Inquérito SP_DID_264

SPEAKER 0: : Bom, Dr. Luiz, ahn no começo dessa entrevista, nós gostaríamos que o senhor falasse alguma coisa sobre o corpo humano. Digamos que o senhor fosse descrever um corpo humano. Como o senhor descreveria?

SPEAKER 2: : Marlene, desde o curso primário, meus primeiros tempos de e nos primeiros ensaios de estudo de francês, eu já vi descrito inúmeras vezes, o corpo humano se divide em três partes, cabeça, tronco e membros. E não vejo como fugir dessa velha rotina.

SPEAKER 0: : Então vamos nos deter então às partes, por exemplo, cabeça ahn O que o senhor poderia nos descrever, tanto exteriormente e interiormente?

SPEAKER 2: : éh Eu sei pouco por ouvir dizer, e também confirmado por médicos amigos, que a parte anterior, ou seja, a fronte, tem uma resistência enorme. ao pa ao passo que o A parte posterior da cabeça é extremamente frágil. Então, uma queda brusca em que o cidadão infeliz bata com a cabeça no chão, se for com a parte posterior, a probabilidade de morrer, ter uma fratura craniana é enorme. E, curiosamente, a resistência que existe na ne nessa parte frontal é enorme, tem uma capacidade de trauma quase incrível. Agora, evidentemente, É um lugar comum, mas que eu acredito plenamente que seja expressão da realidade. Dizem alguns com linguagem bastante comum que os olhos constituem a janelinha da alma. E isso parece rigorosamente verdade. Uma pessoa bem treinada, através da da maneira pela qual a pessoa olha, encara as coisas, pode descifrar evidentemente não o que está pensando, mas o estado de espírito isso é absolutamente inequívoco Até certa ocasião me disse um padre, muito amigo meu, que o político hábil se está conversando e baixando os olhos, porque ele não quer que se descubra o estado de espírito dele e por via indutiva, o que eventualmente estaria pensando da conversa. Isso quer dizer que o político se esmera em sonegar o seu pensamento, ou mesmo assim eu diria dos diplomatas, cuja função delicada muitas vezes é transmitir uma série de coisas pensando outras. Veja lá como é difícil isso, hein, Marlene? Agora, voltando ao caso da dos olhos, nós sabemos que existem estudos longuíssimos sobre essa questão toda fisionômica, etcétera, etcétera, meio que seria quase Ocioso insistirmos muito nisso, né? E na minha profissão de advogado, que evidentemente e acidentalmente eu toco no assunto, nós sabemos perfeitamente que se não existe, hoje em dia, não se aceita mais a tese do criminoso nato propriamente, é incontestável que certos aspectos, não só faciais, mas, por exemplo, orelhas, exposição das orelhas, na qual traduz perfeitamente as tendências da pessoa. Isso daí não significa que a pessoa vá cometer tais ou tais atos, que eu acredito, no livre-arbítrio, a não ser no caso de doença, que o indivíduo venha a perder a capacidade de se determinar livremente. Mas é incontestável isso sim, que o indivíduo nasce já portador de tendências. Eu acredito firmemente nisso. O perfil marca, Logo, é comum o dito de que se o nariz de Cleópatra tivesse outra dimensão, o destino do mundo seria completamente diferente. Você sabe porquê? hum Saberia dizer porquê, Marlene, mas não sabe? É porque o conquistador do Egito, o primeiro deles, se apaixonou por Cleópatra, exatamente pelas dimensões do nariz dela. (risos) Ao passo que, depois, Otávio, que foi o fundador do Império Romano, como sá como sábio, e adotou o nome de Augusto, embora não chegasse propriamente a adotar o nome de Imperador, mas ficou é considerado na história como o primeiro César Romano, não se deixou levar pelo nariz de Cleópatra. Sabe qual foi a consequência, Marlene? A consequência foi a seguinte, que Cleópatra fez picar por uma áspide, uma cobrinha diminuta de pequenas proporções que morena.

SPEAKER 0: : Agora, o senhor falou dos olhos, né da importância dos olhos. E quanto à cor do olho, tem alguma influência?

SPEAKER 2: : falar francamente, eu acredito que a cor dos olhos não tenha nenhuma significação na definição de traços de caráter. Agora, existe, evidentemente, a expressão do olhar, quer dizer voltaria à questão anterior, A expressão do olhar é incrivelmente definidora. Isso é absolutamente certo. Tanto que qualquer moça apaixonada procura baixar os olhos, ou mesmo se poderia dizer de um rapaz jovem, inexperiente, sentir-se meio encabulado. E se não houver qualquer reação no olhar, é porque não está realmente apaixonado, acredito eu.

SPEAKER 0: : Agora, o senhor deve conhecer várias raças, não? Voltando ao assunto, o senhor deve conhecer várias raças. ### A pergunta foi a seguinte, ahn o senhor deve conhecer a as diversas raças né, ou por contato direto, ou por através de leitura, Eu gostaria que o senhor fizesse assim uma comparação entre as raças, no aspecto físico.

SPEAKER 2: : Marlene, a pergunta é extremamente fácil e extremamente difícil. Do ponto de vista empírico, a cidade de São Paulo diz comumente é cosmopolita significa que é uma grande metrópole, etcétera. Mas também traz consigo a conotação de que é uma cidade onde convivem várias raças diferentes, embora re possam residir aqueles tempos, não deixa de ter essa conotação. E alguns vão muito longe, evidentemente hipertrofiando um pouco a ideia de que o paulistano já não se sente mais muito à vontade na sua cidade, porque o paulistano se sente tão diluído como polistano que já não se poderia mais falar num traço característico do paulistano como se falaria antigamente. Antes de entrar no na resposta mais direta a sua pergunta eu gostaria de contar um fato muito curioso mas fato obstante correto e incontestável. Há cerca de quarenta cinquenta anos atrás o fenômeno de São Paulo era tão diferente nessa matéria que as pessoas se conheciam A cidade era incrivelmente menor, evidentemente. Então era comum um pai de família voltar para casa depois do trabalho e contar em casa. Hoje apareceu uma cara nova na cidade. Veja que diferença que existe entre os dias de hoje e aquele tempo. Agora hoje, por exemplo, em São Paulo seria difícil mesmo falar-se em raças porque a coisa é tão variada que o máximo que se poderia abordar nesse assunto seria aspectos sociológicos da questão que está estaria fora da pergunta propriamente dita. né (risos) Mas ah os ensinamentos de geografia mudaram muito dos tempos em que eu ahn estudei para hoje, a metodologia, etcétera, etcétera. Mas no meu tempo dizi dir dizia-se costumeiramente que as raças eram três, branca, negra e amarela. É possível que a geografia moderna ou antropogeografia já tenha delineado mais raças no contexto de pesquisas realizadas assim por diante. Agora indo mais frontalmente a sua pergunta eu diria o seguinte que curiosamente o italiano se aproxima te tremendamente de algo que se poderia dizer o tipo do brasileiro comum tirando alguns aspectos evidentemente algumas características Eu creio que ah o povo que mais se identifica com o povo brasileiro em termos de raça, de psicologia, de estado de espírito, de aceitação de certos valores, etcétera. Eu não vou me referir ao português evidentemente, que é um dado óbvio que se identifica completamente. Mas, afora o português, creio eu que é o italiano. É o italiano. A despeito de que na própria Itália, em matéria de raças, por exemplo, () que a Itália só foi formada em pequenos reinos, pequenos ducados, etcétera que já. cujas características étnicas vinham, de certo modo, se firmando, nós notamos, sabemos, que na Itália, a Itália do Sul, principalmente, prepondera o tipo moreno. não quer dizer que não se encontrem loiros, como no norte do Brasil, apesar de prevalecer o tipo essencialmente moreno, encontram-se loiros, segundo dizem descendentes dos holandeses, Mas voltando ao caso da Itália, então a Itália do Sul prepondera do tipo moreno e a Itália do Norte prepondera o tipo loiro. E eu tive a ocasião de conhecer um austríaco, n eu me permito dar o sobrenome dele, Primavesi. Ele está residindo no Brasil há muitos anos, tem nome italiano e, curiosamente para mim, vinha saber muito depois de eu conhecer que ele era austríaco. Então, mas Austríaco não por acaso, evidentemente que ele podia ter sido lá acidentalmente, mas não é, el é o seguinte, é que há certas regiões da Europa que passaram de mãos pa do domínio austríaco, passaram para o italiano e vice-versa, de maneira que então, a despeito de ser ele austríaco, coservava o tinha o nome italiano, e era um tipo curiosamente italiano do norte, loiro, e assim por diante. Agora, o inglês e o alemão, apesar de exteriormente se parecerem, psicologicamente são ex extraordinariamente diferentes. Diz-se comumente que o alemão é frio, prepotente, tal, tal. Não há resta mais ligeira dúvida que o espírito comunitário alemão é muito mais acentuado do que em qualquer povo do mundo. Mas a verdade é que o alemão é um dos homens mais sentimentais do mundo. O povo alemão em geral e também desse ponto de vista de raça existe esse fenômeno também na Alemanha. O aus o o prussiano por exemplo apresenta características completamente diferentes do bávaro. Características psicológicas como diria () e raciais né psicológicas muito profundas. O prussiano é mais frio que o bávaro no resto mais giradouro. mas são sensivelmente diferentes. E assim por diante, meio que é um tema excessivamente difícil e delicado. O francês em certas regiões também, as vá as variações e características de etnias e tal, são completamente diferentes, por incrível que pareça. Esse é um fenômeno que só se pode explicar, provavelmente, através da história, numa análise muito complexa Eu não sei se o que eu disse já respondeu em parte as suas indagações do meu ponto de vista. Né Agora finalmente o chinês o japonês o japonês diria eu em termos de psicologia racial se aproximaria mais do alemão creio eu. Já o chinês tem uma individualidade extraordinária e excepcional no meu modo de ver. É um grande povo. Veja bem que eu não estou falando de política chinesa. Estou falando apenas da raça chinesa. Uhum É uma raça excepcional. De dotações excepcionais. Isso é só perquirir a história que nós chegamos a essa conclusão. Basta () Fazendo retrospecto de vinte anos para cá. Para trás, quero dizer. Desculpe.

SPEAKER 0: : Agora, quanto ao rosto ainda, se detendo ainda ao rosto, né? O senhor falou dos olhos, o senhor falou do nariz. Não sei se o senhor chegou a falar da boca, não?

SPEAKER 2: : Bom, Marlene, a boca, logo depois dos olhos, é o que mais define as expressões psicológicas, tanto do homem como da mulher. Isso é incontestável. éh É banal e corriqueiro dizer-se que o tipo sensual tem lóbios lábios grossos. Então tem () lábios grossos e sensuais. Eu confesso que, pessoalmente, eu nunca consegui descobrir se o sensual decorre de um preconceito relacionado com os lábios grossos ou se se chegou-se a uma conclusão definitiva de que o homem ou mulher que tenha lábios grossos é um tipo sensual. Aí não deixaria perplexo, é problema dos pretos, por uma questão de etnia, tem mesmo os lábios grossos. Agora, a experiência pessoal não poderia mencionar, () indiscreto () mencionar. Agora, eu me inclino a acreditar que realmente coincide o tipo sensual e os lábios grossos, tamanho da boca e assim por diante, creio eu que são bastante definidores.

SPEAKER 0: : Agora, o senhor falou da da boca, eu queria que o senhor falasse alguma coisa sobre tipo de penteado. Se houve alguma mudança, alguma mudança nesses últimos tempos.

SPEAKER 2: : Marlene, é é uma questão bastante difícil, porque por uma questão de perfil psicológico meu próprio, eu não sou muito observador nesse campo de penteados. Agora, Posso dizer alguma coisa por ouvir dizer e em consequência a coisa foi racionalizada e a seguir eu ouvi me confirmarem, né? Por exemplo, rapaziada, houve uma faixa aí que nós chamamos atualmente de playboy, mas que não seria um traço pe pe peculiar, ao que seria o vê ou propriamente o playboy. Resolveu deixar crescer o cabelo. Isso é meio desagradável dizer, mas barbeiro, onde eu habitualmente corto cabelo, diz que s ele se sente muito mal cortando cabelo, de cabeludo. Em geral, é um cabelo muito mal tratado. De maneira que eu acho desagradável e preferia muito mais que se deixasse o cabelo cortado. Cabelo já é um problema para ser bem cuidado, bem arrumado, etcétera. Cabelo comprido É um problema multiplicado. Sabemos que existem outros que aí já reputam caricaturais, masculinos evidentemente, que vão ao cabeleireiro, lavam a cabeça, secam o cabelo e secadora. Eu creio que essa faixa já aí já já cai no ridículo no meu modo de ver. Agora, enquanto elemento feminino, o cabelo é de uma importância imensa, evidentemente. Dá o tom e uma arte extraordinária para realçar a beleza feminina está justamente no penteado. Agora, o penteado não deixa de ser um caso essencialmente pessoal. A mulher que souber dar expressão à sua personalidade até através do penteado quase que conta com um terceiro fator que lhe é favorável. Além dos olhos e da boca. Os olhos não podem ser modificados, porque são como deus os fez. Agora, o cabelo pode. Então, a arte da peruca hoje em dia amanhã talvez deixem de lado, não deixe de ser uma arte extraordinária. Eu conheço muitas moças, inclus inclusive colegas minhas onde eu trabalho, porque eu sou funcionário da prefeitura, procurador. Eu conheço muitas procuradoras que a despeito de terem cabelo natural, que eu julgo belíssimo, elas resolveram usar peruca. Uma vez eu perguntei para uma colega minha, por que é que você usa peruca se o seu cabelo é tão bonito? Ela disse, bem, mas a peruca eu posso dar a feição que eu quiser, mais condizente com a minha personalidade. E meu cabelo natural, infelizmente, eu também não acho feio, não. Mas, em todo caso, eu não posso dar a mesma expressão que eu posso dar, que eu dou realmente, artificialmente, através da peruca. (risos)

SPEAKER 1: : Doutor Cintra, nós gosta o senhor falou há pouco sobre as raças. Eu gostaria que, se possível, o senhor desse as distinções assim em traços fisionômicos, na posição, quem sabe, mesmo em estatura, do da raça preta, do branco, da raça amarela, como ficar melhor para o senhor?

SPEAKER 2: : Olha Iran, já voltou à tona o o velho problema que eu disse que eu conheço muito pouco. Agora nós sabemos perfeitamente que o preto apresenta certas características que nós, em geral, dizemos apresentamos como iguais. Mas, na realidade, o número e a diferenciação dos pretos africanos é é incomparavelmente maior do que se imagina. Diferenciações profundíssimas, mesmo os traços faciais, e também diferenciações fisionômicas extraordinárias e psicológicas também. Já a variação do preto, que nós chamamos costumeiramente preto como um carvão, é sensivelmente diferente do que nós nos habituamos a chamar de preto puro e simples, sem conotação nenhuma. E aqui no caso do brasil, então, a variação é tão grande que vai do preto, por vezes encontramos o preto que nós chamamos de retinto carvão, que parece que constituiu, em tempos remotos, o grosso dos elementos cativos, parece que apresentava, em geral, esse tipo naturalmente com a miscigenação racial no Brasil, foram surgindo novos tipos que talvez hoje dificilmente se encontrasse na África. Agora, a questão do branco, por exemplo, o francês, representa predominantemente, segundo creio, não tanto o tipo que nós chamaríamos de loiro, mas principalmente castanho claro. Diferentemente do alemão que talvez se apresente com mais frequência tipo loiro, isso naturalmente generalizando esquematicamente. O tipo inglês também, o loiro inglês, s eh tem feições me parece diferentes freconc maior frequência do tipo loiro ah frances a que me referi há pouco. Agora, o loiro italiano é também sui generis se diferencia completamente do loiro das outras raças, dos outros países mencionados. Clarificar em termos raciais puramente abstratos é quase impossível, creio eu. Porque se não materializarmos países, fica uma abstração pura, uma digressão puramente teórica e doutrinária, etcétera. E como representante de um setor da universidade, seria o caso de conversar com os professores de geografia e história. Hoje a geografia tomou uma dimensão excepcional e há um empenho muito grande nesse aspecto de geografia humana enfim, ou então sociologia, sociologia cultural, etcétera, etcétera, em que se cuida mais dessas descrições, desses tipos de raças, e assim por diante, em profundidade, e assim por diante. Espero que o senhor tenha uma resposta bem mais adequada do que eu poderia andar assim muito singelamente. Agora, em termos de preferência pessoal, tirando o italiano, que eu sinto uma afinidade total, e o português como um dado óbvio, E por paradoxal que possa parecer à primeira vista, eu sinto mais afinidade espontânea e natural com os alemães, quer dizer, com os germânicos, do que com o próprio francês que é latino. Nunca tive explicação para isso, mas eu sinto mais, ah ah vamos dizer, pa pa parece que psicologicamente existe maior facilidade de entendimento, fazendo abstração do fenômeno língua, evidentemente. E sei também, com segurança absoluta, que o russo e que predomina tipo alto loiro grande mas também há regiões imensas da Rússia que também foi compo formada por principados e ducados antigos e que existem também na Rússia diferenciações muito grandes. Agora em em sentido muito genérico a psicologia do russo talvez seja a que mais se aproxima da psicologia do brasileiro que é um povo eminentemente sentimental e emotivo mas capazes de atitudes de extraordinária violência em momentos culminantes.

SPEAKER 0: : Agora, o senhor acha que, fazendo uma comparação entre Brasil e os povos da Europa, o senhor acha que existe, quanto à saúde, uma grande diferença no sentido de saúde? O brasileiro tem maiores ou menores condições de saúde que o europeu?

SPEAKER 2: : Marlene, a sua pergunta é curiosíssima, mas respondendo, antes em tese, se você leu, que eu não sei se teria lido ou não, mas deve ter lido, pelo menos ouvido falar, um trecho sintético de Euclides da Cunha em Os Sertões, que começa logo dizendo afirmando o seguinte, o sertanejo é antes de tudo um forte, isso significa potencialmente, se não tem uma saúde atual, condições eventuais d para adquirir uma grande saúde se ele é antes de tudo um forte. Agora é claro que está, sei eu perfeitamente, que eu Euclides da Cunha se refere às condições de vida do sertanejo e aos problemas que ele enfrenta no seu meio ambiente, agreste e de uma forma ou de outra consegue superar dificuldades infinitas. Agora, em linhas gerais, Não tenha mais ligeira dúvida em ter certeza absoluta que a despeito da miscigenação nós não podemos esconder que é um fator negativo. É um fator negativo também tem seus lados positivos. Agora o problema de saúde do brasileiro. Evidentemente melhor falarem um higienista. No caso algo já li sobre o assunto também conhecimentos evidentemente baseados na experiência. minha idade, conhecimentos gerais, tal leituras, etcétera. O brasileiro, as condições de saúde do brasileiro hoje são más, de maneira naturalmente ah genérica. E pode-se considerar que os europeus, a despeito da guerra, da última guerra mundial, hoje as condições de saúde do europeu já são bem superiores a dos brasileiros, segundo informações perfeitamente seguras que eu tenho. De maneira que o problema do brasileiro ainda está em parte na faixa da subnutrição, subnutrição mesma, não digo só de do ponto de vista qualitativo de alimentação, mas quantitativo. ### Enfim, em um nível cultural mais acentuado, não tem noção de higiene e saúde. Confunde, por exemplo, higiene com uma questão pura e simplesmente de limpeza. Evidentemente que a limpeza ou o trato é uma condição de saúde, mas não se identifica. Mas o brasileiro faz de jeito si sinônimo de sa de... ah sa de na na et p Parece que perde um pouquinho a noção correta de higiene, quando a noção de higiene seria incomparavelmente mais extensa e mais complexa. A noção de higiene, na realidade, significa prevenção, um tipo de vida, um estilo de vida que levaria à prevenção das doenças. E, portanto, em profundidade, não deixaria de ser um patrimônio, um traço de uma cultura. Isso eu tive opor inúmeras ocasiões de verificar, por exemplo, vivê através de vivências que tenho. natural das coisas. A conduta, por exemplo, que eu já vi de um americano, de um grupo de americanos com os quais tive ocasião de viajar para o interior, a preocupação que eles tinham de, assim que chega chegassem ao hotel, tomavam banho imediatamente e com muito medo de apanhar qualquer moléstia que, sabidamente, ah se eh entra no organismo humano através da dos pés, do epiderme dos pés, né? E nós brasileiros, evidentemente, os camaradas cultos sabem disso perfeitamente, mas ahn o ponto de vista popular não tem a mais ligeira noção. Daí a razão, creio eu, pela qual não só a pobreza, mas também a absoluta ignorância do fenômeno higiene. O pessoal do interior hoje não tanto, mas há vinte anos atrás ainda se podia falar francamente andavam descalço. Existe o fenômeno econômico, sem dúvida nenhuma, mas antes de mais nada era um uma questão de ignorância crassa se ele soubesse a quantidade de moléstias que ele adquiriria. Eu estava disposto a adquirir simplesmente através das da planta dos pés. Ele trataria de usar sapato sapato grosseiro evidentemente mas trataria de usar. Então eu quero crer que o brasileiro em linhas gerais não tem noção correta do que significa higiene e saúde. Melancolicamente eu digo isso.

SPEAKER 0: : Voltando ainda, o senhor falou de lábios, ahm de lábios de olhos, de cabelo. Gostaria que o senhor falasse um pouquinho, já que o senhor tocou em higiene, falasse um pouquinho de dentes.

SPEAKER 2: : Essa pergunta já é indiscreta. Mas ah dentes, eh evidentemente, têm uma importância enorme, sobretudo para o elemento feminino. O elemento feminino que tem dentes bonitos, e dá uma risada simpática, alegre, não uma risada escancarando a boca, que eu acho horrendo, mas uma risada discreta, representa um elemento de sedução tremendo no meu modo de ver. Meio que os dentes, evidentemente, não vou falar dos dentes do ponto de vista de saúde também, que tem uma importância enorme, mas os dentes do ponto de vista estético, de beleza e tal tal, então eu creio que na mulher tem uma importância muito grande. E disse-me já é um outro aspecto totalmente diferente da questão, que um vendedor, por exemplo, o negócio está falando para um lado profissional relacionado com o problema dente. Um vendedor, um indivíduo que tem contato com o público, leva uma grande va vantagem se tiver uma estampa agradável, simpática e se tiver bons dentes. É um desastre o indivíduo que tem dentes feios, naturalmente, ou maltratados e que tem que exercer função de vendedor, por exemplo, ou mesmo vendedor de uma ideia. Tenho mesmo notícia de que, hoje em dia, a seleção para o serviço diplomático é feita, em parte, em função do perfil estético do do do candidato. mas Não é questão de bele de beleza, no sentido que seria não s poderia colocar a questão nesse nesses termos, mas um indivíduo que tenha, por exemplo, um defeito, ou coisa que o valha, etcétera etcétera etcétera. Ou não ser que isso seja totalmente superado por uma inteligência superior, é é é em geral um dado positivo para o ingresso na carreira diplomática. De maneira que um um um homem que não pode falar em beleza masculina, que eu acho que isso é até um pouquinho desagradável, mas ah pode ahn ser facilmente deformado, então eu preferiria não entrar nesse assunto, mas indivíduo que tem um tipo atrativo, algum tipo de atração. Vamos dizer, co costumeiramente, popularmente fala-se magnetismo. Ninguém ignora que os grandes líderes têm um poder magnético extraordinário. Esse poder magnético se expressa através dos gestos, das atitudes, do olhar, da vista, da voz, do timbre de voz e assim por diante. Tem uma importância enorme mas esse conjunto, ah analis ou visto em termos genéricos, ou analisados isoladamente, () no dente num contexto geral para me tornar mais claro. bem que o fenômeno dentes, abstratamente falando, isoladamente, é importantíssimo. Mas a sua importância ganha dimensão no contexto geral e devido e em virtude de determinadas circunstâncias de vida, do tipo de carreira que o indivíduo vai seguir e assim por diante. Não é quase viável um grande líder que seja horrendo de estampa, a não ser que seria que esse fator seria suplantado por dons oratórios excepcionais e assim por diante. É claro que isso é perfeitamente válido. ()

SPEAKER 0: : Agora, e o problema da estatura? Tudo isso entra né no problema da estatura, por exemplo?

SPEAKER 2: : O problema da estatura também é importantíssimo. Agora, é óbvio para nós, brasileiros, se nós nos deparamos ou nos defrontamos com um indivíduo que de estatura excessiva para uma estatura mediana, nossa, às vezes dá má impressão. Eu não creio que que amedronte, nem coisa nenhuma disso. Às vezes não, é massa, um tipo massa, grandalhão. Realmente, o se se houver uma ameaça de briga, enfrentar um um mastodonte, não é covardia evitar que se enfrente, né? Eu não acho que não é covardia nenhuma, porque isso é uma questão Força física, força física (risos) num dis num confronto pessoal evidentemente que leva vantagem mesmo. Então é melhor dizer que altura é documento como disse a linguagem popular. Agora para outros efeitos a estatura mediana desde que bem proporcionada. Não digo um sujeito pequeno de estatura, mas a altura mediana um metro e setenta e cinco um metro e setenta para o caso do Brasil em geral está perfeitamente em condições de exercer fenômenos de liderança e sobressair desse ponto de vista porque estamos encarando o assunto nesse momento.

SPEAKER 1: : Doutor Sintra, o senhor vê alguma relação, alguma interferência em nível econômico, por exemplo, de um país, de uma civilização com pessoas de estatura pequena ou estatura alta

SPEAKER 2: : Olha, meu caro, eu prefiro que me chame de você, não me chame mais de doutor Luiz, viu? Nem doutor Sintra. Olha, meu caro, eh aí eu sou obrigado, esque evidentemente falando esquematicamente, que é um assunto sobre o qual se poderia discorrer durante horas, a nível de especialista então nem se fala, nós somos obrigados a contestar isso de imediato. Essa relação entre estatura e força econômica. Vamos pegar o caso do Japão. Os japoneses de pequena estatura hoje é tido como a terceira potência econômica do mundo apesar de ser um país paupérrimo em matérias-primas. Mas tudo isso no japonês tem sido suplantado por uma série de fatores. O japonês é dotado de uma eficiência excepcional em vários campos. No campo da agricultura, por exemplo, nós temos uma experiência nossa própria através de imigração japonesa. que se especializou em geral na produção de ahm frutas, hortaliças, enfim, eh o chamado Cinturão Verde de São Paulo, por exemplo, que hoje se que hoje se fala muito novamente, o japonês trouxe para nós, de certo modo, pode se dizer, formas e métodos de trabalho e ao mesmo tempo exibindo uma capacidade de trabalho extraordinária. Você pode trabalhar horas e horas e horas na agricultura. Talvez, e já ouvi falar, já foram feitos ali, já dados já se tem dados comparativos nesse sentido, que é o povo que mais resiste no campo da agricultura, ao trabalho continuado. Agora, e como expressão econômica geral, geralmente há que distinguir, por exemplo, falar-se na liderança capacidade de liderança. Ninguém contesta que os americanos através de sua organização dão uma extraordinária importância ao que eles chamam de manager. O manager ou o elemento dirigente nas grandes indústrias etcétera. O americano parece que é dotado de um gênio todo especial. Pode se dizer mesmo que de fato que é um característico da cultura americana a capacidade de organização. Mas não não creio que isso tenha qualquer relacionamento com a estatura do americano, ou o que quer que seja, isso certamente teria outras explicações. Agora, contra qualquer tese de tamanho, de estatura, ou de cor, etcétera, seria simplesmente cotejar o Japão com a Alemanha, que também exibe uma capacidade de organização excepcional, uma grande capacidade de trabalho, parcialmente destruído durante a última guerra, e hoje já totalmente reconstruída, Já alcançou, me refiro, bem entendido, a Alemanha Ocidental, porque o que se passa no mundo oriental eu ignoro, pura e simplesmente. A Alemanha Ocidental tenho informações, leio alguns jornais e assim por diante, sei que a Alemanha Ocidental conseguiu uma recuperação espantosa, meio que do ponto de vista de eficiência, de trabalho, de produtividade, de trabalho, certamente hoje em dia nós continuaríamos a colocar a América do Norte em primeiro plano, e provavelmente o Japão e a Alemanha em níveis mais ou menos equivalentes, em matéria de eficiência. Portanto, se isso é verdade, e se existe que eu ignoro o mito de que há relação entre a raça, o tamanho, as proporções, etcétera, e a eficiência econômica, eu creio que a tese cairia por terra. É um dado empírico, talvez, mas bem bem real e bem verdadeiro.

SPEAKER 1: : Nós agradecemos, doutor Luiz, pela participação que nos deu aqui no projeto.

SPEAKER 2: : Pois não, jovem Marlene, meu caro amigo. Eu fico muito grato por terem me procurado e tive grande satisfação em recebê-los aqui na Prefeitura, onde está sendo gravado, essa esse esse estamos fazendo essa gravação nesse momento, e estou sempre à disposição e às ordens, E como prometi a você de trazi ter mais uma colaboração, eu vou ver se através de uma outra entidade que eu participo, será muito mais fácil selecionar os elementos que você está tendo alguma dificuldade de encontrar. Eu acredito que eu posso trazer essa colaboração. E sei que vão também gravar, fazer gravação idêntica de um outro amigo meu, um pouco mais moço que eu, mas também de uma faixa etária mais velha um pouco. (risos) Você acaba de mostrar o envelope que se destina a ele. Aliás, não sei se você notou, na parte quase final dessa gravação, abriu a porta que eu fechei por conveniência nossa. E quem justamente apareceu é esse grande amigo Wilson Rocha, um grande colega. Mas como eu não sabia que você estava trazendo o envelope, então eu não interrompi. Então, agradeço muito, julgo a iniciativa. e o esforço que estão desempenhando, extraordinariamente útil, de grande significação. É uma pesquisa nova, recente, mas eu sinto, pressinto nisso, embora eu não seja especialista nessas coisas, eu pressinto nisso através da experiência natural que eu tenho que ter, através da minha profissão de bacharel, de procurador da prefeitura, advogado e tudo mais. Eu sinto que é uma experiência e é um trabalho que trará luzes sobre muitos aspectos da cultura brasileira. O que é absolutamente fundamental. Uma das nossas falhas é não ter aprofundado as pesquisas sobre o nosso povo, sobre os traços psicológicos e assim por diante. Diz comumente que se conhece tudo que os planos estão aí, mas isso não é verdade não. Os planos que existem são empíricos e, data venha, sem criticar ninguém, julgo eu grosseiros. Então, puramente teórico.