Inquérito SP_DID_276

SPEAKER 0: : é o marido. Viveram, graças a Deus, mais de quarenta anos muito bem. Depois meu pai faleceu com sessenta e três anos e a minha mãe faleceu com oitenta e dois anos. Tiveram vinte e um filhos, dezessete homens e quatro mulheres, e hoje somos dez, vivos com família aqui em São Paulo. Todos viveram aqui em São Pau Morei numa casa só cinquenta anos quase, entre quarenta e cinquenta anos. E quer dizer que durante a minha vida toda, morei em três casas. Primeiro onde eu nasci, que.. com cinquenta anos, depois vinte anos em outra, e estamos há três anos nesta casa. Ah agora a família é muito grande, tem o meu irmão mais velho é médico. Hoje está com quase oitenta anos. O segundo eh engenheiro foi eh ah quer dizer da prefeitura, sempre da prefeitura. E o outro é... e eu sou professora primária e lecionei vinte e cinco anos e meio. Hoje sou aposentada. Tenho um casal de filhos. ### E minha filha é casada com um primo-irmão meu. E muito feliz, graças a Deus. A filha tem uma filha, que é freira, missionária, que mora em... Hoje está em Itapaci. Quer dizer, hoje mesmo ela ah deve viajar para Brasília, para um conselho em Brasília. ### Meu filho tem quatro filhos, três mulheres e um homem. Todos estudando, e E todos gostam muito de música, porque sou neta de maestro. ### sobre todos os pontos de vista, com a música, (risos) que gostamos muito. Todos tocam em casa. Agora, trabalhei no... primeiro fui para Olímpia, uma fazenda em Olímpia. Essa fazenda servi vinte e quatro horas porque não pude parar lá, devido ter só um ca... um, quer dizer, um fazendeiro e dois capangas. homens, tudo, não tinha mulher. Quem, naturalmente, ia cozinhar e ia fazer tudo era eu. E, além disso, e o homem ah não, quer dizer, mostrou logo que não era um, quer dizer, um gentleman. (risos) E Vim para São Paulo e fui comissionada na na eh ### ### E, quer dizer, nessa época gostei muito deles, um povo, para mim, muito bom. Tanto que sou madrinha de uns... porque havia os batizados Eu era escolhida, sempre ma madrinha. Pois não. Eh Quem fazia o batizado lá, quem que dirigia o colégio, era o padre Guido Deutório. Hoje é falecido. E Trabalhava muito para os japoneses, muito dedicado. Mas tinha uma coisa, ele, além da parte de de português que lecionava, né, tinha que ensinar primeiro a falar. depois de ensinar a ler. E tinha quatro anos do curso primário lá. E eu era di... ah tinha classe e era diretora administrativa. E fiquei lá dezenove anos. Mas ah trabalhei bastante, gostei muito e sofri muito também, porque foi no tempo da guerra e havia aquela revolta, tanto tanto que procuraram uma vez o padre até para matar, sabe, aquele Shindo Renmei, Tem fatos tristes mesmo. E havia revolta também entre uh ah certos alunos, não eram todos absolutamente, mas dos alunos contra o Brasil, né, porque era a guerra e ah ah o Japão está tinha perdido a guerra e eles não aceitavam, de jeito nenhum. De modo que tive casos lá de uma vez até um aluno do quarto ano estava fazendo uma desenho livre. E ele desenhou uh um avião. Eles desenham muito bem, sabe? né, um japonês tem aptidão para desenho. Ele desenhou um avião com a bandeira brasileira sendo abatido por um japonês. Agora, calcule a minha situação. E eram grandes, porque não tinham idade, sabe? Era prefeito de catequese e nacionalização. Eu, como diretora administrativa, tive que tomar uma uma providência, né? Eu arranquei a folha do papel e obriguei a fazer ao contrário. Ele fez. Mas foi duro, foi muito. Foi pesado mesmo para mim. Lecionar nessa época e tomar conta de uma escola nessa época. Mas, graças a Deus, sou muito querida por eles. Esse foi deputado que morreu, João Hirata. ### ### E também trabalhámos muito tempo juntos lá no colégio. E foi uma vida, quer dizer, boa, mas penosa, né? Trabalhei mui Depois fui para o colégio para o grupo escolar Oscar Thompson Aí fiquei trabalhei seis anos. Foi dezenove até os vinte e cinco anos que eu terminei. Aí meus filhos não quiseram mais que eu trabalhasse e ah me aposentei. Que tipo de contato a senhora tinha com as famílias dos alunos? Todo, tudo, tudo. tudo eh Para tudo era ouvido. As famílias eram ouvidas e viam vinham ter conosco. Agora, eram muito rígidos com os filhos, né, os japoneses, muito rígidos. Ah ah pois é. Uma vez, um menino chegou no colégio com a mão machu aqui machucada. Depois eu vi outro aluno com a mão aqui, do mesmo jeito, aqui assim, machucado. feito queimadura. Então, ele disse, não, que era o castigo que o pai fazia. Ah Acendia prego quente, fazia o menino apertar o prego quente no dedo. Bárbaros, não? Aí eu chamava, eu disse que não fizesse isso, como aqui também, na nuca. Sabe que é uma parte muito sensível, né? Eles esquentavam o prego e encostavam na nuca do menino Quando faziam xixi na cama ou quando levavam uma nota boa para casa. Veja, o que eu vi. A gora calcula o que eu tinha que fazer com esses pais. ### Não, que não era possível uma coisa dessa, que precisava ser tudo levado de acordo com com a com a criança, pois é uma criança. Era um absurdo o que eu vi, sabe? E E diz que um dia lá um aluno, parece que foi levou notas baixas para casa, o pai enrola enrolou num saco e jogou de uma escada. Eu vi tudo isso. Parece mentira, né? (risos) Parece mentira, mas eu vi isso. Digo isso de de ah mas em plena consciência do que eu estou dizendo. ### Eh é duro sim, porque eu vi (risos) Eu fui, eu f... Igualzinho. Igualzinha. Foi igualzinha. Ah Eu fui escolhida até para madrinha. Porque eu fui madrinha de batismo de muitos japoneses. Tanto que, até hoje, me cumprimentam, tenho presentes de de de de japoneses que não têm conta. Um tal de Shimizu e... e uma porção, uma porção de de japoneses. Mas o casamento deles, por ser feito pelo padre Deutório, era o nosso casamento. Direitinho. Oh Padrinhos entraram na igreja, festa depois. Só que a comida muito diferente, né? (risos) Porque é aquele arroz branco, sem sal, sem nada, feijão também muito esquisito, uma uma uma seminha assim, parecia um alpiste, uma coisa de... muito diferente da gente a comida. Mas o casamento era feito porque era feito da igreja de São Gonçalo pelo padre d Deutório. Eh ### Ah, entre eles, o mais velho era obrigado a sustentar a família. Sempre o filho, filho homem. Tanto que quando nascia uma criança, eles sempre queriam que fosse homem. Porque o filho mais velho é o que sustentava a família até morrer, o pai e mãe. Como tem hoje, a que eu conheço ainda. Sustentam os pais até hoje. Em caso de ser mulher a filha mais velha? Espera o filho homem. ### Havia tristeza quando nascia os primeiros filhos ho mu mulheres. Queriam que fossem homens para ser o sustento dos pais. ### Festa é festa comum, porque era dirigida sempre por brasileiros, né? Porque o padre Deutoro era italiano, mas ah era organizado por nós os professores, de modo que festas escolares, nós... porque nós estamos sempre debaixo da da inspetoria do governo brasileiro, né? De modo que as festas eram festas nacionais, todas as festas eram comemoradas. E as festas religiosas também pelo Padre Deutório, né? Agora, teve o Congresso Eucarístico, também teve um fato muito, ah quer dizer, doído, mas de mas muito importante, que é, nós organizámos as crianças para irem à Praça da Sé, para a comunhã assistirem a à festa religiosa na Praça da Sé, o congresso eucarístico. E todos os alunos disseram que iam, né? Eu era diretora administrativa lá. Então, um dia, foram ah ah, quer dizer, diminuindo o número de alunos que iam. Diminuindo o número de alunos que iam. Quando foi, vi que aquilo estava podia ser, por quê? ### E eles, como me queriam muito bem, eles contavam as coisas, né? E disse, não, nós não vamos porque papai não quer, porque vão jogar uma bomba lá. Então, o que é que eu fiz? Eu s chamei uma ah mi uma secretária e disse, olha aqui, Zélia, hoje eh ela é inspetora federal, Zélia Chagas, e se você faz isso, você vai tomar o nome dessas crianças todas? que estão dizendo que vai jogar bomba. Porque se vocês estão dizendo que vão jogar bomba, é porque seus pais contaram que vão jogar bomba, né? Que assim a polícia vai lá e vai ver. Aí foi água na fervura. Ah Dois ou três dias depois, a escola inteira tomou parte na no Congresso Eucarístico. Mas foi precisava usar desse ardil, porque e ra uma coisa eh muito curioso, sabe? Trabalhar com eles. Eles são muito bons, eles são muito obedientes. Os pais são muito severos. Agora, dizem muito inteligentes. Eu não sei, não é uma inteligência, não, assim, rara. É o normal. Mas é que os pais puxam muito por eles. Puxam muitíssimo por eles. (risos) Os pais são muito rigorosos. Quer dizer, eram do tempo que eu lecionei, não é? E E outra coisa também, teve um caso muito triste lá no Ipiranga, que era um mocinho, porque nós não não tínhamos idade, né? Porque era para efeito de catequese e nacionalização, de modo que entravam com quinze, dezesseis, dezessete anos, e tinha um que não tinha mão. Eu fui então, Nagara, ele sempre tinha um, assim, meio complexado por causa de não ter aquela mão. Conversei com ele, como é você isso, assim, assim. Ele foi dizer, não, isso aqui foi meu pai que cortou. Eu disse, o que é isso? Ele disse, foi porque, ah, porque a mim eles contavam, sabe? Ele cortou porque eu uma vez furtei um um objeto, uma qualquer coisa, e meu pai cortou a mão. Penalizada, porque ele tinha um complexo de não ter a mão direita. Agora veja ah de que jeito eles são, né? Como eles Quero dizer, eram... Hoje tá muito mudado tudo, né? Hoje tá muito mudado, hoje eles são muito mais humanos, são muito mais... Mas eu ouvi muita coisa. Como eu tive uma em, uma assim, um uma um embate com uma vez com um japonês, causa dele dele... Eu disse, escute, o senhor é brasileiro? Ele disse, eu nasci em Marília. Por que que o senhor não diz, eu sou brasileiro? Porque eu percebia que eles não diziam, eu sou brasileiro. Eu disse, eu nasci, como quem diz, por um acaso, né, em registro, em Marília. Por que que o senhor não diz? Não, é é que eh é que eu nasci em Marí Em Marília, digo, não, o senhor diga, eu sou brasileiro, porque o senhor é brasileiro. De modo que tinha essa parte toda, né? Eu como sou muito brasileira e muito paulista, (risos) de modo que eu lutava com eles, né? Tive muito embate, tive muita briga, mas graças a Deus superei tudo com com jeito, sabe? (risos) E assim foi minha vida. Depois trabalhei seis anos no... no grupo escolar Oscar Thompson, e aí me aposentei. É Foi uma festa gran foi uma festa bem familiar. Foi uma Foi uma reunião bem familiar. São eh Tudo em família, né? Toda a família mesmo. Não todos vieram, porque Coincidiu que nesse dia, infelizmente, faleceu um amigo muito grande na f ah foi agora em novembro, vinte e seis de novembro. Faleceu o doutor Clóvis de Oliveira, que é muito nosso amigo. Ele teve um infarte e faleceu. De modo que meus irmãos estavam cuidando da da do enterro de da família e tudo isso, porque a família dele é muito pequena. Tem uma filha só, mulher e uma filha. Dona Andina e a Ilá. E essa filha até era casada, morava em Brasília. ### Eu não queria, sabe? Porque a gente, para convidar um irmão, tem que convidar os outros todos. Me dou com todos eles, com todas as cunhadas, graças a Deus. E com todos os sobrinhos, sou muito querida. Mas tem isso. A família é muito grande. ### Ah, para convidar um, tinha que convidar todos. ### E foi isso que aconteceu. Inclusive, estava a Flori, que é muito nossa amiga, porque também... Engraçado, aconteceu o fato também com Flori, né, não sei se ela contou. Quando eu houve a guerra, eu sofria muito do fígado, sabe? Eu apanhei a maleita em no Guarujá e sofria do fiquei sofrendo do fígado. E eu não podia comer o pão, que era feito só com ah fubá. E o pai dela, ela era amiga da minha filha. É amiga, é hm ### Tan tanto que ela disse que eu sou mãe dela. (risos) E aconteceu que o quê? Que o pai dela era da intendência do ex da da do exército. Major Ápio, muito bom homem. Sem me conhecer, ele mandava ou ele mesmo trazia todas as manhãs em casa um pãozinho feito de farinha de trigo, porque eu não podia comer o pão de fubá. Ele soube pela Flori, que era uma meninota, né? Então, ele man trazia, e eu não o conhecia. Bom, com o tempo, foi indo, foi indo, foi indo. Um dia ele quis nos conhecer, porque a Flori é muito amiga da Lígia, minha filha. Ele veio em casa, nos conheceu, depois ele foi fazer a casa dele, o pai da Flori. Foi fazer a casa dele, E meu filho foi engenheiro e meu genro foi o... ele é desenhista projetista, meu genro. E foi... ajudou construir a casa.

Inf :elizmente, o pai da Flori não pôde aproveitar a casa porque morreu logo em seguida. Acho que mudou e morreu logo em seguida. Bom, os tempos se passaram e a mãe da Flori foi morar no, ia morar uns tempos no interior. Mas a Flori estava estudando. Então a Flori me escreveu um bilhetinho pedindo se podia ficar uns dias em casa. Aí ficou, nem me lembro quanto tempo ela ficou em casa. Foi muito obediente, muito boazinha, muito correta, porque sabe como é uma responsabilidade uma moça na casa da gente, né? E foi assim, a nossa amizade que ficou, não, uma amizade sincera agora. Ficou mesmo um uma pela outra, Eu, em agradecimento ao que tinha recebido do pai, para ver como Deus é justo, né? Eu tinha recebido do pai dela ah o carinho sem me conhecer. Depois eu fui ajudá-la a ficar em casa com tudo e muito obediente, ah tudo que eu falava ela fazia, inclusive com o casamento. É. ### Pedro, que é hoje o marido dela, muito direito, muito correto. Ela na tinha primeiro um namorado, depois apareceu o Pedro, né? E ela dizia, pois é, dona Amélia, mas eu não eu não sei, eu não sei se gosto dele. Eu digo, escute, tudo isso você tem que ver bem antes de casar, porque a vida é essa, né? ### Ela morando em casa, você precisa saber que vai viver a vida inteirinha com ele, assim, assim. Bom, o que aconteceu? A Flori A Flori começou, pois é, ele não é, ele é muito ele é meio exigente ( ). Ela ela me dizia, bom, então você veja. Mas eu, sem ela saber, fui com uma amiga, uma colega, professora, e pedi informações dele. Esse senhor era advogado e e era professor também, e conhecia muito o Pedro. Então, eu fui escondida dela, porque eu não queria influenciar em nada, absolutamente. Eu queria que partisse de amor para amor, né? Então, o que ela ah que ele fez? Ele Ah esse senhor que me deu a informação disse, olha aqui, se eu tivesse uma filha, Eu não queria outro moço. Não queria escolher outro moço a não ser o Pedro Sena. ### Depois que ela se decidiu, que ela disse que gostava dele, que queria casar com ele e tudo mais, aí então eu disse a ela. Eu disse, olha aqui, eu tirei essas informações, ( ) a informação, e foi esta. Ele mora assim, assim, numa pensão, assim, assim, E as informações são as melhores possíveis. Graças a Deus, ela casou muito bem e vive muito bem com ele até hoje. ### ### Não me lembro bem agora, não. Sabe como foi? Não foi na minha casa mais, porque ela já tinha ido para a casa da mãe dela. Mas foram são muito felizes que eu sei até hoje. E por nosso intermédio em casa ### Pois não. ### ### A maleita tem períodos, né? O meu era um dia sim, um dia não. Febre de até quarenta graus. E Eu fiz tratamento com... quinino, e depois, ah eu pensei que eu tivesse sarado depois de um, dois meses, né? E eu está nesse tempo, eu era casada. E eu ti fi engravidei do meu filho. E depois de um mês de gravidez, aparece a febre de novo. Um dia sim, um dia não, um dia sim, um dia não. S ofri, que só Deus sabe o que eu sofri com a maleita. Porque eu não podia tomar quinino, né? grávida. E não podia tomar remédio nenhum forte. Quem tratou foi um até um médico parente, doutor Celestino Bourroul. E ele disse, não, agora precisamos esperar nascer a criança para o tratamento ser, ah quer dizer, ah forte. E então ele, depois que nasce ah, eu então tinha um medo, né, porque Uma criança sendo gerada numa com uma doença dessas, e eu de um dia sim, um dia não, tinha febre. De meio dia, às vezes, até quatro, cinco horas da tarde. Febre de quarenta graus. Depois, então, então dizia, ih, vai nascer uma criança doentia, vai nascer uma criança assim, ( ) não tem nada uma coisa com a outra. Você vai ver, foi felicíssima, graças a Deus, normal, Nasceu um homem forte, que só vendo. Depois que que acabou a dieta, ele então me deu uma injeção de quinino na veia. Foi embora para sempre a, ah ah como é que se diz, a maleita, a febre da maleita. Mas fiquei com cólicas de fígado. A í sim, aí foi uma coisa horrorosa. Porque eu tinha cólica de ah, uma dor na boca do estômago que reproduzia nas costas durante anos. E naquele tempo, ( ), ah, isso aí é só operando a a cólica de fígado só operando v a vesícula, não sei o quê. Ia num médico, é só operando a vesícula. O que aconteceu? Eu fui... Eu tinha medo de operar, né? E um dizia, opera, outro dizia, não opere porque morre. ### E ah fui ficando com aquela cólica de fígado horrível. Operei depois de quase quinze anos de sofrer. Aí fui operado pelo doutor ah... Não me lembro o nome dele agora. ### Mas eu lembro já. E ah E, graças a Deus, nunca tive mais nada do fígado. Nada, nada Tirei a vesícula com sessenta e oito pedras. Cada uma foi uma cólica, calcule. Para ver o que a maleita traz, né? ### ### Tive a maleita. Agora tive ah ah dois tumorezinhos nos joelhos. que diz que é joelho de carola, mas eu não sou carola, não. (risos) Ah O médico me caçoou. ### Foi um ah um dois quistos nos joelhos e tive que operar, mas graças a Deus também cedeu. Operei o fígado, operei os joelhos, depois tive um um quisto aqui também, que diz que foi batida. Esse foi ah doutor Bernardo de Oliveira, que operou todas as vezes, todas as vezes. E graças a Deus, agora eu tenho meu médico cardiologista, que é para o motor aqui funcionar direito, né? (risos) Que isso, para a gente depois de diz que depois de sessenta anos, a gente precisa ter um médio radiologista, né? Cardiologista. E esse é o que eu que eu frequento de vez em quando. ### ### ### ### Eu tive o sarampo e custou arrebentar, sabe? ### Quero dizer, não era muito pequena, não, Devia ter uns sete anos, oito anos, eu tive o sarampo. E o sarampo custava, custou arrebentar. Naquele tempo, o me médico era, sabe como é, autoritário, tudo. Então, meu pai dizia a ele, escuta, ela pa precisa uma cura um remédio para fazer rebentar o sarampo. Era chá de sabugueiro, antigamente, né? (risos) E Então, meu pai me pôs no banheiro com água quente, Tirou, enrolou. Foi isso que me salvou. Aí arrebentou o sarampo. Tive sarampo também. Tive coqueluche, depois de grande. E Eu acho que de doença assim, não teve mais nada assim, não. Tive meu filho que teve escarlatina, né? ### Aí deu deu preocup preocupação. ### Porque o médico disse, não, como eu separei minha filha, minha filha mandei para a casa de minhas cunhadas, da família Sagirarte, meu marido. E ele ficou tra se tratando em casa. Aí sim foi duro, porque ah escarlatina tem consequências, né? Rebentou um tumorzinho no na na assim embaixo da orelha e outro nas E teve que chamar médico para cortar o tumorzinho e tudo mais. Ah por causa da escarlatina. E aí eu acho que... (risos) Normalmente as as doenças foram tratadas por médicos. Por médicos é. Agora o papai já tinha muita prática, né? De modo que qualquer coisa que meus filhos tinham, ou que os filhos dos meus irmãos tinham, meu pai com a prática que ele tinha, por causa dos filhos todos que teve, Ele já dava os remédios, sabe? (risos) Papai era muito ativo, muito ativo mesmo. Tanto que meus irmãos sempre diziam, pois é, e sempre dizem até hoje. Papai foi enciclopédico, porque ele era professor, foi formado professor da esco da escola normal, e foi diretor da escola normal, mas e todos os meus irmãos, porque meu irmão mais velho é médico. Qualquer coisa que meu irmão queria, meu pai é quem solucionava, sabe? o outro engenheiro, advogado, tudo ### não só ah homeopatia, como alopatia também. Mas eh foi a prática, né? Porque com muitos filhos, os médicos vinham dar o remédio e ele, então, quando qualquer coisa nos nossos filhos ### ### Agora os meus remédios são só para coração, agora, graças a Deus. Minha filha, graças a Deus, é muito forte. Basta dizer que ela está há trinta e seis anos casada e o marido não viu nenhuma vez dela ela ah doente na cama. (risos) Os dois são muito fortes, graças a Deus. Eh de modo que é só essa coisa de de estômago, essas coisas assim, mas coisa simples. Graças a Deus não temos doenças. A senhora teria ideia do do estoque, né, o que faz parte de uma farmácia, que tipos de medicamento que a gente encontra numa farmácia, hoje em dia e e antigamente, por exemplo? Antigamente era muito mais difícil, né? Qualquer coisa que se queria, Era só em farmácia e muito distante de casa, porque quando eu morei, quando eu nasci, na Rua Santa Madalena, no bairro da Liberdade, não tinha farmácia perto ( ). Tudo era meu pai ( ) Basta dizer que meu pai lecionava até dez horas da noite e ele vinha com lanterna, porque não tinha nem lampião na rua. Eu me lembro disso. E depois, não. São Paulo é um colosso hoje, né? Mas antigamente não, antigamente foi duro. Eu Porque eu vi o os bondes puxados a burro. (risos) E E andei em bonde puxado a burro a burro quando era menina. (risos) Na Rua da Liberdade, né, que tinha os trilhos e os bonde De modo que isso, de vez em quando, eu conto para os meus aqui. Mas será possível que você viva tudo isso? Disse vi tudo isso. Bonde puxado a bu Exclusi vamente remédio, é. E era difícil, até, tinha muito pouco remédio. Muito pouco. Lógico que se toma tanta coisa e tem remédio para muita coisa, né? Eu acho que até hoje é demais. Porque hoje os remédios são vendidos com muita facilidade, né? Eu acho que deviam ser vendidos os remédios com muito mais ah rigor. Porque... Eu tenho conhecido casos hoje de remédios para emagrecer. Sabe o que estão fazendo, né? Eu tenho conheci pessoas conhecidas que estão até com fraqueza cerebral por causa de remédio para emagrecer. Tenho até uma moça mu nossa conhecida que ela fez um regime para emagrecer com um médico e tomou o remédio do médico. Mas depois ela foi comprando o remédio, o médico suspendeu o remédio, ela foi tomando o remédio, E hoje está fraca da cabeça. Não uma só pessoa, não. Conheci também ah da família Meirelles, que era ah tinha um conservatório, que a filha morreu por causa disso. E to re médio para emagrecer. Esses remédio. De modo que eu sou contra essa ah especulação de remédio, da ah porque a televisão hoje faz tudo, né? e para remédios para emagrecer. Eu sou contra isso. Esses Era muito melhor como antigamente, que era muito mais dureza para comprar. E há remédios que são proibidos, que não podem ser vendidos sem receita médica, mas vendem. ### Não sei o nome, assim, dos remédios, não sei porque... Eu só ouço fal na televisão tem muito. Eles fazem propaganda ### Tem uns nomes ( ). E como não interessa a gente não ( )... Mas eu fico aborrecida porque eu sei de muitos casos, de uns cinco ou seis casos, de moças que fazem, tomam remédio sem prescrição médica e que estão sendo sacrificadas, a saúde sacrifica em comprimidos. É. Tenho até uma conhecida, uma sobrinha de uma irmã, da minha irmã, que ela está na cama e os médicos dizem que tem manchas (ruído) roxas no corpo, que ela tomou remédio para emagrecer com precisão médica. Depois o médico mandou parar, ela continuou também. Ela continuou, está É mãe de quatro ou cinco filhos, está em cima de uma cama, moça, inchada inteirinha e cheia de manchas roxas no corpo. E diz que deu, atacou o sangue, o remédio atacou o sangue. eh eh devia ser proibido, não devia? é uma coisa que devi eh já há na Já houve na Câmara uma discussão sobre isso. E estão médicos combatendo, O Estado de São Paulo dá, que é o é o jornal que eu leio, que eu gosto muito, e eh deu que estão fazendo, quer dizer, hm uma um... para ver se conseguem que sejam vendidos só com prescrição médica. Mas são remédios muito perigosos. Eu acho que devia haver. Eu vejo, noto a diferença de antigamente para hoje, né? Hoje há uma facilidade de comprar tudo quanto é remédio. ### ### também pneumonia quando foi pequena. E esse esse tratamento foi feito por doutor Stapler. ### ### eu eu quero dizer por visita só. Hospital do Servidor, que eu estive lá. uma pessoa da família, o que mais que eu tive no... no... no né Santa Catarina, Hospital Santa Catarina, que estive lá com meu cunhado, que é padre, e minha cunhada esteve lá, por sinal, eram dois irmãos, um caso até... digno de ser contado. Ele era... éh padre, porque a minha família é família de religiosos, e... Ele era padre e vivia com essa irmã solteira também, ela com oitenta e seis anos. Não, ela com oitenta e nove e ele com oitenta e s eis. E ele estava doente, precisava ir para o hospital, por causa da idade também, né? E ela ela tinha que acompanhar, porque eram dois, mas muito unidos, mas demais. O que aconteceu? Ela foi para o hospital porque meu ir meu filho com a minha filha disseram que ele precisava de tratamento, que o padre, seu Gerardi, precisava de tratamento. Então ela foi junto. E ela que estava em estado pior, porque ela estava com edema pulmonar. oitenta e nove anos, veja bem. Pois ela foi para tratar dele. Ela ficou no hospital no Santa no hospital Santa Catarina, no mesmo quarto, para tratar dele. Que eram dois irmãos unidos dema ### E o que aconteceu? Ela morreu no dia três de novembro e ele, no quarto, assistiu à morte dela. Quando ele foi para chorar, o enfermeiro disse, olha, o senhor é um senhor. Não pode, precisa dar exemplo para a família. Precisa ficar forte. Ele passou a mão no terço, começou a rezar. Três dias depois, ele morreu. No mesmo hospital, no mesmo quarto. De modo que São coisas que a gente, né, que calam ah a gente. Ah Foi muito bonita, porque sendo religiosa, Freiras e padres acompanharam. Foi um enterro muito grande. Saiu do Hospital Santa Catarina. E Primeiro foi o dela, no domingo. Ela fale ceu, eh ela foi enterrada segunda-feira. Ela morreu num domingo, dia treze de novembro. E dele foi no no dia sete de novembro. Quatro dias depois. Mas foi muito grande o enterro, ele era muito querido, ele já era um senhor, né? E ah a cúria toda, com todos os padres, freiras, não só do hospital, como do da os conhecidos da família, porque a família era muito grande. Foi indo aos poucos, né? Porque a ve a velhice vem, todos nós vamos, né? Mas ah foi um enterro muito grande, muito boni terrado na na Consolação, ( ) no cemitério da Consolação. Depois foi a missa de sétimo dia, muito bonita também.