Inquérito SP_DID_100

SPEAKER 0: : Gravação, dia trinta de set embro de mil novecentos e setenta e dois. Então, nós gostaríamos, que o senhor começasse a dizer assim onde o senhor gostaria de passar férias, que tipo de paisagem?

SPEAKER 1: : Bom, férias, eu acredito que férias é função, talvez, da época do ano. No verão, você teria um tipo de férias mais agradável de se passar em Santos e litoral. E E, na parte do inverno, me parece muito mais agradável poços de Caldas ou Campo de Jordão. Eu digo isso porque, pelo menos a gente raciocina assim, na época de verão a gente gasta muita energia. Então, se você passar num lugar montanhoso, talvez não aproveite. Porque a gente se lembra o seguinte, de um rio ou de um ou de uma onda de mar, é muito mais agradável a gente ser atingido pelo mar, ou a gente se banhar no mar e se distrair na praia, onde o horizonte é muito mais amplo, do que ficar numa montanha onde no verão é bem desagradável, principalmente para quem trabalhou, né? Então eu já trabalhei, já atravessei essas regiões, entende? Falando assim um pouquinho só do campo profissional, muito pouco. Quando nós fizemos um estudo de Mogi, a Bertioga, descendo pela Serra, no Duro, Então nós sentimos o seguinte, que no verão seria extremamente desagradável a gente viver ali, viver então a temporada toda de verão, precisaria mudar. Seria bom talvez alguns dias, entende, para a gente se recompor, porque a paisagem é muito agradável, verde em contrastes mais diversos. O silêncio é absoluto, então a gente guardaria energia, né? A parte nervosa, digamos assim, do do () que tivesse cansada, poderia se recuperar com muito mais facilidade. E a gente se sente mais éh um ser humano primitivo, entende? Em contato com a natureza, vendo a água, vendo os bichos, vendo os os insetos. E vendo aquilo que a gente tem, assim de, que a gente diria paisagem bucólica da vida, né? Situação do garotinho quando vê o mundo e não entende nada. Seria então esse tipo de descanso, um descanso relativo. Quer dizer, no verão seria desagradável a montanha. Então, nesse estudo que nós fizemos, e foi uma viagem de uns dois dias éh, nós tivemos oportunidade de ver quanto é cansativo a vida num lugar bastante primitivo, entendeu? Sem recursos ãh que a sociedade atual oferece nas cidades. Mas, por outro lado, a gente notou o seguinte, que há uma ausência qualquer de comprometimento com o meio de transporte, com pessoas com problemas éh de de de rua, de conservação, a vida da cidade, enfim. Achei também interessante o seguinte, que a gente pe a gente estabelecesse um princípio de vida. Férias no verão, talvez possa ficar algum tempo na montanha, mas de preferência à beira-mar, muito mais agradável. Pelas montanhas, pelo próprio movimento das ondas, entende? Os navios quando chegam ao porto, principalmente junto aos portos, acham um descanso bastante grande, porque há movimentação. Se você só ficar dentro da parte, vamos dizer assim, éh humana, contato humano, contato físico, contato intelectual, na praia, a gente no fim vê que aquelas conversas todas morrem, entende? As conversas vão vão se esvaindo e a gente cai em assunto de todo dia. a mulher, os filhos, a escola, etecet Então gostaria que você perguntasse.

SPEAKER 0: : Certo, é nós gostaríamos também que o senhor fosse explicando. O senhor falou montan nha terra porto. Diz o que seria cada uma dessas coisas.

SPEAKER 1: : Para mim, uma montanha, é isso tirando o termo técnico especializado que não conviria a gente examinar agora, seria uma elevação bem grande de terra, entende, que sobressai no horizonte. Isso seria montanha no conceito mais simples e que eu acho mais agradável de se entender.

SPEAKER 0: : Nessa paisagem de montanha, se eu vir ah além da montanha, como é que 

SPEAKER 1: : Bom, nesse caso que eu estou focalizando, que é o caso de praia, existe então aquilo que a gente gosta de ver, a associação do verde com o azul, vamos dizer assim. É o inverno e o verão que eu tinha me referido anteriormente. Você tem na montanha, tem aqueles contrastes todos de paisagem devido àquelas s suas fraldas da montanha, certo? Então as vertentes da montanha caem, uma para a digamos, para a praia e a oposta cai em direção da costa. E ali a gente nota, oh estabelece um paralelo entre a montanha e o mar. E pensa em termos de vamos dizer equilíbrio. Quer dizer, a montanha, um bloco maciço, se opondo ao movimento das ondas e resistindo por séculos. E do lado de cá a areia que representaria a parte vulnerável da coisa, o material da montanha que já foi trabalhado, entende? E que está ali toda hora sendo jogado pelas ondas do mar. Agora eu pediria que você esclarecesse outro detalhe que você pediu sobre, falando de praia. Bom a serra, bem a serra talvez seria descortinada olhando em sentido oposto, quer dizer, no caso de Santos, por exemplo olhando em sentido oposto. Se você voltasse cento e oitenta graus para trás, você veria a Serra do Mar, eh, vamos dizer, caminhando no horizonte, né, ou surgindo no horizonte, num dia claro, assim como uma coisa perene, permanente, entende? Alguma coisa que a gente não pode nem pensar em termos de se ela se mo se modificasse de posição, s Seria possível isso? E Então, não. E Ela some no horizonte ou surge naturalmente para quem se colocasse na mesma posição sempre, eh, como assim uma coisa majestosa, entende? De respeito, impõe respeito, impõe um certo, () () o Porto, seria tido como um ponto de de atracação de de barcos, de que transportasse barco de todo porto, é claro, né? Que transportasse, seja os produtos colhidos no mar, os, digamos, os peixes, as riquezas do mar para fins de alimentação e, e ao mesmo tempo, transportassem essas cargas todas e minérios de que a civilização moderna necessita, tá bom? Pergunte o que vocês quiserem além disso.

SPEAKER 0: : o seria apenas situad

SPEAKER 1: : Não, o porto, nesse caso que eu focalizo de Santos, ele se encontra j junto do canal de entrada, vamos dizer assim na, quase na desembocadura da daquele daquela conformação geográfica ali de entrada do porto, certo?  Teria o nome, o canal. O porto normalmente a gente acharia mais interessante ficasse num canal porque é um ponto mais protegido, entende? contra as vagas e contra, vamos dizer, qualquer modificação de tempo ou ou de condição. Me parece ele mais estável num num canal, junto à montanha e, no caso de Santos, junto à praia. A onda seria, vamos dizer, o resultante da movimentação do vento, da pressão do vento contra, contra, naturalmente, a costa. I Isso, entendimento simples que eu tenho da coisa. O canal seria uma formação geográfica ou uma articulação geológica resultante de entrada e saída ou do vai e vem da água do mar contra uma determinada montanha e naturalmente com o tempo aquilo foi tomando uma conformação atual. É atual conformação estável, acredita-se estável.  Há milênios houve um desgaste de uma determinada região onde a água bateu, então geologicamente se explica que seria um canal natural, certo? Agora o homem pode também introduzir nesse canal uma série de melhoramentos e às vezes se presta então como um ponto mais seguro para a finalidade de porto, que eu focalizei antes. Então o porto seria uma estrutura contínua, situada talvez de um ou de outro lado da margem de um canal, ou dos dois lados, conforme as necessidades, e que abrigue armazéns para estocagem de mercadorias em pontos de embarque e desembarque de mercadorias e pessoas. Agora, perguntaria a você outra coisa, diga o que você pretende.

SPEAKER 0: : Ai, assim, eu não sei. Bom, e, e dentro dessa dessa paisagem de praia, o senhor prefere uma, que tipo de praia, o que ela deve ter para ()

SPEAKER 1: : Certo (limpa a garganta). Focalizando assim, para quem conhece um pouco o litoral paulista, vamos dizer, desde norte até sul, eu tenho essa possibilidade de ter conhecido, eu voei. no litoral, fazendo uma viagem especializada, digamos assim, com finalidade de construção de estradas, mas eu voei desde São Vicente, na Praia Grande, até o porto de Paranaguá, sobrevoando um pouco mais adiante o interior do Paraná, depois voltando pelo mar. Então a ida foi pelo continente e a volta foi por alto mar, altitude baixa, trezentos, qua O que eu vi é o seguinte, que a praia que mais agrada é a praia mais isolada e a que menos gente tiver, no sentido egoísta. É claro que a gente não aguentaria dois dias sozinho numa praia, dependendo da companhia, talvez, mas não seria oh humanamente possível e nem lógico. Tudo se esgota, tudo se cansa. Agora as praias mais lindas são as de águas mais, assim, contrastantes, vamos dizer, verde claro, O verde azulado, onde a gente veja contraste de tonalidade, entende? Não uma cor única. Uma cor única é uma praia monótona. Uma cor azul, simplesmente azul, você olha uma vez e não vê, não há assim nenhuma diferente. Então você sente que aquela praia é de muita calma, muita placidez, mas não tem vida, é azul. As águas muito paradas, entende? E normalmente a gente gosta de uma praia um pouco agitada. Me parece que a praia agitada dá um pouco mais de dinamismo. Mesmo que a gente esteja descansando, é um descanso dinâmico, entendeu? Descanso de quem está alerta, na expectativa de alguma coisa e não sabe o que é. Aí um pouquinho de, talvez, filosofia da vida, isso a gente aprende com o tempo. Pergunte mais alguma coisa, eu gostaria.

SPEAKER 0: : Que mais teria, por exemplo, nessa praia? Bom nessa praia

SPEAKER 1: : Éh se s sem ser os seres humanos, vamos dizer assim. Bom, o ideal, uma praia que se apresente como tal (risos), eu acredito que deva ter uma areia muito clara, de preferência, não areia escura, de granulação fina, porque ela oferece hm parece assim um aspecto mais acolhedor, pedras contrastando na paisagem, porque contraste em paisagem numa praia necessário, uma praia lavada, uhm vie vamos dizer assim uma praia pura. Como é uma praia grande, é uma praia monótona entende Dez, vinte quilômetros de praia não tem vida. E a praia grande perde porque a areia não é clara. Se a areia fosse alva branca, eu acredito que seria uma areia muito mais ãh acolhedora, entende? O paulista vai porque não tem onde ir, senão ele iria para umas praias de muito mais aspecto, vamos dizer, agradável, dá ideia de maior talvez limpeza, entende? Apesar de não ser essa a impressão.

SPEAKER 0: : E não haveria vegetação nessa

SPEAKER 1: : Bastante vegetação. Sem vegetação talvez a praia não tivesse significado. Quer dizer, uma vegetação antes da praia seria assim, o contraste entre a montanha que que desce até o mar, se encaminha até o mar, e depois ao lado. A gente sempre entende mais ou menos as coisas num horizonte mhm éh mais ou menos éh restrito. À direita, montanha, pedras e o verde das das árvores. E À esquerda, vamos dizer assim, talvez um contraste de mais, parte plana da praia. Mas não pode morrer em mar, entende? Toda vez que a gente contempla uma praia, eu já tive a oportunidade de contemplar isso inclusive, no Rio de Janeiro também, a gente nota o seguinte, que se a praia morrer plana, se ela permanecer plana, a gente tem a ideia de um horizonte de desespero, entende? Não tem um horizonte de alegria, de satisfação. Então, se a praia for for confinada fisicamente, essa praia é muito mais agradável. E com todas essas riquezas de vegetação, de areia alva pura, limpa, da ideia de de equilíbrio maior da natureza, de águas de contrastes gris gritantes, talvez para o verde, para o azul, e um sol.  Sem sol, praia não tem significado. Sol na praia é a alma, e o resto é beleza, claro, a mulher, não põe homem n (risos) Poucos homens e muitas mulheres, certo? Pois não, perguntaria o que você quisesse agora.

SPEAKER 0: : Teria, por exemplo, na praia, teria alguma elevação assim de areia?

SPEAKER 1: : Bom, as dunas, talvez, quem conheceu, sei se, não sei se conheceu as dunas da Praia Grande, eram não eram não eram de areia muito clara. Mas a duna oferece, assim, para nós, que não conhecemos o deserto do Saara, se você conhecer, me diga isso. oferece uma um contraste geográfico bastante interessante. A gente vê duna e nunca pegou, entende? A sensação da criança que queria pegar a areia e ver se ali formava uma montanha ou o vento conseguisse formar uma uma duna artificial. Quando você conhece a duna, você vê que éh é uma formação geológica bastante interessante e agradável. Uma resistência, vamos dizer, da própria... do solo do do do da praia ao vento e à água. E é um ponto alto de de observação de qualquer pessoa que se sinta assim eh ligada demais à terra entend Você numa duna se tem uma sensação de equilíbrio, de liberdade, assim como quem vai voar. É claro que a imaginação que está funcionando não voa coisa nenhuma. Então a gente sobe, corre, desce e todo adulto numa duna se comporta como criança. Então a praia deveria ter dunas porque ela se torna muito mais agradável entende Uma praia plana, que eu disse, uma praia plana é sempre um ponto assim, medíocre né da vegetação, da natureza, entende?

SPEAKER 0: : Da paisagem. E teria, por exemplo, alguma localização assim, onde tivesse onde se vigiasse chegada de navio, essas coisas?

SPEAKER 1: : Depende muito da pessoa, entende? Ou depende da vez da situação. Quando você está com talvez, preocupado, puxa um pouco sempre para o lado humano das coisas, entende? Ou a situação espiritual da gente. Você vendo o movimento de vai e vem no porto, Então você tendo uma praia nessas condições, acredito que a praia seria muito mais rica de detalhe, de contraste. Porque a gente deve em geral procurar o o contraste. Entende Me parece muito mais agradável na vida a gente procurar o contraste entre o bom e o ruim, o feio, o bonito. A gente vive disso, né? Vive de comparações. Não que faça isso habitualmente, mas vive. De modo que a praia que tivesse entrada e saída de navios seria uma praia muito mais completa. Ou então de barcos de pesca, entende? Não só de navios em grande calado, porque esses não teriam significado nenhum. Você só fica ficaria contemplando o pessoal se despedir de quem? Se não passaram ou não pararam ali perto de você. Então não é de você, é de qualquer pessoa. Então de qualquer pessoa não tem não tem sentido a mensagem deles, entende? É uma mensagem no vazio. O vazio no vazio, né? O vazio contempla o vazio que passa, que é um navio grande, cheio de gente, que vai buscar outro vazio noutro lugar. Então não tem significado nenhum. Eu acredito que uma praia completa deveria ter também esse atributo, dependendo do que você procura espiritualmente. Se você procura descanso, a praia deve ter, tudo menos os navios que façam muito alarde. Seria o caso de colocar um barco a motor numa praia tranquila e você vê que quebrou completamente o sentido. Entendeu colo, Quer dizer, colocar a agita agitação da da da vida moderna na praia seria a morte.

SPEAKER 0: : Existe algum tipo um outro tipo de barco que possa ser coloca Outro tipo de barco?

SPEAKER 1: : Um barco a remo seria o ideal. Que não fizesse barulho, quer dizer, que não não não oferecesse assim ponto de de de de concentração de atenção. A gente quando vai à praia não procura concentrar atenção em nada. Só na beleza da natureza e das pessoas que se encontram lá. Principalmente da juventude, claro.

SPEAKER 0: : E além da da paisagem da praia, existe uma outra paisagem que que que lhe agradasse deixando de lado de lado

SPEAKER 1: : É, eu acredito que sim, viu? Eu acredito que quando você entra numa num numa floresta fechada, como eu disse no início, quando nós estamos conversando, quando eu entrei de Mogi a Bertioga, disse, então, a serra, a gente sente a riqueza da natureza, entende? Porque há pontos onde o verde se torna praticamente preto. É tão escuro que é quase preto. Então você tem a impressão que está pisando em cima de musgo. E tem realmente muita pedra coberta de musgo, então o sol não entra lá. Ali dá um certo sentido de claus  de claustrofobia, a gente se sente mais ou menos em pânico, entende? Tá meio apertado, o horizonte se restringe, a gente então sente um se um vazio na alma, () Puxa, me encontrei na porta do inferno, deve ser parecido. Escuro, verde e o sol não entra. Agora, depois que a gente vence esse ponto, por isso que eu digo o contraste que é agradável na vida, a gente se sente muito mais feliz, entende? Você vê então o sol entrar pela montanha, escoar, os raios luminosos entrando, no meio das das do espaço entre as árvores, e a gente dá então mais valor, ver a árvore pequena, a árvore maior, ver o equilíbrio de natureza. Nos pontos fechados a gente se sente constrangido. Não tem medo porque não está sozinho, talvez sozinho tivesse medo. Mas que é um contraste bonito é por causa do verde, entende? O verde nas suas nuances mais diversas, as flores, entendeu? Algum pássaro que a gente vê, um canto de pássaro na floresta, é a coisa mais linda do mundo. Porque não tem ninguém lá falando. Se todo mundo ficar quieto, forem mais de duas pessoas, e se ninguém fizer barulho assim excessivo, você ouve os grilos. Tudo quanto é tipo de inseto voando, quando pelo menos a a mon a floresta é rica, é claro. Não sei porquê. Mesmo que a gente não queira tomar água, mas é uma sensação muito boa, muito bacana. Pelo menos foi assim que eu senti viu Faço muitos anos, uns dezessete anos já. Mas foi um passeio maravilhoso, viu? Muito bacana. Pode perguntar.

SPEAKER 0: : E que tipo de terreno, (), de uma floresta?

SPEAKER 1: : Você encontra na floresta éh tudo que você pode imaginar, viu? Desde o terreno meio árido, seco, entende? Com vegetação rasteira, uma vegetação pobre. E é uma zona, então, que a gente sente onde que está sendo recebido, mal recebido. É zona que eu chamaria de setos rasteiros, cobras e e lagartos, quer dizer, ali não é lugar para gente viver. Então aqui a gente sente uma certa agressividade na natureza, entende? E as aves também são pobres. Isso no começo, digamos, é algum trecho de montanha. Depois, ao pé da montanha. Em seguida, quando a gente entra na montanha, o solo se transforma num solo coberto de vegetação. E onde a gente escorrega com grande facilidade. Aí é que vem oh aí é que vem asquela aquelas comparações interessantes. Você pensa, bom, o índio aqui andava e não escorregava. Por que eu ando e escorrego? Porque aí você está calçado. Aí você tira o sapato e sente o contato íntimo tremendo com a natureza, entende? Como se a gente estivesse recebendo uma dose de energia fora do comum. mas depois chega a conclusão muito triste que é melhor colocar o calçado de novo porque você naturalmente pode acertar o pé em uma pedra ou então encontrar uma cobra e passar um susto que não vale a pena. Né, e daí quer dizer A montanha então oferece isso, ela Agora em outros pontos você vê debaixo da montanha uma zona pisada, quer dizer onde em geral o homem já foi caçar ou a passeio. com vegetação muito pobre, mas que sempre representa assim, digamos, o equilíbrio da natureza que foi possível se realizar naquele ponto. Não se sabe porquê. Talvez ah  troca de a troca de de energia entre o solo e as árvores grandes, as de grandes porte e pequeno porte, deram aquela paisagem diferente. Vegetação pequena, rasteira, tipo grama, e depois as árvores frondosas de dez doze, quin   que impõe respeito.

SPEAKER 0: : Sim.

SPEAKER 1: : A praia de Bertioga. O problema surgiu quando nós tivemos que atravessar a Cabeça de Negro, que é uma elevação muito grande que tem lá, seguida de um espenhadeiro de uns duzentos metros. E nós estávamos perdidos ha uma hora no local. oze pessoas, entende? E nos encontrando nessa situação, ãh a primeira coisa que ocorreu é o seguinte, vamos fazer uma parada, pensar e nos alimentar, porque oh quem entra na mon na serra ou para atravessar uma montanha e não se alimenta bem, normalmente começa a ter muito pânico, entende? Pânico ataca direto. Você está com muita gente, mas se sente em pânico. E ali, então, nós resolvemos que, de comum acordo, que na montanha ou numa floresta quando a gente atravessa, a gente sempre tem que fazer tudo com muito equilíbrio, muito cuidado e muita disciplina. Do contrário, vai dar confusão certa. Sabe que não pode voltar. Se volta, são poucos, metade. A metade pode se achar em dificuldade por uma série de razões. Mas, então, nós encontramos nesse lugar, nessa tal de Cabeça de Negro, ali na Serra da de Santos, na na vertente que dá para o oceano, Praia da Bertioga Nós encontramos um ponto difícil de travessia. É um ponto que apresentava esse musgo, essa vegetação verde, escura, muita umidade, uma umidade tremenda no ar. E nós nos perdemos. E, normalmente, na montanha ou na floresta, quando a gente se perde, roda em círculos. Então fizemos uma experiência. Eu peguei a bússola, ela não funcionava. Peguei o relógio e falei, muito bem, são onze horas, mais ou menos. Eu me orientei pelo pela pela óh pelo sol, ainda tinha naquele trecho sol. O trecho anterior tinha me orientado por uns dez minutos, depois da caminhada nós nos perdemos, e daí ficamos uma hora perdidos, até meio dia e pouco. Então se pensou o seguinte, vamos para a direita, vamos. Demos uma volta marcando tudo e voltamos para a direita outra vez, no mesmo ponto. Aí se cumprir aquele, dizem, o atavismo da floresta, você vira e vira em círculos, se gira e gira em círculos. Então nós resolvemos o seguinte, vamos fazer um caminho desta forma, orientando para o mar vamos Marquei esta árvore, marquei em seguida uma segunda, uma terceira e vamos em frente. Onde caí, caiu, certo? E fomos parar, fomos parar num despenhadeiro sem saber. Então encontramos valo um pequeno valo e todo mundo disse, bom, vamos atravessar o valo, porque daí a gente vai para o outro lado. Nós atravessamos com dificuldade o ponto, chegamos na beira de uma vegetação, de uma formação montanhosa. Como eu disse, então, nós chegamos na beira de uma... na vertente do oceano, do Atlântico, dando para a praia de Bertioga, e junto de um valo. O valo seria uma formação, uma verdadeira escavação no terreno, coberta de vegetação. Mas esse valo era falso. Eu vou dizer porque que era falso. Ele estava numa vertente da montanha, da cabeça do do ni negro, que eles chamam, numa vertente, isto é, numa face da montanha que se oferece ao observador olhando ãh de frente, então seria uma superfície da montanha que cai para o mar ou cai para o solo.

SPEAKER 0: : Seria um dos lados.

SPEAKER 1: : É, seria um dos lados da montanha, certo? Seria uma das, digamos assim, todo objeto teria duas faces, seria uma das faces. sempre em lado oposto, outra vertente. Então nós chegamos nesse valo, então seria uma formação geológica, mas era um valo que eu chamei falso. Foi a primeira vez que eu aprendi que às vezes há muita coisa que parece uma coisa e é outra. Era um valo falso. Aí foi possível identificar, sabe por quê? Porque nós olhamos para trás, nós estamos olhando para frente, para sair daquele local, mas era uma espécie de corredor pendurado na na vertente da montanha entende digamos assim, na parede, parede de pé, quase que de pé da montanha, a parede de pé, seria a face da montanha que se oferece ao observador. que é assim que se forma a coisa. Agora É água nat Eu diria o seguinte, água natural, vou explicar. Quanto a Quando chove, ou toda água que cai sobre o solo, ela teria três destinações ou mais do que três, mas sem muito detalhe. Uma parte escoa, uma parte se escoa então pela superfície, uma parte penetra na natureza ou no solo e outra parte se evapora. Nasce um filetezinho de água de um determinado ponto da montanha, onde a água se concentrou por formação apropriada, vamos dizer, geológica. Agora, como chove muito nessas regiões, também Agora, naturalmente os lençóis esses grandes lençóis de água que existem dentro das formações geológicas dão origem, então, a um volume maior ou menor. Não só os rios pequenos rios, mas as grandes formações de água ali retidas no solo. Eu digo impermeáveis só as de sustentação, isto é, as inferiores, porque as superiores poderiam ser permeáveis, mas nem por isso a água deixaria de se acumular, entende? A não ser que, então, houvesse... Haveria então se fosse perme impermeável também a de cima, a água, então, ficaria confinada, confinada, isto é, presa, e só sairia por pontos críticos ou falhas do solo, né?

SPEAKER 0: : Você também falou em corredeira. O que é uma corredeira?

SPEAKER 1: : mim, o corredeiro, como eu entendi, conforme foi observado nessa viagem, foi o seguinte, é é uma massa de água que se precipita no solo e o solo tem uma formação éh topográfica éh irregular, sempre no sentido de rampa, entende no sentido de declive. E nesse declive, então, se oferece uma série de obstáculos, são os as rochas, que oferecem um volume maior ou menor à resistência da corrente. Dessa forma a água se precipita, cai mais ou menos verticalmente em movimento sempre acelerado e dá origem então a uma corredeira. Depois aquilo tem um um vamos dizer assim um um andamento normal, um escoamento normal, mas isso já no pé da montanha. Então você vê os rios e vê você vê um rio que nasceu de uma corredeira talvez ou nasceu de um

SPEAKER 0: : Nessa queda vertical que o senhor falou que teria, tem algum nome especial para essa queda?

SPEAKER 1: : Eu diria um... Eu diria o seguinte, uma... Eu sei o que você quer dizer.

SPEAKER 0: : Você não lembra, dá para olhar.

SPEAKER 1: : Não, seria o si a rocha correndo sobre a superfície, a água correndo sobre a superfície da rocha, entendeu? E sendo a superfície da rocha inclinada, esta formação praticamente, em em nome especializado, eu talvez não lembrasse agora. Pode fugir as vezes a expressão no momento, né?

SPEAKER 0: : Diga. Outra coisa que você falou em  Despenhadeiro?

SPEAKER 1: : Um despenhadeiro seria uma f uma conformação de terra éh cuja face, em geral despenhadeiro poderia normalmente ser entendido de rocha, um terreno rochoso, então cuja face tem uma inclinação quase que de noventa graus com a o horizonte. Seria então um despenhadeiro. Uma formação rochosa que se mostra perpendicularmente ao solo.  Segundo a observação. Certo.

SPEAKER 0: : O senhor falou, por exemplo, em rio. O rio varia  nome conforme o tamanho ou largura dele?

SPEAKER 1: : Varia, varia. Tecnicamente varia. Você poderia dizer que tem um um riacho, seria um rio muito pequeno, de pouco volume, sem grande importância. Um ribeirão, talvez fosse maior. um rio, e aí um grande rio ou um pequeno rio, mas um pequeno rio sempre maior que um ribeirão, certo? Alguém diria também córrego, seria uma água quase que sem grande importância, né? A localização de quanto à questão de volume de água é um detalhe que foge às vezes ao n no momento entende, mas acredito que a sequência que eu dei seria mais ou menos lógica. Seria um riacho, um córrego, um ribeirão, mais água e um rio.

SPEAKER 0: : E o rio, e Ele acaba, ele tem um lugar determinado para acabar?

SPEAKER 1: : ### Normalmente, quando a gente acompanha, vamos dizer, no caso numa numa, num estudo qualquer de terreno, ou a gente percorre uma estrada para fins de estudo e projeto, a gente observa o seguinte, que nasce de um filete de água muito insignificante, que se soma, a ele se soma a uma série de outros filetes, de água de infiltração do lençol freático, e depois a gente observa o seguinte, que O rio termina, no caso de de de Bertioga, por exemplo, termina no mar. Então ele deságua no mar, desaparece no mar. Como todo rio, desaparece no mar, é claro. Mas alguns rios menores des descarregam suas águas nos maiores. Então eles morrem noutras águas, entende?

SPEAKER 0: : E existe nome para, para isso não? Esses rios que

SPEAKER 1: : Bom, seriam os afluentes, né? Os rios que formam um grande rio seriam os afluentes. O rio e seus afluentes. Ele nasce nas nas cabeceiras, que a gente diz, e se põe na foz, não é isso mesmo?

SPEAKER 0: : Certo? Uhum. Por exemplo, lá na lá no Norte, há um fenômeno muito importante, assim, da água de um determinado rio com o mar.

SPEAKER 1: : Do rio Amazonas com o mar, certo.

SPEAKER 0: : Que fenômeno seria esse? S

SPEAKER 1: : e não me engano, chamaria-se vo Voçoroca, se não me engano. S Seria o encontro das águas do rio, á águas barrentas, que é o caso do rio Amazonas, ele deságua ali na foz da ilha de Marajó e ele encontra as águas do mar que tem tendência, vamos dizer, de avançar contra a costa. De modo que no contraste das duas, ou no encontro das duas, se origina um fenômeno de hidrologia que seria um convulsionamento, digamos assim, um turbilhonamento das dois tipos de água. E E o contraste é maior por causa das cores, da água azul do mar, digamos assim, por causa da altura ou espessura muito grande, com a água barrenta do rio, água vermelha. No contraste final eu não teria que cor seria, mas pode-se imaginar.

SPEAKER 0: : O senhor falou em costa. O que é uma costa? C

SPEAKER 1: : Costa para mim seria uma formação geográfica, éh, que mostra a separação do continente e do mar. Uhum.

SPEAKER 0: : O senhor que já viajou muito, já teve oportunidade de ficar em alguma paisagem, por numa ilha? Já teve alguma experiência desse tipo e podia descrever como é que é?

SPEAKER 1: : tive Eu estive numa ilha no Litoral Paulista. A experiência é é interessante pelo seguinte, naturalmente a gente chega de chegou de lancha, não chegou de barco comum barco a remo, chegou de lancha porque a costa é abrupta, a costa é difícil. A gente notou o seguinte, que a ilha é sempre um ponto crítico, eu digo crítico no seguinte sentido, é uma dificuldade a vencer, entende? Toda ilha que a gente chega é uma dificuldade, pelo menos as que eu conheci, não são ilhas de rio. Ilhas fluviais são mais mansas, a alga mais a água é mais calma, de pouca velocidade. No mar, quando a gente chega com uma embarcação qualquer até uma ilha, sente a agressividade do ambiente, entende? Ainda que haja uma praia muito suave, A abordagem da praia não é fácil. Então, nota-se o esforço do dos pilotos de barco em se aproximar com muita cautela para evitar um acidente. Então, é o homem contra a natureza. Entendem a briga? É a luta. É o homem contra a natureza e contra os problemas que a natureza oferece. Além da água, as rochas. Que emergem da superfície da praia e que tendem a atingir o barco. Então, todo mundo tem um receio violento da morte. Não que tenha medo da morte, porque morrer alguém morre sempre. Todos morrem sempre. mas é o problema que a gente sente, é a agressividade, depois que chega na ilha, naturalmente  sente uma calmaria violenta, se sente muito feliz, porque venceu uma dificuldade, que não foi você naturalmente, mas você torceu para que não houvesse problema. Isso é que é bom. E depois, lá dentro da ilha, normalmente a vegetação aí reconstitui, ou pelo menos restitui à gente aquele equilíbrio que a gente pretendia ter. No barco tem um máximo de equilíbrio. Se gosta do mar, se não gosta, não tem equilíbrio nenhum. Tem que sentar e firmar e as mãos ficam úmidas eu Quem tem coragem, não tem receio, atravessa. Mas na praia, na abordagem, a gente sente dificuldade. Sente que não está sendo bem recebido, viu? Para de

SPEAKER 0: : entro então um paraíso. Eu não sei se o senhor já teve assim alguma viagem para um país onde mais frio assim

SPEAKER 1: : Não, não saí do Brasil, não saí. Eu fui até o sul e fui até Minas.

SPEAKER 0: : Mas o senhor já deve ter visto em paisagem?

SPEAKER 1: : Deu para sentir, já vi, já vi.

SPEAKER 0: : Em paisagem já vi.

SPEAKER 1: : Basicamente entre os e aqui. Bom eu acredito que de deva haver uma grande diferença de mentalidade, entende? E condições de trabalho. E naturalmente de vestiário.

SPEAKER 0: : Fisicamente assim, a paisagem?

SPEAKER 1: : Fisicamente, por ser muito frio, é preciso que haja uma série de compensações, né? Então as diversões devem ser muito mais alegres e ruidosas, porque não acredito que a gente cairia num num num estado assim de desânimo total. A paisagem branca, totalmente branca, para mim é desagradável. Eu conheci na Praia Grande uma paisagem assim de areia, entende? Areia em dia de frio, em zona de muita areia branca e clara, quer dizer, só areia. Você sente um certo isolamento do mundo, se sente deprimido. E nesses países, eu acredito que se não houvesse diversões e tudo fosse neve, simplesmente neve, seria para mim desanimador, não seria coisa agradável não, viu?

SPEAKER 0: : O que é a neve?

SPEAKER 1: : pelo que eu vejo, eu nunca vi cair a neve. Eu vi orvalho, eu vi muito e no Rio Grande do Sul vi em temperatura bastante baixa,  transformações que caem como fosse a cond seria condensação de partículas de água que cai sobre o solo. A temperatura é muito baixa, no contraste a água se congela e vem então aqueles cristais em forma de laminazinhas de de água e que vão se depositando no solo, assim que eu entendi a neve. O que eu vi de orvalho e vi de, vamos dizer, seria uma neve incipiente? Foi isso, viu? Não tive uma sensação maior porque não conheço a neve realmente.

SPEAKER 0: : E outra paisagem assim por exemplo? Teria alguma paisagem diferente quanto a outros países e aqui?

SPEAKER 1: : Paisagem diferente? Eu acredito no seguinte, o brasileiro, vamos dizer assim, ele não conhece todas as paisagens que o país oferece, entende? Então quem já entrou, como eu entrei algumas vezes por o continente ou por um por caminhos assim, trilhados todo dia, ele sente diferença de de con de contrastes, vamos dizer, dentro do próprio país. Agora, eu acredito que o contraste do nossos nas nossas paisagens e ambientes com outros, ou de outros países, seria bastante agradável e bastante interessante para fins de pesquisa, quer dizer, o próprio indivíduo pesquisar. Encontra problemas numa paisagem, num ambiente que é, vamos dizer, bastante amigo e acolhedor e num ambiente adverso. Seria bom para estabelecer comparação, critérios de comparação. Povo como vive, povo como vive aqui, como vive lá, as paisagens, as distrações, como se ganha a vida no Brasil, como se ganharia a vida nos outros países, que dificuldades eles teriam. Talvez a língua seria um obstáculo? Não seria. E se eu me identificasse em em forma de linguagem, pudesse falar a mesma linguagem, seria bem recebido ou seria tido sempre como turista ou intruso? Acredito que sempre turista e intruso. Por causa de não falar perfeitamente a língua, né? Vocês que devem ter conhecido, você viajou para Europa ou Estados Unidos, pode dizer melhor que eu. Você também?

SPEAKER 0: : Voltando um pouquinho, por exemplo, dos  rios, nesses dois, a maioria deles, poderia haver algum tipo de 

SPEAKER 1: : Eu já vi muitas embarcações interessantes. E vi Eu vi canoas feitas por índios, canoas feitas por caiçaras, não índios legítimos, mas mestiços já, d com o pessoal que deve ter vindo de outras regiões. Eu vi barcos feitos por por portugueses, que são bons armadores, que eles chamam armadores os fabricantes de barco. E você perguntou tipos diferentes de barcos. Não

SPEAKER 0: : Ah sim. Não, quanto ao ti ao rio, podendo ou não? Ah sim

SPEAKER 1: : Pode, dependendo do calado da da do calado. Isto é, da possibilidade de de de ser atravessado. Dependendo da profundidade que o barco tem, digamos assim, ou da altura que ele tem, que pode ficar mergulhada. Então, se o rio oferecer facilidade, você terá diferentes tipos de barco. Barcos que podem rebocar, ou puxar areia, ou transportar areia, peixes, mercadorias, et

SPEAKER 0: : Então o fato dele poder ou não ter uma embarcação depende basicamente do barco?

SPEAKER 1: : Não teria alguma coisa, por Não, eu acredito que... Não, a água não ofereceria dificuldade, a não ser se fosse trecho de corredeira. Quer dizer, trecho bastante alterado, de alta velocidade, com con com diferenças de nível. E você não poderia percorrer com barcos comuns. Teria que ser um barco esportivo, né? Como acontece nos Estados Unidos e na Europa. E E aqui no Brasil, acredito que nós não tenhamos esse tipo de esporte. O esporte é muito mais nos Estados Unidos. Éh  E na os Olimpíadas de Munique houve. () Não houve, houve.

SPEAKER 0: : E em países onde há muito frio, há algum obstáculo assim em determinadas épocas do ano? Aos barcos? Para o para ()

SPEAKER 1: : Existe, existe existe Pelo menos o que se conhece de leitura existe. Tanto que os navios modernos, inclusive petroleiros, quando eles devem atravessar uma região dos polos em geral nos mares gelados, vamos dizer assim, ou semi-gelados, eles têm ãh uma estrutura incorporada ao barco que deve romper ah crosta de gelo que cobre o mar, certo? Eles devem estar aparelhados para romper, senão eles teriam ficariam entalados.

SPEAKER 0: : E tem um nome especial isso ou n?

SPEAKER 1: : Eu infelizmente não sei o nome, mas já verifiquei em muitos petroleiros que têm chegado a Santos. Eles têm uma formação esférica assim, diferente. Uma parece uma semi-esfera colocada na na proa do barco né  Na proa do barco. Não sei o nome especial. Deve ser um quebrador de gelo. (Risos) (risos) () Porque eles têm navio quebrador de gelo, mas a peça deve ser um quebrador de gelo.

SPEAKER 0: : E quanto a esse pedaço de gelo, tem algum nome especial?

SPEAKER 1: : Bom, no caso, para nós que nunca tivemos pedaço de gelo na mão a não ser da geladeira, seria um iceberg, né, que se conhece, pelo menos no estudo de Geografia é iceberg.

SPEAKER 0: : Certo? Nós falamos assim da paisagem, mas nós não não estudamos assim o tipo de moradia de acordo com a  Com a paisagem.

SPEAKER 1: : É certo. A paisagem, eu acredito, e dependendo do país, é claro, a paisagem determina a moradia, entende? Isto é, a paisagem não só. Eu digo as condições locais e as condições econômicas. e da sua situação também. Condições locais, quer dizer, clima, vamos dizer, difícil. tipo de construção. Madeira dificu madeira de extração difícil ou que tenha que ser transportada de uma região muito afastada, determina um outro tipo de construção. Certo?

SPEAKER 0: : E o senhor pode dizer assim, localizar em cada paisagem um tipo de... Posso, de certa forma para você, posso.

SPEAKER 1: : Ali junto de Santos, por exemplo, na Baixada Santista, no Casqueiro, você tem umas casas do tipo que eles chamam palafitas, né? Casas sobre uma sobre estacas, e a casa ficando a um metro, metro e dez, ou em torno disso, da superfície normal da das marés. Então, quando a maré é muito alta, é possível que se consiga eh um tipo de moradia à prova de de enchente. Desculpe-m

SPEAKER 0: : ### (riso) O que que é uma maré? Maré 

SPEAKER 1: : seria o seguinte, seria o movimento das ondas do mar que obedece uma determinada escala de alturas. Elas terão uma escala mínima, isto é, uma superfície mínima, e depois uma superfície máxima. E Então, nós teríamos uma maré vazante, vamos supor assim, e depois uma maré enchente. No caso da paisagem de Campos do Jordão, vamos super, zona fria, de muita floresta, de pinheiros, de ciprestes, o ideal seria uma casa de madeira colocada acima do solo e com madeira naturalmente envernizada, bem cuidada, né? Madeira rústica, mas bastante bem cuidada, pelo menos na parte interna. Na parte externa poderia ser a madeira natural cortada. Uhum. Eu () assim, janelas amplas, uma lareira, não passaria, deveria existir uma lareira de pedra para poder dar um pouquinho de calor na época fria.

SPEAKER 0: : E a paisagem em si, como seria? A paisag

SPEAKER 1: : sagem seria constituída por vegetação de todo o porte, bastante contraste com as flores e as árvores de de de umal altura, e muito verde distribuído segundo as nuances mais diferentes, os matizes mais diferentes.

SPEAKER 0: : E o

SPEAKER 1: : O solo de preferência com pouca dificuldade ao andar, isto é, com pouca pedra solta, mais de grama ou vegetação rasteira, para poder receber gente com muito mais, eh, simpatia, digamos assim, ou com muito mais conforto. Um certo conforto relativo, é claro.

SPEAKER 0: : Um terreno elevado, ou não?

SPEAKER 1: : De preferência um terreno elevado com bastante diferenças de alti, de altura, enten

SPEAKER 0: : E de altitude. O que que é altitude? Al

SPEAKER 1: : ### Eu acredito que isso seria o mais bonito da montanha, é o contraste de alturas e de picos, formação de picos e montanhas. Quer dizer, todo aquele contraste que a natureza deve oferecer. ma montanha plana, ou digamos assim, uma serra meio achatada, um pico mais elevado em forma de agulha, rocha emergindo da paisagem e depois a florestas. Sem isso num num haveria riqueza nenhuma. ()

SPEAKER 0: : alando aqui em altitude, existem denominações diferentes de acordo com a altitude na

SPEAKER 1: : Sim, você poderia dizer que... uma parte geográfica, vamos dizer assim, se seria uma serra muito baixa, um uma um mo um monte, seria uma formação de terra baixa, uma serra seria uma sequência de montes de maior altura, uma cordilheira seria uma cadeia de montanhas e por aí vai, entende? E

SPEAKER 0: : E mais para baixo, assim, hum num num tem denominações? N

SPEAKER 1: : Mais para baixo é umas denominações, eh, clássicas que hm às vezes no momento foge, viu? Quando a gente focaliza numa coisa, a gente deixa de focalizar a outra. Desliga, viu? o arquivo.

SPEAKER 0: : (risos) Você falou em pico, o que é o pico?

SPEAKER 1: : O pico para mim seria uma elevação de de terra bastante elevada, entendeu? E em formação, forma de ponta. Por exemplo, o Pico do Jaraguá, por exemplo. A gente percebe que é rocha, ali, ainda que tenha uma parte superficial, eh, coberta de s eh rocha em alteração, de alteração, sujeita a transporte pelo vento e, enfim, dando uma ideia, assim, de deserto. Depois existe a parte da serra, propriamente dita, ou, digo, do terreno coberto de vegetação e os pontos de rocha emergindo do conjunto. Ele tem que ser bastante, eh, gritante e forma sempre pontiaguda, para dar uma ideia de...

SPEAKER 0: : o majestade. Na, na natureza assim, ele influencia alguma coisa, não? 

SPEAKER 1: : Acredito que sim, viu? E Ele não teria dúvida, mudando o clima, inclusive modificando o clima, fazendo baixar e elevar a temperatura, né? E E também dando para a gente condições de se sentir mais, ãh sentir vamos dizer, mais éh disposto ou menos disposto é o caso de Santos. Quando bate o Noroeste, todo mundo fica fica mais ou menos convulsionado, fica afetado, não se sabe porquê.

SPEAKER 0: : Em Campos de Jordão, teria, assim, alguma paisagem que tivesse água? Bom junto éh não tem do

SPEAKER 1: : vida que teria, sim, teria Em Campos de Jordão deve ter, sim. Eu não devo ter observado isso agora, talvez não me lembre, fazem uns dez anos que eu não fui lá, que eu não volto lá. Mas existe, sim. Principalmente junto a algum rio próximo da cidade.

SPEAKER 0: : Enquanto a água, nós já falamos em mar, nós já falamos em rio, existe outro tipo que... Que possa despertar a atenção da gente?

SPEAKER 1: : Bom, seria então um reservatório, seria, vamos dizer assim, uma uma represa, um um depósito de água artificial criado pelo homem.

SPEAKER 0: : ste natural? Natural Quan

SPEAKER 1: : do a confor quando a formação de solo o permitir, né? Em forma, vamos dizer, de fundo de pires, aí provável que a água se se acumule.

SPEAKER 0: : E existe um nome p

SPEAKER 1: : Sim, bom seria uma bacia de de de sed uma bacia de de acumulação de água. Seria um reservatório natural. Certo?  Ou um lago. Seria um lago. Eu só vi um bom lago de n de avião, mas não vi um lago assim, sem ser de uma forma... éh dessa quer dizer, como um percurso qualquer comum, entende? O mais bonito que eu achei foi um lago que existe na Serra do Mar natural.

SPEAKER 0: : E, por exemplo, em São Pedro, que são as águas, por exemplo? O Araxá, qual que é o tipo assim?

SPEAKER 1: : Bom, eu vou dizer talvez para você de poços de Caldas que Araxá e as outras cidades eu não não frequentei, eu não não cheguei a... É, o () Poços de Caldas, as águas para oferecem um... tanto contraste de gosto, como contraste de de paladar, de gosto, digo, de de aspecto. A gente tem a impressão que há águas oleosas e há águas leves, entende? Que, naturalmente, cada uma delas teria uma finalidade e as tais águas medicinais que são identificadas pelo paladar, né? Mas são contrastes interessantes, viu? Principalmente ãh pelo fato e pela observação, talvez, de de de tomar, naturalmente, tomar água e a gente vai estabelecer um paralelo entre um tipo de água e o outro.

SPEAKER 0: : E quanto a esse tipo de água, assim existe diferença entre o tip ãh água do mar, água do rio, água

SPEAKER 1: : Existe. Bom, a água do mar não seria potável, que a gente não poderia tomar, não sendo um ato de desespero. Isso é tipo da coisa desagradável que é muito salgada. Extremamente salgada. Então seca imediatamente quase que a boca. É uma sensação super desagradável. Mas já fiz isso uma vez quando eu dava enjôo no mar. Eu preferi tomar um pouco de água do mar e fiquei bom. Os outros morreram quase. Eu atravessei a viagem, foi uma viagem que nós fizemos muito grande aí, até inclusive a Ilha das Palmas. Agora, os outros o rio, a água de rio, normalmente se a gente notar que a água do rio não é barrenta, tem coragem para tomar, mas normalmente a gente toma água de rio, principalmente de grandes de grandes éh de de grandes por exemplo florestas onde não se nota o contato do homem ou de animais. O homem é desconfiado, ele não toma qualquer água não. Quem tomou, não gostou.

SPEAKER 0: : água que geralmente vem assim, por baixo da terra, mas ela... Brota assim em uma fonte, vamos dizer assim.

SPEAKER 1: : Bom, essa teria seria a água mais agradável de se tomar, porque a gente percebe que ela não tem contato físico nenhum, a não ser com insetos e com a vegetação natural, né? Essa seria a água mais agradável.

SPEAKER 0: : O senhor falou em fonte. Teria outra maneira dela voltar, assim, ah à superfície?

SPEAKER 1: : Da água voltar à superfície sem ser por f fonte? por eh por evaporação, ou com a chuva. Pela chuva ela volta.

SPEAKER 0: : Mas o ciclo, o ciclo... O fato dela estar embaixo da terra? (Vozes sobrepostas)

SPEAKER 1: : ### E emergir, vamos dizer assim, bom seria, digamos, uma forma artificial. Talvez o homem pudesse tirar a água que se acumula em em profundidades Seria o poço artesiano, então uma forma direta. Ele tiraria a riqueza de água, certo? Você disse. Ou então haveria os tais olheiros que a gente chama. Ela está sujeita à pressão, então quando você escava aquele tipo de lugar, ou às vezes é uma formação natural, há um alívio de pressão, a água então tende a a se incorporar à natureza. Então ela brota do solo, ela percorre contra digamos assim contra a gravidade, a água sobe. Seria (vozes sobrepostas) natural? Seria natural. É comum a gente encontrar esse estado de estado em construção de estradas, entende? São poços de água sob pressão e que emergem da superfície. Brotam e a areia então, e o material de de profundidade Brota Entende, da superfície. E e ao bro

SPEAKER 0: : ###

SPEAKER 1: : Não, não danifica o solo não. Você sabe o que acontece? Ela oferece assim, Uma perspectiva, vocês fiquem à vontade, elas elas ela oferece uma perspectiva diferente. Você normalmente entende a água como sendo alguma coisa que corre sobre a superfície. Então você está to dentro da cidade, tem as torneiras, você () um corre. No campo você vê  correndo nos rios, ou nos riachos, ribeirões. Mas quando você nota que a água sai do solo, é um ponto de atração, entende? Porque é um mistério. Por que essa água sai do solo? Por que essas partículas de areia que vêm junto entendeu oferecem cores diferentes? Por que a velocidade é maior ou menor? Então a gente se permite perguntar muita coisa. É uma forma de indagação entende, uma pesquisa. Eu acho que é a forma mais agradável de se ver. É a água fora das condições comuns de de comportamento, entendeu? Um caso diferente. E eu já vi e gostei.