPEAKER 2: : Todo mundo atrás das mulheres na vitrine. Mas era uma obsessão só de fazer compra e ver aquilo, eh ou querer comer num lugar típico. Então, Então, você via aquela aquela psicologia do brasileiro.

SPEAKER 1: : Aquilo foi foi enervando, E era uma loucura. E

SPEAKER 2: : um falava para o outro e o outro tinha que comprar o que o outro comprou. Mas foi hum uma loucura de de discussão né.

SPEAKER 1: : E ia roubar as coisas né ah. Mais a mocidade lá as mocinhas a roubar o souvenir dos do do dos lugares. Nós fomos quase presos na França, lá em em Marseille, porque as moças tiraram aquela () tipo de luvas que tinha no banheiro e a administradora não qui não quis porque aquilo fazia parte material do hotel. E, se não entregasse, eles iam chamar a polícia. Ficou ônibus meia hora, ninguém entregava, e o guia pedia e nada, não quiseram entregar. No fim, o guia foi lá conversar com a senhora, depois voltou e disse, está tudo certo, nós vamos embora, mas uma coisa ficou, esse hotel nunca mais vai receber brasileiro né. E nós estamos passando vergonha o tempo todo desse tipo de brincadeira que o brasileiro tem. Ele acha que é brincadeira, na consciência ética dele, de roubar coisas né. e roubaram mais assim de flagrantemente. Isso foi uma experiência que me marcou no no espírito assim do brasileiro né.

SPEAKER 0: : Então, ótimo. Aqui fica então (riso) nosso agradecimento pela sua colaboração.

SPEAKER 2: : Só que eu sou muito espontânea, muito confusa. Desculpe a loucura.