Inquérito SP_DID_115

SPEAKER 1: : Gravação do dia sete de novembro de mil novecentos e sessenta e dois. Tá, então começa a falar sobre (). Dezenove horas e vinte e

SPEAKER 0: :  seis minutos. Isso. Nossa. Porque aí... () Bom. Bom, sobre cinema, eu poderia dizer, inicialmente, inicialmente começando pelo inicialmente pelo cinema brasileiro, que, em comparação com o que nós temos de de conhecimento do cinema estrangeiro, eu acho que o cinema brasileiro está engatinhando tremendamente, tanto na parte técnica como na parte referente aos aos artistas. A parte técnica requer ainda dos atuais praticantes um aperfeiçoamento muito grande. Recentemente, eu... tomei em mãos um... Como é que chama aquele documento que eles fazem? Que tem os diálogos, as tomadas de... Você está falando... O roteiro, né? Roteiro. () Eu tive um roteiro do do filme do Roberto Carlos, aquele do abismo, não sei o que lá, que ele cantava um monte de músicas, que ele estava no helicóptero, porque... em razão do do meu trabalho na Pirelli, eles foram nos procurar para fazer um contrato com a Pirelli de propaganda no filme dos pneus. Então, me parece que... eu não assisti o filme, mas me parece que a ideia deles era fazer uma cena onde o o pneu do carro do Roberto Carlos, numa determinada hora, saía da roda, rolava, batia num barranco e parava. Então essa tomada de cena e do pneu, escrito Pirelli bem bem claro ali, era feita em propaganda da Pirelli. A Pirelli pagaria por esse, por essa tomada de cena que nada mais era que uma violenta propaganda. Com isso, eu fiquei sabendo, lendo o roteiro, o que eles fa o que eles faziam com outras empresas, todo esse tipo de de propaganda. Então tinha o leite Ninho, um garoto aparecia com uma lata de, com a caixa de de leite Ninho na cabeça, então o leite Ninho, a Nestlé, no caso, pagava essa propaganda uh. A Coca-Cola, ele já () ... Quer dizer, eles estão requerendo, Eles estão precisando de todos esses argumentos aí para poder ainda se manter, porque financeiramente eles não acredito que não não consigam.

SPEAKER 1: : Você falou em parte técnica do cinema, né? Ãh você poderia fa fazer uma comparação entre a técni Você entende dessa parte técnica do ci

SPEAKER 0: : Olha, mais ou menos, porque eu sou meio curioso de de de cinema, e tenho lido alguns livros que eu tenho em casa. O cinema, além do do do dos palhaços né, os artistas são meros palhaços e os diretores é que incutem na alma do do artista aquilo que ele tem que pôr para fora. Então, o o mito no cinema é o diretor. É o diretor de fotografia. Esses realmente é que fazem o cinema. Bom, o É, o diretor... realmente faz cinema, porque os artistas apenas representam aquilo que o diretor quer. Então, quanto à parte técnica, atrás das câmeras existe uma porção de gente que que não se vê, mas que somente o nome deles aparece, muito mais no cinema brasileiro do que nos outros. No cinema brasileiro aparece todo mundo, até o Office Boy aparece no e. E essa gente é responsável por uma série de coisas. No no cinema brasileiro, parece que não tem a garota que toma recados, é uma menina, eles... no cinema americano, no filme de (), não sei o quê. Ela toma recados de tudo o que aconteceu no fim de uma tomada de cena. Porque, geralmente, a cena é desmontada, né? E tudo aquilo que ficou, ela precisa anotar para depois, quando montar novamente, Não faltar detalhes nenhum. Então, eu já vi num num filme brasileiro que isso faltava porque havia um diálogo onde duas pessoas jogavam bilhar. E jogando bilhar conversavam num. Não era importante para aquela cena o jogo de bilhar. Então se via de leve só a mesa. Mas eu reparei que, de uma mudança da cena da cabeça de uma pessoa para outra, as bolas de bilhar não estavam no mesmo lugar. E a cena era... A conversa era contínua né. Só que no cinema eles param. Ou então filma o camarada falando sozinho, depois filma o outro falando sozinho, depois eles cortam assim () né. Então, da da mudança de uma cena para outra, as bolas de bilhar estavam fora de lugar. Quer dizer Não houve esse cuidado e quem observa isso pode reparar em outras coisas que eu não não conheço, não posso observar. Mas esse pequeno detalhe eu observei, as bolas não estavam no lugar. Então, houve uma falha técnica, ou a falta dessa pessoa, fal ou a falha dessa pessoa, que cuida desses detalhes. Eh... Outra questão técnica também, as tomadas de cena, com lentes zoom e lentes especiais, se bem que não sei se isso é instrumento muito caro, talvez não estejam aparelhados tão bem, ou então é falta de aperfeiçoamento de quem opera com isso. Não é querer falar mal do cinema brasileiro, mas é que o o cinema mais evoluído, ele tem todas todos esses melhoramentos que o brasileiro ainda não tem. Deve copiar, porque não tem outra forma. Deve aprender lá fora, porque é uma forma também de de roubar os conhecimentos deles. As tomadas de cena são mal feitas, são primárias, entende? Não são lindas, aquelas tomadas que a gente fica encantado vendo o filme, se encanta com as tomadas de cena, aque aquelas lentes gigantescas, aquele zoom que que vai buscar a cena lá embaixo, afasta, quer dizer, essa tomada da da fotografia é muito importante no no entendimento, Outra coisa, uh a parte técnica também. Hum... Quando um um determinado roteiro deve ser explicado para que o espectador entenda rapidamente a história sem perder muito tempo de filme, o brasileiro perde muito tempo de filme para explicar alguma coisa. Então, se um cidadão sai da casa dele e depois aparece numa outra casa, É lógico que ele saiu de lá e entrou no outro. Não precisa mostrar ele entrando no carro, indo, parando na porta, subindo. Quer dizer, isso atualmente no cinema mais evoluído, eles estão fazendo com que a evolução de quem acompanha cinema, o raciocínio de quem acompanha cinema, tome muito mais conhecimento de fatos não necessários para o entendimento, para com menos filme. Porque não há necessidade. Em um filme do Carlitos, você vê quanta coisa quantos detalhezinhos eram mostrados. Apesar que o filme do Carlitos era uma... Uma () violenta, né?

SPEAKER 2: : ###

SPEAKER 0: : Então, ãh você repara que uh os mais velhos têm dificuldade de entender certos filmes. Certos filmes modernos que passam na televisão, os mais velhos têm dificuldade de entender. Você já reparou que o pessoal que tem raciocínio de cinema antigo ainda, aquelas ãh aquelas cenas que trocam rapidamente, o camarada só raciocina com o que ele está vendo, ele não raciocina por fora, por ele. Ele não pensa, bom, se aconteceu isso é porque né... rapidamente, na mente do cidadão, ele faz todos esses cálculos e e acompanha.

SPEAKER 2: : Exige muita definição do cinema e pouca participação dele. Exato.

SPEAKER 1: : Então. Uhum, certo. Ãh você poderia dizer assim, ah para a gente, através de que recursos o cinema, então, tenta chegar até a gente? Então Ou, então, fazer com que a gente chegue até ele?

SPEAKER 0: : Bom, recursos para quê?

SPEAKER 1: : Recursos técnicos, você está falando deles, né?

SPEAKER 0: : Então você poderia dizer para gente... Bom, aí já não seria também, assim, ãh da técnica de filmagem e tal. Seria mais do roteiro, da encenação, do daquelas interposições de de cenas que eles fazem. E quem Quem cria isso é o produtor executivo, aliás, o...

SPEAKER 2: : () Executivo é o que financia, né? É, é o diretor mesmo. Uh uh dire uh

SPEAKER 0: : O que faz o roteiro... O diretor ele ah o diretor, ele tira... Ele faz com que a pessoa a represente aquilo que ele quer. ### Então, porque esse pessoal, eles são encarregados de fazer com que o entendimento se manifeste rapidamente. Ele não... o o trabalho dele é muito lento. Ele ele tem que raciocinar, calcular muito bem, porque ele ele toma uma cena do fim, uma do meio, uma do do comecinho, quer dizer, ele mistura toda a filmagem. pois na hora de montar é que ele faz o filme. Mas ele precisa ter tudo isso na cabeça. Então ele precisa lembrar de uma determinada cena que está chovendo, não pode fazer agora, então só vai voltar quando tiver outro dia de sol. Então ele termina aquela, faz outra. Na montagem, tudo aquilo ele precisa fazer voltar outra vez. Isso quanto ao... quanto ao entendimento geral. Agora, eu não sei te explicar como fazer Isso o cinema atual de estrangeiro faz, mas eu não sei te explicar como que eles fazem para que uh o espectador entenda bem o filme, raciocinando por si também. E isso aí é uma questão

SPEAKER 1: : ###  de som, como que eles... Como que eles fazem? É juntamente com a filmagem? Não.

SPEAKER 0: : Bom, o problema de som é sempre dublagem, né? ### Ah, no brasileiro? É. O brasileiro é uma dublagem, inclusive, horrível. Não, não () O camarada tá na rua, assim, uma dublagem de lugar fechado.

SPEAKER 1: : Mas como é que é feita essa essa dublagem? ### Como é que ela é incorporada ao filme?

SPEAKER 0: : Ela vem... Ah, porque o filme, ele tem... No num dos lados, uma fita, que nem essa, que nem essa aí. ### é uma fita que ah o som dela pode ser encaixado por um meio de uma máquina () no diálogo, no no movimento da boca da pessoa. Então não é necessário que durante a a demonstração do filme que o artista que fez aquela cena fale no mesmo momento. Ele fala e depois a máquina encaixa. Isso na na nas dublagens de filme estrangeiro para passar na televisão é feito assim. O artista está vendo lá o Frank Sinatra, ele ele vai fazer a dublagem do Frank Sinatra. Então ele fala o que está escrito no rote Ele não pode ficar vendo o filme e e e acompanhar a boca exatamente. Ele vai falando e depois é uma outra máquina que encaixa. Aquilo é uma pessoa que depois é que vai abrir ligar o gravador ou fechar no momento que a a voz tem que ser dita.

SPEAKER 2: : () Bom, é um filme normal, não du não dublagem. Um filme

SPEAKER 0: : Não dublagem de filme estrangeiro para televi

SPEAKER 2: : são. Você diz em... Ah, você está falando dublagem de filme estran

SPEAKER 0: : Não, é, eu fiz uma comparação que na dublagem do filme estrangeiro para televisão alguém toma o cuidado de o tempo que aquele artista americano levou para falar determinadas palavras que traduzidas são tais do texto o artista tem que falar no mesmo tempo isso eles treinam, fazem oito, dez vezes para encaixar o tempo agora o encaixe do tempo deste tempo, neste tempo é feito por uma outra máquina lá, um outro cidadão então ele encaixa O tempo em português com o tempo do americano. Agora, no filme para cinema, muitas cenas são feitas assim. Muitas cenas que você não vê microfone. Cenas ao ar livre, você não vê microfone. Cenas... Aquela girafa que teria, ou então o microfone escondido, microfone sem fio. Eles não fazem. Todos os filmes, a maioria das cenas, são feitas dublagem. Porque é diferente, eu acho uh, o momento. Precisa muito mais material e deve ser bem mais fácil fazer a dublagem (). Hum. Defeitos técnicos também de iluminação. A gente vê eh cenas ao ar livre que precisa de um pouco mais de luz. Isso, digamos, precisava, lá em Porque agora os filmes virgens estão mais aperfeiçoados, então pode-se tomar cenas internas, cenas internas, cenas externas, sem auxílio de luz, né? Mas as cenas de filmes mais velhos, que precisava, além do sol, precisava de luz, a gente via duas sombras, uma do sol, outra do do esporte. Então, o camarada tinha duas sombras, uma aqui, outra aqui, da cabeça dele. Quer dizer, falhas gritantes, Praias artificiais, praias de cenário, você vê ãh o sol, se o sol tivesse a pique, né? Você vê a cabeça dele aqui, mas depois você vê uma sombra aqui, outra sombra ali. Falta aquela aquela especial cor da luz do sol mesmo para luz natural, para luz artificial. Cenas também de de carros em movimento, outras falhas violentas, camarada que está guiando o automóvel. Você, () quando você está guiando, você fala com a pessoa que está ao lado, você conversa sem olhar para a pessoa muito. Você está guiando. Principalmente se a cena, (riso) a cena colocada aqui, porque é uma uma cena sobreposta, ele está passando muito rápido, porque o carro está em movimento, representando o carro em movimento. Você vê o camarada, ah, tananan tananan, mas como, está correndo, os carros passando do lado, ali, você vê. Eles () conversando ah, não, não, não olha para frente, não (). Isso é falha do diretor, o diretor tem que ver, o camarada está guiando, ele tem que fazer como se ele estivesse guiando. Ele está aí representando, está em cenário, estão balançando o carro, balança o carro errado. ### () Hum... Essas coisas são feias, eu acho horrível num no filme. ### (riso) Eu nem presto atenção no fi Eu estou com a minha mulher, eu fico falando, mas você viu aquele negócio? Ela ela fala, não, eu estou prestando atenção na mocinha, que vai chegar o... Uh o mocinho vai chegar e você está com onda. Quer dizer, são coisas que... Não sei se todo mundo presta atenção desse jeito. Cenas de de de... Cenas em geral. De tomada de... de outras sobrepostas, a gente vê falhas tremendas. Mas isso tende a melhorar, né?

SPEAKER 1: : Agora, e no cinema interna cional? Como é que o negócio vai? No no cine ma estrangeiro, certo? () Isso, você fala das falhas do cinema? Olha

SPEAKER 0: : No cinema estrangeiro, eu eu no cinema brasileiro, eu aponto essas falhas em comparação com o outro. Mas se tivesse o mais perfeito e o americano, Então, eu poderia dizer as falhas do cinema americano, se tivesse um mais perfeito que o francês... Qual você considera o mais perfeito, o americano? Bom, queira ou não queira, americano, apesar de ter filmes vagabundos, pela... eles esmagam a gente pela quantidade, né? Eles têm tantos meios de fazer filmes, tantas companhias, que... Eles em tudo, eles ganham pela quantidade, (). É, então, não adianta a gente querer comparar o filme francês. Uma vez ou outra, a gente vê um filme francês, um filme inglês, então. Raramente aparece um filme inglês, aquele do do to do Terry Thomas né. Quando eu vejo aquele canal, eu sei que é filme inglês. (riso) Ou então, filme da Hank. Filme da Hank, da Hank. Han k. Os filmes são ótimos. O o inglês, ele usa muito a a própria paisagem de do país deles. Os filmes os filmes deles são sempre () com aquela paisagem sinistra, aqueles (), aqueles casarões antigos, cheios de de teias de aranha, quer dizer, é próprio de filme inglês. Agora, o americano gosta de mostrar, eu pensei que fosse o francês assim, mas o americano é muito mais (), para mostrar as belezas deles, as técnicas deles, as organizações deles. Né? Esses filmes policiais são tremendos. Eu, como advogado, e trabalhando do nos Estados Unidos, pelo amor de Deus, em uma semana eu estaria rico, porque para descobrir um determinado crime, o advogado manda a secretária ir no ir no bar da esquina, lá perguntar se o cidadão passou lá.  () Ah Passou sim, ele tomou um café aqui, ele era loiro, Quer dizer, todo mundo sabe tudo. Se você tem um indício qualquer de prova, ãh aparecem outros milhares. Então, a roupa, por exemplo, a roupa dele foi entregue na tinturaria. Depois ele foi buscar a roupa. Então você vai lá na tinturaria, você pergunta, o homem da tinturaria sabe quem era, que ele passou lá, que ele deixou, que ele mora no apartamento, quer dizer, dá todas as dicas. Quando, na verdade, um um estabelecimento que tem um movimento tremendo, não dá para saber nada disso. Mas como eles querem mostrar que eles são organizados? Quer dizer, o cidadão sempre tem lá sua fichinha. Ele... Qualquer oficina mecânica tem arquivo de tudo, tem dados sobre tu do né. Acredito que seja assim, talvez seja parecido, mas que eles exageram um pouco para mostrar a organização deles, não há dúvida.

SPEAKER 1: : () E e quanto aos filmes da televisão, eles têm assim os mesmos tipos de ()? Bom, os mes

SPEAKER 0: : ### Você poderia fazer um... Agora, não, mas o jeito que ela diz é que tem filmes feitos especialmente para televisão. Então ele tem que atender a certas exigên exigências que o outro cinema que o outro filme, para cinema, é mais livre. Televisão não se sabe quem está assistindo. N o outro dá para responder idades e tal. Então o cinema de televisão é feito de uma forma para entendimento geral. Ent ão eles sempre giram em torno de espionagem, de romance, de pequenos dramas, assim. Não pode ter ou então científico, alguma coisa, e ele não pode ter, como no cinema, tratar de um determinado assunto para para certa classe de pessoas. Tem filmes feitos para () para certa classe, categorias de de de padrão, por exemplo, de... padrão de vida elevado. Outros são feitos mais para... para ter bastante bilheteria, filme do Mazzaropi, por exemplo, brasileiro, filme para para bilheteria. E tem filme também de caráter mais mais científico e tal, para certos tipos de pessoas que se interessam. Ag ora filme da televisão não pode ser assim. Tem que ser para interessar todo mundo. Porque senão o o patrocinador ou ou a emissora que vai com comprar aqueles filmes podem não aceitar, porque meio que é um filme que não não tem possibilidade de ser muito muito assistido, e logicamente não dá muito muito bom preço para o propagandista, para o aquele que que paga o horário. Então eles têm que se preocupar também com isso, ser filme de qualidade para servir para que todos assistam, em razão do do tal ###

SPEAKER 1: : () E e comparando assim a técnica da do cinema com a técnica utilizada na televisão, como é que a gente poderia ()?

SPEAKER 0: : O cinema e da televisão? Uhum. Bem, a televisão tem recursos, como o () teve agora, que ultrapassaram acho que até o cinema. O videotape veio aperfeiçoar aquilo que o cinema tinha já de perfeito, que era da interrupção da cena, da correção da cena errada né, da falha técnica também. Antes do videotape, qualquer qualquer programa não podia sofrer censura, a não ser no roteiro. Acontecesse, o que acontecia estava no ar. Atualmente tem. O problema de melhoramento técnico, em razão da dessa possibilidade de aperfeiçoamento daquele daquele problema que está sendo feito, porque tem ah a possibilidade dele ser corrigido, técnica e tanto tecnicamente falando, como na na representação dramática. qualquer falha que possa haver de som, e de luz e tal, ah o videotape pode ser pode dar um melhor aperfeiçoamento no programa. Então eu acho que praticamente o cinema nessa questão se compara com a televisão. Mas falta a televisão, já que precisa de muito mais movimento, muito mais tempo de apresentação, porque o cinema apenas em duas horas e não é sempre que se faz. Agora, a televisão tem que Das das onze até às onze, tem que estar passando programa. Tem que ter programa. Então, falta no cinema, aquele no no no na televisão, a especialização do... a especialização, não, o... como se diz? a pe a peneirar a os filmes de melhor... os programas de melhor qualidade, para poder serem só apresentados programas de boa qualidade. Na televisão não dá. É necessário em razão de horário, em razão de de de de espectador, em razão de de quem... de quem paga o programa. Muitas vezes você vê programas que são só fornecedor... só... Eu estou querendo lembrar essa palavra faz tempo. Aquele que paga o programa, como é que chama? Patrocinador, né? Às vezes você vê em um um determinado programa que o patrocinador inteirinho daquele programa, nos intervalos, são empresas de pouca expressão. Então, como é um programa barato, eles arranjam aquele horário só para as os patrocinadores de pouca expressão que pagam menos. Então, é um um horário pouco visto. e por isso podem cobrar mais barato. O programa também não precisa ser de boa qualidade e. Só são de boas qualidades em determinado horário durante o dia. Então, na televisão exige-se muito mais produtores de programas. O cinema um produtor, ele pode pegar um filme para fazer, ficar seis meses trabalhando no filme, e no fim o trabalho deles se reduz em duas horas de filma O produtor de televisão, ele precisa em uma semana fazer um programa semanal, e precisa em uma semana ele precisa bolar tudo. Então ele tem muito pouco tempo para preparar tudo isso, e às vezes é é muito tempo de televisão e pouco tempo de preparação. Então ele sozinho não consegue, é necessário uma plêia de produtores, cada um cuidar de um detalhe, de um programa, ou vários cuidando de um programa, no cinema não há necessidade de tantos produtores. O pessoal que trabalha atrás das câmeras na televisão, eh acho que vive muito mais agitado do que o do cinema. O cinema, apesar de ter o tempo contratado para se realizar, porque os artistas, conforme os dias passam, eles estão estão ganhando, estão à disposição do produtor, então eles são são pagos e uh são pagos regiamente quanto a isso, porque senão eles reclamam mesmo. E encarece muito mais. Na televisão, dada a disponibilidade mensal dos dos artistas, não há tanto problema quanto a esse aspecto. Cada um tem as suas peculiaridades.

SPEAKER 1: : ### Falando de... E quanto assim, aos programas que passam di reto na televisão. () Direto? (tosse) Normalmente

SPEAKER 2: : (tosse) Não tem muito, né?

SPEAKER 0: : Ah bom uh. O problema hum... O Flávio Cavalcante é... () Flávio Cavalcante, Silvio Santos, Chacrinha. Não havia aquele problema do hum do Ministro das Comunicações de cortar esse negócio? () ### Tendo em vista que o programa não era censura Era censurado só o roteiro e eles furavam o roteiro. Porque ninguém pode prever que um cidadão lá da do auditório vai tomar alguma manifestação que não está no roteiro. Numa hora, qualquer um cantor que é... O Chacrinha, por exemplo, um cantor que é... que é buzinado, pode se enfezar e falar alguma coisa que ele não Então, a preocupação, acho que, do do do ministro das Comunicações nesse campo foi justamente também, além da censura prévia, evitar o cansaço que eles faziam, que era um abuso, um abuso da paciência, porque o programa é feito com horário contínuo, de longo, Silvio Santos, Chacrinha então, ele ele abusa demais da paciência da tensão do telespecta do telespectador, porque ele provoca sempre suspensos. Para deixar o cidadão sempre ligado no canal. Você reparou que eu falo cidadão demais? Repara. Para deixar o telespectador sempre preso ao canal. Então, prender ãh... Com e com essa prisão naquele canal, poder cobrar mais do (tosse) patrocinador. Sempre, a televisão visa sempre esse financeiro, no caso, é um patrocinador. Então, fica sempre apresentando ãh atrações seguintes. Daqui tanto tempo vamos fazer isso, vamos fazer aquilo. Quer dizer, ninguém muda de canal porque está sempre com uma suspense, está sempre com uma espera de alguma coisa que que possa ser interessante. E isso acho que consideraram. um abuso da paciência. E ah o pessoal às vezes nem sai de casa para ver, para ficar vendo o programa. E e como é mais ou menos psicológico, a mania do das pessoas assistirem televisão, eles se prendem tanto ao aparelho que não fazem outras coisas. E se houvesse mais continuidade, se houvesse menos continuidade de certos programas, mais variedade de outras apresentações, então a pessoa poderia variar de canal, ãh não assistir aquilo, fazer outra coisa. Mas isso não acontece no domingo ou nos dias que tem esses programas contínuos e longos. A pessoa fica viciada e assiste do começo ao fim, quer saber tudo, fica presa às ao suspense. Às atrações seguintes, então. O brigando sempre uh o patrocinador arque com todo o programa, informando o patrocinador que o ibope, aquele tal órgão criticado, informa que para aquele horário é xis, então, das sete às oito teve tanto de ibope naquele canal. Então, como é pago a fatura emitida após, a fatura emitida no fim do mês, Então eles eles tratam, trabalham muito com ibope na televisão para fazer a cobrança da do horário disponível para aquele patrocinador. Então verificam que no dia sete de novembro das sete às oito tinha tanto de ibope naquele canal. Então eles vão na tabelinha deles e todos aqueles que apresentaram propagandas durante aquele horário vão pagar um pouquinho mais do que vão do que pagariam num horário que tivesse menos ibope. Então funciona assim, quanto maior é o ibope, maior eles cobram do patrocinador. O canal sete, que vive criticando o Ibope, acredito está se vendo em palco de aranha com isso, porque eles cobram, eles apresentam muita propaganda. Vocês repararam, né? O canal Sete é um verdadeiro... Pelo amor de Deus. Eu tenho uma bronca naquele canal, e o pior, é que é o melhor que pega na minha casa né. Os outros canais que eu tenho vontade de ver, não pegam bem. Então, o sete é é lindo na minha casa. Eu sou obrigado, a muitas vezes, ver aquele canal, porque não pega um filme que está passando em outro tenho que ver. Apesar que eu assisto televisão das nove e meia às dez e meia. Onze e meia, no máximo. Então, o canal se o canal sete se ih luta para derrubar o Ibope por causa disso ãh. O horário que eles apresentam muita propaganda ou programas ruins, dá pouco Ibope. Então eles po eles têm que cobrar menos, porque senão o patrocinador passa para outro, dá mais atenção a outros canais. Quer dizer o patrocina o patrocinador foge muito também. Em razão do dos preços e do do Ibope, ele procura muito mais patrocinadores ricos né e e e costumeiros. Porque essas empresas que estão sempre na te na televisão fazendo propaganda, elas não é que tenham um contrato de dias e de horas, elas tem um contrato até tantas horas, no mínimo e no máximo. Então o canal, conforme a disponibilidade, põe lá aquelas propagandas já programadas um dia ou dois dias antes. E depois cobram de acordo com com as horas disponíveis àquele patrocinador. E de acordo também com a tabela do do Ibope. Agora, o canal sete, que ao meu ver vai indo () pelo mesmo caminho desde a saída do do do Paulo Machado, e do velho lá, o negócio... parece que não anda bem. Então eles estão criticando o Ibope. Todos os programas, inclusive os programas de rádio. Nos programas de rádio, e principalmente, né? Os programas de rádio. Criticando violentamente o Ibope por causa disso. Tanto que a Veja, publicou aí, que... a resposta do Ibope é... que o melhor aparece, uma coisa assim. É a verda parece. Então, o que o Ibope disse se trata de uma verdade, que o canal sete, a televisão Record uh a Rádio Record, a Jovem Pan querem negar, dizendo que eles não têm base para fazer a aquela pesquisa, e fazem a pesquisa da pesquisa, perguntando a todos que telefonam e que previamente são selecionados, só vão para o ar aqueles que dizem o que eles querem né. Se você telefona lá. E a resposta é... Já passou na minha casa? Você não vai para o ar. Vai para o ar um outro com o telefone que diz, não, nunca passou na minha casa. Então, isso é um cabotinismo muito grande da (), aquela emissora uh. Uh outra coisa. Quanto ao ibope ainda. O rádio, por exemplo. apresenta... apresenta muito mais programas para pessoas desocupadas. Desocupadas em tese, que se ocupam, mas que estão com o ouvido desocupado. Deso cupam os outros trabalhos, mas estão com o ouvido desocupado.

SPEAKER 1: : Já não existe descanso, só o ouvido. (riso)

SPEAKER 0: : () Então, a Jovem Pan, como tem muito mais programa de... de bate-papo para pessoa que vive em casa naqueles horários que os homens estão trabalhando, né então, vamos dizer, ah para as mulheres. Então eles tem aquela... eles provocam na na ouvinte a participação no rádio. Então escreve carta e manda... manda a resposta para juntando () um envelope de de (), não sei o quê, quer dizer, tudo isso para provocar sempre aquela audiência e a espera de um sorteio e e prender assim o ouvinte. Esse tipo de de de de rádio me parece já muito... superado. Uh atualmente o rádio teria que ter um uma in umas informações, mas de de nível de nível não só intelectual, de conhecimento, de informação, como também de aprenzi aprendizado em geral. A a exemplo da da Rádio cultura, qual é aquela rádio que faz? Rá

SPEAKER 1: : dio?

SPEAKER 0: : Não, tem uma emissora que apresenta programas... Apresenta programas de... Na na rádio no?

SPEAKER 1: : No rádio?

SPEAKER 3: : É, no rádio.

SPEAKER 0: : Não, programas de de respostas. o pessoal faz em casa, mas a o programa é de uma espécie de aula, vai. Eles dão aula sobre uma série de... Cada dia uma matéria e.

SPEAKER 2: : E as pessoas, então... Projeto Minerva. Não.

SPEAKER 0: : Não, não o Minerva.

SPEAKER 2: : Não, o Projeto Minerva... (riso) () Minerva é outra... outra coisa. Não, uma rádio específica que faz isso?

SPEAKER 1: : Não, é um programa.

SPEAKER 0: : É que eu queria dizer, esse tipo de programa pega bem, porque não não exige da pessoa aquela atenção diária e tal, porque não há continuidade, não é uma novela, não é coisas assim. Ouve quando está está interessado em saber, quando não está interessado em saber, aquele assunto desliga. muda de de de estação, ou então apresenta de uma vez só músicas e de propagandas, e quem quer ouvir propagan quem quer ouvir música uh já sabe que aquela estação, apresenta só música. A Jovem Pan tem outro critério, apresenta de tudo, uma variedade geral, e vive trazendo ãh o ouvinte para participar do programa, tirando, eu acho que isso tira dos outros. Esse negócio de querer participar do do programa, tira dos outro. É uma... É um pouco de deslealdade, de concorrência desleal. E depois esse excessivo ãh... Essa excessiva crítica ao Ibope já encheu também. Eles deveriam...  () isso. Ãh?

SPEAKER 2: : ###

SPEAKER 1: : (riso)

SPEAKER 3: : Compra? Compra o Sete. (riso)

SPEAKER 1: : Sete. () Canal Sete. Canal Sete e toda a rede de empresas dele lá. Jovem Pan. Você está contra   ele. O que que você ouve no rádio?

SPEAKER 0: : Olha, no meu rádio, eu tenho um no carro, só ouço rádio no carro. Ele tem cinco botões, (). Ele está em cinco estações e não sai da, eu eu não tira daquelas eh. Difusora, Marconi, Eldorado, Excelsior. A h bom, tem uma que está (). Então eu só ouço aquelas estações. Não estou gostando da música porque não está de acordo com o ambiente do momento. Está chovendo e estão tocando um violento, () com iê-iê não está pegando, então estou correndo () do horário. Às vezes eu estou querendo ouvir um iê-iê, eu estou com espírito e tal, estou estou correndo muito, então eu ponho uma música mais rápida. Mas só fica em música. Porque eu não tenho não tenho condições de ficar ou ouvindo Randall Juliano,

SPEAKER 1: : ###

SPEAKER 0: : E aquele outro também, um ()... O Hélio... O Hélio, o  Hélio (). Ah, da Bandeirante, Hélio não sei o quê Ribeiro. Hélio Ribeiro, ao meio-dia, né? (riso) () Não sei e. ### () Isso era o maior cabotino que eu já vi também. Também. No can al sete, todos são caboti

SPEAKER 1: : nos. Mas fora deles.

SPEAKER 0: : ### De música. ### ###

SPEAKER 1: : Não tem mais não. Além de música ### Não, Jovem Pan eu não ouço. Não, então, além de

SPEAKER 0: : ### Quando eu saía de manhã, eles têm um noticiário lá geral, mas eu não aguentava, viu? Era muita cabotinice, meu Deus. (riso) O camarada de... Agora vamos transmitir, vamos, vai falar o nosso correspondente de de Nova Iorque. O cara que falava de Nova Iorque tinha falado, eu peguei isso, um dia antes na Voz da América, porque sem querer eu não estava a fim de ouvir a Voz do Brasil, então coloquei nos trinta metros e pus lá no último botão se ouve a voz da América, no último, no finzinho do raio lá, se ouve a Voz da América diretamente de Nova Iorque em correspondente para o Brasil. Então, ele fala em português e tal. E ele estava falando algumas coisas e eu ouvi aquele aquele noticiário. Bom, no dia seguinte, por coincidência, eu pá apertei o botão da Jovem Pan. Então, estava lá aque Eu já tirei, pode ver. Tirei mesmo. Eu não aguento mais naquele estado. Eu... Ele agora, o nosso correspondente diretamente de Nova York, quer dizer, tudo para dar a impressão que está no ar, que eles estão transmitindo daquele momento. O camarada repetiu tudo o que ele tinha falado antes. Era uma gravação. Outra coisa. Estamos falando diretamente da Bolsa de Valores. Conversa mole. Aquele barulho atrás é gravação. Ele não está na Bolsa não está na, ele está no no no estúdio. Estamos aqui na vinte e três de maio, que está interrompida e tal. Conversa. Ele também está lá. Está dentro do estúdio. () A cabotinice do canal s ete e da Jovem Pan. ### Eles são mais leais com com com o ouvinte. Eles não fazem essas cachorradas que eles fa zem. () Pelo menos comprou um helicóptero né. (riso) Então, se ele ### O Canal Sete está está caindo e fica querendo... Cuidado com ess

SPEAKER 1: : a fita aí. Tá e. Canal sete. E mudando um pouquinho para te ###

SPEAKER 0: : Ah, espera aí, deixa eu falar um pouquinho do rádio. Ah, pode. Outro dia, eu estava em casa, apareceu um colega lá. Tinha feito... ia fazer exame de madureza. Então ele não sabia exatamente aonde que ele ia fazer o exame, a escola ou o lugar. Então ele falou, olha, eu sei que a... a Jovem Pan... sei lá... (riso) a relação e tal... Eu precisava saber aonde que eu vou ter que fazer exame. Ele falou, ah não tem nada, vamos até lá. Era perto da minha casa. Fomos até o Canal Sete, entrando lá, subimos, descemos, perguntando onde é que era a reportagem. () Bom, quando ele achou a pessoa e ficou fazendo a pergunta que ele que ele queria, eu fiquei xeretando por lá. Entrei em uma sala e nessa sala funcionava toda a Jovem Pan Era uma pessoa que comandava a aparelhagem técnica e o locutor. Então, isso eu achei bacana. Duas pessoas somente comandam uma rádio. Eu não sabia disso. Pensava que () precisava muito mais gente. Técnicos de som. Talvez tenha técnicos de som em outra sala, então... Mas eu não sei. Eu vi naquela sala era a estação de rádio. Então, a pessoa ficava trabalhando num painel cheio de de fitas dessa. Como é que chama isso aqui? Cassete, né? Nesse cassete estava escrito a propaganda com o (), aquele aparelhinho bonitinho. () Está escrito a propaganda. Açúcar União. Café Caboclo. Lo jas Pernambucanas e tal. Só que ele ficava tudo empilhadinho numa prate E ele tinha na mão um roteiro. Então ele sabia que depois daquela fita da do açúcar união, ele tinha que pôr o do café caboclo. Então ele tinha uns dois ou três aparelhos desse que ele já deixava encaixado. Ele só colocava no ar, no momento que terminava a música, que o fulano acabava de falar ou que terminou a propaganda anterior, colocava no ar através de um botão, sincronizava, parava uma, ligava a outra.