Inquérito SP_DID_239

SPEAKER 1: : ###

SPEAKER 0: : Eu penso que nós precisaríamos distinguir os meios de comunicação entre pessoas e os meios, digamos assim, de difusão de conhecimentos ou notícias que também se enquadrariam dentro de uma expressão mais ampla, meios de comunicação. Ora, os meios de comunicação, se falarmos entre pessoas, teremos o telefone, O Correio, e este antiquíssimo, se encararmos os meios de, digamos assim, de difusão de conhecimento, uma comunicação mais ampla, então teremos, em primeiro lugar, e eu ainda, apesar de tudo, daria hoje um relevo especial e preferencial ao jornal. Teremos também o rádio, a televisão. E posso falar Podemos conversar sobre qualquer deles, então.

SPEAKER 1: : O senhor parece que destacou o problema do jornal, né? Então nós poderíamos começar pelo jornal.

SPEAKER 0: : Sim. Eu penso que o jornal é algo de muito importante, inclusive até pela sua origem histórica, digamos. Ao tempo em que o jornal apareceu no mundo, os meios de comunicação eram muito restritos, muito pouco desenvolvidos. E o jornal exerceu, então, um papel de muita importância na difusão dos conhecimentos e na ligação, na interligação entre os homens, não? Porque o jornal era o repositório, talvez o único repositório de informações de de natureza assim periódica, quase até diária, conforme o caso, de que as pessoas dispunham. para atualizar os seus conhecimentos e se atualizar em relação àquilo que estava acontecendo no mundo que está acontecendo no mundo. Além do que, sendo o jornal escrito, vigora aqui, ou impresso, para ser mais preciso na expressão, vigora aqui aquele provérbio de que o que é escrito permanece, o que é falado voa. A palavra voa e o escrito permanece. Então, o jornal, chegando cada manhã a cada ca retém ou mantém à disposição do seu morador, durante quantos dias ele quiser, aquele repositório de informações. Agora, o rádio e a televisão supõem uma uma () supõem que a assistência esteja presente no momento da transmissão das informações. Ora, isto torna estes meios, evidentemente, mais falíveis. como meios de comunicação. Por isso, entendo que o jornal é ainda, apesar de tudo, o mais importante. Até porque ele se presta não apenas para agasalhar as notícias de conteúdo de de sentido diário e que morrem, ou melhor dizendo, o interesse delas morre cada dia, porque aí ela se superpõe às notícias novas do dia Como também o jornal, além disso, permite inscrever ou inserir artigos mais profundos, comentários, mais abundantes em palavras e em conceitos.

SPEAKER 1: : Né? Certo e. Quais seriam as seções de um jornal, por exemplo? O senhor lê comumente qual jornal?

SPEAKER 0: : Se a expressão comumente quer dizer diariamente, eu leio diariamente dois jornais da capital, ou melhor dizendo, três. O Estado de São Paulo, a Folha de São Paulo e o Jornal da Tarde. Agora, com certa periodicidade, leio também os jornais do Rio de Janeiro.

SPEAKER 1: : Certo. E quais seriam as sessões ãh que o senhor, assim, daria mais importância? Por exemplo, o senhor tem um jornal e qual seria a sessão que o senhor proc ãh procuraria em primeiro lugar?

SPEAKER 0: : Não acho muito fácil responder a esta pergunta, porque eu entendo que nós todos temos uma necessidade de área de informação mais ou menos generalizada ou abarcando ãh aspectos diversos da vida comunitária, não? Mas penso que nós, principalmente na conjuntura em que nós estamos vivendo, eu não daria não não estaria errado se dissesse que nossos olhos de manhã são mais voltados para as notícias do interior do exterior quero dizer do exterior, aquelas que traduzem ãh os fatos mais importantes que estão ocorrendo pelo mundo. Em seguida, daria o mesmo destaque aos comentários de natureza política, às notícias a respeito do governo, de sua atuação. dos atos oficiais que são expedidos ou comentários sobre eles. Depois, aquele noticiário, assim, eh casuístico, dos acontecimentos diários da cidade, e festividades, congressos, promoções várias, exposições de arte, eh certames culturais. que naturalmente devem chamar a nossa atenção, e principalmente aqueles ou aquelas notícias ou aquelas atividades que dizem respeito à nossa profissão ou à nossa atividade cultural. Em seguida, teríamos também um certo interesse pelas notícias de caráter pelas notícias de caráter eh econômico e financeiro, porque todos acompanham esta parte da vida do país, né? os anúncios, que também alguns despertam um certo interesse de nossa parte, tanto anúncios de divertimento, cinemas, teatros, para que estejamos atualizados com o que está acontecendo em nossa cidade.

SPEAKER 1: : Além do jornal, o senhor lê alguma outra coisa, além do jornal?

SPEAKER 0: : Não não entendo bem o sentido da pergunta. Leio alguma outra coisa. Imaginemos, revistas especializadas da minha profissão, sim, até por obrigação.

SPEAKER 1: : Só especializadas?

SPEAKER 0: : Revistas eh apenas noticiosas ou de caráter social? (tosse) Algumas também, mas com menos frequência ãh. Livros, evidentemente, livros não só da nossa profissão, como de cultura geral ou de literatura.

SPEAKER 1: : Exatamente. Agora, o senhor acha que, no Brasil, existe parte de revista, no sentido revista, ãh assim muito explorada para criança?

SPEAKER 0: : Para lhe dizer a verdade, não não me considero muito em dia para responder essa pergunta. Porque, como preenchi o questionário, eu tenho uma filha que já passou da idade infantil e ah os meus alunos são de curso superior, razão pela qual o problema da literatura infantil, mesmo sob a forma de revista, é um problema que não está no momento presente ao meu espírito, de modo que eu não me sentiria muito à vontade para dar uma resposta sobre isso, isto requereria, de minha parte, algum conhecimento a mais.

SPEAKER 1: : Agora, no começo da entrevista, o senhor falou sobre televisão, rádio, cinema. Gostaria que o senhor se detesse a um desses aspectos.

SPEAKER 0: : Bom, se é para dizer alguma coisa ãh quanto ao rádio, quanto à televisão e mesmo ãh como o cinema (tosse), como expressões do progresso do mun Certamente só teríamos que, e seria até um um truísmo, os elogios que nós teríamos que fazer a tais atividades ou a tais inventos que, evidentemente, só podem honrar o espírito humano no mais alto grau. Se se trata agora de eh considerarmos, digamos, os efeitos ou os modos pelos quais estas atividades estão se apresentando, então teríamos muitas observações (riso) a fazer. Se quiser que entremos nesse terreno, eu diria o seguinte os ãh. É indiscutível (tosse) que a televisão superou o rádio, porque é claro que a imagem é muito mais sugestiva do que a palavra. Mas, como também é é evidente, as transmissões de televisão devem ser muito mais difíceis, muito mais caras, enfim, e exigem requisitos muito maiores para a sua perfeição do que a do rá . E, com relação a esse aspecto, considero muito bons os nossos programas de televisão na parte noticiosa. Acho muito jornais suficientemente bem cuidados, eh com boa soma de informações, maneiras bastante sugestivas de apresentá-las, com o recurso visual, que, ao mesmo tempo em que o locutor está enunciando a notícia, nos transporta, às vezes, ao local onde ela ocorreu ou está ocorrendo, e nos põe, diante dos olhos, as pessoas citadas ou mencionadas na notícia, e assim por diante. E também eu acho muito útil da televisão, e me interessa muito, na transmissão de certos espetáculos de natureza cívica, vamos dizer, comícios, paradas, visitas de autoridades ou oh ou pessoas ilustres, ou ainda as transmissões de caráter esportivo, tão interessantes e que já atingiram um grau de alta perfeição. Imaginemos apenas, por exemplo, o que ocorreu na recente Copa do Mundo, e na anterior também, em que nós tivemos sobre os nossos olhos aquelas partidas de futebol como se estivessem sendo transmitidas aqui de São Paulo. Já o mesmo não posso dizer com relação aos demais programas de televisão. Não estou eh negando exceções, mas estou apenas me fixando na regra. Parece-me que o nível desses programas deixaria deixaria bastante a desejar. Querer querer Quero crer mesmo que muitas das trans das transmissoras de televisão estão demasiadamente preocupadas Não sei bem qual é o sistema de trabalho, mas estão demasiadamente preocupadas com o aspecto comercial dos seus programas. Então, estabelecem tais programas através ãh de uma previsão ou de um de uma estimativa do auditório. Certo. E sem procurar sem se lembrar de que a televisão, como meio educativo, deveria concorrer para elevar o nível desse mesmo auditório. Era, talvez, a única observação que eu poderia fazer.

SPEAKER 1: : A televisão como meio de difusão, ela o senhor fez um paralelo, o jornal e a televisão, certo? Então, o jornal é o que fica, que nós podemos consultar no dia seguinte. A imagem, não. Tem teve Deveríamos estar presentes. Agora, digamos o seguinte, se o senhor quisesse se comunicar com uma outra pessoa, ãh digamos, inclusive de um outro estado, Que recurso o senhor usaria, ou quais recursos o senhor usaria? Bem

SPEAKER 0: : Depende da natureza da comunicação que eu devesse fazer. Normalmente ela seria feita por carta. Por carta? Se o local admitir ligação telefônica, então teremos um meio mais fácil, mais prático, mais rápido e até mesmo mais eficiente. Não sei se a sua pergunta envolve a hipótese de que, na comunicação que eu desejo fazer, não possa recorrer a estes meios. Então aí uh é possível que o rádio seja o instrumento de maior praticidade para o caso, porque, com suas ondas sonoras, atinge uma faixa muito muito maior, uma área muito maior do que a da televisão. Torna-se Então essa transmissão dessa notícia pelo rádio se tornaria, a meu ver, muito mais possível de chegar ao destinatário.

SPEAKER 1: : Agora, digamos o seguinte, que o senhor usaria, então, como o senhor já disse, uma carta. Eu gostaria de saber qual o processo usado para se enviar uma carta.

SPEAKER 0: : Processo usado para se enviar uma carta ou para se elaborar uma carta?

SPEAKER 1: : Não, para se enviar.

SPEAKER 0: : Bom, parece-me que o processo normal é o do uso do correio. Até porque o correio tem um monopólio postal. De modo que, eh a menos que essa carta pudesse ser entregue em mãos próprias, o que parece que não é o que se cogita, porque essa carta ser entregue em mãos próprias dependeria de condições muito especiais (riso) em cada caso, não? Haver um portador de confiança que se desloque para o lugar do destino. De outra maneira, seria mesmo pelo correio.

SPEAKER 1: : Agora, existem ãh vários tipos de carta, né? Parece que, para a segurança, existe uma diferença entre um certo tipo de carta e um outro determinado tipo de carta.

SPEAKER 0: : Bom, parece-me que, salvo alguma mudança de denominação ocorrida recentemente e de que eu não retenho bem as expressões usadas, De modo geral, há a carta que se denomina de porte simples, que é a carta comum a carta comum, eh que paga a menor tarifa postal. E existem existem outros sistemas em que a carta sofre ou recebe um registro especial com uma elevação da tarifa em que o missivista pode conservar em seu poder um recibo, um comprovante da entrega da carta não, e, em certos casos, ainda receber um comprovante da entrega. Não sei se é esta o objetivo é esse o objetivo da pergunta. É

SPEAKER 1: : Exatamente. Agora, ãh que tipo de correio o senhor conhece?

SPEAKER 0: : Apenas o do Brasil. Apenas o usado no Brasil, que se eh realiza. fundamentalmente pela estrada de ferro. Pela estrada de ferro? Onde não exista estrada de ferro, naturalmente, por estrada de rodagem. E ainda o correio aéreo.

SPEAKER 1: : Certo. Uhum. Certo. Agora, voltando a outro problema ãh de comunicação e difusão. Digamos que o senhor agora, nesse momento, quisesse dar um recado para uma pessoa que morasse no bairro vizinho. ou em ou em um outro estado, hum em outro país, e não quisesse usar carta como recurso de comunicação. O senhor teria alguma alternativa?

SPEAKER 0: : Mas eh depende da natureza da mensagem que eu devesse expedir. Porque, se se trata naturalmente de dar um breve recado, eh este poderia ser eh transmitido através de um portador especial, se for na mesma cidade ou no mesmo bairro. Através do telefone, se houver telefone na casa de destino. Agora, se se trata de uma para outra cidade, então eu creio que dificilmente se poderia prescindir da carta, a menos que recorrêssemos, como já falei há pouco, ao telefone ou ao rádio. Agora, se se trata de uma mensagem mais complexa, em que seja preciso dar notícias ou desenvolver argumentos, Então, creio que somente a carta.

SPEAKER 1: : Digamos que a pessoa... Digamos que o senhor não tenha telefone em casa eh. Qual o processo que o senhor usaria para para se comunicar com alguém através de um telefone?

SPEAKER 0: : A essa pergunta poderíamos dar (tosse) respostas eh que variam conforme as ocasiões. Porque eu poderia me lançar mão do telefone de meu escritório. poderia lançar mão do telefone de um escritório de pessoa amiga. Poderia lançar mão do telefone de um algum amigo que resida próximo, se se esse problema da distância influi na resposta. E, finalmente, o uso dos telefones públicos, que hoje estão se generalizando aqui na cidade.

SPEAKER 1: : Certo. Era exatamente o uso do telefone. Eu gostaria de saber como é usado o telefone uh. Usado no sentido ãh... O senhor para fazer uma chamada telefônica? Qual o processo que o senhor usa? Isto é, está com o telefone à mão e qual o primeiro passo?

SPEAKER 0: : Bom hum, se eu entendi a sua pergunta, ela me leva a uma descrição de atos muito simples e muito usuais, que hoje em dia até as crianças sabem fazer. Tenho, por exemplo, filhos de amigos meus de idade muito tenra e que já (riso) atendem o telefone e talvez mesmo já saibam transmitir ãh seus chamados telefônicos. É evidente que o telefone, a primeira medida que se faz, é tirar o denominado fone do gancho, para que se estabeleça, então, a a ligação elétrica necessária à transmissão da mensagem. E a seguir, creio que em São Paulo não há mais telefones manuais, como se chamava antigamente, são todos automáticos, então tem que se imprimir eh, ou fazer girar o disco, onde se encontram os números que compõem o telefone a ser chamado, né?

SPEAKER 1: : ### E agora esses telefones que são instalados na rua, por exemplo?

SPEAKER 0: : Esses telefones ãh... Eu teria de ser ãh bastante franco dizendo que ainda não tive a ocasião de usar um telefone desse de rua. Entretanto, tenho usado alguns telefones públicos, por exemplo, no aeroporto, ãh em alguns estabelecimentos, que dispõem deste recurso. Então, ao que me parece, esse telefone público não se distingue quanto à operação dos outros, senão em que devemos, primeiro de tudo, introduzir uma ficha que permita, o que se chama vulgarmente, cair a linha na qual nós ãh pela qual devemos discar o número não.

SPEAKER 1: : E, geralmente, nós conseguimo

SPEAKER 0: : Eu, para ser bem bem justo, devo dizer que noto, de uns anos a esta parte, que o serviço telefônico de São Paulo está melhorando bastante. Já com relativa facilidade, conseguimos linha para as nossas transmissões, até mesmo nos telefones públicos. Sinto mesmo, percebo, que de tempos para cá, o serviço está experimentando melhorias sensíveis. Já há alguns anos atrás, Isso não se dava. Acredito, entretanto, que é mistério que tenhamos um pouco de paciência, considerando que a cidade cresceu muito. A cidade se tornou uma metrópole de proporções colossais, até mesmo no que diz respeito à população. E, então, é muito natural que os serviços públicos não possam, com a rapidez que nós dese acompanhar o mesmo ritmo de crescimento. Mas, volto a dizer, tenho a impressão, creio que estou sendo justo, tenho a impressão de que o serviço vem melhorando.

SPEAKER 1: : Agora, o senhor acredita também que o telefone realmente é usado para fins ãh necessários Ou existe alguma utilização do telefone para um outro fim, para um determinado fim? Que não seja uma comunicação que se quer fazer, mas usar o telefone para determinados fins.

SPEAKER 0: : Acho muito difícil responder a esta (riso) pergunta se entendi bem o sentido dela. A meu ver, o problema de dizer se o telefone é usado para fins necessários ou não, envolve uma certa margem de subjetivismo, porque o que será necessário para um talvez não seja para outro mas fugindo. Saindo dessa distinção, eu creio o seguinte, o telefone hoje não é usado apenas para transmitir determinadas notícias, mas como um um um um recurso de palestra entre pessoas que desejam trocar ideias, trocar informações, informar-se da vida do outro e tudo isso. Mas não estou falando isto com sentido de censura. Eu creio que o telefone é usado, assim como disse há pouco, com um como um recurso de palestra, precisamente porque o crescimento da cidade dificulta os encontros pessoais, dificulta as visitas, as entrevistas, pessoais. Se nós, hoje, para ter notícias das pessoas que nos são caras, ou das pessoas com quem devemos ter relações, às vezes, até diárias, se não recorrermos aos telefones, os as vinte e quatro horas do dia não dariam (riso) para que nós cumpríssemos todo o nosso programa.

SPEAKER 1: : Agora, pela localização do bairro, aqui da da casa ãh, o senhor conseguiu o telefone, assim, com uma certa facilidade, a instalação do telefone, desde o pedido até a instalação?

SPEAKER 0: : O meu caso ãh foge à sua pergunta por um motivo. Quando comprei este apartamento, o vendedor me transferiu com a anuência da companhia telefone. me transferiu os direitos da assinatura deste telefone. Razão pela qual, desde o dia em que passei a morar aqui, já tive o telefone à minha disposição.

SPEAKER 1: : Agora o senhor usa apenas um telefone em casa?

SPEAKER 0: : Perfeitamente. Em casa só tem um.

SPEAKER 1: : Certo ãh. Agora o senhor tem outros locais de trabalho, né? O senhor leciona e parece que tem um escritório? É?

SPEAKER 0: : Eu leciono e... Tenho um escritório no departamento jurídico de uma empresa, a qual sirvo. Certo. E nesse caso? Nesse caso eu recorro frequentemente, diariamente, aos telefones, não só da escola, como também do meu escritório, onde passo, aliás, quase que todo dia útil.

SPEAKER 1: : Toda a parte útil do dia. Ainda relacionado com o telefone, o senhor, por acaso, já teve algum problema ãh por causa de um telefone? Por exemplo, digamos o seguinte, o senhor nunca recebeu alguma notícia, assim, falsa, através de telefone, não?

SPEAKER 0: : Bem, notícia falsa e que me assustasse, que me preocupasse, recebi somente uma, que me lembre. Quando certa vez, atendendo o telefone de noite, e eu já estava recolhido, portanto, evidentemente, depois, na hora do sono. Naturalmente, a gente já vai muito preocupado atender o telefone. E uma voz inquiriu o meu nome, aliás, mencionou o meu nome, e, ante a minha confirmação, comunicou-me, entre aspas, que um colega de faculdade havia falecido. E, no momento, não me ocorreu de modo algum que fosse um trote, como se diz na gíria, e muito agastado e chocado pela notícia, porque é um colega muito querido, eu desliguei o telefone, liguei para a casa desse colega e, como ninguém respondesse, aumentaram as minhas suspeitas de que aquela tão triste notícia fosse verdadeira. Mas, felizmente, apesar do adiantado da hora, fui até a casa desse colega e verifiquei que se tratava mesmo de uma notícia falsa, de mau go de pessoas sem escrúpulo que utilizam o telefone para molecagens como essa. Fora isso, tem acontecido, que acredito que aconteça em todas as casas, os denomi os denominados trotes. Isto é, pessoas que telefonam para a casa da gente, transmitem ou falam uma bobagem qualquer e desligam o telefone. Mas de mais importante, a não ser esse caso que eu mencionei, não tive nenhum outro.

SPEAKER 1: : Isso é muito comum aqui em São Paulo né, o trote pelo telefone. É exatamente isso que eu havia perguntado anteriormente. Agora, voltando um pouquinho para a imprensa, que nós falamos de jornal etc., o senhor ãh teria... Nessa parte, algum aspecto da imprensa que o senhor acha que não seria ãh bom, no sentido, assim, de qualidade, ou revistas ou mesmo jornais que explorariam, assim, um determinado tipo de matéria que não não convém?

SPEAKER 0: : A sua pergunta me obriga, naturalmente, a fazer uma distinção, e eu a faço com o maior cuidado. Eu creio que não podemos, nesse assunto, absolutamente generalizar. Felizmente, no Brasil, e acredito que fora do Brasil, e principalmente em São Paulo, nós temos jornais muito bem orientados, muito sérios, muito criteriosos, que fazem, naturalmente, da imprensa um veículo sadio de informação e de esclarecimento. Feita essa ressalva, Não há dúvida que o pior mal da imprensa estaria, em sentido geral, o sensacionalismo. A exploração da notícia sobre crimes ou ãh assim fatos que envolvam que envolvem escândalo ou exploração de misérias sociais que, infelizmente, existem e que, na verdade, frequentemente devem ser noticiadas. É necessário que sejam noticiadas, mas que jamais deveriam se prestar a uma sorte de publicidade muito intensa, não? E que possa influir de modo pernicioso em espíritos menos cultos ou de maior juventude, ainda em formação. Agora, já que nós abordamos também aí na sua pergunta, foi abordada o problema das revistas, Então, a estas eu vou usar uma palavra tão em moda hoje, mas que, a meu ver, está manifestando toda sorte de abusos. É a exploração do erotismo e dos escândalos sociais, mais ou menos dissimulados. Acho este talvez o pior aspecto da imprensa. Porém, volto a minha ressalva, não estou generalizando. não estou atingindo todos os jornais de modo algum. Seria a maior injustiça. Como disse há pouco, felizmente, há jornais que são suficientemente criteriosos para saber dosar exatamente o que devem publicar.

SPEAKER 1: : Certo. O senhor disse que lê o esta o Estado de São Paulo né. Aos domingos ele costuma ãh, na sua edição de domingo, acrescentar alguma coisa a mais que não apresenta durante a semana né. O senhor lê?

SPEAKER 0: : Sim, o estado de São Paulo, ao contrário do que fazia anteriormente, concentrou no domingo certos suplementos especializados. Não sei se é isso que a pergunta envolve e... E, entre estes, se destacam o suplemento literário, o suplemento... Bom, nós estamos falando, então, de suplementos, né? Como eu lhe dizia, o Estado de São Paulo concentrou no domingo vários suplementos que anteriormente publicava em dias alternados da semana. Temos o suplemento literário, que me parece bastante bem feito e que desperta sempre o nosso interesse. Temos o suplemento turístico, também muito bem redigido, roteiros interessantes. uma certa propaganda, digamos assim, no melhor sentido dos lugares que se prestam ao turismo, e algumas reportagens turísticas até do exterior. Temos o suplemento feminino. Esse eu acho que as senhoras aqui da casa diriam melhor do que eu. E temos finalmente o suplemento agrícola. Esse de modo geral eu não leio, porque não que não valorize esse tipo de atividade, e esse tipo de conhecimento, mas porque está fora totalmente das minhas preocupações.

SPEAKER 1: : O senhor falou de suplemento feminino. Agora, existem algumas ãh revistas especializadas nesse aspecto, né? O senhor conhece, já ouviu falar? Especializadas nesse problema. Suplemento feminino se detém a determinados assuntos, né? E há algumas revistas também especializadas nesses assuntos.

SPEAKER 0: : Para mulh eres. É. Perfeitamente. Nós temos aqui em São Paulo a revista Cláudia. Parece-me que uma outra de nome desfile, que vejo com certa frequência aqui em casa. E até é interessante observar que, se não me engano, uma dessas revistas tem até um suplemento masculino, o que não deixa de ser muito interessante (riso).

SPEAKER 1: : Agora, eu gostaria de saber, ãh existe alguma sessão mais procurada, digamos assim, à média do brasileiro? Procuraria num jornal uma determinada sessão ou não? O senhor não não vê isso?

SPEAKER 0: : Eu não tenho dados para para dizer isso, se se estivermos falando em Brasil e em termos médios. Porque, naturalmente, é verdade que é inevitável que nós temos contato mais frequente com pessoas que pertencem ao mesmo círculo. de trabalho ou de estudo ou de família ou de relações a que nós pertencemos. Então, qualquer observação que eu fizesse nesse sentido, padeceria, creio eu, um o vício de um certo setorialismo.

SPEAKER 1: : Certo. Exatamente. Agora ãh Ãh uma pergunta assim sobre a distribuição do jornal. Como é feita?

SPEAKER 0: : A distribuição do jornal? Em São Pa ulo? ou para o interior e outras cidades. Para o interior e outras cidades, ela é feita de várias maneiras. Em certos casos, de avião. Em certos casos, talvez na mai na maior parte, de trem. Mas hoje também já é muito usada a estrada de rodagem. Creio que os principais jornais aqui de São Paulo têm até peruas ou furgões com que eles fazem distribuição para cidades do interior. E na capital, ouço dizer que isso está, em geral, a cargo pode estar a cargo de empresas distribuidoras ou o jornal fazer a distribuição por seus próprios empregados. De um modo geral, me parece bastante boa a distribuição do jornal em São Paulo, porque nós temos aqui, pelo menos no nosso bairro, nos bairros onde eu tenho morado, nós temos o jornal diário à nossa disposição a partir de pouco mais das seis horas da manhã. Ah é? O que... Na residência, né? Na residência. O que me parece um um horário bastante aceitável. Não se poderia exigir mais.

SPEAKER 1: : Agora, digamos que o senhor ãh não recebesse jornal em casa. Nesse caso, qual seria a alternativa?

SPEAKER 0: : Bom, vou lhe confessar uma coisa. Eu estou tão viciado na leitura do jornal matutino, e dos mesmos jornais matutinos, que não teria outro recurso se não comprar na primeira (riso) banca o mesmo jornal que eu não recebi. Então, saindo um pouco dos limites estreitos (riso) da sua pergunta, eu quero dizer que eu quase comecei a aprender a ler, quando tinha cinco anos de idade, usando o jornal (riso). É? Pela minha curiosidade de perguntar aos da casa o que significavam aqueles títulos, aquelas letras impressas, e não sei se por isso ou por qualquer outro outro motivo, o dia não começa para mim senão com a leitura de um jornal matutino.

SPEAKER 1: : Agora, nesse caso de propaganda, o senhor sabe como é feito propaganda no jornal? Existe, assim, uma taxa xis para se colocar uma propaganda? Por exemplo, aos domingos existem todos aqueles classificados e tal, né? Existe alguma taxa quanto ao tamanho ou não da notícia? Do a

SPEAKER 0: : núncio? Do anúncio? Bem, eu... Em detalhes não posso lhe dizer, porque é outro assunto que está fora de minha atividade. Agora, poucas vezes que tenho tido necessidade pessoal de colocar anúncios, mas muito poucas, aliás, eh os tenho feitos diretamente na própria administração do jornal ou em suas sucursais. E, como é natural, estes estes anúncios sofrem o efeito de uma tarifa diferencial. quer pelo tamanho, ou seja, pelo espaço que os anúncios vão ocupar, como até mesmo, ao que me parece, pelas páginas em que eles sejam colocados. Há páginas especialmente reservadas a anúncios em que, naturalmente, as tarifas ou as taxas são mais baratas. Os preços, melhor dizendo, são mais baratos. Se o anúncio dever ser inserido nas páginas editoriais, propriamente ditas, então acredito que as taxas ou os preços são bastante mais elevados. E também creio que há uma variação em razão do tipo do anúncio. Ah sim. Assim, por exemplo, estes anúncios tão vulgares, como vende-se vendas de imóveis, tão comuns vendas de imóveis, imóveis que se oferecem em aluguel, que já são mais ou menos padronizadas na sua redação, creio que sejam até mais sejam até de preço mais barato. Agora, parece-me que também uh esses anúncios podem ser inseridos através de agências que se dedicam à captação desses anúncios para facilitar ao público. Sim sim. Mas, como lhe disse, não não é assunto que eu conheça bem.

SPEAKER 1: : alguma diferença entre o Jornal da Tarde e o Estado de São Paulo?

SPEAKER 0: : Em termos de... Estética. Estética tipográfica? Exatamente. Sim, o Sim, o Jornal da Tarde é um jornal do tipo vespertino. E não sei até por que motivos, mas sempre houve aí uma tradição, o jornal vespertino é um jornal mais leve, De certo modo, se podemos dizer assim, se o termo não for mal interpretado, é um jornal mais popular. Então, o Jornal da Tarde, embora bastante criterioso, me parece né, na inserção das suas notícias, ele dá ou apresenta esta tônica a que eu acabei de me referir, assim, de mais leve, eh mais popular, como diríamos numa linguagem vulgar ãh numa linguagem vulgar, menos compromissado.

SPEAKER 1: : Certo. E como seria essa leveza? Essa leveza seria traduziria traduzida em que termos?

SPEAKER 0: : Talvez, creio eu, numa certa vivacidade maior dos títulos, das epígrafes, não? Chamando mais atenção para certo aspecto das notícias, ãh mesmo na maneira de redigir ou de colocar os fatos né. sem demonstrar, talvez, aquela profundidade de análise que nós encontramos nos jornais matutinos, em geral. Não sei se terei apanhado bem a diferença.

SPEAKER 1: : Certo. E a parte i ilustrativa, por exemplo? Fazendo comparação ãh entre os dois jornais, o Estadão e o Jornal da Tarde, o senhor percebe alguma ãh diferença na parte de ilustração ou o senhor não

SPEAKER 0: : Vejo, porque é evidente que no Jornal da Tarde, por exemplo, a fotografia é usada com muito maior abundância, o que também é uma característica dos vesper tinos. Exa

SPEAKER 1: : ###

SPEAKER 0: : Muito bonitas e e muito frequentes.

SPEAKER 1: : É exatamente. Eu acho que já deu.