Inquérito SP_DID_273

SPEAKER 1: : a comunicação aqui em São Paulo, os meios de comunicação?

SPEAKER 2: : Bem, os meios de comunicação em São Paulo, me parece que têm avançado muito, estendido muito, me parece que em extensão, mas não em qualidade. É uma das ressalvas que a gente faz muito frequentemente quando se fala em meios de comunicação, principalmente a televisão. E mesmo a radiodifusão. A primeira coisa que me ocorre quando se fala em meio de comunicação, é assim uma... como que uma crítica ou uma cobrança do que poderia fazer a televisão e que não faz.

SPEAKER 1: : E a senhora atribui a quê?

SPEAKER 2: : Possivelmente ao caráter comercial da televisão. Porque acredito que em outros países onde a televisão é... de certa forma, controlada pelo Estado, ela tem um característico mais educativo. Poderia oferecer uma desvantagem de estar sob a, o, controle estatal e aí reduzir a liberdade em relação a... a ideologias, e etecetera Mas na França, por exemplo, que é um país liberal e que o governo controla, eu acho que esse risco é muito pequeno. Eu acho que ele é menos grave do que o a a má qualidade da... dos programas. Bom, informar eu acho que é uma necessidade,ah Me parece que a os meios de comunicação, a sua função fundamental é a informação. Agora, esta informação, conforme a maneira como ela é divulgada, ela pode ser altamente deseducativa. E além da informação, ela pode também dar uma contribuição A cultura.

SPEAKER 1: : E sobre a imprensa, propriamente dita. Gostaríamos que a senhora... se ativesse um pouco, tanto quanto possível, mais detalhado, sobre a imprensa.

SPEAKER 2: : Não é fácil fazer assim uma análise da nossa imprensa, não.(risos) O que que nós podemos dizer? Eu confesso que o meu ah... o meu conhecimento ou meu... a utilização que eu faço da imprensa é muito restrito. Simplesmente por certos problemas de ordem prática. Eu assino dois jornais, não vou ao, ao centro da cidade porque eu trabalho f, bem fora do centro e não tenho oportunidade de comprar jornais de outras cidades. Pois não. Eu assino a Folha e o Estado. Bem, do ponto de vista

Inf :ormação, uh, eu confio muito mais no Estado, sobre certos aspectos, ah... Naturalmente que às vezes até a informação dos, do, desse jornal, que é bastante, me parece, tecnicamente muito bem feito, até a informação às vezes é um pouco influenciada pelos pontos de vista que o jornal asdota. Certamente. Então, eu diria que, do ponto de vista imprensa, é um jornal que tem sua posição, a sua ideo, a sua ideologia, a reconhece publicamente e, à luz dessa ideologia, analisa os fenômenos todos políticos, econômicos, etc. Então, como a gente já conhece a sua posição ãh... fa, dá-se o desconto a, ao ah ah... às análises feitas e, às vezes, até às próprias informações. Quanto à Folha, eu tenho notado uma melhoria nesses últimos tempos. Eu andava muito desanimada com a Folha, mas atualmente ela tem apresentado umas boas colaborações. E em matéria de informação também, nem sempre é muito precisa. Agora, talvez vocês se interessem em conhecer alguma coisa como, ou melhor, como eu considero o aspecto da linguagem (risos) desses jornais, não é? É, mais uma vez eu vejo que o Estado tem uma linguagem muito mais cuidada, muito cuidada mesmo. De modo geral, o os seus artigos de fundo são artigos muito bem escritos, muito bem cuidados. E as informações também. Mesmo as notícias mais simples são dadas com uma s, correção que

SPEAKER 1: : Que, que agrada. Como a senhora inicia a leitura do jornal? (risos)

SPEAKER 2: : Como eu levanto cedo e o tempo é muito instável em São Paulo, uma primeira Leitura é como é que vai ser o tempo hoje, porque eu tenho que me vestir logo e sair, então eu quero me orientar. De modo que a primeira é essa. Depois eu vejo a primeira página para ver as manchetes. Em segunda eu vejo a última do Estadão, porque diz respeito aos assuntos da cidade e eu trabalho na prefeitura. Então isso me interessa de modo especial. Daí então, conforme as manchetes, daí eu passo para as páginas de dentro, que trazem então os editoriais, outras notícias. Sempre que posso, termino na parte de, referentes a arte, teatro, cinema, etecetera. E também depende como aqui na casa há várias pessoas. Às vezes o estado está sendo lido por um, eu tomo a folha e sigo mais ou menos o, não tanto o mesmo estilo, porque eles não têm a mesma ah... montagem. Então, eu vejo sempre a primeira página para ver as notícias que interessam mais. Eu não sei se por minha falta de leitura mais sistemática da Folha, eu não tenho assim uma segurança em relação à situação da da dos diversos assuntos. Então, eu vou mais ou menos virando, virando e lendo. ah faço bastante, ### mais de... de dez.

SPEAKER 1: : Mais de dez anos.

SPEAKER 2: : Não, é difícil. É difícil, realmente. Mas recentemente é que eu tenho essa observação. Bem, eu leio, eventualmente, quando me cai às mãos, eu gosto muito do Jornal do Brasil. Mas é... Exato, numa posição de qualidade de jornal, eu diria que sim. E a gente sente também o Jornal do Brasil e o Estadão mais independentes nas suas posições. Não quer dizer necessariamente que eu esteja de acordo com a posição do Estado, mas eu acho que é mais independente, então está mais interesse na leitura, como o Jornal do Brasil também. Eu li um pouco, durante os dois últimos anos ou três, eu assinava o suplemento chamado Diplomático do Le Monde. Eu achava excelente. Agora, por dificuldades mais de de de de renovar a assinatura, etecetera E nem sempre eu tinha todo o tempo que eu precisaria para ler todo, porque todo ele é interessantíssimo. Então, também tinha isso e era Mas era uma, é um suplemento mensal. Já é de tipo diferente de um diário, né? É sempre estu, ess, éh.... Problemas internacionais, econômicos, sociais, políticos. Então é muito interessante para acompanhar o... os acontecimentos no mundo, através assim de uma posição também muito independente que tem esse jornal. () Algumas vezes. ### Exato. Em pa em... comparação aos nossos jornais. O que, revistas, por exemplo? ah Ah, sim, a Veja eu leio muito frequentemente. Isso faz uns dois anos, mais ou menos, que eu estou lendo Veja. Ah, eu acho bem interessante, sabe? Eu acho que ela traz, assim um, ela é muito atual. Ela traz... artigos sobre os assuntos bem atuais. E já de um ponto de vista... seletivo àqueles que são realmente mais interessantes, éh, traz sempre... gosto muito das entrevistas com personagens interessantes, são muito boas, muito variadas o tipo de personagem que ele que... cada volu, cada exemplar, cada número de veja traz. Eu acho bem interessante. E ela é bem informativa também, sobre certos assuntos que... ... têm mais durabilidade, quer dizer, os dados são válidos, por maior parte, por um tempo mais longo. Eu acho que esse aspecto também me interessa no Veja, porque a gente encontra ali essas informações. É possível mmmm. Pelo menos ela éh éh... é o o ela sugere um... um esquema de análise, seleção e crítica dos acontecimentos e das posições. Então, eu acredito, tem uma posição, não sei se eu diria científica, porque ela seleciona dos, dos assuntos científicos propriamente, ela traz coisas interessantes para a informação. Eu diria, a abordagem do Veja é que eu acho assim... que tem um caráter interessante do ponto de vista informativo. Bom, nós estamos falando sobre revistas, não é? Ah sim, bom ach, eu leio... () ### ### E dessas revistas brasileiras, éh... a que eu tenho lido recentemente mais. Antes eu preferia o Cruzeiro, a Manchete, hoje eu prefiro o Cru, Manchete ao Cruzeiro Eu considero que ela tem colaborações mais interessantes. E li uns tempos a realidade, achei muito interessante, de repente perdi o interesse, não sei o que aconteceu, não sei se tem uma razão, não posso nem afirmar. E... a Cláudia eu acho interessante para passar assim ah, os olhos. Também leio. Em matéria de revistas ãh... de caráter científico ou de estudo também interessa? E é também considerado meio de comunicação? É, né? () Bom, então, dentro da minha área de serviço social, nós temos no Brasil esses debates sociais que é trimestral. Ou melhor, quadrimestral. Nós temos três números por ano. Representa um... uma leitura obrigatória (risos) para quem trabalha nessa área. Depois tem também ah... Recebo também esta revista da União Católica Internacional de Serviço Social, que é o Serviço Social de Le Monde, e... aquela Social Work, que é do Americana. São as revistas da minha área que eu recebo e... leio mais frequentemente. Boletins informativos também têm um papel importante né. E eu recebo alguns boletins informativos. Este mesmo grupo, organização que publica esses debates sociais tem um... publica também um boletim informativo. sobre os acontecimentos, congressos nacionais e internacionais que possam ter relação sobre fatos que interessam mais a... a classe de assistentes sociais. Então, recebo da conferência do do Conselho Internacional de Bem-Estar Social também, que é uma organização internacional que eu participo, tenho participado bastante. Há também um boletim informativo. Não, pode ser que seja mensal, mas nem sei dizer exatamente a periodicidade. Também é um boletim que eu leio frequentemente. () Ah, mas melhorou fantasticamente. Agora eu vi na esquina uma caixa de correio, né. As anteriores serviam (risos), assim, talvez de de ornamentação para as ruas. A gente não, nos últimos tempos nem tinha coragem de jogar uma carta dentro da caixa de correio porque não sabia quando ela seria recolhida né Agora, na esquina aqui, colocaram uma caixa do correio e já com um dístico. O correio melhorou muito, use o correio, mas de uma maneira fantástica. Acho que isso foi um grande, uma grande... eh, um grande passe que nós demos na... no setor das comunicações. Então, agora a gente já está usando mais o correio. O correio tinha saído O correio interno tinha saído quase das nossas dos nossos hábitos né. Só em só em Natal e telegrama de aniversário, de casamento, de pêsames né. Mas fora disso, a gente não usava mais o correio. Foi uma beleza. Isto é E com isso, ainda outro dia, eu estava pensando, está desaparecendo o estilo epistolar. Antigamente, quando era, quando eu era menina, como a gente escrevia e nas escolas, desde o curso primário, fazia parte da da redação. Redigi cartas. Eu me lembro, desde o segundo ano grupo, de escola primária, nos era pedido escrever uma carta e... fazia parte do do programa, né? E... como a gente escrevia, como a gente se comunicava... Inclusive, né? (risos) E era aquela alegria. E depois, de fato, as comunicações éh ãh... como eu diria, os ooo... os meios de transporte eram mais difíceis e a gente se encontrava muito mais raramente. Então, a gente recorria às cartas, era a maneira da gente se comunicar. Então eu até os meus quinze anos, talvez o que dezoito, vinte, eu me correspondia muito com as minhas amigas e.... parentes do interior, porque eu morei no interior até quatorze anos. Então eu ainda conservava aqueles laços e eu me lembro que eu tinha hábito de escrever cartas. Mesmo? () Não, a caixa eu vi anteontem aí, de modo que eu ainda não usei. Tem coragem. Eu acho que eu sou capaz de experimentar a caixa. Eu acredito. Mas, ãh, em geral, eu ponho no Correio mesmo. E sempre, de preferência, no Central.

SPEAKER 0: : E quais são as os... as divisões, vamos dizer, de correspondência do, do Correio? Não entendi () o... a divisão da... citou aí a carta, o telegrama, que tipo, gostaria que a... () ah sim, sei sei

SPEAKER 2: : ### Ah, um pouco mais? Ah, no correios? Sim. Bom, eu venho usando o correio. Então, naque, na fase pré-melhoria, eu só usava para... em casos extremos de comunicação e para cumprimentos de Natal, cartões, não é, de mmh não carta comum. Registrada, excepcionalmente, eu usava. Era mais o correio comum e telegramas. Inclusive, telegramas que a gente usava em outros tempos em que havia aquelas companhias estrangeiras para fora do Brasil, até mesmo para dentro do Brasil, e que a gente realmente não confiava no telégrafo nosso. Então, sempre que podia, usava essas companhias internacionais. Agora já mudou. ()

SPEAKER 0: : Na Embratel a gente tem toda a segurança.

SPEAKER 2: : Ah, não sei dizer. Ah, eu usava muito aqueles que já vinham a fórmula e eu achava ótimo para o telegrama urbano, que parece que desapareceu. Então, aquele eu tinha sempre um estoque em casa para essa e fim. Os telegramas urbanos. Para aniversário e pêsames, etecetera Mas nem sei se eles... parece que eles saíram de circulação. Hoje eu não estou bem informada, não. Dos tipos. Que eu n Na verdade, telegrama eu tenho usado mais para o exterior, ultimamente. Quando uso Ah, sim, mesmo já já tenho observado cartas que a gente manda e que num instante che, quer dizer, chegam rapidamente. Isso eu tenho notado, a rapidez da da... da entrega.

SPEAKER 1: : E agora vamos a um assunto também que eu acho que é bem nosso, o telefone. () o telefone ()

SPEAKER 2: : é uma dor de cabeça para muita gente, é uma coisa terrível né (risos) Está melhorando, está sendo ampliado, mas ainda ah ah... a atitude da gente quando pensa em termos de companhia telefônica é de um consumidor frustrado. Isso não há dúvida nenhuma.(risos) Essa é a reação. Porque, em primeiro lugar, quando se trata de colocar um telefone novo, é que ela talvez leve um ano, dois, três. Eu sei de pessoas amigas minhas que pagaram o telefone integralmente e levaram ainda dois anos para receber o telegram fone, telefone. Então, há realmente, eu digo, a gente tem sempre, eu tenho, essa atitude assim de de de hmm de... queixa em relação ao serviço. Agora, o porquê disso precisa ser estudado. Então, eu digo, a reação da gente espontânea como consumidora é essa. Se eu vou analisar o problema, se ela realmente teve ou não condições técnicas de expandir, condições financeiras de expandir ou não, isto é um outro problema. Agora, o telefone, uma vez ligado, funciona bem. Eu não sei se no período de chuvas é que vem aquele problema, que volta e meia o telefone está ... é desconcertado. Eu tenho a impressão que melhorou também a manutenção. Eu acho que nós tínhamos muito mais, nó ãh, queixas, há uns tempos atrás, do mau funcionamento, do que mais ultimamente. Realmente não. E depois com os dê dê, dê dê dê , isso facilitou enormemente a comunicação externa. Isso foi uma grande coisa. Uma coisa que eu acho notável, eu tenho já usado algumas vezes para ligação internacional, é uma beleza. Às vezes é mais fácil (risos) do que ligar aqui para Araras, pertinho, ou para Santos. Não sei se Santos já tem dê dê dê Mas antes disso era mais fácil fazer uma ligação para Paris, para Nova York, do que para aqui. Então, nessa parte internacional ele está muito bem Mas na, eu acho que melhorou. E com a... a extensão do dê dê dê, eu acho que a gente tá caminhando para uma situação bem melhor. Agora, eu não sei se é o crescimento violento da cidade que torna mesmo impossível o atendimento, mas às vezes mesmo em relação à transferência. Transferência parece que não há razão. Agora eu estou com o caso de uma sobrinha que se mudou. de um apartamento para outro, sendo que no prédio para onde ela foi já existe cabo, não é problema de cabo, é a mesma estação e eles estão com dificuldade de obter a transferência. Então, em matéria de transferência, a gente não explica. Então, é falta de pessoal? O que que é? ### Não deveria acontecer.

SPEAKER 1: : Não deveria acontecer. E o papel que exerce o telefone na na vida do paulistano, propriamente dito

SPEAKER 2: : Bom, a gente não pode, a gente não sabe mais viver sem telefone né. O telefone hoje é alguma coisa tão fundamental, considerando as difere, as distâncias que a gente tem, o problema de co de... comunicação, eu acho que é um... é fundamental. Comunicação me parece indispensável. Considerando ainda ah... o problema que hoje se tem para convívio. As famosas visitas de outros tempos, que agora quase não acontecem, éh... estão reduzidas à... a expressão mínima. Então o telefone também serve para essas comunicações, para uma prosinha, para um É o caso da Heloisa Monzano que você mencionou. Nós passamos, às vezes, anos sem nos encontrarmos. De vez em quando a gente liga o telefone e dá uma prosa de meia hora. É uma forma da gente se encontrar. Aqui em São Paulo está tendo este papel também. Além das comunicações indispensáveis né de problemas de de família, de necessidade de de médico, de de comércio, de encomendas e coisas desse tipo. Em relação a quê? Não, na verdade... Éh... é. Não muito, praticamente não. Isso já passou. Em outros tempos é que a gente fazia mais... Hoje o serviço de entrega é mais reduzido. Com a implantação dos supermercados, a coisa mudou muito, não é? Agora a dona de casa vai ao supermercado, compra e traz. Já não pede por telefone, não. Então as, é mais para gente identificar uma casa, saber se tem tal artigo. Mas em relação a comércio, eu uso mais nesse sentido. Para localizar, para saber se tem tal artigo ou qual outro. mais nessa linha do que para a encomen

SPEAKER 1: : nda mesmo. Na sua maneira de ver, o paulistano é um povo informado ou não?

SPEAKER 2: : Depende muito do conteúdo da informação, né. O grande problema que eu acho da informação para o paulistano é que ele é um tanto massacrado pela informação publicitária de de de uma cidade de consumo. Esse eu acho que é o problema mais sério em relação à informação. Não sei se nós podemos considerar isso informação ou não, mas aquilo que ele recebe através dos meios de comunicação. E a televisão, que hoje abrange a maior parte né, inclusive o rádio éh, atinge a população muito mais do que... a im, a imprensa, por exemplo, a im... enfim, um meio de comunicação escrita. Então, ele recebe a informação através da... eu acho, principalmente da televisão e do rádio. Então, ele tem uma informação... eu acho que prejudicada pela avalanche da da da... pub da... publicidade comercial. Eu acho realmente pouco informado sobre aquilo que interessa saber, realmente. Outro problema também, do ponto de vista imprensa escrita, a que atinge a maior parte da população, é uma imprensa assim de nível muito... muito discutível, do ponto de vista tanto conteúdo quanto forma, principalmente né. Então é uma informação viciada que ele recebe. O que me impressiona nesse tipo de informação é o noticiário sobre o crime. É uma coisa terrível. É, é assim... Incrível, com todos os detalhes, com expressões assim... Então, eu acho que isso é muito prejudicial sob esse aspecto. Agora, sobre outro... ãh, mesmo o comentário dos fatos de todo dia, a a maneira como esses fatos são apresentados não s... não é uma maneira, me parece assim, muito fidedigna. É um pouco prejudicada pelo sens() na nossa imprensa? Bom, é um, é um noticiário bastante filtrado, né? E... E, quanto ao conteúdo, é um pouco difícil da gente... É claro que informa, e a gente acompanha. Agora, quanto a maior ou menor exatidão, é um pouco difícil a gente não tendo muita chance de con, de... verificar, né? O que ocorre... é que... em relação a certo noticiário sobre... problemas ou sobre ah... agitação, digamos, na Argentina, Então, o que ocorre parece que são fatos verdadeiros. No entanto, a gente... Eu estive lá em agosto, agora nas férias (risos) A gente transita por lá e não vê nada. E vê o povo frequentando o restauran Parece que não acontece nada. Então, isso é uma pura impressão de fora. É claro que se a gente vivesse mais tempo lá, éh... talvez entrasse em em em contato. Então, quando a gente visita uma cidade, um país como esse, a gente vai com aquela impressão. Que saiu na rua, vai assistir um tiroteio. E não acontece. Assim como de Portugal, umas pessoas que vieram recentemente lá disseram, meu Deus, não vi nada nas ruas, não acontece nada. Então, em relação a essa esses dois, essa situação desses dois países, muito recentemente, vistos assim muito por fora, por turistas, a impressão que a gente tem é que o noticiário exagera. Mas

SPEAKER 0: : É difícil julgar. E a senhora já teve a oportunidade de comparar, por exemplo, a imprensa de um país com outro?

SPEAKER 2: : Não, fazer uma comparação propriamente é, é meio difícil, eu diria mesmo. Então, é claro que quando a gente está fora do Brasil, digamos, na Europa, ãh... aqueles a que eu tenho acesso, digamos, o francês ou inglês, a gente nota a, o, os tipos de imprensas semelhantes aos nossos. Então, eu não sei exatamente qual é o título do jornal hm.. da França que corresponde a esses nossos aqui sensacionalistas. Eles têm também o sensaciona, sensacionalista. Depois eles têm o seu tradicional, eles têm os seus mais avançados né, e... A mesma coisa na Inglaterra, a mesma coisa nos Estados Unidos. Então, eu acho que como... Eu não sei se eu diria padrões, mas eu diria, assim, tipos. Eu acho que a gente vai encontrar os mesmos tipos nos diferentes países. Agora hm... em matéria de qualidade, eu acredito que, é claro, a gente encontra

SPEAKER 1: : maior número de boa qualidade. Por exemplo, um jornal nosso com Notícias Populares, não sei, mas a impressão minha é que eu não encontraria num país do mundo um jornal tão

SPEAKER 2: : Olha, para falar a verdade, eu nem me lembro exatamente como é que ele se apresenta.(risos) (risos) É porque eu tenho uma certa reação a um tipo de imprensa, então eu não leio mesmo. E Eu lia quando eu tinha necessidade, quando eu exercia a vere, vereança. Então eu lia todo tipo de jornal. Tinha que ler e era necessário, né? Eu acho importante. Não sendo agora uma necessidade, eu realmente, a gente tem muito pouco tempo, então eu desisto de ler esse jornal, nem nem tomo conhecimento. Como disposição, eu acho o Estado muito melhor. Ele é melhor classificado, eu acho. As seções são bem definidas. Esse aspecto que eu sinto. E... A gente, é mais fácil, eu acho que ele tem um, uma estrutura que ele observa sempre. E eu tenho a impressão que a Folha não tem. Pode ser que talvez tenha, mas que eu ainda não tenha realmente, me, eh, que eu ainda não tenha percebido. Talvez por uma falta de maior análise. Mas eu, eu sinto mais estru, uma estrutura mais definida no Estadão. Agora estou me reconciliando com a Folha. Houve tempos também que eu achava a Folha uma atitude muito subserviente, mas está melhorando.

SPEAKER 1: : Eu s, eu sinto que ela está melhorando com isso. Em relação aos profissionais que trabalham na na imprensa, nos meios de com () como, como a senhora pode ver, () dos profissionais,

SPEAKER 2: : Sim.

SPEAKER 1: : Olha, eu tenho dificuldade de dizer qualquer coisa a respeito. Qual é a sua impressão, Correio, telefone...

SPEAKER 2: : Ah s, dos profissionais que trabalham nos divers, diferentes meios? () Sim, até os os diretores, né? Eu acho difícil realmente fazer qualquer comentário a respeito. A gente, pela observação, se verifica que... os repórteres que é com quem a gente tem mais contato direto, eles parecem ter uma vida muito dura de corre-corre, e de competição e de descobrir, de f, levar furos para o seu jornal. Então, é a sensação que a gente tem que eles estão sempre atrás da da dos acontecimentos e, e sempre numa luta muito grande. Agora, fora disso, é um pouco difícil, sinceramente, dizer qualquer coisa a respeito. A gente observa também os carteiros hoje, chama a atenção da gente. Engraçado que ãh... inclusive, achei muito simpática essa campanha que o... que os Correios fizeram. A Administração General dos Correios fez, a respeito do carteiro, alguns uns meses atrás. Procure conhecer o nome do seu carteiro. Ele lê o nome, o seu nome, Ele conhece vocês pelo nome, porque ele leva a sua correspondência. Procure conhecer também o seu nome, ter uma atitude. Eu achei aquilo muito simpático, da parte dos Correios. E a gente observa agora que eles têm uma... A figura do cor, do carteiro mudou. O anterior era mais um homem velho, cansado, um pouco malajambrado. Agora são uns rapazes mais novos, bem (risos) bem uniformizados, com uma cara assim melhor. E dá a impressão que eles estão mais felizes na... na sua profissão. Quer dizer, eles chamaram a atenção.

SPEAKER 1: : Realmente. Antigamente, no passado, nós ouvíamos que os carteiros, eles ou sumiam com a correspondência () não chegava ao destinatário, () a coisa toda né, hoje parece que () diferente. É, realmente.

SPEAKER 2: : É p, é, é a gente parece que confia. Tem a impressão de um profissional bem consciente da sua função. pressão que a gente tem. É, exato é... Isso realmente. É i É, e mesmo a impressão que se tinha antigamente com o Correio. Olha o hábito das famílias distribuírem convites de casamento em mãos por essas, ou pessoalmente pelas pessoas da família, o que mobiliza a família inteira e dá muito trabalho, ou então mediante contrato com essas companhias. Sai caríssimo, porque ninguém confiava no Correio para distribuir convite de casamento. Ninguém mandava, realmente. Primeiro que eu não sabia se chegava. Segundo, eu não sabia quando esses convites iam chegar. e... E não sei agora, não tive notícia de alguma família que tenha passado a usar o correio para convite de casamento. Porque a a... a impressão que se tinha, ou melhor, a... convicção que se tinha, é que eles eram jogados no lixo. Quando se mandava, assim, de... em grandes quantidades.

SPEAKER 1: : E o telefone público?

SPEAKER 2: : A orelhão, e... ele é, a gente vê sempre muito usado. Acho que foi uma grande coisa, né? Pôs o telefone ao alcance e racionalizou um pouco mais. Numa cidade como São Paulo, antes do orelhão, ãh.. eram muito poucos os telefones públicos. Sempre aquela complicação, tem ficha, não tem ficha. Hoje parece que está melhor resolvida a situação das fichas. Mas o ãh... comum era a pessoa que não tinha telefone e vivia de favores, no empório, na farmácia. pedindo para usar o telefone. Isso era um absurdo em uma cidade como São Paulo, né. E Orelhão agora deu oportunidade a um grande número de usar. E mesmo pessoas que possam ter o seu telefone em casa, numa emergência, usam o telefone da rua.

SPEAKER 1: : Eu acho que foi uma uma grande inovação. ()

SPEAKER 2: : ah, ir ao centro Pra fazer ligações ### ir ao centro telefônico. Hm É verdade, olha, nunca usei, não tenho a menor ideia, ainda quando uso, centro telefônico é no interior. A gente vai ao centro fazer ligação interurbana, mas aqui nunca usei. Bem, às vezes que eu tenho me valido... é um pessoal bem treinado, bem educado, com boa vontade. Funciona bem.

SPEAKER 1: : A senhora vê realmente uma.... uma evolução no nosso meio de comunicação? Ah

SPEAKER 2: : sem dúvida. Em relação ao Correio, é a mais notável, eu acho. () no material de evolução também No sistema ### Eu acho que um grande progresso no Correio, evidente, assim, ao

SPEAKER 0: : olhos () Atribui a que a... ao progresso, esse progresso a quê? Do Correio? ()

SPEAKER 2: : hm, não do correio comentando com alguém que conhecia o assunto, mas eles tiveram lá toda a assistência técnica do... dos Correios da França. Então, ãh, eu fiquei com aquela imagem. Foi uma... assistência técnica que ajudou a colocar aquilo em ordem. Né Agora, os outros, digamos, telef... Eu acho que um pouco a pressão da opinião pública também tem valido, e da imprensa. Eu acho que as críticas aos serviços, nesse ponto, eu acho que a imprensa tem ajudado E o p, a população mesmo, a pressão. E, naturalmente, a tecnologia deve ter ajudado, a telefônica resolveu alguns dos seus problemas técnicos. Eu me lembro que há tempos atrás, quando se falava, nós, não há capacidade da... da compania obter o número de aparelhos necessários, não há capacidade de produção. E... hm... razões como essas que eram dadas. Ao passo que agora parece que já... se avançou mais. Então, eu acredito também que o avanço da tecnologia tenha facilitado as pressões à população mais exigente. Eu acho que, quanto a isso, eu penso que a população já está mais consciente e... reclama, e Agora, em matéria de imprensa ou do da da, dos meios de comunicação escrito, éh n, tem uma certa dificuldade de dizer se evoluiu. É mais um ponto de vista assim pessoal deste com aquel, éh, em relação a este ou aquele jornal, né. Agora, quanto à tiragem, que possa dar uma base assim, de evolução, de

SPEAKER 0: : isto não tem nenhum elemento. E com respeito à propaganda, () a senhora acha muito exagerada a propaganda? Acho () Acho

SPEAKER 2: : ### De comunicação, acho. Acho de mau gosto, muito frequentemente. Então ainda eu diria, em relação à rádio, eu só ouço a Eldorado e, eventualmente, a Excelsior. E a... qual é aquela cultura, da radio cultura? Só que tem uma s... ela tem uma série de programas assim de de ginásio, de segunda série que (risos), então e às vezes, mesmo os programas de música nossa, às vezes, eles insistem muito num só t, numa só época da música brasileira. ### Mas eu não suporto. O que eu não suporto, principalmente nos rádios, éh na na na na nas emissoras, é o tipo de propaganda horrível, de mau gosto, gritada, que fere os ouvidos. Eu digo s éh, eu eu ouço a Eldorado porque ela é civilizada na, na maneira até de fazer anúncio. Então, isso é a minha posição pessoal. Eu acho o... os de rádio, assim, terríveis. Em televisão, a mesma coisa. A gente está assistindo o programa, quando chega a hora do anúncio, eles aumentam o volume. A gente tem que correr para a televisão e diminuir. Então, é horrível do ponto de vista do do exagero no som, já começar por aí. Depois, ãh... o... tipo de... de, de publicidade, eh... eu acho de um mau gosto terrível uma grande parte dos anúncios. Agora, se isso tem... produz efeito, isso é o problema dos, deles né, dos intere, dos especialistas em publicidade. É engraçado que a gente vê ultimamente os programas de, os anúncios de Cigarro em televisão, esses têm as imagens bonitas, coloridas, e, agradáveis para anunciar o cigarro, né? Enfim, eu acho também que toma muito tempo. Os anúncios, de um modo geral, tomam um tempo exagerado. Nos programas de televisão, a gente teria que encontrar um pouco de... reduzir um pouco, esta... É disso que ela vive, mas enfim. É terrível, para ouvir três minutos de de um programa, a gente tem que ouvir cinco, oito de de anúncio comercial. E eu me lembro, sabe, de uma, um comentário que eu ouvi há muitos anos, da Maria Della Costa, uma entrevista que ela deu, voltando da Europa. Então ela disse, curioso que na Itália havia vários anúncios em televisão que quando acontec, chegava o momento do anúncio, a família corria para ouvir, porque era tão interessante o anúncio (risos), que atraía. Eu digo o... E aqui ao contrário, não se tem vontade de fechar, de... Pode ser que eu seja muito ranzinza nisso né, mas eu não gosto e acho demais, exagerado e que exigiria realmente uma, uma melhoria. () Ah, é por isso é, é variado, né? Outra coisa curiosa, a gente vê as crianças de três, quatro anos, hoje cinco anos né, repetem os anúncios de maneira incrível, porque eles têm uma capacidade de memorização né. Então, isso vai penetrando. Fala-se, dá o dá éh éh da dá-se a dica e ele segue até o fim do anúncio. Ah, é? Os jargões. Eu imagino que sim, principalmente nos primeiros tempos, não, no primário. Eu imagino que é o... o universo deles é mais restrito, naturalmente no secundário talvez não seja tanto. Mas no, eu imagino que o primário deva sofrer, porque mesmo a linguagem deles antes do primário, já a gente sente que está influenciada pelo que eles ouvem tel, da televisão.