SPEAKER 1: Já deu para ouvir? (ruido alto) ... do dia onze de dezembro de mil novecentos e cinquenta e dois. Bom, nós gostaríamos que o senhor falasse isso () SPEAKER 0: Sobre os sindicatos? SPEAKER 1: Não, é, sobre os sindicatos. SPEAKER 0: Há um pormenor sumamente importante. Para falar sobre sindicatos ou cooperativas, nós temos que falar das sociedades humanas. E temos que nos reportar. O homem pode fazer tudo que ele quer sozinho? Há possibilidade dele se realizar sem a cooperação de alguém? O homem é um animal social, como já dizia o velho Aristóteles. Agora, é de se perguntar, e o homem, quando se juntou em sociedade, fez como disse Hobbes, para se defender do perigo dos outros? Ou como Rousseau, para se () para poder se realizar dentro daquilo que ele chamaria depois de vontade geral? Ou seria dentro de Gabriel Tarde do espírito de Gabriel Tarde que o homem se uniu para formar uma sociedade no na base da imitação? Bom, a grande verdade é a seguinte, que o homem sozinho não se realiza. Ele tem que se unir na primeira célula família, depois no grupo maior, até na própria sociedade geral, até na própria sociedade humana. Porque hoje, por exemplo, esse gravador aqui, quem sabe de onde é que veio? Quantas mil pessoas colaboraram para que nós estivéssemos aqui falando? Portanto, Se nós formos diretamente ao sindicato, nós vamos ver que já na velhíssima Fenícia, já a sociedade... Este é o One Eleven descendo. Porque quando o One Eleven e o Caravelian sobem, estremece a casa toda. Então nós vemos que já na Fenícia, os grupos humanos de determinadas especialidades se uniram para poder produzir. E a campainha mais alguém garanto que vai estragar toda a sua gravação. Muito bem, na Idade Média, o que eram as corporações de ofício? Eram elementos de um mesmo grupo, que se uniam para formar a sociedade de classe, que protegia aquele mesmo grupo, isto é, um uma pleia de indivíduos das da mesma profissão, da mesma atividade, que se uniam, repito, para ter força, para poder produzir e distribuir, porque não é só produzir, o importante é produzir e distribuir, Pois bem, disto surgiram os sindicatos, da idade atual, e aqui é que a parte mais interessante, que o sindicato, na realidade, devia ser o agrupamento de trabalhadores de um determinado ramo laboral, de uma determinada atividade, para uma autoproteção. Isto nós vamos encontrar quase que perfeito na Itália, mas sofrendo todos os defeitos, na Itália fascista, sofrendo todos os defeitos do fascismo. Vamos encontrar o sindicato nos Estados Unidos dando uma impressão de uma força total. Todavia, controlado, e basta ler o livro do Mário Puzo, o chefão, controlado por tudo quanto é força estranha e imaginável. E basta lembrar, no Brasil, onde os famosos pelegos de Getúlio Vargas e de Jango Goulart é quem manejavam os sindicatos. Basta ver o seguinte, no ano em que Juscelino era presidente da República e Jango Goulart o vice, em um ano, Nós tivemos quase quatrocentas greves forjadas nesses sindicatos pseudamente tra de trabalhadores. Entretanto, sindicatos que não eram, na realidade, representações de classe, mas simplesmente indivíduos colocados pelos governantes justamente com esta finalidade da manutenção do controle político. Muito bem, agora vamos imaginar Claro que isso teria que ser algo de resumido para depois admitir o debate. Vamos imaginar agora o seguinte, formado sindicato, no sentido que nós queremos, isto é, todos os indivíduos de uma classe se unem, organizam-se, como por exemplo, não estou comparando nem estou elogiando, a (). Era um grupo de trabalhadores que tinham tudo, colônia de férias, médico, ãh laboratórios de análise, serviço odontológico, tudo, tudo, tudo, tudo. Basta dizer, quando havia um casamento, vamos dizer que o indivíduo pertencia à metalúrgica, ele se comprometia fazer os seus serviços no casamento da filha de um marceneiro. Em compensação, quando chegava o casamento de um deste metalúrgico, por exemplo, o sindicato do marceneiro contribuía. Então, essa ópera nacional e () com trabalhadores de todas uh as orientações, de todos os tipos, formava um todo que realizava, dentro do possível, a felicidade, não sei se era felicidade, diziam eles que era, daquele grupo trabalhista. Seria, então, este o verdadeiro sindicato. Seria seria o grupo da mesma classe, possuindo tudo para a satisfação das necessidades dessa mesma classe, inclusive a parte de melhora da própria produção. Alguma pergunta depois? (Risos) não, então continuemos. Agora vejamos o seguinte. A Essa parte aqui é interessante, que eu não quero fazer tratado do assunto. Veja por exemplo. Nosso agricultor. Ele compra um pedaço de terra. O Ou ele vai cavoucar essa terra com a enxada, ou ele vai comprar um arado, uma pá mecânica, uma ceifadeira, tudo isto. Se nós vamos ver o que custa um arado mecânico, uma pá mecânica, uma ceifadeira, uma segadeira, O trator, sobretudo, que é o principal e com todos os implementos, nós veremos que ele vai empatar um capital de mil para usar no máximo dez, quinze, vinte dias. E Então é um capital gigantesco empatado sem retribuição. Portanto, capital parado. E capital parado é prejuízo. O que é que fizeram os japonês, apenas para exemplificar? Chegaram aqui no Brasil, usam um a um unem-se e então compram um trator em. blocos de terra. E E aquele trator vai trabalhar todos os dias para cada fazenda. Ele nunca tem tempo ocioso de produção. Está sempre produzindo. O agricultor não pode estar se preocupando em escolher adubo. Então, a organização, que vamos () denominar a cooperativa, se encarrega. Ele apenas produz. E E o a adubagem, a técnica, a distribuição, até o trabalho bancário é feito pela cooperativa. Quer dizer, seria, dentro de um campo, notem bem, mas aqui estou apenas no sindicato, no na cooperativa, rural. No estudo do Fabio Luz, que é o maior mestre do assunto. Se Seria o agrupamento de todos os indivíduos, num trabalho que o antigo brasileiro chamava de mutirão, quase. Um ajuda o outro, outro ajuda um. E E dentro da cooperativa, é que é que se consegue a realização de alguma coisa. O O homem sozinho é fraco, o homem em grupo é forte. Daí nós vemos, portanto, simplesmente para exemplificação, o que é a Cooperativa Agrícola de Cotia. Ela é perfeita, tem tudo que se possa imaginar. E E agora eu vou (risos) aceitar as perguntas, porque eu posso continuar falando. Inclusive, tipo é bom esclarecer que a Cooperativa não significa exclusivamente agrícola. Eu citei agrícola porque no Brasil, oitenta por cento agrícola, a Cooperativa Agrícola que é a básica, que tem as principais, a importância a ou a principal importância. SPEAKER 1: E quais outros outros tipos de cooperativas que poderiam existir? Para mim seria SPEAKER 0: As cooperativas, desde que elas não se transformem naquilo que tecnicamente se chamam os trusts, os rings, os punks, os cartéis, isto é, aquelas organizações contrárias à livre concorrência, podem se formar cooperativas de todo o gênero. Nós podemos ver, por exemplo, a cooperativa de calçados, isto é, a indústria do calçado, trabalhando todas elas em conjunto, produzido e distribuído em conjunto? Isso é comum? Isso existe? Nós vemos, por exemplo, não chega a ser uma cooperativa, mas há um certo sentido de cooperativa nestas grandes indústrias americanas. A General Electric não fabrica, se não me engano, o compressor. Da geladeira, o motor. Então há uma firma que fabrica para todos e eles trabalham em conjunto. Só a cooperativa. Não nesse sentido técnico que falei agora a pouco. Mas não deixa de ser. Hoje em dia ãh a cooperativa que o homem comum entende é a cooperativa de consumo. Isto é, um grupo de associados entra com a importância X, adquire uma mercadoria, forma um capital e este esta mercadoria é vendida a preço de custo mais a despesa de manutenção e pagamento dos empregados. É a chamada cooperativa de consumo. E nós vamos ver, por exemplo, que é que eu citei a cooperativa agrícola e de produção de cotia, que também possui a cooperativa de consumo. A Aqui em Pinheiros, o indivíduo chega lá e compra na própria cooperativa. E E não vai pagar, ele vai pagar só depois. Então nós vemos isso Existem de todos os gêneros, as cooperativas podem ser feitas em todas as atividades humanas, inclusive a cooperativa de estudantes. Teórica, parece platônica, irreal, mas ela existe. Um estudante prepara uma certa matéria e ensina o outro. O outro aluno não prepara esta, mas prepara uma terceira matéria e ensina os primeiros. Então nós temos a própria interligação dos estudantes numa cooperativa intelectual extraordinária. A cooperativa de livros, a cooperativa de cola. E Esse que faz uma cola e passa para o outro, outro faz outros pontos e passa para ele. O nome está dizendo coopera, isto é, Cooperar, vem do latim, trabalhar, co, em conjunto. Então, a atividade uniforme do indivíduo, no mesmo sentido, numa centralização de forças e numa convergência de objetivos. É isto a finalidade dos cooperativos. E quanto ao sindicato, se quiser voltar, podemos então discutir que o sindicato, nos países capitalistas, surgiu como a força neutralizadora do poder do capital. É a união dos trabalhadores, neutralizando o capital. É Aqui no Brasil, o mais impressionante de todos os sindicatos foi dos estudadores. Chefiados por um grupo tremendamente organizado. Eles pensam aqui vocês vão se divertir. Eles formaram um sindicato de tamanho poder que parava o porto quando o bem entendia. Basta ver, quando foi em sessenta e quatro, sessenta e cinco, não me recordo o o ano exato. Em que ano se formou o Iorzinho? Uma foi em sessenta e quatro, sessenta e cinco, sessenta e seis. Santos tinha sofrido mais de cinquenta greves naquele ano. Então apareceu uma outra greve curiosíssima chamada Operação Tartaruga. Como era proibida a greve, eles resolveram fazer a chamada greve indireta. Demoravam o serviço. Bom, instaurou-se o inquérito e nós fomos verificar o que é que havia. Primeiro, eles iam estourar antes, pouquinho antes, uma greve chamada Greve do Vechame. Eles queriam um aumento para descarregar louça sanitária, porque era vergonhoso o homem pegar a louça sanitária na mão. (Risos) Isso existiu. Parece piada, mas isso existiu. Como isso foi brecado, eles então criaram essa Operação Tartaruga. Muito bem, agora que eu vou mostrar onde o operário, inocentemente, é tapeado é explorado. Não, mas o caso é que eu sou neto de italianos, eu vou ter que fazer barulho com as mãos. Senão não seria eu falando? Seria eu silencioso? Veja, por exemplo, o seguinte. O deixa eu retornar que eu perdi o fio. Como, às vezes, a gente atribui ao trabalhador aquilo que não é do trabalhador. Foi feito Índice de Participação dos Municípios na Operação Tartaruga. Bom, Sindicato dos Estivadores era o responsável. Quando começamos a ouvir os estivadores, disse, bom, por que é que vocês não trabalham? Não, nós estamos trabalhando, mas tiraram todas as vantagens. Eles tinham. Dia de chuva, ganhava mais. Certos descarregamentos eram pagos mais. Trabalho à noite, mais. Havia até um sistema de comunicação, que quando começava a chuva em uma parte do porto, a seis quilômetros de distância, a turma se deslocava para lá para ganhar mais. Essas não sejam dos sabidos, mas essas existiam. Muito bem, estamos fazendo um inquérito. Sindicato dos Estivadores, uma potência tremenda. Vamos examinar o que que há. Vem o primeiro... É, mas como? Nós não tínhamos tantas vantagens, tiraram todas. O negócio era o seguinte. O governo tinha tirado todas essas vantagens absurdas, mas tinha posto uma que era a melhor delas todas. Era gratificação por produtividade. Quer dizer, o indivíduo não ganha ãh o excesso por isso que aquele trabalho vai, ganha pelo que ele produzir. Pois bem, a Companhia Doca de Santos publicou que aqueles benefícios tinham sido tirados, mas não publicou que tinha sido colocada Essa essa gratificação por produtividade. Muito bem, então começou a operação Tartaruga justamente por isso. E E as docas nada faziam para evitar. Por quê? Porque as docas ganhavam percentagem do custo operacional. E se a despesa de descarga, em vez de custar dez, custasse cem, ela em vez de ganhar um, ganharia dez. Portanto, para as docas, o interesse era que custasse caro. E daí nós vamos ver que o sindicato, abusando de um lado, como vinha abusando, na mão daqueles agitadores, ele era explorado ou utilizado pela direção das docas, que entre parênteses. Não tem administração em São Paulo, é no Rio de Janeiro. E o grande movimento dali é em São Paulo. São essas pequeninas coisas que acontecem. Bom, o que aconteceu então? Os encarregados do inquérito decidiram, bom, então vamos pegar os dirigentes das docas. Vamos indiciar tudo quanto é dirigente aqui. Basta dizer o seguinte, setenta e dois navios fora do porto, dali três dias não havia mais nenhum. E não há mais nenhum, pode votar. Por quê? Porque é um negócio poderoso, vou pegar os dois lados. Daí está o sindicato explorado pelo próprio capitalista, que utilizou o sindicato trabalhador a seu próprio serviço. É o Famoso é a famosa Operação Tartaruga, de triste memória. SPEAKER 1: E o senhor sabe como é que ãh  como é que funciona? dentro de um sindicato? Do que ele é composto? SPEAKER 0: O sindicato tem um presidente e toda uma diretoria comum, depende muito da própria organização. E ele é formado de acordo com o estabelecido na própria lei trabalhista. Escolhido pelos elementos da classe, isto é, da categoria profissional, que pertencem ao sindicato. E  E aí é que existe existe um pormenor que eu acredito defeituoso no nosso sistema, porque existe o imposto sindical. que é uma importância que todas as categorias sociais pagam e que até hoje ninguém soube para onde foi esse dinheiro. É o que o Jango Goulart nunca explicou como é que comprou as fazendas. Nunca ninguém soube como é que o Getúlio conseguia ter toda aquela força atrás dele. Pois bem, esse imposto sindical teria por destino o próprio sindicato. Entretanto, nós vamos ver que os sindicatos vivem das contribuições diretas. E aqueles que não são sindicalizados não têm nem mesmo direito ao voto. Agora, a organização interna é uma organização praticamente comum, como a de um clube. O tesoureiro, o secretário, o presidente, e sempre repito, em chapas que são apresentadas, e infelizmente, a maior parte do brasileiro não é sindicalizado. (), veja o sindicato dos professores, dez por cento da da classe é que é sindicalizado, o restante não é. Entretanto, quando surge, porém, um problema como aquele do aumento de salários dos professores, se vocês vão dar aula particular, se você, em colégio, Quantos comparecem à reunião? Cinquenta  Professores. E depois, os que não foram, acham que criticaram o sindicato, né? Mas eles não cooperaram. Como é muito comum isso tudo. Mas qual é a pergunta que você ia fazer? SPEAKER 1: Não, é justamente isso. Ãh Então, uh para gente, a gente precisa ser sindicalizado para votar... Agora, cuidado, lembre-se o seguinte, exato. SPEAKER 0: Mas aquilo que o sindicato faz, beneficia a classe toda. Veja, por exemplo, o sindicato dos metalúrgicos, entra... Legislação Extravagista, o Decídio Coletivo, exigindo tais e tais coisas. Quer dizer, o que resultar dessa ação do sindicato, que normalmente só é mantido por um grupo de contribuintes, vai resultar em benefício para uma classe inteira. SPEAKER 1: E esses contribuintes, o que que eles têm que SPEAKER 0: É uma mensalidade. É uma mensalidade. É comum. Ãh  Tem a semelhança de um clube. Tem alguns aspectos assim, similares a um clube comum. E o nosso é muito importante agora. Quem for funcionário público não é sindicato. Tem que ter associação de classe. Não é sindicato. SPEAKER 1: Esse mesmo sistema funcionaria para a cooperativa? SPEAKER 0: Sob certo aspecto, a cooperativa é isso também. A Apenas que o sindicato é de um grupo trabalhador, uma classe de atividade, vamos dizer, no mesmo sentido. E na cooperativa é esta função, mas sem este vínculo da mesma profissão, quer dizer, da mesma atividade, mesmo tempo de produção ou de consumo. Mas a eleição sabe é diferente  É quase que seria a mesma coisa. Agora, não confundir com fundação, que a fundação é outra coisa, é um capital destinado a um certo fim. Agora, a cooperativa não. A cooperativa, os indivíduos entram com aquele capital, formam o capital da cooperativa, essa cooperativa vai se munir dos elementos necessários à sua atividade princípua e vai colaborar com todos os outros. A mais comum, repito, é a cooperativa de consumo. Vamos dizer, nós quatro aqui, Colocamos um capital, todos nós, e compramos uma quantidade no atacado de mercadoria. Então, essa mercadoria vai sair, para nós, muito mais barata. É a junção dos indivíduos para criar forças. Simplesmente isso. Agora, repito, não confundir isso com aquelas atividades ilegais, que são ilegais, que são de combate à livre concorrência. É o caso do trust, é o caso do pool, é o caso do cartel e, sobretudo, o caso do dumping. SPEAKER 1: o senhor poderia explicar para nós o que é cada uma dessas e? SPEAKER 0: Todas elas são agrupamentos visando destruir a livre concorrência. Eu dou um exemplo a As emissoras de televisão do México, quando no campeonato mundial, uniram-se todas. E E venderam os videotapes ao preço que elas bem entenderam. Quer dizer, elas tiraram toda e qualquer possibilidade de livre concorrência. Esse é um de um sistemas ãh um dos Práticos. A Agora, nós vemos, por exemplo, aí não é propriamente isso, mas nós temos um exemplo curioso da Kibon. A Kibon entrou no mercado com um capital tremendo. E Então ela começou a comprar. Ch> Chegava, por exemplo, o produtor de vinho, de suco de uva. Diz, eu compro a produção inteira, mas eu só pago o tanto. E Ia na cooperativa de Cotia. Eu quero tantos mil ovos. Secava os ovos. Quando chega no período fora da safra, os outros não tem, pagam um preço absurdo. Ela possui Ela fabrica a coisa num preço baixo. Então liquidou a concorrência. Então nós vamos dizer, mas a gente tem que ver cooperativa e sindicato da realidade nada. Mas se nós observarmos, chega uma hora em que começa ela começa a perceber que ela vai ter rivais. Então se juntam. Que não tem nada a ver, repito, com cooperativa e sindicato, mas são os agrupamentos visando a destruição das da livre concorrência. Pode notar que o gelato surgiu da própria Kibon. O gelato é produto da Kibon. São sócios da Kibon. Uma aparente concorrência. Mas aí não teria nada a que ver com o que não com o nosso assunto, mas é interessante ver isto. Nós vemos, por exemplo, a questão da do vidro plano. Quem é que podia comprar vidro plano se não daquela mesma gente? São estes grupos que se unem. Porque, note bem, existe o que eu chamaria o sindicato das empresas num certo sentido. E eu dou um exemplo. Quando havia na televisão o programa O Céu é o Limite, vocês lembram disso? uhum uhum Um dia o Chateaubriand... O Céu é o Limite era patrocinado pela Votorantim. Você conhece. (risos) Era patrocinado pela Votorantim. O O Chateaubriand estava querendo que a Votorantim lhe desse um quadro famoso para o museu. Não sei qual era deles, não me recordo o nome. Como foi negado pela Votorantim, o Chateaubriand vem a televisão e diz cobras e lagartos do José Hermínio de Moraes. Lembram disso? Disse as piores coisas do mundo. E Então, todo mundo disse, o que é que vai acontecer? Muito simples, a Motorandin vai retirar o patrocínio do Céu é o Limite, como realmente fez. E Entretanto, quem observa, viu que logo a seguir sumiu Antártica no mundo do som dos sons, Melodias Matarazzo, Shopping Atari, Grandes Consertos, Philips, desapareceram todos os programas. Todas as indústrias sabotaram a Tupi. Quer dizer, existe então uma espécie de um sindicato de cúpula que abrange isso tudo e que faz uma espécie de proteção. A Alguém começa uma campanha tremenda contra a Shell, por exemplo, ou contra a Esso. Ela simplesmente diz para alguém, olha, você tira o programa desse tal, dessa televisão, desse jornal, porque senão você não vai receber mais gasolina ou óleo combustível para funcionar. Está percebendo? E> Esses são os sindicatos ocultos, as forças mágicas, ocultas, negras. Eu acho que eu já falei quarenta minutos. SPEAKER 1: Falei ou não? muito longe disso. Quanto eu falei? Vinte. SPEAKER 0: Vinte? Bom, eu posso falar mais. Que mais? Para perguntar mais. E SPEAKER 1: E o o governo em relação a isso qual? A isso o quê? A A sindicatos e cooperativas.O SPEAKER 0: O governo é inteiramente favorável. Eu SPEAKER 1: Eu sei, mas ata através de quê que ele... Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. SPEAKER 0: () Tanto assim que todo trabalho sindical tem a supervisão do ministério. Nós vemos que aqui quem chefia, por exemplo, o delegado regional do trabalho. E E todas as atividades sindicais são diretamente ligadas ao ministério. Porque para o governo há um alto interesse na produtividade resultante da harmonia social da classe. SPEAKER 1: Mas, ah além disso, ele dá algum incentivo especial, além da  SPEAKER 0: muito pequeno e depende de circunstâncias. Deveria dar muito mais, mas normalmente não dá. Porque os sindicatos, ah até agora, são praticamente autossuficientes nesse sentido. Não que tenham capital demais. Eles propõem se abastecer por si próprios. Veja o caso do sindicatos, dos professores. Ele depende exclusivamente da contribuição da gente, nada mais. Mas deveria haver deveria haver uma. Por exemplo, certas coisas que o governo concede, deveria proceder só por meio dos sindicatos. Uma porção de de de vantagens, benefícios, bolsas de estudo, tudo isso, deveria sair exclusivamente pelo sindicato, fortalecer o sindicato. Um sindicato moral, claro, não aquilo que nós viamos por aí, como eu acabei de dizer. Vocês vem, por exemplo, o caso do Delerez, do Plácido, do Dante Pelacani, nunca trabalharam na vida e eram representantes dos trabalha dos tenha dó, temos que melhorar. Mas são essas coisas são curiosas, porque deveria realmente o governo ser ele, do fornecer ele todos os elementos para o sindicato. Principalmente os sindicatos rurais. Já imaginaram, por exemplo, uma sede sindical, vamos dizer, região de Botucatu, região de Bauru, Tracena. A Aquilo que o Fernando Costa quis fazer num certo sentido. que era a casa do trabalhador rural, isto era a casa da lavoura. Imaginou o sindicato de todos os trabalhadores rurais, com médico, dentista, material de trabalho, possibilidade de viagem, roupas, calçados. Já imaginou que beleza seria isto? Não Seria não, será. Es> Estamos chegando. Nós não temos mais caipira, praticamente, porque nós estamos chegando ao homem que vai fazer. E E agora nós vemos essa última lei do presidente da república, foi decreto, lei lei, não me recordo A questão da proteção do trabalhador rural, aposentadoria, descanso semanal remunerado, todas essas vantagens. Agora Se isto é dado para o homem assim isolado, imagina como ele conquistaria se se reunisse, se todos se congregassem unindo as forças. É a grande coisa da vida. É o () Eu vivo insistindo em qualquer atividade humana, o homem sozinho não vai mais nada. Ele não faz mesmo. Tem que ser o grupo mesmo, é a coletividade, são os grupos orientados num sentido não demagógico. Que demagogia é muito bonita, mas não produz nada. Nós temos que trabalhar conscientemente. eu vou falar do governo e fica até feio.(risos) Eu sou defensor acérrimo desse governo. Mas pergunta, qual é a outra? SPEAKER 1: Bom, e passando mais para esse lado de governo... Certo. Nós queríamos saber como é que funciona a a política o governo nacional, o governo do Brasil. SPEAKER 0: Eu teria que dar uma aula de Direito Constitucional aqui. Não, não.Sem Sem aula de Direito.(risos) Eu teria que conver> Todas elas têm três poderes, Legislativo, Executivo e Judiciário. O Executivo, Federal, Presidente da República, atualmente escolhido de forma indireta pela votação do Parlamento. O Governo dos Estados e os Prefeitos. Os poderes legislativos, federal e estadual, são os deputados, federais e estaduais, sendo que no federal existem ainda os senadores, que é chamada Câmara Alta, o Senado. Nos municipais, existem os vereadores. Qual é a finalidade de cada um? O legislativo, qual é a finalidade, você tem que saber essa. (risos) É elaborar as leis. Principalmente elaborar as leis, porque () completa o legislativo com outras funções, que é o caso da fiscalização da dos administradores, é o caso de elaboração do próprio regimento interno, são delas, mas basicamente é legislar. A A lei municipal no município, os () vereadores do Estado, os deputados estaduais e o Congresso na órbita federal. E, finalmente, a terceira parte, o Judiciário. Constituído, primeiro, pela mais alta corte do país, que é o Supremo Tribunal Federal. Depois, ainda das altas cortes, o Tribunal de Recursos. o Superior Tribunal do Trabalho e o Superior Tribunal Militar. E fora isso, os tribunais de contas tal, nos estados, os tribunais de apelação, do qual seu pai faz parte agora, e dos estados de maior movimento, também os tribunais de alçada. Fora isso, os juízes em todas as comarcas, inclusive São Paulo. Essa é a organização. Claro, é uma organização ao voo de águia, porque tudo isso é é complexíssimo. Agora uma coisa muito importante, muito interessante nessa parte. Pela lei brasileira, o juiz... Não se incomoda que esse está descendo.(risos) Grita quando sobe. Pela legislação brasileira, o juiz é... vitalício, quer dizer, enquanto viver, é lógico, salvo aposentadoria, ou qualquer outro fator assim, extra, mas ele é vitalício, ele é irremovível, salvo para promoção e concordando, você sabe disso, seu pai sabe disso, e é irredutível dos vencimentos. Era, né? É irredutível, é ainda. Ah é ainda? A irredutibilidade dos vencimentos, dos magistrados, é sagrada, por quê? Não, não vem com com veneno (risos) SPEAKER 1: (risos) Não, acho que eu vim falar qualquer coisa a respeito. Não SPEAKER 0: Não, não. E tem que ser, porque o homem que vai julgar tem que estar sereno. Se ele estiver sob pressões, o que acontece? Ele vai ter que ceder para as pressões. Então, voltando ao livro Chefão, lá mostra bem o que acontece nos Estados Unidos, onde o judiciário é eleito. O gangster controla, dirige o eleitorado. O eleitorado coloca o juiz que não vai decidir contra o gangster que o colocou lá. Então nós vemos que nesse setor o Brasil está numa posição, claro que quase toda a Europa é desse mesmo tipo, é da  segue esse mesmo sistema, mas o Brasil está numa situação privilegiadíssima. Pode notar que em tudo que ocorreu no Brasil, nunca se mexeu na magistratura. E está certo, não pode mexer mesmo. Que se quebrar a harmonia da magistratura, acabou a segurança nacional. SPEAKER 1: Você disse que é vo ãh há o voto indireto. O SPEAKER 0: voto indireto do presidente da república e tudo indica transitoriamente. Para nós não votarmos de novo em Jano em Jânio Quadros. E eu votei. Pelo amor de Deus, paciência. (risos) O que (risos) Não precisava Nós temos o direito de ter uma burrice aguda na vida. SPEAKER 1: E e através, pelos órgãos políticos, quais as outras maneiras de colocar alguém em determinado cargo, exceto o voto não indireto... eu já disse, fora o voto direto dos vereadores, dos deputados, senadores, SPEAKER 0: E agora aqui, não são todos os prefeitos, porque os prefeitos das instâncias balneares e das zonas de segurança não são eleitos, são indicados. O exemplo mais frisante é São Paulo e Santos. Mas fora isso, existe então o ingresso por concurso, e que eu citei agora há pouco, cada magistratura. Mas o divertido é que a turma que ataca essa eleição do Presidente da República no Brasil, normalmente é aquela turma cordeia rosa, se esquece que Fidel Castro não foi eleito por ninguém. Mao Zedong não foi eleito por ninguém. A turma da Rússia foi eleita por partido único. Parece que é engraçado. E não não no na, por exemplo, na Inglaterra, o sistema político mais perfeito do mundo, a despeito de uma constituição puramente consuetudinária, o indivíduo é escolhido pelo parlamento. E nunca vi inglês protestar dizendo que é ditadura. Nunca vi. (risos) Aqui, o sujeito vê a televisão e faz uma propaganda. Prevenção do emedêbê Diz as maiores barbaridades do mundo. Desde que não invada o campo do crime, bem entendido, não lhe acontece nada.(risos) E a turma vem falar mal do governo ainda no Brasil. Ah veja, por exemplo, uma curiosidade. O seguinte, qual é o grande ataque que nós encontramos, vocês estão na faculdade, vocês sabem, do ensino grátis. O ensino pago. Não é a () Não é o cavalo de batalha que vocês encontram lá? Uhum, uhum Muito bem, agora vamos ver o seguinte. Vamos ver o seguinte, vamos pegar a faculdade de medicina. O araçá, não as pagas. Vamos o araçá de graça. Experimente olhar na porta os que saem de lá de dentro. Quantos pobres existem lá dentro, hein? Quantos pobres puderam pagar cursinho, montar laboratório especial, ter repetidores de aula, gravadores das exposições? Quantos pobres puderam ir aperfeiçoar o francês, o inglês, da França ou na Inglaterra? Muito bem, eles estudam de graça. Uma faculdade sustentada pelo imposto do país inteiro. Bom, aqui é da do Estado inteiro. É o varredor, é o lixeiro de rua, é a faxineira, é a empregada doméstica. Todos eles pagam imposto. E sai caro Muito bem. Esse dinheiro vai para faculdade de medicina. O indivíduo estuda de graça, forma-se e vai cobrar duzentos contos por consulta do pobre. É para isso que nós queremos estudo de graça, para formar então. Para dar estudo de graça para milionário, o Francisco Matarazzo, o sobrinho, se não me engano, o Hermelino, um deles, se formou em engenharia na Politécnica de Graça. Eu nunca soube que ele assinou planta de graça para trabalhador que lhe deu o a possibilidade de se formar lá. Está de acordo comigo? Então, minha filha, o ensino tem que ser de graça para quem não pode pagar. E o vestibular não tem que ser vestibular de quem conseguiu decorar e ter professores. Tem que ser exame de capacidade. Não aquilo que o indivíduo tem acumulado, ou somado, ou controlado, ou... deixe-me usar os termos. Em que senti> Mas aquilo que ele pode... aquilo que ele pode produzir. Porque eu me divirto, quando aparecem estes indivíduos que vêm criticar, e o assunto é governo, então vamos falar. Vêm criticar, eu me ensino pago, não sei o que lá e tal, a gente faz a seguinte pergunta, muito bem, na Rússia é grátis. Mas você estaria estudando na Rússia? Com essas notas dois e três? Não, você estaria no cabo da enxada. Estaria aqui aquele caipira? Aquele coitado que estava lá e que revelou que pode. Esse que viria para cá. Porque lá não estuda quem quer o pai manda. Estuda quem tem capacidade. E a liberdade individual, ué. A turma vermelha diz que lá que está a liberdade. As democracias orientais. Vão para a liberdade de lá. (risos )Bom, não vou fazer comício aqui, (risos) Você está entendendo? A questão da política. É difícil, porque quem está fora, Sente sempre a coisa de maneira, vamos dizer, cada um sente o calor conforme a roupa que está vestindo né. Ninguém se coloca fora de si. É Ninguém quer se colocar fora de si para fazer uma observação do conjunto. Então nós vamos ver, por exemplo, quanto menino tem por aí que gostaria de estudar. Não vai. Não vai por quê? O ensino é grátis. Mas ele tem um sapato bonito, e uma roupa bonita para frequentar Caetano de Campos? ### Então ele é obrigado, coitadinho, a trabalhar o dia inteiro, fazer o cursinho noturno, quando consegue. Se ele tivesse a possibilidade de ter roupa, isto é, bolsa de estudo completa, com o dinheiro pago pelo rico, ele poderia ser bom. Então assim nós teríamos a democratização do ensino. E E não essa democra democratização, o filho Otomar Jégues, perto dos amigos da Prata, dos plutocratas, e é o que o governo do Passarinho estava querendo fazer. Era democratizar mesmo. Não precisa dizer mais, né? Quanto Mustang, Camaro, etcétera. tem na porta dessas escolas de graça. Na porta da de frente da sua casa, lá do Alberto Levi. Tem ou não tem? É o ensino grátis, minha filha. Está certo isso? Mas que está certo, isso não está. Portanto, tudo aquilo que para nós, às vezes, parece estar errado, nós temos que analisar por dentro. E não nós nos colocarmos nessa posição maravilhosa, os parvos celestiais, e nós somos os inatingí> SPEAKER 1: Assim surgiu o petróleo, no Brasil. Houve um idealista chamado Monteiro Lobato, que disse que no Brasil não havia petróleo. E um grande patriota, o pai dos pobres, colocou este homem na cadeia por ter dito isto. É () inspirador dos atuais esquerdistas trabalhistas. Era o senhor Getúlio Vargas. E o petróleo no Brasil só saiu da terra quando apareceu aquele que foi chamado o mais amorfo de todos os presidentes da república. Não vou dizer quem era. Nem bonito, nem brilhante. Foi Eurico Gaspar Dutra. E hoje o petróleo é uma realidade. Está aí, é só ir a Lobato Está lá o petróleo jorrando. A Petrobras existe. Essa é a grande verdade. Pelo barulho esse aqui não era tão (), era de ordem leve. É muito suave. Parece, esse parece SPEAKER 1: Parece aquele da sadia o (). E agora o petróleo depois de trabalhado. SPEAKER 0: Certo. O petróleo bruto. Ele é tirado da terra, o petróleo bruto. Muito bem. sai pode extrair dele o gás. Que é esse chamado, o gás de  o gás de cozinha. Não confundir com o metano ou a metana, que é o gás da podridão dos pântanos, que a turma confunde muito uma coisa com a outra. O gás metano é outra coisa, não tem nada a ver. O gás. Sai querosene, benzina, gasolina, naftalina, ãh  asfalto e fertilizantes. Tudo isso é resultante do próprio petróleo. Daí a grande importância das refinarias, que é onde se faz o desmembramento da matéria bruta. Nós ainda estamos importando petróleo, E aqui nas refinarias de Bernardes, Manguinhos, Tapuava e Cubatão. Não, Bernardes é Cubatão. Estamos fazendo esse desdobramento. Então nós fizemos uma coisa que ninguém percebe. Uma das maiores desgraças de uma nação é o desmatamento. E a maior parte do desmatamento era a consequência da utilização da madeira como combustível. O petróleo substituindo a madeira foi uma das proteções de das matas. Portanto, O petróleo é uma necessidade. Agora, o derrotista diz que o Brasil só descobre as coisas quando elas estão desaparecendo. (risos) Apenas é um pouco melhor que ele se esquece. Nós temos as maiores reservas de urânio do mundo. Pelo menos é o que consta. Portanto, quando acabar o petróleo, nós partimos para o urânio também. Que inteligência do homem brasileiro. Para isso não falta. É a turma mais brilhante que existe, graças a Deus. Por isso que eu digo como o Bilac por ser da minha terra que sou rico, por ser da minha gente que sou nobre. Acabou o tempo ou não? Não SPEAKER 1: ### SPEAKER 0: Agora quer falar o que mais do petróleo? Não agora vamos vol> Que ele é maravilhoso, que que ele é dentro das câmaras de combustão dos automóveis ele solta o monóxido de carbono que (risos)...Não, voltando um pouquinho ao comércio exterior, certo eu queria saber como é que o governo está acolhendo o comércio exterior, como é que ele está... Não, todos os governos, sempre, aí não vamos defender este ou aquele, todos eles procuram estimular O saldo nacional, isto é, fazer com que nós possamos receber mais do que gastamos. Mas isso é muito fácil em nações em outras condições que não as nossas. O Brasil ainda necessita de uma infinidade de coisas que vão lhe dar a possibilidade de evitar essas compras futuras. Então, o governo estimula de todo jeito possível, inclusive dando as facilidades de exportação, Não, não são delas. Eu cito, por exemplo, o caso do café. Muita gente não entende a química, entre aspas, do café. Mas como o governo ganha tanto assim? É o seguinte, vamos dizer, o Brasil, usando uma linguagem bem chã, bem clara, o Brasil vende para os Estados Unidos. Os Estados Unidos pagam em dólar. Muito bem. Só que o fazendeiro que vendeu café não recebe o dólar. no valor do câmbio que é noticiado nos jornais, que é seis e alguma coisa. Ele recebe o dólar-café. E a parte, a diferença, fica com o governo. É exatamente por isso que surgiu aquilo que nunca ninguém conseguiu entender, o contrabando de café. Ora, se o fazendeiro, vende o café para os Estados Unidos, certo de que vai receber em dólares a tantos cruzeiros, recebe na metade, ele percebe que se passar por contrabando para qualquer país por aí, Ele vai ganhar, vamos dizer, não o todo, mas duas terças pares. Daí surgir essa barbaridade que nunca ninguém entendeu. Contrabandear café. Pois bem, são essas coisas curiosas. Só que havia uma vantagem. Ele contrabandeava café para lá e trazia uísque e cigarro para lá e para cá. E sabe como é que vinha? (risos) É fácil. Compra, por exemplo, arroz da Amazônia. Coloca uma série de caixas de uísque no meio e saca os arroz em cima. sabia disso? Não sabia? Não E atualmente se faz de uma forma mais divertida ainda. Dentro dos tanques de látex. Isso aí. Pega-se, protege-se, vem a caixa, coloca-se dentro da do látex e enche de látex. Como está a fiscalização, olha, látex. Mas lá no fundo é uma camada de caixas de uísque. Só que um pouco menor, que essa turma não sabe. Quase todo esse uísque que entra de contrabando É o uísque impróprio para o consumo na própria Escócia, que não tem a dosagem alcoólica uniforme. Isso a turma não sabe, porque o que vem com a importação regular é fiscalizado, e aquele não é. Esse é o grande golpe. Portanto, e outra coisa que muito pouca gente sabe, que a maior parte do uísque que vem do Paraguai é falsificado no Brasil.(risos) Sai daqui para lá e volta até lá para cá. Agora já falei, uns quarenta minutos.