SPEAKER 1: Gravação dia treze de de doze de mil novecentos e () e dois. Então você estava falando aí em jornais. ### Respeito de notícias, jornais, tudo. Então você fala pra gente o que você estava falando agora a po> SPEAKER 0: () de certa forma eu vou ter que repetir. O negócio é o seguinte. O jornal do futuro, o jornal impresso, vai ser ãh de comentário. O jornal de notícia parece que tende a desaparecer, tende a a a a ser superado pela pela televisão e pelo rádio. Nós sabemos muito bem que o que se ouve hoje no rádio só vai ser dado amanhã no jornal escri> Há uma forma interessante que não sei se vocês conhecem, na China, adotou-se, e parece que ainda vigora, não sei, mas adotou-se durante algum tempo, alguns anos atrás, no tempo da () adotou-se o jornal Mural. Não sei se vocês tiveram notícia disso. O jornal Mural era aquela aquela série de cartazes preparados dia a dia, e às vezes momento a momento, e que eram afixados em determinados pontos, e onde a população se informava das coisas com muito mais () do que o jornal o jornal impresso que leva um dia para circular. Este foi talvez tenha sido a primeira essa talvez tenha sido a primeira a primeira a a a a manifestação deste deste fenômeno de mutação na na informação de de massa. E eu acho que o jornal vai desaparecer. Eu entendo que o jornal vai () Não é novidade nenhuma, né? () assunto já está estudado, já está re revisado por aí. Então  SPEAKER 1: em substituição ao jornal, SPEAKER 0: Televisão e rádio. () Televisão e rádio. ### Se bem que o rádio ainda tem uma faixa enorme de de de sobrevivência, porque a televisão já é um processo mais dispendioso, mais difícil, talvez. Eu não entendo disso. Estou falando () um palpite. () talvez o rádio ainda tenha ()... Ainda mais aqui no no no nosso país, né? No Brasil, o rádio ainda é o elemento de comunicação. Em alguns lugares é só o rádio. Aí é que o jornal não tem vez, porque chega um mês depois. ### Eu conheço o Brasil todo. Eu () disse a vocês há pouco, como referência às viagens estrange ao estrangeiro, não fiz nenhuma. Eu mando minha mulher. Minha mulher já conhece a Europa, já conhece a América do Sul e já foi aos Estados Unidos uma vez. Muito bem. () () os outros lugares ela tem ido mais de uma vez. E eu não saí do Brasi> não saí do Brasil talvez por um... eu acho que isso é uma bobagem minha, o fato é o seguinte, é que eu disse, eu vou conhecer primeiro o Brasil, depois (riso) então eu saio. E o Brasil é muito grande, eu não tenho tido oportunidade de fazer tudo. Hoje eu tenho o Brasil todo ãh ãh percorrido, em alguns pontos com repetição, com novas viagens, e me falta o Pantanal, que eu ainda não fiz, mas pretendo fazer, neste ano de setenta e três, eu vou fazer o Pantanal. E feito o Pantanal, eu quero fazer o território, o território do do Amapá, os territórios que eu ainda não percorri, embora eu tenha ido a (), perto de Macapá, mas não percorri, fui lá, fiz uma visita, desci do avião e voltei, até quase profissionalmente, porque eu estava a serviço em Belém. Vou fazer os territórios, daí eu tenho, porque os estados eu já tenho todos, inclusive Mato Grosso, menos () o Pantanal. Aí então talvez eu saiba, ou então eu () (risos) SPEAKER 1: E já que () viajou  Pelo Brasil? Brasil. Nós gostaríamos de saber assim alguma coisa sobre a as viagens. Primeiro, como é que o senhor foi? Ah... SPEAKER 0: Bom, a primeira viagem que eu fiz e o que despertou () o meu interesse pelo Brasil, por pontos eh distantes de São Paulo, foi uma viagem de desespero. Eu fiquei cego. Era moço ainda. ### Tive uma lesão na vista, que ninguém descobria o que era. Então a coisa começou a piorar, cada dia tinha dores horríveis, não podia, a claridade, eu não podia receber a luz. Então tinha que ficar num quarto escuro, com aqueles tratamentos complicadíssimos, fazendo pesquisas de foco infeccioso, que os médicos da época entendiam. Ah, isso é um foco infeccioso, isso é foco... Naquele tempo usava essa história de foco, né? E fazendo anti-infecciosos gerais e () E piorando, piorando. Primeiro mês, segundo mês pior, terceiro mês pior ainda () pesquisas feitas. A procura da causa, uma causa absolutamente inencontrável, que me deixava desesperado. E eu tenho um temperamento muito ativo, eu sempre trabalhei muito, sempre corri muito. E preso num quarto, fui começando a ficar meio () Daí, resolvi. No fim de de um ano de tratamento infrutífero, de exames, de pesquisas, de de laboratórios, de tudo, sem nenhum resultado, eu resolvi fugir de casa e desaparecer no mundo. E essa foi a primeira viagem que eu fiz para o Norte. Fui parar em Recife, sem dinheiro, sem roupa, e sarei no caminho. Esta que foi a coisa mais espanto> Eu sarei no caminho. Sarei porque () eu tinha e tenho... eu sou reumático. Eu sou um velhinho reumático. Qualquer dia você me encontra numa cadeira de roda. sou um velhinho reumático. Porque o reumatismo não sara, né, o reumatismo não cura. A gente () () A gente morre com o reumatismo, mas não morre de reumatismo. () (tosse) Eu saí ãh ### ### Eu tinha dois décimos em uma das vistas e zero na outra. E dor, né? Dores horríveis. Pois bem, na altura do Espírito Santo, eu viajava num navio chamado ãh Itapuí. Naqueles pequenininhos (), né? Eu levei o dinheiro exato para a passagem, porque eu ia me liquidar no caminho, não pretendia voltar nunca mais, eu era inválido, eu não queria voltar para a minha terra. Viver aí com a bengalinha branca, não queria, de jeito nenhum. Pois bem, comecei a sarar na altura dos abrolhos, quando o navio passou por abrolhos, eu já não tinha dores. Quando nós chegamos na altura de de () Salvador, eu já via. Tinha () umas manchas, mas eu distinguia. No olho que tinha zero, eu fechava o que tinha dois décimos. E no olho que tinha zero, eu já via a sombra da minha mão. Então, punha a mão contra a luz, via os dedos. E então, eu estava começando a ver de novo, né? E já aí, perdi a vontade de desaparecer. () () Eu já comecei a pensar em voltar. Levei dois meses fora de casa, sem dar notí> Quase matei a minha mãe. Minha mãe já era uma pessoa em idade, assim, avançada. Não era um, não era (), mas ela já tinha seus problemas de coração. Quase matei minha mãe. Ninguém soube por onde eu andava. Ninguém soube. Eu andei quebrando, batendo cabeça lá pelo norte e andei vendo coisas. Depois eu voltei. Quando eu voltei, eu senti a necessidade de retomar aquela aque aquele roteiro, em outras circunstâncias, com saúde. Aí comecei a correr, fui para o norte, fui para o sul, fui para o interior, fui para cá, fui para lá, fui ver os pontos turísticos, as coisas bonitas que o Brasil tem. Eu fui vendo tudo e () entrei nessa jogada e hoje () cheguei a esse ponto sem ter saído do país. () A excursão mais distante das nossas fronteiras que eu fiz, () eu fui três vezes já a Foz do Iguaçu, atravessar o rio. Mas isso eu não considero uma viagem estrangeira, porque ali é ainda território, né, nacional. Atravesso o rio, vou à Argentina, vou comer na Argentina, naquele hotelzinho, Marreta, que eles têm lá. (risos)  Vou ao Paraguai, para ver aquela aqueles costumes locais. Inclusive, eu a assisti no Paraguai, passei lá um dia de finados. Dessas excursões que fazem, eu fui () excursão aérea, e verifiquei que no Paraguai, naquela zona pobre, fronteira, distante da capital, eles não têm cemitérios. Vocês sabiam disto? Eles não têm cemitérios. Então, todos os os residentes sepultam os seus mortos no quintal. Foi uma coisa estranha mesmo, porque nós fizemos a travessia para o território do Paraguai num dia de finados, e assistimos a estas cerimônias de homenagem aos mortos nos fundos de quintal. Então, nos explicaram, nós chegamos à Vieira, até chegar a até alguns túmulos () no quintal das casas SPEAKER 1: E das ãh de todos os lugares, aue o senhor, qual a cidade que o senhor acha mais... Ah, bom, tem coisas lindas, cidades formidáveis. SPEAKER 0: ### Ainda há coisa de uns dez ou quinze dias atrás, eu disse se eu pudesse sair de São Paulo, porque a gente não pode cortar as raízes, mas se eu pudesse sair de São Paulo, eu ia morar em Fortaleza. ### Eu ia morar em Pirapora. Nos arredores de Fortaleza, a trinta quilômetros, há um lugar chamado Pirapora. SPEAKER 1: ### SPEAKER 0: () a cidade de Fortaleza hoje está com um aspecto muito modernizado. Tem arranha-céu, já tem tem coisas assim de metrópole. É um um ensaio de metrópole  Mas a fortaleza que me seduziu foi a fortaleza do ano de mil novecentos e quaren> SPEAKER 1: E () que o senhor dá, assim, uma descrição geral de Salvador para gente? Bo> SPEAKER 0:  a descrição atual é a mais decepcionante possível. Quando eu fui à Bahia a primeira vez, Eu encontrei uma cidade dividida em dois planos, alta e baixa. A cidade baixa com aquelas características todas de comércio e de e de coisas locais. A feira de meninos, ãh o caminho para o bonfim, essa coisa toda A última vez que estive na Bahia, agora em em julho, eu fui à cidade baixa procurar um negócio chamado Sarapatel. Não sei se vocês conhecem sarapatel. ### É uma é uma caldeirada de miúdos muito apimentado. Eu acho aquilo uma delícia. Eu sou um grande comedor de sarapatel. Numa das vezes numa das minhas viagens a Bahia, eu já fui umas cinco ou seis vezes a Bahia Numa das viagens eu passei uma semana inteira. nos idos tempos, descendo para a cidade baixa e procurando sarapatel de calçada. O sarapatel de calçada é aquele que o o a a baiana, ou mesmo o comerciante, o pequeno o pequeno dono de bar, põe e vende na calçada, não tem mesa não. Então você encosta ali, tem que entender, a () precisa entender. Isso é que eu gostava, esse tipo de vida. E encosta, apanha o pra> servido já, põe a farinha e se ajeita. Ele se vira por ali. Ele ele come onde Deus for servido. Ou na na na sarjeta, ou encostado na parede. Sarapatel de calçada. Uma delícia! Uma coisa... A gente não entra nesse detalhe de preparação, de aspecto higiênico de preparação, porque isso não pode mesmo. () É o sabor, né? É aquele sabor característico. Muito bem. E eu passei uma semana comendo sarapatel de calçada, porque eu gostava. Estava hospedado lá em cima, mas eu descia para esse enfim. Bom, a última vez () descia A cidade baixa para pegar o tal sarapatel de calça> Não encontrei mais nenhum. Não há mais. Então, acabei tomando refeição na cidade do (), que é um local internacional, com um cardápio internacional. E não tem mais. A Bahia não é mais aquela Bahia que prendia a gen> Está modernizadíssima, tem agora uma avenida do Contorno que é linda, mas é linda tipo Rio de Janeiro, tipo Estrada da Gávea. É outra coisa, não é aquela beleza que a gente queria. Em julho ainda nós fomos a Abaeté, eu estava com a família. Fomos a Abaeté, bom, aqui nós temos uma um recurso, vamos encontrar um pedaço da Bahia, dos bons tempos, vamos a Abaeté ver as lavadeiras. Abaeté tem aquela famosa lagoa, tem aí aquelas aquelas aquelas cantarolas, (riso) a lagoa de Abaeté, lá fomos. De quem é? ### ### Fomos a Abaeté para ver as lavadeiras. Vimos, as lavadeiras estavam lá. Também tinha acarajé com com molho de pimenta. Tudo direitinho, como no passado. Só que tinha uma diferença. As lavadeiras estavam de biquíni. Então, a essa coisa que se chama desenvolvimento, porque aquele centro de Aratu, por exemplo, onde estão localizadas as indústrias, é o Centro Industrial de Salvador, é Aratu também, impressionante. Causou isto, transtornou a cidade, aquela coisa pitoresca, a Bahia do Bom Tempo, aquelas coisas características locais, e já não já não são mais encontradas. Está tudo diferente agora, está tudo modernizado, e eles fazem () Então tem grande empenho em alardear um progresso que realmente existe, mas que matou a tradição. Matou a tradição. Lá não se... Não é mais a Bahia, mas é ainda ainda continua sendo uma grande cidade. Uma cidade muito gostosa. () Norte () Belém, Belém é a coisa mais espantosa que existe. É um é uma espécie de mixórdia. Belém é um é um é uma... É uma anarquia total. Uma mistura tremenda () mas é uma cidade muito gostosa. Grande, sabe? A gente tem a impressão que Belém é uma cidade pequena. Belém é uma cidade muito extensa. Vocês sabiam que em Belém há a rua de maior extensão de todo o Brasil? Não é nenhuma Avenida nove de Julho ou vinte e três de Maio. Não, não é. É uma rua. Chama-se Rua Padre Eutíquio. É a rua mais extensa do Brasil. Atravessa () a capital de fora a fora e não se satisfaz com isso. Vai à zona suburbana, periferia, além, e vai, vai, vai, vai. Vai fazer o título. Deve ter, não não posso dizer a vocês, porque lá a numeração não é métrica. Lá a numeração é por casa. Deve ter. Eu imagino que tem uns uns vinte quilômetro aquela rua. Não lem> Não posso () Eu percorri como curiosidade. Me levaram () Eu imagino que tenha isso. () Não tem! É uma bagunça. (risos) ### É uma bagunça. ### Lógico, agora, como todo o Norte, como todo o Nordeste, agora há as construções modernas, há os incentivos. (riso) O Brasil está ajudando o Norte e Nordeste, né? ### ### Lá nem é. Nem nem é () é região Amazôni> De modo que, então, esses incentivos estão introduzindo na vida da cidade as mesmas modificações de progresso que foram encontradas aqui na Bahia, que deixou de ser aquela Bahia serena, pitoresca, não é mais. ### Mas não é não, depois a gente acostuma. A primeira impressão da Bahia, () Quando cheguei lá, muitos anos atrás, falei assim, é uma cidade suja. Não é, não. Não é suja. É uma cidade que tem as condições de nível de vida do local. Sujas mesmo são as cidades da margem do São Francisco, que eu fiz também () Agora, em julho () Salvador, eu fui vi a São Francisco. Eu não  não tinha feito esse roteiro por dentro, né? Saímos daqui, Belo Horizonte e fomos parar lá em em Petrolina. Estas cidades do curso São Francisco é que são sujas. Sujas mesmo, mas sujas por miséria, por () por impossibilidade de situação melhor. Algumas cidades da da das margens do São Francisco têm serviço de limpeza pública executado por porcos. Os porcos, o () reina permanentemente. E os porcos então fazem a limpeza, porque os detritos são postos na rua. E os porcos ficam por ali. É uma coisa horrorosa, difícil da gente compreender como é que pode brasileiro ainda viver nesta situação. Eu trouxe fotografias desta viagem que assustam, eh () parece () Quando a gente chega, o o fui num naviozinho de roda, porque é esse que é o pitoresco, né, aqueles naviozinhos abertos de roda, e só pode ser aquilo, porque o São Francisco tem um leito muito raso, as águas do São Francisco são espraiadas e não tem os navio de calado, não pode trans não pode navegar. Então tem que ser aquilo () que é fundo chato e vai. Tipo Mississipi. Bom, o navio encostava naquelas cidades, as crianças vinham pedir pão. Muito bem, isso é normal. () Na Amazônia é a mesma coisa. A proximidade de Manaus, em breves, então, é uma coisa tremenda. O pessoal atira a moeda, eles mergulham, vão buscar. Essa coisa que a até se faz em em em termos turísticos internacionais, né? Bom... A gente pedia um pão. E pediam para jogar, né? Então, a preocupação dos passageiros era jogar, ou embrulhado num plástico, ou jogar com muito cuidado para eles pegarem. Mas não tinha importância que não pegassem, não, porque eles pegavam da água mesmo, o pão () já começavam a comer () As águas do São Francisco estão poluidíssimas. São Francisco está uma coisa tremenda Não dá margem. De Mato Grosso, sabe o que que eu tenho bom mesmo? Clientes. (gargalhada) Os clientes de Mato Grosso () são ótimos. São os melhores clientes que esse escritório tem tido através dos tempos. Eu tenho alguns alguns bons clientes em Mato Grosso. Mas eles não dão o menor trabalho. Eles não dão a menor preocupação. São de uma docilidade, porque... Ãh... () Era para não falarmos da da da de profissão, mas () caindo... Caí um pouco. Mas então, em Mato Grosso, o que eu tenho é isso, porque as minhas via... As cidades são precárias, por exemplo, Corumbá é uma cidade grande, movimentadíssima, () e tal, mas não tem... É é é até meio deprimente, porque eles copiam coisas de grande cidade e não tem infraestrutura para aguentar. Então, fica aquela coisa meio assi> Esnobativa, não digo que seja de esnobação, mas eles eles... Porque é gente rica, é gente de de de... Nós temos até piada na televisão, não é? A cida> ### Proporções gigantescas. Recentemente, nós estamos cuidando de um assunto com pessoas do Mato Grosso, e é uma briga que ah acontece em família, só para dar ideia da grandiosida> E a a a família reclama porque uma determinada pessoa, dentro, eu não vou dar nomes, isso é sigilo, uma determinada pessoa presenteia outra de sexo oposto ãh de forma que os familiares não concordam. Por quê? O presente é um avião. (gargalhadas) Um avião () a grandiosidade do Mato Grosso. Tudo grande lá. E o senhor conhece Cuiabá?Conheço Cuiabá. ### ### Historicamente é uma cidade que comove, não é? Porque é uma cidade onde tem um pedaço enorme da da nossa história. Mas nada de especial como Salvador, como Belém, como Porto Alegre. Porto Alegre não tem nada de diferente de São Paulo porque é uma cidade do sul, como a nossa, né? Tem as mesmas características urbanas, de de de () Construção é mais ou menos a mesma coisa. Até () o acidentado do solo é semelhante. Mais ou menos.  Não é uma coisa assim muito igual, muito Mas dá uma ideia de São Paulo. É um São Paulo pequeno. Pois bem, Porto Alegre como cidade, apesar de ser um... uma reprodução ou qualquer coisa semelhante a nossa, para mim, é mais interessante do que essas cidades que são... tem valor histórico, tem umas cidades históricas () turismo para a gente. SPEAKER 1: Então, o senhor não gostou das cidades histó> SPEAKER 0: Gostei, adorei! () lógico que adore> Pensei que você pensei que você fosse trocar alguma alguma ideia comigo. ### ### SPEAKER 1:  () muitos comentários. SPEAKER 0: Precisa () É uma viagem importante. Ela me perguntou de Cuiabá. É por isso () SPEAKER 1: ### ### Você é de lá? Não, mas eu sempre vou para lá. SPEAKER 0: Ah, é? Muita gente de lá. Pois é Mas, () sabe, não me impressionou. Vai desculpar, hein? (risos) Não me impressionou como cidade. Uma cidade que me impressionou ãh desfavoravelmente foi Florianópolis. Florianópolis é uma capital triste, sombria, esconsa. Entretanto, com arredores lindos. Os arredores de Florianópolis são maravilhosos. Conhece? () Ah a lagoa () e as dunas, né? É uma coisa formidável. Mas a cidade mesmo, a cidade eu não gostei. Não gostei. Eu não, não... O tipo de po> de Florianópolis não é muito acolhedor. Eu não sei se tive azar, eu não sei. Eu estive lá só duas vezes, uma a serviço. Quando eu vou a serviço, eu não posso saber de nada, né? Não posso saber () Ultimamente, este ano que passou, eu fui mais de dez vezes a Belo Horizonte, com essa turma lá () Mas eu não não fiz nada do Belo Horizonte atual, porque eu ia a serviço. Então, eu desembarcava no aeroporto, ia para o hotel, preparava o expediente do fórum, ia para o fórum, do fórum, eu ia para a casa do () Conhece? ### A produção da fábrica sai toda. E é só geleia, né? É, ele só faz geleia. Ele tem um tem uns doces lá, mas doce esse tipo de doce que não me agrada, doce em massa, eu não... Eu até olhei assim, mas não... A geleia, para passar no assim, de manhã () na torrada. É um espetáculo () Ainda tem uns () SPEAKER 1: Eu tenho um estoque daquilo. Que tal Belo Horizonte como cidade, assim? SPEAKER 0: Muito bonita, muito gostosa. Tem arredores interessantes, lugares muito bons. Agora lá estragaram um lugarzinho delicioso, que era tradicional, lá chamado () Conhece () Foi para o () Está na mesma rua, eu não me recordo o nome da rua, mas eh foi, saiu do centro foi para o () na casa de residência dos proprietários. Eles adaptaram lá o jardim e tal, e fizeram. Tip Top é um lugar onde se toma onde se tomava show tradicionalmente em Belo Horizonte. () Existe um () muito bom, sabia? Uhum SPEAKER 1: Já ouvi falar () SPEAKER 0: Agora o Tip Top está no () Eu estive lá, eh apesar de estar em serviço, eu marquei a entrevista para discutirmos assuntos de trabalho no Tip Top, porque eu tinha que fazer alguma coisa, não podia ficar só correndo, né? (gargalhada) E como é que são as ru> SPEAKER 1: Ruas, as casa> SPEAKER 0: O traçado de Belo Horizonte é um espetá> O traçado de Belo Horizonte, a planta de Belo Horizonte, você verificando, você vê que é uma é uma coisa, é uma cidade projetada mesmo. Eu acho que Belo Horizonte, eh eu não não posso comparar com Brasília. Brasília é outro tipo de cida> Brasília é ímpar no Brasil, né, não tem nada de semelhante, tem nada de semelhante. Mas Belo Horizonte é é uma cidade muito bem projetada. É toda em radiais, é O centro da cidade é todo coordenado. É até uma cidade eh boa para gente andar, porque a gente não não se perde. A gente, tomando pé ali, é uma beleza. () Elas são todas irradiadas. () muito interessante. Bom movimento. Muito bom movimento. É uma É um movimento de metrópole. Só que tem a esta vantagem sobre São Paulo e Rio. A população é bem menor. Então os problemas também são menores, não é? SPEAKER 1: É quase uma cidade de interior, né? SPEAKER 0: Não diria isso. A cidade interior tem um outro ritmo. Mas eu digo, é uma cidade onde não tem os problemas de São Paulo. Você lá não encontra o problema de São Paulo. Você transita. O pedestre, por exemplo, tem um tem um... Pelo pedestre se tem muito respeito. Tem sinalização para pedestre, tem o tem o semáforo e o pessoal respeita, e a faixa. ### Bons hotéis, bons hotéis. Agora, eles inauguraram recentemente um hotel. Eu ficava no Del Rey. O Del Rey é um belíssimo de um hotel. Eles inauguraram outro hotel. Eu acho que é da mesma cadeia, () Que fica em frente à estação. A estação rodoviária de Belo Horizonte é a mais bonita do Brasil. Não tem outra. Não tem outra. Ganha de Brasília. Ganha de Brasília. É um espetáculo. ### Muito bem implantado. Ãh Instalações de primeiríssima. ### A estação rodoviária de Belo Horizonte precisa ser vista. É um uma visita obrigatória. Não se vê ônibus. É uma estação rodoviária onde você não vê o ônibus. Os ônibus entram para os passageiros. A acompanhante que vai levar ãh  titio, namoradinho para embarcar, não vê o ônibus. Não chega per> Não chega per> É é é inteiramente isolada. A parte de bilheterias e entrada de público, recepção, fica em cima. E os ônibus todos por baixo. Brasília pretendeu fazer isso. () A estação rodoviária de Brasília, que é do Niemayer () da instalação de Brasília, nos tempos de inauguração da cidade, também é assim, né? Os ônibus ficam embaixo. Mas é misturado. Tem aquela escada rolante, o pessoal fica () de cima para baixo, e os ônibus ficam envolvidos pelos... acompanhantes ou pelos que estão apenas espiando ali o embarque e dá a impressão de anarquia. Não tão grande como a de São Paulo. (risos) () ### Em matéria de anarquia, São Paulo ganha estourado de qualquer cidade. (riso) SPEAKER 1: O turista ia lá com um canivetezinho e tal, e ia removendo. Agora, () até uma certa altura, já é tudo purpurina. É composição de pintura. Mas a igreja é impressionan> Muito bonita, muito... Muito... Sabe que o papel da igreja no passado era esse, né? Assombrar e oprimir. Você deve notar que as as catedrais medievais e as do... digamos, do século do século dezoito e dezenove, tinha essa função. Não sei se isso é serve a alguma a alguma finalidade religiosa ou alguma finalidade mística. que a igreja as igrejas que eram bonitas oprimiam. Eram grandiosas, eram sombrias. E então, o cidadão se sentia ali ãh materializado, sentia uma forma materializada da divindade, então ele ficava todo encolhidinho. Hoje, as igrejas são maravilhosas, A propósito de igreja, então igrejas de Brasília, as modernas, são lindas, lindas. Tem uma igreja lá, do é daquele cidadão que teve a revelação, a revelação do futuro do Planalto Central, como é que se chama? () ### ### Não é Dom Vidal, não. Eu sou muito fraco nessas coisas de de nome de igreja, de santo, eu não estou por fora dessas coisas. Mas essa igreja é uma maravilha. É uma igreja quadrada, feita () Agora, os vidros são coloridos, uma forma () assim, por degrau de cor. O efeito, aquela igreja à noite, ãh no princípio, na no no fim da tarde, é uma coisa é uma coisa espetacular. (( só central, uma coisa fabulosa. O sistema de som da igreja nesse (), não tem esses microfones, esses falantes que nós encontramos pelas outras igrejas. É isso. A catedral também é muito boni> Só agora que eu fui me reconciliar com a Catedral, porque a primeira vez que fui a Brasília, me levaram para ver a Catedral. Eu estava trabalhando, mas me levaram para ver. () Tinha um metro de água lá. (riso) Então não pude entrar. Eu olhei de fora assim e estava alagado.  Agora não. Agora entrei. É realmente uma coisa espetacular. () A cripta da Catedral de Brasília está vazia. Não tem ninguém ainda sepultado lá. É para sepultar os bispos, talvez. Eu não sei bem qual é a hierarquia que tem direito aqui. Mas é lá embaixo, muito bonito também. () A Catedral de Brasília é realmente uma obra importante, como todas as obras. O Itamaraty, lindo, lindo,  Quando vocês forem lá, não deixem de ver, que eles tem   Está aberta a visitação () Você pode entrar lá. Tem guias lá dentro. Nossa, o que pode se ver SPEAKER 1: ### SPEAKER 0: ### É um casa à parte. É uma cidade espetacular. Todas as cidades de Santa Catarina são lindas, lindas, lindas. Limpas, limpas, limpas. É uma coisa que impressiona. Ah... Talvez seja a a a a a vinculação a a uma raça que tem por princípio essa coisa de ordem. Aquelas aquelas casas de de ber> A gente vê aquelas aquelas  casas de de beira de estrada, todas elas são cuidadinhas. ### É meio largada, é meio... Lá não. Tem a cortininha, tem a pinturinha em dia, tem a cercadura, tem a flor e tem o jardim. É uma coisa. E isto é normal, todos lá são assim. A cidade é limpa, a cidade é gostosa, () Um chope muito bom também. () é muito importante para mim. Eu sou um tomador de chope emérito, (riso) modéstia à parte. (riso) Gostei muito, não só de Blumenau, as praias também, em São Catarina, são muito boas. Eu estive, eu fiquei, era para ficar um dia, apenas para conhecer, eu fiquei três dias em Camboriú. Praia perigosa, mas linda, Nós estamos acostumados com as nossas praias () Lá eh as praias são muito perigosas. São difíceis, tem muita pedra. A gente se machuca mesmo. Tomando cuidado, a gente se machuca. A menos que conheça. A turma da terra não se machuca, mas turista chega lá, entra direto pelo () porque... Encontra () enormes e ali, junto da da margem. E... SPEAKER 1: E aí, chegando a ao Rio agora? Namorei lá. SPEAKER 0: Morei cinco anos no Rio e estudei lá. É uma cidade gostosíssima SPEAKER 1: ### SPEAKER 0: Mas escrever Rio é uma coisa meio... é uma coisa meio... já superada, né? Todo mundo conhece o Rio, né? ### ### (risos) Mas eu não vou escrever para o gravador, ou  ### SPEAKER 1: Não, então faz outra coi> () Então dá uma descrição assim para a gente do que o senhor mais gostou nas cidades históricas? SPEAKER 0: Bem, aí você me bota numa dificuldade tremenda. Há um hotel... eu sou comilão, né? SPEAKER 1: ### SPEAKER 0: Eu acho que vocês já desconfiaram que eu sou meio comilão. Há um hotel muito bom, ãh onde a gente eh é um hotel pequeno, com catorze apartamentos, onde a gente come muito gostoso e onde a gente vive muito gostoso. Mas isso não é não coisa para impressionar em cidade histórica. O que você se sente tocado numa cidade dessas? É lembrar que aquilo é um pedaço da nossa vida do passado. Então você fica deslumbrado, você vai ver as obras do do Aleijadinho, você vai ver os locais onde aconteceram coisas () Não há mais () Eu me diverti muito nessa nessa passagem pelas cidades históricas com com comida. Eu trouxe uma série de doces lá, uma () Mas isso não, fica até ruim para mim, fica mal, tá fazendo essa referência gastronômica. (risos) E e como eram SPEAKER 1: E como era, pelo (), o preço assim, a cidade? SPEAKER 0: () é uma delícia de cidade, gostosíssima para a gente para a gente ### ### Você bota os boxes para fora, né? () aquilo ali só tem ladeira. Eu tenho umas eu tenho umas fotografias de ouro preto, () tenho uma tela de ouro preto, eh eh a qual eu dou muito valor. Muito... Valor estimativo, né, não é de nenhum pintor. Mas ãh só de ladeira. ### ### O pessoal que me divertiu foi o pessoal da Escola de Minas () A turma (riso) a turma é muito igual. E eu tenho grandes amigos. Um deles está agora no no Ministério de Planejamento e estive com ele em Brasília. Amizades que eu fiz lá naquele período () tomei contato com eles. E é um centro de radiação de técnicos que está se impondo ao Brasil inteiro, sabe disso? Eles estão sendo solicitados até para o estrangeiro. Há um paulista que fez a Escola de Ouro Preto e que hoje está na Alemanha. Requisitado por lá. O Ministério de Indústria e Comércio, quando faz () concurso quando faz abre provas de concurso para para a admissão de engenheiros, uma das condições eh para determinados cargos é que tenha saído de ouro preto. SPEAKER 1: Mas acho que é a única escola, né?