Inquérito SP_DID_145

SPEAKER 1: : () do dia dois de ja () mil novecentos e setenta três, então nós gostaríamos que o senhor falasse para nós, uh, como () uma descrição mais física da cidade de São Paulo Física? () E que aspectos mais lhe chamou a atenção?

SPEAKER 0: : () bom, uma descrição física, eu que nasci em São Paulo, Sinto uma cidade desordenada, cheia de contrastes terríveis, com problemas que, que vêm desses contrastes e que vêm também do crescimento populacional muito rápido () Enfim, é uma cidade que fisicamente, eu acho, angustiantes para quem habita nela, oferece muito mais problemas do que, do que atrativo

SPEAKER 1: : Que tipo de problemas ()? Problemas

SPEAKER 0: : () pela sua própria topografia () São Paulo, quase todos os problemas de São Paulo são de muito difícil solução. Exatamente porque ela começou muito modesta até () Eu, eu acho que São Paulo, até quinze anos atrás, tinha quase tudo uma província, uma simples província, mas sempre com a pretensão de ser uma grande metrópole. Eu acho que só hoje que ela está alcançando isso. Então, me parece esse o problema principal. Então tudo que se tem que fazer em São Paulo é na base da destruição. Primeiro destrói para depois tentar construir alguma coisa. Então é por isso que o paulistano está desesperado com a destruição generalizada. Primeiro se derruba tudo que foi mal feito para se tentar construir alguma coisa que torne a nossa vida pelo menos suportável. Particularmente eu a acho insu Eu detesto viver em São Paulo. É uma cidade péssima, sob quase todos os pontos de vista () Tenho orgulho pela sua pujança, pela sua força, pela sua riqueza, mas acho ela péssima. Gostaria de morar em qualquer lugar, menos aqui.

SPEAKER 1: : E o que menos o senhor gosta, o que menos gosta?

SPEAKER 0: : Do que eu menos gosto? Bom, até pouco tempo atrás era exatamente dessa pretensão. de ser uma grande metrópole quando era pouco mais que uma província Até isso é muito importante em mentalidade. o paulistano era tremendamente provinciano ()

SPEAKER 1: : E dentre esses problemas que torna São Paulo angustiante (), () qual o mais angustiante? ()

SPEAKER 0: : Se cada um pensasse um pouquinho, no fim do dia, o que o trânsito causou a ele, eu tenho a impressão que seriam alguns anos de vida, se somar tudo. O trânsito diário, que representa um desgaste, uma irritação, uma pessoa que tem compromisso, e em São Paulo todo mundo tem compromisso, e com hora marcada, o que isso dá de angústia, desde que seja uma pessoa responsável, é um dano de muitos anos de vida. Barulho, poluição sobre todos os aspectos.

SPEAKER 1: : E como funciona (tosse) o trânsito de São Paulo?

SPEAKER 0: : Não funciona. (tosse) funciona num total empirismo Eu acho um dos milagres brasileiros. Ainda alguém andar. Porque eu acho que o Detran não tem nada com isso. Não faz nada para melhorar. Anda porque Deus quer, brasileiro. Tem um pouco de dó da gente () Não se sabe bem porque que anda. ()

SPEAKER 1: : () Eles estão fazendo alguma coisa

SPEAKER 0: : O Detran? Não. Eles estão entregando a rapadura para prefeitura. A prefeitura vai assumir mais esse encargo. Acredito que vai melhorar, mas de médio para longo prazo.

SPEAKER 1: : Quais os planos da prefeitura para melhorar?

SPEAKER 0: : Pelo menos (tosse), racionalizar engenharia de tráfego. A prefeitura gasta fortunas com viadutos, pontes, avenidas novas e entrega para o Detran. que não teve nenhuma participação nessa construção. Então, depois de pronto, é que eles vão estudar como usar, quando isso devia ser exatamente o início do, do projeto. () estando tudo com a prefeitura, esse aspecto, pelo menos, tem que melhorar sensivelmente. Mas não vai melhorar é o policiamento, porque esse vai continuar da pê eme e a prefeitura vai depender da qualidade e da boa vontade do pessoal da pê eme para a fiscalização de trânsito Então, como não há uma polícia municipal, ela vai depender da polícia militar. Então é por isso que eu acho que há um plano de melhora só de médio para longo prazo. Evidentemente, as vias expressas que a Prefeitura vai construir também vão tender a melhorar isso. E o metrô.

SPEAKER 1: : E atualmente, () em quais os lugares assim de maior gestionamento, como é que funciona, uh? O que tem dentro do trânsito em São Paulo? Qual é o sistema () Como pode fazer?

SPEAKER 0: : Bom, é difícil responder isso porque eu não reconheço nenhum sistema.

SPEAKER 1: : Vamos supor assim, o sistema de São Paulo, que não é um sistema? 

SPEAKER 0: : É uma improvisação. Eu acho que é uma improvisação total. Se estuda () programas setoriais Então pega-se determinadas ruas de um determinado bairro. Isso nunca está previsto em termos do problema global. Então o que eles fazem num setor sempre acaba refluindo no centro. Então é por isso que o centro de São Paulo está constantemente congestionado. Mas eu acho que também não é só o detran, nem as autoridades os culpados por isso. O grande culpado é a população paulistana que é tremendamente desorganizada, sem nenhum espírito de cooperação, () eu diria até de caridade. O problema de trânsito é um pouquinho um problema de caridade. O paulistano não tem. Ele quer passar, não tem nenhuma consideração pelo próximo. Ele quer chegar, então ele sobe na calçada, ele sobe no gramado. Se ele estiver numa estrada, ele anda pelo acostamento. pensando nele, sem imaginar que, dali a duzentos metros, ele vai ter que entrar numa fila de gente que está ali a meia hora e que não vai querer cortar. Então, eu acho que isso é falta de caridade. O que, no fundo, é falta de educação. Então, só uma, uma fiscalização impositiva, no sentido de multar, sentir no bolso, e pesadamente, é que fará o paulistano se educar para trás. Além de não ter educação, também não tem conhecimento. está cheio de avenidas novas aí que a prefeitura gastou uma fortuna e que vivem vazias Porque ele se acostumou a andar no caminho da roça. Ele faz há quinze anos um projeto e não é capaz de procurar outro. Então, as opções que as autoridades dão para ele, ele não utiliza. Ele não sabe andar na cidade dele. Ele não conhece a cidade dele. E eu falo tranquilamente que eu sou um deles. Eu não conheço São Paulo. Se você me soltar na Vila Maria, eu não volto para casa. Eu acho que vocês também não voltam. (risos) Não São Paulo são muitas cidades numa cidade só. Cada bairro de São Paulo. Eu não sei se vocês sabem que há administrações regionais no município de São Paulo que tem população maior do que alguns estados do Brasil. A administração regional da Lapa tem uma população de quatrocentas mil pessoas. Uma administração regional. Então você imagina o que é São Paulo, o que é administrar São Paulo.

SPEAKER 1: : E além do problema de trânsito, ainda existem outros () por causa dessa falta de sanejamento?

SPEAKER 0: : O difícil é saber os que não afligem, né? Por exclusão, porque todos a

SPEAKER 1: : () (tosse) ()

SPEAKER 0: : Falta de abastecimento de água, coisas, eu digo, básicas, né? () Água. Nós sabemos que cerca de quarenta por cento só da população tem rede de água trinta por cento só tem rede de esgoto Então o problema básico que é saneamento, São Paulo não tem. Não tem infraestrutura. Planejamento nem se fala, porque nós estamos vendo agora com o metrô. Quando o metrô rasga uma avenida, é uma surpresa geral, porque nunca se sabe o que vai encontrar lá embaixo. O mapa indicava que os cabos da telefônica passariam a vinte metros do local onde eles passam. Porque ninguém nunca assinalou isso direito. Então é por isso que o metrô, inclusive, está demorando tanto. Ele é obrigado a reparar tudo o que ele acha. Ele é sempre surpreso. Então, saneamento básico. Trânsito () Áreas de lazer. São Paulo não tem.

SPEAKER 1: : O que o senhor chama de áreas de lazeres?

SPEAKER 0: : São áreas em que a população pode se... pelo menos procurar se descontrair.

SPEAKER 1: : e comparando com outros locais () que áreas seriam essas () como os outros ()

SPEAKER 0: : um pouquinho problema de cultura, né? De aculturamento de uma população. Conforme o grau de desenvolvimento, a distração pode se dar até numa biblioteca pública, o que para, para nós parece meio esquisito, né? Numa simples praça. Uh A iluminação da natureza, o que ela pode proporcionar, beleza, sentido, Então (tosse), o problema de São Paulo, como grande cidade, é da montagem. Aqui, quando se fala em lazer, ou se pensa em lazer, é muito montado, é muito planejado para ser uma coisa. É como se se pintasse uma árvore na parede. Então não há o sentido da árvore, mas só uma projeção. É coisa mais ridícula que um jardim zoológico, onde se vê animais em jaulas e tal No fundo, no fundo, os pais ou as professoras levam os filhos para ter um conhecimento de como, pelo menos, como é o bicho. Porque uma criança de São Paulo, muitas, acredito, nunca viram uma vaca. No zoológico também não tem vaca. Muitas nunca virão. Então, essa, essa aproximação com as coisas simples que a natureza ensina é um dos grandes problemas da, na minha opinião, da criança urbana. Perde muito o sentido das coisas. ()

SPEAKER 1: : as opções que o Paulistano tem para se divertir aqui em São Paulo

SPEAKER 0: : Com grande agonia, quase todas, pelo menos as que eu conheço, praia, Santos, outros trechos de litoral, mas com grande agonia, porque para Santos ele leva cinco horas, ele perde o carro dele, ele xinga, ele perde toda, todo o encanto do passeio. Se ele for para o outro lado do litoral, Ubatuba, Carabatatuba, então ele não terá o problema de congestionamento, mas terá a distância, no campo. Então restam mais os clubes, que também, no, no, no fim, são grandes concentrações. E como são grandes concentrações, então é um problema de temperamento, eu acho. Como são grandes concentrações, ele é obrigado sempre a seguir as mesmas regras que a cidade-grande impôs. Então ele tem hora para vir aqui, hora para estar aí. Eu tenho a hora certa para praticar um esporte no clube, porque se eu não for naquela hora não há mais lugar, não há mais tempo para ir. ele tem a hora de comer no restaurante do clube, porque se eu não comer naquela hora acaba a comida e ele ficar sem () não tem hora para ir na piscina, ficar tomando sol, se deixar, (risos) deitado em cima de alguém () (risos)

SPEAKER 1: : Os divertimentos mais no

SPEAKER 0: : Hoje em dia não é muito o meu forte. Divertimento noturno, você diz, é sempre fechado. Teatro. Boate, para quem gosta. Ou tem dinheiro suficiente. Então você já elimina aí, em termos de diversão, se elimina uma boa camada da população Ainda, ainda falando só em teatro. Boates e restaurantes. Ainda é a grande diversão do Paulistano é comer. Há muitos lugares para comer, muitos relativamente baratos, então que dão acesso a uma faixa maior de consumidores. Eu acho que ainda é o que o paulistano faz mais, é comum

SPEAKER 1: : E quanto à parte de comércio em São Paulo, como é que funciona? Comércio? É ()

SPEAKER 0: : () Não, eu acho... Aliás, eu acho que uma das grandes forças da cidade é exatamente o comércio () Há grandes zonas de concentração, Mas o comércio aqui floresce indiscriminada

SPEAKER 1: : () e que tipo de () () () que tipo que () estabelecimentos comerciais que existem que opções o paulistano tem para fazer as suas compras ()

SPEAKER 0: : Ah, nisso eu acho que nós estamos muito bem servidos. Ele tem todas as opções possíveis. Inclusive com a descentralização do comércio ou a criação de vínculos comerciais embaixo. Eu acho que nesse aspecto o paulistano está muito bem. Ele encontra de tudo em qualquer lugar. Proble ma não é de gerar a variação em preço, mas ele encontra tudo em todos os lugares.

SPEAKER 1: : Por exemplo, o senhor, como paulistano, uh, aonde costuma fazer as compras e

SPEAKER 0: : depende As compras de, de abastecimento em supermercados e as coisas. Cada bairro tem uma quantidade enorme de supermercados. Em matéria de vestuário, também a diversificação é grande. quem quer um pouquinho mais de sofisticação, vai para a Augusta ou vai para o Shopping Center, mas se ele quiser ficar no bairro dele, ele também vai comprar com fartura Isso em todos os campos do comércio.

SPEAKER 1: : E quantos aos outros tipos de estabelecimentos comerciais, exceto de ali mentos e vestuário quais os outros tipo

SPEAKER 0: : () de mobiliário, de antiguidades () Indústria automo () Tudo () que o paulistano quiser comprar, Aliás, a tendência moderna é fazer a grande concentração, é mostrar tudo que for possível () num único espaço físico, que é para ser um atrativo maior. Então nós () já estamos começando a ter as grandes concentrações comerciais, não é () que criou agora um outro centro comercial em que se pode comprar de tudo Aliás, o forte de São Paulo é a indústria e o comércio. A indústria que fabrica, eu acho que vende aquilo que se fabrica. ()

SPEAKER 1: : () encarregado, assim, de ser um cicerone, um guia, assim, aqui em São Paulo, para levar alguém que não conhecesse, o que o senhor mostraria de São Paulo?

SPEAKER 0: : Bom, eu mostraria... Eu mostraria o Anhembi. Eu mostraria ceasa Eu mostraria no Anhembi, especialmente, o Salão de Convenções, que eu acho um negócio fora de século. Eu mostraria o Parque Ibirapuera, que eu, pessoalmente, acho uma beleza. Acho até que o paulistano não tomou ainda muito sentido de como é belo o Ibirapuera. Acho até meio raro. O pedaço do mundo que eu conheço, eu não vi nada parecido até hoje com o Ibirapuera pela topografia, pelo tamanho, pela localização. Eu mostraria o Museu do Ipiranga e mostraria as obras viárias modernas de São Paulo, as vias

SPEAKER 1: : () o que (), o que mais o senhor chamaria atenção no museu

SPEAKER 0: : É (risos), é meio esquisito, mas não é pelo que está lá dentro, não, é pelo que está fora. Pelos jardins e pela fachada. Eu acho muito imponente. Não porque dentro, eu acho um pouquinho pobre () Eu levaria ao Morumbi também, porque eu sou são paulino. (risos) E

SPEAKER 1: : E quais os, os edifícios públi

SPEAKER 0: : Tem o Palácio dos Bandeirantes, que eu acho belíssimo também pela localização. Achei muito feliz a escolha do lugar. () condenada a aquisição daquele imóvel para ser Palácio do Governo, mas eu acho que foi muito feliz, realmente lindo Edifícios públicos. Qual mais? Hoje está terminando o edifício da Receita Federal, na rua Prestes Maio, também é um edifício espetacular, apesar de não estar totalmente concluído. Secretaria da Fazenda () E o Fórum Velho. Não o novo, porque o novo é um nicho, mas () o velho é muito imponente. Nada funcional, mas é muito

SPEAKER 1: : ()

SPEAKER 0: : O Fórum Velho é naquela velha arquitetura do Vilares que, pela sua própria aparência, dá uma dignidade daquilo que se fazia lá dentro. Se fazia, não se faz. Então, a própria construção acompanha todo o sentido de uma formação profissional, um exercício da justiça. Austera, sobra, imponente, luxuosa em alguns aspectos. Enfim, um acompanhamento de linhas com a finalidade, com a destinação. Eu digo não funcional hoje, com o crescimento, com a distribuição, com a ampliação das varas. O prédio está inadequado. Nenhum arquiteto faria pelo menos uma divisão interna hoje do que ele tem. Hoje é uma outra concepção. mas o fórum do () a praça () () antigo () é de chorar () falta de () falta de dignidade até do prédio () eu acho que o fórum () pelo menos por vice-profissional, eu que sou ba

SPEAKER 1: : eu acho que () e saindo um pouco de São Paulo, () em viagens, por exemplo, como o senhor fez para a Europa, então, em que... baseando numa cidade, por exemplo, a que o senhor mais gostou, qual foi? () A que mais

SPEAKER 2: : ()

SPEAKER 0: : Foi Roma.

SPEAKER 1: : () E como é Roma (), diferenças básicas em São Paulo?

SPEAKER 0: : Bom, a diferença básica, por exemplo, é o que mais me fascinou em Roma. () Em Roma é a mistura da antiguidade, da ruína, com o moderno. É um, é uma coisa... chocante, mas maravilhoso de estar perto. Então, uma avenida com seis pistas ou oito pistas sinalizadas ao lado, passando em frente de uma, de uma ruína que a gente sabe de que época é, o império romano Então, o que me fascinou em Roma foi isso, foi a gente de tropeçar, tropeçar em história, () passado, isso muito mesclado, muito misturado com o progresso De semelhança com São Paulo ter a bagunça no trânsito (risos) () Roma é terrível o trânsito

SPEAKER 1: : E lá () o trânsito tem algum sistema ou ele... Eu não sei, não.

SPEAKER 0: : Não deu para eu sentir se tem. Na hora do rush quase que não tem, é que nem o nosso, salve-se quem puder

SPEAKER 1: : E eles não, não trabalharam para melhorar esse trânsito através de... Em Roma, você diz? É

SPEAKER 0: : ah, eu não conheço problema local () Acredito que sim, porque ()

SPEAKER 1: : como é () assim, rua, uh, quem locais tem que () o que o senhor visitou lá por onde o senhor passou ()

SPEAKER 0: : Eu visitei quase tudo que é possível no período mais curto que eu pretendia. Eu visitei o fórum romano, visitei o coliseu, visitei as catacumbas, visitei o circo, a grande praça onde era o circo romano, visitei toda a zona de comércio, frequentei a vida () vários restaurantes, pelo menos os, os mais famosos

SPEAKER 1: : e o comércio não é () Que, que tipo de comércio é e, bom

SPEAKER 0: : comércio () que mais chama a atenção do turista é o comércio da moda Porque o turista não se preocupa muito, por exemplo, com documentos que se refira à infraestru (espirro), infraestrutura Se bem que eu frequentei muitas salomerias, porque me interessava muito comer bem. Mas achei até muito parecido com o () de São Paulo, no, ainda que seja nesse aspecto moda, vestuário, né? Então, camisa, roupa masculina, feminina, calçado, uma, uma concentração muito grande desse tipo de comércio, que é o que o turista

SPEAKER 1: : E o comércio lá é em grandes lojas ou como é que funciona? ()

SPEAKER 0: : Em grandes e em pequenas lojas. Eles têm as grandes concentrações, como nós temos. Às vezes assim, tipo, nós temos do tipo Mato, do tipo () () Eles têm várias. E também as boutiques, as lojas pequenas. Por isso mesmo achei muito parecido com o nosso. Muito farto, muito fácil de, de procurar. Grande facilidade de aquisição.

SPEAKER 1: : E quanto à parte educa

SPEAKER 0: : cional, no estabelecimento educacional? () eu não tive quase nenhum contato com () Bom, em São Paulo, nesse campo, eu acho que nós estamos muito bem. Bem no sentido da distribuição, né, no sentido da democratização do ensino. Em sentido de qualidade, eu desculpe a minha (), eu acho que quanto mais se democratiza, mais baixa o nível. () Eu acho que a qualidade está... está a desejar. Mas isso não é bem uma crítica, é uma simples observação, porque também não vejo como democratizar mantendo um padrão muito alto. Então eu, que tive um outro tipo de formação, que reconheço que era condenado na época porque era muito discriminatório, Eu tive uma formação que, em cotejo, eu acho que era de um nível superior, que hoje baixa um pouco. Mas, em compensação, ofereceu oportunidade a um nível muito maior. Então, essa preocupação da rede oficial de ensino, um ensino chamado básico, São Paulo está numa posição privilegiada A Prefeitura está em condições de atender quase toda a população faixa etária de estudo. E ainda tem a rede suplementar do Estado () Então eu acho que nós estamos numa situação, numa posição inve ()

SPEAKER 1: : () estuda e quais são, que tipos de, de estabelecimentos a gente pode, tem para escolher?

SPEAKER 0: : Você tem toda a rede oficial e você tem uma rede particular enorme tam É por isso que eu acho a nossa posição invejada ()

SPEAKER 1: : E em grau superior?

SPEAKER 0: : Em grau superior também. as, as oportunidades cresceram de dez anos para cá () Evidentemente, não, não cresceram na proporção, é, ideal da nossa densidade democrática. Não acompanhou. Também acho difícil que acompanhe. Mas () as oportunidades hoje são terrivelmente maiores do que no meu tempo. No meu tempo de pretendente () a grau superior de ensino, a entrada para uma, para uma faculdade era uma roleta. Era, era um problema de sorte, quase só Hoje não. Hoje () o tipo de, de preparo para a escola superior quase que define para o candidato, antes do vestibular, quais são as possibilidades. que ele terá dentro da rede estadual Então, nesse aspecto, eu acho que está com progresso sensível () Apesar de eu, pessoalmente, entender que o sistema de aferição objetivo não mede nada, que é o que se faz exatamente pelo grande número eu digo aferição objetiva é () Eu acho que não mede coisa nenhuma. Massifica, mas não mede nada. Então, o ideal é o critério subjetivo, é saber exatamente o que você sabe, por que você sabe e para que você sabe, se você está bem focada naquilo que você pretende fazer. Isso não é só para o estudo, profissionalmente. Mas é praticamente impossível medir subjetivamente. Então, massificou, aumentaram as oportunidades e também aumentaram os medíocres

SPEAKER 1: : E agora, uh, comparando, por exemplo, a São Paulo, uma cidade não planificada, que outra, que outra cidade assim mais planifica () visitou e como () ela funcionava, senhor conhece alguma cidade

SPEAKER 0: : () do Brasil? Bom, eu conheço várias, mas, eh, a comparação com São Paulo é difícil, porque o grande problema nosso, eu repito, é a densidade demográfica, certo São Paulo, você já deve ter visto (), lido uma entrevista, várias entrevistas do prefeito, cresce uma Campinas por ano () Sabendo que Campinas é a primeira cidade do Estado, Você pode fazer uma ideia do que isso representa. Então, é difícil comparar São Paulo. São Paulo é surgindo. São Paulo é fora de fé. E em matéria de problemas também. Uhum Então, Belo Horizonte é planificado. Mas como comparar Belo Horizonte com São Paulo?

SPEAKER 1: : E como é Belo Horizonte?

SPEAKER 0: : Belo Horizonte é uma cidade certinha, com avenida no lugar certinho É uma radiação da onde partem todas as ruas As ruas que não tem movimento nenhum, porque também não tem nada para movimentar. Então (), é por isso que eu não vejo como comparar.

SPEAKER 1: : E como é Belo Horizonte fisicamente, exceto essa par ()

SPEAKER 0: : sicamente. Bom, eu vou dizer o que eu senti de, de Belo Horizonte. Fisicamente eu senti uma enorme avenida de onde se irradiam praticamente, basicamente, todas as ruas que cortam a cidade De um lado, é a extremidade que dá acesso à cidade, que a gente, por exemplo, que vai de São Paulo entra por aí, e de outro lado é a saída. O barco da Pampulha, muito bonito, a empresa, o estádio novo. Simpático, agradável ()

SPEAKER 1: : () à distribuição das, das casas () Alguma diferença ou elas são distribuídas normalmente assim?

SPEAKER 0: : Não, evidentemente como ela teve tempo para, para se definir como cidade, ela foi, foi quase que totalmente planejada. Então há um pouquinho mais de racionalização, quer dizer, áreas razoáveis para aquele tipo de habitação. que é o que nós estamos procurando fazer () () em termos de planejamento, me parece que Brasília seria o exemplo ideal Só que eu não conheço Brasília, então não posso falar dessa.

SPEAKER 1: : O senhor não conhece nenhuma outra cidade que tenha si do planejada, não esteve em outra

SPEAKER 2: : () que não

SPEAKER 0: : Não, planejada não. () porque eu fui exatamente para a Europa () Você não pode falar em planejamento, você pode falar em reconstrução, planejamento urbano na Paris. Paris tem um planejamento até de larga visão () cem anos atrás. Champs-Élisée é uma ilha moderna, tremendamente moderna até hoje e, e muito velha Então, sobre determinados aspectos foi planejado () Mas, em compensação, tem mais de dois terços de vielas que mal passam o automóvel.

SPEAKER 1: : E o calçamento dessas vielas, como é?

SPEAKER 0: : Antigo, no sistema antigo. () grandes lajotas enormes

SPEAKER 1: : Em Paris, uh, o que o senhor visitou e o que apreciou em Paris, eu apreciei em Paris

SPEAKER 0: : () essa, essa beleza urbana, uh Os monumentos consistentes dos prédios públicos, a beleza arquitetônica de toda uma época de fa é muito agradável () ela é, a única coisa que se lastima é que Paris seja habitada por parisienses É a única coisa que realmente estraga. Eu detestei o francês e o pa risiense, então Paris me é uma cidade muito antipática Então eu nem citei Paris. Eu gostei de Roma, gostei de Madrid, gostei de Lisboa, que é pequenininha E Paris eu deixaria sempre () eu acho muito importante a componente humana E o parisiense, na minha opinião, é absolutamente insuportável () Grosseiro, malcriado.

SPEAKER 1: : E Madrid, então () () o que () o que o senhor visitou em ()

SPEAKER 0: : (tosse) bom, Madrid é uma cidade, eu achei muito parecida com São Paulo na, no dinamismo Uma cidade muito movimentada () comércio terrível brutal () Em Madrid, parece que a grande preocupação é fazer você comprar. Então, um comércio farto, muito atrativo, muito barato, muita propaganda de comércio, tudo fácil. Isso é uma cidade linda, com parques belíssimos, mas, sobretudo, com um povo agradabilíssimo o povo () em duas horas de estrada () para mal () () e fui visitar nas proximidades de Madrid uma das coisas que eu achei mais bonitas em toda a minha viagem que é o, o Vale dos Caídos Que pode ser meio maroto em termos políticos, em termos de obra humana, uma das coisas mais empolgantes () É um monumento, é um grande vale em que se construiu um monumento aos tombados da Guerra Civil Espanhola. Eu digo marota porque se construiu para os dois lados. Então quem era de um lado ou de outro é obrigado a reverenciar num lugar só. Mas é uma das coisas mais lindas que, que a mão do homem já, já conseguiu.

SPEAKER 1: : e além do monumento existe mais uh é só um () monumento

SPEAKER 0: : é uma igreja O monumento a que eu me refiro é uma igreja cavada a mão, porque pela natureza da rocha não era possível, segundo me informaram, usar explosivo. foi cavada a mão numa rocha única e é maior que a Basílica de São Pedro Então por aí você pode imaginar o que aquilo representa, isso tudo () numa parte alta, que domina todo um vale maravilhoso pela, pela sua própria topografia Então é uma combinação de, de homem e natureza perfeita. Chega a ser comovente só a, só a visada

SPEAKER 1: : E quanto às diversões de Madri?

SPEAKER 0: : A tendência é parecida com São Paulo. Diversão de Madri é comer, habitar bons hotéis, uma belíssima rede hoteleira. Vida noturna também muito ()

SPEAKER 1: : E acho que em vida noturna, assim, Roma é famosa, né? ou, ou então Paris O que que eles têm, o que eles oferecem aos turistas? ()

SPEAKER 0: : A mais famosa eu acho que é a parisiense. Eles oferecem ao turista tudo o que ele pode almejar em termos de, de entretenimento. Seja mulheres bonitas, isso eles são especialistas em mostrar, seja em atividades pessoais, malabarismo, Se eles apresentam um mágico, é o melhor mágico do mundo. Se for um bailarino, é o melhor bailarino do mundo. E não é parola, é mesmo. Então, você assistir um show do Nidor, por exemplo, você sabe que está vendo que há de Nidor no mundo em matéria de show. Então, a Vila Matrimônio de Paris é, é famosa por isso. Você pode escolher, é fartíssima, cara, Não é diversão de parisiense, é diversão de turista, mas para o turista é uma beleza porque ele tem uma, uma opção () e

SPEAKER 1: : E Lis

SPEAKER 0: : Lisboa é pequenininha, bonitinha, limpinha, disse muito a mim, sou neto de, de português, Gostei demais do ambiente, me senti em casa. Parece que você ainda não chegou à Europa, no prolongamento () É um umbral.

SPEAKER 1: : E fisicamente, () como é Lisboa?

SPEAKER 0: : Fisicamente, tem a Lisboa velha, a Lisboa antiga, que se exprai ali, ao lado () de todos os embarcadores do Rio Tejo. Então, toda a Lisboa ribeirinha é a Lisboa velha, onde estão quase todos os monumentos antigos. E mais acima, a Lisboa Alta, como eles chamam, que é a Lisboa moderna, a Lisboa... Lisboa mais cosmopolita, com avenidas belíssimas, com um parque maravilhoso. Um metrô pequenininho, mas tem com bairros novos, muito semelhantes aos nossos.

SPEAKER 1: : E quanto a divertimen em contato com a nature () Lisboa oferece alguma coisa?

SPEAKER 0: : Eu acho que sim, porque, por exemplo, esse parque que eu estou falando é enorme e ocupa uma área muito grande e ele foi feito exatamente com essa finalida de (tosse). Isso eu estou dizendo em Lisboa, porque Portugal tem Fora de Lisboa, uma, uma série grande de locais em que exatamente faz o contato com a natureza.

Inf :elizmente, eu não visitei, só conheci Lisboa. o que temos de contato com a natureza em Lisboa é a zona ribeirinha, do Tejo e esse parque nacional belíssimo, e quan

SPEAKER 1: : to ao estilo das construções da Lisboa antiga com a moderna?

SPEAKER 0: : Com a Lisboa antiga, você sente o mar, uma influência moura, por exemplo, no Sélia. Há um bairro inteiro que você se sente como se estivesse em, em () Eu não conheço Casbah, mas assisti um filme e deve ser aquilo (tosse) O bairro se chama Chalfamas. É... É uma delícia de pitoresco Há ruas em que você abre os dois braços e toca com as mãos. no limite dos, dos prédios

SPEAKER 1: : e elas são planas essas ru

SPEAKER 0: : Não, não. topografia é tremendamente acidentada Então, escadarias, vielas, becos, como eles chamam, porque eles falam () ê aberto Então, é uma, uma arquitetura que fascina a gente. Com grande influência () moura a Lisboa mais, mais moderna