Inquérito SP_DID_281

SPEAKER 1: : Dona Laura, nós gostaríamos que a senhora falasse um pouco sobre a cidade.

SPEAKER 0: : Falar sobre a cidade de São Paulo, para mim, em especial, é um tema realmente fascinante, porque eu adoro a minha cidade. Pode ser uma cidade considerada desumana, uma cidade de concreto, mas eu acho uma cidade policrômica e encantadora sobre vários aspectos. Cada bairro apresenta características especiais e parecem verdadeiras cidades dentro da de uma outra cidade. Por exemplo, no Natal, a zona oriental era um espetáculo à parte, qualquer coisa de de lindo, de colorido e com aspectos tão diferentes que parecia que a gente tinha feito uma viagem ao Japão ou ou à Coreia, porque lá também existem coreanos e chineses, etec De modo que eu acho que eu posso responder bastante coisa a vocês sobre a cidade de São Paulo. Bom, em especial o centro da cidade de São Paulo, é... eu já tenho uma opinião um pouco diversa. Eu acho, vocês são muito moças, não assistiram a a... essa deterioração que sofreu o centro da cidade de São Paulo. Então, eu acho que o que foi, uma parte bonita da cidade, como seriam as ruas centrais, especialmente Rua Direita, Rua São Bento, Rua Líbero Badaró, que no meu tempo de mocinha eram pontos em que a gente fazia footing, e e tinham as lojas boas, as lojas finas de São Paulo, inclusive a Casa Alemã, que era uma loja finíssima, e onde haviam salões de chá muito bonitos e tudo, hoje se transformaram em ruas ãh abaixo do que se conceituou por popular. E já não acho que o centro da cidade ofereça algo de atraente. Não sei se isso se passa em outras cidades sul-americanas, com exceção das cidades brasileiras, em que, por exemplo, no Rio, a zona central também se deteriorou. Hoje eu acho que o centro da cidade já não exerce, para nós que somos habitantes de São Paulo, ãh alguma coisa de atraente. Hoje em dia a tendência da gente é ir para os bairros procurar o comércio principalmente da zona sul. a Rua Augusto, o Shopping Center, a Rua Pamplona, e aquelas ruas adjacentes que oferecem realmente ãh um comércio encantador, colorido, boutiques a a atraentes, cheio de coisas bonitas. Enfim, o centro, eu acho que hoje já não há muito o que falar sobre ele, porque realmente se deteriorou e não está mais como era no tempo em que eu o conheci. Isso é um fenômeno atestado pelos jornalistas e por todos que conheceram realmente o centro da cidade de São Paulo. Você diz no q no na no na parte referente a lazer? Realmente, eu acho que, na parte de lazer, São Paulo não dispõe de m de muitas áreas, por exemplo, que seria o ideal, áreas verdes. Mas, mesmo assim, e eu acho que, considerando-se o número de museus, de exposições que, paralelamente, são oferecidas em São Paulo, Nós temos muitos lugares a frequentar como lazer. Por exemplo, atualmente vocês têm no Parque Anhembi a Arca de Noé, que como ãh atração no que diz respeito à exposição de animais, inclusive tubarões e aves das espécies mais variadas, está sendo uma coisa maravilhosa. E, no momento, como é o mês de férias, talvez não hajam muitas exposições. Mas, a, frequentemente, nós temos, ãh , de uma maneira paralela, várias exposições. Nós temos a Bienal, Temos museus ãh vários, como o Museu de Arte Contemporânea da USP, o Museu do assis chateaubriand, na Avenida Paulista. Temos, na Cidade Universitária, outros museus. Enfim, eu acho que a gente... Temos o Parque do Ibirapuera, que, como parque, realmente é muito bonito. Temos o Parque Siqueira Campos. Temos a Praça Buenos Aires, que realmente é uma praça muito bonita. E eu acho que, numa cidade, na parte de lazer, não deve ser visto só o ponto ne o o... Eu acho que existem muitos aspectos positivos. E eu sou meio otimista no que diz respeito à cidade de São Paulo. Eu acho, por exemplo, a cidade universitária, no que diz respeito a passeio, também uma coisa muito bonita de ser vista e digna de ser mostrada a qualquer pessoa. De modo que, no que diz respeito a lazer, esse é o meu ponto de vista, no que diz respeito a São Paulo, e a outras cidades talvez sejam mais privilegiadas e ofereçam loc mais locais de passeio. Nós não temos praia, mas, em compensação, nós temos uma rodovia dos imigrantes, e que, ligada à Via Anchieta, em uma hora nos coloca em Santos e no Guarujá, que oferecem uma uma infinidade enorme de praias, e a gente tem que achar que isso também é uma um aspecto positivo, e temos também o litoral aí à nossa disposição, muito perto de São

SPEAKER 1: : Paulo. () A senhora poderia comentar um jardim ideal para a senhora descrever?

SPEAKER 0: : Você diz, não que exista, mas o que seria o ideal. Vocês conhecem a Praça Buenos Aires? Eu considero a Praça Buenos Aires uma praça ideal. É uma praça com uma vege, um tipo de de jardinagem antiga, com canteiros antigos, mas com alamedas muito pitorescas, muito bonitas, no meio há um parque infantil, ãh, que faz com que milhares, mi milhares não, mas várias, centenas de crianças brinquem ali, pessoas passeiem com seus animaizinhos, e é um lugar ideal até para estudo, porque meu marido, que estuda direito, vai à Praça Buenos Aires, senta-se lá e fica estudando, porque é um lugar onde a tranquilidade é aliada à beleza do lugar. Eu acho um jardim ideal para uma cidade grande, a Praça Buenos Aires, na Avenida Angélica. Acho que, realmente, a água faz parte Também, um lago dentro de um de um jardim é o ideal também para que o... a é a área verde se torne mais com mais vida, porque a água realmente dá aspecto de vida, como aqueles no ibirapuera, embora nem sempre limpos, oferecem ali um aspecto bonito de de de vida. Realmente, acho que a água faz parte de um lugar ideal para lazer, se tratando de jardins. Monumentos de São Paulo, eu considero o mais bonito o Monumento às Bandeiras, no Parque do Ibirapuera, de Vítor Brecheret. Eu acho aquele monumento realmente imponente e que realmente dá uma ideia das bandeiras, eles empurrando aquela canoa, eu acho uma coisa realmente muito bonita. Para mim, é o monumento mais bonito. Existem outros monumentos, sem falar naquele feio do do bandeirante, É um monumento que todo mundo satiriza e ridiculariza, realmente é um monumento muito feio. Mas do m o mais bonito para mim é o Monumento às Bandeiras, e agora temos um outro monumento, não sei se vocês já tiveram a oportunidade de ver, também no Ibirapuera, o Monumento ao Padre Manuel da Nóbrega, ao lado do Monumento às Bandeiras, é um monumento pequeno que está situado perpendicularmente ao Monumento às Bandeiras. É um monumento muito bonito, com uns dizeres muito bonitos. É um monumento que eu considero realmente, embora pequeno, um monumento muito significativo para a cidade de São Paulo. Muito bonito mesmo. Que eu me lembro, assim, de momento, temos também um monumento... Esse monumento que nós temos aqui na cidade universitária, vocês estão lembrados para quem é? É a... Não é a Ramos de Azevedo, não, né? Não, não é, não. Eu não me lembro para quem é. Mas nós temos um monumento muito bonito também na Praça Marechal Deodoro. Se eu não me engano, bom, eu não quero incorrer em erro, mas na Praça Marechal Deodoro existe um monumento muito bonito, no primeiro canteiro de quem vem da Rua das Palmeiras, é um monumento muito bonito. Não é a Ramos de Azevedo, porque a Ramos de Azevedo eu acho que é esse da cidade universitária. Mas é um médico famoso e é um monumento muito bonito. Esse é o engenheiro, é a Ramos de Azevedo, exatamente. Você quer dizer instituições em que sentido, instituições hospit italares, instituições escolares?

SPEAKER 1: : Administrativas, culturais, artísticas? Bom culturalmente n

SPEAKER 0: : nós, vocês que são da Universidade de São Paulo e eu que trabalho aqui há vinte e sete anos, ãh acho que temos um monumento em matéria de universidade né. Então, eu situo em primeiro lugar a Universidade de São Paulo. Então, eu acho que São Paulo é privilegiada, porque os outros estados têm universidades federais e nenhuma delas conseguiu ainda atingir, com todos os defeitos que a Universidade de São Paulo possa oferecer, é uma grande universidade. E eu, aqui no meu serviço, especialmente, tenho tido contatos com os nossos mestres, como o professor Saloum, que eu citei, e nós temos verdadeiras capacidades intelectuais em matéria de professores. em matéria de instituições universida de... universitárias, que São Paulo tem o privilégio de ter a Universidade de São Paulo. Sem contar outras, como a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, que também é uma instituição modelar. Temos o Mackenzie, que também é uma universidade á ãh m muito boa, de muito bom nome, de renome internacional também. E talvez a gente p perca um pouco no que diz respeito ao ensino primário, não sei. Não sei se é ainda considerado o ideal, e a gente sente que talvez hajam ainda falhas quando esses alunos chegam ao ginásio e ao curso superior, e as barreiras são muito grandes. Então, talvez haja deficiente na r hajam deficiências ãh na rede escolar pública. Mas, mesmo assim, estamos bem servidos. O ensino municipal está também complementando ãh... as instituições primárias estaduais. E temos ótimas escolas primárias no que diz respeito ao ensino particular. Temos colégios de um gabarito co, de um gabarito como... o Dante Alighieri, que é um colégio famoso em São Paulo e cujo ensino é modelar. De modo que acho que, na parte cultural, São Paulo, para considerando-se um nível de cidade brasileira, está bem servida e tende a melhorar. Eu acho que tende a melhorar. Outro Outro tipo de instituições que eu destaco em São Paulo que eu acho que está muito bem servida, porque eu já tenho tido a oportunidade de comentar com outras pessoas, é o que diz respeito a hospitais. A nossa rede hospitalar realmente é... é muito boa. Nós temos hospitais ãh maravilhosos, considerando-se liderados, é lógico, pelo Hospital das Clínicas, que vocês todos conhecem de nome, é um renome internacional também. Temos o Hospital do Servidor Público Estadual, que eu tenho tido a oportunidade de usar. É um hospital realmente espetacular. Existe o Hospital Municipal, que serve aos funcionários municipais, e uma um sem-número de hospitais particulares, como o Hospital Samaritano, o Hospital Santa Catarina, o Hospital Oswaldo Cruz, e outros que eu não vou enumerar todos, porque eu vou v cometer injustiças, existem ãh um e existe um sem-número de hospitais muito bons, eu acho que a nossa cidade, em matéria de hospitais, está muito bem servida. Tudo isso considerando-se como cidade brasileira, que tem, é lógico, os seus defeitos, as suas deficiências, Mas vamos considerar, vocês estão perguntando o que eu acho das instituições. Então, eu estou dizendo da parte positiva. A parte negativa existe e sempre é maior. Evidentemente, a parte negativa supera a parte positiva, mas vamos considerar o aspecto positivo, já que essa é uma entrevista sobre a cidade de São Paulo. E eu acho que a gente não deve ter essa... e esse pessimismo de olhar só o aspecto negativo das coisas. Vamos considerar o aspecto positivo das coisas também. Acho deficiente. Acho que o esquema policial é deficiente, a cidade é enorme, cresceu ãh desproporcionalmente, foi uma cidade natural, uma cidade que n não não foi uma cidade artificial, não foi planejado, o crescimento dela foi exagerado. Todos os outros estados descarregaram as suas populações pobres aqui dentro e o esquema policial absolutamente não acompanhou. Nós somos uma cidade praticamente despoliciada.

Inf :elizmente, nesse ponto, mesmo aqui na cidade universitária, vocês veem que é uma uma verdadeira cidade com uma população que já deve estar de quarenta mil habitantes para mais uma população flutuante, é óbvio, ninguém dorme aqui, mas nós não temos policiamento Aqui dentro, se acontecer alguma coisa, a gente sente-se meio ilhada, não há policiamento. Então, eu acho que nessa parte, a nossa cidade, infelizmente, é bastante deficiente, não é uma cidade bem policiada.

SPEAKER 1: :

Inf :elizmente, aqui tem que ser enfocado o aspecto negativo da cidade

SPEAKER 0: : Esse último secretário da Segurança, aliás, foi também um comentário que eu fiz ultimamente com o meu marido também, porque nós temos ãh o costume de comentar ãh os problemas da cidade, os aspectos positivos e os aspectos negativos. O nosso último secretário da Segurança coronel Erasmo, não me lembro o sobrenome dele, tem melhorado bem. E o índice de criminalidade, ultimamente, de uns meses para cá, tem baixado bem. Ainda hoje, na Folha de São Paulo, há uma reportagem dele comentando esse aspecto. Realmente, nós temos observado que o índice de criminalidade, de assaltos e tudo, tem caído. Então, está se notando que está havendo um esforço no sentido de melhorar esse aspecto negativo da nossa cidade, pelo menos combatendo assaltos e crimes mais comuns. Tem havido uma melhora nos últimos meses, é de um pouco tempo para cá, mas tem havido já é alguma esperança. Isto se deve justamente ao aparato policial, na sua opinião? Não sei se é o aparato policial ou se é a boa direção da Secretaria da Segurança. Pode ser também que com o mesmo aparato policial estejamos obtendo melhores resultados porque a direção está sendo melhor, de modo que eu não tenho não posso opinar sobre esse ponto. Mas eu acho que a boa direção e um bom secretário, como nós aqui com um bom reitor, conseguimos coisas melhores do que com um mau reitor. Então, eu acho que um bom secretário da Segurança pode conseguir, com o mesmo aparato policial anterior, resultados bem melhores. É É só colocar o os homens disponíveis na polícia ao serviço da cidade e bem dirigidos. Bom, o trânsito também não é, vamos considerar e não podemos negar que o trânsito absolutamente não é o ideal. Éh Temos problemas, temos engarrafamentos, ãhn, se chove um pouquinho, a cidade quase que paralisa, pelo menos em certos lugares, e a gente nota que não é o que se poderia desejar. Mesmo os policiais não são bem treinados, a gente vê que quando éh aparece um engarrafamento qualquer e aparece polícia, parece que a coisa se complica um pouco mais do que se não houvesse polícia. Então, também, nós notamos que é preciso haver um treino maior por parte dos policiais para que a cid o trânsito corra também de uma maneira melhor. Mas, em todo caso, com a construção de novas avenidas que tem sido feitas, sem dúvida nenhuma, a Prefeitura, apesar de todo o do do que se do do do que há de de tumulto no no que diz respeito a obras públicas, ãhn tem sido construídas grandes avenidas E isso também tem melhorado um pouco, porque mesmo quando nós mudamos aqui para a cidade universitária, eu digo nós, o meu serviço. Nós mudamos para cá em mil novecentos e sessenta e três. Quando chovia um pouco, nós ficávamos impossibilitada de ter acesso à cidade universitária. A ponte do que que há sobre o rio Pinheiros, ali no fim da avenida Eusébio Matoso, tinha uma única mão e enchia de tal maneira aquele fim da avenida Eusébio Matoso, que não se podia passar de lá para cá, e a gente ficava impossibilitada de trabalhar. O mesmo acontecendo no fim do dia, quando a gente estava aqui e chovia, éh era um verdadeiro desespero, porque a gente chegava a rezar para que a chuva parasse e a água baixasse para que a gente pudesse sair da cidade universitária. Então, nesse ponto, vocês vejam, nós estamos em mil novecentos e setenta e seis, treze anos, eu mu nós mudamos para cá em a uma melhoria sensível no que diz respeito ao acesso à cidade universitária. Ho Hoje nós temos outras vias, podemos perfeitamente contornar a situação saindo pela por essa outra ponte nova, que foi foi feita depois. Eu digo nova porque foi construída depois de treze anos, e na vida de uma cidade isso é muito pouco tempo. Então a gente já tem outros acessos, e mesmo aquela ponte foi duplicada, o trânsito melhorou, e hoje a gente sai facilmente da cidade universitária quer chova, quer não chova. Então, eu acho que a tendência com essas novas vias de acesso é da melhoria do trânsito, mas precisa também ser melhorado ãhn o aparato policial no que diz respeito a trânsito, à polícia de trânsito, sem dúvida nenhuma.

SPEAKER 1: : E o que diz respeito à iluminação pública? A iluminação pública

SPEAKER 0: : Ãhn, São Paulo principalmente se vista por cima, cidade olhada de avião, nós temos, ãhn, que reconhecer que a cida que a a a Light está procurando acompanhar o crescimento da cidade. Aliás, a Light, nessa parte de serviços públicos, sempre procurou acompanhar o crescimento da cidade. E vocês veem locais aí que ainda não tem nem esgoto, nem nada, já está com iluminação à à luz fria. Mas aqui cabe uma observação. Não sei se se a Light já observou, mas esse tipo de iluminação é uma iluminação que clareia muito de início, mas depois ela logo enfraquece e as ruas ficam, aparentemente, mal iluminadas, embora com bastante focos de iluminação. Então, eu acho que a cidade ãhn tem se desenvolvido bastante no que diz respeito à iluminação, mas esse tipo de luz fria não é a l a o tipo de iluminação ideal, porque ela enfraquece com muita facili facilidade, mas a cidade está melhorando bastante no que diz respeito à iluminação, porque os bairros, bem longe, já estão todos eles com com luz fria, e ruas sem calçamento, sem nada, já estão iluminadas.

SPEAKER 1: : Eu acho que melhorou bastante. ()

SPEAKER 0: : Bom, antigamente vocês vi ãhn viam os bairros, ãhn, não eram iluminados como são hoje. Não havia iluminação e as ruas ãhn eram praticamente escuras. Haviam apenas a luz das casas, o que já hoje não está acontecendo. Mas eu torno a frisar. que a luz elétrica daquele tempo, embora fosse aquele tipo de luz que a gente ainda usa nas residências, que é aquela luz amarelada, ãhn, mas como era naquele tempo, com a voltagem ligada na sua força total, a cidade era clara. A Avenida São João, por exemplo, era um dia. Hoje já não é tão clara, apesar da luz fria, porque a luz enfraquece e a ci e a avenida fica mais escura. E a avenida São João, que naquele tempo também era estava na sua época áurea, hoje já não é mais, ãhn era uma avenida muito clara. E hoje ela já apresenta aspecto bem negativo, e bem deficiente no que diz respeito à iluminação. () A cidade universitária está iluminada com luz diodo, como é iluminada a Via Anchieta. E é um tipo de luz que ilumina bastante, principalmente a entrada ali, a Avenida da Universidade, está bastante bem iluminada, eu acho. Bom, eu, para falar em meio de transporte, eu não sei se eu posso falar com absoluta segurança, porque eu ando sempre de carro, de modo que eu não não posso, sou um pouco suspeita para falar no que diz respeito ao transporte público. Eu não sei se a cidade está sendo bem servida ou mal servida. E com relação ao metrô, eu acho que ainda é uma parte muito pequena da população que está usando, embora seja um transporte muito bom, eu já u já fui, já achei que realmente é muito bom, mas ainda para se comentar, tecer comentários a respeito de metrô, em termos de servir à coletividade, é um pouco prematuro. E quanto aos ônibus, eu não sei, porque isso teria que ser entrevistado uma uma pessoa que só usa o transporte coletivo. E eu, infelizmente, ou felizmente para mim, não sei, não uso o transporte coletivo. De modo que não posso estabelecer c

SPEAKER 1: : comparação. Quanto à limpeza pública?

SPEAKER 0: : A limpeza pública também eu acho deficiente. Acho que há ruas bem cuidadas, mas acho, por exemplo, que o centro da cidade é sujo. E acho, por exemplo, que ãhn há muito descuido no que diz respeito, por exemplo, a ambulantes nas ruas. Então, vocês que devem frequentar os cinemas da rua Augusta, os cinemas da avenida Paulista, vocês hão ver que sempre na frente de cada cinema existem pipoqueiros, sem o menor a menor ãhn sem as menores condições de higiene, éh jogam tudo no chão, fica cheio de pipoca em volta, não há um varredor cuidando de manter aquele local limpo. Poderiam vender pipoca, mas com uma pessoa limpando ou o próprio pipoqueiro jogando aquilo em cestos. E Eu acho, por ex então, que as guias das calçadas nem sempre oferecem a limpeza no que se dese que fosse a limpeza ideal, principalmente nos lugares onde há ãhn circulação de pedestres nas vias públicas. Então, eu acho que a limpeza ainda é deficiente, porque também não acompanhou o crescimento da cidade. E também há bairros aí que a gente frequentemente vê no jornal reclamações com relação à coleta de lixo, em que não nem sempre a coleta é diária. Eu, por exemplo, moro numa rua onde a coleta de lixo é diária. Eu moro na rua Conselheiro Brotero, uma rua que fica em Santa Cecília, é uma rua muito boa, e a coleta de lixo é diária. Então, eu, particularmente, não tenho queixa. Mas eu sei que a coleta de lixo em muitos bairros é de três em três dias e assim por diante. É uma pa parte que está bem deficiente em nossa cidade, a limpeza pública. E quanto a essa mudança de de ambiente né? () Quanto à mudança de recipiente, eu acho muito boa. Eu acho que essa parte de coleta de lixos em recipientes plásticos, em sacos plásticos, é muito boa, porque antigamente os lixeiros pegavam as latas de lixo, ãhn, que nem sempre as pessoas mantinham com a higiene necessária, ficavam sempre contritos e aquele resto de de a que de que ficava acumulado nas latas de lixo era não deixava de ser um atrativo para insetos, como baratas, por exemplo. As latas de lixo, frequentemente, eram cheias de barata. Então, eu acho que essa parte de se carregar o recipiente plástico foi um bom avanço no que diz respeito à parte de coleta de lixo e de limpeza pública.

SPEAKER 1: : A senhora poderia nos citar os vários tipos de agressões que ocorrem na cidade grande?

SPEAKER 0: : Assaltos, ãhn na acho que a principal tipo de agressão ãhn são os assaltos ãhn. Agressões em que sentido você quereria dizer? Por exemplo, ãhn, eu não não sei o que... Assalto é o tipo de agressão violenta, né? Mas além desse tipo de de agressão, por exemplo, da pessoa dizer gracejos para outra na rua, vocês acham que isso seria um tipo de agressão? Eu acho que hoje já não há tanto isso. Eu acho que antigamente esse tipo de agressão era mais frequente. Hoje eu acho que já não há tanto.

SPEAKER 1: : Vocês considerariam agressão que coisa, por exemplo?

SPEAKER 0: : Por exemplo, o batedor de carteira. Então, seriam isso, assaltos violentos, por exemplo, a bancos ou a lojas, e individuais, a o a parte, por exemplo, batedor de carteira, que eu já tenho tido casos aqui com colegas que, andando por uma rua tranquilamente, durante a luz do dia, tiveram suas bolsas arrancadas violentamente, porque isso, essa () colide com aquela da do aparato policial, que não apanhou a evolução da cidade. Então, esse tipo de agressão à pessoa humana, no que diz respeito a a assaltos, a indivíduos que abordam a outras, nesse tipo de coisa, é muito comum numa cidade grande. e principalmente numa cidade totalmente despoliciada, o indivi onde o indivíduo sabe que se ele assaltar uma pessoa arrancando-lhe a bolsa, os documentos, não vai acontecer nada. Também muito comum, e eu já fui vítima disso, é, por exemplo, você deixa um carro parado, o indivíduo vem, abre a o carro, não com o intuito de roubar o carro, mas com o intuito de assaltar o carro. É uma agressão também, eu já fui vítima disso. E eu entrei num supermercado, deixei a bolsa ãhn no banco do carro, e eu tinha saído da cidade universitária, quando eu voltei, a minha bolsa não estava mais, e o dinheiro não foi roubado, mas todos os meus documentos foram tirados, e depois foram tirados e atirados num terreno baldio perto do Pacaembu, do estádio do Pacaembu. Depois uma pessoa encontrou e telefonou para a minha casa, não sei se a própria pessoa que assaltou também é um prob foi um problema que ficou E isso é uma coisa que frequentemente acontece com várias pessoas, eu já tenho visto várias pessoas ãhn falarem disso. Agora, outro tipo de de agressão que frequentemente acontece É o tipo de agressão dessas pessoas anormais, desses anormais, que atacam pessoas pelo simples ãhn prazer sádico ãhn de agredir ou sem se que que que seja levado ao máximo da violência, mas com o intuito de assustar e de violar as pessoas, jogam no chão, correm, pegam os objetos. E é um tipo de agressão comum em cidades grandes despoliciadas, porque acho que em cidades policiadas suficientemente, isto não acontece. De modo que, no que diz respeito a agressões, é o que eu acho. São os tipos de agressões mais frequentes. Vamos falar um pouco sobre comércio? Sobre o comércio, éh, eu acho que a nossa cidade está bem servida em matéria de comércio. Ãhn Nós temos, ãhn, a gente sente isso, e acho que vocês devem sentir também, éh quando a pessoa ãhn sente que a sua cidade pode lhe fornecer tudo aquilo que você quer adquirir ãhn e existente no comércio. E acho que São Paulo, nessa parte, é bem servida. Nós ãhn não sentimos necessidade, pelo menos eu não sinto, tudo que eu necessito e que vou procurar, eu encontro. É suficiente que você tenha o dinheiro em mãos para que você encontre o tipo de mercadoria que você deseja adquirir. Então, eu acho que em matéria de comércio, nós estamos bem servidas. Tanto no centro da cidade, que é deteriorado, mas que apresenta ainda um comércio razoável, como na zona Sul, onde o comércio é excelente, E como nos outros bairros mais proletários, porém bairros bons, por exemplo, Pinheiros é um bairro de nível médio, mas que é muito bem servido, não só no que diz respeito a lojas para aquisição de objetos de uso pessoal, como também no que diz respeito a supermercados ãhn para utilização das donas de casa e ao próprio mercado municipal. E temos também a Lapa, por exemplo, que é uma ci uma verdadeira cidade à parte, dentro de outra cidade. Oferece também tudo quanto é artigo que se possa desejar, não só no que diz respeito ao, como eu já disse, a coisas de o desejadas pela dona de casa para pôr dentro do seu lar, como também a coisas de uso pessoal no que diz respeito não só a artigos femininos como masculinos. Acho que o co comércio em São Paulo é muito bom realmente.

SPEAKER 1: : Que tipo de loja a senhora mais utiliza?

SPEAKER 0: : Bom, eu frequentemente utilizo-me do Shopping Center Iguatemi. Então, no Shopping Center, o tipo de comércio que a gente mais utiliza é o tipo boutique, onde os artigos são muito limitados em cada loja que se frequenta. É o tipo de comércio que eu mais utilizo é esse. É o comércio individual, quer dizer, cada um pouquinho em cada loja. Eu não utilizo muito o tipo magazine, embora eu ache que no centro da cidade, por exemplo, o MAP, embora seja uma loja proletária totalmente, foi uma loja muito elegante no meu tempo de mocinha, hoje é uma loja totalmente proletária. Mas éh é uma loja que oferece todo tipo de artigos e é um tipo de comércio bom, porque oferece desde o artigo mais barato ao artigo mais sofisticado. Éh, quais as lojas que a senhora gostaria de ter bem próximas a sua casa?

SPEAKER 1: : Eu gostaria de ter o Shopping Center Iguatemi. (risos) ()

SPEAKER 0: : Um supermerc(), do tipo do supermercado Eldorado. É o tipo do supermercado, aqui em São Paulo, eu considero o melhor e uma loja ideal, porque não é um supermercado, é um magazine com um supermercado excelente, com uma variedade enorme de artigos. Então, essa para mim é a loja ideal, oferecendo, além do supermercado, outros inúmeros artigos ãhn nacionais e estrangeiros. Então, é a ideal. Bom, realmente você especificou um tipo de coisa que eu preciso e que perto da minha casa não existe uma tinturaria, um tipo de lavanderia ãhn boa, em que a gente pode, por exemplo, levar uma toalha fina, de, uma toalha importada, uma toalha, vamos dizer, com bordado chinês, em que você não pode mandar uma lavanderia comum. Então, eu precisaria, por exemplo, de uma lavanderia do tipo da lavanderia VIP, que existe em vários bairros e que oferece um serviço de alta categoria, de alta classe. Então, eu consideraria ideal ter perto da minha casa, e também não tem. É um tipo de comércio necessário. Eu acho também o tipo do comércio necessário, e que também perto da minha casa não existe ideal, uma drogaria completa, em que você ache toda a linha de produtos farmacêuticos e perfumaria completo. Eu também não tenho perto da minha casa. Gostaria de ter, por exemplo, um tipo da Droga

SPEAKER 1: : ###

SPEAKER 0: : Bom, na minha casa, as frutas e verduras são adquiridas em uma quitanda que eu tenho perto da minha casa. É uma quitanda de de coreanos, e hoje eu já falei duas vezes em coreanos, mas é uma quitanda muito bem sortida. Então, eu compro, a minha empregada vai à quitanda e adquire as frutas lá. São frutas boas ãhn da da estação e frutas muito fresquinhas e muito boas. Eu estou bem servida em matéria de quitanda. Pão, éh, eu tenho a domicílio. Eu acho que a única coisa que vai a domicílio na minha casa, além dos jornais, sem falar de jornais, é o pão. Porque eu acho que a gente acorda cedo, nós trabalhamos fora, eu, meu marido. Então, a gente precisa, quando levanta, encontrar o pão na porta. Então, eu tenho pão a domicílio, de modo que nessa parte também eu não sofro ãhn o problema de ter que mandar buscar o pão e ficar esperando que ele venha para que se tome café.

SPEAKER 1: : Às seis horas ele já está na porta. E, seus livros, a senhora adquire onde?

SPEAKER 0: : Os livros na minha casa são adquiridos, na sua maioria, por meu marido, que é professor, e Então, ele frequenta as as livrarias e ele é que frequentemente compra, adquire livros. De modo que eu não tenho essa oportunidade. Quando eu adquiro livros, eu adquiro muito livro da editora universitária. Principalmente esses livros ãhn que eles têm aí, éh sobre o barroco mineiro, o metrô de São Paulo, Paraty, esse tipo de livros que são livros de lazer, mas que ao mesmo tempo instruem. Eu gosto muito desse tipo de livro. E eu compro muito e tenho quase todos os livros da editora. A Procura do mundos per dos Mundos Perdidos também eu tenho. Ãhn A Procura do Mundo Perdido eu comprei da editora. E tenho muito esse tipo de livro. Agora, meu marido também adquire muitos livros fora da editora universitária.

SPEAKER 1: : Esses são os livros que vão para minha casa. ()

SPEAKER 0: : Bom, eu () hábito de não comprar da prestação. Em geral, eu compro tudo a dinheiro. E Uso muito cheque. Eu tenho conta no Banco do Estado, aqui do Banespa, da cidade universitária. E, realmente, eu pago quase tudo com cheque e não tenho conta em lugar nenhum, dificilmente, a não ser de coisas muito grandes que se compre um um automóvel. Por(), evidentemente, a gente compra a prazo. Mas eu não tenho o hábito de abrir contas em lojas. Eu pago sempre a dinheiro, de modo que os meu paga meus pagamentos são à vista, não há o que falar sobre pagamentos.

SPEAKER 1: : De que tipo de agência? Isso que nós gostaríamos que a senhora citasse (risos)

SPEAKER 0: : Agência de, por exemplo, para empregada doméstica? Não. Nunca me lembro de ter me utilizado de alguma agência. Agência de viagem, não porque não tenho saído de ci de São Paulo. Com esse tipo, por por agência. A gente sai, mas por conta própria e sem usar mão lançar mão de agência. Passagens aéreas, a gente compra direto das companhias.

SPEAKER 1: : Então, agência de turismo, por exemplo, eu não tenho me utilizado, vejo minhas colegas usarem, mas não usei. A senhora poderia comentar ()

SPEAKER 0: : Pesos e medidas utilizadas, você diz, por exemplo, no que diz respeito ãhn à honestidade do que... Não, nesse assunto eu não p eu não posso falar porque, infelizmente, eu não sei o que falar. Eu me perco um pouco, a não ser que vocês fizessem perguntas mais objetivas. Um item muito específico esse, né? Eu acho que muitas pessoas vão...

SPEAKER 1: : Vacilar, não vacilaram quando chegaram nesse item? (risos) ()

SPEAKER 0: : Você quer dizer o comportamento, por exemplo? Comportamento, é É. () acho, por exemplo, que é o tipo de ca... Por exemplo, o comércio do centro, você comparando com o comércio da zona Sul, o tipo de pessoas que operam no comércio é é um tipo de pessoas completamente diferente. Você pega uma pessoa que te que vá servir você num grande magazine, onde o movimento é enorme éh e onde as o nível social das pessoas que procuram a loja é inferior, ãhn, o tipo de pessoas que servem no comércio também é inferior. Se vocês procuram uma loja da zona Sul, o atendimento é completamente diferente. Voc Se vocês procuram uma loja, por exemplo, do tipo da Sears Água Branca, também o atendimento é diferente. Então, você nota que as pessoas que atendem são mais delicadas, atendem com mais presteza do que as pessoas que atendem, por exemplo, numa loja americana situada no centro da cidade. Então, há uma diferença bem grande de atendimento conforme o bairro em que você vai, conforme o tipo de loja. Éh O tipo magazine, em geral, é melhor é é pior atend, éh, o ate o atendimento é pior do que numa boutique ou numa loja de menor tamanho, evidentemente. Então, isso é o que eu observo com relação ao atendimento no comércio, às pessoas que servem. O ti po de, inclusive, eu acho que para admissão, nas lojas, éh, deve haver ãhn um número maior de exigências no que diz respeito à loja de uma certa categoria do que numa loja que pague menos aos seus empregados e que esteja situada num local onde a frequência também é de categoria social inferior. É uma observação bastante inteligente a sua. Porque quando, por exemplo, numa boutique, o dono da loja está presente, evidentemente, mesmo que ele tenha um ou dois empregados, que é o que uma boutique em geral tem, éh, o atendimento é melhor, porque o patrão está presente. Isso é muito importante. E num Numa loja grande, como no Mappin, por exemplo, não há uma uma fiscalização imediata, porque não há ninguém que dirija a loja, nem se sabe quem são os dirigentes, observando o atendimento da pessoa que está ali no balcão. Como nas lojas americanas, também acontece a mesma coisa. Aquelas moças que estão ali, éh, se elas ()icamente forem boas comerciantes, elas vão atender bem. Mas se elas não tiverem esse dom de bem servir, elas não vão atender de maneira eficiente aos seus fregueses. Isso é uma coisa óbvia.

SPEAKER 1: : Como em grande quantidade? Não ()

SPEAKER 0: : Bom, você se refere, por exemplo, a um tipo de comércio como seria o macromercado, que existe na avenida Marginal e que eu não conheço. Existem também. Existe também o Seasa, onde você faz aquisição ãhn de do do da mercadoria por atacado. O Seasa é um exemplo típico em que você vai lá para adquirir mercadoria em grande quantidade, nunca em pequena quantidade, né? Existe aquela parte de verduras, por exemplo, que aliás é um comércio encantador, eu acho aquilo uma maravilha, mas éh o atendimento é bom. Em geral, aquelas pessoas que trabalham à noite no no Seasa ãhn e em que as mercadorias são compradas em grande quantidade, em geral, são pessoas muito bem humoradas. Eu não sei se são japoneses e eles têm um temperamento mais dócil. Então, a o atendimento é muito bom. Embora a me as mercadorias sejam compradas em grande quantidade, não há necessidade desse contato ãhn mais ou menos, vamos dizer, em que entra até uma uma certa uma cert um certo requinte, uma certa elegância, mas eles atendem bem. Eu acho que o atendimento é bom.

SPEAKER 1: : O nosso agradecimento por esse material. Eu acho que vai ser muito útil para o nosso projeto. Muito obrigada.