Inquérito SP_DID_215

SPEAKER 1: : Bom, eu gostaria de saber como é que na sua casa vocês dividem as refeições do dia 

SPEAKER 0: : Curiosamente, apesar de todas as transformações socioeconômicas e, portanto, de conotações culturais, e a sociedade brasileira no geral, e em particular a sociedade paulista, e particularíssimamente a sociedade paulistana, que dis difere por uma série de características que você sabe, Apesar de todas essas transformações, de todas essas transmutações, eu diria até de todas essas revoluções, a verdade é que na minha casa o horário das refeições é mais ou menos o tradicional. Evidentemente que não vamos reportar o tempo de papai de mamãe, quando afazendados e necessariamente tendo outros horários, precisavam ter o almoço, o jantar e a ceia em horários diferentes dos de hoje. Eu quero lhe dizer, para ser bem claro, que nós temos hoje os horários vigentes, digamos, na década de trinta, quando eu ainda era menino e morava no então aristocrático bairro dos Campos Elíseos, onde eu nasci. E Não é do seu tempo, não é da sua idade, mas você é suficientemente culto e bem informado para saber, através das pesquisas que você já terá feito, que os Campos Elíseos foram o primeiro bairro dos chamados Barões do Café, que eram os fazendeiros com propriedades em diferentes regiões do estado, mas que aqui mantinham as suas residências. eram aqueles casarões que ainda hoje podem ser vistos, embora defasados pelo tempo, pela falta de trato, pela ausência de cuidado e... não é brincadeira, não. E principalmente pela falta de dinheiro. De maneira que todos esses casarões foram alienados e se transformaram em cabeças de porco. Mas voltando à questão da alimentação. Nós almoçamos normalmente entre meio dia e meia, Duas e meia. E E jantamos também normalmente entre sete e meia e oito e meia. É claro que estes dois horários, estes dois parâmetros sofrem oscilações. Quando existe a possibilidade de recepções, não apenas na nossa casa, senão na casa de amigos. O que nos leva também a inverter, sob certo aspecto, estes horários. Agora, como nós ainda temos filhos pequenos, pelas anotações você viu que nós temos uma filha de trinta anos, já casada e temos três netos, agora temos também uma filhinha de doze, aluna do Dante Alighieri, e um filhinho de oito. De sorte que nós precisamos estar atentos também às necessidades deles. O Elcinho, o garotão, levanta-se muito cedo, porque ele entra no colégio às  E nós mantemos o hábito de estarmos todos à mesa do 

SPEAKER 1: : café antes do caçulinha sair. E que tipo de alimentação vocês têm na parte da manhã, perto ao meio-dia e à noite?

SPEAKER 0: : Na parte da manhã é um detalhe muito pitoresco. É um detalhe muito pitoresco e muito curioso, talvez, é que nós ainda gostamos, e até os pequenos gostam, de canjica, a canjica paulista. É um hábito herdado não apenas de meus pais, senão de meus avós. Então nós comemos canjica com leite, canjica você sabe o que é o milho de de canjica. Nós comemos canjica com leite e açúcar, café com leite, pão, manteiga, bolacha, bastante queijo e o queijo fresco. Nós preferimos não nos deixar envolver pelas maquinações da sociedade de consumo e da propaganda e ainda vamos descobrir pela aí, como dizem os da sua geração, e como dizia o Aníbal Ponte Preta, meu saudoso amigo, Sérgio Porto, nós vamos descobrir pela aí o queijo fresco e aquele queijo úmido, aquele queijo puro, aquele queijo não industrializado no mau sentido. Eu pessoalmente não gosto, mas minha mulher e meus filhos gostam muito de geleia, de maneira que pela manhã a nossa alimentação básica é esta. Eu troco a le a geleia por dois ovos quentes, que é um hábito que também me veio da infância. Desde menino que eu todas as manhãs ingiro dois ovos frescos. A hora do almoço não há nenhuma sofi sofisticação na nossa alimentação é  É na base paulista mesmo do feijão, arroz, carne, verduras é legumes e Já hoje em dia, com a intromissão de hábitos que nós capturavámos ou recebemos de correntes migratórias. Então você veja que nós usamos bastante também as massas de feitio italiano. E em virtude das remembranças e das relembranças culinárias de uma antiga cozinheira nossa, já falecida e que era portuguesa, que meu pai meus pais trouxeram de Portugal, trouxeram lá de trás os montes, nós também aceitamos variações culinárias da cozinha portuguesa incorporadas aos hábitos culinários que são tipicamente nossos. Quanto ao jantar, o carro segue Pela mesma rota. Naturalmente com as variações devidas em virtude da hora. Agora, o que não falta no jantar, nunca, é uma sopa de muita variedade, que é difícil para mim estar entrando nesses detalhes, porque eu não sou um expert em cozinha. Eu sou um expert em degustar as produções da cozinha. Mas é eu acredito que ainda nos mantenhamos mais ou menos fiéis aos nossos hábitos. Por exemplo, um detalhe importante, nós detestamos hã alimento enlatado. Nós Achamos isso de uma violência. E Nem em estado de necessidade nós levaríamos para casa alimento enlatado. Nesta hipótese falta cozinheira, empregada oh falta gás, que às vezes acontece, o combustível, em lugar de nós recorremos aos enlatados,

SPEAKER 1: : nós vamos a um restaurante qualquer e vamos jantar ou almoçar fora. (Bem) o senhor disse que normalmente o senhor tem comida brasileira, né? Perfeito. Todo dia. E no domingo o senhor tem alguma particularidade diferente dessas de todo dia?

SPEAKER 0: : Poderia realmente haver, e a sua pergunta é muito inteligente, mas no nosso caso particular específico não há, porque é um hábito que nós adquirimos desde que nós nos casamos, aos domingos, almoçarmos fora. Sempre. E E como São Paulo é uma cidade de uma diversificação de restaurantes fabulosos, realmente fabulosos, eu posso lhe dizer sem incorrer em mentira e nem em imaginação. Nós nunca repetimos aos domingos (nenhum) restaurante. É claro que se nós gostarmos de um restaurante, nós iremos lá qualquer noite, de dia de semana. Mas é quase um hobby nosso, é não repetir restaurante. E ao longo de todo o nosso tempo de casado, nós sempre conseguimos ir em um restaurante novo, que brota como cogumelo em São Paulo, nas cercanias de São Paulo, na periferia de São Paulo, nas cidades circunvizinhas. Você veja aí Embu, Itapecerica da Serra, São Roque, Cotia. É um deslumbramento de restaurantes de todos os tipos. Então, domingo, o nosso arte é completamente conflitante com o dos nossos antepassados, que reuniam a família, porque as famílias eram muito numerosas. E havia sempre um patriarca ou uma matriarca, uma figura em torno da qual a família girava. Hoje não, hoje nós somos, comigo, seis irmãos, ou melhor ainda, o mais novo faleceu. E então somos cinco casais. Com os respectivos filhos, essa coisa toda. E Cada um tem a sua vida. Embora o núcleo continue sendo representado por papai e por mamãe. Mas papai e mamãe também não tem hoje. ### Agora que os filhos estão criados, que eles têm netos, bisnetos, essa coisa toda. Nós não nos Reunirmos, não nos reunirmos mais todos os domingos em casa deles, como fazíamos antigamente. A gora, mais ou menos, cada um leva a sua vida com autonomia, embora sentimentalmente, afetivamente, espiritualmente, muito ligados. Até agora.

SPEAKER 1: : E você tem alguma preferência, por exemplo, dentro dos vegetais? O que o senhor gosta, o que o senhor não gosta, o que normalmente as pessoas comem nessa parte? N

SPEAKER 0: : ós gostamos muito, por exemplo, de vagem. Gostamos muito de couve picadinha, à maneira mineira. Eu não sei se você sabe que a couve à mineira, na verdade, é a couve paulista, à maneira paulista. Imigrantes paulistas, aqueles que demandaram Minas Gerais, que pertencia a São Paulo àquela época, foram os paulistas autênticos, foram os bandeirantes, os seus descendentes imediatos, que levaram hábitos culinários para Minas Gerais, para Goiás, e até absurdamente para o Rio Grande do Sul. De maneira que essa couve à mineira, que eu prefiro chamar de couve à paulista, é é muito usada lá em casa, aquela couve picadinha, aquele negócio todo muito bem temperadinha. Alface nós usamos usamos com abundância e na salada cebola é um ato mais ou menos português e italiano, a incorporação da da cebola na salada. Ovos cozidos na salada, a salada tem sempre também. Com o emprego principalmente desta espécie de brócolis, usa-se muito, também, se não me engano, se não estou longe da verdade, um hábito incorporado graças à influência italiana na questão típica do brócolis, como foi o negócio da rúcula, que nós usamos também, usamos em casa. Agora, giló, essa coisa toda, não. Uma vez ainda me perguntaram por quê. Eu não sei por quê. (E ainda) nós estávamos, não vai nisso nenhum preconceito, por favor, mas tão distanciados da cultura norte e nordestina que o jiló não conseguiu penetrar. nos mistérios culinários da minha casa. Então é uma comidinha paulista mesmo 

SPEAKER 1: : A que nós usamos em casa. E quanto a tipo de aves, quais são as de sua preferência ou normalmente que as pessoas preferem ou não preferem? Pelo menos duas vezes por semana

SPEAKER 0: : Pelo menos, em casa come-se Frango e galinha, preparados de maneira diferente. O frango como frango e a galinha como galinha, embora aparentemente seja a mesma coisa. É diz minha mulher e diz minha mãe que há diferenças fundamentais na maneira de preparar ou de ensinar a preparar hã tipo e outro. De maneira que que no tocante a aves nós gostamos muito. Aos sábados, aos sábados, mas não com habitualidade. Digamos uma vez por mês. ### A família aceita, gosta e tal. Mas e e nasceu de mim essa preferência. É Pato. Nós gostamos muito de pato. Mas isso também tem vinculações antigas, vinculações anteriores. É que nas viagens que fizeram meus pais e na viagem que nós fizemos, nós aprendemos na França a gostar de pato. E então trouxemos para cá, que a primeira viagem que eu fiz com minha mulher foi viagem de lua de mel, viagem de núpcias. Nós permanecemos na Europa seis meses. Ficamos bastante tempo na França, não apenas em Paris, mas na França. E o pato tem grande incidência na cozinha francesa. Tanto que o nome do pato é mesmo pato à la Rochefoucauld, pato à la Marseillaise, essa coisa toda. De maneira que o pato é uma incorporação da culinária francesa à nossa mesa. Então, sábado, em matéria de ave, é pato. Né? Não todo sábado. Não todo sábado. E E outras aves sofisticadas, ficaria bonito, engraçadinho eu dizer, mas não seria verdadeiro. Porque faisão, por exemplo. Fai são, eu não como faisão faz dez anos, doze anos, quinze a não s er em banquete que eu vou e também faz dez ou doze ou quinze  Então é mesmo franguinho, a galinha e pato com certa habitualidade uma vez por mês. () Bom, é franguinho ensopado hã frango à caçadora. É  Frango a caçadora é um frango ensopado também ah ao molho pardo. Ao molho pardo. Éh ### de vinho do porto e pequena quantidade de vinho tinto. Vinho tinto bom. E E o aproveitamento do próprio sangue da ave. Oh o o O frango fica muito tenrinho. A gente fala frango, mas nesse caso pode ser galinha também. Ou tra maneira que eu gosto muito éh frango assado, mas nesse caso não é já o frango, daí já é a galinha. Não, não conhece? Pois é, então faz-se um recheio com azeitonas, ovos, né? ovos cozidos, e e muito condimento, muito tempero e tem uma massa que eu agora não sei bem como é feita, ### Va vamos dizer que e em termos de massa seca lembra um pouquinho o pirão úmido com que se serve o peixe. É uma farofa. (uhum)

SPEAKER 1: : Em última análise é uma farofa. E, o senhor disse peixe. Que peixe?

SPEAKER 0: : Engraçado isso. Quando nós éramos meninos, jovenzinhos, em casa usava-se muito peixe. E não era peixe de mar, era peixe de rio. Porque eram peixes que os empregados da fazenda da família traziam, que eles pescavam no no Rio Paraíba. Tínhamos também uma fazenda nas proximidades de Piracicaba, de maneira que recebíamos com constância peixes desses rios. Então nós comíamos dourado, que ainda os havia e bastante, comíamos pintado, A canjuba mandíguaçu, que é uma variante do bagre. E um peixe delicioso, desde que a gente saiba prepará-lo bem. E um peixe que talvez você nem tenha conhecimento, que é o cascudo. Nos fins de semana, às vezes, nas nossas viagens, nós mesmos apanhávamos o cascudo com tarrafa. Porque o cascudo é um peixe que não tem espinha. Tem a Tem apenas a espinha dorsal. É um peixe que quando bem feito é delicioso. Então nós comíamos com habitualidade. Hoje eu confesso a você que nós só comemos peixe nas nossas saídas pelos restaurantes aos domingos. Primeiro porque é muito trabalhoso. S Segundo porque ah a compra do pescado envolve uma série de perigos de que eu próprio como jornalista dou notícia quase que todo dia. É poluição de rio, é poluição de mar, é a poluição do próprio pescado. É a quase impossibilidade de se saber se o pescado é fresco ou não. Porque os vendedores, os distribuidores, os antigos peixeiros, hoje substituídos pelos comerciantes das peixarias, eles usam técnicas industriais, também muito sofisticadas, para modificar o aspecto do pescado. Você mesma, como mulher que é, e naturalmente dessa ou daquela forma, inclinada com maior facilidade do que eu a entender do problema, você vai a uma peixaria e dificilmente você saberá se aquele peixe é ou não fresco. Apesar de uma série de regras que a gente procura seguir, ver o olho do peixe, ver o cheiro do peixe, ver a contextura da carne do peixe, Mas como eu disse a você, tudo isso é modificado por técnicas existentes aí e que não nos é lícito ignorar. Então, entre correr o risco e deixar de comer o peixe, eu prefiro deixar de comer o peixe. Quanto a peixe do mar, ocorre exatamente a mesma coisa. Tudo quanto eu disse a você a propósito de peixe de rio, atualmente acontece com peixe de mar. Como nós temos uma pequena propriedade no litoral, quando nós vamos lá, por hobby, por despacio, por relax, eu mesmo pesco. Eu mesmo pesco com linha de fundo, com carretilha. Aquele peixe eu como tranquilamente, mas aquele que eu peguei mesmo ( E como que prepara ele?) O O preparo agora do peixe de mar, esses que às vezes eu costumo pegar, nós comemos tanto em postas fritas como em postas cozidas sempre com bastante tempero, quanto grelhado na grelha, o peixe feito na grelha, ele por inteiro, depois de escamado, tirados as escamas, e temperado também, é óbvio. Comemos sempre com acompanhamento do pirão, aquele pirão que eu falava a você, que é uma recíproca, ou uma réplica, melhor dito, daquela farofinha do frango, do frango assado, do frango recheado. E gostamos muito de robalo. Gostamos muito de namorado. E gostamos muito, mas muito mesmo, de um peixe que a gente pega sem muita facilidade, que não tem grande valor comercial, mas que, cortado em postas e muito bem temperado, é uma delícia. É o peixe chamado cavala ou cavalinha. O tamanho é o mesmo, uns chamam de cavala outros de cavalinha. Agora, muito dificilmente, apenas quando há tempo suficiente, digamos, período de quase-férias, daí eu mesmo faço. Na praia é um peixe que eu aprendi com (nome), um notável cantor, um notável seresteiro que ainda está vivo por aí e o maior intérprete das músicas de (nome) Dê sorte que nós comemos este peixe... Carvalhinho, como (bagre)? Nós comemos este peixe feito à maneira do... ensinado pelo (nome). Ele é colocado em um recipiente com bastante tempero. Este recipiente é muito bem fechado. É colocado em um buraco que se faz na areia e o fogo vai sobre a tampa do recipiente. Depois de determinado tempo, tira seu recipiente para que se vire o peixe no seu molho, no seu tempero e vai outra vez para o buraco feito na areia. E o fogo vai em cima outra vez. Enquanto isso a gente vai tomando caipirinha, tocando violão e e cantando samba, né? Não é o samba que você gosta, é o sambão mesmo. Ah, isso é interessante, é cuminho, é coentro, é louro. A pimenta em pequena quantidade, porque depois a gente dosa a a vontade de cada um depois do peixe pronto. Vinagre. misturando vinagre branco e vinagre tinto. Vinagre bom, o vinagre precisa ser muito bom. É Óleo, salsinha e outros temperos verdes, essa coisa toda.

SPEAKER 1: : Este é o tempero que nós usamos para o peixe.() Não e

SPEAKER 0: : videntemente que como, mas como eu disse a você, no dia a dia caseiro, isso é difícil, porque são animais que dão trabalho, mas que eu gosto agora sem Jogo de palavras e sem trocadilho, que eu gosto, pacas. Por exemplo, paca. Paca é a melhor carne do mundo. Mas é muito difícil hoje a gente conseguir caçar uma paca ou ou obter de um amigo que traga uma paca. A paca é deliciosa. Mas isso acontece uma vez por ano, (e tanto). Comemos coelho nas nossas saídas, por aí. Comemos, aí entra outra vez a influência italiana. Perninha de Cabrito, a piemontese. ### Rã à la

Inf :ierno, uma delícia. Né? A Rã, rã à la

Inf :erno é uma rã muito apimentada, não é? Eh É uma rã... Não é grelhada, é como é que se chama? Digamos Rã à parmigiana, que vem com aquele revestimento de queijo, não é? O de mussarela. A A rã frita, essa coisa toda. Muito condimentada. Por isso que chama rã à la

Inf :ierno.

SPEAKER 1: : E assim () ###

SPEAKER 0: : Muito de ostra. Ostra Agora, em matéria de molusco, não seria bem molusco no caso. Tá? Aqui nos restaurantes daqui, em vários deles especializados em frutos do mar, gosto muito de casquinha de siri. Casquinha de siri quase que como aperitivo, acompanhando o aperitivo líquido para o almoço. É não gosto de lagosta, é um prato sofisticado, é um prato requintado, é um prato renomado, prato buscado, mas honestamente, nem eu nem minha mulher gostamos de lagosta. Curiosamente, quem gosta de lagosta é o meu filho mais novo, de oito anos. Mas daí já não há nenhuma influência de nenhuma espécie de cultura, porque é uma preferência eminentemente pessoal dele. Ele gosta de lagosta e ponto final de qualquer jeito. Lagosta thermidor, lagosta à maneira brasileira, lagosta à maneira é mais tipicamente de Pernambuco, que é onde existem as melhores lagostas do Brasil e talvez do mundo. Ele gosta (de comer aquilo). Pai, quero lagosta. Então ele come lagosta. Porque não quer dizer que nós detes detestemos a lagosta. Não é isto. É que ela não está na linha direta das nossas preferências. E antes que eu me esqueça, eu vou dizer a você porque eu gosto mesmo também e muito. Feita em casa ou comida fora. É feijoada. Feijoada carioca. Todos nós gostamos dessa feijoada que você conhece perfeitamente, que existe por aí, não é? que é o feijão preto com todas aquelas espécies de carne, né? linguiça, paio, carne seca, acompanhado de arroz, evidentemente o arroz é indispensável, arroz soltinho e tal, e também couve, A chamada couve mineira, nós já conversávamos sobre ela aqui. Hã Couve, né? Uma costelinha de porco, costelinha magra de preferência de porco, para cada comensal, para cada participante do almoço da feijoada, uma costelinha de porco. A farofinha, farofinha é indispensável. E, evidentemente, precedendo tudo isso, isto é indispensabilíssimo. Uma caipirinha mu

SPEAKER 1: : ito bem feita. () durante hã suas andanças, não é, o senhor costuma comer algum prato típico de alguma outra região, sem ser São Paulo, por exemplo?

SPEAKER 0: : Eu já disse a você que nós temos por hábito não repetir restaurantes, não é? ### Você passa dois, três anos sem passar por lá. Você diz, não, aquele eu já fui. Na verdade não foi, porque já tem outro dono, já é outra culinária, já é outra história. Então não se está repetindo. A gente, às vezes, repete, por acaso, o local, mas não repete, na verdade, o restaurante, a cozinha. Então, nessas nossas andanças, nós e n n  não saímos deliberadamente para dizer, bom, vamos comer no pilão do meu amigo Bento Palmeira Prado, o Bentão, lá em Itapecerica, vamos comer isso ou aquilo. Agora, quando surgem pratos característicos da comida baiana, da comida pernambucana, da comida mineira, da comida gaúcha, como é muito comum hoje, você sabe, esse churrasco em rodízio, que vem todas as espécies de carne, então a gente come, à beça, eh não termina nunca. É Não há propriamente uma preferência, mas tão a também não há uma negativa. Não é? Vou Uma coisa muito boa, eu vou  vou explicar a você, que às vezes A gente procura e anda meio difícil, porque só em restaurantes muito descategorizados, digamos assim, é que a gente pode encontrá-los e e não por preconceito, nunca, de maneira nenhuma. Ah porque pode haver um incidente, um acidente em um restaurante mal frequentado, é que tem. É o Codeguin, que é uma variante do paio português e da linguiça mineira. Mas é um prato tipicamente italiano, que é um uma espécie de linguição ou salsichão muito bem temperado, com uma porção de variedades de carne suína eh e outras carnes também. E E que é cozida durante um longo tempo, cada salsichão ou cada linguição, para que não se parta, para que não se arrebente a tripa que cobre ah todos esses ingredientes. Eu sei que é cozido, nós nu nunca fizemos, mas eu tenho perguntado aí por curiosidade nesses restaurantes, que é cozido com um involucro de pano, que depois é cortado e, evidentemente, inutilizado para que não se abra oh o continente do conteúdo que é aquele material todo.

SPEAKER 1: : E  carne né? qual são os tipos que o senhor prefere? Que tipo o senhor gosta? ### ###

SPEAKER 0: : Você quer saber, por exemplo, carne de porco Não é? Carne de porco, eu gosto de qualquer maneira. Claro que se for um leitãozinho, tem que ser um leitãozinho. Pururuca, como a gente costuma chamar, não é? É um leitãozinho bem tostadinho, né? A casca dele, a casca e a pele bem tostadinho. E E a carne por dentro muito bem macia. Há todo um mistério no no sentido do do cozimento ah do leitãozinho, né? Eh Eu gosto muito de lombo também, chamada à mineira, mas eu volto a dizer que é lombo à paulista, que é o lombo bem lanhadinho, um lombo bem... Magro, não gosto do lombo gordo. O lombo bem magro, bem lanadinho, lanhadinho, cortado em fatias e muito bem assado. E vendo que a carne fica muito tenra, fica muito macia. Não é? Agora quanto a carne bovina, a carne de boi, eu não gosto de filé mignon, não não não não me apetece. Né? Eu prefiro muito mais, mas muito mais realmente, alcatra eh contrafilé desde que macio. Gosto, e nós em casa gostamos também, de miúdos. Comemos coração, não gostamos de rim, comemos fígado, comemos dobradinha, dobradinha, dobradinha é muito importante, né, é dobradinha, língua, língua. Enfim, os miúdos, ah do boi, nós gostamos também. Esses são feitos de rim, não sei porquê, nós não gosta

SPEAKER 1: : mos. Para acompanhar esses diversos pratos, o que vocês costumam tomar? O que o senhor acha que deveria ser ingerido com esse tipo de alimentação?

SPEAKER 0: : Bom, mas depende. Eu falei em tanto tipo de prato, em tanto tipo de alimentação. Que um Uma resposta a essa pergunta redondaria  redondaria em um retorno. Ah, já que você está me fazendo essa pergunta, eu vou dizer que eu ia me esquecendo. Isso é feito em casa também. A Às sextas-feiras, para não cansar, não é toda sexta-feira. Uma sexta-feira sim, uma sexta-feira não. Bacalhau. Bacalhau de diferentes maneiras. Bacalhau de diferentes maneiras. À portuguesa, bacalhau à espanhola, com todas as suas variantes e variações e incorporações da criatividade nossa mesmo. E existe uma diferença. A diferença é, primeiro, no... no salgamento do bacalhau. O bacalhau espanhol é mal, mais  salgado do que o bacalhau português. Segundo, é o acompanhamento do bacalhau espanhol e do bacalhau português. O acompanhamento do bacalhau o bacalhau espanhol geralmente é feito com a adição prévia de azeite. Do bom azeite espanhol ou português, pouco importa, ou italiano, ou mesmo grego, ou até argentino que já tem um bom azeite de oliveira. Ao passo que o bacalhau português, a adição do óleo se faz a posteriori, se faz depois. Cada conviva, cada comensal, ele coloca o azeite é na proporção que lhe parecer melhor e mais saborosa. O o o O tempero não é tão diferente assim. Eu direi que o espanhol é mais condimentado, o português é menos condimentado. E há mesmo o caso do bacalhau ao forno português, que ele vem sem condimento nenhum. É o bacalhau puro e simplesmente levado ao forno, sem nenhum tempero. An tes, muito pelo contrário, o sal natural do bacalhau é tirado antes, é extraído antes, que ele fica de molho horas e horas ou até um dia. E o tempero é feito na mesa, pelo próprio comensal, por aquele que vai se servir do bacalhau. Então tem bacalhau ófano, tem bacalhau grado, tem bacalhau gomissá, né? tem bacalhau à madrilena, tem uma infinidade de bacalhau, tanto espanhol. E Isso nós gostamos. Então, eu vou agora procurar desfazer um preconceito. Preconceito no tocante à bebida. Todo mundo pensa que o bacalhau, por ser peixe, Deve exigir vinho branco, porque com peixe a gente toma vinho branco, evidentemente. Vinho branco seco ou meio seco, seco ou demisseco. (Então) é o vinho branco doce Vinho branco doce é sempre depois da sobremesa. Então, para acompanhar bacalhau, não é vinho branco, porque bacalhau é peixe. Note bem, para acompanhar peixe, vinho branco. Sempre vinho branco. Vinho branco frappé, ligeiramente gelado. E seco ou meio seco? Isso para peixes, para moluscos, para mariscos. Mas para o bacalhau, não. O bacalhau a gente toma com o vinho tinto. Pouca gente sabe disso. A gente toma com o vinho tinto. E ste é o correto. Para carnes vermelhas, como nós chamamos, de sangue, é claro que o vinho deve ser sempre o vinho tinto. Dependendo da ocasião e tudo isso. Há diferentes tipos de vinho, como você não ignora. Agora, para frango, e mesmo um coelho, e aves em geral, além do coelhinho que não é ave né? O aconselhável é o vinho Rosé. E nós temos excelentes vinhos Rosé brasileiros, nesta altura, muito bons mesmo. Eu lembraria você o Cabe do Bini, um vinho do Rio Grande do Sul, que é muito bom, pode ser confundindo confundido com o vinho francês. E lembraria você também o Château du Valier, ou Rosé, que também lembra alguns tipos de vinho da França. Então eu acho que está esclarecido. O O uso do vinho branco, o uso do vinho tinto e o uso do vinho

SPEAKER 1: : Rosé. Fora vinhos, vocês não falam mais nada de outro tipo?

SPEAKER 0: : Bom vinho eu estou falando mais especificamente no meu caso, Porque meus familiares não gostam. Minha mulher não toma bebida alcoólica. Então toma-se ou suco, acompanhando a refeição, ainda suco de laranja. Com predominância de suco de laranja () O (nome), meu filho mais novo, gosta de suco de caju, mas nem sempre. A gente não serve, porque nós achamos que perturba um pouquinho, talvez, a digestão do menino. Eu não gosto de cerveja. não gosto, de maneira que não tomo nas refeições cerveja. Não tomo por não gostar. As refeições o que eu tomo mesmo é vinho. E tomo sempre no almoço e no jantar. Que não quer dizer que eu tome em exagero, evidentemente, né? Não vai me levar mal. Isso é muito importante. Bebum aí é outro outro bicho. Né? Mas agora eu no almoço e no jantar realmente tomo um copinho de vinho. E E quando o jantar é sexta-feira, por exemplo, é mais descompromissado, quando eu não tenho um sábado violento pela frente, Daí eu concedo que, além do copinho habitual, eu tome logo uma garra

SPEAKER 1: : fa sozinho. Isso é ótimo, né? E após as refeições, vocês costumam ter algum outro tipo de alimentação para comer?

SPEAKER 0: : ### Sempre. A sobremesa é alternada. Ora é sobremesa de frutas, ora a salada de frutas. Composição de diferentes frutas. Frutas da estação, porque nós fazemos questão que elas sejam frescas, essa coisa toda. E, curiosamente, eu é que vou comprá-las. Não é nem a empregada, nem a minha mulher. Sou eu mesmo. Eu vou (pausa) Eu vou à feira, hein? À feira, de manhãzinha, quando não tem ninguém e tal coisa. Eu vou tranquilamente e escolho as frutas e as verduras, né? Para essas nossas sobremesas. Então, nós alternamos doces feito em casa, uma série de doces caseiros aí, quindim, né, papo de anjo, e (pausa)  bolos de diferentes, eh, feitios, pudim, feitos em casa, né, feitos em casa todos eles. Então alternamos, âh, frutas com, com, com doces. e Isto na sobremesa. E no meu caso também, apenas depois do café, porque nós depois da sobremesa tomamos o café, nós todos. cafézinho tradicional. Agora, no meu caso específico, depois do jantar apenas eu tomo. Depois do café, um licor. é Eu tomo um licor que eu, eu elegi, tá. Haverá outros melhores, essa coisa toda e tal, tre ze. Aí eu gosto de licor estrega. Então, depois do café zinho, após o jantar eu tran quilamente tomo o licor 

SPEAKER 1: : ###

SPEAKER 0: : Então são as frutas, frutas habituais da estação. Laranja, banana, pera, maçã. Essas já não são da estação porque são importadas. Melão, o melão brasileiro está muito bom. Principalmente o, o melão do sul. Mamão, abacate. Com habitualidade são essas não. São essas aí. Às vezes também nós nos abastecemos de morango e coisa para a feitura de sobremesa. Morango com chanti, chantilly, aquele treco todo. Mas a as frutas são as frutas habituais, as frutas costumeiras e comuns a Toda e qualquer família, e qualquer, eh, nível socioeconômico. E na época agora que a gente está se aproximando, que é a época de Natal,

SPEAKER 1: : Existem algumas frutas que normalmente as pessoas gostam, não é? O senhor costuma comprá-las?

SPEAKER 0: : Nós compramos no Natal as frutas secas do Natal, que são as frutas por excelência, não é? Sem esquecer o melão. Porque eu acho que toda ceia natalina não pode prescindir de melão com presunto. Isto é indispensável. Agora, quanto às frutas secas, são aquelas que você conhece, nozes, avelãs, né, amêndoas, figos, isso no tocante tem as frutas também, né? Tâmaras, né, passas, a, a essas frutas, como?