Inquérito SP_DID_280

SPEAKER 1: : Bom, dona Maria do Carmo, nós gostaríamos que a senhora nos contasse o que a senhora considera uma casa ideal.

SPEAKER 0: : Casa ideal é aquela onde nós podemos viver com um certo conforto e proporcionar condições de felicidade para os membros da família. É Esta é, para mim, a casa ideal. Não importa que ela seja Ela poderá ser simples, poderá mesmo possuir requisitos muito singelos. Mas dando condições de felicidade para a família, isto é o que, o que importa. Agora, o que mais vocês gostariam que eu dissesse sobre a casa? O que a senhora considera uma casa confortável? Casa confortável. É justamente aquilo que proporciona ou dá as condições para que nós nos mantenhamos com saúde, que nós tenhamos condições de, de recriação

SPEAKER 1: : ão, e, ao mesmo, de tempo bem-estar. Quais as das partes da casa que a senhora considera, é, que a família

SPEAKER 0: : em geral, na sala de estar e na sala de jantar. Que, aliás, aqui na minha casa sempre foram contíguas. E... E onde hoje impera sempre a televisão. A televisão, nos meus tempos de menina, era uma coisa que não fazia parte da nossa, dos nossos hábitos. Entretanto, hoje já é uma condição até para reunião. E a televisão, sendo bem dosada, ela não representa, não passa a representar o mal. Ela pode se constituir também numa, num, num motivo de reunião. Agora, o que é preciso também é que nós não nos escravizemos a televisão. Esse é que nós poderíamos considerar como um mal.

SPEAKER 1: : () Então nós poderíamos

SPEAKER 0: : dizer co onde nós trabalhamos, onde nós recreamos, onde descansamos e onde nós usamos do, podemos aproveitar o ar livre e estar em contato com a natureza. Por isso mesmo é que as pessoas de mais idade se recusam a morar em apartamentos, porque essa última parte, a de contacto com a natureza, com o jardim, com as plantas, em geral, para as pessoas de uma, de uma outra geração, faz, é muito necessária. Porque num, nós não () nos desprendemos, vivemos desde crianças sempre em contacto com o quintal e o jar

SPEAKER 1: : Agora, a geração nova não, se não acha isso tão importante. O jardim de que local a senhora acha que, é, ele é mais aproveitado

SPEAKER 0: : O jardim, naturalmente que o ideal seria lateral, mas lateralmente a gente tem mais facilidade para lidar com as plantinhas, etc, né Agora, a frente é uma parte ornamental para a casa. E no fundo do quintal também ainda existe não somente o jardim, mas a, a possibilidade de algumas árvores. Isso está se tornando quase que impossível para a nossa cidade de São Paulo.

SPEAKER 1: : E para que cômodos da casa a senhora acha que gostaria de ter um jardim ()? Nós, os cômodos da casa para, olha aqui

SPEAKER 0: : Todo o os cômodos da casa, é interessante que quando você fala em cômodos, sem querer, eu me lembro de quartos de aposentos, sabe? Hum O termo cômodo, para mim, está muito ligado a aposentos. e não a salas. Agora de, naturalmente, que de, diretamente para a sala, não é? Agora, a vista do quarto pela manhã, respirando o ar puro e já olhando, enxergando o verde, é muito agradável. Depois do jardim também eu acho muito importante, porque nós despertamos aquilo que nós, hoje, Estamos tão preocupados em desenvolver o gosto nas crianças pelo verde. Nós, da nossa geração, tivemos isso. E os da atual geração estão perdendo até a noção do amor pelo verde. É mais na base de turismo do que (risos) não na base de apreciar e viver. Não a construção, mas a reconstrução eu acompanhei. A reconstrução como a construção dá sempre muita preocupação, sabe? De modo que geral, o, geralmente a gente mistura. aquela, aquele interesse em melhorar a casa, em construir a casa, com as dificuldades da sua realização. Mas nada poderia se dizer de uma forma especial nesse sentido.

SPEAKER 1: : Que tipos de empregados geralmente trabalham numa construção? A, eu

SPEAKER 0: : Eu gostaria mais até de dizer dos empregados que trabalham conosco. Agora, como você abordou, esse, esse assunto de empregados, de operários que trabalham na construção. Atualmente, nós temos tido somente os nordes tinos como

SPEAKER 1: : mo, como operários. Que função que eles exercem? () é o tipo de tarefa executada por eles na construção de uma casa?

SPEAKER 0: : Está sempre subordinada a quem contrata, modo que, em geral, o dono da casa ou a dona de casa, não, quer dizer, em geral, não liga muito, não ficam muito ligados nesse campo. Embora, por exemplo, quando eu acompanhei a construção de uma escola, que foi o primeiro prédio construído pelo, pelo município aqui na nossa cidade, então eu senti e gostava de conviver com os operários para estimulá-los no sentido do, de rendimento e de aperfeiçoamento. Isso eu senti muito mais no, na construção de um prédio, um grande prédio, do que num trabalho de reforma, de reconstrução domiciliar.

SPEAKER 1: : A senhora lembra que tipo de acabamento foi dado nesse prédio?

SPEAKER 0: : O tipo de acabamento comum, né, de massa corrida, () mais ()

SPEAKER 1: : não sei o que dizer. Materiais usados ()

SPEAKER 0: : Acompanhei muito pouco isso, sabe? Isso esteve mais afeto ao meu filho, que ainda está comigo, que é solteiro. Então, esse acompanhou muito mais de perto. Mesmo porque, nesta época da vida, Eu achava que devia caber a ele Essa, esse interesse

SPEAKER 1: : Maior. () Esta casa que a senhora mora () a senhora lembra qual, em que constou a reforma

SPEAKER 0: : A reforma foi grande, porque ela justamente ela tinha estilo normando. Mas o estilo normando, uh, diminuía muito o espaço para a casa. E, por esse motivo, o engenheiro foi que idealizou essa ampliação. O terraço, no estilo normando, nós não tínhamos. Então, mudando o estilo da casa, é que pudemos ###

SPEAKER 1: : terraço. () Como era este normando () o que caracteriza este normando?

SPEAKER 0: : Justamente aqueles aqueles telhados inclinados que vinham até poucos metros a, aci, acima da casa, aquelas entradas. Aliás, sinceramente, creio que se eu fosse determinar, não, não iria aceitar de um engenheiro tamanha modificação. Nem sempre aquilo que com a qual nós concordamos, nós depois consideramos melhor. Agora, o terraço para nós foi muito bom, muito gostoso. E uma coisa interessante, eu tinha uma amiga que dizia, como eu gosto de ver você em sua vitrine. Então, o terraço para ela era uma vitrine. Por que ela teve, ficou com essa ideia? Não sei, sabe? eram colocadas aí, agora estão sem, as, a As poltronas, e ali o meu marido, eu e filhos. Talvez ela visse alguma coisa de notável que eu mesma, que estava dentro da, da vitri

SPEAKER 1: : ne, não percebesse () internamente a senhora ()

SPEAKER 0: : Perdeu internamente. ### Externamente. Porque lá em ci, no, no andar, por exemplo, superior, já os quartos foram ampliados, né, nós não tínhamos tantos quartos quanto temos hoje. Os terraços que nós temos também, nós temos atualmente, temos dois terraços, e os terraços também foram modificados, sofrendo grande, grande modificação. Principalmente nessa parte.

SPEAKER 1: : E as áreas de serviço da casa ()?

SPEAKER 0: : Nessa parte foi melhorada, né? Porque nós temos aqui a, a cozinha e externamente a parte da lavanderia e da garagem, e antes eram menores. Agora você falando, falou em, em pessoas que trabalham, Eu acho que muito importante na vida da casa é aqueles que colaboram conosco na vida familiar. Eu, por exemplo, sempre dependi muito de empregados, né, e principalmente de empregadas, porque vivendo toda a vida do meu trabalho de professora, diretora, inspetora, eu me ause, ausentava bastante de casa. Então, dependia das empregadas, e posso dizer a vocês que nunca passei um dia sem elas. E nunca tive problemas com elas. Desde a época em que me casei, às vezes eu chegava até a ter vontade de que elas faltassem para eu ver como eu iria me arranjar sem elas. Mas nunca tive, porque Parece que eu tenho facilidade em lidar com elas, com os elementos, sabe? Então, isto faz com que permaneçam. Atualmente, por exemplo, as minhas empregadas são antigas, e antes delas, uma outra empregada que esteve comigo vinte e oito anos, sendo que entrou comigo aos dezoito, e até hoje ela é ainda presta serviços à família como, como pessoas, como agregadas, como que, que vo , nós chamamos de diaristas Então, ela serve não somente a mim, que ela serviu vinte e oito anos, mas serve também às minhas filhas, que hoje são donas de casa. Fazendo trabalho de diarista, hora numa casa e hora no Dessa forma, ela tem um resultado mais, quer dizer, ganha mais. E, ao mesmo tempo, ela fica em contato com todos a, aqueles elementos que ela aprendeu a querer bem. E que fazi, fazendo as trancinhas das minhas filhas, né? Penteando o cabelo e hoje acompanhando a vida de todas elas. Tem um quarto cômodo, gostoso. A empregada, a empregada tem uma cama bem ampla, tem o seu guarda-roupa. E isso toda a vida, desde que eu me casei, eu achei sempre muito importante que a empregada gozasse de conforto. Aliás, eu venho de família paulista antiga, E, geralmente, nós falamos que essas famílias, uh, nós colocamos os escravos, por exemplo, nu, numa, numa atmosfera de, de julgo, de sujeição. Mas não representa, i, isto não foi uma coisa geral. Em geral, os escravos eram muito bem tratados pelos fazendeiros. E, principalmente, depois que eles se libertaram, Eles continuaram a servir a família. Há muita de demagogia nessa questão de escravidão, viu? Eu tento que, de meu pai, eu sempre aprendi que nós, paulistas e brasileiros, devemos muito, devemos uma reparação muito grande para os negros. Porque eles não estavam preparados para aquela liberdade que eles tiveram. Seria a mesma coisa se nós largássemos os nossos filhos sem dar cultura, sem dar meios de vida e soltássemos pelo mundo. E assim, os negros, sem ter condições, se viram de uma hora para a outra, uh, independentes, mas Sem condições de tra

SPEAKER 1: : balho. () condições de trabalho (risos), o qu que, a senhora não tem um cantinho de trabalho não ou pelo menos teve? ###

SPEAKER 0: : Tenho, sim. Na, é Na nossa... Eu, por exemplo, vivo muito aqui. Vocês estão vendo aquela mesinha? Aquela não é tanto para lanche, não. Aquela mesinha para que é? Máquina de escrever? Para escrever, para estudo, para ler. E interessante que até os netos já estão aprendendo a gostar de uma mesa para o, pa Esta fica aqui embaixo para quando eu estou neste pavimento. Agora, quando eu estou lá em cima, eu tenho meu escritório e no meu quarto eu tenho a mesinha para a máquina de escrever. Porque muitas vezes eu não vou ao escritório, então eu fico no próprio quarto comum Com essa facilidade para o exercício de mi ### Tem o arquivo e os, as estantes. Muitas pastas, sabe? (risos) O problema, os recortes que nós fazemos, né Isso () é para a vida da pessoa. e principalmente para nós que sentimos uma responsabilidade de vida de comunidade. Porque eu deixando o magistério, continuo interessada pelo magistério. E na minha atividade de presidente do movimento de regimentação feminina, nós temos sobre os nossos ombros a responsabilidade comunitária. Então, todas as áreas, nós precisamos estar a par dos acontecimentos e ter condições de usar dos recursos e dos recortes que possamos

SPEAKER 1: : Colheram. E no seu quarto, a senhora poderia dizer?

SPEAKER 0: : O meu quarto, o penteador, os guarda-roupas, cômoda, como todo quarto. Há cama grande. Estilo comum, sabe? Nunca fui muito requentada para o, para a vida, assim Eu gosto, mas sempre gostei. Talvez porque tenha me dedicado muito ao trabalho externo e nunca transformei minha casa num local, assim, para exibição. Então, sempre, eu a, eu creio que sempre mantive a minha casa num nível assim muito cômodo, muito gostoso de se estar, mas sem a preocupação de exibir. Aliás, uma das minhas filhas tem uma fi, tem uma casa muito trabalhosa, e eu não, não digo a ela, mas eu tenho pena, né, porque, uh, o trabalho que aquela casa exige

SPEAKER 1: : muitas vezes esmaga a pessoa. () tipo de casa (). É um

SPEAKER 0: : Por causa dos, do, da, das portas todas entalhadas e recortadas e divisão, os, uh, os envidraçados, né, as coisas douradas. Então, aquilo tudo dá muito trabalho e precisa uma manutenção muito cuidadosa. De modo que isso é (), eu acho, se eu fosse orientar, não teria orientado para esse tipo de construção. Eu teria orientado no sentido de uma coisa mais prática, embora a casa dela seja realmente deliciosa, porque é terra e tem um, um jardim maravilhoso, um local para o descanso e para O divertimento das crianças, a recriação das crianças, não é?

SPEAKER 1: : Ótimo. () compõem uma sala, a senhora poderia me citá-los?

SPEAKER 0: : De uma sala? Olha aqui, vocês estão encontrando até a casa mais simples do que ela seja, porque nós retiramos os quadros e ainda não recolocamos. Mas eu gosto de pouca coisa, sabe? Não sou muito amiga. Eu não, não gosto de uma, de uma sala enfeitada. Isso eu creio que quando vocês entraram, vocês perceberam. Eu gosto é do, daquilo que eu disse a vocês de início. De conforto e que não traga para a dona da casa muita preocupação e que e forneça os elementos para, para uma recriação. Uhum. Estou vendo que a senhora tem uma cadeira bastante interessante () Qual delas? () Aquela? Ah, bom, aquela foi () remanescente da primeira... da primei, do primeiro móvel, da primeira mobília, cinquenta anos atrás, não é? () é ### Justamente na época do meu casamento, é que nós usávamos as mobílias daquele tipo. Os móveis todos eram feitos de embuia, né Agora, é somente casquinha que de embuia (risadas) E dá graças a Deus quando a casquinha é realmente de embuia.

SPEAKER 1: : (risada) a senhora gosta de uma casa ()? Ah, isso gosto.

SPEAKER 0: : Gosto, sim. Em geral, uma cidade gosta mais da média-luz, né, mas nós gostamos da casa mais iluminada, e, () Não tenho predileção, viu Não tenho, não, num... Não houve preocupação com esse setor. De modo que tudo é dentro daquele

SPEAKER 1: : daquela norma de vida bem, bem suave, viu? Uhum. Mesmo a senhora já comentou que no bairro () não é que não goste, mas a senhora não teve essa preocupação, nunca, () e, e a sua cozinha ()?

SPEAKER 0: : A cozinha é gostosa, é bastante confortável, maravilhosa mesmo. Bem confortável. Porque justamente ali a, a minha grande ajudante, que é a cozinheira, ela pode trabalhar com o maior conforto possível.

SPEAKER 1: : Ela tem tudo. () móveis

SPEAKER 0: : A orientação atualmente, a, a atual, a atual cozinha foi orientada por minhas filhas, viu? Não fui eu bem. Elas aqui. Porque hoje, nos dias de hoje, nós já vivemos, eu tenho muito amparo. Você já pensou? Três filhas maravilhosas procurando adivinhar o pensamento da mãe, querendo dar à mãe tudo quanto possa haver de conforto, de bem-estar. De modo que () o meu trabalho fica muito facilitado. Então, quando chegou a hora da cozinha, Pronto. Elas mesmas, ó lá mamãe, fica bem assim, assim e pronto (). (risadas) Como é que é? () Geladeira, são armários, não é? Tudo quanto nos dias de hoje nós, nós costumamos encontrar numa, numa cozi

SPEAKER 1: : zinha bastante confortável. Existe assim alguma novidade que a senhora gostou que elas introduziram?

SPEAKER 0: : Aliás, eu já tinha de tudo o que existe atualmente, mas não com a apresentação que tenho hoje. Porque já de, de há muito tempo, só no começo da vida de casada, é que nós não tínhamos o conforto que podemos ter hoje, não? Uhum. A tecnologia já facilitou tudo. Ah, perfeitamente, na ### hoje, o domingo é meu. Quer dizer, é o meu, quer dizer, é o domingo da família. Não quer dizer isso que todos eles possam comparecer todos os domingos. Mas a minha casa está sempre aberta para eles, em qualquer época, não é Hoje, por exemplo, os netinhos estiveram aí Depois o filho sai com o irmão, foram para Itanhaém para ver se a reforma da casa em Itanhaém está pronta. E assim, quer dizer que a minha casa, a casa de meus, não, a minha casa que é um prolongamento, continua sendo um prolongamento da casa dos filhos.

SPEAKER 1: : () Como a senhora coloca a mesa, prepara a mesa com o almoço? Uh

SPEAKER 0: : A mesa sempre, desde o meu tempo de mocinha, a nossa mesa era sempre bem preparada e bem apresentada. Desde o descanso do talher, que isso vem do tempo ainda da vovó, né, da minha vó. Vocês vejam bem que a coisa, uh, vem de muito tempo. Então, quando eu me casei, o primeiro presentinho que a vovó me levou porque ela achou que em ca, na minha casa, eu ainda não possuía, né, eram aqueles pratinhos de, de metal para descanso dos copos. Também foi ainda minha avó que me deu os primeiros descansos de talher. Quer dizer que o requinte na apresentação da mesa, embora com simplicidade, requinte não é no sentido de luxo, no sentido de, de disposição, de comodidade, de higiene () Sempre foi. E sempre o recebi já desde a casa de meus avós. Conte com mais detalhes como é () Mas é aquilo que nós costumamos fazer sempre. Não é isso? Aquelas, uh, para descanso dos pratos que vem à mesa. Os pratos necessários, os copos. E, como eu disse a você, o porta, porta-copo, não é, o descanso para o copo, o descanso para o talher. Porque hoje já não está, já não usam mais. Eles colocam o talher sobre o próprio prato, não é E nós ainda mantemos aquele costume que recebemos dos nossos antigos. Olha, quem entende de vinho são os meus filhos, viu? Porque eu, em geral, num, num, não tenho, não tenho conhecimento, a não ser daquele vinho gostoso, de, com gosto de suco de uva. Aquilo, para mim, que é o delicioso, viu?

SPEAKER 1: : () Então, dentro da casa, que objetos que ()

SPEAKER 0: : A enceradeira, essas coisas comuns. Não temos, uh, o aspirador. Somente... Agora, se vocês fossem me perguntar quais os elementos que eu, que são comprados para limpeza, eu não saberia citar, precisaria chamar a empregada. Então, ela diria tudo o que ela costuma comprar para, para limpeza. Viu como eu sou uma dona de casa feliz? eh, né, é a so

SPEAKER 1: : orte mesmo, viu? E quem, a, além da senhora, quem mo, mais mora aqui ()? ()

SPEAKER 0: : Só eu e meu filho solteiro, que já está noivo e naturalmente que depois terá sua casa também. Agora é interessante, você pode achar que a casa é grande, porque a casa Apresenta, são três quartos e mais um duplo, que é o meu, que tem cinco metros por quatro. Então, é bastante conforto, por isso que é gostosa, né, uh... E nessa casa assim grande, eu não me sinto só. Por exemplo, meu filho, como todo rapaz solteiro, além do, das horas de trabalho dele, Ele também tem as horas livres para ele. E nunca o fato de eu ficar só foi motivo de preocupação para quem quer que seja. Nem para ele, nem para as minhas filhas. E não me sinto absolutamente só, porque eu creio que a solidão vem da falta, sabe do quê? De objetivo. Quando nós temos algo a realizar, não podemos nos sentir só. Agora, talvez que aquelas pessoas que passam a sua vida em mesa de jogo, em, em outras, em outras distrações, então, na velhice encontrem um verdadeiro desespero, que é a solidão. Mas eu, até o dia de hoje, Não conheço o sentido do termo

SPEAKER 1: : () solidão (). Normalmente, dona Maritaz, as pessoas, uh, reclamam assim de escadas, né? A senhora tem alguma coisa a dizer sobre elas assim?

SPEAKER 0: : Ah, escada não atrapalha ninguém. Eu acho que até é um exercício necessário. Quer dizer, a juventude gosta de escada. Então, sobe de três, de quatro degraus, não é, e pronto, não representa problema. Nós, que já temos idade, subimos de degrau em degrau. Mas eu creio que, se eu não tivesse a escada, eu teria, talvez, maior dificuldade para vencer essa... para andar. Porque eu acho que () é um exercício. Só quando falta saúde, daí pode criar dificuldade, mas nesse caso, a gente resolve com um quarto no andar térreo, né?

SPEAKER 1: : Não acho. () faria diferente sua escada ou a senhora acha o ideal assim mesmo? Hm

SPEAKER 0: : Poderia ser. Não, não tenho, não me queixo dela porque ninguém realmente se queixa daquilo que está acostumada, né? Agora, existem tipos de escadas de acordo com a idade da pessoa. Então, quando eu... Olha, eu falei a vocês que nunca tinha tratado de casa, agora estou vendo. Eu fiz também, construí uma casa para pessoas de idade, na associação que eu então era presidente, Liga do Professorado Católico. Nós temos uma residência para professores idosos. e que, na realidade, não são pessoas idosas que estão lá, porque as pessoas de idade, uh, elas não procuraram, sabe? Eu tenho somente uma professora de idade morando naquela casa. Os demais elementos são todos de idades bem variadas. E... Então, a escada nessa casa foi construída de uma forma especial. construtor, o engenheiro fez, porque a altura dos, dos degraus não pode passar de um certo número de centímetros, né? Existe. E é como da mesa gostosa, até quando eu vou lá eu acho até delicioso. () para atender () Foi. Por exemplo, é, cada quarto tinha um terracinho para que A pessoa, mo, estando, no caso dela se ficar no seu apartamento, porque são todos apartamentos, né, dela não ter facilidade para descer ou para se locomover, ela teria um terracinho para ela gozar do ar, do ar livre, não é Porque o ar a gente goza tanto dentro quanto fora. O terracinho já dá mais, mais oportunidade de aproveitar o ar livre. E também para colocar as suas plantinhas. Isso é () importante. Tivemos todo esse cuidado. Temos um no banheiro. Banhei nheiro também, bastante confortável () Lá nós tivemos. Agora aqui na minha casa, nós temos três banheiros internos. e um para a empregada, né De modo que estamos bem... A senhora poderia descrever o banheiro que a senhora mais gosta (risos)? Banheiro bem colorido, não é, com as peças habituais, e... Antes, nós tínhamos aquela bacia grande de banheiro. Atualmente, somente o, o chuveiro,

SPEAKER 1: : E assim, todos eles, tudo gostoso. () copo de água

SPEAKER 0: : Não, não, porque depende muito também da, da economia, ou antes, do espírito que a gente... Eu, por exemplo, sempre mantive, uh, dois tipos de fornecimento de água. Um armazenado e outro livre. Então, quando a livre era para o aproveitamento direto da água que vem da rua. E justamente ele se dirige para o local onde possa haver maior consumo da água. E dessa ve, dessa forma fica preservada a água do, das caixas.

SPEAKER 1: : E esse local de maior () consumo seria onde?

SPEAKER 0: : Seria justamente, por exemplo, na cozinha. Você não, não iria poder controlar, ah, o uso pela cozinheira no tanque. Então, se nós estivéssemos, () estivéssemos usando a água dire, da, da caixa, () daí acaba e a gente fica sem água nenhuma na casa e vai pedir na casa do vizinho. Então, nós sempre fizemos isso. Isso foi invenção minha. Foi marotice da minha parte. Sabe? Mas, então, a empregada, se só falta água na rua, ela tem o recurso, porque dentro da casa tem água. Só que não tem aquela fartura que teria se ela estivesse usando diretamente a água da caixa. Agora, quando, em outros locais, costumamos usar também aquela, aquela espécie de cisterna de água levar, né, mas nós não temos esse tipo, não. Temos só de caixa.

SPEAKER 1: : Seu filho tem carro? Tem e eu também () guardam o carro ()

SPEAKER 0: : aí na, do lado na, tem a gara gem, e tem essa cobe, essa cobertura lateral E, justamente, você vê (), os filhos são, sempre mo, sempre o motivo de, a preocupação deles é dar sempre com força. Agora, essa parte, eu também fui habilidosa. Eu sempre ensinei meus filhos a não serem egoístas. Não somente em relação a eles próprios, a mim, como aos seus amigos, porque os pais que se queixam de filhos, geralmente não tiveram o cuidado desenvolver neles esse espírito de solidariedade, de apoio e de ajuda. Então, quando um filho chegava com uma laranja bonita, dizia, mamãe, essa laranja é a mais bonita, eu trouxe para senhora. Eu não desapontava o meu filho. Eu... A vontade minha seria dizer, chupe você, porque eu ficaria muito mais feliz ele chupando a laranja. do que eu aproveitar aquela laranja, que era a mais bonita de todas. Mas eu dava oportunidade de que ele sentisse satisfação, dele de me agradar. E dessa forma, eu criei os meus cinco filhos dentro do espírito de ajuda mútua e de servir.

SPEAKER 1: : Dona Maria do Carmo, nós agradecemos muito, acho que já temos material suficiente e fica em nome do projeto nosso, muito obrigada.