Inquérito SP_DID_230

SPEAKER 0: : ### Como a senhora construiria essa casa, fachada, tudo? Nós gostaríamos de saber.

SPEAKER 1: : O tipo de profissional, quer dizer, tem que ir buscar uh os que entendem da coisa. Quer dizer, em primeiro lugar, seria o o arquiteto, o engenheiro, para fazer o tipo de casa que, para mim, eu gostaria que a gente fosse para morar mesmo uma, quer dizer, mais moça, etc., uma casa, vamos dizer, tipo colonial, assim, com um grande quintal, para ter cachorro, (riso) porque eu gosto muito de cachorro, e ter planta, que eu também gosto, (riso) sabe? De modo que seria assim. Depois, naturalmente, o resto eu acho que o próprio engenheiro que escolheria, né? Ou, vamos dizer, os os pedreiros, os os carpinteiros que iriam fazer as coisas, né? Porque aí já está fora da minha alçada, né? Quer dizer, eu tenho que indicar o primeiro profissional e que vai fazer a estrutura da casa, que vai... Mas depois o resto é ele que vai escolher, né? Co

SPEAKER 0: : mo é que a senhora me descreveria essa casa, estilo colonial?

SPEAKER 1: : Seria esse tipo de casa com um terração na frente, que a gente pudesse pôr redes né. Eu gosto muito de rede e. Redes e e assim jardineiras com gerânio de couro assim ãh (riso). O tipo de casa assim bem, talvez o estilo bem brasileiro. Né? Aquele casarão assim rodeada de terraço né. Todos os quartos dando pelo terraço e. Rede pelo terraço. () Eu acho muito gostoso casa assim. Eu gosto, eu acho gostoso. Morei umas vezes quando era criança, não propriamente eh assim, mas claro com terraço, e sempre que pude eu tinha rede. Depois a gente vem para apartamento, acaba tudo, né? Como também é o problema do cachorro, né? Sempre (riso) tivemos cachorro. Mas, depois que nós mudávamos para o apartamento, passávamos a não não ter mais cachorro, não é? Porque cachorro eu acho uma coisa mais... Eh, principalmente cachorrão, né? (riso) Grande. (riso) Para mim é é policial alemão, assim, galgo. (riso) ### É, boxer, tudo que é (riso) grande, assim. Cachorro pequinês eu não eu não gosto. Acho bonitinho, assim, para coisa. Mas não para eu ter. (riso) O Fox também eu gosto. Eu gosto de um cachorro assim mais simples e grandão. Grandão eu gosto muito. Aliás, eu fui criada praticamente sempre com cachorro que a mamãe gosta muito. Ah é? É. De modo que desde criança eu sempre convivi com... Os meus irmãos (riso) vão dizer que eu não tive, eram os cachorros e os gatos, porque mamãe sempre adorou criação eh e. Depois que viemos para o apartamento, que nós deixávamos. Às vezes ela diz, ah, que pena, um gatinho para (riso) para para agradar, um cachorrinho, mas a gente não. Aqui é muito difícil. Depois a gente trabalhando também, precisa levar o cachorro para passear, não tem tempo, sacrifica a gente e o e o animal. Não é? De modo que atualmente... Mas seria uma casa assim, um casarão. Mesmo com família pequena, é engraçado, nós temos a tendência, aliás, mamãe gosta também de ter assim a casa grande né. Nós sempre morávamos em casa muito grande, apesar de sermos só nós duas e a empregada, a mamãe sempre gostou (riso) de casa grande e. De modo que é assim, de ter animal, de ter um tipo de casa assim com terraço assim, desse tipo que eu gostaria de fazer, (riso) mas nunca vou fazer mais (riso). Não, agora é apartamento mesmo, porque depois de uma certa idade né, fica mais mais fácil né, mais cômodo. Fica para visita, por por exemplo, para viagem, aliás não é, fica mais fácil, a gente não tem problema. Quer dizer, quando a gente sai de viagem, a gente sai, a empregada sai. A ú única coisa que dá um pouquinho de trabalho são as plantas né, então que a gente tem que pôr o zelador para para pôr a água, etc né. Mas, do ponto de vista assim de comodidade, é melhor apartamento. Quando está sem empregado é mais fácil né da gente cuidar, não tem quintal, não tem uma porção de coisas que sempre casa dá trabalho né. E além da despesa mesmo, porque jardim, essas coisas, sempre dão trabalho né. Dão despesa. Dão trabalho e dão despe Mas a casa que eu que eu gostaria é essa assim. A casa. Eu gosto sempre, quando eu passo, assim, eu sempre fico admirando as casas (riso) que são grandes, assim, que têm terraço, assim, eu acho muito gostoso.

SPEAKER 0: : A senhora já morou em alguma casa grande, com um jardim imenso?

SPEAKER 1: : Não, provavelmente não. Ãh Quer dizer, mo morei em casa grande, sim. Quando eu era pequena, morei numas casas lá no bairro da Mooca. Eu diria mais ou menos meus dez, doze ano. Então tinha terraço, tinha jardim grande, todo cheio de flores, tinha um quintalão né, em que nós tínhamos cachorro, tínhamos um policial. Era um foi um grande amigo, ele vi viveu lá em casa nove anos né. Ele entrou, eu era criança, ele ele morreu eu já era moça e estava me formando na na escola normal. De modo que, nesse tempo, era era casa grande. Mas, depois, nós fomos diminuindo e, depois que comecei a trabalhar, então... Morei num casarão, mas o quintal era grande, mas não tinha jardim, era um tipo casa colonial. Em Pindamonhangaba quando me casei, aquele tipo chalé dos do fim do século passado né. (riso) Aliás, a casa era muito bonita. () () né. Aquela sala de jantar que quase do tamanho desse apartamento, os quartos enormes né. Mas não era bem o tipo assim de casa que eu gostaria, porque no no sentido de que não não tinha um terra um (riso) que que pudesse pôr rede, uma coisa assim, sabe? Sei. Era... Mas tinha quintal em que a gente tinha planta, tinha verdura e tinha um cachorrinho também. (riso)

SPEAKER 0: : A senhora, caso fosse morar numa casa grande, está certo? Com um jardim imenso, quer dizer essas coisas a gente sempre sonha (riso). Quem que a senhora chamaria para cuidar das plantas, das flores? A senho ra a senhora acha que precisaria uma pessoa especializada para isso ou não? Ou a senhora mesmo cuidaria?

SPEAKER 1: : Bom, se eu, por exemplo, fosse uma pessoa de ter a casa e não não ter uh trabalho fora né, que eu não sei muito, me dividir assim para fazer muita coisa, Eu chamaria o jardineiro que lá em casa, como mamãe trabalhava, por exemplo, sempre teve jardineiro, né? Alguém que cuidava, vinha ali, limpava, podava, etc. Mas eu gosto de cuidar sabe, eu gosto. () atualmente, por exemplo, que eu já estou me encaminhando para a aposentadoria né, já há muito tempo, quer dizer, aqui no apartamento sempre tem o vaso, eu cuido, eu ponho terra, ponho ponho adubo né, (riso) ponho compro uma plantinha, ponho. Sabe a mamãe também gosta muito, porque lá em casa todo mundo gosta muito de planta. Vovó é também era uma era italiana, mas ela gostava de ter aqueles vasos, ela podava parreira, ela tinha quintal, ela ia para lá, fazia, enterrava ali já. Eu sei que ela gostava muito de de planta. E, de modo que eu eu, na medida que eu não trabalhasse, eu poderia, eu gostaria de cuidar. Não to toda, mas quer dizer, essa parte de, vamos dizer, de podar, de cuidar, de ver as flores, de mudar vaso, essas coisas eu gosto. Ãh

SPEAKER 0: : ### nhora. A senhora falou quanto à fachada, que gosta que tenha um jardim grande, terraço. E quanto ao restante da casa? Qual o tipo que a senhora acha ideal para ter com um conforto?

SPEAKER 1: : Casa que tivesse, vamos dizer, os dormitórios necessários para toda família, ah vamos dizer o escritório para a gente ter os livros e estudar, e, vamos dizer, a cozinha boa, copa. Acho que uma casa mais ou menos comum. Não é cheia de de muitos requintes, assim, de ter grandes separações de sala de música, sabe disso? Todo conforto, por exemplo, para as pessoas da casa terem o seu poder fazer seu isolamento quando quisessem, num num lugar, sabe, da casa. Quer dizer, os dormitórios, cada um tem o seu, a sala para receber as pessoas e para, vamos dizer, para as refeições, a cozinha, as dependências de empregada que tem Uma casa mais ou menos comum.

SPEAKER 0: : A senhora poderia dizer todas as repartições que uma casa pode ter?

SPEAKER 1: : Todas as repartições? Bom, sala de jantar, que hoje em dia, em geral, é junto com a sala de visita, né? Antigamente tinha a sala de jantar e a sala de visita, né? Os dormitórios, ah cozinha, banheiro, depois a parte de, vamos dizer, de criado, né? Com o banheiro e a e a cozinha.

SPEAKER 0: : Acho que é isso. A senhora poderia, por exemplo, descrever assim para a gente uma sala de visita que a senhora considere de bom gosto. O que que é necessário ter nesta sala que chame a atenção da senhora, que a senhora fala, poxa vida, essa (riso) essa sala é maravilhosa, é de um bom gosto terrível. Tal.

SPEAKER 1: : Eu go ãh quer dizer eu gosto tanto das coisas assim modernas, mas não essas excessivamente modernas. Não gosto assim de cores assim demais vivas assim, me me cansa um pouco sabe. Eu gosto de umas cores mais ou menos assim neutras e que tenha coisas assim, eu acho principalmente, embora eh que sejam de bom gosto, mas que sejam cômodas. Né? Que não adianta a gente ter aquele sofá que é muito bonito né, mas que todo mundo fica assim duro (riso), inconfortável. Gosto muito de uma de uma cadeira Desse tipo, ãh agora eu estou sem ela, eu já encomendei, mas ainda não... É a cadeira austríaca de balanço, né? Acho muito gostosa, empalhadinha. É (riso). Eu tinha uma muito bonita, que era do meu marido, aliás, tinha uns cinquenta, sessenta, mas () deu cupim nela e acabou (riso) com a cadeira. Então, eu encomendei, mas ainda não receberam, porque eu quero palhinha indiana, né? E eles têm a palhinha... a palhinha plástica, né? Então, eh seria um, assim, de ter o... Porque há há há há lugares que eu vi e gosto. Vamos dizer, uns sofás gostosos, umas cadeiras assim, tipo Ber Berger. Compreende? Ãh, gosto muito de quadro pendurado na parede sabe. Eu tenho um primo que eu que eu eu eu tenho uma porção de coisa né pendurada. E um dia eu estava conversando com uma amiga, eu () vou comprar. Disse, mas você não tem mais onde pendurar nada (riso). Eu digo, não se incomode que depois eu arran Não, porque eu gosto muito de coisa na parede sabe. Quando eu vou a uma casa assim parece que não que não tem nada a fazer, embora esteja bonita, eu acho sempre que (riso) falta alguma coisa. Sabe eu tenho que sempre pendurar alguma coisa. Eu gosto de pendurar quadros ãh. ### de. Deixa eu ver com. E que tem a parte, vamos dizer, de uma parte onde tem a a rádio Vitrola. Hoje em dia também tem a televisão e. Eu não sou muito assim amante de televisão sabe. Eu vejo a televisão. Televisão é quase mais a mamãe que gosta mesmo sabe. Ela segue os programas, ela vê as coisas. Daqui a pouco ela já vai ligar a Clarissa Amaral e vê desfile de modas e comenta e tudo isso. Ela gosta muito. Mas eu não não tenho muita paciência. Às vezes eu  vejo mais para fazer co companhia né, mas gostar mesmo assim, muito não. Agora, de ouvir música, eu gosto muito. Então, seria um local onde tivesse uh os aparelhos de  s som, assim, um um (), uma rádio vitrola, para a gente ouvir uns discos bons. De modo que seria, mais ou isso. Quer dizer, ter um uns móveis assim de linhas simples e cômodas, compreende? De cores neutras, às vezes cores claras também () não (). () Porque às vezes é é na hora que a gente pensa né. É assim para imaginar, (riso) às vezes eu não sei ().

SPEAKER 0: : E sobre o chão? A senhora colocaria ()

SPEAKER 1: : Ah tapete, sim. Tapete ou talvez um carpete todo inteiro né. Aliás, eu estou com o problema agora de mamãe levar muito tombo. Depois de pintar a casa, vou pôr carpete, porque fica mais protegido né porque eh. Primeiro, ela aqui ela tropeçou porque estava o tapete, então nós () tiramos o tapete. Agora, outro dia, ela caiu aqui porque disse que estava (riso) sem tapete, então o problema é pôr o carpete, porque ela tropeça né, então pôr o carpete. Mas eu gosto de tape te. Gosto.

SPEAKER 0: : Quanto aos aparelhos eletrodomésticos quais que a senhora acha que são indispensáve

SPEAKER 1: : geladeira, liquidificador, batedeira elétrica também. Também não acho muito, porque já bati muito bolo a mão, mas batedeira elétrica. E na medida que a gente vai tendo dificuldade de empregada, que isso é um problema que a gente prevê para o futuro né, a dificuldade, quer dizer ter uma ah ah máquina de lavar louça né, e máquina de lavar roupa também, eu acho muito importante, e () máquina de lavar louça né, porque é um um  um serviço meio chato né de fazer. Meio cacete. Mamãe não gosta que fale (riso) chato. (riso) Ela acha meio... Mas é meio cacete de fazer, não é? Eu, por exemplo, gosto muito de cozinha, gosto de fazer as coisas tudo, mas lavar louça eh, acho que quase ninguém gosta, né? (riso) () É verdade que eu prefiro lavar do que enxugar. Não gosto de enxugar a louça. Sempre que eu vou ajudar alguma coisa, eu prefiro lavar do que enxugar a louça. A senhora

SPEAKER 0: :  disse que morou numa casa antiga que era um chalé. Como é que era esse cha

SPEAKER 1: : O chalé é aquele tipo de que tem um o sótão em cima, com o terracinho né, e ele tinha todo um, vamos dizer, um trabalho de madeira, que, infelizmente, como aqui no Brasil, tudo que é assim antigo, eles vão largando. Então, o cupim dá, e no fim, no fim uh uh esse chalé que eu morei ficou horroroso, porque eles ãh teve um problema de telhado, né? Então, eles tiveram que tirar. Então ficou como se uma pessoa (riso) que () o pescoço ficou Ficou sem o sótão né, teve que tirar o sótão, que, aliás, era o era muito bonito, era o quarto das empregadas sabe, mas a gente avistava, porque essa casa ficava num... não sei se conhecem Pindamonhangaba, conhecem? Não? É. É uma cidade que a gente eh, assim, tem o rio Paraíba muito perto e a gente vê toda a serra, né, para o lado de Campos do Jordão. Então, aí, desse chalé, a gente via toda ah ali o rio Paraíba, porque era bem de esquina, com a ladeira que ia para o rio. Então ãh, é assim. E é uh aquele tipo de construção antiga que, que vamos dizer, tem aquela sala central, né? E depois, quartos em redor. Tinha hum... A sala tinha uma, duas, três, quatro, cinco, seis, sete, oito portas. Tinha a porta que ia para a rua, a porta que ia para um quarto, a porta que ia para outro quarto, a porta que ia para uma alcova, a porta que ia para a copa, a porta que ia... que ia para para o terraço para fora, e uma porta que ia para uma passagem onde era a escadinha do () eh. Oito portas. () que a gente () utilizar uma porção de portas para poder ocupar as paredes, senão (riso) não tinha parede para ocupar. Apesar de ser uma uma sala, mais ou menos, acho que de sete por cinco. Mas tinha aquelas portas enormes, n Modo que que inutilizava. Então tinha essa essa Então, era muito aquele sistema que é o antigo. Né tem um quarto e, para ir a outro quarto, a gente passa por dentro daquele quarto. Né e quer dizer, isso eu acho... Eu gosto do colonial, vamos dizer, do de fora. (riso) De dentro, eu acho muito incômodo (riso) e e muito sem funcionalidade. Né porque  é () eh...  Por exemplo, não ter, às vezes, jane, alcova. Alcova é um problema, porque ele não tendo ventilação, roupa que a gente põe ali, mofa, então cria uma porção de problemas né. Não tem a... Então seria justamente a casa colonial, quer dizer uh aquele chalé era era muito bonito, sem dúvida nenhuma, mas quer dizer que tivesse as comodidades da divisão (riso) da da casa moderna né, a funcionalidade agora.

SPEAKER 0: : E a senhora que cuidava dessa casa ou a senhora tinha ajudan

SPEAKER 1: : Eu tinha duas empregadas, aliás. Tinha a cozinheira e e a arrumadeira. Ela que cuidava realmente da casa. Que... E, aliás, era uma casa, porque era uma casa que tinha, eu acho que tinha cinco metros de pé direito. É Então, eu tinha aqueles vassorões enormes. Tinha que ter um um faxineiro para portas de vidro, porque aquelas portas imensas, a porta era mais alta que isto. Sabe, eram casas em... Era  Tanto que uma das coisas, por exemplo, quando meu marido meu marido estava sempre acostumado com casas antigas né, morando sempre em Pinda. Quando viemos para São Paulo, e ele queria alugar um apartamento maior, porque achou que era caro e tudo, e eu digo, agora não vamos, porque você não vai acostumar. Porque quem está acostumado assim com uma largueza né, se for para um apartamento pequeno, parece um prisioneiro né. E justamente é uma das coisas que eu gostava, porque o nosso apartamento, como é construção antiga, ainda ele é alto. Porque os apartamentos agora que fazem, O telhado está em o teto está em cima (riso) da da cabeça da gente, né? Então isso era uma das coisas. E  lá era aquele. Aquele pé direito imenso, sabe? Eu acho que tinha mais ou menos quatro, cinco metros de pé direito. Porque era uma era uma casa de, me parece que, mil oito centos e noventa e sete. Era bem antiga, porque ali em Pinda tem umas casas, por sinal, muito bonitas. A Prefeitura, por exemplo, foi a casa de um dos varões, porque Pinda é a princesa do Norte né, teve toda aquela aquela nobreza do tempo do café. E a Prefeitura é uma beleza. Onde funcionava a escola normal, o giná o Colégio Estadual de Pinda, era uma casa também que até tinha sido do avô ou bisavô do meu marido, barão de Palmeiras. Também era uma beleza. Era todo coberto com telhas francesas. Telhas francesas mesmo, de Marseille. É. Que tinham vindo em lombo de burro para construção. Quer dizer, era gente muito rica. Tem quadros lá daquelas missões francesas na prefeitura, uma beleza, quadros assim, dessa altura, sabe? Da altura De o do de uma pessoa. É uma beleza. Agora, é pena, como sempre aqui no Brasil, eles não conservam essas coisas. Eu, por exemplo, quando fui para Pinda, em mil novecentos e cinquenta, o ginásio era uma beleza. Tinha Ãh mangas de cristal. Depois aquilo e sabe vai aparecendo a goteira, eles não vão ligando, no fim tem que ti arrancar todo aquele aquele teto, todo trabalhado para colocar um teto comum né. () Mas tinha um terraço né, na onde funcionava o ginásio, no último andar, que era uma beleza. Tinha assim estátuas assim sabe, e a gente via todo o Vale do Paraíba sa be. Uma beleza. Porque é uma construção assim, de engenharia muito importante, porque ele foi ela foi uma casa construída numa madeira sabe. E uma coisa casa construída mais ou menos de meados para o fim do século passado (). Aquela escada toda assim, de madeira (), com aquelas grades sabe, era muito bonito. E cheio de buracos, quer dizer, uma para a escola a coisa pior que existe né, porque tinha lugar para o aluno fugir de todo (riso) jeito. Porque tinha buraco, a turma se escondia no buraco, aparecia na outra aula e ninguém sabia onde estava. Que () Era toda cheinha de () Quer dizer, para escola não não serve né. Hoje parece que funciona ainda um grupo, porque o o ginásio mesmo está num outro. Mas naquele meu tempo eu me lembro quantas vezes o inspetor de alunos chegava, ah, ah, porque o aluno apareceu, quer dizer, ninguém sa Porque era todo cheinho de buracos né e. Então, para para a escola, isso é  (riso) é um isso é excelente para o aluno né. E uma dificuldade para o professor né da administração, porque não pode tomar conta direito.

SPEAKER 0: : A senhora falou em telhas francesas. Como é que a senhora descreveria essa telha francesa para a gente? Ai, é

SPEAKER 1: : É essa telha (riso) chatinha que tem. Vocês sabem qual é né. Porque existe a telha colonial, que é aquela redonda né. A telha francesa é aquela que é mais eh comum que existe. Olha lá, aquelas que tem ali na na na Santa Casa, ali dali são as telhas francesas né. Lá, com a exceção que não era simplesmente o feitio francês né, eram telhas francesas mesmo. A gente via Marseille. (riso) É. () Que eram de propriedades que ficaram, devem ter ficado no tempo, caríssimas né. Porque (riso) para vir todo aquele mundo de casa, porque era uma casa imen que deu para funcionar numa escola bem grande não é e que e feita toda assim com material estrangeiro, e mangas de cristal da boêmia (riso) né, tudo isso. Telas. Quando eu cheguei lá, por exemplo, a biblioteca era onde era a sala de jantar. A biblioteca tinha todas, assim, telas pintadas com frutas, né? () rodeada. Que era uma pintura. Vocês não alcançaram isso, mas eu me lembro, na casa de minha avó, se usava muito aquela moldura, assim, com frutas, quando era a sala de jantar. E com flores quando era sala de visita, né? É. Então, fazia a pintura ali. Depois, ali tinha uma espécie de uma de uma moldura, de uma... Seria uma cercadura. Então, com frutas e flores. E ali eram frutas (). E era uma uma construção tão assim, vamos dizer, bem cuidada, que essa biblioteca era enorme, e ela tinha uma  uma porta corrediça para quando quisesse dividir em dois sabe. E quando era dia de festa, então abria tudo e ficava aquele salão grande. que ali era uma uma coisa deve ter sido feito por arquitetos estrangeiros né, por possivelmente, quem sabe, franceses, que lá esteve muita... tem quadros do, se não me engano, tem quadro do Petit, que foi da foi um dos primeiros vieram que pintores que vieram para cá né, que pintaram todas aquelas nobreza. Inclusive eh ah, meu marido era neto ou bisneto desse... Desse barão, né? Então, tinha os quadros, os quadros que tinham lá, maravilhosos. Estavam sendo todos abandonados, sabe? Uma judiação. Telas preciosíssimas, que representam uma época, né? E que é pena que aqui no Brasil eles largam completamente isso, não? Eu eu Eu acho muito triste, quer dizer, São Paulo assim, derrubar tudo, derrubar tudo para fazer... Quer dizer, há há certas coisas que a gente tinha que pensar e contar até dez, para ver se derruba ou não, né? Porque eu acho que não se justifica que, vamos dizer, que pelo crescimento da cidade, porque precisa fazer um minhocão ou uma... () Quem sabe a gente daria um outro jeito. Por exemplo, ah o que eles fizeram ali na Praça da Sé, aquele Palácio de Santa Helena, Palacete de Santa Helena né, era representava uma época, era uma coisa muito... De fato, para eles fazerem aquela estação do metrô e todo aquele jardinamento, talvez (), mas era uma coisa que deveria ser respeitada. Agora, quando eles falam, por exemplo, na derrubada do Fórum né, que também representa uma época né, ali na Praça Clóvis, aquele é é mais ou menos, eu acho, talvez tenha uns trinta, quarenta anos, quer dizer, representa uma época, quer dizer, fica sem nada, né? E o brasileiro já tem a tendência a não não ter tradição mesmo, né? E fica sem nada, né? E nada mesmo, né? Dona

SPEAKER 0: : Neusa, a senhora disse para gente sobre a arquitetura de uma casa estilo colonial, tá? E disse também, a respeito da do estilo moderno, a senhora falou da funcionalidade, né? Então, a não ser a funcionalidade, como é que a senhora descreveria uma construção moder

SPEAKER 1: : na? Deixa eu  ver, deixa eu pensar. Não é bom desligar para não Quer dizer existe a a funcionalidade que, num sen num certo sentido, é vamos dizer a comodidade para as pessoas que vivem ali né. Aham. E que eu acho que, na no moderno, é o que há de mais importante né. Embora haja coisas modernas bonitas né, embora eu prefira vamos dizer, para mim, Para eu morar não é, eu prefiro que viver numa casa assim tipo assim colonial, com terraço tudo, do que propriamente essas casas assim ex extremamente modernas né. Embora, como eu disse, eu acho que o principal no moderno é justamente essa funcionalidade, essa comodidade que dá para a gente viver. de melhor iluminação da casa né, de ensolamento né, de de que a cozinha funcione com mais facilidade para a pessoa lidar nela não é, que o banheiro tenha mais comodidades (riso) também né. É é isso o principal que eu acho.

SPEAKER 0: : Quais os maiores problemas a senhora acha que a mulher enfrentava antigamente numa cozinha, por exemplo, e que atualmente já está superado?

SPEAKER 1: : que a mulher enfrentava numa cozinha, eu acho bom. O primeiro problema, quer dizer, aquele fogão à lenha para para para acender não é mole. Eu, quando fui para Pinda, ainda peguei o fogão a lenha na casa que eu morava (riso), era uma república, moravam três professoras, uma delas aposentada e a que tomava conta, a mãe de uma delas e eu. E de manhã era um negócio né para (riso) para acender o fogo. Isso eu acho uma da umas das coisas. E o problema também do eh quer dizer da cozinha seria quer dizer, tudo era feito, apesar de que as pessoas antigas e de interior, principalmente ah dizem que comida né, no fogão de lenha né, mais gostosa, eu não não percebo diferen Sinceramente. Para mim é a mesma coisa. É apenas uma questão seguinte, que o fogão à lenha cozinhava devagar, então a gente tem que pôr no gás o gás baixo para não cozi cozinhar de repente. Porque tudo que é cozinhado bem assim, cozido assim devagarzinho, ele fica mais saboroso. Isso eu digo muito para a empregada. A empregada  põe aquele fogão assim, quer dizer daqui meia hora aquilo, ou dez minutos, está está cozido. Aí perde o gosto. Quer dizer, então se deixar cozinhar, ele vai tomando o gosto do tempero né. Agora, na cozinha, eu acho que o principal é o fogão mesmo, sabe? Fogão e a água corrente, né? Que também não tinha, né? Precisava trazer em bacia, isso eu digo bem antigamente, né? Já a água corrente já existe há uns, vamos dizer, mais de cinquenta anos. né. Minha avó já tinha água corrente na casa dela. () Na

SPEAKER 0: : Na decoração de uma cozinha, a senhora decoraria sua cozinha? Caso a senhora decorasse, eu gostaria de saber como é que a senhora decoraria uma cozinha? O que que a senhora colocaria na cozinha que a senhora acha esse essencial?

SPEAKER 1: : Bom, os armários que sejam bem, assim, funcionais. De cor, eu fiz uma cozinha uns anos atrás, que eu inpi inspirada mais ou menos numa revista que eu vi na francesa, lá na Aliança, e fiz branco e azul né, com armários, aquele armários que comportam tudo né, que esteja fácil para colocar e que tenha tudo ainda. Apesar de que ainda eu acho que está precisando de alguma coisa, porque (riso) ainda não está bem funcional, porque tem umas coisas meio amontoada. E a coisa pior na cozinha é quando tem Uma panela em cima da outra. Então, para tirar a primeira, tem que precisa tirar tudo para tirar (riso). () É horrível (riso) isso. Eu acho (riso) pavoroso isso, sabe? De modo que isso... Então, e eu acho que é uh a decoração é principalmente na cozinha a funcionalidade, né? Mas, como sempre, eu pendurei uns quadrinho também. (riso)

SPEAKER 0: : E a não ser os armários, o que mais é necessário na cozinha? Bom,

SPEAKER 1: : Bom fogão, né? Bom fogão, e uma boa pia, né? (riso) E uma boa pia, né? Um bom fogão e uma boa pia, né? Que tenha sempre água e não entupa, nada disso, né?

SPEAKER 0: : De modo que eu acho que é isso. Dona Nilza, eu gostaria que a senhora dissesse para gente qual é a diferença que a senhora nota numa casa de campo e numa casa da capital?

SPEAKER 1: : Numa casa de campo e numa casa da capital. Eu acho que, principalmente, eu acho que na casa de campo, pelo menos para mim, se eu tivesse uma casa de campo, e uma casa na capital, eu acho que a casa de campo tem que ser o mais prática possível né, ou o mais simples para que todo mundo se sinta à vontade. Não tem aquele... Porque na na na cidade há o problema que as pessoas vão ali, vamos dizer, trabalham, então vão de vez em quando. Agora Na casa de campo, a pessoa vai para ficar à vonta Então, quer dizer, fazer o assoalho que fosse mais simples para limpar não é, que ãh as coisas fossem o mais cômodo, e mais simples possível, mais cômodo, para justamente não dar. Preocupação da dona de casa ficar ah, porque derruba aquilo, porque, se cair água ali, vai manchar. Compreende? Eu acho isso. Quer dizer tapete, por exemplo, tipo de sisal, que que não estraga com facilidade, e esses la lajotas no no chã Que aliás, também a gente muita coisa a gente pode transportar para uma casa da cidade né, para ficar mais cômodo. Que eu acho muito importante, principalmente se eu tivesse família grande, naturalmente não eu não tenho, a minha família é restrita, mas ah se tivesse família grande, eu acho que é muito importante, ãh ãh uh quer dizer se a gente tem filho, eles sentirem à vontade, não ficar com aquele problema, derruba, não derruba. Quer dizer, naturalmente a gente tem que criar o problema, a pessoa que seja caprichosa, que não seja desordeira, nada disso. Mas que ele se sinta à vontade na casa dele.

SPEAKER 0: : né. Se fosse uma casa a beira-mar, que tipo de casa a senhora faria? Ou preferiria apartamen

SPEAKER 1: : to? Deixa eu ver, a beira-mar? Bom... A a beira-mar, se fosse casa, um tipo de casa quase como se fosse de campo, compreende? ### O que eu levaria? Como Em que sentido eu levaria o quê? De Móveis, essas coisas? De mó De móveis? Porque eu acho que não há muita diferença, desde que a gente tenha uma casa, ou que seja a beira-mar, ou que seja, vamos dizer, no interior. Naturalmente, tem as coisas que são típica. Né quer dizer, se existe alguém que goste de de pescar, vai ter o armário onde coloca as coisas de pesca né, e tem que ter maiô e tudo. E se a pessoa faz uma coisa, pode ter coisa de montaria que que, numa casa de de praia, talvez não não comportasse né. Mas eu acho que, do ponto de vista propriamente da casa, poderiam ser iguais. Porque o apartamento, não, já é diferente. Porque o apartamento já, ãh vamos dizer, é é também por por ser mais seguro, et cetera. Né? Mas, se fosse casa, eu acho que seria mais ou menos o mesmo tipo de casa. Mesmo quanto ao estilo? Mesmo quan to ao estilo. Quer dizer, estilo  de casa térrea, com jar dim, assim, terraço. Quer dizer Uma coisa que ficasse bem assim gostosa, bem iluminada, com uma vista bonita, se é para o mar ou é para a serra.

SPEAKER 0: : () A senhora sabe o que é necessário para a construção de uma casa? Materiais, assim? Mais ou me nos, () para construir (riso)

SPEAKER 1: : (riso) Vocês vêm com umas especulaçõ es (riso). () Tem o... Tem o... Oh, é areia, (), né? Tijolo, pedra, né? Depois, na fase da madeira das portas. Acho que é isso (riso). Eu não Nunca construí uma casa (riso). (riso) De modo que, mais ou menos, a gente sabe né, os azulejos né, eh ladrilhos, as as peças de banho, depois uh as coisas de eletricidade né. () Né. Isso eu deixo para o engenheiro se for construir né. Quer dizer. Eu vou escolher a parte vamos dizer a parte estética, quer dizer, eu quero escolher né. () O resto ãh da estrutura, vamos dizer, deixa para quem é competente né. Porque isso eu tenho muito assim, tanto em relação com os meus professores. Com aluno a gente não pode ser, porque ainda o aluno, principalmente adolescente assim, de escola normal, a gente ainda tem que dar uma orientação. Mas com os professores, eu digo, eu acho que, eu não me eu me envolvo às vezes, vamos dizer, ou penso e faço umas observações sobre o problema, vamos dizer, de como ele mantém a disciplina. Agora, como ele dá a matéria, se eu não entendo da matéria, eu não não digo nada, porque não sei. Não sei matemática, não vou avaliar. Eu posso falar numa aula de história, numa mas numa aula de matemática,