Inquérito SP_DID_103

SPEAKER 1: : Na idade de um ano, eu tive coreia, () sanguíneo, como chamam, () Me atacou os nervos. Então, quando eu tive, tive o, soube que estava grávido, eu não sei se foi o medo da criança vir com a mesma doença, () começou a me dar... Até antes, () me paralisava meio corpo Eu caía na rua e tudo. E depois tive um menino, ele não teve nada, os médicos não tinham nada, mas eu sempre com medo de ter filhos. Eu digo, mas eu tirei quatro. Não vou mentir. Mas os médicos me proibiram de ter. Eu tirei. E depois amarrei as trompas e não tive mais problema nenhum. Melhorei do nervoso. Eu acho que era a preocupação de eu ter um filho e vir com a mesma doença Ele foi criado normal, com as doenças que têm as crianças todas, cachumba, catapora. Eu acho que é isso, né? Depois, frequentou o grupo escolar, frequentou o ginásio, e no estado. Não foi () Nunca eu quis que ele fosse () o primeiro da classe, também não importava isso, eu queria que ele sabia, só. Porque às vezes não importa, você é o primeiro da classe () Sendo filho único (), não tenho queixa dele. Foi um filho exemplar, como é até hoje. Casou, vive bem com a família.

SPEAKER 0: : () () a senhora (tosse) teve a oportunidade de ver todo o crescimento, né, do seu filho A gente gostaria que a senhora falasse mais, uh, detalhadamente Todas as fases por que ele passou, desde o nascimento, início. Mas como, que fases que eu posso dizer? Por exemplo, quando ele começou a... A andar?

SPEAKER 1: : Você vai só me lembrando alguma coisa. () ele, como ele falou, ele nasceu na maternidade de São Paulo, dia dezoito de outubro () (risos) E depois ele teve, quando tinha Nove meses ele teve uma, como hoje chamam, desidratação que antigamente chamavam intoxicação. Não lembro, não lembro agora. E ele quase morreu. () o que era meu médico, nós corremos os médicos e ele chegou e disse, acho que eu cheguei a tempo, mais duas horas Ele não, não sobrevivia mais. Então, a salvação dele foi água. Ele tomou, em uma hora, dois litros de água. Aí começou, depois, tratamento, tratamento, sarou Depois, ele tinha uma pequena... precisava operar a garganta, mas ele tinha catarro no pulmão. Não era tuberculose, não. Era catarro no pulmão. Toda vez que ele tinha de operar a garganta, vinha a febre. Então, o médico mandou nós mudarmos para Santos. Para ver se melhorava lá. Enquanto morávamos em Santos, ele não teve nada () Esse catarro sumiu e tudo. Voltamos para São Paulo, tornou voltar o catarro Aí, depois, ele foi operado com penicilina. De duas em duas horas, para poder ser operado da garganta. Agora, ele teve a () cachumba. Duas vezes. Engraçado que dizem que não dá, mas ele teve. Teve na idade de um ano e depois quando tinha quase oito anos, quando estava na escola. Teve catapora, teve sarampo, isso, em Santos. Mas um normal, como qualquer criança. Não foi um menino levado, um menino quieto. Se eu disser para senhora que, que eu caía e ele me ia para cozinha ajudar a fazer a comida. Ele sabe cozinhar, sabe () Fazer tudo que precisa fazer. Porque eu acho que o homem também deve saber fazer. Tanto sabe cozinhar como lavar. Porque nós temos o, o cozinheiro, temos o, o alfaiate que é costura, temos o tintureiro que lava. Eu acho que não é desonra... () quero dizer () () Que desmereça saber fazer as coisas, né? Ou mesmo cozinhar, né? Não é verdade? () Ele depois () fez o curso, não repetiu nenhum ano. Agora, no primário. Nem no ginasial, não repetiu nenhum ano. No colegial, no primeiro colegial, ele repetiu. Ele disse, eu não quero, eu quero ver se papai me tira da escola, para eu não estudar mais. Mas eu disse que não adiantava, que ele tinha de se formar de qualquer jeito, ele tinha de se formar. Então, ele, nesse ano, nós, mesmo () tendo repetido, nós levamos ele para a Poça de Caldas, viajamos com ele, que ele achou, que, que ele recebeu um prêmio de ele ser () que não, que nós não achamos que ele foi mal. Achamos que ele devia, então ele disse que já que tinha de fazer, então ele ia continuar e se formar. Aí não repetiu mais nenhum ano e formou-se com vinte

SPEAKER 0: : e três anos. E outras doenças que () Problema de operação, por exemplo, a senhora falou que ele Chegou a operar? () Nada mais. E aí teve algum problema assim na, na operação, não?

SPEAKER 1: : Não, nada, nada, nada. Só operou-se com penicilina devido ao catarro no pulmão. Eu tinha medo que pudesse dar qualquer coisa, então do resto nada, nada. () não precisou, jogava futebol Isso todo () garoto joga, mas não foi desses meninos levados, desobediente. () que eu vou dizer? Agora, se querem que eu diga que em primeiro lugar está meu marido (risos), porque meu filho está (risos). Primeiro meu marido, depois o meu filho, depois minhas netas, minhas irmãs e minha nora, juntos. Isso eu posso dizer, mas em primeiro lugar está meu marido.

SPEAKER 0: : E, () a senhora dos seus netos, né? A sua avó sente alguma diferença, por exemplo, () no crescimento dos seus netos com o crescimento do, do... Olha, hoje, hoje em dia é diferente.

SPEAKER 1: : A gente criava... Antigamente dava () uns tapas (). Hoje não pode mais dar tapa nem nada em criança. E depois a avó não dá mesmo. () dizerem que a avó se vê o pai bater, acha ruim e acabou, né? Não é verdade isso? A avó não admite que bate nos netos. Então é isso. São levadas, são, não são dessas que, como eu vejo na tele... Sim, que uma tem nove anos e outra tem quatro, não pode ser. Mas como eu vejo esse desrespeito para os mais velhos, isso elas não têm. Como eu tenho visto por aí, eu acho que é um, um absurdo a mocidade de hoje. Não sei se assisti no outro dia ou lá do Cavalcante. Uma moça virar de costas para a linda Batista e dizer que ela era... Coisa de museu lá. Eu acho que isso não... Se ela está hoje aqui, ela deve ()... Porque tem os mais velhos para chegar à idade que ela chegou, né? Eu acho que é falta de educação, falta de... Pode ser, pode ser que eu, que eu esteja enganada, né? Hoje () a coisa tá tudo para frente, se quiser para frente (), não sei o que Mas eu acho que a educação ainda ()... Agora, a educação vem do berço () A instrução vem do estudo. Tem muita gente educada que não tem instrução. Tem muita gente instruída que não tem educação. É verdade. É verdade (risos)? Não sei () se está certo ou está errado. Tem muita gente instruída que não tem educação. A educação eu acho que vem do berço. A instrução vem do estudo.

SPEAKER 0: : E problemas assim de doença de seus netos? A senhora sentiu alguma diferença?

SPEAKER 1: : diferança não A única coisa que eu senti foi num desastre, não sei () Foi há quatro anos atrás, eles iam para Santos e foi no dia de aniversário do meu marido. A menina, () no acostamento, parado o carro, veio um ônibus por trás, pegou, e () Ele mesmo, meu filho, levou lá para o hospital e tudo, viu? Depois veio aqui. Chegou aqui e disse, você não devia estar em Santos, no nosso apartamento? Não, mamãe. Me empreste seu carro porque teve um desastre. As meninas estão boas, mas a Irena não sei se viu. Aquilo me deu, porque eu não sabia se eu ia correr chamar meu marido, se a minha cunhada que estava aqui... Eu fiquei sem ação. Vivo mesmo. Quando eu cheguei lá, porque eu... Eu acho que... As meninas, está certo. Mas mãe é mãe, né? Então, eu quero que... Por mim, eu quero ir embora antes de todos eles. E quero que minhas netas () com a mãe e o pai, né? Isso não sou eu que mando, né? Então, esse foi um choque muito grande que eu tive.

SPEAKER 0: : E como é que foi o tratamento depois de ()?

SPEAKER 1: : Não, não teve, não... eu pensei que tivesse qualquer coisa () Mandamos fazer (), a minha menor não sofreu um arranhão, nada A outra, então, ficou desacordada, mas não viu. Meu marido e meu filho, então, pensou que ela estivesse, como se diz, morta. Eu não vou tirar a menina (), mas quando tiraram do carro, ela começou a chorar. Eu disse, graças a Deus, a menina está viva. Aí foi, levaram, chamaram os médicos, mas eu pensei, fiquei dentro de mim, quem sabe tivesse uma lesão na cabeça, mandei fazer um () Mas não deu nada, já fez até o segundo (), não deu nada. A vida da criança, ela é a mesma que a do menino, do meu filho. Calma, não vai para rua, vai para o colégio em casa, de casa para o colégio e acabou. Tem as suas amiguinhas, mas é dentro de casa, da nossa casa. Como também meu filho, ele tinha os brinquedos. Mesmo moço, eles armavam lá jogo de pingue-pongue. A gente vai lembrando, né? Pingue-pongue, jogo de botões, quando ele estava no ginásio e mesmo quando estava na faculdade, porque pingue-pongue Então, os rapazes vinham na minha casa. Eu preferia que eles viessem na minha casa, que eu sabia onde é que estavam, e mesmo os outros. Às vezes, os rapazes casados, noivos, preferiam ir na minha casa, porque eles queriam, tinha a moça, porque eles estavam bem guardados (risadas). (risadas) Era isso. Por isso que eu digo, quem sabe se eu tivesse uma filha mulher, seria diferente. Porque aí seria um homem e uma mulher. Mas um homem só.

SPEAKER 0: : Não posso dizer. Você acha que está havendo assim, existe, no caso da educação, uma educação diferente para a moça, uma educação diferente para o rapaz ()?

SPEAKER 1: : Hoje, não. Agora, eu acho que (), eu acho que a criança ainda tem... Eu acho que a inocência é a coisa mais linda no mundo. Eu vou contar um fato, não sei se vão, se vai gravar, se você vai gostar. Minha neta, quando nasceu a segunda, que é... tem cinco anos de diferença, ela chegou para mim, () eu fui na maternidade, ela fez, mas vovó, essa cegonha que traz o neném, eu disse, não filhinha, não é assim, porque todo mundo diz que tem que dizer a verdade para criança, eu acho que não deve dizer abertamente, eu não teria coragem de dizer abertamente para minha neto que é, então ela chegou pra mim e disse, vovó, eu disse, não filhinha, não é assim, não é a cegonha que traz, e como é vovó, eu disse, olha, O moço e a moça precisam casar. Depois de casados, então se querem um neném, a papai e a mamãe vão no médico, o médico dá () uma injeção e a neném vai () crescendo na barriga da mamãe. Não mentir que dá na barriga da mamãe. Vai crescendo na barriga da mamãe. Quando chega que a criança já na idade, no tamanho certo, que já pode comer sozinho e tudo. Então, a mamãe vai para maternidade para poder () ter a criança, né? Faz operação, o que seja que precise, tem a criança. Então, aí é que vem, mas não é a cegonha nem nada que traz a criança. Eu achei que foi um modo Porque hoje ela vê uma moça grávida e diz, não, tem um neném na barriga, né? Um neném na barriga. Agora eu não ia dizer para ela que é isso, aquilo, aquilo e outro Uma menina de quatro anos, eu acho, como tem muitos que dizem, né? Mas eu achei que não devia. Mas cada um tem um modo de pensar, né? A senhora

SPEAKER 0: : o que acha? Ah, eu (risos) (risos) Eu não posso, eu acho que eu estou de acordo com a senhora. Não é?

SPEAKER 1: : Eu acho inocência como elas às vezes dizem, vovó, o papai noel. Eu digo, não filhinha, tem o papai noel. Por que não tem o papai noel? Tem, mas não é o papai noel que você pensa que vem trazer o presente para você. O papai noel é o vovô, é o papai. que você pede, eles () vão na loja, porque elas, um dia () Como é? Foi o Papai Noel que me trouxe, como é que vão trocar os brinquedos? (risos) Então, eu (), não é assim, não. O Papai Noel é assim, você pede, então o vovô vai lá na loja, dá o dinheiro, e o Papai Noel traz. Mas não é o Papai Noel que você pensa, que é o Papai Noel que você pede e traz, não sei o quê. O vovô ou o papai precisam levar o dinheiro na loja para... Eu explico direitinho, do meu modo. Antigo, quem sabe, né? Não. Mas explico desse jeito () para as crianças, não sei explicar de outro jeito. Eu acho () que é tão bonito a gente ver eles esperando um brinquedo, como agora no Dia das Crianças. Vovó, vem o Dia das Crianças, a senhora me dá, tem a menorzinha, () para o avô Vovó, eu quero um pinote. (risos) Como é que faz o pinote? Ela senta assim de quadra e pula como o pinote () (risos). É a coisa mais impagável do mundo. Ela dá o pulinho como pinote. Já () que é um... Eu acho que é... Não sei, não sei dizer. Agora, tenho dó de crianças, aí é um modo de dizer, meio abandonado. A gente tem cinco, seis, sete filhos e não sabe o que dá de comer. Isso, isso eu acho que é um, uma falta de humanidade. Porque hoje, hoje em dia tem pílulas, pode evitar. Porque eu, eu evitei muito. Um dia, sim, pegava de vez em quando, né? (risos) Mas a gente pode evitar muito bem e não pôr filho no mundo sem saber o dia de amanhã para eles, né? () Porque o dia de amanhã é triste. Porque () ganha salário mínimo e tem quatro, cinco filhos, precisa suar. Depois aí () vem a fome, né? Vêm as consequências.

SPEAKER 0: : E a senhora acha, por exemplo, () a senhora está falando que gosta muito da, da inocência, de ver a inocência da criança. A senhora sente, por exemplo, agora diferença entre as meninas e os meninos ou a senhora... Ah, sim, a ()

SPEAKER 1: : Entre as meninas e os meninos tem. Eu acho que tem. Sempre teve. Eu acho () a moça mais delicada, mais humana. Quando o rapaz, não, né? Às vezes é mais... mais (), () mais violento, né? () tem moças hoje também violentas

SPEAKER 0: : (risos) A senhora acha que isso é para uma preparação para depois, mais tarde na vida, ou a senhora acha que é mesmo características? Eu acho que é o tempo, né, evolução. as guerras Sim, mas eu digo assim, uma diferença que existe entre o rapaz, a menina e o menino, no caso, na A senhora diz a maneira de ser, né? A senhora acha diferença A senhora acha que é, isso é para depois ()? Inclusive, continua depois na vida da pessoa ou não?

SPEAKER 1: : Depende da forma, da... Como é que se diz? Da família, () o ambiente onde ela vai () () a família depois pode ser que case, vai em outro ambiente, aí pode se melhorar, pode piorar. Pode ir na escola, como eu conheci uma. Eu gostava daquela moça, não fim era comunista. Foi a escola que induziu ela. O que vamos fazer? Na verdade, () a amizade que, que contrai, às vezes não é boa. Às vezes um rapaz bom arranja um amigo, um outro (), é um pouco fraco, leva ele para um outro lugar. tomar maconha, essas coisas que ocupam ou bebem () fumam hoje. A senhora acha que, às não é o rapaz () A casa é () exemplo, está certo? Ele em casa é uma coisa e lá fora ele é outro. É totalmente diferente. Depende às vezes da companhia, saber com quem anda. Os pais também deveriam () de ver isso, mas às vezes, como tem pais hoje que veem os filhos, às vezes, () uma vez por mês, né? A mãe está de um lado, o pai está do outro, né? Eu acho que influi também, a família influi muito, né?

SPEAKER 0: : E com relação, assim, à educação que a senhora teve, da educação que a senhora deu ao seu filho, há uma grande diferença?

SPEAKER 1: : Não sei dizer isso. Papai era muito, muito severo. Eu vou dizer, papai era severo. Não posso dizer nada porque, como eu disse para o senhora, minha madrasta foi muito boa. Não tenho queixa nenhuma dela. Até Mas tem um, tem um detalhe () Ela iria muito mais... Somos duas irmãs. Se acontecesse alguma coisa para a filha, filhas delas, era, era na mãe e acabou. Ela tinha muito, muito mais responsabilidade em mim e na minha irmã do que nas filhas delas () Não é que eu (), mas eu acho que é isso. Porque se acontecesse alguma coisa para mim, diziam, porque é madrasta e não olhou. Então eu não posso dizer isso. Se eu fui criada sem mãe, não posso dizer que meu pai era severo. Para que eu vou dizer? Agora, quanto à minha madrasta foi muito boa, me criou muito bem, não tenho queixa. Até hoje sempre estamos juntos. Não sei dizer porque se eu tivesse minha mãe, eu poderia dizer, não, foi criada assim, foi criada assim. Mas eu acho que ela sendo se, um pouco severa, foi para o meu bem. Para amanhã ela, não () dizer não se tivesse acontecido alguma coisa. Não, ela foi a responsável por qualquer coisa. É verdade? É lógico. Já eu criei meu filho, ele era meu filho. Na mesma data, você pode dizer que eu sou filha dela também. Mas ela teve as outras () Pode ter o mesmo amor, pode ter tudo. Mas eu não sei dizer. Para que eu vou dizer? Eu tive um só, e esse um, e esse um foi tudo para mim. Ele, ele Ele tinha adoração pela mãe, como até hoje, eu às vezes digo para ele, () ele tem mais adoração por você. Não, você está enganado, ele tem mais adoração por você, ele diz. (risos) Você não sabe que seu filho... Mas é que com o pai ele tem mais respeito. É. E comigo não, de vez em quando ele me dá umas (risos) Não é que... Duas brincadeiras lá que, às vezes, eu não gosto (risos), e é isso. E a senhora

SPEAKER 0: : a senhora acha, no caso, que existe assim uma diferença entre a educação do rapaz e a educação da moça, digamos, posteriormente, porque, em geral, a moça casada vai casar, criar, construir uma família, vai ser mãe, no caso, né

SPEAKER 1: : Olha (), para o futuro, acho que não. () Vai se igualar mesmo, como dizem, né? Mas que tem diferença, tem () (risos) O terceiro filho vinha, o quarto não vinha mais, porque () hoje a dor não tem, dor de parto, né? É Antigamente tinha. Então, com todas aquelas coisas () que a mulher tem, carregar o filho os nove meses e não sei o quê, se o homem devia de ter também, Ele não teria o quarto. A gente não teria o quarto filho (risos) (risos) Porque o homem não queria se sujeitar mais a isso. Não é verdade?

SPEAKER 0: : Então, a senhora que deve haver mesmo enquanto ela está sendo criada, na, na fase de... quando ela está crescendo mesmo. A senhora acha que deve ter uma diferença na educação? Não, na educação não.

SPEAKER 1: : Porque tanto o pai... Temos () bons médicos, boas médicas. Na instrução também, né? Educação e instrução vêm ser a mesma coisa. Temos bons engenheiros, bons arquitetos, como tem de mulher também. () Em toda classe tem o bom e o ruim, em toda religião tem o bom e o ruim. Então, () deve-se tirar o... Ver qual é que, que serve e o que não serve, né? Agora, educação, todos, todos, educação, instrução, todos devem ter (), desde que possam ter, que o governo dê, ou que tenha, tenha, como é que se diz, vontade de estudar, devem estudar. E, como é que se diz, palestrar, conversar, sem, sem sexo, sem nada, com amizade. Eu penso isso. Agora, quando casarem, não. Quando eu acho que tem, que deve constituir família, então, então, namorem, casem, tenham filhos. Como eu também condeno um rapaz que vai tirar, às vezes, () um homem que vai tirar a esposa () de uma casa, a mulher da, da sua família e tudo, desfazer o lar. Eu condeno. Eu sei que pode ser amanhã minha neta fazer a mesma coisa. Mas eu condeno. () eu vou dizer que eu não condeno? Condeno. Condeno () desfazer um lar. Agora, se o homem está desquitado, a mulher está desquitada, ou o homem está desquitado e tem uma moça solteira que vai viver, eu não condeno. É humano. Essa moça... O homem está sozinho, a moça está sozinha, vá. Não, não... Não, não... Não condeno isso. Como é que você vai dizer? Não acho que é coisa do outro mundo. Ah, não, aquele está desquitado, está com fulano, não vem. Não, pode vir. Eu vejo casais aí com apartamento, a gente mora, tem. Vivem tão bem, às vezes. Melhor do que muitos casados. Não é verdade? Agora, se você vai desfazer um lar, Aquele lar está com () pai, mãe, marido, filhos. Ainda mais tendo filhos. E essa pessoa, Nino Bel, eu gosto dele. Tem tantos homens, tantas mulheres por aí que eles podem gostar. Para que vai desfazer um lar? Eu acho que o lar é sagrado () No casamento não diz o que () está unido, não é separado? Só a morte separa. Eu vou para trinta e sete anos () Se o Norberto tem trinta e seis, eu vou para trinta e sete.

SPEAKER 0: : Mas... A senhora falou em namoro, noivado. A senhora sente alguma diferença entre a época assim de namoro e noivado, de, de antes?

SPEAKER 1: : A sua época e... Na minha época, eu namorei, casei, noivei em um ano. Conheci, nas... Conheci, () Noivei e casei um ano certinho Por isso, e se damos muito bem... Não digo... Ninguém me vem a dizer que casal nunca, não tem seu bate-boca. Que é mentira. Que tem. E é gostoso, às vezes, um bate-boca (risos) É gostoso porque a mulher consegue depois tudo o que quer do marido (risadas). Mas... Às vezes, às vezes, um noivado longo, Às vezes não dá certo, depois. E às vezes... Ele era, como eu disse para você, alagoano, não conhecia. Conheci, conheci no dia vinte e dois de dezembro e casei no outro ano, dia vinte e três de dezembro. Não digo que não tive meus namorados e tudo, tive. Como ele também, o meu marido teve, ele casou com trinta e dois anos, eu com vinte e três. Não podia (), não fui santa, né? (risos) Porque se fosse santa, estava no altar, né? (risos) Mas... () teve meus namorados. Também casamos, eu não quis saber. As namoradas dele não () () Ficou por lá e acabou, ninguém sabe mais. () Eu sei (), mas não... Estou dizendo, ela quer saber do meu () noivado.

SPEAKER 0: : Não, eu quero saber, assim, se a senhora

SPEAKER 1: : Os namorados de hoje, pelo que eu tenho visto, não, não no meu filho. Porque o meu filho () namorou lá na ()... Não sei como foi. Mas pelo que eu vejo das minhas () sobrinhas, né? A Vera é sobrinha. Pelas minhas sobrinhas, eu acho que hoje está muito, está muito diferente. Tem muito mais liberdade. () senhora dizer para gente como é Como era antes? () Antes, vocês querem saber mesmo? O rapaz vinha pedir a moça em casamento estritamente () Para mim foi assim. Vinha em casa duas vezes por semana, domingo e quinta. De domingo das sete às nove da noite. E de quinta da, das sete... Não, de domingo das sete às dez e E de... das oito às dez. Era uma coisa assim. E Mas não tinha esse negócio de sair por aí em cinema. A gente ia escondido dos pais (risos) Quando podia furar, () escondido do pai, ia. Mas se o pai soubesse, () levar um escorregão daqueles que não era vida. Esse negócio de estar se agarrando, como fazem hoje na frente dos pais, isso não tinha. Eu vejo muita... beijando, se agarrando na frente () Eu não tive isso. E acho que minhas irmãs também não tiveram (risos) ()

SPEAKER 0: : E assim, essa... Essa ()... Essa maneira, no caso, característica de antigamente de ir lá, o moço ir na casa do moço pedir a mão, ainda a senhora acha que existe isso daí?

SPEAKER 1: : Isso não existe mais. O moço chega, vai entrando dentro de casa e diz que está noivo e acabou. E pronto. Se o pai quer, quer. Se não quer, não quer, e E acabou. Eu estou vendo isso assim agora, né? Eu vejo pelas minhas sobrinhas. Não sobrinhas minhas, mas sobrinhas por parte do pai do meu marido. E já estão para casar e coisa () Muitas são casadas. Eu vejo assim. () moram na rua Daqui a pouco o rapaz está () na porta Daqui a pouco já está dentro de casa. Não estão noiva, não estão nada. Quando vai ser um pouco... () dizem () o noivo para casar, né? Vão ao cinema juntos, vão aqui juntos, sem acompanhamento, sem ninguém. Então, no nosso tempo, nós, mesmo indo, a gente sempre levava alguém de contrapeso. (risos) e o casamento?

SPEAKER 0: : () () ()

SPEAKER 1: : Agora tem outro () Antigamente era a mesma coisa que hoje, mas hoje outras palavras, né? Mas isso era a mesma. É o mesmo () O mesmo cerimonial, a mesma coisa. Fazer do mesmo jeitinho de hoje. No civil, do mesmo jeito. No religioso, do mesmo jeito. Não a

SPEAKER 0: : E como é que é a cerimônia, assim, do religioso? A senhora poderia dizer para gente?

SPEAKER 1: : Como? Do religioso? Como é que é a cerimônia? () Para mim, no meu tempo, o padrinho () levava a noiva ao altar, né Não era o pai. Era o padrinho que levava a noiva ao altar, entregava para o rapaz. Os padrinhos ficavam dos lados. E a mesma cerimônia, o mesmo ritmo. Tem hoje lá, o padre celebra, faz o... Se quer casar, sua legítima esposa unidos para sempre, até que a morte os separe. Não é isso que dizem hoje? () Só que com outras palavras. Hoje ainda tem mais. E Quando foi do meu filho, como foi um padre conhecido, ele fez um, um sermão, uma espécie de sermão, uma prédica, né? Todo mundo gostou muito. Diz que a mulher que ele tinha que estar, como dizem hoje mesmo, que a mulher é a companheira, Deve viver em paz. Mas o ritual católico é o mesmo, só que o protestante é diferente, porque não tem o padre. () a igreja Não tem santo, não sei se sabe Nunca foi? Nunca () Não, a igreja protestante não tem santos. É o mesmo ritual, só que o pastor protestante ali Agora, o que eu gostei muito foi () na sinagoga. () Achei uma, uma... uma cerimônia belíssima, o casamento. Eles entram cantando, a noiva, o noivo, depois eles bebem... o noivo e a noiva bebem uma taça, eles quebram a taça. É muito bonito a cidade. Como a gente tem conhecidos de um lado e do outro, () a gente sair. Como eu disse, () para mim, () casa de Deus, né? Considero como casa de Deus ()

SPEAKER 0: : Tanto que vou no católico, como vou... E após assim o casamento, os novos costumam fazer alguma coisa?

SPEAKER 1: : Nós viajamos. () Quer dizer, viajamos e não viajamos. Nós éramos () para ter nossa lua de mel como comum, como qualquer um outro. Antigamente, não, eles faziam uma... casavam e tinham aquelas festas, dançavam, não sei o quê, e os noivos ficavam em casa () Mas nós, não, nós fomos viajar. Mas como foi na, na... em trinta e cinco, que tinha... () intentona comunista Ele não podia, como sendo da (), da Polícia () Militar, né? Ele não pôde viajar. Então, nós fomos a Santos. Fiquei um dia de lua de mel. No dia seguinte, voltamos. () foi no dia vinte e três de dezembro, dia vin, fomos para lá () No dia vinte e quatro, vinte e cinco, nós viemos passar com meu pai e minha mãe (risos) E minha madrasta, né? Fomos comer na casa do papai e mamãe. Normal. Quando chegamos (), todo mundo () mas vocês já vieram, não sei o quê () Mas não podíamos ficar, ele tinha de trabalhar no dia seguinte. Porque precisava, () deram três dias para ele Três dias, três, nem três dias. No dia vinte e três, ele trabalhou até (), até uma, meio dia e meio, ia casar uma hora. Depois foi trabalhar até cinco, até quatro e meia para casar cinco horas. Então, nós fomos para Santos, de lá () para Aparecida de lá Ficamos um dia, depois voltamos. No Natal, né? Por isso que eu não posso dizer para... O que é, o que não é, o que deixa de ser, né? Agora, depois tem a... O sexo, como dizem, né? () Para mim foi normal, não posso dizer nada, né? Para muitos eu não sei, não posso, não estou na cara ou no corpo dos outros, né?

SPEAKER 0: : E assim, uma celebração mais, uh, comemoração em geral que a família dá depois do casamento, () costuma-se ainda fazer? Na época se costumava fazer, não?

SPEAKER 1: : Costumava () Não, eu tive minha, minha mesa de Como hoje também. Quando casou meu filho, eu dei no civil, de um jantar para os padrinhos. Mas no, no religioso não teve nada. Porque eu acho que () ele tem uma família muito numerosa. Tinha que convidar um, tinha que convidar todos. () o apartamento não comportava. Naquela época também nós estávamos, tínhamos comprado o apartamento e não estávamos em condições de estar gastando.

SPEAKER 0: : E na época, ou quando só casou, se costumava fazer assim também?

SPEAKER 1: : Sim, nós tivemos nossa, nossa mesa, nosso... quer dizer, só os íntimos de casa, os padrinhos, tivemos nossa mesa, nosso bolo, nossa mesa. Sempre () Nem todos.

SPEAKER 0: : Sabe o que nós gostaríamos que você fizesse? Não sei se (), se a senhora se dispõe A falar, assim, os nomes das pessoas que compõem uma família. Por exemplo, a senhora, no caso, o seu marido, o seu filho, os nomes que se dão, os parentes do seu marido em relação à senhora, se fosse possível a senhora falar os nomes.

SPEAKER 1: : Os nomes? Ih, mas () vocês vão ficar loucas. (risos) Meu marido tem () onze, onze

SPEAKER 0: : Então, mas em relação a senhora, esses onze irmãos seriam o quê? Meus cunhados. Ah, isso (risos)

SPEAKER 1: : () () cunhados e onze com cunhadas, né? () Minhas irmãs, tem o, a Odete () São três irmãs. E três cunhados. Tem um irmão e uma cunhada.

SPEAKER 0: : E os filhos, no caso, desses seus irmãos?

SPEAKER 1: : Por parte dele, são meus sobrinhos-afim, né? Não é afim? () Eles me consideram como tia, né? Mas () eu sou tia por, dos meus, dos filhos dos meus irmãos. Mas dos filhos do, do meu marido, dos irmãos do meu marido, eu acho que sou tia-afim. Não tia legítima.

SPEAKER 0: : E no caso, assim, ah, os pais do seu marido?

SPEAKER 1: : Meus sogros. Sogro e sogra.

SPEAKER 0: : E os seus, por exemplo, os pais dos seus pais que se reuniram (risos) em casa? Meus avós. (risos) Pai do ()

SPEAKER 1: : O pai do meu pai e minhas avós. Agora já não podia () os avós do meu marido serem meus avós. Não é verdade? Por isso que eu digo. Dos meus cunhados, são meus, meus sobrinhos-afim. Eu considero todos eles como sobrinhos. Mas são sobrinhos-afim. É Por afinidade.

SPEAKER 0: : Porque por outra coisa não é. E os parentes, por exemplo, da, da sua nora, tem algum relacionamento, uma denominação especial?

SPEAKER 1: : () Não. Eu penso que não, nem para ninguém tem. Só se for casado com primos. Aí sim, né? Com primos, ou às vezes tios com sobrinha, ou sobrinha com tios, aí será diferente. Mas, () uma família totalmente diferente, que a gente veio conhecer depois, eu acho que não tem. Relação nenhuma com... É () da minha nora. Como ela amanhã diz, chegando () para apresentar a minha irmã, disse, é irmã da minha sogra. Não é verdade? É sobrinha da minha sogra. Agora, ela pode considerar os tios do meu filho como tio dela, mas não são. Não é verdade?

SPEAKER 0: : A senhora falou aí em casamen to de primos? Pode haver casa

SPEAKER 1: : Pode, desde que o, desde de que juiz consente. Eu conheço o caso de tios com sobrinhas. Tem. Mas não é () Dizem que não é permitido, mas tem. Tios com sobrinhas. Você tem um caso na sua fa, na família do meu marido que morreu a primeira mulher, era... Espera, se eu lembrar bem... (risos) Mas casamento com um primo mais distante sempre foi permitido? () terceiro () Terceiro grau não tem nada. Agora, não é permitido, de modo de dizer, é o () Pode dizer meu, meu filho é Vilar, se fosse casar com uma prima, Vilar também. Dizem que isso não é permitido. Mas ele, ele tem um irmão casado, assim. A minha cunhada chama-se Maria () Vilar Mendonça. E casou com o Manuel de Carvalho Vilar. Ela passou Vilar e Vilar, né? Ela passou, só se mudou, que o pai dela era Mendonça e a mãe era Vilar Então, mas quando os pais parece que são mesmo com (), sanguíneos, né? Então, diz que não é permitido. () um fato que a moça é Andrade e o rapaz é Andrade. Não são parentes de jeito nenhum e o padre não queria casar. precisaram provar e não sei o quê, que não tinham nada a ver um com o outro.