Inquérito SP_DID_262

SPEAKER 1: : Bem, doutor Gastão, nós gostaríamos de saber como era a vida social na passagem do século que o senhor presenciou.

SPEAKER 3: : Pois não, perfeitamente. E Eu devo, para responder a sua pergunta, então tomar a liberdade de começar pelo episódio mais empolgante que tive na minha infância, pois, na passagem dos anos de mil oitocentos e noventa e nove para mil e novecentos, eu achava-me na fazenda do meu pai em Jabuticabal, e que, o qual havia providenciado uma grande festança, como se dizia na época, abrangendo patrões e empregados e colonos, e devido à situação privilegiada da casa, uh, residencial da, da fazenda, que era a nossa casa, colocada no alto, depois descia para o ribeirão, subia e na ver, na vertente oposta, Estava, então, enfileirados, estavam enfileiradas cinquenta casas de colonos e () separadas entre si de vinte metros a trinta metros. E, diante dessas casas, meu pai, para comemorar a passagem do ano à meia-noite, com grande fez um fornecimento, () e isto é interessante consignar, fez () uma semana de antecedência o fornecimento de uma saca de trigo para cada uma das cinquenta famílias que constituíam, uh, de trabalhadores rurais lá da fazenda, para que eles preparassem bolos e, e, e, e outros o, outros manjares para, uh, comemorar a noite de trinta e um de dezembro para a passagem do novo século. Bem, e, e para isso mandou que cada grupo, de diante de cada grupo de cinco casas fosse armada uma fogueira nesse sistema que se costumam fazer por ocasião () das festas natalinas, na, das festas joaninas, mandou que se fizesse uma fogueira diante de cada grupo de cinco casas. E E assim foi feito, de modo que mais ou menos dez fogueiras estavam preparadas para festejar a passagem do ano e de, com, trouxe e, com, distribuiu entre os, os, os colonos uma porção de fogos de artifício para que deveriam expocar exatamente na passagem do, do ano, à meia-noite do dia trinta e um de dezembro de mil oitocentos e no noventa e nove, o cenário, quando come , o cenário quando estava preparado para a meia-noite, era composto de um, de um céu, de uma, da, da abóboda celeste, cravejada de estrelas doiradas, então permitindo que o ambiente se tornasse muito festivo, desde que, do que se achava no, no firmamento e o que se realizava na terra, naquela fazenda de meu pai. E às, às onze e meia da noite, então, foi dado o sinal para que fossem acesas as fogueiras e uma pequena banda, bandinha musical de Jabuticabal começou a percorrer a frente das casas, tocando as músicas da época e animando, uh, os preparativos e, e entusiasmando os, os colonos para realiza , assistirem e comemorarem a passagem do ano. do século, não do ano, principalmente do século. E assim foi. De modo que, e de fronte mais ou menos de todas as casas, foi preparado um terreiro para as danças que segui , seguiram e se realizaram logo depois do espocar dos foguetes e das chuvas de fogos de artifício que haviam sido previamente distribuídos e que todos os colonos, cada um, tratou de contribuir acendendo e, e disparando esses fogos de espocar e outros de lágrimas, uh, coloridas e outros rojões com rastros luminosos, enfim, todos esses () esses fogos conhecidos que são usados nas festas joa , joaninas. E, e daí E assim foi que pude, de seis a sete anos de idade, assistir esse es , espetáculo empolgante que ficou gravado na minha memória, porque não me recordo ter visto uma outra vez o firmamento tão estrelado nem uma festa que também se realizasse na terra, com tanta alegria, e assim foi pela madrugada a, adentro até o raiar do dia, quando despertava o novo século.

SPEAKER 1: : Certo. E E depois, mais na juventude, que tipo de festas o senhor teve a oportunidade de presenciar, mesmo aqui em São Paulo, na capital ou na fazenda?

SPEAKER 3: : festas que merecessem destaque, eu gostaria de separar, porque perguntou na minha juventude quais as festas. Uh, As festas que () vou partir primeiro das, da, das relações das in , das intimidades, que eram os bailecos nas casas de família, porque outros não existiam para os rapazes se aproximarem das namoradas, e que, e eu as tive inúmeras (risos), uma em cada baileco, até, até que acabei os meus dias de solteiro casando-me com a última namorada, que foi a maior, a melhor e a mais querida de todas. que é a minha Marina, cujo nome se acha consignado na, nas declarações escritas que foram feitas. Bem, agora, de outros movimentos, uh, de ordem externa que tenham me impressionado, posso repetir novamente que nenhum outro suplantou aquele que eu tive dos seis aos sete anos. assistia dos seis aos sete anos na passagem do século. Talvez dos... Eu diria, iria logo para a exposição do Centenário em mil novecentos e vinte e dois, realizada no Rio de Janeiro, que foi um, um espetáculo memorável e, e da qual participei colaborando como já fiz constar das minhas declarações escritas, como fazendo parte da equipe da Sociedade Anônima (), que mantinha muitas revistas como o Tico-Tico, a Leitura para Todos, o Para Todos, () exclusivamente de cinematografia, e mais O Malho, que era o jornal político da época, o jornal político da época que era muito apreciado pelas, uh, suas caricaturas, uh, causticantes, no, com relação aos políticos. E E, e depois a Ilustração Brasileira, que foi pelo seu, pela sua grafia, pelo seu e () foi na época da introdução da tricromia, que era, uh, a impressão em, a cores, que foi eleita a, o órgão oficial da, das, da, da, da comemoração do centenário. E E assim foi realmente, foram publicados números em grossos volumes, com a, a aplicação de, dessa técnica avançada da tricromia, que fez reprodução de muitos quadros célebres, principalmente o Grito do Ipiranga, que então se comemorava, e, o, se comemorava o centenário, e, naturalmente, a parte social, porque Acorreram ao Rio de Janeiro, uh, grandes embaixadas de outros países que enfeitaram muito e a, e as festas realizadas comemorativas e os banquetes e os desfiles tornaram-se, uh, pontos, uh, brilhantes dessa comemoração. Acho que Esse foi um episódio que durou vários dias, ou muitos dias, e, e que marcou a, a grande comemoração da nossa independência na época. Ainda em vinte e

SPEAKER 1: : e dois, uh, nós estamos conversando antes da entrevista, E sobre a Semana de Arte Moderna, o senhor parece que teve grande amizade com Monteiro Lobato, né, que se opôs ao movimento.

SPEAKER 3: : Bem, o Monteiro Lobato foi uma dessas figuras fulgurantes que procurava esconder o seu brilho e a grandiosidade do seu talento e que ele transmitiu nos seus escritos e começando por essa coisa importantíssima a um povo, que é escrever para as crianças, como ele fez. E depois criou esse tipo, que era o tipo mais vulgarizado no Brasil, do Jeca Tatu. A criação do Jeca Tatu foi uma radioscopia, da, não direi do, do, das criaturas infelizes, mas de () criaturas de, que não tiveram () a instrução necessária e nem ti, nem eram tratadas ainda como elementos elementos que pudessem influir na vida social do país, porque estavam relegados a um plano, não digo inferior, mas a um plano esquecido por parte dos poderes públicos e decorre, decorrendo daí, então, e, essa situação que o cidadão sentava, pegava uma pedra, uma faca, um cigarro de palha para afiar aquela faca ou o seu facão e, com isso, ficava satisfeito porque tinha em suas mãos a, o instrumento que mais ele usava para podar e cortar tudo que precisasse, além do machado e como uma arma para penetração nas matas e, e no desbravamento dos sertões, que era o célebre facão do caboclo e do Jeca Tatu, que ele não dispensava o cigarro de palha, alguns preferiam o cachimbo e outros o facão pendurado à cinta. Eram, era Era, uh, o seu companheiro inseparável. E assim, Monteiro Lobato, focalizando e dando esse nome de Jeca Tatu ele () consignou um tipo que ajudou muito a penetração e o desbravamento das ínvias, dos ínvios caminhos para o sertão e para chegarmos até aos índios que hoje são, estão perfeitamente entrega, integrados na comunhão nacional. O Ora, mas a figura de Monteiro Lobato escreve, escrevendo esses seus livros, ele foi muito mais além do que a gente podia pensar que fosse um homem preocupado em distrair as crianças. Não, ele preferiu escrever para as crianças e, assim, produziu outras obras, como Urupês, como Citar elas são muito conhecidas para agora, uh, relacionar. Mas e era um homem cheio de, de, de nos seus pensamentos, nas suas considerações, ele tinha grande profundidade. Por exemplo, a época atual em que se discute a questão do petróleo, Monteiro Lobato, Monteiro Lobato foi um pioneiro, mas um pioneiro que enxergou o futuro muito além das fronteiras do Brasil, dos mares e dos continentes. E Ele chegou até para, com coragem para mostrar, vamos dizer, e tornar o seu pensamento um, uma força atuante, Ele fundou a primeira companhia, a primeira organização para exploração do petróleo que aflorou aqui nas proximidades de São Paulo e ali no Xisto Betuminoso de Taubaté. Tive a Eu considero hoje uma honra e uma glória. Tive essa honra e essa glória de subscrever uma ação de cin na época que ainda tenho o meu poder e assinada pelo Monteiro Lobato, por ter sido um dos primeiros que fui levar um grão de areia para aquela grande, aquele grande edifício que ele pretendia construir () para a riqueza do Brasil, que seria a exploração do petróleo. E E assim foi, muitos acorreram, mas ainda os recursos técnicos para que se explorasse de forma lucrativa e proveitosa, uh, essa força extraordinária, porque hoje, como tivemos a, o, a época da pedra lascada, como tivemos a época do fogo, como tivemos a época de todos esses produtos do ferro que constituíram os grandes recursos de todos os países, o petróleo Hoje está sendo, uh, estamos na era e na época do petróleo. O O petróleo hoje é esse elemento que tem mil e uma decomposições e aplicações em todos os mistérios, desde a, da A, a principal coisa é que tornou possível ao homem voar, porque os aviões, desde os, dos primitivos, foram já movidos a petróleo, um petróleo ainda muito bruto, muito impuro, mas assim foi. Assim foi que Santos Dumont suspendeu-se do solo, uh, e contornou a Torre Eiffel, uh, voando no Demoiselles e, e na sua concepção do, da Demoiselles Bis. E por isso hoje nós temos a Praça Bis, colocadas ali no vale do Anhangabaú, que é, a, a corrente mai, que corta o coração de São Paulo e está se tornando histórico por todos os seus motivos. Bem, daí, então, em tudo isso nós devemos ver a figura de Monteiro Lobato como um propulsor, como os demais grandes inventores do mundo lançaram a primeira, uh, luz sobre aproveitamento. Como Edson viu que o fio incandescente poderia produzir luz e criou a lâmpada elétrica. E E assim foi. Pode-se aí ver como avulta a figura de Monteiro Lobato. e que em todas as campanhas em que dependesse um, um progresso, um aproveitamento, ele esteve na vanguarda, como em todos esses lançamentos da Semana da Arte Moderna, que tiveram diversos () com o Monteiro Lobato, e estavam o, aquele... como é o nome dele? Às vezes, nessa altura da vida, fa, você se

SPEAKER 2: : falou o nome. Pau, Paulo Prado?

SPEAKER 3: : Não só o Paulo Prado, que foi um incentivador. e financiador de tudo o que se precisava e Isso é que é o mais importante, foi um financiador, pôs a bolsa dele à disposição de tudo isso. E depois encontrou também um grande ativador, que já é falecido, mas que deixou aqui uma cadeia de jornais, que foi o Assis Chateaubriand. O Assis Chateaubriand também, nessa época, traba, uh, pôs-se, uh, à frente disso, para levar avante. E E daí, o, hoje, temos aqui na Avenida Paulista, em seu nome, o Museu de Artes Modernas, não é? Uhum Bem, isso com relação a essa época referente à implantação dessa verdadeira rebelião dos hábitos e costumes antigos e que não tensionava derruir nem denegrir o classicismo que então imperava como o máximo de, de, da escrita, da pintura, da música e de todas as atividades artísticas e inventivas do, do, do, do Ela não pretendeu isso, e Ela pretendeu ve, verificar e implantar que havia uma qualquer coisa diferente que pulsava no coração dos moços e dos jovens. E E houve um cidadão que escreveu, a Pauliceia Desvairada (risos), que foi o Mário de Andrade, Mário (), Mário de Andrade. O que ele escreveu Hoje está mais desvairada ainda (risos), porque mais louca, mais, uh, aterradora, porque hoje nós temos... Porque o surto de Meningite não foi sair? lá numa cidade desabitada, onde não tivesse nenhum morador. Existem tantas ruínas de cidades importantes, como, por exemplo, no Coliseu de Roma. Não tem ninguém morando lá. Podia a meningite acontecer lá, não é? e não aqui numa cidade populosa como São Paulo, onde tem tantas crianças, e nós não estamos aparelhados e sofrendo essas consequências, e quantas lágrimas já não correram, e não sei como não inundaram esta cidade com essas, essas verdadeiras, esse verdadeiro cataclisma que é, e essas traições dessas moléstias para a qual não estávamos devidamente preparados para enfrentá-las, mas estamos enfrentando, porque o brasileiro é muito forte, o brasileiro é muito grande, para isso o Brasil é o maior continente, () é um, é um país continente, é, por assim dizer. Tem outros com maior extensão, como a Rússia, que tem as estepes russas, mas ina, i (), inabitáveis. Tem uma Nós temos aqui, uh, o, o maior rio, o Rio Mar, que é o Rio Amazonas, e, e assim essa grandeza do brasileiro, do Brasil está integrada na força do povo brasileiro, que vai chegar à sua devida posição de nação ímpar, nação número um do mundo. E E para isso, como hoje o eixo que domina o mundo é Moscou e Washington, será muito breve bra, uh, Brasília e Tóquio, que são os nossos antípodas. vão, vai, vai ser o eixo que vai dominar o mundo, porque esse é um eixo que a, para, para os Antípodas tem que atravessar e passar pelo centro da Terra e ir até o Japão, que nesta hora tem exatamente, nós estamos com uma tarde e eles estão com um amanhecer. Quando aqui é noite, lá é dia radioso e aqui é uma noite estrelada e vice-versa. E isso está havendo, porque o que há de falta de, há de excesso de território aqui, há de falta de território do Japão. E Eles têm um excesso de população, nós temos ainda uma minguada população para povoar todos esses nossos sertões e, e, e as grandes florestas do Amazonas.

SPEAKER 0: : Nós gostaríamos que o senhor mostrasse, descrevesse para nós as formas de tratamento, desde as, as camadas mais simples até as mais elevadas.

SPEAKER 3: : ### Antigamente, já vamos para o primeiro império, para o segundo império, e vamos logo falar nas coisas alegres da vida, falar nas moças. () O chamamento era sinha-moça, sinho-moço, e isto vinha do tratamento familiar, íntimo, mas eram como eram chamadas as moçoilas e, e os jovens pretendentes suas moçoilas Bem, e, e esse, codino, esse, vamos dizer, esse apelido, essa, sinha-moça e sinha, era a coisa mais comum, porque veio, naturalmente, com a figura da mãe preta, que amamentou muitos brancos e que então chamava de sinho-moço, sinha-moça, sinha pa, sinho-patrão, sinha-patroa. E E, e daí esse senhor e sinha se tornaram o, vamos dizer, o chamamento mais comum por essa época.

SPEAKER 0: : nas outras camadas, vamos dizer, mais. Mais elevadas. Sim, as formas de tratamento podem ser inclusive de caráter eclesiá

SPEAKER 3: : () bem, aí, ou, na, vamos dizer, na vida social-política havia aquele, aquela grande, aquele grande interesse e porque quando o Brasil foi descoberto e no seu primeiro império e mesmo a, o Primeiro Império, principalmente, havia muita falta de recursos. Então, todos aqueles que amealhavam alguma fortuna, apreciavam, eram, ambicionavam e eram, e eram agraciados com títulos como barões, condes, viscondes, eram agraciados com isso, por causa do, do seu patrimônio, mais por causa do seu patrimônio pecuniário do que propriamente, pe, pela, pelos seus outros feitos. Porque o comércio também daquela época, que era feita em grande quantidade pelos portugueses que para cá vinham, aqui se radicavam e aqui amavam o Brasil (tosse) mais do que Portugal, e para onde a maioria nunca pensou em voltar, mas que se honravam muito em receber as comendas de Barão, de Conde, de Visconde, e de Duque e, e todos esses títulos que de nobiliárquicos que nó, ou nobiliárquicos, que nós conhecemos e que foram distribuídos a mancheias pelo imperador Pedro primeiro, () começou por Dom João sexto, pelo imperador Pedro primeiro, imperador Pedro II, e muito merecidamente, mesmo dado às vezes a homens que não queriam, talvez, uma grande cultura para, para receber esses títulos, porque o, não se procurava aí o homem que já viesse com uma descendência principesca ou, ou de nobreza pelo sangue, mas sim aqueles elementos que realmente se tornaram verdadeiras figuras, uh, nobres, pela generosidade do seu coração e pelo amor que dedicaram a essa terra quando vieram de lá muitas vezes com as mãos abanando. E E aqui se fizeram numa demonstração grandiosa do reconhecimento à terra que adotaram como segunda pátria. E assim tivemos a, alguns condes e barões que apenas assinavam os nomes, mas tinham muita E aqui constituíram grandes famílias e deixaram os seus nomes aí em placas para perpetuidade do seu procedimento a esta terra para onde aportaram. Isso com relação a esses, a formação dessa nobreza paulista, que não era consanguínea, mas era por merecimentos próprios. dos, de foram, dos dignatários.

SPEAKER 0: : Como o senhor vê os dias de hoje, quer dizer, a forma de relacionamento social do tratamento com os dias que o senhor está se referindo agora?

SPEAKER 3: : Bem, ah, como o bra, a população do Brasil hoje contém cerca de, e agora vou falar que eu já estou na minoria aqui, mas o Brasil tem a, a, na sua população a grande número de, de componentes na sua população, nós chegamos às condições de sessenta, setenta e às vezes, quem sabe, oitenta por cento de elementos jovens, de uma faixa que já não, já muito de acordo com as tradições clássicas ou as tradições que lhe foram impostas quando ainda adolescentes. A Agora que eles estão emplumando, já passaram de pinto a galos-garnisés e (risos) a galos, a, a galinhos-de-terreiro, já estão engrossando a voz, levantando a voz e querendo uma outra formação. Então, aí veio já, não direi um desrespeito, mas uma imposição nos hábitos, costumes e linguajar que destoam completamente, às vezes, da educação, da educação e instrução que receberam nos seus lares de acordo com o pensamento de seus pais, os quais, muitos, eram excessivamente rigorosos. E E, e, mais, outros, então, iam amolecendo, aceitando, eles querem assim, são moços, pensam assim, que assim seja. E assim, então, se transformaram. E, coisa curiosa, voltaram a querer o quê naquela época, primeira época, () a que poucos jovens haviam, e vinham então as pessoas mais idosas e tal, e essas é que ditavam a moda, chegavam a usar perucas e cabeleiras. Eles não, resolveram fazer as próprias cabeleiras, as próprias barbas, que eram muito usadas antigamente pelo desconhecimento da gilete e de outras, outros instrumentos para permitirem usar o rosto raspado. começou a ser implantado esse uso e costume no mundo pelos ingleses, pelos alemães e, pois, e, e, e as gerações modernas agora adotaram exatamente o que antigamente se adotava. Sendo que o Lorde Prefeito de, de, de Londres ele ainda usa uma peruca (risos) de algodão toda branca e tal, porque para para manter aquela tradição de milênios quase. Compreende ()? E os jovens então estão transformando esse aspecto, esse aspecto físico e também o outro aspecto moral. Porque o senhor veja o afluxo de gente que acorre às universidades e às escolas para saber. Compreende? Porque eles querem saber. E, e, e depois que aprenderam, acham que a coisa, começam a aprender, a coisa vai mudando. E vão exigindo mais conhecimentos, mais escolas. E E, e por isso agora essa imensidão de escolas e universidades que estão no Brasil. Para satisfazer a ânsia de saber, que às vezes nós não compreendemos muito bem, mas que o mo, os moços batalham e impõem. E, e () E eles chegarão a formar, porque essa faixa que vem, vem numa unifor, num, dentro de um certo limite de idade, que constituirão uma nação jovem dentro de muito pouco tempo, mas com muito saber, muita instrução e e, consequentemente, muito progresso, porque o saber, a instrução e a educação, e principalmente isso em elementos moços e jovens, darão uma força a este país como nenhum outro tem em mira no presente. Olhamos para o Chile, olhamos para a Argentina, olhamos para Portugal que está se desagregando e já desagregou-se com a perda de todas as suas colônias. E E no dia que morrer o franquito da Espanha, a Espanha entra na mesma situação de anarquia e desordem que está Portugal e que estão outras nações aí. De modo que esse é o aspecto que eu vejo para o mundo (tosse) e para mas sempre () compreendendo que o Brasil está fora disso. Embora nós estejamos ainda aqui sob o regime de força, ou crê ou morre, porque tem os princípios da Revolução de sessenta e quatro, então o país transformado assim num grande quartel, num, num grande Estado maior, mas que é preciso isso devido à sua extensão territorial, devido à incompreensão e por isso nós vemos que essas ondas de assalto, de roubos, de sequestros que aqui também tem ocorrido, principalmente assaltos, sequestros e roubos, que são a crônica policial diário, é impressionante. E, e, e tem adolescentes e quase todos, e poucos elementos de idade avançada, quase todos são adolescentes chefiados por um de dezoito, de vinte anos, de vinte e cinco anos, e às vezes associado a só um outro mais assim.

SPEAKER 0: : Como o senhor vê, então, por exemplo, o relacionamento de um pai para com um filho? ou de um colega para um outro colega, jovem a jovem, por exemplo, no, no, no tempo do início do século e hoje, por exemplo, essa liberdade.

SPEAKER 3: : Bem, vamos dizer assim, sem implicar numa condenação ao que está ocorrendo no presente, que é como muitos poderiam () interpretar como uma insubordinação dos filhos contra os pais, uma irreverência dos filhos contra os pais, nós devemos lembrar o seguinte, que ainda os de boa formação, aqueles que encontraram boa formação e que não viveram abandonados na, nas ruas para se iniciarem em vícios e, vamos dizer, até em disciplina e ausência, de autoridade materna ou paterna para evitar que eles se escambem pela senda do crime, como já tivemos aqui até uma na Lameda Barão de Limeira, um terreno baldio, que era um quartel-general de uma pequena organização de criminosos e assaltantes de senhoras e esses tipos assim dos atuais trombadinhas que estão aparecendo aí, era um E eles se reuniam lá, estabeleciam seus assaltos até a comerciante ali da rua Alameda Barão do Imeiro, que tinha uma posição que dava dinheiro para eles, para eles não praticarem furtos, nem roubos, nem coisas nas suas lojas, nos seus negócios, não perturbassem isso. E com isso eles iam se mantendo. E E para fazer terem coragem suficiente para isso, eles cheiravam tiner. porque até um pouco da ingestão do tíner e um cheiro prolongado do tíner era como um doping com essas drogas proibidas aí, porque o tíner ocasiona isso, dá ao euforismo uma coragem, uma agressividade tremenda no elemento que está sob ação desse o tíner, esse comum diluente de tintas e tudo mais. Bem, de modo que essas coisas que acontecem, esses fatos aqui, que acontecem aqui, acontecem em Recife, em Porto Alegre, na, em Salvador, na Bahia e até em Brasília e tal, são decorrências da, do abandono em que se acham essas criaturas que se tornam marginalizadas e que eu creio que se houvesse, o governo não pode diretamente ainda pegar essa gente, como, porque antigamente havia um instituto disciplinar, mas em São Paulo era outra coisa, a polícia exercia outra fiscalização. Hoje não é possível exercer essa fiscalização, há pouco tempo houve esse caso escandaloso de trinta e tantos, trinta e nove, o caso de Camanducaia, de trinta e nove crianças de, desses meninos, dessas, dessas assaltantezinhos que foram reunidos e tal, depois não sabendo o que fazer daquilo, pegaram e mandaram despejar em Minas, não é? E deu essa coisa que está ocorrendo aí um processo tremendo e tal. coisa absolutamente condenável, porque se delegado fosse lá ao, ao, ao secretário da Segurança Pública e declarasse mesmo, o coronel, o general, que é um militar que está lá, não sei se é coronel ou general, no momento não é o cor. Olha, a situação é esta, nós estamos com esses meninos aqui, o que vamos fazer? Não podemos mais nada. Tem aí o juiz de menores que protege essa gente, porque realmente precisa-se dar uma certa proteção para que não haja Esses pequenos delinquentes, eles chegaram a essa situação por abandono. E De modo que é um problema social e devido ao crescimento, o surto de progresso do Brasil, com essas conquistas todas, então o euforismo que veio agora com o petróleo lá da, ali de campos, isso aí fez com que, uh, esquecesse um pouco, e ali, e tudo tem sido assim. Todas essas conquistas que o Brasil tem, eu estava lhes mostrando aí, essa produção aí da Elcore e da Savé Delta que está aí, o que, que está aqui no Brasil, é uma coisa mundialmente, é uma coisa que não tem tamanho, compreende? E, e E a, e a maior sede, a maior coisa está aqui no Brasil, de produção e tudo mais. Ora, isso influi muito de modo que o governo precisa ser, por enquanto, um governo forte e, e manter isso até um certo ponto que aqueles princípios básicos da, uh, que fizeram o movimento de sessenta e quatro e até hoje nós devemos reconhecer que até um certo ponto, embora haja um muitas situações e muitas atitudes e muitas medidas censuráveis por parte dos que mandam mesmo no Brasil, em todo caso nós temos passado, sem, numa relativa calma. O Brasil progrediu espantosamente na produção de tudo, de pontos. A fabricação de automóveis aqui implicaram no fechamento de fábricas nos Estados Unidos, que eram os campeões da produção do automobilismo. e fazer com que o presidente dos Estados Unidos saísse, andasse por aí e está pretendendo até vir aqui ao Brasil para ver de perto que é a coisa como está. Ele não dirá que veio aqui para ver isso, mas é isso mesmo (risos) Porque o Brasil está, uh, está suplantando, uh, até um país com o, com a extensão, o tamanho e a riqueza do, dos Estados Unidos da água que é a ()

SPEAKER 1: : O senhor tem assim grandes atividades, teve grandes atividades profissionais, que sempre se empenhou, teve assim uma vida pública, né? Sim. Uh Eu gostaria de saber se o senhor teve tempo para, para se dedicar ou algum tempo para diversão. Que tipo de diversão o senhor preferia ou prefere?

SPEAKER 3: : Ah, bem... Bom, A diversão maior agora, eu, eu vou dizer, é o almoço dominical que eu faço aqui com os meus netos e lá com a, é, com essa bonequinha e com a outra bonecona lá (risadas) e tal. E fazemos aqui, que é, é uma pequena reunião da família na semana, onde se discute abertamente todos os problemas e tal. e ninguém respeita ninguém, porque no sentido não de, de falta de educação e de respeito, eu digo, não respeita no sentido de opinião. Aqui cada um tem a sua opinião e diz o que quer e tal. E E sempre ganham os menores. E sempre ganham os menores. Ah, é? É () Porque está na época do, dos menores tomarem conta do Brasil, não é? Bom, e, mas a sua pergunta Eu não respondi bem com isso, porque localizei muito aqui, uh, a Marlene perguntou sobre diversões Ah, diversões. Bom, as, as minhas diversões agora, se eu for ser rigoroso e exato, tem sido esta. Trabalhar lá em Itanhaém, no meu escritório, e, e trabalhar ativamente aqui até altas horas. da madrugada, quando chego a São Paulo, que trabalho que eu não pude completar lá, trazer para cá. E lá está a testemunha, aqui presente, a testemunha disso. É ou não é? É. É. Pois é. De modo que, por enquanto, e depois as diversões mesmo, olhe, se eu lhe disser que eu acho que há uns três anos eu não entro num cinema, num teatro, então, faz mais de doze. Não é que eu não gostasse de teatros e de cinemas e de esportes e tal, é que agora eu me dediquei tanto a isto, a este trabalho lá em Itanhaém com o meu escritório de engenharia, que isso me diverte. Os contratempos até que acontecem, as coisas que poderiam me aborrecer, me divertem. Então, esse está sendo o meu divertimento, desfazer os e pulverizar o, os aborrecimentos e os tropeços que encontro no exercício do meu trabalho, no desenvolvimento do meu trabalho.

SPEAKER 0: : Compreende? O senhor falou em, em esporte.

SPEAKER 3: : Sim.

SPEAKER 0: : Quais são os seus esportes prediletos? Bom

SPEAKER 3: : eu, o, o meu esporte desde menino, pequeno, quando comecei lá na fazenda, lá que eu, quando eu tinha sete anos, era montar a cavalo. E, e depois tinha um carrinho pequeno, eu e o meu irmão tinha outro, um carrinho puxado a um bode, e nós apostávamos corrida (risadas) para ver quem ganhava. E Íamos para o terreiro de café, que era grande, onde podiam os bodes, podiam galopar bem. E E, é esse, foi o, começou o meu, o meu primeiro divertimento Não como aquelas tróicas romanas, compreende? e... é aquelas disputas que faziam no Coliseu. Bem Depois disso, então, veio, naturalmente, estive seis anos interno no colégio de Itu, de maneira que lá o esporte era, era o jogo de futebol. E O de futebol, o jogo de bet, que é pouco vulgarizado, e o jogo de quadrado, também pouco vulgarizado, mas era o jogo, mas o principal era o jogo de futebol. Depois de jogo de futebol, quando eu já fui estudante, e, em mil novecentos e doze, já estava matriculado na Escola Política, joguei no segundo time do Paulistano, aqui do Clube Paulistano, e, e () continuava a jogar. () nunca fiz o futebol profissional, nem o futebol de grande, de grande expressão, que seriam pertencer aos grandes times e tal, da época que tivemos times gloriosos aqui no Rio de Janeiro, principalmente aqui. e depois tênis, gostei muito do jogo de tênis também, joguei, pertencia a vários clubes aqui, esporte lá no Rio de Janeiro também, e comecei o meu namoro jogando tênis com aquela (risos) criatura lá, que um dia deu uma bolada nela aqui, que ela quase caiu para trás, lá no clube de regatas Flamengo. E de modo que a, a vida vem () e hoje tem Os meus netos são... E o meu filho sempre gostou muito de esportes e futebol. E E os netos também. O neto e a neta já está começando a jogar (), jogar tênis. E assim vem indo. Tudo isso é diversão. E eu pretendo ainda jogar tênis com a minha neta, com o meu neto e com o meu filho (risos) Outro? Mais a, mais alguma? ###

SPEAKER 0: : Bom, é, sobre esses esportes que o senhor mencionou naturalmente, é, o senhor poderia, por exemplo, mencionar aí da, da sua esposa também se Certa? Predileções?

SPEAKER 3: : Bem, não, para assistir. A, a predileção dela é futebol para assistir. E Isso ela assiste e acompanha todos e como todo, todo bom brasileiro, ela é Flamengo no Rio de Janeiro e Corinthians de São Paulo, como eu também. Sou Flamengo no Rio de Janeiro e Corinthians aqui em São Paulo.

SPEAKER 0: : Porque até hoje... A caminho de ser campeão. Hein? A caminho de ser campeão

SPEAKER 3: : E vai ser, porque não. Ele deu uma oportunidade aí durante alguns anos para outros que pudessem crescer e aparecer. E assim, tanto aqui, o Corinthians, como o Flamengo, lá no Rio de Janeiro, compreende? De modo que essas são as duas, são as nossas duas predileções, preferências bem definidas, não é?

SPEAKER 0: : (risos) Já deu o tempo Hein?

SPEAKER 2: : Nós já, nós já conseguimos gravar mais de quarenta minutos, é, nós queremos agradecer pela entrevista, foi muito boa, falar ao microfone, quero agrade

SPEAKER 3: : bom o acabo de receber o agradecimento do, do casal, do par, vamos dizer assim, interlocutor, ao qual naturalmente devem ter ficado um pouco de, decepcionado pela, pela pobreza de informes e, e, talvez, isso poderia ser feito por outros com mais propriedade e mais conteúdo. Agora, também...

SPEAKER 0: : Modesto, hein. Não. Mas. Você conhece o () excesso de modé

SPEAKER 3: : Qualquer excesso é presunção, mas aqui não está sendo, não. Está sendo sinceridade e reconhecimento, autenticidade. Eu prefiro ser autêntico nas minhas coisas. E depois, quando a pessoa já se acha nessa faixa, uh, do octagésimo andar do arranha-céu da vida, compreende? Já É, pois é. Às vezes, custa um pouco descer e, de repente, a light cortar a lu, a força e ter que subir os oitenta andares para chegar até em cima, olhar para baixo e, e dizer. Mas foi só isso que eu vivi na vida e esse pouco que eu falei aqui, o que você, nesses oi poderia, pôde, acumular e amelha, amealhar para nos dizer, referindo-me aos dois interlocutores aqui, eu direi sim Dei tudo o que podia no espaço de tempo que foi possível, sem naturalmente o brilho necessário que deveria haver para uma, uma gravação dessa ordem. Em todo caso, contribui. E Posso ter a certeza de ter contribuído numa linguagem amiga, pitoresca e sem influ, influências de línguas estrangeiras, com, que hoje são tão comuns na mocidade, mas é, é uma consequência dos tempos. ()

SPEAKER 1: : Do alto do arranha-céu, você tem uma visão maravilhosa, né? Você tem o privilégio.

SPEAKER 3: : Não, realmente, tanto eu como a minha cara metade, porque hoje já fizemos, passamos pelas bodas de prata, pelas bodas de ouro, estamos caminhando para as bodas de diamante, de modo que esperamos que a, a nossa vida aqui, como uma vida vulgar, não foi cheia de grandes tropeços e se algo houve que não, não foi tão agradável e tão desejável foi por minha exclusiva e única culpa. Dela, nunca houve nada que pudesse ocasionar um dissabor, uma coisa, porque foi a heroína do casal.

SPEAKER 2: : Que declaração, hein? (risos) (tosse) mais alguma coisa?

SPEAKER 0: : Eu não tenho nada a dizer mais que um grande muito obrigado ao senhor por essa entrevista concedida ao Projeto Nurc