SPEAKER 1: gravação do dia treze de dezembro de () () novecentos e setenta e dois, bom, nós gostaríamos de saber como é que era () quando o senhor ingressou na escola na sua época () SPEAKER 2: () eu ingressei na escola modelo, mas a escola era no Alto Brás, porque a minha mãe era professora e Então eu ingressei na escola modelo de lá, no primário de lá. Não tenho certeza se se chamava escola modelo, depois passou a ser chamada Isso, naturalmente, estava com seis anos () uns seis anos Eu já tinha mais ou menos, sabia mais ou menos ler, porque bocadinho escrevia e ainda copiava daquele jeito. Porque eu aprendi com minha mãe. Ela era professora primária () Então, a primeira professora, até me lembro bem o nome dela, a Rezoleta Cimich, ela é irmã de um, de um que foi delegado há muitos anos em São Paulo. E como havia maior facilidade para que eu estudasse lá, no primário eu fiz lá. Primário. Certo Mas não terminei não Eu fiz o, eu fiz até o quarto ano primário, mas não, não fiz logo depois o finalzinho, não, porque não dava () A idade não, não cumpriria com () o necessário () Então eu fiz um externato. Externato neira. Externato neira. () e depois passei para o ginásio, no ginásio do Carmo, que, por sinal, fechou agora. E como é que era () SPEAKER 1: () o curso primário naquela época? () SPEAKER 2: Eu acredito que não, não fosse um pouco diferente de agora, porque era mais na base do, do bê á bá, na base da Cartilha mesmo. Se não me falha a memória, cartilha, cartilha Galhardo () Mas era Galhardo. () Galhardo Era o Beabá mesmo e E as quatro operações. Agora, me lembro que no quarto ano, no quarto ano do grupo, () aprendia, por exemplo, francês. Era no primário, francês. Tinha aula de português. () () () francês agora, eu não sei porquê ensinar francês () Naquela época () para alunos de primário, mas tinha, tinha aula SPEAKER 1: () e, e como é que era as escolas assim fisicamente o senhor poderia descrever como ela é, bem () SPEAKER 2: () escola do Brás, né, da escola normal do Brás () acho que agora é padre Anchieta não era na época era modelo () mesmo () Era para as alunas do, do curso normal, Terem as suas aulas práticas. () que é tudo muito bonitinho, muito grande, muito amplo Tem aqui instalações sanitárias muito boas, bebedouro, tudo, tudo que é necessário () Recreios enormes. Isso naquela época. () um pouco longe, e SPEAKER 1: E o local () de aula mesmo? SPEAKER 2: A sala de aula ampla, com as dividas, janelas do lado esquerdo, aquela estalhada toda, janelas amplas, quadros negros amplos, carteiras de dois. Não era carteira individual, de dois, sempre de dois. Mas não era misto, era menino e menina, não eram os dois juntos. Agora, eu tenho a impressão, isso é impressão minha, que estou lhe dando agora, que se cuidava mais do primário, eles tinham cuidado maior com o primário. Mas eu me lembro desse ponto de vista de hoje, que se acentua muito, de civismo, de educação moral e cívica. antes de entrar para as aulas () todas as classes se reuniam num pátio para astear o () bandeira brasileira e um tal de pavilhão escolar que foi criado () eu era no primário () presidente do estado Hoje está no terceiro ano primário, né? então todos os alunos cantavam o hino da bandeira () pavilhão escolar () () escolar era um, era um () desculpe () bandeira (risos) com as armas de São Paulo Eu não tenho muita ideia () () eu tenho a impressão que se, que se dá maior valor para o primário porque eu reproduzi () mais tar> () como minha mãe era () Eu me lembro de professoras como Pedro Borges, como Cardinho, como Kulma, como aquela Brown, que tem um grupo de () () eram pessoas de, de gabarito, eram pessoas, pessoas que se dedicavam ao ensino primário entretanto tinham um, um valor extraordinário hoje a gente não vê professor, vamos dizer assim, primário, eu eu pelo menos não vejo, não encontro encontro moças () () mas naquela época existiam professores tam> () quer dizer, homens que se dedicavam ao ensino do primário () () formação me parece melhor () a formação primária do, da criança () eu não estou (), não estou dizendo que hoje esteja assim () entregue ao Deus dará, não as minhas crianças passaram () por um grupo muito bom () bem grupo não, mas colégio particular, né () Inclusive a minha filha mais velha passou por um primário muito bom lá () ela não, não apreciou muito () negócio de freira () Ela fica muito brava até hoje, eu digo Mas ela teve uma, uma base muito sólida no primário lá das Irmãs Marcelinas das Perdidas. () importante que eu digo é uma coisa que eu passei a estudar com SPEAKER 1: () e havia algum concurso para, para entrar () eu fiz () SPEAKER 2: havia sim, havia, havia, mas () SPEAKER 0: () SPEAKER 2: () particular () eu acredito que não, mas () os ginásios do estado naquela época só havia um que eu me lembre Era no, no... Primeiro foi na Luz, depois passou no Parque Segundo. era um ginásio estádio () Era famosíssimo. e um professor de, de grande renome Mas era humanamente impossível. () eu não sei, talvez se fizesse um pouco de força (), mas eu não era muito afim de força () e, e aí SPEAKER 1: e como é que foi o ginásio, então, inclusive () SPEAKER 2: () tirar toda essa parte de, de disciplina de padre, né, que é sempre um pouco diferente das outras () O ginásio, muito () Deu muita base () Deu muita base. Aliás, o ginásio que deve ter dado base, por exemplo () lá saiu o Guilherme da Almeida (), o Paulo Setúbal () Mas é que deve dar base, como São Bento dava, como São Luís da> Eram poucos alunos () () classe com poucos alunos () Eram diversos professores () Agora, não é o fato de eles serem padres, não eram provavelmente padres. Eram padres maristas, eram padres professores. Eles não diziam missa. () não sei se asenhora sabe Como jesuítas, né? () Então, eles () tinham especialidades. () professores de português, professores de matemática Todos eram bons. Filosofia. Filosofia eu me lembro. Um campinheiro, Paulino. Paulino () família nogueira dele. Gente formidável. Extraordinária. SPEAKER 1: E era só meio período? () SPEAKER 2: Era seis horas, né? () Os recreios dava seis horas () Entrava meio dia (), onze horas, saia às quatro () Seis horas mais ou menos, né? Contando os recreios, dá seis horas. SPEAKER 1: E qual a diferença, assim, do, do primário para o ginásio? SPEAKER 2: Bom, eu senti, particularmente, assim, individualmente, eu senti () Eu não posso dar a impressão da época, assim, para a senhora, porque não dá, né? Mas eu senti uma diferença, quer dizer, com a matéria () () tinha que encarar com uma outra perspectiva Eu senti uma diferença, assim. Fiquei meio perplexo. De início, mas por pouco tempo. Logo depois eu engranei na, naquela, naquela toadazinha e fui embora. infelizmente não foi porque () Hoje em dia os meus () SPEAKER 1: () e as cadeiras, () as carteiras continuavam de dois, na sala de aula era mais ou menos igual, no ginásio do () SPEAKER 2: () eram dois Carteira sempre de dois. Eu acho que essa carteira individual foi um pouco mais recente. um pouco mais recente () Ainda não tinha essa... Eram sempre de dois. No Carmo, que eu me lembro, eram sempre de dois. SPEAKER 1: E o relacionamento entre os colegas, como é que era? () SPEAKER 2: Olha, eu, pelo que eu vejo, meus meninos, () eu acho que está, era a mesma coisa de hoje () Havia essa mesma amizade que a gente cultiva, Meus companheiros de ginásio (), mesmo os que não seguiram a medicina, eu os conheço até hoje () Tirando os que faleceram, eu conheço até hoje, me dou muito bem com eles. Desde o ginásio () O relacionamento entre os alunos era muito bom. Entre o () Entre colegas. Agora, nem sempre era bom com os professores, mas devido a essa disciplina um tanto séria de padre, Mas o relacionamento, mas assim mesmo o relacionamento com o professor era... Não havia, como se diz hoje, contestação assim muito, muito forte não Éramos mais pacíficos, mais pacíficos () () () não alcançar a sua pergunta a senhora () divide () bocadinho que eu terei prazer em SPEAKER 1: Eu queria saber se, além das atividades de estudo, existiam atividades paralelas entre... Não, no, no ginásio, provavelmente, não. SPEAKER 2: () aulas obrigatórias de ginástica () Então, o nosso futebolzinho, essas coisas, toda parte. Nós íamos lá para aqueles campos, ou mesmo no recreio, mas não havia, assim, isso em, em termos de esportes. Agora, em outras () SPEAKER 1: () não havia não, não, não, não havia não, e, e como foi a formatura no, no gi> SPEAKER 2: () bom, a minha (riso) formatura foi um pouco, um pouco tumultuada, porque foi uma formatura em mil novecentos e > > e trinta, então eu não me formei, porque o governo fez passar por decreto mas () os padres () fizeram Então, eu tenho duas notas () Uma que o governo deu e a outra que o padre obrigou a fazer o exame (risos) Então, nós fomos receber os diplomas, () aqueles cerimônios que () eram muito comum na época, em mil novecentos e trinta e um, junto com a outra turma, mil novecentos e > trinta com aquela revolução não houve Passou-se por decreto. Eu acho que essa história, não sei se a senhora já leram, não é, passou-se por decreto. Era muito comum, aliás, naque> () até trinta e dois passava-se por de> SPEAKER 1: () (risos) e, e, assim, uh, depois do ginásio, como é que > ficava o, o curso, porque parece que não existia colegial, não é, é () SPEAKER 2: Eu peguei uma época em que havia o chamado pré-médio então eu tive que fazer a () () aliás, gostei muito de fazer, até por uma coisa, que eu conheci um ser formidável, que () () () biologia e outros professores () de física, então tinha () no primeiro tinha Física, Matemática, lembro do Cruzes, do Barrinhos. Eram grandes professores () () que isso valeu, porque, por exemplo, eu acabei o ginásio e eu não tinha muita base, não. Tanto que eu fiz o exame para () () o único que passou foi o Domingos () Aquilo é fora de série (risos) () não funciona () aquilo é fora de série SPEAKER 1: e pré-médico é de quantos anos que era o () SPEAKER 2: Eram dois anos. SPEAKER 1: Dois anos? SPEAKER 2: Dois anos. SPEAKER 1: () você fazia direto o exame para o () SPEAKER 2: Não, aí já estava na escola. Ah Aí já estava na escola. SPEAKER 1: Passando () nesse curso, já estaria dentro da faculdade? SPEAKER 2: Dentro da faculdade. SPEAKER 1: Ah, não havia exame? Não, não, é SPEAKER 2: E esse pré-médico, eu digo que eram dois anos, mas o decreto, um deles, não era feito na escola. Mas aquela, no começo, já era, () é como se tivesse um segundo ano do pré-médico. compreende () SPEAKER 1: então o senhor ingressou para a faculdade de medicina SPEAKER 2: Não, eu já ingressei, em trinta e dois eu já estava na Faculdade de Medicina. Só que era pré-médico, no lugar de ser primeiro ano () SPEAKER 1: já fazia parte () mas fazia parte do currículo, então saindo do ### SPEAKER 2: Ah, então vestibular era... É, tinha que fazer vestibular porque a lei era nova. era uma espécie () eles estão querendo agora que o cidadão faz esse curso antes Mas como haviam poucas vagas na Faculdade de Medicina, só tinha a Faculdade de Medicina, eram cinquenta vagas. Naquela época tinham trezentos, duzentos, trezentos, quatrocentos que queriam ingressar. Tinha que fazer o vestibular, não havia outro jeito Eram cinquenta vagas. E só havia essa faculdade. Logo depois formou-se a Escola Paulista. () formou-se a Escola Paulista. Que eram professores e alunos que não conseguiram entrar Passaram, mas não conseguiram vaga. A gente passava, só que não tinha vaga () chama excedente hoje () SPEAKER 1: de quantos anos, então, ficava a faculdade? SPEAKER 2: Seis anos, né? () Não. Isso não, não, não continuou assim, porque a lei foi modificada, a lei não () Essa história () foi... da Revolução de trinta, aquelas, aquelas modificações que eu falei, mas não, não chegou a se concretizar. Tanto que parece que acabou depois, voltou a ser primeiro ano, segundo ano, terceiro ano. Não houve mais () Não foi para frente. Houve outra modificação e não chegou a se () to, totalizar a reforma () O primário nem tem dúvidas, mas aí eu já estava mais crescidinho, mas amadurecido Quanto ao primário, mas quanto ao ginásio, sem dúvidas nenhuma. () Foi um verdadeiro choque. Estar mais ou menos amparadinho ali, () ficar sozinho é duro. () SPEAKER 1: () na faculdade? É. Não, aí já SPEAKER 2: era completamente diferente Aí, evidentemente, havia esse relacionamento catedrático, que sempre é catedrático. Se bem que () quando a faculdade de medicina foi um pouco distante. Mas havia professores como Bolvera que era de uma relacionamento. relacionamento dele com o aluno era formidável. Formidável. (), o Miller. SPEAKER 1: () E como funcionavam as matérias dentro da faculdade? E o sistema de notas? SPEAKER 2: Bom, a partir do primeiro ano, porque a partir do, do, do primeiro ano... Uh, então E no fim do ano, se não alcançasse determinada nota, eu tinha que fazer o exame de exames finais, que era exame escrito e exame oral. Era esse o sistema. Agora, do quarto ano em diante era um pouco diferente, porque eram mais clínicas, então obtinha-se a nota no, no fim do curso. () repeti numa cadeira de clínica no, no quarto ano, passar para o quinto ano devendo essa cadeira, eu tive que fazer até o sexto ano, eu tinha que pagar essa, esta dívida. SPEAKER 1: e a, eram dividi, como era dividida a distribuição das matérias dentro da SPEAKER 2: Primeiro ano, no primeiro ano, tinha contato com a anatomia, fisiologia e não sei porquê, parasitologia. Agora, no segundo ano já tinha contato, continuava a anatomia, tinha contato com a histologia, () E continuava com a fisiologia, que são cadeiras básicas. E eram aulas... É de manhã e de tarde. SPEAKER 1: () e aulas assim teóricas ou já () SPEAKER 2: Anatomia, principalmente, prática. E a fisiologia também. Fisiologia, quando era a fisiologia, era de manhã e à tarde. as duas aulas uh, uh, os dois períodos SPEAKER 1: todo seu, seu curso, todos os cursos, () seus filhos () o senhor nota assim grandes diferenças do tipo de aula de, mesmo matéria () SPEAKER 2: () o tipo de aula que eu não sei informar bem, porque eu não estou, eu não acompanho Então, pelo que ele traz e conversa comigo, () eu tenho um dos meus meninos que fez o curso objetivo () São grandes professores. () discutia comigo () Eu chegava a apanhar. () disfarçar e ir lá no rio verde () não me lembrava mais nada daquilo () Mas, entretanto, ele com clareza () Ele tinha noção exata daquilo. Eu acho que há muito mais liberdade, não só para... Como é que a gente pode dizer isso? Parece que eles procuram a, a criatividade. do aluno, eles procuram encurtir a criatividade, assim se diz. isso () Então, eu acho que eles procuram cultivar. Não é só aquele, aqueles dados teóricos, () eles procuram, eles puxam pela imaginação do aluno, puxam pelo o que ele tem dentro dele. Um grande Em alguns colégios, em algumas faculdades pelo menos é assim, universidades, pelo menos, é assim, não sei se em todas. Eu acho que é bem diferente, é muito maior liberdade há muito maior liberdade e permite eu dizer muito menos () Agora foi uma época de lutas também. Agora está mais sossegado, mas houve uma época de grande, de grande agitação estudar () na universidade Houve, naquela época também havia, mas era, () não estava ligado assim Não era universal, eram, eram coisas mais locais. Então a gente se interessava mais por problemas regionais. Um dos problemas regionais, um dos problemas mais sérios que eu peguei como estudante foi o de trinta e dois essa agitação de trinta e dois com, era mais ligado com a faculdade de direito mas como estudante sempre se encontra a faculdade de medicina sempre foi mais para cá Eram problemas () dessa ordem. Quer dizer, nós não pensávamos em termos de universalidade, está certo? Em termos de, de mundo, pensávamos mais em termos de São Paulo, () mais ou menos caipiras, assim, de São Paulo. SPEAKER 1: E quanto ao... No modo geral, né? SPEAKER 2: () e uns que eram sempre tem, né () SPEAKER 1: () E quanto a essas atividades agora extra, estu> () dentro da facul> () SPEAKER 2: () SPEAKER 1: Dentro do... Não. () atividades estudantis mesmo, mas não relacionado diretamente à matéria, a estudo, por exemplo, ao quanto a esportes () () SPEAKER 2: () pois é () () faculdade já houve, porque eu peguei exatamente, quando eu entrei, eu já peguei a época em que eles formaram o campo no esporte Então tinha piscina, tinha campo para praticar esporte, tinha ginásio. Então, na faculdade de medicina, existia. Então (), inclusive, deu campeões de sul-americano (), de remo () Tinha uma equipe muito boa de natação, de polo aquático. Eu acredito que não houvesse em outras faculdades. Na época, não havia. Pelo menos, não me lembro na faculdade de Direito, nem na Politécnica () Eles iam muito lá. Nós nos encontrávamos lá. Era nos fundos da faculdade. Hoje o Hospital das clínicas encobra e não dá para ver, mas ainda existe. () mas foram os alunos que fizeram Aqui foi dinheiro de aluno. E > SPEAKER 1: E que órgão patrocinava () SPEAKER 2: O centro acadêmico. Centro Acadêmico Osalto Cruz. SPEAKER 1: E o centro acadêmico proporcionava além de, dessas... Além desse... Proporcionava... SPEAKER 2: Caravanas. Caravanas artísticas. Então sempre ()... os que tinha alguma habilidade musical. Então faziam essas caravanas. E, além disso, tinham cursos. Cursos de literatura, cursos de, de arte. () patrocinava () para o, o valor, né Para os agregados. SPEAKER 1: E dentro da universidade, uh, como é que funcionava a escala dos professores? SPEAKER 2: Tinha o catedrático. Esse era o () () () depois vinham assistentes o primeiro assistente Depois, em certas cadeiras, vinham, mas aí já eram estudantes, eram () faziam estágio Então, como eles queriam, eles se dedicavam mais àquilo, já tinham uma certa tendência, eles ficavam. Embora continuassem, saíssem daquela cadeira, eles continuavam nela e iam exercitando os mais, os mais calouros no assunto () Mas sem compromisso nenhum com a escola. () percebiam nada Não ganhava nada. SPEAKER 1: E falando nisso de () novos na escola, quando ingressava na faculdade, já, já existia esse, uh, essa comemoração de, de, de estudantes () ou () ou era normal () a senhora () SPEAKER 2: Isso aí já faz tempo que eles não fazem, né? O trote. SPEAKER 1: Isso. Isso já existia? já existia E como é que era feito? SPEAKER 2: O trote mais interessante sempre partiu da faculdade de Direito. () mais espírito naquela época, agora na () >culdade de Medicina, que eu me lembro, era um trote meio de () A não ser depois, no trote de trinta e dois, trinta e três, né, na turma de trinta e três em que já entrou um pouco de política, porque tinha questão de integralismo. Então fizeram uma, uma passeata, caçoando um bocadinho, os colegas integralistas, () deu paulada na rua () Deu paulada na rua, mas foi a única vez. Era um trote meio sem graça, só que da faculdade de medicina não tinha graça Em trinta e cinco, se não me falha a memória, houve um mais violento, um trote mais violento, aí suspenderam. Houve violência, saiu briga, lá, cabeça quebrada, essas coisas todas Mas dentro da escola. Mas aí foram suspensos, a congregação entrou no meio. () quem gostava mais disso à noite Existiam certos bairros, estudantes, encontravam () faculdade, estudante de direito, estudante de medicina, estudante de engenharia Eu conhecia outros, saíam, saía essas () () SPEAKER 1: () o senhor falou que estudou em colégio de padre, né? () () parte religiosa, a parte religiosa SPEAKER 2: () é claro ele dava de barato () então quem entrava no colégio católico () católico Então, tinha obrigação de missa tinha rezar terço SPEAKER 1: () interessante, uma coisa que eu sempre quis saber é aquele tanto de negocinho que tem em cima da mesa do padre (risos) você sabe o nome () SPEAKER 2: () () na sala dele tinha mesa do padre que era o altar SPEAKER 1: é, é () altar SPEAKER 2: Olha, naquela época eu sabia, porque, inclusive, tinha uma... tinha aula disso, aula de religião. Então, tinha. () mas eu não me lembro mais () () cálice, ostensório, esses nomes () Mas aquelas particularidades, eu não me lembro, não. Mas cada um deles tem um nome próprio () SPEAKER 1: E os alunos ajudavam os padres na missa? Não, não era obrigatório () SPEAKER 2: Não, não era obrigatório, não. () Isso não. A igreja era a Igreja do Carmo, que era da Venerável Ordem Terceira do Carmo, que pelo nome você vai ver que já () quatrocentona, né De maneira que tinham lá os seus... os, pertencentes à ordem, com aquelas capas brancas () Aliás, a missa lá era bem bonita. E tinham... o cônego de lá era um... era um espelho inteligente, muito curto, não aprendia leite. Aquele sermão, aquele pregado, era bonito de ouvir () Interessante () SPEAKER 1: e era obrigatório () SPEAKER 2: Só tinha isso, que era obrigatório domingo () () jogar futebol não tinha problema SPEAKER 1: só, só assistir a missa ou era para () participar também SPEAKER 2: Não, quem quisesse, por exemplo. Comungar, comungava Mas não era obrigado, não () Comungar, não. Isso eles não obrigavam () Não obrigavam. Eles, por exemplo, tinham lá... () no sábado tinha confissão para quem quisesse fazer comungar domingo para a gente Sempre fugia de uma aula, né, () confessar (risos) mas nem SPEAKER 1: todos comungavam, e não tinha no, no currículo normal de aula, não tinha nenhuma matéria diretamente ligada? Tinha sim () SPEAKER 2: é No primeiro ano, no segundo, era catecismo. Mas não era esse catecismo de criança () Era o catecismo mais discutido, certo? () Depois era a história da igreja. história de () mesmo () () tinha aula lá de dialética () Eu, eu gostei muito mesmo desse... Esse fato que eu me referi da filosofia, o Paulino, que era um espírito muito aberto, né? Ele discutia muito. mas, uh, me lembro até de uma vez () tinha que fazer trabalho Hoje é mais ou menos nesse tempo. E entregar os trabalhos e ele discutia com a gente. ele discutiu o trabalho comigo Só que eu tinha feito um livro de, em francês () não estava entendendo direito, eu apenas traduzi no meu trabalho () E ele discutia comigo se fosse o meu. Só que depois ele me chamou e disse, olha, está bom o (), nós acabamos de discutir, está tudo certo. Mas o francês, às vezes, é difícil de traduzir hein rapaz (risos) você vê como é o espírito dele, não tinha certo Não era assim uma agora tinha as aulas de revisão evidentemente () Nem sempre eram. E> SPEAKER 1: E contavam no currículo Como? Faziam parte do currículo, né SPEAKER 2: Oficial, não. Mas constavam lá dos boletins, eles constavam. Mas, eh, por exemplo, se fosse reprovado, não repetia o ano por causa disso, não Não era o... Não re> () SPEAKER 1: e como a igreja () SPEAKER 2: você não conhece aqueles lados lá, né? O ginásio do Carmo encostava na igreja da Ordem Terceira do Carmo. Era uma igreja antiga, bonita, bonito de ver, muito bonita. Então, havia entrada para os alunos por dentro, por dentro do colégio. Mas a entrada mesmo da igreja era tudo separado. Apenas essa entradazinha para os alunos que quisessem entrar pelo colégio, () mas era separada, quer dizer, não, não tinha nada a ver com o colégio () Apenas usava o edifício da igreja para os alunos () mas não pertencia () não tenho certeza mas eu acho que nem pertencia à ordem terceira do Carmo o colégio não Pertencia aos padres maristas. SPEAKER 1: E qual era a hierarquia dos padres? Eu SPEAKER 2: O reitor e os professores. O reitor sempre era mais diferenciado () SPEAKER 1: O rei, o reitor () era o chefe da escola? SPEAKER 2: Era o diretor. Correspondia ao diretor, né E professores. SPEAKER 1: >greja mesmo, a hierarquia deles Na própria igreja lá? Não () SPEAKER 2: eles não tinham nada que ver com a igreja Lá na igreja, o cônego era o () Leite e ele que... Era completamente diferente () Separado. Os padres maristas não, não dizem missa, nada disso. Eles só são professores, né? Eles não têm direito. Eles não têm essas ordens. SPEAKER 1: Ah, eles, eles não, não são padres? SPEAKER 2: Eu também não sei explicar muito bem esse negócio, mas eles não recebem certas ordens que permitem dizer missa. Eles não dizem missa () Me parece que só o reitor é quem poderia dizer missa. Só o reitor. Eu acho que há alguma ordem que eles recebem, () ordem sacra. SPEAKER 1: () e () dentro da faculdade, voltando um pouco à faculdade, uh, depois como é que foi a saída dela? SPEAKER 2: () aí a gente vai, nem que não queira, vai amadurecendo a força Vai apanhando, vai aprendendo. () quando () acaba o curso, mais ou menos a gente já está orientado para alguma coisa Aí já está mais () SPEAKER 1: da faculdade mesmo, a gente já escolhe o ramo da () SPEAKER 2: A verdade é essa, que a universidade, aos que se formam, a outra não... estou autorizado de ir aí porque não estou bem a par Mas quem se formou pela Universidade de São Paulo tem, tem base, não só base técnica, como uma formação excelente A senhora pode ver que a gente pode sofrer um diabo como médico. Sofre mesmo. Tem que correr para casa. Já disseram que o médico hoje em dia é um, é um cidadão que tem quatro empregos na () para poder correr para os empregos Mas, em todo caso, a senhora pode verificar que charlatão etc. difícil mesmo acho que a senhora não encontra um () formado que está na faculdade de medicina Pela Universidade de São Paulo. Eu acho que () a formação moral que dão ali é muito bom Eu acho que é muito boa. SPEAKER 1: Era (risos) SPEAKER 2: Na medicina parece que continua () SPEAKER 1: E os seus filhos, uh, deles, tem algum que faz medicina? SPEAKER 2: Não tem, não. Nenhum. Eu vi lá um falando que vai fazer esse ano. Não acredito muito, não. Eles hoje SPEAKER 1: () e, e comparando, assim, o ensino que o senhor teve e o ensino deles, você pode... Você tem algum filho que está na faculdade? Não tenho, nenhum quis () SPEAKER 2: () () resolveu fazer agora vestibular para a administração de empresa está mais ligado com isso Não sei se ele vai passar ou não, porque ainda não fez exame. ele tem estudado, uh () se eu não me engano, difícil, eles também acham que é difícil, mas... O que eu acho é o seguinte, que eles têm... Eles têm muito mais liberdade de escolha. Eles têm muito mais... Não sei... Eles estão mais... raciocínio melhor () Mas também eu vejo um bocadinho isso agora que estou falando como o pai Eu às vezes vejo eles meio perplexos, () meio assim não entendendo direito o que está se passando no mundo não E, ao mesmo tempo, a gente não, não sabe como explicar porque () pertence mais ou menos a outro mundo, né? E também tem que se adaptar. Então a gente procura se adaptar através deles. Quando a gente sente a insegurança neles, a gente também fica meio inseguro. () o que que eu vou dizer para eles? () () Ele vem dialogar com a gente não sei (risos) não tem o que dizer. Então precisa fazer aquelas manobras, os testamentos, procurar. () depois achar uma solução E, inclusive, a gente vê, com toda essa possibilidade que eles têm, cometerem velhos erros que dos tempos passados, as mesmas coisas. Pelo menos em matéria de camaradagem entre eles, entre, entre eles e moças e moços, eu acho que ainda não encontraram o caminho certo. Não sabem como é que, então repetem velhos erros. velhos erros nós cometíamos com namorados e etc Agora, quanto ao ensino, não. Eu acho que eles têm mais possibilidades. Estão dando mais chance para a mocidade. Estão dando chance. Não sei se por... Não sei por quê. Talvez ela mesma tenha se colocado no lugar certo, né? Ela mesma forçou essa... Eu não acho que deve ser entregue a um outro. () Pela lei, a gente tem que passar, passar bastão para outro () () () SPEAKER 1: você tem algum filho que terminou o ginásio ou colegial há pouco tempo, como que foi a festa de, de encerramento? Olha SPEAKER 2: Eles nem fizeram. No ginásio mesmo? Não fizeram, não. Não fizeram. Pelo menos () SPEAKER 1: fez não, nenhum dos seus filhos? () SPEAKER 2: Lá em casa () Mas assim, uma solidariedade como, por exemplo, eu tive quando me formei no ginásio, em trinta e um, junto com a outra turma, em trinta e um Mas o Guilherme de Almeida, que era (), fez o discurso, aquela coisa muito bonita. E eu recebi o pedantesco título de bacharel em ciências e letras Imagina que é isso. era o título de quem se formava em ginásio Era bacharel em ciências e letras SPEAKER 1: Hoje não é () () e a festa de encerramento da faculdade, houve co> >memoração, houve, houve SPEAKER 2: mas aí também eu não sei se () então como em trinta houve a revolução eu não me formei na época certa e Então () Como o paraninfo era o Ademar de Barros, só pude, eu só pude receber o, eu só pude receber o diploma em janeiro de mil novecentos e quarenta () () recebi mil novecentos e quarenta () recebeu em dezembro pelo menos de trinta e > () mas foi no teatro municipal () Aí a solenidade é mais ou menos bonita () É mais solene () () e tem aquele juramento () SPEAKER 1: E os formandos vão de traje comum? SPEAKER 2: Não, não. É... É... () toga, né Aquelas vestes, vestes () SPEAKER 0: preta () SPEAKER 1: () e como é que foi () contar como foi essa cerimônia () SPEAKER 2: palco do teatro municipal Todos sentados lá com essas vestes. () fazendo um discurso enorme () Então, bem, o aluno, geralmente, é por ordem alfabética que chama o primeiro () Ele lê o juramento, o juramento de Hipócrates. os outros têm que chegar Então, ele tem, ele tem um anel. O reitor da universidade, lá da escola, Ele coloca o anel e a gente repete que promete () () antigamente ela ainda tinha isso Depois passou para o português mesmo, porque ninguém entende, e E vai recebendo seu diploma. () os familiares batem palma SPEAKER 1: E acabou. E além dessa solenidade SPEAKER 2: Depois a senhora fica com o diploma na mão, quero ver. SPEAKER 1: (risos) () existe outras festas então sociais SPEAKER 2: Bem, aí o Paraninfo, por exemplo, geralmente antes ele dava reunião na casa dele, para os afilhados Mas depois, de formada, é mais cada um numa casa. Às vezes o, o rapaz que não tem a família aqui, ou que de outro estado, () vai na casa dele também, mas é mais assim, () separado, não há, não há baile de formatura Não sei se você ouviu agora () Naquela época não, o bailde de () () antigamente () baile forma>