SPEAKER 1:  Bem-vinda. Nós gostaríamos que a senhora contasse, de maneira geral, como se divide ah a nossa sociedade.

SPEAKER 0: Bom, a nossa sociedade se divide em vários espaços. Várias classes, vamos dizer, classe á, classe bê, classe sê, vai daí vai baixando, baixando, cada  Eu, por exemplo, tenho maior contato com a classe mais baixa. A classe mais baixa dá muito que pen>. <sar. A gente quando vai num lugar assim, quando a gente encontra as diversas classes,  assim, estruturada. A gente logo percebe uma falta de interesse sólido também, uma falta de solidariedade. Como se diz ### () Um não quer saber do outro. Paga para aquele outro vá para longe. Então, onde eu tenho contato maior, que eu mais frequento por causa desse plano de trabalho, são os bairros, são nos bairros mais pobres, principalmente na favela.  Então, a gente nota lá que os todos os favelados, eles não entendem. ### O único interesse que (), assim, seria um um pouco de diversão, que a a secretaria do Bem-Estar botou lá. () um campo de futebol, () um...  Falando assim, muito rústico, assim, com... hum Não sei como se chama, assim, essas máquinas de pebolim que tem por aí, um futebol de mesa, um um automático lá que eu, na verdade, não sei o que é, umas bolinhas que correm para lá e para trás, não (), não chega a ser bilhar.  Então, ali sim, ali você vê todo mundo se dar, todo mundo tomar sua cervejinha junto, tudo isso. Mas interesse, propriamente dito, amizade mesmo, não existe. Depois, tem uma parte, as crianças. As crianças não têm nada.  Crianças fabricam seus próprios brinquedos lá, papagaio, papel. Eles chamam papagaio, no norte, uma pipa, um () Eles usam vários... Cada um... Porque lá tem gente de várias regiões e cada um fala uma coisa, hum dá um nome para aquilo. Tem raia. Então, eles fabricam. Eles fabricam bola de meia,  Com uma meia velha cheia de papel ou de trapo. Fabricam... Eles têm bolinha de gude. É o único brinquedo que eles têm. Assim são os outros. Eles tem ma> alguns. Pião, pião também tem. ### Não sei isso... Ah, não sei isso não. Nunca foram à cidade.  Ali na favela do Jaguarenta, tão pertinho, nunca foi numa cidade. O maior prêmio deles foi quando a gente alugou uma perua.  E com o prêmio de de formatura lá de, a gente levou para aquela cidade. O minhocão foi um uma coisa linda para eles, sabe? Foi hum um entusiasmo fora do comum quando viram minhocão, né? Televisão também eles não têm, nunca viram te> <levisão. Ninguém tem televisão na  Favela. Naquela, por exemplo, não Tem. O que mais?  Acho que tem diversão

SPEAKER 2: assim. Dá para você descrever a diversão da mulher?

SPEAKER 0: A não ser algumas que trabalham na cidade, as moças que vêm para a cidade, ou trabalham como doméstica, ou trabalham em algum outro serviço, lanchonete. Assim Nas () trabalham nas lojas americanas aqui.  na parte de lanchonete, em algumas balconistas, assim, as mulheres passam mesmo os seus fins de semana lavando roupa, fazendo o seu... Agora, os homens, sim. Os homens se divertem dia de semana, de domingo, de sábado, porque a maioria não trabalha. A maioria não trabalha. A maioria que usa bem, o que a prefeitura botou lá, quanto, no... Não trabalha... Assim o custo de vida Um para, para uh só um () um servicinho aparece hoje você vai perde E enquanto não termina aquele dinheirinho e não tem a necessidade permite, eles não não voltam a procurar outros escapes. Então () O único trabalho, sabe? Chegam lá, montam o seu barraco, que eles próprios montam os barraco.  E fica por isso. As mulheres sim, as mulheres todas trabalham. Ela> <as. A maioria são faxineiras das fábricas da ah na Re> <dondeza. Vendem Avon, Rod, tudo quanto essas coisinhas que aparecem para vender. Não tem... É só os que são empregados no estado têm o ipêefe. As outras não tem nada, não tem recurso nenhum, nenhum, nenhum. Fazem fila a noite quando necessitam é no Hospital das Cunhas.  Agora os os homens aqui são caseiros sabe? São superiores sabe? Não trabalham, comem, bebem e dormem. bebem. Não é? Ah, se divertem bastante. Bebem bastante. Estão sempre assim, é por isso.

SPEAKER 1: Qual qual a forma de tratamento? ###

SPEAKER 0: ### Acho que, na verdade, não se saúdam, sabe? () ouvi lá, bom dia, boa tarde. A não ser que eles vem falar com a gente, como professora. Porque se não eles já che> <gam falando, e não e não vem se cumprimentar. As crianças, sim. Sim, sim, fala, oi, oi, mas aos adultos, não.  Acho que são, os () ficam preocupados com isso Um passa reto pelo outro, às vezes nem vê. As mu a oh Ou se não, as mulheres se gritam, mas não se saudando. Gritam o que querem dizer, umas para as outras, sem uh... É o fulano, né? Chama-se fulano. Chama Dona Maria, Dona não sei o quê... E já falando, não se saudam. Nem de manhã. Mesmo lá na Brasilândia, onde eu ia de manhã,  Nunca ouvi não ninguém dizer bom dia. Bom dia, boa tarde, nem... Não se saudavam.  É uma falta bem curiosa A gente nota a falta de interesse justamente porque um não quer saber do outro. É que a vida é tão dura tão, cada um está tão dentro dos seus problemas que não tem não tem... Se eles querem pedir alguém alguma coisa para o vizinho, eles já chegam lá. Eu quero isso, quero isso, quero aquilo. Eu pre> Eles não sa> sim o que eu quero. Eu pre> <ciso. Tenho que fazer, tenho que acontecer né. Não tem aquela sa> <audação assim de amizade. Agora, tem  mais é fofoca né? A fofoca fora do comum. Você vê uma moça sair à tarde. Eu não sei saía de lá às cinco e meia. Se às cinco e meia, aquela moça saísse arrumadinha para tomar condução, aquela moça já... Na realidade, já taxavam-na como prostituta né? Ia virar bonitinha né. Não tinha, assim eh é taxativo assim, não precisava nem, não queria nem saber onde a mocinha ia. Talvez fosse até trabalhar, um trabalho noturno, um trabalho né sei lá  Não era assim que se vê, né? Ah fulana, né? É assim, é uma graça. A gente se acha graça porque está do lado de fora, né? Está do lado de fora, a gente acha graça. Mas (), assim... eh Pensando bem, é bem bem triste, né? Uma () danada () Hum, Que vida!  Bom, para mim o tchau é, né, tchau, tchau. Como fosse, eh o descendente de italiano, né? logo. Bye bye, muito sofisticado, não gosto nada. Tem gente que usa, mas eu não gosto. Mas ah, adeus também. Hum, não sei, lá não é nada comum, não. Alguma pessoa, algumas pessoas, não. Quase nada.  Eu acho que é comum que me lembre isso é

SPEAKER 2: Tchau, tchau para todo mundo. Não tenho... Ah

SPEAKER 0: Não sei tradicionar boas viagens, viu? Não, não fique uns dizem ah, volte logo Fica, fique bem, fique  Até eu fico lá com Deus não, né? Deus me acompanha e me traga de volta, porque se eu gostar com Deus, eu não volto mais, né? Não sei, até eu não sei, boa viagem, tchau, boa festa. Lá no meu circulo, que eu moro assim, na maioria é descendente de italianos mesmo, tem muitos e muitos do norte, mas não é do meu circo de amizade.  Muita gente. Acho que o pessoal do Norte descobriu o meu bairro, tá? Todo mundo vai para lá. Mas num num não tenho amizade, não é do meu circulo de amizade. lá tenho, tenho poucas, a maioria é parente. Então fica nesse tchau, tchau mesmo, né? () lugar assim, mas é até logo. Não tem outra

SPEAKER 1: E as formas de tratamento

SPEAKER 0: O que eu mais uso você para qualquer pessoa, sabe? Quando <ando eu noto que a pessoa não gosta, eu modifico para senhora, mas muito com muito contrariada, sabe?  Eu fui entrevistava lá a diretora de grupo e eu... Ela é moça.  E ela... comecei a tratá-la com você e ela olhava assim, meia assim... Então, na entrevista saiu você, senhora, mil vezes, sabe? Porque falta de costume, né? Não chamo ninguém de senhora, nem minha mãe, não chamo meu pai de senhor, nem meus filhos me chamam, nada. Então, você, para todo mundo lá em casa,  interessantes. Os meus filhos, não porque eu queira, me chamam de mãe. Mas todos os tios, o meu marido mesmo, me chamam de pai, os tios me chamam de tia, me chamam tudo pelo nome. O tratamento é tudo pelo nome e não sei por que só eles me chamam de mãe, sabe?  Embora uns chamem todos os outros de, mesmo o meu marido, chamam de mãe chamam de pai, chama de pelo nome. Entendem? O tratamento é você para todo mundo.

SPEAKER 1: E seus filhos com namorada , por exemplo ()

SPEAKER 0: Não, também é você ah você  Mesmo lá em casa, por exemplo, eu só chamo meu marido de bem, né? ### Tanto que até os meus filhos para chamá-lo a ver fala bem, chama, sabe? Chama também. Então, assim o meu filho chama a mulher dele assim também. E a minha filha chama o namorado assim tam> <bem Sabe? Tanto que quando a minha nora vai morando comigo, chamava bem ê e aí ia as duas Não sabia quem tinha chamado. () benhê para todo mundo () bem, que a gente está falando bem, bem, para chamar benhê, né? Porque assim, o tratamento é só esse e não tem outro, assim. Nada mais assim, complicado, nem mais cerimonioso, nem menos, sabe? ###

SPEAKER 2: Nem com professores? Seus filhos em relação a professores? Olha

SPEAKER 1: o meu filho eu não sei.

SPEAKER 0:  Mas a minha filha tem os professores. Agora, no primeiro colegial tem que chamar, né? Na faculdade lá, todo eu chamava todo mundo de você. E num ninguém faz questão, todos os alunos chamam de você. Não tem problema chama pelo nome, nada de senhor, nada. Agora, no colegial, tem que chamar, né?  Agora, a minha filha mais nova tem professores que ela chama de senhor e tem aqueles mais moços que ela chama pelo nome. Isso acontece quando a menina chega na primeira aula, eles dão aquele  Ela já tem uma visão de como deve tratar, né? Porque se o professor se fecha, ainda mais sendo assim mais idade, lógico, ele chamam de senhor aquilo já vem de dentro, né? Tradicional isso aí. Mas se ele dá um pouco de abertura assim dá um...  Chega assim, dá aquele papo assim, que eles dizem papo legal, né? Já fica muito bem. Ela tem um professor que chama de Guima Guimarães. Todo mundo chama Guimarães. Ninguém sabe o primeiro nome dele. Guimarães daqui, Guimarães dali. Não sabe nem o primeiro nome, sabe? É um cara muito aberto, muito... Ah, da criançada. Criançada, moda de falar por Colegial não é tão criança, né?  assim, bem, amigo, né? Agora tem aqueles que guardam aquela distância, se colocam, pegam aquela autoridade de professor, aquela distância entre o aluno, () né. Aqui eu acho nunca vai chegar a integração, né? Como a gente acha que deve ter, não chega mesmo. Porque o aluno vai ()... Ele manter quer manter aquela distância, mas o aluno se distancia mais, eu acredito, né?  Por exemplo, vão na aula, assiste a aula, não não têm aquele interesse em travar relações maiores porque ele já deu aquela distância, já limitou, fica naquilo, né? Ou Ou vai afastando mais.

SPEAKER 1: Normalmente, qual é a educação que você faz? Na

SPEAKER 0: Na minha vontade, nun>  Não gosto de visita, de jeito nenhum. Gosto quando vem gente em casa. Não, não quando te visita. Ninguém vai que naque Não sinto impressionado que é visita. A pessoa chega e diz assim, eu pensei em você, lembrei de você e vim te ver. É uma coisa. Agora, fazer uma visita é outra. Para mim, fazer visita é uma obrigação. Não gosto. E não gosto nem que vem me visitar.  Então, eu não visito ninguém mesmo, só quando eu sou obrigada. E ah Atualmente, eu não faço mesmo nem obrigada. Eu não me sinto na obrigação, sabe? Não faço mesmo. Tenho para ser uma pessoa, minha amiga, ou meu parente, em aniversário, eu gosto dele, ou dela, eu vou, vou abraçar e tal. Mas se eu não gosto, eu não vou mesmo. Pode passar o aniversário, pode casar, pode fazer isso, pode fazer aquilo.  Agora, tem certas coisas que eu faço obrigada. Dá para você explicar? Todo mundo assistiu uma missa da firma que eu vi de aniversário da do meu marido, né? Eu coloquei aí que ele levou para o hospital, mas eu esqueci. Eu quase não fico Então ele  Ele é diretor financeiro de outra firma.  Até nessa companhia que ele tem mais obrigações, como diretor. Mas eu fujo, o pessoal de lá quase não me conhece, sabe? Ao contrário das outras dos outros diretores que levam a esposa, eu fujo Disso aí. Esse negócio de ficar lá de pé plantado, homenageando um, cumprimentando um, cumprimentando eu não conheço, fazendo aquela cortesia, que eu não sei se a pessoa merece ou não, eu já não vou né. Mas tem situações que eu sou obrigada a ir, mas...  () muito. Ele já sabe que eu não gosto, ele dá uma desculpa, sabe? Eu estou sempre com alguma coisa importante para fazer. É difícil eu ir é muito di> <fícil mesmo. Eu não sei o que eu fiz () Eu fui madrinha de um casamento de um casal que eu nunca vi na minha vida né. São situações que a gente foi. Eu fujo mesmo de qualquer maneira.  pedem para batizar, se eu fosse aceitador todos os pedidos de de afiliados ai, eu já tinha acho que uns quinhentos afiliados, sabe? Então, você pede justamente porque pensa que a gente tem uma situação melhor, que vai vai dar assistência. E a gente, na verdade,  Eu acredito que no interior ainda tem essa condição de dar uma assistência a um afilhado, mas aqui não tem. Aqui não tem. Porque eu tenho uma filhada que me veio assim oh veio para mim e disse assim, meu pai disse que, você vai me por na vai me pagar os estudos. Eu respondi, entra no estadual.  Vai numa escola estadual. E até os caras andaram comigo, né? Eu não posso pagar. Como é que eu vou pagar um um um estudo para uma pessoa assim? Se eu pagar para um, fácil, né? E depois não tem cabimento, porque não por nada. Se ele não ti tivesse...  Se tivesse realmente uma necessidade, mas um rapaz de de quinze anos, eu acho que não tem. Quando você está sem (), ninguém faça nada por ele. Ele já tem capacidade de eh de trabalhar, estudar à noite, de de fazer a sua vida dele, de se manter. Não totalmente, mas tem. Se ele precisa de uma ajuda, é uma coisa. Agora, ele fica em casa e. Para gente pagar o estudo para ele, não está certo.  Eu acredito que não. Então, eu falei para ele entrar no estadual. E a família zangou comigo, né? Eu falei, vocês mandaram me pedir curso? Se ele for trabalhar e não ganhar o suficiente, eu ajudo a pagar o curso. Mas o colegial está aí no estadual, tem, vão lá, entra lá, estuda.  E um uma () uma ajuda tal, o que for necessário a gente dá, mas agora manter o seu filho em casa e pagar os estudos para ele não pode, né? Não dá?

SPEAKER 1: Você toca algum instrumento musical algum

SPEAKER 0: Nada? Nada, nada, nada, nada.  as minhas filhas, os meus filhos lá reinam com violão, meu marido com flauta, mas só de brincadeira, e eu não toco nada, nada, nada. Ah, eu adoro violão. De ouvir, eu gosto. O violão é o que eu gosto mais. Gosto mesmo de ouvir um violão bem tocado. Eu tenho discos de... só mesmo de... um violão  Mas eu não toco nada e acho que nem gostaria de tocar. Acho que eu não gostaria de aprender a tocar. Sei Pode ser, se a gente quiser. Porque tudo acho que chega num momento que pode ser que apareça interesse, né? Mas eu acho que não. Até agora, não. (risos)  E quanto à dança? Dança? Eu não gosto de ballet.  Precisa ser uma coisa fantástica para mim gostar. Nunca dancei. Meu pai nunca deixou e... e depois não... É, o que eu te digo? Porque quem começa a gostar da dança, acho que é quando é mocinha, né? Então passou aquela época porque eu não tinha vontade de ir em baile e tudo, mas meu pai não deixava.  Depois eu casei, o meu marido ele não Não importa que eh ele quiser ir vai, não quer ir vai ele  Ele num não proíbe nada, né? Mas acho que o interesse, sabe? Eu acho que Negou que eu fosse, mas quando eu tive vontade, depois nunca mais me interessei  Agora, eu gosto. Não tem balé que você vê na televisão Eu não gosto nada. Desligo a têvê quando eu vejo. Mas, quando tem algum bom espetáculo, alguma companhia, principalmente russa, eu vou ver. Eu gosto ### ### ### Acho fantástico Mas depende também né  Na minha época, assim, seria o () Eu nunca dancei, não. Mas o twist fez muito sucesso, né? Bons tem> <pos. E o rock também. Agora voltou, né? Mas o twist era mais. Dançava-se mais o twist do que o rock. Mas... eh, também tem que entender o () da da minanada que ia né, minhas colegas, que eu não ia.  e de dançar, mais dos filmes da época, né? Filmes da época que que... uh os que mais tem conhecimento da dança é pelos filmes da época e não por... de ter ido em baile, em coisa assim. ia mesmo, meu pai não deixava. De jeito nenhum. Sei por quê, porque ele dançava bastante, meu pai e minha mãe. Os dois dançavam. Ah, eles dançavam muito, o Val, Val, a Valsa?  Mas isso não não, mais assim com o João. Ele dançava muito, eu acho que eu era bem pequena. Porque ele ele... a gente ficava em casa, com minha irmã mais velha, e eles iam no baile, mas a noite inteirinha. Então a dança era a valsa, a polca, né? ###  Era a época do charleson, mas eles não dançavam não o charleson, eles não gostavam do charleson. O que eles dançavam mais era a polca, a mazurca, mesmo porque eles foram criados na colônia italiana, sabe? Então a dança era essa mesmo.  Agora, falávamos também da tarantela, mas isso quando a só quando a festa era mesmo tradicional, lá da colônia, então falava-se muita tarantela, porque a colônia era mesmo, tinha uma colônia italiana. Eles eram plantadores de vinha, de vinha né? Então, plantavam a vinha e faziam o vinho sabe? Era muito, tanto que nas festas da simples, eles guardavam muito aquelas festas tradicionais da na região deles  Embora lá tivéssem eh pessoas de várias regi regiõ> <ões sabe? Porque o meu pai aprendeu a falar na colônia vinte um dialetos. Ele fala vinte e um dialetos italianos. Fala até hoje vinte e um ### Então, você vê como não tinha gente de várias regiões né. Então, dançava-se mais a tarantela, porque a tarantela era conhecida por todos. Sabe? Todos conheciam a tarantela.  Então não era dança então, mas os jovens os jovens não iam entender aquela dança, bora por tarantela, né? Gostassem mais da pol> Quando vinha a festa, eles vinham. E eles vinham de dançar até o sol sair no dia segundo, sabe? Mas meu pai não deixava, né? Enfim... Às vezes eu digo para ele, por que que o senhor faz assim, fazia assim? Ele fala assim... Ah, era costume, meu pai costumava eu também.  Quer dizer ele, ele fazia com a gente exatamente o que o pai dele fazia com ele. E só serve se se eu casar. Também depois que eu casei ele, ele ia falar assim, eu não tenho mais nada com a sua vida. Sabe? Sabe que agora você sabe o que é que você quer. Era assim, o costume era esse. E ele não não mudou com o tempo, sabe? Mesmo hoje, assim, ele não... em guarda. Tanto que a gente mora naquele bairro até hoje, porque ele disse que não se habitua em outro. E a gente, para não deixá-lo sozinho, fica lá né. Tem que ficar. Não dá não, mas ele não habitua, não sai daquele ritmo sabe, de jeito nenhum. Ele devia ter mudado né desde que ele morava lá, mudar para São Paulo. quaren> <ta anos. Podia ter se adaptado, né? Mas ele não se adaptou. Nem ele, nem a minha mãe. Lá naquele cantinho, na casa dele, ou as coisas têm que ser do jeito dele, então a gente faz na casa dele exatamente o que eles querem. Sabe? Sem falar que estão velhos vai contrariar, né? ###

SPEAKER 1:  Você saberia dizer para nós alguns lugares públicos de reunião?

SPEAKER 0: Lugares públicos de reunião? Ah o que eu tenho mais contato assim reunião, que eu que eu vou, assim, à gale> Não tanto assim. Eu não vou sempre nas nas apresentações, né nas nas aberturas. Mas Mas vou em várias, porque meu marido, como você sabe, recebe muitos convites de do coquetel. Então, as minhas filhas gostam, mas elas não têm que ir. E> Eu vou nem saber dos meus, eu prefiro ir depois, sabe? Vou no Museu de Arte E também assim eu encontro lá sempre o mesmo grupo. Eu, pelo menos, eu notei () encontro o mesmo grupo. () com eu acho que podia ser muito mais visitado, muito muito mais gente lá. hum ah eu não frequento muito lugar. Vou num clube de campo, mas é que lá é tão mato que a reunião é pequena. Acho que não passa umas cinquenta pessoas.  E procurar um lá, um bem no meio do mato mesmo. Ah, eu não sei (), a () é na escola, na escola é reunião de todo dia. É a minha casa? A minha casa é... sempre quem eu gosto vai lá, que é da minha amizade, vai. Vai muito mais. Eu quase não vou em casa de ninguém, mas na minha casa sempre tem  Bastante gente bastante Gente não, assim, tem sempre, quase diariamente, mas não é um número muito grande  Você fez coisas que a senhora saiu para mostrar ()? Não ### Mostramos sempre nós, meus filhos, e minhas minhas filhas Agora minhas filhas meu filho está morando em Niterói. Minhas filhas e o no namorado dela, mais (). Mesmo que a gente vá almoçar fora, sim, nós vamos sim () almoçar. Costumamos, às vezes, almoçar com a a minha irmã, a família dela. Mas não costumo almoçar

SPEAKER 2: Com amigos não. () Ah

SPEAKER 0: Não não gosto muito Eu prefiro ler. Prefiro ler. Prefiro assistir uh bons () amarrou bastante  Mas assim...  Muito difícil aqui, tudo é tão longe, sabe? Então, você ir no lugar que ele tem tem que pegar o carro, duas horas ai, uma hora para ir, outra para voltar, se acha, não acha onde estacionar. Então, eh eu prefiro ficar em casa né. É, não, eu quase assim, a não ser cinema assim, a  galeria de arte que eu vou de vez em quando, assim, eu quase não não Saio. Não vou em casamento. Não Não gosto de casamento. Não vou em casamento, não vou... nem em enterro eu não vou, sabe? Só quando é muito necessário, que é muito chegado. Se não é nem isso, eu não vou. Não vou em lugar nenhum não Eu prefiro ficar, sabe? Não eh. Eu sou muito comodista, eu quero sentar ali e quero ficar, sabe? Se eu Eu pego um livro, por exemplo, se ninguém falar comigo, eu termino ele duas horas depois, pego outro, vou para cozinha quando eu estou com fome, pego alguma coisa, volto, sabe? Dia que de domingo que chove é assim que se passa né. Um ah um deixa o outro à vontade e cada um faz o que quer. Sabe não tem obrigação, não vou dizer que não tem obrigação assim mas cada um cada um cuida de si. Isso é bom lá em casa. Quando assim a gente tem completa liberdade. Fazer bem o que quer. Sabe? Se ele quiser passar o dia plantando bananeira, ele passa.  O meu filho não podia escapar. Como professor de Educação Física, ele é ele vai em jogos, ele promove jogos lá na cidade. Mas a agora é uhm. Dá para você explicar O que que ele está fazendo. Tudo, tudo. Ele não perde nada ele não perde uma luta de boxe, ele não perde um jogo de handebol. O dia é curto para ele. Agora, no Rio, não sei como ele está se fazendo, porque agora ele  Tenente da Marinha, né? Mas eu não sei o que me está passando, mas ele foi encarregado de organizar o es o estádio da Marinha lá. Mas deram um prédio para ele vazio. Então ele que vai montar as quadras, fazer tudo. Ele está trabalhando nisso, sabe? Escreveu para mim que ele está muito satisfeito com esse trabalho dele. E deram, assim, ampla liberdade para ele colocar o tipo de esporte que ele quer. Ele falou assim, se couber tudo, eu ponho tudo, né? Porque ele ele acha, por exemplo, que um esporte só não é suficiente para um atleta. Ele pode ser especialista numa categoria, mas que ele é o atleta, para ele, tem que fazer todos os es>  Porque ele não pode se limitar, por exemplo, o arremesso de peso, ele dá a flexibilidade, musculatura, tal, só num determinados nas determinadas partes do corpo, né? Então, ele diz assim que não, que o atleta tem que fazer todo tipo de esporte, para ele ter o corpo todo desenvolvido naturalmente, né? Tudo para ele não dá. Por exemplo, um um um boxeiro que que se prende aos braços, ele não tem muita chance de ser um bom bo boxeiro, porque as pernas e o corpo, o tronco e tudo, ele se mexe só daqui para cima né do seu tronco. Então ele diz  Então, o que ele podia conseguir se ele tivesse todo o corpo em forma? E se todos praticassem todos os esportes, todos teriam o corpo todo em forma, então todos seriam ótimos boxeiros. Em vez É por isso que dizem que uns são bons e outros não. Você vê quando vê na na têvê um jogo assim, por exemplo, tem um que tem um jogo bom de perna.  O outro não, o outro é meio parado, só fi fica tirando de lado, tirando lado ele não né. Então ele ele fica dentro da têvê, de um jogo qualquer, ele fica assim mostrando tudo o que uh que a pessoa, o atleta, no caso, deve fazer para se movimentar o corpo todo.  A não ser um na hora da concentração. ou em um arremesso peso. Precisa daquela concentração, né? Ele diz assim, não, o cara tem que movimentar tudo, né? Ele não pode se se prender a usar só... porque ele vai arremessar, ele vai só usar o braço. Ele tem que jogar com o corpo todo, né? E na faculdade lá, ele () tudo quanto era exporte, né?

SPEAKER 1: Da para especificar um, um em especial?

SPEAKER 0:  Bom, ele é ele é professor de de handebol, ele é técnico de futebol, ele fez especializações em voleibol, três especializações, futebol, handebol e voleibol. Agora, o que ele era melhor mesmo era salto de vara, né? E salto de vara é aquele com o o space, saia melhor.  Mas ele, inclusive, foi campeão de vôlei. Naquele né... hm dá eh na Naquele, naquele, naquele... Como é que chama? Né, () que () quer dizer foi um torneio que houve entre as faculdades. Né? E ele foi um dos campeões de vôlei de Paulista né. Agora, lá, não sei se ele está jogando, se não está jogando, porque não não sei mesmo.  Mas () ele faz tudo. Até dança folclórica que ele dança, né? Ele dan>

SPEAKER 1: <ança, ele faz tudo. Então para handbol você saberia me dizer um... Ah eu não sei

SPEAKER 0: Eh não, não é que eu não sei É assim, o modelo, se não me engano, eh é parecido com o de baquete.  Mas assim tem medidas de ah que eles como é que eles traçam assim, aquelas medidas, as coisas assim, devem ser um pouco diferentes. E as regras também, né? Mas eu não sei. Eu não entendo muito de jogo, nem nem de jogar cartas, eu não sei, não. E no futsal o que você sabe? No clube de campo eu deito embaixo de uma árvore e leio.  Às vezes eu jogo um pouco, mas dez minutos eu não aguento mais. Eu jogo o volei com as minhas filhas. É, mas não sei regras, não sei nada. Eu entro e me alegro. Só para fazer um pouco de exercício.() Ah bom Lá só tem um tem um gramado grande. Não eh um não Não é cercado, não.  Lá tem só o gramado e é ah arborizado tudo em volta, né? E tem tem uma... duas traves grandes com uma rede no meio. Assim e na de cima embaixo. Abaixo () né? Eu não entendo muito disso. ### Tá bom () ah  Não, não. Só lá lá mesmo os sócios jogam. O que é Alguém para para olhar, ninguém para para olhar. () Acho que ninguém para para olhar. Acho que só na parte do futebol é que tem assim um um umas muretas assim para sentar, mas pequenas também. Não é Não tem lugar para assistência, não tem. ###  Eu não entendo nada. Não precisa dizer para mim a cor da a a cor do jogador, para mim saber quem é qual é de um time e o que é de outro. Não entendo nada. Embora meu marido seja de futebol né e, eu não entendo nada. Eu entendo e não quero entender, sabe? Acho que é porque eu vejo as pessoas vibrar tanto, vejo assim...  discutir tanto assunto e eu, na realidade, não dou muita importância, né? Então, eu não entendo nada do futebol, sabe? Eu só sei assim, vamos dizer, quando é pênalti, porque faz aquela barreira, aquela coisa, assim, com todo mundo gritando, discutindo, mas eu eu sei mais pela... pela vibração do pessoal do que realmente, porque se eu conheço a regra, qualquer coisa, eu não conheço nada. Eu já fui Eu gosto, não da corrida, eu gosto de ver o cavalo. Eu acho aqueles cavalos lindos, maravilhosos, sabe? Eu adoro, eu acho lindo ver um bom de um cavalo. Não um bom cavalo, é um cavalo bonito, sabe? Eu acho que tem uma elegância fora do comum. Eu vou lá, vou olhar isso, sabe?  Não jogo, não jogo nada, nada, não gosto de jogar. Não jogo () esportiva, não jogo carta, não jogo no nos cavalo, eu não jogo nada, não gosto de jogar.

SPEAKER 1: sei. E o local onde de dá as corridas () Bom...

SPEAKER 0: () eu já, eu já tinha assim já a gente entra direto, quase sempre eu entro direto ai E lá, vamos sentar ham senta um pouco ah fico passeando por lá um pouco adoro adoro andar lá Eu adoro ver a vida, () você está criticando, criticando as mulheres sabe? Só que eu critico as mulheres porque não tem jeito.  Então, eu vejo aquelas mulheres, como diz a Maria ali, toda periquitada, e eu fico só observando, eu sempre fico observando. Não Também já levei as minhas filhas lá também só para olhar, as minhas se interessaram muito. Deixa eu descrever, né? Fiz vídeo, escrever. Na arquibancada <pois, subindo assim a bancada lá em cima, não sei se vai ser eu acho que tem um bar, que tem um bar. Do outro lado, embaixo, tem um restaurante. Aquela vez que eu observei, porque eu nunca ah nunca almocei lá não. Ah, a pista, é. Acho que tem uma pista, deixa eu ver se eu () bem, tem uma pista de a>  Não sei se tem uma pista de areia aqui, ou é terra. Se eu soubesse é uma pista en> <norme sabe? Eu acho que seria assim () Eu não sei nem nem a quilometragem que corre o cavalo. Não sei mesmo nas corridas  que acontecem. Acho que é mais ou menos assim um quilômetro. Não, mais, não sei. Não sei dizer.  Ah, não sei se eu assistiria. Mas eles saem da corrida de tantos metros, de tantos metros, não fala? Nunca observei isso aí, viu? Então eles correm com tanto quando acabam de sair da ### reparei mesmo. Eu fico olhando as minhas corridas, eu só vejo mesmo, eu só olho mesmo a elegância do cavalo, sabe? Eu adoro, acho lindo, viu? Mesmo assim, eu ah eu reparo também muito a elegância do gato  O gato tem uma maneira de se mexer que é um negócio, né? Eu acho lindo, sabe? Ele tem um  () de se mexe, assim que a gente devia andando, fazê-la, assim, se mexer. Não precisa brigar tanto, sair correndo, andando depressa, sabe? Eu acho, tipo, lindo, sabe? Assim, como um gato faz, por isso que ele dura tanto, é tão sossegado, viu?  Ele não tem isso aquele sossego, aquela, né? Quando ele se rola nos lugarzinhos quentes, assim, é tão gostoso, né? Eu acho, aquilo, eu gostaria de ter a vida de gato, né? É uma beleza ###  Corrida eu não vi> O que que eu assistia muito eh eh disputa de natação. Porque as minhas filhas nadavam no clube. Entã> <ão, acompanhavam e e eu sempre assistia às as competições né. Oh, descrever fica todo mundo, todos os os competidores, cada um numa baliza numerada.  O juiz dá um tiro, e eles saem nadando conforme o estilo que a competição pede, né? Dar tantas voltas na piscina quanto forem os metros que eles têm que nadar, e quem chegar primeiro ganha uma medalha.

SPEAKER 1: E o jogo de ()? Na ca>

SPEAKER 0:  A minha turma lá, as minhas filha jogam buraco, mas eu nunca nem parei para olhar. Não sei jogar, não gosto, como já disse, não gosto de jogar cartas, não gosto de... E jogo de tabuleiro? Não jogo nada. Nada Ah acho que não. Meu marido e meu filho, quando eles estão, jogam xadrez  Não, eu só sei que tem uma rainha, um cavalo, e coisa, mas eu não sei nada, não sei. Não sei nem o nome das das peças.

SPEAKER 1: Só de de vôlei, né?

SPEAKER 0: Naquele cam naquela competição.  Eu não sei direito qual cons con qual era o conceito, eh jupe, mas não sei o que quer dizer. Sabe, é jogos, qualquer coisa assim, mas eu não me lembro agora o que é ju>

SPEAKER 1: jupe. E qual um tipo de de jogo esporte que você acha mais elegante? Esporte mais elegante

SPEAKER 2: <ante Mais esté>

SPEAKER 0: Eu acho que o que o salto de vara é muito estético, muito elegante, eu acho. Esse eh... como se chama? Esse que teve um brasileiro que foi campeão aí, o salto triplo, também é muito elegante. Eh Eu não sei qual é o nome do...  do do esporte, aquele aquele a categoria. Mas eu acho elegantíssimo viu, ele precisa ter uma forma fabulosa para ter aquela elegância. Agora, eu assisti ah num num no Canal dois, a apresentação de duas  Moças ginástica olímpica. Elas são campeãs do mundo ah Mas eu achei de uma elegância fora do comum. Eu nunca tinha visto tão bem feito.  mas assim mesmo ainda não é tão elegante. Eu acho que esse salto de vara ele esse salto triplo dá mais elegância, é mais elegante. Mesmo por causa da...  da forma dele dele se mexer, esse salto triplo, lembra muito a forma de um animal naquele salto sabe? E eu e Eu acho que o ah o homem nunca vai conseguir ter a elegância do animal.  O animal tem uma elegância tão natural, sabe? Por exemplo, um puma, ele tem uma elegância natural. Então, o homem que for fazer for fazer esse salto e tiver essa elegância, ele chega à perfeição, porque o salto do puma, por exemplo, é perfeito.  Eu acredito. Então, ah se o homem passar só mais o animal, sabe? Ele passará a fazer o tipo de o que ele pretende fazer mais perfeito, mais elegante. Por que eles têm aquela elegância natural mesmo, que eu acho que o homem não vai conseguir, não. Hum ah Assim, mas assim não vai conseguir pela própria formação do seu corpo, que não é tão elegante.  Não é tão elegante quanto um animal. Se você observa um animal, ele é elegante todo. O conjunto é elegante. Não tem uma coisa como a gente. A gente tem uma coisa bonita, a outra já não é. Uma parte, né? Às vezes, uma moça tão bonita, você vai vai olhando na rua e ela tá jogando o braço, tá olhando para trás, né? Ou se não, ela rebola, né? Então, não não tem aquela elegância. Animal não. Animal é elegante.  Não tem animal que ande com a perna para lá ou jogando os braços. Ele anda natural. Ele an e> Ele é natural. Isso é mais eh fácil dos fe> felinos né? Os outros não Os felinos são elegantíssimos, se o homem imitar... Algum outro  Aqui em São Paulo não tem, né, muita? Não tem.

SPEAKER 2: O mais específico de verão é a natação.

SPEAKER 0: Eles treinam o ano todo, mas na época de verão, setembro, já começam as competições. Mesmo quem não participa assim já frequenta mais piscina, tudo isso, né? É, o mais esporte de verão é natação.  Agora, no inverno, aqui minha filha, a não ser tomar uma caipirinha, eu acho que não tem outro. A A aqui em São Paulo, eu não conheço. Esse jogo de malha, tem existe um jogo de malha, que 
 é um esporte assim dos mais que dá para jogar no inverno e tudo, mas não é tão procurado. Oh o boliche é um pouquinho mais procurado, mas não é 
 tão assim. Por exemplo, nos Estados Unidos, o boliche é...  É mania, né? Todas as empregadas domésticas também jogam boliche nos Estados Unidos. Aqui não. Aqui são as madames de lá as que jogam boliche. ### As domadoras.

SPEAKER 1: Querida, aqui fica o nosso agradecimento, né? Acho que temos um material bastante bom para nossa pesquisa. E um muito obrigada.