SPEAKER 0: gravação dia vinte e dois de março de () Então, já que você falou que gosta muito de cinema (risos), vamos começar com o cinema. Eu fui ver esse filme, A Classe Operária Vai ao Paraíso, filme italiano, com Jean-Marie Volonté, aquele que fez o Caso Mattei. Não sei se você assistiu. Não Não. Falaram que é muito bom. É muito bom o filme, muito bem feito e trabalha muito bem. Se não me engano, é um ator que começou a trabalhar em cinema há pouco tempo. Relativamente há pouco tempo. Ele deve ter mais ou menos uns trinta e cinco, quarenta anos. Mas é ultra-expressivo. No caso, Matei, ele faz, representa o papel do principal, que é do dono de uma cadeia de, de empresas. e neste é o de um operário, para ver as diferenças. O oposto, completamente. O operário daqueles que é obrigado a chegar na hora certa com o apito da fábrica, a entrar, e sofrendo as pressões sociais e da própria classe, porque ele é um operário exemplar, Até que, com o passar do tempo, nessa mesma atividade, ele perde um dedo na máquina. E, como operário exemplar, ele sofre uma verdadeira pressão, não só externa como interna. Na fábrica, porque ele começou a trabalhar aos onze anos de idade, então tinha vinte anos de, de empresa. E ele conhecia tudo. Então ele era chamado para ensinar os demais e () todos se revoltavam contra ele por causa disso. Até que ele perde o dedo na máquina e se revolta contra o fato, mas tudo acontecendo ao mesmo tempo naquela pressão inexistente. Porque durante todo o tempo que se passa o filme há um clima de, de greve, de, de pessoas a concitar a greve por parte dos sindicatos. mas aquela pressão, com barulho, com constância, constância até irritante. Todo dia, às oito horas da manhã, apita a fábrica, todos entram, e, os, aqueles que, que querem consultar a greve estão de alto-falantes ali à volta da fábrica gritando, precisamos entrar em greve. Então, aquela pressão tremenda sobre todos os pontos de vista. inclusive um ponto de vista pior que a poluição sonora, né? E a pessoa já entra na fábrica aturdida. Aí ele, então, se revolta e eles passam por uma... uma fase, assim, diferente de, de chegarem a fazer greve e obterem depois aquilo que queriam, em parte, mas... Até chegar o fim do filme, eles estão voltando àquela mesma rotina, entrar às oito horas com o apito da fábrica, tudo igual, chegando cada qual à sua máquina com as mesmas palavras que o chefe diz no meio do salão, cumprimentando a todos de manhã, fazer a mesma coisa repetidamente, saindo a mesma hora, chegando deitada cansada, vendo televisão cinco minutos, deitando no dia seguinte, repetindo tudo. De certa forma, eu acho que reproduz bem, pelo menos, a vida que se tem na cidade de São Paulo. Não posso dizer que seja no estado, nem muito menos no Brasil, mas na cidade de São Paulo, até aqueles que se dizem com profissão liberal, não podem deixar de entrar nessa rotina, nessa, nessa tremenda poluição geral, poluição de barulho, de pressões, de... violência, como nós temos ouvido aí todos os dias, né? Então me impressionou o filme por isso. Por essa, por esse retrato que a gente tem da vida que a gente mesmo leva. No fundo, todos nós levamos a mesma vida, não só o médico, o advogado, o engenheiro. É só estar dentro dessa cidade de São Paulo que é obrigado. E quanto ao filme, propriamente di> A montagem. Qual a diferença ()? Comparando com o papel de filme, pode ser mesmo por causa da ()? () os dois, eu não tenho bem certeza, mas parece que os dois são dirigidos pelo mesmo... () tem o mesmo diretor () Achei um pouco semelhante na questão de montagem. Agora, achei de ótima técnica. tanto um quanto o outro. Caso mateia, classe operária. Agora, para mudar um pouco de assunto, para falar sobre uma coisa mais agradável, eu poderia citar o Uma Casa Sobre as Árvores. () viu () Não, não cheguei a ver estou com vontade É uma coisa... É um filme muito bem feito, tecnicamente muito bem feito, com paisagens maravilhosas, e com cenas muito bonitas também, onde trabalham duas crianças, sendo que uma delas, a mais velhinha, de dez anos de idade, é ultra-expressiva, trabalha muito bem. Também não deixa de, de demonstrar no filme a bendita pressão que o homem sofre. A impressão que a humanidade sente vontade de contar ao mundo esse drama que ela passa. Porque muitas vezes a gente cala, não diz nada, vai levando, vai passando o tempo, vai trabalhando, vai tentando esquecer essas coisas todas. sempre o artista, aí se incluiria o próprio cineasta, procura demonstrar esses dramas todos, não só esses individuais como os gerais. Assim como na pintura, em qualquer outro ramo da arte, no teatro, () esse tipo de demonstrações. É o caso de um rapaz que sofre uma pressão por parte de uma... uma organização mesmo, para, por causa de um segredo. Se não me engano é isso, não sei se estou me lembrando bem. Então, dentro desse drama, focaliza mais o drama da família dele, da mulher e dos dois filhos. Enfrentando essa problemática toda. Uh A fotografia é excelente. Tem paisagens maravilhosas da França. O filme do René Clemence passa na França mesmo. E dos dois a gente conclui, dos, dos três até, () e eu incluiria também o caso Matei, dos três a gente conclui essa, esse massacre que existe contra a humanidade atualmente, às vezes até involuntário. Sobre o que mais? E agora, outros tipos, assim, de, de diversões () () teatro () () O último que eu vi foi o tango. Chama-se tango. Realmente. Dirigido pela Viradate. Viradate foi meu contemporâneo de escola. Eu já fazia teatro na faculdade, tá? Há bom tempo atrás. É uma peça muito bem feita, mas o primeiro ato não nos dá a mínima noção do que possa ocorrer depois. Porque o aspecto é de derrota, o cansaço de todos os atores, uma vida rotineira também, no fundo, pega uma semelhança com, com os filmes, né, o assunto também () Eu acho que é um assunto que está mais em voga mesmo. Mas com o decorrer da peça, do segundo, do terceiro ato, ela se torna movimentada, a peça toda, e se tira também conclusões bem importantes a respeito. Porque é uma família de pessoas de meia idade, incluindo uma que é avó, e um tio idoso, e um rapaz, que é o único filho da família, é o mais novo, da, do grupo todo, a querer que a família mude de modo de pensar, a querer renovar lá dentro daquele grupo a maneira de pensar, de agir, e ele consegue isso muito bem, porque a família chega a tal ponto que ele se revolta contra aquele ponto que a família chegou de... como eles chamam lá, de ser para frente, de não ligar para nada, de achar que tudo está certo, a mudar completamente, inclusive na maneira de vestir, achar belíssimo, essa maneira totalmente diferente de viver, sem responsabilidade, sem nada. Então o rapaz se revolta com esse ponto em que chegou a família. E no último ato, o rapaz acaba se casando direitinho, na igreja, com véu e Grinalda () Toda formalidade, todos os elementos tradicionais. Então volta-se também ao que era. Acho que nós estamos chegando a um ponto que só se demonstra a revolta, a pressão, E, de certa forma, a vontade de querer voltar ao que eram os nossos avós, os nossos pais, a vida deles, mais sossegada, mais suave, com mais tempo, mais tempo de, de conversa, por exemplo, de se ter um hobby. Coisa que, hoje em dia, é muito difícil de saber. SPEAKER 1: Mas o cinema costuma mostrar isso na sua SPEAKER 0: () Nem sempre, né? Depende do, do tipo do filme. (risos) depende do tipo do filme Principalmente os filmes italianos, franceses, que são... Em geral, os filmes latinos, de origem latina, eles dão quase que, que como uma explosão do assunto. Então eles trazem, assim, à tona, () até com uma certa violência, mas é aquela violência que todos sentem, que estão... estão sofrendo aquela pressão, então eles transmitem a tela. Já não é o caso dos filmes americanos, que quando querem demonstrar violência, eles se excedem, mas não na, na parte que, que possa demonstrar sentimento propriamente () dos, dos atores, mas na, mais na parte intelectual, vamos dizer assim. E já os latinos, não. latinos a gente nota bem a, a diferença no que Evidentemente que depende de bons atores, é claro, mas que eles possam representar o sentimento do povo, principalmente. Que está sofrendo a pressão, que está levando a vida que nunca quis levar, não é, nunca quis viver daquele jeito e é obrigado a viver. Então é uma, uma boa diferença, sem dúvida nenhuma. Claro, de filmes ingleses e de outras origens, eu () não tenho visto ultima> >mente () () teatro agora tem () Uh. Na parte de teatro mesmo, não quanto à peça () não são tão tradicionais na, na apresentação do próprio teatro. Como assim? tem palco () é () teatro de arena Uhum. Eu estive faz, faz muito tempo, não posso, () posso me lembrar, mas por que você pergunta? Não porque () () (risos) Eu não posso, não posso mencionar uma peça que eu tivesse visto assim que eu me lembre, não, viu Já faz muitos anos e eu não, não tenho ido a teatro assim muito. nem quanto ao teatro () Apresenta () o aspecto físico do teatro? Não, eu só tenho ido ultimamente aos tradicionais com o palco e a assistência ali. () não esse () () (risos) e ago> SPEAKER 1: () SPEAKER 0: () () maravilha (risos) Ah, ficar na praia tomando sol, vivendo aquele, aquela beleza toda. estive em Ubatuba agora no carnaval passei cinco dias lá mais ou menos estive na Ilha Bela também () () maravilhosa Bem que um dos dias não foi muito bom, mas () no geral foi bem proveitoso () E o contato com a natureza é a coisa melhor que existe para gente Talvez justamente por vivermos dentro da cidade, uh, obrigados a estar em ambientes fechados e respirando ar poluído. Então a gente sente aquela necessidade enorme. Por outro lado, a gente vê pessoas que vivem no campo ou mesmo na praia, os caissaras, a terem como grande objetivo da vida, virem para cidade. Não é? Tanto assim que vários deles realizam, vêm para cá (), acham que aqui vão ficar ricos acabam ficando geralmente loucos, né? (risos) Ou quase. Sem dinheiro, com muita conta para pagar e sem possibilidade de viver. E nós que vivemos na cidade, eu principalmente que nasci na cidade e acompanhei o crescimento da sociedade toda, eu sinto necessidade de estar em contato com a natureza. ou campo ou praia mas a praia ainda me atrai mais A Ilha Bela, você conhece? Não Não conhece? Você precisa ir lá urgentemente. Você precisa conhecer a cachoeira que tem lá na Ilha Bela, chamada Toca. É uma coisa belíssima, espetáculo, maravilhoso. Evidente que é bem menor do que as sete quedas, mas é muito bonito. As plantas, aquelas árvores seculares que tem lá dentro, no meio daquela cachoeira, os galhos se entrelaçando, as flores silvestres todas ali. E com exceção dos mosquitos, o passeio é maravilhoso (risos) () () trabalham bastante, trabalham bastante sem dúvida nenhuma, são () Mas o que se aproveita desses passeios, o ar puro, o sol, a praia, aquela visão () daquelas palmeiras, por exemplo, que tem na Ilha Bela, é () parecido um pouco com a visão que a gente tem das praias do Norte. verdadeiras paisagens () Ali, a sua mão, uma água límpida, azul, você entra e vê o, as pedras no fundo da areia e todo aquele espetáculo da, da paisagem, da, das flores, paisagem toda, enfim. e a paisagem () das praias, da praia, por exemplo, de Ilha Bela é diferente das do nordeste Eu não conheço as do Nordeste, só por fotografia. São diferentes, as paisagens são diferentes, sem dúvida. As praias do Nordeste são muito extensas. Nós não Eu, pelo menos, conheço poucas mesmas do Sul. A de Ubatuba é bem extensa, mas a (), o tom da areia, por exemplo, a vegetação mesmo, é toda ela diferente. A praia de Ubatuba é muito bonita e muito, muito extensa () tem () cinquenta quilômetros de praia Uma coisa enorme. Você não conhece nenhuma dela? Nem de Caraguatatuba, nem de São Sebastião, daquele lado. É uma coisa linda. A estrada aqui não é nada boa, né? () É. O acesso não é nada... () desanima um pouco. Mas... a gente só pensar no descanso que a gente vai ter já vale a pena viu Vale a pena a gente ir para lá e aproveitar toda aquela beleza. E eu costumo me entregar à natureza. () mar sem hora para nada () Não faço assim tanto. o meu divertimento é visitar, conversar com caiçara Adoro conversar com o povo. E a gente aprende muita coisa conversando com eles. o povo em geral não sei se é da praia é claro Mas eles têm uma verdadeira filosofia de vida, né? () aquela ignorância toda Eles ainda têm muita força para, para viver. Para vencer dentro dos limites deles. () () () e quanto ao cenário mesmo, assim, dessas praias, () de Ubatuba para Ilha Bela () () São um pouco diferentes. Ubatuba não tem tanta vegetação à beira, à beira-mar. () a Ilha Bela já por ser uma ilha embora grande você vê coqueiros e várias... a maior parte da vegetação você percebe que é natural. Ubatuba tem também, mas não à beira-mar. Então, e é mais... o mato que a gente conhece não são aquelas plantas características. A palmeira, por exemplo, é característica do coqueiro. E > E... e outros que não me ocorrem agora nos nomes, mas são bem características inclusive algumas floridas são muito bonitas Na estrada a gente tem a visão das paineiras, que agora estão floridas. Você conhece paineira, não? () Manacá da serra A estrada já é muito bonita, ela só não é boa () na conservação e mesmo na... na forma, ela é muito cheia de curvas e parece que o solo está cedendo a cada dia que () () esse perigo Tanto que naquela tragédia de Caraguatatuba, em sessenta e oito, eles fizeram um exame mais profundo e chegaram a essa conclusão. E agora estão fazendo desvios. Espero que seja para esse fim, para justamente evitar esse problema. só fui até Ubatuba () Além disso, () um bom ponto depois da cidade de Ubatuba () Agora, o nosso caiçara precisa de muito mais assistência do que nós ouvimos dizer que tenha () () quando tem () Quando tem. Eu acho que melhorou bastante. () Estão muito afastadas, parece que eles vivem num outro mundo, viu? () Completamente diferente da, daquilo que a gente costuma ver mesmo em São Paulo, os mais ignorantes. Não tem a mínima noção de nada. () parece outro povo Exatamente, lembra (), parece um país à parte. A única identidade é falar português (risos), a gente entende mas não tem, eles não têm união entre eles, cada qual vive no seu casebrezinho e naquela vidinha bem humilde e geralmente sem cuidar da, dos filhos, direito, sem cuidar da própria casa. Às vezes tem possibilidade, () para trabalhar é muito difícil, para que ele se atenha ao trabalho, para que ele passe a querer bem o trabalho. Mesmo essa parte de povo, eu acho que a parte de povo é muito importante, viu No fundo, no fundo a gente vive O homem vive pensando no homem, né? Sem dúvida nenhuma. O mundo todo () evolui ou involui em direção ao homem, para o homem, pelo homem. Mas ainda temos muito a fazer. Temos muito a fazer no Brasil, pelo menos pelo lugar que a gente conhece. Um pouco. São Paulo, conheço mais ou menos. O povo do interior já é diferente, já tem mais noção do interior de São Paulo, bem entendido. Já tem mais noção das suas obrigações, da, da, das necessidades, por exemplo, de seus filhos, de escola, de trabalho. Então, ele já tem uma direção melhor do que a do caiçara O caiçara fica () realmente um povo à parte. Vive diferente, trabalha diferente e... dizem, e eu acredito que seja mesmo, o grande problema é a ignorância, sem dúvida nenhuma. Mas é o povo que mais sofre doença () A maior vítima de doença é essa parte do povo que fica à beira-mar. Por ignorância, sem dúvida nenhuma. Mas com toda assistência dada, eles ainda custam para aceitar. Eu assisti, por exemplo, um caso que ocorreu lá, vizinho, uma caiçara, viúva, sozinha com cinco filhos ou coisa assim, coisa bárbara Veio à meia-noite na casa do () () casa que era ao lado, uh, dizer que o filho estava doente, mais velho, tem dezoito anos () Ele tem dezoito anos, mas é raquítico e tem aspecto de catorze, quinze anos. Magrinho, Então, ela disse que estava doente, como nós estávamos afastados da cidade, eu peguei e botei o papai no carro, fomos até o, a Santa Casa. Chegando lá na Santa Casa, primeiro ela disse que ele se queixava de que não podia nem falar, nem ficar de pé, que estava com dor no estômago. Chegando na Santa Casa, aí a gente viu outro aspecto do problema. Levei o documento do menino para entrar, era terça-feira de carnaval, portanto, normalmente estariam () qualquer outro hospital fechado, se bem que eu acredito que seja só a Santa Casa lá em Ubatuba, único hospital, e E o rapaz entrou, ele tem a carteira profissional, mas não é registrado, não tem emprego. Então, chegou a entrar, o médico chegou a começar a examinar, quando A pessoa da administração chamou uma pessoa que estava comigo para dizer que precisava pagar oitenta contos da consulta, oitenta cruzeiros da consulta. E essa pessoa que estava comigo reclamou, porque o rapaz não tem emprego, a mãe não tem emprego. Lava a roupa, cuida da casa, faz uns trabalhinhos manuais de cesta, de tapara para vender, mas não tem nada certo, não tem amparo nenhum, não tem ene pê esse, não tem nada disso () Então, Esse senhor que estava comigo reclamou que Santa Casa não deve cobrar, porque não poderia, pelo menos naquele caso, porque não poderia pagar. Então, foi difícil para a gente conseguir, eu tive que falar com o médico, conversar, explicar todo o caso, para ele atender de graça, poder medicar o rapaz, pelo menos dar a receita para a gente poder medicar o rapaz. São ignorantes, sem dúvida. Sofrem de doenças mais variadas. E na hora que precisam de um médico, existe esse problema. Se fosse no particular, seria bem pior, né? SPEAKER 1: () mas esse problema é bastante comum, né? () SPEAKER 0: Falta de hospital... Ao mesmo tempo, o hospital que atende cobra, agora a Santa Casa não pode cobrar. Não é? Cobra. Agora o governo precisava assistir melhor, deixar, colocar mais postos de assistência médica () É necessário, mesmo mesmo () fosse muito geral, né, só para ver () () para examinar, porque é muito específicos, né um cuida só de uma, de uma coisa () gerais () exato () clínica geral, né? Atendendo a qualquer pessoa dentro daquele meio que eles vivem ali, que eles precisam de uma assistência médica constante, sem dúvida nenhuma. Agora, já geralmente estão longe da cidade. E ainda com essa dificuldade toda, então permanece. a doença, permanece a ignorância, e acaba um ciclo vicioso, porque não há solução para isso, não se vê uma solução prática para isso. Agora o Brasil é muito grande, São Paulo também é muito grande, o litoral é enorme, evidente que precisa de tempo para isso, () uma necessidade de ter tempo, muita boa vontade, muita coragem, muita gente de coragem para ir lá. Muita briga. Para se dispor a ir lá ao médico, por exemplo, () se deslocar para o litoral para viver lá, não é uma vida que, que atraia muito, né? () e é bastante agitada () É, é bem procurada por diversão, mas como trabalho é difícil, porque lá tudo é difícil, é tudo muito longe () Mesmo escola, é, os filhos, por exemplo, do médico, onde vão estudar? Vão até o primário e para São cidades muito antigas, muito pequenas, são bem atraentes, () nesse aspecto de história, são bem atraentes. Tem casas antigas, inclusive algumas das cidades que nós passamos, tem casas ainda que foram visitadas por dom Pedro, o caminho dele pelo litoral. Paraibuna é uma das cidades antigas pela qual a gente é obrigado a passar. e todas as demais () Aquela pracinha tradicional com a igreja e aquele grupo de, de sobrados bem antigos com aquelas sacadas. () tem coisas mais bonitas () Lá mesmo em Ubatuba tem um sobrado muito bonito, digno de ser conservado e ser tombado no Patrimônio Histórico Nacional. Uma beleza. mas (), infelizmente, não tem conservação nenhuma. () está sendo acabado Está se acabando () Logo, logo vai desmoronar. Porque eles vêm aquele (), aquela cidade só pela praia, né? É, o pessoal geralmente procura pela praia, mas a cidade tem seu encanto também, não deixa de ter. Mas mesmo a parte assim de ajustes () é mais uma parte de limpeza () de praia () eles deixam de lado () é lógico o governo não pode fazer tudo não dá tempo As cidades, as cidades todas vão crescendo muito, assim, sem método. Não dá tempo de se cuidar de tudo () (risos) É muito rápido. Só a procura que tem nessas praias em férias, em feriados () (risos), para eles deve ser uma procura tremenda. Os comerciantes agradecem, né? Porque sempre a renda, eu acho que, decomplica. Se, se não for mais. Mas não deixa de abalar a vida da cidade, né? Tudo fica diferente. () função daquela época, né? () Exato. Acabam vivendo em função do turista, né? () paisagem assim de campo () () Campos do Jordão () Você conhece? () Mais ou menos. Já foi para lá, né? () Eu também, faz muito tempo. Mas a gente grava aquelas paisagens lindas, né? Gostei muito. () viagem curta, mas muito agradável viagem de três dias, eu acho, aproveitando o feriado Porque, não sei se você sabe, os profissionais chamados autônomos não têm férias. Então, aproveitam os feriados em sábados e domingos, fim de semana. e a paisagem predominante () o tipo de paisagem predominante Como assim? A parte de construções ou da, da parte natural? () natural Bom, é uma paisagem completamente diferente de tudo que se vê aqui perto de São Paulo, né? Paisagem tipicamente europeia, mesmo aquelas plantas que nascem em decorrência justamente do clima, ser mais frio. A hortência, por exemplo, aquela flor azul linda, ela cresce em Campo de Jordão naturalmente. Agora aqui em São Paulo já é diferente, tem que haver um cuidado todo especial, (risos) luz, não cresce, ela amarela e fica assim muito, uma corzinha muito fraca, o azul. E lá em Campo de Jordão aquilo salta aos olhos, aquele azul, () roxo salta aos olhos Chama atenção logo que a gente chega, né? Foi o que mais me chamou atenção em Campos do Jordão foram as hortências. Embora eu nunca tivesse gostado de hortência engraçado, né? () achei o () sem graça, mas lá em Campos do Jordão elas tomaram um aspecto completamente diferente () acostumado a ver () artificial, né? () É, e mesmo aqui você vê uma bonita mesmo. Me chama a atenção e me deu mais vontade ainda de ir para a Europa (risos) conhecer as paisagens europeias () Deve ter coisas muito bonitas, né? Tenho pouca coisa para contar, porque saio do meu trabalho, pouco resta (risos) e agora por exemplo paisagem feia a senhora não gosta () na beira do () Pescando na beira do rio? (risos) você gosta de pescar? Ah, um pouco (risos) É? (risada) Criada em Dracena, né? (risos) () eu já pesquei em beira de rio faz muitos anos já E gostei, sim. Gostei da experiência. A beira do Rio Paraíba. O grande, né? tem umas paisagens () Tem paisagens muito bonitas também. Mas eu tenho a impressão que o pesca não é o meu esporte favorito. Tem que ficar muito parada, sabe? (risos) Eu não me habituo a ficar parada, não. Mesmo quando eu estou em praia, eu estou sempre andando. Eu não consigo ficar deitada, tomando sol. Não há possibilidade de... quinze minutos parada, não é possível Eu tenho que andar, subir. Para mim subir em cachoeira, em pedra, ver coisas novas é uma diversão fabulosa. Mas parada não () () na estrada de Ubatuba tem uma cachoeira belíssima () Antes de chegar? () estrada acho que antes de chegar a () () então você conhece Ubatuba? () () conhecer () Existem uma, duas cachoeiras lá em Ubatuba mesmo, pertencentes ao município de Ubatuba. () Chegando de São Paulo lá? () () é possível, eu visitei uma delas () () daquelas duas que existem, que eu ouvi dizer que existem, é a maior E é realmente muito bonita. Mas não se compara com a cachoeira da Ilha da Bela de jeito nenhum. A da Ilha Bela é imponente, maravilhosa. SPEAKER 1: essa eu não conheço (risos) SPEAKER 0: () mas a de () Chegou a subir lá? () () () () SPEAKER 1: () SPEAKER 0: () () () () ela precisou de um documento, então eu fui baixar. () Ah, só uma ansiedade e isso aí. Porque não deu tempo de () () (risos) () () () é () horrorosa Só quatro horas para ir, quatro horas para voltar, vocês já pegaram quase o dia todo, né? Já consumiram quase o dia todo. Depois pegar a dutra aqui também não é nada fácil, né? (risos) () a última vez que eu estive lá, quando eu cheguei na via dutra estava começando a escurecer E foi um martírio, viu Coisa horrorosa. Muita gente chegando, muito movimento e muito abuso. () foi tremendo () Caminhão e ônibus ultrapassando e... tran> () pela estrada () sem falar que a gente não tem mais onde parar na () porque transformam em pista () Tudo se transforma em pista e não se enxerga mais a estrada. Os faróis impedem da gente enxergar o, o leito da, da estrada. E, para mim, isso é uma verdadeira aflição. prefiro dirigir de dia, fico mais sossegada e vejo tudo () gente, né () () mesma hora, é () todos na mesma hora sem dúvida Eu acho que lá no litoral, pelo pouco que nós andamos por lá, acho que metade da população de São Paulo estava lá Demais! Aqui mesmo não fica ninguém. Nossa senhora! Você passou aqui? De carnaval? não () ah você foi para Minas Aonde? Passos. conheço () terra () paixão dele (risos) A paixão do () é paz É norte de Minas ou é sul? () É sul. Sul de Minas. Tantinho de turma. De Minas eu conheço belo horizonte de passagem só () É uma cidade muito bonita. Cidade planejada também, né? É. Moderna. E agradável, mas foi rapidamente. Depois fui para a pousada do Rio Quente. Já ouviu falar? () () Parece que pertence ao estado de Goiás. Tem até um foguete aqui. é um, é uma beleza de lugar também, viu? Vale a pena a gente visitar. () tem a vantagem de não ser poluída (risos) é é () sai dos centros da cidade E já fica livre da posição, né? Uhum () Aí tem a água quente natural. Poço de água quente. Acho que é um poço só. Mas a água chega quase a ferver. Em certo ponto. Depois mais fria. e depois () existe () esse hotel aqui que explora uma parte lá () () totalmente natural () Totalmente natural. E a água, dizem também, tem propriedades de cura, né? () é bem interessante () () é bem longe () Passa-se por Minas, chega-se a Goiás, e antes de chegar em Brasília, Caldas Novas. isso mesmo Mas é um lugar muito bonito também, bem atravível. você () pelas paisagens () tem coisas lindas, não é () É, muito bonito. O Brasil tem () muita coisa ainda para gente conhecer, né? () () eu gostaria demais de conhecer o Brasil inteiro pretendo conhecer de norte a sul Litoral, campo, a parte interna () E em Minas, por exemplo, Goiás, a gente tem essas paisagens diferentes, né? Principalmente fontes, instâncias, () mineral