Inquérito SP_DID_186

SPEAKER 1: : ###

SPEAKER 0: : Nós temos a a mencionar as diversões mais comuns que nós temos aqui no nosso meio, que é o cinema, também futebol, baile, teatro, talvez menos disseminado, menos procurado, passeios, ãh parques, parques de diversão. E esporte, todos os esportes também podem ser uma diversão. Inclusive, ãh socialmente falando, esse esse aspecto é muito interessante porque quase todos os domingos a família alg as famílias de São Paulo se reúnem nos clubes. São Paulo é, inclusive, uma cidade pouco com poucos recursos nessa questão de diversão. Ma ãh n No esporte, por exemplo, Esportes aquáticos como lancha, esqui, além de serem um esporte, se constituem uma diversão. E Praias, ãh que mais que nós podemos mencionar? E p e ãh Televisão, música, disco. Eu Eu, por exemplo, sou muito muito apaixonado, sou adepto da mú música. Então, para mim, a música não é apenas uma for um um uma uma maneira de... de expressar cultura, uma forma de cultura, mas é uma diversão também, é uma recriação. E Eu acho que a música, em em certos aspectos, deve ser mais sentida do que ouvida. Então, quando um indivíduo está ou ouvindo, ele eu, pelo menos, me me concentro muito para sentir a música, além de ouvir. Nós podemos mencionar também hobbies como diversão. Ãh eu por eu Eu gosto de de de trabalhar em casa, por exemplo, fazer fazer ãh coisas de madeira, Hobbies que a pessoa possa ter trabalhos de madeira, trabalhos de mecânica, pintura, ãh coleção de selos, coleção de de de chaveiros, uma infinidade de diversões que o indivíduo pode ter e que proporcionam condições de recriação.

SPEAKER 1: : Muito bem. Vo Você poderia fazer uma classificação, vamos dizer assim, entre os tipos diversões, por exemplo, que envolve as classes sociais, por exemplo? Cla sse alta, classe média e a classe, vamos dizer assim, a massa no sentido geral? Bom a

SPEAKER 0: : A classe alta, em geral Tem diversões mais sofisticadas, diversões que exigem maior maior despesa. U Uma delas atualmente, inclusive no Brasil e no mundo, que começou a se disseminar é o surf. É uma uma distração, uma diversão que não dá para qualquer pessoa fazer, porque inclusive as pranchas de surf custam muito caras. E E o camarada tem que estar se locomovendo, se se locomovendo para lugares onde haja condições de exercício dessa ou da prática dessa dessa diversão. Em que consiste o surf? O su urf é é uma é um uma forma de de de equilíbrio numa prancha que se desloca e em função da on onda. Quando forma a onda, aquela prancha se desloca na crista da onda. Ela tem, inclusive, tem uns aspectos bastante interessantes éh é um esporte bastante violento. Desenvolve muito a a musculatura da perna e o equilíbrio. E a prancha, e o indivíduo em cima da prancha, ele tem que correr para frente e para trás conforme as condições da onda. Se a onda éh está éh desequilibra a prancha para trás, então ele tem que correr para frente para para poder a prancha ficar no nível. S Se ela a onda desequilibra para frente, ele tem que vir para trá ele não não não é como o esqui, em que ele está estático no meio do esqui. Ele se locomove em cima da prancha para poder conseguir ãh fazer com que o o esporte seja levado em em seja realizado. Mas é um esporte que atualmente não não está ainda popularizado. Outro esporte que é bastante bastante society, vamos dizer assim, é o é o t tênis. Um esporte que só é praticado pelas classes mais altas, mais mais bre privilegiadas. Por duas razões principais. Primeiro, porque é um esporte pouco disseminado. Segundo, porque é um esporte que exige um despesa muito grande. O próprio uniforme do de tenista já é um uniforme predeterminado. E E o e as raquetes. Tem um Tem um um uma um material bastante caro. O Outro esporte que é é bastante é bastan é bastante sofisticado é o o yacht. É É yachtismo. Então, esse esses esses competições com barcos à vela, etce E o esqui também, o esqui aquático. O Outro esporte muito de muita categoria do ponto de vista de classe social é o turfe, o polo a ca o polo os cavalos de polo, essa essa equitação, são esportes que a praticamente não tem condições de serem praticados por por ninguém de classe média ou classe ou classe inferior. Inclusive o a equitação, por exemplo, um animal daqueles custa uma fortuna. Quem tiver condições de comprar um animal daquele é porque está em muito muito boa situação, não só o animal, mas também a manutenção desses anima ao esportes de cla de de  de nível médio. Eu incluiria os esportes de mais ou menos nível médio, o basquete, o vôlei, que estão, o futebol de salão, que é um esporte que está sendo praticado mais ou menos em nível médio. E não há dúvida nenhuma que o esporte que está sendo mais ãh popularizado, que no Brasil, inclusive, se constitui num uma espécie de doença, é o futebol, que a até certo ponto contribui para fazer com que haja uma integração nacional, inclu

SPEAKER 1: : Você já foi a um campo de futebol?  Então, eu gostaria que você fizesse uma descrição, por exemplo, de um de um campo de futebol, a torcida, enfim. Bom o

SPEAKER 0: : O campo de futebol é é é um é um um uma um ambiente que eu não acredito que nenhum brasileiro deixe ãh deixe de conhecer. E Eu, por exemplo, quando vou ao campo de futebol, ãh observo tudo. A mim, o espetáculo não impressiona apenas pelo pelo brilho do do esporte, pela éh pela destreza, pela pelas qualidades dos elementos que estão promovendo o espetáculo. Ma s éh me impressiona tudo. A torcida, a a grandiosidade da da construção dos estádios. Se, eu por exemplo, for analisar do aspecto do aspecto arquitetônico, do aspecto e de engenharia, esses estádios se constituem numa num numo numa num motivo de admiração. Agora, o que me impressiona mais é a é a é a sociabilização que o que o esporte proporciona. Então, você vai num num num campo de futebol, tem lá um doutor, tem um um engraxate, tem um vendedor, um um pro um profissional de vendas, todos eles estão praticamente to ãh juntos dentro de uma mesma ci circunstâncias Se bem que haja, inclusive, limitações do ponto de vista das das dependências do estádio. Uma arquibancada, um geral e uma e uma numerada. Mas em ge em geral, na nas entradas e nas saídas dos estádios, o o e os elementos se misturam. A a f a A forma de expressão, não só a forma de expressão do pon pela oral, mas também a fisionômica. Você vê no rosto dos dos e dos dos torcedores o os lances da da partida e e E a atuação do dos dos ãh juízes, dos bandeirinhas. a participação da polícia, tudo isso constitui um aspecto que deve ser mencionado e deve ser observado no futebol. E eu eu observo tudo isso. I Inclusive, eu acho que é, possivelmente, o lugar mais próprio para eu conseguir atingir os meus filhos quando quero dar algum conselho. E Eu, quando quero que os meus filhos me oiçam, me escutem, que eu tenho alguma coisa importante para dizer para eles, eu vou assistir um jogo de futebol. E, no intervalo, nós conversamos sobre esses aspectos que, aquela é a hora em que eles estão mais dispostos, mais abertos para receber, éh inclusive porque não é não não esperam para receber uma mensagem, e uma di e uma uma orientação, possivelmente até uma advertên

SPEAKER 1: : Muito bem. E e e Eu o conheço, inclusive, já de outras oportunidades, somos amigos, e sei que você mantém sempre um um diálogo franco, vamos dizer assim, com com seus filhos e mesmo com com seus amigos. E Então, dessa forma, eu gostaria que você, então, mostrasse, vamos dizer, esse relacionamento social que você tem com seus filhos, por exemplo, ou com seus colegas de trabalho. Não sei se me fiz claro. Como como reci relacionamento social? () Mostrar, por exemplo, como você procede na educação do seu filho, o tratamento que você dá, a responsabilidade. Bom, e

SPEAKER 0: : Eu acho que a coisa mais difícil que existe na face da terra é educar. E isso é difícil exatamente porque as a as áreas são separadas por uma em um abismo de de comportamento totalmente diferente do nosso e dos nossos filhos, porque, inclusive, as gerações são são diferentes e propõem éh aspectos diferentes. M Mas há uma forma de se transpor esse abismo. E essa forma, eu acredito que seja a compreensão, o amor. e o diálogo. E Eu, por exemplo, tenho quatro filhos. O O mais velho deles tem dezess vai fazer dezoito anos agora, semana que vem, dia treze, e e e nós temos um relacionamento completamente normal. Inclusive Normal, no meu ponto de vista, e anormal para outros, porque éh alguém que se que me o me observe conversando, brincando com meus filhos, tendo acham que, até certo ponto, é um pouquinho anormal, porque não há aquela aquelas barreiras que normalmente se tem entre pais e filhos. E Eles me respeitam, mas me nós brincamos e as e conversamos sobre qualquer assunto, sobre qualquer tema. Inclusive, de vez em quando, há um há até um uma uma uma forma física de expressão de de afeto através de um uns tapas, um umas brigas que não passam de de apenas uma forma de a gente se relacionar com eles. U Uma das coisas que eu tenho observado é que A gente tem que se le que que se limitar para poder se relacionar com as com os jovens. Eles não entendem a nossa linguagem, então nós temos que nos nos limitar, descer talvez até eles, para que eles possam a ãh entender a linguagem da gente. Por isso que eu eu uso muita gíria. E Eu sempre fui re eu sempre fui cri ãh ãh combatido por isso, mas eu acho que é uma das formas pelas quais eu posso conseguir atingir essa essa rapaziada. Então, eu teria que descer numa linguagem, mesmo no ponto de vista da linguagem, e fazer com que eles me entendessem, para depois, com eles, eu subir até onde eu acho que eles devam estar. Então, a gíria, inclusive, essas esses maneirismos, essas formas populares, ajudam a gente a a se relacionar com os jovens. Eu tenho tido muito êxito na relação com eles. E nos Em relação aos colegas, não há problema, porque aí estão já... as as áreas de de aproximação são maiores. E aí a gente, então, tem muito mais possibilidade de diálogo, porque nós, nas nas nossas faixas, nos entendemos melhores. E éh éh e nos entendemos melhor e aí, então, é mais fácil o relacionam mento. Agora, ãh eu acredito que ainda a área mais éh mais cheia de possibilidades de educar questão de escolas é a área de recriação e sociabilidade. O O professor não terá condições de educar de transmitir nada se ele não tiver sociabilidade e não tiver um relacionamento mais na base de de amizade com os alunos. Então, ali eles... e depois, então, fica mais fácil de ele transmitir aquelas mensagens que ele tem que transmitir e que se constituem em alicerces, em sementes, que vão frutificar daqui a dez anos ou doze anos, conforme a idade da pessoa ou do aluno ou do filho com o qual se conversa. Eu acredito que uma atitude mais espontânea, mais livre, mais mais franca, sempre traz melhores resultados em função de relacionamento, em função de comunicação, do que uma atitude muito muito estudada e muito ãh pautada dentro de um padrão muito elevado.

SPEAKER 1: : É do nosso conhecimento que você tem feito com um grupo de alunos algumas excursões. Em que consistem essas excursõe O que desenvolve-se nessas excursões? 

SPEAKER 0: : Bom, as excursões que nós promovemos es aqui na escola, eu já fiz muitas excursões, não só aqui, no norte do Brasil, quando eu estive por lá, no sul, quando eu passei alguns anos no s ul. Então, éh esse aspecto de excursão tem sido para mim tem sido muito comum na minha experiên cia. Agora, eu acho que a excursão contribui para desenvolver alguns aspectos importantes dos jovens. O primeiro deles é faz com que o jovem se torne um pouco mais independente. Quando as crianças estão em casa, então elas dependem muito das mães e e dos pais. Todas as coisas são são por conta da mãe e do pai. Então ele s não têm condições, inclusive, de de saber quanto custa varrer uma casa, quanto custa de manter uma casa limpa, um um quarto arrumado. Não tem, inclusive, noção de quanto custa ter éh um controle do do do dinheiro, do orçamento da família. E, quando eles fazem a excursão, eles são responsáveis por todos esses aspectos. Inclusive, o dinheirinho que eles levam, é o dinhe eles têm que cuidar do dinheiro. Éh e O que acontece é que, normalmente, na primeira oportunidade, eles gastam tudo no primeiro ponto que o ônibus para e, depois, ficam pedindo emprestado até o fim da da excursão. Então, eles já começam a ter uma noção de que devem ter um planejamento, uma previsão, para que possam usar aquele aquela disponibilidade que eles têm no pon no no sis no na questão de cru de dinheiro. Outro aspecto é o aspecto de indepen independizar a criança. Na verdade, eles eles tomam a atitudes e eles tomam decisões, eles eles têm que dormir sozinhos, que muitas vezes, para algumas crianças, é um problema. Eles têm que cuidar da mala deles, eles têm que cuidar da roupa, eles têm que tomar banho sozinhos. Nós estamos ali atentos para uma uma emergência, mas eu não creio que alguém que queira educar numa excursão Deve fazer para o aluno tudo o que ele que os pais fazem em casa. Então, enquanto eles puderem fazer, eu não faço. Só quando há uma uma algum problema que é além da possibilidade do aluno, então a gente interfere. Outro aspecto  que que desenvolve é a sociabilidade. O aluno começa a sentir que ele não é único, ele não é sozinho. Ele começa a ver um mundo diferente, ele tem que viver junto com pessoas. Ele tem que saber viver junto com pessoas. É a coisa mais fácil do mundo é viver. Agora, é muito difícil saber viver (fala rindo) Viver qualquer um vive.  Agora, saber viver, alguns apenas sabem viver. Eles têm que entender que têm que viver em comum. Têm que viver em sociedade. Têm que estar repartindo aquilo que que, às vezes, eles têm de mais com aqueles que têm de men os. Têm que estar cuidando, inclusive, dos seus companheiros. E muitas vezes, nas excursões, a gente vê os alunos maiores éh se decidindo a cuidar dos menores. de colegial, por exemplo, que se arrogam ãh direitos paternais sobre crianças de de primário. E E essas crianças retribuem com uma amizade fora do comum. O Outro aspecto que desenvolve é o aspecto cultural. E Eles conhecem cidades, conhecem ãh ãh regiões que muitas vezes não conheciam. Eles chegam a conhecer até a linguagem de certos lugares. Desenvolve também aspectos ãh esportivos () Eles se se desenvolvem na em em em em esportes como equitação, andam muito a cavalo nas excursões, e todas aquelas aquelas áreas que a excursão pro proporcio

SPEAKER 1: : na. Você poderia descrever, quando você falou eles praticam esportes, essas atividades assim um pouco mais minuciosam

SPEAKER 0: : Quando nós saímos daqui, nós, geralmente, fazemos uma programação já aqui, antes de sair. Então, todos os dias tem um programa, e todos são obrigados a cumprir este programa, porque seria muito difícil de a gente coordenar, de a gente cu ãh cuidar deles, ou supervisar to supervisionar todos os alunos, se cada um fosse para um lado. Então, todos vão jun E e nas excursões que nós fazemos, geralmente éh são excursões em em em lugares de turismo. Por exemplo, Poços de Caldas, Campos do Jordão, ãh ãh Foz do Iguaçu, Assunção do Paraguai. Algumas excursões nós fazemos que não têm vamos dizer que não são éh lugares comumente conhecidos como pontos éh de atração turística. Nós fomos para a Af a Parque Nacional da Serra dos Órgãos, Parque Nacional de Itatiaia. E vamos para Santa Catarina. Então, nessa vi viagem, nós visitamos Curitiba, Joinville, éh Blumenau, Florianópolis, a praia éh Camboriú e Itapema. Então eles conheceram assim. Quer dizer, nessas nesses lugares onde a é é uma instância de turismo, então os esportes são natação, são equitação, são ãh tênis, ãh pingue-pongue, futebol de salão, futebol de campo. U Uma vez ou outra, quando nós vamos para a Poços de Calda, existe aquele ãh motocross. Não sei se você já ouviu falar nesse negócio. É um é uma Uma corrida de motocicleta com obstáculos, numa numa numa numa pista bastante acidentada. Então, de vez em quando, existem algumas provas de motocross e alguns alunos participam desta prova alugando motos lá nos lugares. Eu não gosto disso, porque constitui um risco muito grande. Mas quando alguns alunos têm autorização dos pais, eles, então, fa participam dessas provas. O Outro aspecto interessante é éh nesses parques nacionais, que são lu os são regiões desconhecidas e que deveriam ser visitadas por todos os brasileiros. S São reservas florestrai. E essas reservas têm coisas muito bonitas. Nós fomos para Parque Nacional de Itatiaia. E E ali, então, o esporte da criançada era nadar numa água gelada que precisava ter muita coragem para nadar.  Primeira vez que nós fomos lá, havia uma... Existe um um um lugarzinho que chama-se Lago Azul. É É uma lagoazinha muito pequena. Talvez de uns cinco metros de diâmetro, mais ou menos, no meio das pedras. E aque a em cima dessa lagoa passa uma ponte. É um uma distância de sete metros, mais ou menos, da da ponte na água. E, na primeira vez que nós fomos, os alunos ãh estavam dizendo, é, não vamos pular da ponte, isso o que. E e eu e o Flávio Soares, que é um colega nosso, e o o Schw o Schwab, não é mais professor nosso, mas foi naquele tempo, inventamos de pular da ponte. E pulamos. E E, na primeira vez, nenhum dos alunos pulou, a não ser o meu filho, que estava junto lá. Na segunda vez, todas as crianças pularam da ponte. Todas elas. Então, isso desenvolve uma certa confiança, uma certa... atitude de de desprendimento em função das das si das situações. É verdade que eu mesmo gosto de de cuidar para que alguém que não tenha habilidade não venha a se machucar. Inclusive, um dos alunos que foi conosco, que eu proibi que puda pulasse da ponte, porque ele tinha um pequeno problema na perna. Não ch Não chegava a ser um defeito, mas era uma uma limitação.  E poderia, em função daquela deficiência, ele ser mal sucedido numa tentativa desse tipo. Mas se é um menino normal, Eu não vejo porque ele não deva experimentar uma coisa dessa. Então, fazemos a pé, por exemplo, caminhadas muito grandes a pé, corrida Nós fomos a Véu da Noiva, mais ou menos cinco quilômetros de distância do alojamento onde nós estávamos. E fomos de ônibus. E na volta voltávamos a... Não não todos, quem quis, voltou apostando uma corrida. Entende? Pedestranismo. E E e a criançada, então, se desenvolve nesse sentido. Eu acredito que que há muita poss há possibilidade nas excursões. E o que é mais importante de tu é que o mo o homem passa a ter uma um um contato maior com a natureza. E e Eu não acredito que nós devíamos nos divorciar tanto da natureza. Devemos estar mais em contato com a natureza, com o mato, com com com o ar puro, com o sol, com água gelada. Isso não faz mal nunca para ninguém. O que faz mal é é água quente. Agora que é duro entrar numa água gelada de (fala rindo) manhã cedo, não há não há dúvida n

SPEAKER 1: : nenhuma. Muito bem, (). Gostaria que agora você falasse sobre outras modalidades de esporte s. Você acha que pela alguns, acredita que ainda há outras? Acho

SPEAKER 0: : Bom, eu não mencionei, talvez, a recriação que para mim seja a mais agradável, que é briga de galo. Então essa que eu quero que fale detalhada (risos) pormenorizadamente. Eu e   Eu não sei porquê, talvez já tive a muitas vezes analisando por que eu gosto de galo de briga, E eu acredito que, em primeiro lugar, eu gosto de qualquer animal, de qualquer tipo de criação. E Eu já eu entendo e conheço bem de cachorro, de cavalo, de vaca, de qualquer criação. Mas, especialmente, aves. Quando eu morava no Rio Grande do Sul, eu criava aves de ornamentação. I Inclusive, não são são muito rara s. Os espécimes que eu tinha lá eram raros. A cochinchina, orbito amarela, vaiandote prateada, (), ãh rod Uma da uma das eu criava lá, que eram que era comum, era a New Hampshire, que é um uma raça bem comum. Mas a maioria delas eram raças de ornamentação e que raramente se conhece por aí. E muitas vezes eu fui campeão de raça nas exposições de Menino Deus. A A verdade é que no Rio Grande do Sul se desenvolve mais esse aspecto de de aves ornamentais. E E em Pelotas, por exemplo, é um centro muito grande de aves desse tipo. Quem quiser, por exemplo, conseguir alguns exemplares dessas raças ra raras, em pelotas, possivelmente, consiga. E E o gaúcho, em geral, tem mais gosto para essa questão. Ele s conservam estas raças que são muito difíceis de de serem criadas. A A () em tom amarela, por exemplo, é uma galinha amarela bem grande, bem peluda, bem pe bem empenada, com em penagem bem grande, e e e de difícil cobertura. M Muito difícil cobertura. E E ela, primeiro ovo, ela põe com nove meses. Então não é uma uma uma criação que dê com de que dê vamo rentabilidade, é só apenas gosto. Também os exemplares são caros. Uma ave dessa custa cento e cinquenta, duzentos mil cruzeiros, conforme o o as características. Mas para mim, que eu gosto muito disso e gosto de de genética, gosto de analisar as características da raça, então isso é muito impro importante. Tinha também lá a Plymouth Rock Barrada. que é conhecida comumente como a Carijó, e o nome o nome o nome técnico é Plymouth Rock Bara Barrada. Inclusive, essa ave tinha tinha que ter o número de barras pretas e brancas na asa cert o. Você veja que era um negócio muito sério, porque uma ave que tivesse mais do que aquelas barras que... Eu não sei mais, mas parece que são sete barras na asa. A A crista é uma crista de serra, com cinco pontas. tudo isto envolvia envolvia ãh problemas de de julgamento. Então, um galo perfeito que tivesse seis pontas na crista, em vez de cinco, perderia um ponto. Entende? A A gente tinha um um a o o pé, por exemplo, a coloração do pé, o bico, tudo. Tudo () era analisado para a gente ter uma ave perfeita. Bom, eu criava isso lá. Agora, quando eu era bem pequeno, quando eu era menino, eu fui para Santos uma vez. E E, lá em Santos, o hotel onde nós nos hospedávamos, com meu pai, minha mãe e meus irmãos, o dono do hotel criava galo de briga. E tinha um quintalzão grande lá no fundo do hotel e aquelas gaiolas de galo e cada galo tosado direitinho, entendeu? E Então, o homem lá ficava tratando dos galos e eu passei aquelas férias todas vendo o homem tratar dos galos. E Em vez de ir para praia tomar banho, num na naquela no num... aquelas... a praia e banho de mar e aquela coisa toda não exerceu nenhuma atração. Para mim, naquela naquelas férias. Eu e eu Eu acredito que dali deva ser o meu interesse por galo de briga. E hoje eu, eu depois que eu vim cá para São Paulo, que eu viajei bastante pelo Brasil todo, então me fixei aqui. Eu tinha, no interior, alguns galos bons. Um galo, um inclusive, importado da Argentina, um asil, que é uma raça indiana muito boa. Mas eu tinha uma uma função que não me dava muita liberdade para mexer com galo de briga. Então, eu apenas criava e vendia. E alguns dos exemplares que eu vendia, alguns dos do dos dos produtos daquela cruza, éh foram campeões. Um deles foi campeão da Alta Araraquarense, que um ganhou uma taça de prata, uma beleza. E E, depois, eu tive que vender. Vendi o galo, inclusive, muito barato e dei quase E aí, quando eu vim cá para São Paulo, eu arrumei uns galos. Bom, e nesse nesse caso, eu tinha os galos no fundo do quintal e não dava muita muita atenção para eles. Mesmo porque eu não tinha muito tempo. Mas um dia o meu filho estava andando numa rua lá perto de casa e viu num quintal uma porção de galos de briga. E E o e conversou também. Você vê, é que tal negócio, filho de peixe, né? É peixinho. Ele e olhou por cima do muro lá do do do quintal e viu o homem lá mexendo com os galos e perguntou, etcetera Entrou em contacto com esse moço, com esse senhor, e eu levei os meus galos para experimentar lá, para fazer uma escorva, como eles chamam. Fazer uns pulos para ver se come se os galos eram bons. U Um um dos galos que eu levei ali era muito bom. E Eu não sabia que ele era tão bom, porque eu não tinha muita experiência nesse assunto. E Então... Começou um leilão do meu galo. Todo mundo queria o galo. Aquele pessoal que estava assistindo ali, todo mundo. Então, eu vendi, naquele tempo, galo por duzentos contos. Para mim, foi um negócios Bom, eu tenho muito... Eu comecei a mexer com isso por porque vi que esses galos, quando eram bons, valiam bastante dinheiro. E E hoje eu tenho galos muito bons. Eu devo ter, mais ou menos, uns cento e tantos frangos e uns dez galos preparados para brigar. Do Domingo. passado eu ganhei uma briga em extrema. Boa briga. Meu galinho ganhou bem. Um galo, um franguinho novo ainda. Brigou com um galo. Um galo muito bom de espora. Como a gente diz, um galo ti ro. Quando o galo é bom de espora, a gente diz que ele é tiro. E ele levou duas ferradas. Duas ferradas são duas esporadas. Muito fortes no peito e E a esporada no peito, para um galo novo, provoca um estrago tremendo. Ele perde a resistência. E Eu pensei que o galo não ia vencer. No segundo banho, Depois de quinze minutos de briga, tem um um refresco, como eles chamam. E Esse refresco é um banho. O galo é tosado. Ele é tosado no pescoço, uma do lado, na lateral do pescoço, mais ou menos até o encontro do pescoço com o corpo. No e Em cima do pescoço, ele, acompanhando a crista, Acompanhando a a linha da crista, ele tem pe ele tem ele continua com as com as pe enas. E embaixo no pescoço também. A A gente tosa ali para fazer massagem. Passa um medi um negócio que eles chamam de tinguaciba. É É um um produto à base de tanino, casca de árvores. Tem umas árvores aí que produzem isto. E essa din tinguaciba encoraça, torna, enrijece a a pele do galo. Eles, na gente, no trato do galo, passa isso. E também tosa, com corta a pena as penas do debaixo da asa e e no curanchim, atrás, no rabo do galo, embaixo do galo e nas pernas, para massagear. E passa tinguaciba e massageia. E o tratamento do galo é esse. A gente pega o galo de manhã, dá um banho frio no galo. Lava o galo com le com com sabão de coco. Faz um Dá uma uma escovinha e raspa. Dá uma limpeza boa nele. Faz um com a escovinha. Dá uma lavada boa no galo. E E põe num passeador. Passeador é um um cercadinho de de madeira, geralmente, de mais ou menos um metro e meio, um metro e vinte por setenta de largura e por setenta de altura. Todo cercado. Então cada galo fica num passeador desse. E E ele seca tomando sol. Isso enxuga o galo. O galo fica enxuto como A turma diz enxuto porque é... emagrece. Então ele fica só músculo mesmo. E E faz uma escorva. A escorva é o treino do galo. São dois galos que eles eles escovam com biqueira, que é uma proteção que a gente põe no bico, e com uma bucha, que é uma espécie de uma luvinha de boxe que a gente põe na espora. E eles então treinam ali, uma ho éh começa com dez minutos, depois quinze, depois vamos para meia hora, quarenta e cinco minutos, uma hora, e eles fazem a escorna. Depois da escorva, isso uma vez por semana, uma vez cada dez dias, conforme a reação que o galo tem ao exercício. Alguns galos sentem muito a escorva, então tem que ter uma escorva mais espaçada, mais dez dias ou quinze dias, para não não esgotar o galo. Entende? Então, se o galo resiste bem, então cada semana. E durante a semana, eu faço duas vezes por semana, três vezes por semana, um trato de mão, como eles chamam. Então pego o galo e faz ele pular, como se se ele estivesse dando uma esporada, E então faz o galo andar em volta da gente. A gente fica assim mais ou menos agachado e passa o galo embaixo da perna fazendo um oito. Entendeu? E eles treinam. E a alimentação do galo. O galo tem alimentação muito boa, mas eles... Inclusive nós deveríamos aprender um pouco com os galos. Eles comem uma vez por dia só. A A tardezinha, mais ou menos quatro horas da tarde. E Milho, aveia. E uma ração muito bem... eu só dou milho e aveia, porque fica muito caro se der mais. Mas há certas pessoas que dão dão leite condensa, leite leite em pó, tudo, eu não acredito que precisa, seja necessário. M Mas eles recebem um trato muito bom. E E tem as gaiolas. Cada galo numa gaiola. mais ou menos setenta gaiolas em casa para pôr galo. Tem Eles têm que ficar abafados num lugar fechado, por causa do vento. Questão Eles estão sem a proteção natural das penas. E aí a gente leva o galo para rinha, chega lá na rinha, o o o galo é emparelhado. A gente faz a é emparelha o galo. Existe uma mesa e, no meio da mesa, existe uma uma proteção de tela. Um um uma espécie de uma moldura. Então, nessa moldura, telas Só que, em vez de ser uma tela só, é uma moldura com du... São duas molduras com duas telas. Você entende? Uhum Então, o galo fica em cima... Po a gente põe o galo um do lado em cima da mesa, o outro do outro lado. E E eles, então, quer porque querem brigar. Chegam perto daquela tela, mas não conseguem se bicar. Entendeu? E, ali, a gente vê a altura do galo. S Se os dois são... parelha na altura. Geralmente engana muito. Então a altura geralmente é mais fácil de a gente ver, não pela cabeça, é pela crista, mas pelo ombro do galo. O galo que tem o ombro maior, esse vai dominar, vai pa vai passar por cima na briga. Entende? Então a gente vê a altura. Tem balança também para o peso. Eles brigam no mesmo peso. E Exatamente no mesmo peso. diferença, pode haver uma diferença de cinquenta gramas, cem gramas. Quando há uma diferença de cem gramas, Geralmente, eles dão um desconto na espora, que a espora do galo não é natural. Eles brigam com uma espora tra espora trabalha lhada. Existem três tipos de espora. U Uma no Rio Grande do Sul, que eles chamam de latinha. Eles brigam na latinha, como chama. É É uma espora rombuda, uma espora dura de de de de de usar, porque o galo tem que bater muito forte para poder entrar naquela espora. Depois tem aqui uma uma espora que foi lançada o ano passado aqui em São Paulo, chama Paulistinha, uma espora de alumínio, de uma liga de alumínio muito boa. E E tem a espora natural, que é a espora do próprio galo, que ela é cozida na na água quente. Então, por um processo químico, ela murcha. Então, fica só cerne. Então, essa é é espora é preparada e ela é posta na na no lu na no lugar da espora do galo e é presa com esparadrapo. Entende? Então, a gente coloca aquela espora. Existe uma medidazinha que chama cavalete. que é colocada na na perna do galo, como se fosse um cavaletezinho me smo. Ele tem dois e meio centímetros de altura. E aí, esse cavaletezinho passa assim, na espora, para ver se a espora está na medida. Espora tem que ter dois e meio centímetros de medida. E a le a  O diâmetro da espora, a espessura da espora, é medida tem uma barrazinha de ferro com uns buraquinhos que vão de zero a dez. A À medida que aumenta o número, aumenta a grossura do buraco. E a gente enfia a espora do galo por aquele buraquinho, se a es se ela passar do outro lado, ela é lixada com uma lima para ficar no na na na grossura certa. Entende? G Geralmente, ãh o número que eles usam para brigar é qua atro. Maioria dos galos brigam com o es com o número qua quatro. Agora, há alguns galos que brigam com cinco e seis ### Porque uhn para ele, com a força com que ele dá a esporada, O número cinco e seis entra. Entende? E E o outro galo nã

SPEAKER 1: : ão. Cinco e seis é o número da espora? É o número da

SPEAKER 0: : O número da grossura da espora. Ah Entende? Da grossura da espora. Então o O cinco e o seis é é o buraquinho. Tem um bu Tem uma chapinha de ferro. Então eles fazem um furinho. É número um Depois um furinho maior um pouquinho. Número  dois. Furinho maior um pouquinho, três. A Até Até o dez. Vai aumentando gradativamente. A Agora existe um padrão para isso aí. U Uma medida padrão. E E por aquela medida padrão eles fazem. Entende? E E aí então... a gente enfia a espora do galo por aquele buraco. S Se ela passar para o lado de cima daquela chapinha, então está muito está mais fina do que o número tem que ser. A í lixa, passa uma lima em cima dela para ela ficar da grossurinha daquele buraco, entende? Daí ca os Dois os dois galos têm a as esporas exatamente da mesma medida nos no sentido do tamanho e no sentido da espessura, a grossura da espora. E E aí solta os bichos. S Solta no no no... Existe um uma rinha. A A rinha é tudo, é as é casa toda. Agora, o lugar onde os galos brigam chama-se tambor, ou gameleira, como eles falam. (risos) É É o é o tambor da rinha. O tambor da rinha, onde o galo começa a brigar, é um tambor grande. Nós, aqui em São Paulo, a polícia não deixa. Aqui em São Paulo não tem uma rinha funcionando. Então, tem em Extrema. E E em Extrema, a rinha de Extrema é é em é uma é uma sociedade paulista que fundou a rinha lá. É É o Centro Paulista de Diversões. E Então, o tambor de lá deve ter uns cinco metros, mais ou menos, de diâme É um negócio com um tapete bem grosso para o galo brigar, com lâmpada fluorescente, com ventilador, todo cheio cheio de onda. E o galo briga ali quinze minutos, até o primeiro banho. Cada quinze minutos tem o refresco, o banho. Então. Primeiro assalto? É É, primeiro assalto. Eles brigam ali até o primeiro banho. S Se tiver muita briga, muita fila, muita briga ali na na pedra, porque é uma pedra onde marcam as brigas que já estão emparelhadas, entendeu? S Se tiver muita briga, eles saem dali e vão para o rebolo. Tem três rebolos. O rebolo é uma uma gameleira, um tambor menor, onde os galos continuam brigando. A Até o ano passado eles brigavam duas horas. Depois de duas horas, se não houvesse decisão, empatava. Mas como os galos atualmente estão sendo especializados mais para bater com espora do que para ter resistência ao castigo, então atu este ano a briga passou a um uma hora e meia. Eu considero uma medida bastante interessante porque o galo não sofre muito, sabe? E depois de uma hora e meia, se não ganhou, eles vão ficar se batendo ali, na realidade, praticamente já está decretado um empate depois de uma hora e meia. En tão a gente tem condições de de de poupar o galo de de mais de meia hora de de de sacrifício, entende? Mas eu, geralmente, os galos não... Eu, por exemplo, os galos que eu tenho aí não não devem brigar mais do que meia hora. Eu tenho tenho um galo que matou sete já.

SPEAKER 1: : Matou?

SPEAKER 0: : Matou.

SPEAKER 1: : ###

SPEAKER 0: : ### ### Há duas ou três possibilidades para o galo para uma bri o galo vencer a briga. A A primeira delas é matar. Ele dá uma esporada e mata mesmo. Não adianta, não tem. I Inclusive, interessante, você veja, quando a gente corta a cabeça de um de uma galinha, ela pula, faz aquele buf aquele banzé, né? (fala rindo) Um galo dá uma esporada no outro e o outro cai de definitivamente no chão. Cai duro no chão. Mas como assim? E não bate a asa, não. Ele só dá uma tremidinha assim, sabe? Uma espécie de um estertor. Mas não não fica assim, pulando, pulando, pulando. E qual a razão disso? Porque a espora, e ge geralmen, não é sempre assim. Quando o galo é é matador, como eles chamam, então ele bate no lugar certo. É É no bulbo. Leva uma batida aqui atrás da o da crista, em cima da cabeça, na divisa, como chamam os galistas. O pessoal chama de divisa. É É exatamente no lugar onde mata. B Bate e e e é uma é uma uma cutelada, é uma uma  uma espécie de um estilete, muito no lugar. Então o galo cai definitivamente. Enten Bom, há certos galos que são matadores, que bate num lugarzinho só e mata. Eu tenho um galo chama Dinamite. (risos) Esse galo já matou dois (fala rindo), é frango ainda. O ano passado ele brigou com onze meses. A Agora deve ter um ano, vai fazer dois anos ainda, não tem dois anos, deve ter um ano e oito meses, um ano e dez meses, por aí. Mas ele matou dois já. Ele não tem conversa. D Deu as costas para ele na ronda, sabe? O galo briga de frente, um para o outro. Mas, às vezes, quando um galo força muito o outro, empurra, empurra, então o outro dá uma volta. para poder pegar uma posição melhor para brigar. Quando ele dá essa volta, o galo ba ba bate e mata. E Ele bate no lugar certo, mata, não tem conversa. E Esse galo matou um. O primeiro em levou dez minutos para matar, o segundo... Nunca banhou. Nunca foi para o refresco, né? Nunca tomou um primeiro... Nunca terminou o primeiro assalto, para você entender (fala rindo). E Eu tenho o um outro que já matou um. Éh São poucos. E Esse outro se chama Fantoma. Os galos, meus galos, tem o Fantomas, tem o Sabuguinho, morreu agora. Eu não sei, eu fiz uma viagem aí com as crianças aqui do Lus vel. Tenho a impressão que o meu filho mais novo, que ficou em casa, não tratou bem. E E ele morre u. Ele estava um pouco sentido da (), sabe? Então precisava ter um cuidado especial e E quando eu cheguei ele estava morto. Era um um galo muito bom, um galo canga, como chamam. Quer dizer Galo canga é aquele que não briga na frente um do outro. Mas que fica de lado e põe o pescoço dele em cima do pescoço do outro, entende? El e força o outro galo com o pescoço, assim. Então, é um galo que não não deixa o outro bater e que bate no outro. É um galo muito difícil de de perder uma briga. E Esse tinha quatro brigas ganhas, já. Já tinha vencido quatro vezes. Depois eu tenho o Dinamite, depois eu tenho o Fantomas, eu tenho o Lasca, tenho o Pulga, tenho o Coronel, tenho o Bodinho e... que mais? Tenho um que chama Marimbondo, esse matou dois já, matou um () em nove minu Foi campeão lá em Extrema. E foi um galo. É um galo muito bom. Ele ficou cego na primeira briga, logo. Eu Eu vendi, inclusive, por cento e cinquenta contos esse galinho, porque eu pensei que, não fosse dar mais, e ele está fazendo carreira, viu? Então, essa é uma da forma pela qual a briga decide. Matando. O Outra forma é quando o galo corre. O O galo tem raça. Mas, na verdade, nem nem todos os galos têm aquela raça para suportar um suportar um castigo. Geralmente, as raças indianas são mais fi t

SPEAKER 1: : Quais são as raças de galo? E

SPEAKER 0: : Existe a indiana, existe o malaio, existe o... o a o que eles chamam de galo-galinha, existe o calcutá, existe o in o o english old game, que é o velho brigador inglês. E Esse é bom, porque num tempo na Inglaterra o foi proibida a gala de briga. Então eles pegaram as raças de briga que tinham lá, que eram bons e raçudos, e começaram a a fazer a fazer uma linhagem de de de raças ornamentais. Depois abriu novamente a briga na Inglaterra e eles pegaram dessas dessas desses exemplares e quiseram novamente comprou uma raça de briga, mas não não tinham a mesma resistência ao castigo que tinha a anterior. E Esse meu Bodinho é inglês, mas é O o velho brigador inglês, sabe? E Muito bom, muito bom mesmo. Um galo que suporta o castigo. A Agora, quando o galo não tem muita raça, ele aguenta, aguenta, aguenta até um certo ponto. Depois ele diz, olha, (fala rindo) vou ficar apanhando aqui a troca do quê? Então ele corre na rinha. Corre e canta, canta como galinha, viu? (risos) S Sai berrando fora, pula fora ali, na inclusive daquele cercadinho. Tem lá, o tambor da rinha, uns um cercado almofadado. Então, ele cai fora. Então, quando ele canta, a gente cha diz que o galo afinou. Esse, inclusive, é um termo um termo de gíria usado. O o Camarada afinou éh Vem desse de galo de briga de de caçada de de avinhado. Curió, Bicudo e Canário da Terra. Esses três passarinhos também afinam. Curió, Bicudo, Canário da Terra e os sabiás. Sabiá laranjeira, sabiá coleira, a a araponga. E Esses passarinhos afinam. Quer dizer Quando eles encontram o mais forte, eles param de cantar. O passarinho não canta mais e o galo corre. Quando corre, geralmente ele ele não tem mais fi bra. Na outra briga, ele pode brigar, mas no noventa por cento da da possibilidade é dele correr outra vez. Então essa é uma segunda forma de ele perder. A A terceira forma é não bicar. Entende? Ele não corre, mas ele fica quietinho lá, apanha, apanha, mas não bica o outro. E Então quando ele não reage de de forma a a a evidenciar combate, ele perdeu. Vai ficar apanhando ali até morrer sem bicar. Você entende? E E a terceira é empate, né? Quando Depo, eles brigam uma hora e meia, cada quinze minutos, tendo dois minutos de descanso, para o banho, né? Para o banho e para a gente cuidar do galo, fazer massagem nele, por bico de prata, por... a ajeitar tudo isso. Então nas na se eles brigarem uma hora e meia e continuarem... Os dois brigando, empatou a briga. Aí Não tem con conversa. O bico de prata é é um bico postiço que a gente põe no galo quando ele perde o bico de cima. S Só pode pôr bico de prata no bico de cima, porque tem condições de amarrar na crista. D De baixo não. Perder o bi bico de baixo, praticamente o galo está perdido. Então, quando ele leva uma explorada e perde o bico, aí o a gente põe um biquinho que é feito postiço, um bico de de de aço inoxidável, entende? E põe lá o bico e amarra com uma um barbante, um codornê na crista do galo. E ele continua brigando com o bico postiço. Só que não pode pôr em cima do sabugo. Embaixo do bico do galo tem um uma cartilagem que a gente chama de sabugo. É É o sabugo do bico. Entende? Tem que pôr o bico, o a casca do bico, como se fosse uma unha, enci e prender com esparadrapo, e aí põe o bico de prata em cima. Então, você vê muitas vezes, o galo leva uma esporada na linha, o bico voa, voa longe (fala rindo) A Aí, para a briga, fica todo mundo ca achando o bico do do galo, para pôr junto, né, para achar, para pôr no galo. Mas, geralmente, o pessoal enxerga bem e acha lá o bico. Eu não tenho eu tenho meio problema, porque eu não enxergo de longe. Então, eu tenho que ter dois óculos. Um Um para longe e outro para perto. Mas, na briga, não dá para trocar o óculos toda hora (fala rindo) Então, eu perco muita muita coisa na briga, por causa disso.

SPEAKER 1: : Você falou de muitos acessórios que os galos usam para brigar. E há briga em que os galos vão, vamos dizer assim, em condições naturais? Há

SPEAKER 0: : Há, sim. Eles normalmente brigam melhor em condições na naturais. Por exemplo, ninguém põe um ga um bico de prata num galo se ele tem um bico natural. Bom. () () Então tem e existe aquele bico que eles chamam bico de cano. É É um bico com... não sei se você já perceu Olha, é que a gente não toma não presta atenção. Mas há alguns galos que tem um bico, assim, curvinho e depois em cima faz uma outra... E depois embaixo, entendeu? Tem um uma forma especial de bico que dá certa resistência a esse bico. Então, ninguém teria condições, teria se faria uma coisa de Porque, de qualquer maneira, o bico de prata é um é uma é uma amuleta. O galo não está inteiramente à vontade com o bico de prata. E Então, eles brigam brigam no melhor com o bico que eles mesmo têm. Mas, quando eles têm qualquer abalo, qualquer problema no bico, então a gente põe o bico de prata para poder dar condições do galo segurar. Porque ele tem que segurar com o bico, apoiar com o bico. para poder espor dar dar a esporada, entende? Então tem que ter apoio no bico. Outro Outra coisa, a espora natural, entende? Éh É sempre melhor do que artificial, se bem que a natural também ela é trabalhada, porque ela não fica normal, a gente pega e lixa a espora direitinho para afinar, para deixar bem fininha, entende? Passa sebo de de carneiro na espora para ela ficar lus rija e o galo briga com aquela espora. Na espora natural, a medida não é dois e meio, a medida é até três centímetros. Você entende? Porque a espora natural, ninguém vai serrar uma espora natural também para dar a medida de dois e meio centímetros. Então, ge em alguns lugares, inclusive, em algumas rinhas, não há medida para a espora natural. Espora natural pode ser de qualquer tamanho, mas a artificial tem que ser de dois e meio centímetros. A Antigamente era três mas como ma machucava muito os galos, passou para dois e meio em vez de três. Agora, eles brigam naturalmente, normalmente. E E brigam por por instinto. Ninguém ensina eles a brigar, viu, José? Uhum O galo briga mesmo. Quer dizer, é uma condição natural dele. Natureza. É É natureza. S Inclusive, o instinto de briga é maior do que o instinto de reprodução. Se você, por exemplo, pega um galo e e e e um galo e Eles normalmente não têm contacto com galinhas. São s São abstemias (risos). A Agora, você pega (fala rindo), por exemplo, um galo. Põe aqui. E E lá, vamos dizer, a dois, três metros, você põe uma galinha e um outro galo. Invariavelmente ele vai primeiro brigar para depois namorar. N Não há dúvida nenhuma. Pode soltar o galo. S Se ele não for em cima do outro galo para brigar, eu dou o galo de presente para você. E Ele sempre vai em cima do outro galo. S Se você puser comida, qualquer coisa que você quiser pôr. Ele vai brigar primeiro antes de qualquer... de satisfazer qualquer outra necessidade que o instinto determina. Você entende? É ins tinto e acabou Eles são são E são de (). Eu já disse muitas vezes para os meus filhos. S Se eles tiverem dez por cento da fibra que tem os meus galos de briga, eu vou morrer sossegado porque eles vão ser homem mesmo. Ho Homem no duro mesmo, viu? (risos)

SPEAKER 1: : Muito bem. Você ainda tem alguma coisa a falar de galo? Bom, assunto foi hiperinteressante, eu aprendi demais com o Briga de Galo, não tinha nem a mínima visão disso. Mas como você é um admirador dos animais, eu gostaria que você falasse um pouco também, naturalmente, talvez não com essa propriedade que você falou sobre o Galo de Briga, mas sobre outros animais, talvez o cavalo, cachorro, como...

SPEAKER 0: : Eu, num tempo atrás, aí ãh, cri criava cachorro. Tenho, inclusive, tinha inclusive um uma criação de de Fox Paulistinha. N Não sei se o senhor conhece fox preto e branco, que, inclusive, não não é não é é uma raça brasileira. Há duas raças brasileiras. O O Fox Paulistinha, que é uma uma espécie de uma descendência, ou uma uma cruza do Fox Terrier, aquele pelo duro. Então, ele dão e deu esse Fox Paulistinha, que é preto e branco, ou marrom e branco.

SPEAKER 1: : queria que você desse uma uma relação de raça de de cachorro, de cão.

SPEAKER 0: : Então, esse no eu tinha lá em casa. Eu Eu ganhei um cachorrinho e e e re e reconheci nele as características da raça. In Inclusive, uma pequena mancha marrom em cima do olho. E Ele tem uma mancha o olho preto e uma manchinha marrom em cima do olho. Aquilo é uma é uma def é uma característica importante da raça, viu? Então criava aqueles cachorrinhos. Eu tinha policial também. As a a o Os po os pastores alemães, como eles se chamam. Inclusive existe uma variedade bem grande de policial. O O capa preto, que é aquele que tem as costas pretas e o peito amarelo. Tem o preto inteirinho. Tem o Doberman, que é um policial também, mas mais esguio, com orelha cortada. E atualmente eu tenho em casa uma só, uma uma cadela, que é é de é de uma de uma linhagem extraordinária. É uma bóxer alemã, que o um o meu filho tem um xodó. Esse e Esta cachorra faz mais pela educação do meu filho do que qualquer professor de qualquer um indivíduo que eu conheço. In Inclusive eu. Ela é melhor para educar ele do que qualquer outra pessoa. Eu não creio que exista nada para educar um uma criança do que um animal. E, inclusive, a minha mulher me amola muito, porque acha que eu gasto muito dinheiro com a cachorra, porque ela tem que comer uma comida especial. Mas o dinheiro que eu estou gastando com ela não é com ela, é com com com o meu filho, viu? Porque o tempo que ele está preocupado com o cachorro, ele não está preocupado com outras coisas piores. Então, eu fiz um canil para ela, ele leva para passear, etcetera Ela é desc tem uma descendência toda, dela é campeã. Ela a A mãe dela é a única que não foi campeã da raça, porque era de propriedade do presidente do (), e ele não podia pôr a cadela como... para concorrer, enten de? Senão teria sido também. O Ora, tem o tem o o eu já mencionei o Boxer, já mencionei o Fox, o Fox Terrier, o pelo duro, o Fox Alemão, o Fox esse Fox Paulistinha, já mencionei o o o o Doberman, existe o pass o Colley, que é um um cachorro muito bonito, inclusive ficou celebrizado pelas Lessie, Aquela cadela que apareceu no cinema, fe fez uma porção de filmes. Tenho o o São Bernardo, que é um cachorro extremamente útil. Ele se constitui numa numa numa instituição de utilidade pública, lá nas nas naquela naquelas regiões lá éh onde há muito frio, onde há gelo. O Pequenês, cachorrinho de luxo. Tem o... um o o como é que chama? O a Aquele linguiça, aquele cachorro comprido éh... ãh Basset. É um cacho rro que, cachorro que inclusive, há uma uma anedota interessante. S Saiu no no no num concurso que foi feito sobre o que os as crianças achavam dos pais, sabe? Então, uma criança disse que o pai era o pai dele era formidável porque sempre tinha uma forma de resolver os problemas. Aí dizia assim que eles eram sete ou oito crianças, e todos queriam ter um cachorro. Então ele comprou um Basset, que é um cachorro compridão, parece uma linguiça, e cada um podia pôr a mão no cachorro sem precisar comprar mais de um. Todas as crianças podiam pegar o cachorro, porque ele é é comprido o suficiente para cada criança pegar. E E e e outra coisa que eu gosto muito é cavalo. Acho que o mês passado, não sei, um uns três, quatro domingos atrás, em em Jundiaí, na casa de um amigo nosso. ### Ele é tem uma f uma indústria lá de uhn uhn de de ãh de ferramenta, fabrica ferramenta para para as indústrias automobilísticas. E ele é apaixonado por cavalo, Mangalarga. Inclusive o cavalo Mangalarga é uma raça brasileira também. É engraçado, a gente não sabe muito dessas coisas. Existe muita coisa que é raça é raça brasileira. Mangalarga é raça brasileira. É É um cavalo descendente do Andaluz. Andaluz é um ãh cavalo árabe. M Muito bom. Éh Existe muito desses Andaluz na Espanha e em Portugal. Agora há pouco, um criador de Goiás comprou um andaluz por trezentos mil cruzeiros. E E o secretário da agricultura aqui do estado de São Paulo quis comprar esse cavalo, mas ele não vendeu. E e Esse senhor lá tem uma criação de Mangalargas. Chama-se Mangalarga porque quem introduziu esse essa raça aqui, trouxe os os primeiros exemplares de Andaluz para cá, foi o Pedro Segundo, qualquer coisa assim. Ou o primeiro, um dos dois, acho que foi... Qual foi que ficou lá em Petrópolis? Foi o se gundo, né? Acho que foi () Inclusive tem aquele... E e e na fazenda onde ele pôs esses cavalos chamava-se Mangalarga, entendeu? E por isso ficou o nome da da raça. O a Atualmente, possivelmente, o a família que domina, que tem o predomínio dessa raça no Brasil, são os Junqueira. Família Junqueira. Tem uma porção de fazendeiros por aí. Esse senhor, inclusive, tem um o campeão da raça, o o re o melhor reprodutor da raça no Brasil, um cavalo que se chama Curió. ### E ele já injetou duzentos mil cruzeiros por esse cavalo. A cobertura do cavalo, ele não ele não não não vende uma cober tura por nada. Fala. É é dez mil cruzeiros uma cobertura. Entende? E e eu fui lá ver os cavalos dele. Então, a gente tem que ver as características do cavalo. O cavalo tem que ter um pescoço bem bem lançado, como eles chamam, entende? Um pescoço não leve, mas bem lançado. Com a paleta, a paleta é o o a perna, a parte a perna da frente, a mão do cavalo. Ela vem e o osso, quando chega num encontro com o corpo, ao invés dele subir reto até aqui, na uhn uhn uhn no fim da crina, entende? E Ele faz um uma diagonal. Ele vai ele vai em diagonal até lá em cima. Isso dá as características. A A anca tem que ser uma anca bem feita. A A separação entre o ringo-cavalo e a anca tem que ser o mínimo possível. Ter poucos dedos de separação. E Então, a essas caracterí... O a orelha, a cabeça, o focinho, tudo isso tem que tem que ser definido, bem definido, com musculatura bem definida. E ele tem uma... Eu acho que, eu não sei, tenho a impressão que daqui a uns dois, três anos ele vai ser, possivelmente, no Brasil, o indivíduo que tem o maior plantel, o melhor plantel de mangalarga. E Mangalarga é aquele cavalo, é o Mangalarga porque o tempo, o tempo em que o cavalo, éh no trote, o tempo em que o cavalo tem é o os as patas fora do chão é menor. Entende? Então e ### tem menos menos tempo f, o o o passo dele tem éh demora menos tempo do que os outros. E Então éh éh ele não provoca muita muita muita agitação no cavaleiro. O o Andaluz, inclusive, éh ha havia uma uma prova que eles faziam para demonstrar que o cavalo era bom, de carregar um copo cheio de vinho na garupa do cavalo, sem deixar cair. Inclusive, há pouco tempo atrás, houve um filme na no Walt Disney, naqueles naquelas  série de Walt Disney. As crianças assi stem muito. Eu gosto que eles assistam a esses filmes, viu? E um cavalo andaluz, que o menino treinou e e, quando foi na na competição, tinham dois cavalos que estavam empatados. E E, para decidir, o menino pôs um copo na cabeça, em cima do chapéu, e andou com o cavalo. Para para ev E essa era a prova definitiva que eles usavam nos torneios de de passo de cavalo antigamente. E e essa raça éh é u é uma das raças que existe aqui no Brasil. É nacional é o O Mangalarga é um vamos dizer é uma é um descendente dos andaluz e eles têm umas características dessa aí Outra raça de cachorro que é na brasileira é o fila brasileiro. Inclusive, eu não sei se você sabe que o fila era o cão usado pelos pelos bandeirantes quando exploravam aqui o o sertão do do do Brasil. O cachorro, inclusive, tem uma participação muito grande na na na extensão terristorial do Brasil. E E eles usavam esses cavalos e os boiadeiros usavam esses cavalos, esses cachorros, o o o fila. Inclusive, o fila tem uma característica que é própria da que da da raça que tem que o que trabalhar com isso. () () A pele dele é é solta do do corpo. Ele tem uma pele, é como se fosse um saco muito grande. O cachorro está enfiado dentro de um saco maior do que ele. E Então a pele fica so solta, para quando o boi cifrar, não pegar a carne, pegar só a pele, entende? E E essa é uma raça brasileira também. São cães muito bons, guardas, muito grandes, comem uma barbaridade, gastam uma fortuna para sustentar um cachorro desse, mas são extremamente fiéis e muito bravos, de uma ferocidade fora do comum. E E assim a gente vai se divertindo, Zé. Essas recriações é que eu gosto.