SPEAKER 1: Gravação do dia quinze de setembro de mil novecentos e setenta e dois. Professor, o senhor podia nos falar sobre a sua fazenda no Paraná? SPEAKER 0: Bom, a fazenda começou em mil novecentos e trinta e quatro, pelo menos sobre a minha eh ingerência. E era A fazenda era comum com a dos cunhados e e das cunhadas. Depois, mil novecentos e Então, foi dividido. E aí, então, eu assumi a direção da fazenda, que chama chamou-se Santa Isabel, o nome da primeira esposa. Essa fazenda, quando ah eu a recebi, eh não tinha praticamente nada, nem um pau de cerca, ah nem um pedaço de pasto, só tinha um pouco de café. Então, foi um desbravamento, ( ) cerca de trezentos alqueires no Paraná, em Santa Mariana, portanto, no norte do Paraná. Z> Então trazia-se o café para a roça. Esse café vinha para a para a sede da fazenda, onde era lava> posto a secar, em seguida então, depois de seco, levado à tulha, pirexiado e sacado, e aí então eh eu tratava de vender o café. Isso é a parte do café, mas ao lado do café também nós procuramos desenvolver uma outra atividade porque, com o problema da geada, eh ficar a fazenda exclusivamente dependente de café é extremamente perigoso. E daí então, numa parte da fazenda, retirado da sede principal, eu tinha uma criação de gado. Ah Gado para corte, gado Nelore, gado ( ), que era uh esse que tem esse cupim, né, que ( ). É. É um gado excelente porque extremamente rústico. E lá então, criação de gado. Ah Tentei também criar ah ah burros, mas a coisa não foi para frente. Também desenvolvi uma olaria ah para produzir tijolos, para sede construções de casas para colônias, benfeitorias, et cetera e também para vender. Ah acusa-se o brasileiro de ser o o seguidor do índio, de cuidar com a terra. Mas o que é que se pode fazer num país em que é uma imensidão enorme e pouca mão de obra? A solução, então, é a queima. Se bem que isso não deva continuar. Assim que a terra esteja sido destocada, então pode-se, então, mecanizar. Foi o que eu procurei fazer, mecanizar a ah a lavoura comprando tratores com com investimento ( ) Banco do Brasil, empréstimos obtidos, então, sob garantia evidentemente dos frutos da fazenda, lavrar a terra. Então plantamos lá ah ah arroz, a arroz muito pouco, somente nas baixadas, ( ) não o arroz de de chamado arroz de monte, mas sim o a o arroz brejeiro. Que que é o arroz brejeiro? A terra alagada, úmida, né? E o arroz de monte, não, este é o em araraquarense, principalmente, porque o meu pai teve uma fazenda lá, onde se plantava até no meio do pé de café, né? Então é um arroz que dá em terra seca Então, arroz, feijão, milho, esse muito milho. Plantamos também ah amendoim, e agora estamos plantando soja e plantando trigo. Então, fazemos a colheta ah rotativa. Ah Aproveita-se a aração da terra, colhe-se o trigo, em seguida planta-se soja. Então é uma uma o algodão também se plantou, se bem que seja uma cultura extremamente cara, devido a ter-se de comprar eh inseticidas, porque ela a tal largata rosada liquida com os casulos de algodão. E o café também, já depois de uma certa idade, precisa ser adubado. Então, a adubação química, que é a adubação feita com casca de de do café, tirado da da da mata be e beneficiado ( ), não tem... eh só tem potássio. Então, é necessário enriquecer a terra com outros ingredientes. E daí, então, as composições químicas. Isso si sinceramente, pede auxílio de um agrônomo, que diz, olha, compre tal ou tal adubo, porque contém o que está faltando na sua terra. SPEAKER 1: ### Não, sem ser essa. SPEAKER 0: ### Café e gado. O gado brasileiro tinha mais para... man fazer esterco e adubar o seu café. Isso que fazia o meu pai, por exemplo. É. ### E como é que era feito isso? Bom eh ah o gado vinha dormir a à noite na no no num grande curral, onde ele fazia camas de capim. Então, o gado pis pisoteava aquilo. E então, pouco a pouco, ia se formando o esterco, né? Urina do gado. fezes do boi. ### Então, nova camada no outro dia. Então, si uma depois de uma certa época, aquele fermentado era levado. Mas, mesmo assim, é nece seria necessária uma grande quantidade. O Paraná, eh nós chegamos a ter duzentos mil pés de café. Evidentemente, com esse tipo de de adubação não era possível. Então, a a adubação química era a mais razoável. Então, fazia-se a d adu ah adubação rotativa. Cada ano se colocava de um lado do pé de café. No outro ano, do outro lado, eh assi em quatro anos recome, o rodízio era feito e o ( ) de quatro. em quatro anos, recebia... aliás todo ano recebia uma parte de quatro em quatro anos, portanto, que estava eh realmente aduba> Tem o cereja, que é o vermelho, e às vezes tem o o verde ainda, chumbinho. Então, tudo isso tem que ser colhido. O ideal seria colher a mão, como fazem na Colômbia, né? Grão a grão. ah Isso precisa de uma demandaria uma grande mão de obra. Nós não podemos fazer isso. As lavouras extensivas do Paraná, de São Paulo, ah a não ser pequenos sítios. Então, a solução é a derriça. De> e tem a bebi> café ti é tipo duro que Geralmente o Paraná é tipo duro. e compra, a gente é obrigado a entregar lá e o governo tira uma boa ( ) na costa do fazendeiro, eh porque ele vende eh em ouro e e há uma uma cota de sacrifício que a gente, o fazendeiro, não vê. E hoje, praticamente, a lavoura de café dá muito pouco lucro, não compensa, porque o o custo de um saco de café é quase o que ele vende. (buzina) Daí, então, nós notarmos por exemplo muitos fazendeiro estão abandonando a cultura E o que é que está acontecendo é isso, continuar o crescimento da população ah no Brasil e no mundo e a demanda do café, em certo momento nós deveremos, segundo os estatístico, chegar o momento que teremos de importar café. Aí Então essa campanha do governo agora de percebendo ih de de de incentivar o plantio de café. Então estamos vendo aparecerem velhas zonas aqui em São Paulo, em Minas, a novos plantios de cafezais por para prever daqui a quatro ou cinco anos a demanda do café. Se continuar o que está aí, pouco a pouco nós teríamos de importar café. E basta lembrar, não sei se são muito moço, vocês dois não viram isso, mas em um certo momento São Paulo queimou café. Porque a superprodução, então para evitar ah ah a degringolada dos preços, O Estado comprava, comprava, estocava e vendia em uma certa quantidade. E não tinha o que fazer com o café queimou. E hoje, ah em um certo momento, pararam. E, graças a Deus, pararam de queimar o café. Então, os estoques antigos de café estão sendo vendidos agora. E até há pouco tempo, há uns dois ou três anos, o bê cê dava a a as as torrefações do café cru. Então, não adiantava marca de café. Porque eh era o bê cê que dava. Agora, como eles liberaram eh essa coisa, no momento atual, então as marcas estão ressurgindo. Então é um café da Franca, é um café de Ribeirão, é um café de de de de de de do sul de Minas. ah então, agora, o torrefador pode comprar o café. Então ele pode pôr uma marca e dizer ca ah uh ah o café dele é diferente. Porque aí é o tipo de café, o solo produzido, tudo dá um gosto dife> Há também uma coisa que desapareceu. Existia o comissário de café, que era uma espécie de intermediário. No tempo do meu pai era assim. Ele produzia o café, em emb embarcava o café para Santos, levava o conhecimento na casa do comissário, caucionava o conhecimento, tirava o dinheiro e trazia para a fazenda. Depois, quando chegava o café, o co o comissário vendia e acreditava na conta dele ah ah ah o o preço. Evidentemente, sempre havia um lucro para o fazendeiro. Isso foi até vinte e nove. O impacto o cra o crack da bolsa, isso arrebentou-se inteiramente. E aí começou a aparecer, primeiro aqui em São Paulo, o tal Instituto de do Café, depois o i bê cê, Instituto Brasileiro do Café. Então hoje praticamente o Estado compra toda a nossa produção. E antigamente tinha, ainda hoje existe lá, o o os famosos bebedores de café. Tem sujeitos especializados inteiramente. Muito interessante. Uma mesa redonda com diversos potinhos, café de diversos lugares, sem açúcar. O indivíduo pega uma colherinha, prova e gospe. Então ele pega o gosto do café. Tem gente que é capaz de dizer, esse café é de tal lugar. ( ) Eu não sou capaz de fazer isso, né? Como há os experts, por exemplo, em vinho, havíamos nós que tínhamos especialidade também nesta coisa. Vai chutar tudo sobre o café. SPEAKER 1: O alqueire, o senhor disse o alqueire, o que que é? SPEAKER 0: O alqueire é uma velha medida que nós ainda (ruído) não estabelecemos, né? O alqueire são vinte e quatro mil metros quadrados. SPEAKER 1: o Paraná também? SPEAKER 0: O Paraná o alqueire eh Paraná é o alqueire paulista. O alqueire mineiro é o é o dobro, né? É maior. E o goiano parece que é maior ainda. Mas aqui o seu alqueire. Agora, alqueire, medida de terra e também alqueire, medida de... eh como é que chama isso? ( ) eh uh eh uh o cubo, né? Uh ah ah Cubagem. Então disso é um alqueire de café. ### Ora, tudo isso vai para a máquina que produz, e o resultado são sessenta quilos e cin quinhentas gramas. Esse é que é vendido. SPEAKER 1: E como é ah como é que são organizadas as plantações? SPEAKER 0: Bom, as plantações são assim, a gente eh eh a gente empreita, a gente faz, ou então a gente mesmo faz. Agora, a replanta, sim, a replanta é feita pelo fazendeiro depois que ah que o formador entrega o café. De quando morre uma planta dessa. Então, nós temos um viveiro onde a gente planta um jacazinho, são laminados de de de de pinho, põe-se terra dentro e planta-se o café ali. Depois cresce o ah o pezinho de café, e aquilo no dia de chuva, assim, quando chove numa fazenda, é o ideal. Então, a terra está úmida, a gente carrega, então, já o pé, quando ele atinge um palmo mais de altura, a gente leva e põe, então, no lugar da planta morta, no no na cova, essa cova. Quando ele é novinho, é é recoberto com pedaços de pau. Na própria ro na própria roça, quando se planta ah o café, aproveita-se a madeira para fazer essa esse espaço para cobrir o café. Então ele fica assim, uma espécie de de arapuca, ele dentro, no fundo, né? Ele vai crescer. Quando ele eh atinge um certo altura, a gente abre, então tira os pedaço de pau que apodrece. Geralmente é madeira mole. Eles ( ) figueira, outras madeiras moles que eles aproveitam. Então a replanta é sempre feita. eh Toda a fazenda tem um um canteiro. Ah Ou no mato, ou então como eu tinha um um ( ) aí estava o café guardado. SPEAKER 1: ### SPEAKER 0: Antigamente se fazia morro abaixo. Punha-se ah em linha reta, havia mais ou menos, entre um pé de café e outro, ah dois metros, né depende de ah de de região. no Paraná precisa ser maior porque o pé é muito ah profundo, né, ele cresce muito ( ), quase o tamanho do pé de laranjeira. Ora a atualmente usa-se uma técnica nova que nós aplicamos lá. Aplica-se por ah linha de contorno. Então, os cafés São ah plantados numa linha que acompanha ah o o o terreno. Não é mais alinhado, morro abaixo como era antigamente. Tinha um grande eh perigo, porque numa enxurrada descia toda a te terra o húmus. Descia. Agora, sendo assim contorno, E de cinco em cinco ruas de café, chamam-se ruas, en entre um pé e entre um um ( ) do outro, em cinco em cinco ruas a gente faz uma ah um um sulco. Então a água ah ah da enxurrada, quando cai, se é uma chuva muito forte, ela fica ali mesmo. eh Esta ah ah lei ah, não sei se chama lei ou não, assim enfia uma muradazinha ( ) segura a água. para para evitar justamente a erosão. que lá no Paraná, como a terra muito fina, a erosão é tremenda. Há uma cidade lá, não sei qual a delas, eh que é um problema sério. Ela está com uma boço boçoroca, que chamam esse esse buraco, né, e barroca, que chamam outros também, não é? Então, o perigo é que a cidade está comendo comida. Se não me engano, é Apucarana, uma dessas aí, mas não é lá em Santa Mariana, nem em Cornélio. Então a a linha de contorno segura a água. Segura a água, ah ah ah uh os cafezais são contados os pés de café. Cada família recebe três mil pés de café. Uma enxada, como nós dizemos, é um homem, uma enxada. Se ele tem a mulher mais um filho, então, mais duas enxadas, três enxadas. Então, conforme o número de enxadas, ele recebe um número de pé de café para tratar. Isso era antigamente. Hoje está mudando completamente, com essa depois de mil no> Aliás depois da guerra, então agora o colono já não mora mais na fazenda, ele prefere ficar na cidade. Hum ( ) Por exemplo, lá antigamente tinha falta de de colono, não tinha casa para colono. Hoje as casas estão sobrando. Eu tenho ainda umas dez ou vinte famílias, não sei o número certo de família morando lá ainda. Mas é geralmente é tratorista, eh eh é o cocheiro, o o o fiscal e mais alguns homens, camaradas, como nós chamamos, que fazem o serviço de terreiro, et cetera. Agora Então, para o serviço da lavoura, uh uh vai o caminhão da fazenda à cida> cerca de são seis quilômetros, e e lá tem um um cidadão que contrata os outros, os trabalhadores braçais Então são chamados boia-fria. Boia-fria porque eles vêm com a marmitinha deles. Então eles em embarcam no caminhão, vêm, vão para a roça, fazem o serviço, né eles eh por exemplo, a carpa, coroamento, colheita, não é? Esse é o serviço deles. Também ah ah utilizo esses boia-fria, cultura de milho, de soja, se bem que o mecanismo mais máximo A agora, todo mudança de pagamento também houve, porque os colonos, antigamente, recebiam por mês. Depois havia o pagamento geral, no fim da colheita, onde eles recebiam, então, o dinheiro que eles tinham ganho extra, por exemplo, na colheita, quando os sacos então tinham o pagamento geral. ( ) Isso mudou inteiramente com esse sistema novo, depois da guerra, do boia-fria. Todo sábado, eles recebem, ao meio-dia, Então, umas fazenda outras no fim da tarde, dá-se o capataz deles a quantia do do da semana. E domingo, praticamente, não não se faz nada na fazenda. Antigamente, ah a coisa era outra, né? Até, às vezes, por necessidade trabalhava-se ao domingo, hoje não se trabalha mais. Então, depende do no o serviço que se tem a fazer, vai-se buscar uma ( ) na cidade. SPEAKER 1: ( ) o senhor pode dizer os nome dos tipo de trabalhadores da fazenda? ### SPEAKER 0: lá, eu eu não estou lá, ( ) é o administrador. ### Eu ( ) lá, pergunto, fez isso, fez aquilo? Ele tem também ah uh ah ah certas, por exemplo, ideias, certas, uma certa liberdade. Depois ele tem, abaixo dele, o fiscal. O fiscal acompanha os trabalhadores na roça, pessoalmente. administrador volante. Ele fiscaliza tudo. Agora, o fiscal, esse vai com a turma. É o antigo feitor, do tempo dos escravos, né? Se bem que a coisa não não tem esse sistema hoje. O trabalhador é livre ele vai ( ) ver se se está sendo feita a carpa direito, se o sujeito está colhendo direito, se não deixa para trás, que muitas vezes deixa para trás um pé. Por interesse do fazendeiro, eu eu tirava o máximo possível os frutos, não deixar para trás. E também, o boia-fria não se interessa, porque ele ele ganha por dia. Ora, o antigo colono ganhava por saco. Então, o antigo colono fazia questão de colher mais. Agora, o boia-fria não liga. Mete o pau no café, e e pesando o pé de café para descer tudo mais depressa. Aí não Ah então tem interesse. Então, ah o café é muito mais maltratado do que antigamente. ### para evitar chuva. E quando chove, o ca o café fica ali. Quando o tempo limpa, então tira o encerado e abre o café. Às vezes o café é molhado e não se pode. Quando é de eh lavado e vem a chuva, o que vai se fazer? Então enleira-se o café. Enleira, é forma uma uma espécie de monticulozinho assim, profundidade. O café é enleirado. Ent> <ão fica um montinho contínuo. assim ah no terreiro, um ao lado do outro, geralmente eh cinquenta centímetros, uma leira da outra. Ah É um sistema também, depois quando o sol abre, eh esparrama o ca o ca uh esparrama o café no te> Depois tira-se a amos> Quando está no ponto mesmo, a gente vê que está em condições, recolhe-se o café. E na tulha, que é o depósito onde fica o café, o próprio calor faz que o café chegue no ponto. ### Se o café ficar estiver mole, ainda borracha, não convém recolher, porque ele já está seco. Então, na tulha, isso é igualado. o café recolhendo o café com o sol, ele leva consigo o calor. ( ) na própria tulha, ele chega no ponto. E como é esse terreiro de café? Bom, terreiro de café é é uma é uma é um grande ladrilhado. Uma extensão grande. ### Não, lá eu eu uso tijolo, né? Que aqui em Minas, por exemplo, eles usam ah terra, mas é um negócio horroroso, porque mistura terra com café. Nós lavamos e ( ) a terra roxa do Paraná, se não fizer isso ( ) ficar tudo encardido. Me> Então tem um ralo onde a água ah sai e o café fica. ( ) é jogado lá por canaletas e água vai embora. E o café fica porque tem uma uma peneira de ah de ferro e o café fica parado ali. E a água desce o café. Então SPEAKER 1: esses bichinhos que atrapalham? SPEAKER 0: Bom, a broca, aí isso foi uma coisa que apareceu aí e causou um grande estrago porque o café ficou todo perfurado. A tal de broca veio da Áfri> E depois trouxeram uma tal de vespa de Uganda, aí a coisa ( ) aquilo não adiantou em nada. Ent> <ão nós temos todo ano por virar o café. Então temos ah ah tratores onde são acoplados ah o trator, uma máquina de de de jogar pó, né? Ent> <ão nós passamos todo ano, se possível, duas vezes. Na hora que o o o grão forma, o o grão ele verdinho, é aí que a broca penetra. Penetra, e fic ih ela fura e fica lá dentro. Então, por isso, quando se faz a colheita, nós fazemos o repasse, para evitar deixar algum grão no no pé do café, porque senão a broca lavou, é um é um inseto, depois volta outra vez. Ora, isso tem se combatido, mas a broca continua. Há outro outras pragas. Agora chegou a tal de ferrugem, né? ( ) ela mat não mata a árvore, derruba as folhas. Consequentemente, enfraquece o pé. E, fraquecendo o pé, a safra é menor. Mas o pior ainda do Paraná, para mim, é a ge> geada. E tivemos uma uma agora. Felizmente a fazenda escapou dessa. Mas muitos municípios vizinhos nossos tiveram ah boa parte da colheita perdida. Uma colheita estava no pé, mas um uma árvore que foi queimada tem que brotar de novo. Então esperar dois, três anos até que cresça, forma a árvore. Ele terá ainda um gasto suplementar que é o da desbrota. ### SPEAKER 1: ( ) O senhor falou das da d> Então, o talhão é um é um quadrilátero, geralmente é um quadrilátero com ah carreadores, não é, dos quatro lados. Os carreadores são necessários porque é por aí que sai ah o café colhido. É o bura eh ### isso eh Como é que sai esse café colhido eh ### ### Leva-se até o o carreador, né, o caminhão. ### Antigamente usava-se carroça. Eu ainda passei o tempo das carroças, mas aquilo é muito moroso. Então, o caminhão resolve muito mais. O caminhão você apronta as coisa para o assentamento. ( ) Para levar milho e levar o café para a cidade. Então, o caminhão, quando se pode comprar o caminhão, muito melhor. ### SPEAKER 1: ### ( ) Bom, enxada SPEAKER 0: eh uh eh eh por excelência, é o instrumento básico do gente que lida com o café. enxada, foice. e um podão, né, ou melhor ( ) podão para justamente fazer a a desbrota. Às vezes também ( ) usa-se uns machadinhos para a poda do café. ( ) o ras o restelo, que quando o café cai, então puxa-se o café para pôr na peneira, já aí já sai uma porção de folhas, o restelo. que eh é uma espécie de de de ah ancinho. Então ele puxa e co e coloca-se na peneira na ah na na peneira. Peneira também é um peneirão grande, mais ou menos uns quaren ci quarenta cinquenta centímetros SPEAKER 1: de diâmetro, né? Do que que ela é fe> ### SPEAKER 0: ( ) de de eh de de arame, né? De arame? É ( ) nós temos que trazer da cidade grande para lá. Aí se usa então enxada, restelo, peneira, e para a poda, o o o machado, a foice, et cetera. Então os a colheita é feita manualmente. Não se inventou a ma ainda uma máquina para se escolher o café, né? Até agora tentou só dar choque no café para ele dar uma tremedeira e cair. (risos) ( ) agora não foi resolvido, né? Não há. que eu saiba, não há. Café não foi resolvido. Cereais, sim. A colhedeira mecânica, né? ### O senhor usa o trator para... O trator é feito, é é utilizado para puxar carreta, inclusive o trator traz muito café. Ele puxa o arado, ele ara a terra, né, gradeia a terra. SPEAKER 1: ### SPEAKER 0: Pois é, por exemplo, quando você vai preparar um terreno, a primeira coisa a se fazer é arar. Então tem o arado com vários discos, então ele vai fazendo ( ) sulcos. Depois, então fica aqueles torrões grandes, né? E aí ### eh eh essa grade pesada, ela diminui o tamanho dos torrões, porque tudo é é esmigalhado, então eh fica geralmente plano. Aí faz-se, ou com trator, ou com burro, Faz-se o plantio. Então a gente vai em ruas assim plantando os cereais. É o feijão, é o milho. Então manualmente. Tem as máquina de plantar feijão que se usa muito, não é? Agora, quando a fazenda é mecanizada, o trator... ah da o serviço é muito mais rápido, né? Muito mais econômico. Depende da do tipo de terreno. Às vezes certo terreno não pode... O trator, se é um um meio, ah assim, montoroso, evidentemente, o trator não funciona, Tem que ser a mão mesmo. SPEAKER 1: O senhor falou das floradas, né? É uma época da da... Tem. SPEAKER 0: Agosto, setembro, outubro, às vezes mesmo julho. Ah Então, sai florada. ( ) Fica dois, três dias, e depois cai a flor. Então isso vai formar o chumbinho ### No Paraná, às vezes, a geada, mata. Agora, às vezes, o frio também derruba a flor. Derruba a flor, então, no ar. Evidentemente, ah perdeu-se a florada. Agora mesmo, ( ) essa florada de começo do ano foi perdida. Por isso. Pelo frio. SPEAKER 1: E o resto do ano? Essa época é a época da florada. Ali> SPEAKER 0: ### Depois já terminou a colheita, não é? Nós começamos a colheita em maio, abril, maio. São Paulo começa mais tarde. Lá começa mais cedo. Em julho já está tudo colhido, aí já replan- em seguida já vem. Aí toma esparramação de cisco. Depois de feita a colheita, esparrama-se o cisco. Porque o cisco, eh eh quando se faz o ( ), quando se limpa em torno do pé, então, vai se ( ) com as leiras, né? Depois, terminou a colheita, fez o repasse para evitar que a broca permaneça. Então, esparrama-se o cisco. O que estava montado, volta para ( ) de café. É húmus, né? É esterco. Então aquilo fica ali, auxilia, né? Então lá, a as programação que se ( ) terminava o ano agrícola. Aí começa um novo ano agrícola. Então tem a carpa, uma carpa, duas carpas. ih Aqui em São Paulo, se pode até fazer ### duas carpas é mu> SPEAKER 1: E esse tipo de de habitação da da fazenda? Bom oh SPEAKER 0: Lá, nós fizemos, no começo, como a madeira era abundante, as casas eram feitas de madeira, o alicerce de tijolo. Mas é uma casa que dura bem cuidada, pintada, pode durar uns dez vinte Mas eu, pouco a pouco, fui substituindo, como eu tinha olaria, em vez de fazer casa de madeira, fazer casa de material, como eles dizem lá, né? Casa de material é casa de tijolos, de alvenaria. Agora a casa é feita de tijolo. ( ) eh por dentro, então, eu passo o rebote e pinto a casa de branco. Caio. A casa é caiada. SPEAKER 1: elas são agrupadas? SPEAKER 0: ### tem aqui em São Paulo tem o sistema de grupo. Então, duas, três famílias para evitar uma parede a mais, não é? geminadas. Mas, geralmente, as mulher brigavam, né? Então, ah lá, geralmente, eu fazia, no máximo, duas. Mas, sempre que possível, uma família. Então, uma casa e quatro cômodos e a cozinha. E é uma casa que não tem forro. É telha-vã, telha francesa. Portanto, é muito bem vedada. E, na fazenda, eu já tinha eletricidade. Então, a casa... Todas sem luz. Ora, as as colônias eh deixam ligada a luz ah o dia inteiro. ( ) se dizia, ó, não está precisando, fecha a luz. Não. O dia inteiro, sol de rachar, a luz ligada. E agora o negócio do rádio, então, então antigamente era o rádio de pilha, né? Ora, elas usam, ah todo mundo está ouvindo as ah a música. SPEAKER 1: Mas e a e as a casa onde mora o dono da fazenda? SPEAKER 0: Bom, a casa que eu fiz é a casa de madeira ainda, né? Como o senhor chama essa... Casa mesmo, né? Ah Nós chamamos a sede. A sede, porque eh eh eh... Mas a sede não é só a casa. É a casa, o terreiro, a casa do administrador, a máquina, o ( ) Fica aquele, a coisa do torno da da casa. Eu, por exemplo, plantei minha casa. Plantei, o maior exemplo porque o plantio em torno dela um bosque, né? Tem uma grande quantidade de pinheiros. Casuarinas, outras coisa. E um pomar. Tem quase um alqueire de pomar. Tem fruta, porque... Então, quando se vê a fazenda, sempre tem uma fruta da estação, né? Banana, laranja, abacaxi. Se bem que o abacaxi não dá bem na terra, é tão forte que o abacaxi não presta O abacaxi tem terra ruim. (risos) ( ) SPEAKER 1: ### esse agrupamento das casas dos colonos? Como? O agrupamento das casas dos colônios. Então SPEAKER 0: eh eh nós chamamos a colônia. Geralmente se faz... perto do rio, onde eh e o fundo da casa para o rio. É como eu fiz lá. Então, as mulheres, ali eu faço um tanque para as mulher lavar roupa. Em alguns eu, às vezes brigo muito. ( ) tem uma espanhola lá, uh No tempo do meu pai houve um problema muito sério. Ele trouxe os japoneses. Os japoneses não têm concepção que nós tinha. A italianada veio em peso reclamar, tivemos que tomar providência para ( ) Então, um cercado para o japonês tomar banho, né? (risos) Isso é outra concepção. Então, isso não tem mais. Japoneses hoje é tudo é p sitiante. São muito bons colono. sitiantes, fazendeiros, muito bem. O senhor falou SPEAKER 1: de camarada, o que que é? O camarada é SPEAKER 0: uh é o volante, é o avulso, não é? É o avulso. E o camarada eh não tem serviço fixo. Ele... ( ) roçar aqu> <ão carros de duas rodas, lá são Aquele todo polonês, nós não usamos, mas muita gente ( ) no Paraná, se vê ainda o todo. Então, aquelas velhas, hum menor que aquelas ah carroças de tipo americano que a gente vê aí, né, do tipo de cowboy, são menores. Mas aquele sistema todo, as rodas dos cowboys são bem mais fortes. No Rio Grande do Sul tem a rodas imensas, não é? Enormes, mas para evitar os banhados lá. Não é o nosso caso Deu já?