Inquérito SP_DID_082

SPEAKER 1: : Gravação dia quatro de setembro de mil no vecentos e setenta e dois. Então nós queríamos que o senhor falasse alguma coisa a respeito de paisagem, lugar onde o senhor gosta de passar suas férias ()

SPEAKER 3: : Eu vou falar de um lugar em que eu estive. Eu estive no interior do estado de São Paulo (tosse). Uma espécie de bairro. aqui na frente nós podemos ver uma montanha bastante alta e à esquerda desse vale nós vemos uma rampa que desce e de repente ele termina num precipício bastante vertical tudo recoberto de floresta e se prolonga até o horizonte, nessa direção (tosse) na direção direita de quem olha A paisagem é muito mais ondulada, existem colinas e vegetação. Na parte central é distante, é do lado oposto de quem está olhando para esse lugar. Na parte mais próxima, eh, (tosse) existe uma área um pouco um pouco árida, uh, com pedras, e logo adiante começa, uh, um terreno de mato rasteiro. Agora, nessa paisagem não existe água (risos) () () é um lugar, é um lugar () () fica dentro de uma fazenda muito () grande que é () perto de São José do Rio

SPEAKER 2: : Preto. O que que você costumava fazer lá?

SPEAKER 3: : Eh. Nessa fazenda eu andava a pé só.

SPEAKER 2: : Andava a pé, mas aonde (risos)? Aonde você

SPEAKER 3: : Pelo campo, pelo mato. Eu não cheguei a andar de cavalo nenhuma ()

SPEAKER 1: : E outro tipo de paisagem que você gostaria ()

SPEAKER 3: : Uma paisagem talvez mais... Idealizada. Uma paisagem () Uma paisagem meia, quase que uma paisagem lendária. Uma paisagem completamente desértica. Uma paisagem assim de uma extensão horizontal muito grande. Uma paisagem... Sem acidentes. O céu muito azul.

SPEAKER 1: : Nadar (risos). É ()

SPEAKER 3: : () estou descrevendo uma outra realidade, uhum, e

SPEAKER 2: : quanto ao clima () Que clima ()

SPEAKER 0: : ()

SPEAKER 3: : Bom, eu prefiro clima quente e seco. Agora... Eu sei, eu sei que o clima frio e seco... Sei lá, é um clima que foi inclusive estudado por cientistas e foi concluído que é um clima muito bom para o homem, né? Mas () () (tosse) quente e seco me () atrai () clima de deserto ()

SPEAKER 2: : Até agora você falou só de campo () () lugar que você gostaria de passar ()

SPEAKER 3: : () paisagem eu () estava pensando em, em área

SPEAKER 2: : campo ()

SPEAKER 3: : Mas passar as férias na cidade, para quem mora na cidade (risos) ()

SPEAKER 2: : também a gente do campo assim () gostaria () () um outro lugar, na praia por exemplo. Como é que é uma praia? ()

SPEAKER 1: : conheço tanto que a gente nunca viu

SPEAKER 3: : Bom, praia, como é que é? Tem mar de um lado, mato do outro, (risos) terra do outro. Quando não tem água de um lado, prédio do outro () difícil dar () praia tem areia A areia, a maior parte dela é molhada, tem uma parte de areia seca. () uma área também muito extensa no sentido horizontal, que a gente tem uma sensação de grandeza muito fácil () e você, praia da Bahia também com coqueiro (risos)

SPEAKER 2: : Então o senhor esteve na Bahia () como é que é a tal da praia da Bahia porque dizem que é diferente da, das praias ()

SPEAKER 3: : Bahia tem, tem coqueiro () () praias todas () () são, uh, bastante pouco povoadas () Elas têm vista de pouca construção junto à praia. Não é como as praias aqui do centro, sul do Rio. Talvez no Guarujá tenha algumas praias assim mais longe que são típicas daquelas praias do () Isso é parte de construída, né () () o que há de bonito nessas praias são justamente, eh, os coqueiros. Tem espécies de jardins mesmo, onde a gente vai comendo um coqueiro. Agora, quando a gente chega na Lagoa de Abaité, aí a área já é muito mais concentrada, a gente já vê muito mais gente na praia. depois a praia termina e tem a área de lagoa ()

SPEAKER 2: : () agora beirando o mar, você só encontra praia ou alguma outra coisa

SPEAKER 3: : às vezes você encontra () muitas vezes o mar acaba ()

SPEAKER 1: : () você não dá nenhum nome especial ali? Penhasco

SPEAKER 3: : penhas

SPEAKER 2: : E alguma outra praia, além da Bahia, você esteve? Sim ()

SPEAKER 3: : Recife, mais para cima ()

SPEAKER 2: : As praias de Recife eu conheço, mas você poderia dizer () você não conhece, né (risos)? Que parece que lá no, no Recife é bastante característico, né? A questão das águas. Como é que é?

SPEAKER 3: : Bom, as águas são muito mais verdes do que as águas aqui do, do sul, né. O que é engraçado é que o verde da água não começa... () agora não me lembro direito mais. () Se o verde começa em certo ponto até o horizonte, ou se o verde é até um certo ponto da praia. O que eu sei é que o mar é () dividido de um, por um risco, né. Um pedaço é verde, outro pedaço é azul. E as praias mesmo, eu acho que não tem muitas diferenças das praias da Bahia, né? São praias sempre com coqueiros, aquelas praias () nordestinas Não sei, a sensação que eu tenho é que as praias de Recife são talvez mais pobres, né? A gente vê muito mais miséria, conquista humana, aquela casinha junto da praia e tal. Enquanto que nas costas da Bahia, não, a coisa parece que é um pouco mais rica. mas eu não sei bem porque eu estive em muito pouco, não cheguei até o interior do (), e...

SPEAKER 2: : aqui a gente, para ir para Santos, para chegar na praia, a gente percorre um bom trecho Né? Você poderia dizer como é que é essa estrada? Ou por onde que você passa?

SPEAKER 3: : () uma estrada que desce uma serra atravessa toda a floresta temperada, né, temperada acho, sou ruim em geografia (risos), e Tem o tal de temperado de altitude, e... Tem túneis, tem uma parte plana lá embaixo, né, ainda no continente, depois tem uma parte plana na ilha E é uma estrada bastante reta nas partes planas, né, não tem muita curva. E na serra tem bastante curva. São, na serra as duas são separadas

SPEAKER 2: : () mas praticamente as duas pistas são juntas, bom, agora voltando ao

SPEAKER 3: : Você pergunta que tipo de () () como eu já te falei eu acho que o clima seco e quente, quer dizer, o clima quente, é o melhor, mas clima quente e úmido inclusive é, é um negócio que não me agrada Então é o quente e seco, é o tipo de clima que eu gosto Agora talvez você esteja perguntando o clima no outro sentido. O que (), o que você quer dizer com clima? Não sei

SPEAKER 1: : Não, por exemplo, como você viajou para a Argentina e para os Estados Unidos e mora no Brasil, a diferença que há, por exemplo, entre os três... Ah, é muito mais quente o clima aqui, né?

SPEAKER 3: : De uma maneira geral.

SPEAKER 1: : Eu sei, mas o que que lá há, assim, de diferente, ocasionado pelo clima?

SPEAKER 3: : Lá onde? No exterior?

SPEAKER 1: : Hum. De preferência para o nor

SPEAKER 3: : Aqui, () o que é, o que é que caracteriza o clima do Norte? É

SPEAKER 1: : É, não do Norte do Brasil. Do norte assim O hemisfério norte

SPEAKER 0: : () não sei você entendeu a minha pergunta (risos) ()

SPEAKER 3: : Acho que é o clima do inverno, porque tem neve. É isso? Neve, neve, neve, neve... Daí (risos)... A partir da neve, vai outras coisas. Neve... Neve, gelo. As pessoas patinam no gelo, os rios congelados ()

SPEAKER 1: : Um rio congelado. Como? Não tem um nome especial? Geleiras. Não. Não. Por exemplo, um pedaço de gelo, assim, no mar.

SPEAKER 3: : Iceberg. É isso?

SPEAKER 2: : Uhum. É isso que a gente quer provar (risos).

SPEAKER 3: : () o iceberg () é característico () só existe no mar () você não encontra na Europa, entende? Não, eu quis dizer assim, norte é como... Depois tem uma pequena observação que eu quero falar, uhum Os icebergs são típicos do hemisfério sul.

SPEAKER 2: : Mas eu quis dizer assim, por um problema de temperatura, como lá é bem mais frio, né? Tem mais possibilidade. Em que lugar da Argentina Eu estudei no Buenos Aires, no Mar del Plata. Mar del Plata () bom, e em Iguaçu você não esteve

SPEAKER 3: : Não, fui de avião ()

SPEAKER 2: : () você não sabia dizer nada sobre Iguaçu

SPEAKER 0: : () ()

SPEAKER 3: : Olha, a maior cachoeira é uma cascata. Não é? Cascata eu acho que é quando é pequeno, deve ser uma cachoeira. Mas eu não, não sei direito qual é que Iguaçu e qual é que é Sete Pedras () São duas (), são diferentes. E eu não sei qual é que a gente costuma ver em fo tografia enf () queda d'água

SPEAKER 2: : Parece que o rio acaba lá.

SPEAKER 3: : É, é do rio e dos seus afluentes. Quer saber se é uma represa? Não. Hum.

SPEAKER 1: : Não, quero saber, por exemplo, se ela existe por si só ou se provocaram para que ela existisse.

SPEAKER 3: : Se houve um desvio, um canal, é isso?

SPEAKER 1: : Não é bem isso, eu quero (suspiro)

SPEAKER 2: : como que eu vou () (risos) Não tem... Não tem... Não está... Não tem gás. () (risos) Você já ouviu falar muito do Amazonas () () não podia dizer nada sobre isso ()

SPEAKER 3: : Aí você é... É quente e úmida. () uma estrada nova que atravessa a floresta amazônica () Aliás, eu conheço a Amazônia ()

SPEAKER 2: : Conheço até Manaus. Fala para a gente

SPEAKER 3: : Bom, é um, o rio Amazonas é larguíssimo É uma coisa impressionante as distâncias, né Às vezes a gente vê no meio do mato uma fumacinha, uma casinha no meio do mato, um negócio completamente isolado, perdido. Depois, o rio Amazonas também, a gente não tem muita sensação de rio Né? Porque tem muitas ilhas internas e muitas vezes você está navegando num canal dessas ilhas e de repente acaba. Aí você tem a sensação quase que de mar. Você não avista outra margem E uma coisa curiosa é você ver o Rio Negro, por exemplo, onde está Manaus, que as águas do Rio Negro não se misturam com as águas do Amazonas, que são barrentas. Então (tosse) existe um limite também entre as áreas Manaus é uma cidade que tem, que dá assim um ar quase que de branco e preto. Não existe praticamente coisa colorida lá. Porque o céu é sempre cinzento, o rio preto, as madeiras () locais são todas pretas. Então a sensação () cheio de navio lá ()

SPEAKER 1: : E quando, e quando o rio Amazonas está chegando, por exemplo, no mar, o que é que vai acontecer?

SPEAKER 3: : Aí existe... a pororoca.

SPEAKER 1: : O que que é a pororoca?

SPEAKER 3: : A pororoca é um fenômeno caracterizado pela, pela entrada do mar, eh, em cima das águas do rio, né, sobre as águas do rio, faz o redemoinho, e a gente ouve o barulho ()

SPEAKER 2: : Isso é um fenômeno constante?

SPEAKER 3: : Não, parece que não é () variar inclusive () maré () e acontece () lá no Brasil. Bom, aí vocês estão testando a minha cultura (risos) (risos) Acredito que sim. Acredito que sim.

SPEAKER 2: : Você não, não poderia dizer mais nada sobre esse fenômeno? ()

SPEAKER 3: : () () (risos) () eu não vi a pororoca porque eu fui para o Belém do Pará e do Belém do Pará () canal () não passa pela flora do Amazonas, né A Foz do Amazonas eu não estive.

SPEAKER 2: : Como é que você foi para lá? Eu fui de na

SPEAKER 3: : vio.

SPEAKER 2: : Foi e voltou? () E você notou alguma coisa curiosa () () chamou bastante a atenção? O percurso de mar () () pelo mar () ()

SPEAKER 3: : ()

SPEAKER 2: : Em uma você falou que () o Rio parecia um mar mesmo, então () Isso impressiona bastante, realmente.

SPEAKER 3: : Alguma coisa no rio () No próprio rio, você ()

SPEAKER 2: : Pode ser no rio, pode ser no mar, talvez ()

SPEAKER 3: : Sim, talvez os faróis que a gente via nas ilhas, né Ilhas completamente isoladas. Além do horizonte, a gente via faróis surgindo. ()

SPEAKER 2: : () como faróis?

SPEAKER 3: : Faroleiro Muitas daquelas ilhas isoladas tem um farol, né? Para navegação à noite. Então a gente via, muitas vezes, () o faroleiro na ilha. () faroleiro na ilha () uma coisa assim muito bonita e tal, mas não sei se, não sei se é a palavra que vocês querem (risos), e

SPEAKER 2: : Essa chegada a Belém do Pará, conta como é que foi ()

SPEAKER 3: : () confesso () inclusive que eu não me lembro direito (risos) Faz dez anos isso (risos) Belém do Pará, bom, é uma cidade (tosse) toda quadriculadinha, né, todos os, os quarteirões são quadrados, a velocidade muito simétrica tudo, em toda ela quase que () uma pequena rampa, né, segue o porto, não tem inclinações muito grandes, o porto é, o porto é mais ou menos parecido com o de Fortaleza, não tem ()

SPEAKER 1: : tem cais. Já que o senhor me lembrou de (), você disse que é parecido com o de Fortaleza, então descreve o de Fortaleza (risos)

SPEAKER 3: : É assim também, tinha... Era um porto de madeira, () aqueles troncos de madeira entrando no mar Quer dizer, existe uma, uma plataforma onde os navios encostam. Nessa plataforma tem aqueles troncos de madeira que vão até o fundo. Isso é uma coisa, inclusive, muito frágil como estrutura. Aqueles navios grandes muitas vezes encostam ali, pressionam pelas madeiras, as madeiras vão ficando podres, às vezes () até desmorona () (tosse) Na construção mesmo, o cais fica mais para dentro, já na terra () Essa fortaleza é assim em Manaus também, em Belém também. Em Manaus não, em Manaus o porto é flutuante. Agora (tosse), o engraçado é que a madeira do porto, desse Porto de Belém é uma madeira mais clara, não tem aquela coisa escura do Porto de Manaus, né A sensação que dá o porto de Manaus é uma coisa realmente preta (), é uma madeira preta

SPEAKER 2: : () e já que estamos falando do norte, você esteve no interior, no nordeste? Sim. ###

SPEAKER 3: : Como ()

SPEAKER 1: : () o cara lá mesmo, é legal (risos)

SPEAKER 3: : Tá, tá legal. Conta como é que é O que? O interior? Tá. Bom () () mas, o máximo que eu fiz uma viagem que eu fiz a Recife () Nós atravessamos, no, no tempo que a estrada até Recife ainda não era asfaltada, nós atravessamos todo o sertão. de Alagoas, de Sergipe, e fomos até Pernambuco. Depois eu estive também no interior do Pernambuco por estrada mesmo, fui até () Bom, as cidades do interior do Pernambuco são, eh, cidades todas muito pobres, às vezes até mais pobres do que a cidade do norte de Minas, né, são as mais pobres que eu já vi, quer dizer, uma pobreza muito grande, E com uma diferença muito grande do resto do Nordeste, são cidades muito frias, porque estão na montanha. Todas nas serras. Caruaru, por exemplo, é uma cidade muito alta, faz muito frio. Agora, as características da cidade, como cidade, são de qualquer, eh... qualquer população do Nordeste, né. São vendas de artesanato, tem feiras, tem todas aquelas... aquelas coisas que a gente vê sempre, né. () uma cidade muito diferente das outras Caruaru, né () Mas é uma cidade... se caracteriza por ser uma cidade fria, né? Quase que um contraste. () é, a gente pega o hábito de ver, de ver aquelas cidades sempre muito quentes, né, com aquelas feiras e tudo e essa cidade é muito fria Depois eu estive também em outras cidadezinhas no período de Pernambuco. () uma cidadezinha chamada Vitória de Santo Antônio E essa é uma cidade muito pobre mesmo () Eu não sei realmente quem foi Santo Antônio, (risos) mas parece que a palavra agradou (risos), e

SPEAKER 2: : E a estrada como é que era? O que que você

SPEAKER 3: : Asfalta ()

SPEAKER 2: : O que que você via? O que que eu via? É, no caminho

SPEAKER 3: : Eu via... Uma estrada asfaltada com um acostamento. Um risquinho pontilhado no meio (risos)

SPEAKER 2: : (risos) e mais ao lado

SPEAKER 3: : Mais ao lado a gente via montanhas, uh, colinas, vales. Paisagens normais assim nada de extraordinário

SPEAKER 2: : Como é que era ()

SPEAKER 3: : Não existia placa de propaganda, essas coisas que tem aqui no sul, não ()

SPEAKER 2: : tinha lá. E quanto à vegetação () ()

SPEAKER 3: : () não era muito farto Era vegetação rasteira, vegetação talvez mais densa do que a daqui, uma coisa que inclusive muita gente não sabe. () interior do nordeste é todo deserto () solo deserto () E de fato não é. A vegetação é, inclusive, muito mais densa e azulada, uma coisa engraçada.

SPEAKER 2: : () de água, não tem? Problema de? Água. Problema de água. É

SPEAKER 1: : () ### Problema ()

SPEAKER 3: : () é que quando chega o verão, não chove bem assim Quando chega o inverno, chove muito e vem os grandes as enchentes.

SPEAKER 2: : E o que eles fazem quando tem seca?

SPEAKER 3: : tem seca, eles se retiram São os famosos

SPEAKER 2: : retirantes () história do Brasil () antes de eles se retirarem, eles permancem um bom tempo lá

SPEAKER 3: : É, antes de se retirarem, eles lutam sempre pela

SPEAKER 2: : Então, mas como é que eles se mantêm lá?

SPEAKER 3: : Com farinha. Feijão e farinha.

SPEAKER 2: : Eles não cultivam nada?

SPEAKER 3: : Vocês estão testando de novo a minha cultura, não o meu () (risos)

SPEAKER 1: : Não () nós não temos ()

SPEAKER 3: : () ()

SPEAKER 2: : () cana, eu não digo tanto ()

SPEAKER 3: : Cana é uma coisa que existe muito plantada

SPEAKER 2: : Mas não precisa ser basicamente alimentação.

SPEAKER 1: : O que que eles fazem para viver nesse tempo? já que eles () não podem se utilizar da terra Não tem outras ativida

SPEAKER 3: : Bom, todos eles, quase, estão trabalhando na lavoura. Eles são empregados de grandes lati

SPEAKER 2: : fúndios (). Mas, João, agora, uh, geralmente, esses latifúndios assim parecem manter a base da agricultura, eles têm que ter uma reserva de água, não têm? Você sabe me dizer ()

SPEAKER 3: : represa

SPEAKER 2: : () você viu alguma ()

SPEAKER 3: : represas

SPEAKER 2: : () (risos) você viu

SPEAKER 1: : () alguma () alguma outra descreveu

SPEAKER 2: : () a gente, seria semelhante à nossa

SPEAKER 3: : Alguma represa? () E não saberia dizer se são diferentes Na própria plantação, eles costumam fazer pequenos canais que desviam o caminho das águas para poder irrigar toda a fazenda, né, todas as plantações. Isso eles fazem. Também não é uma característica só do Nordeste.

SPEAKER 2: : Agora eu vou mudar um pouquinho radicalmente de assunto, já

SPEAKER 1: : que você estava falando, por exemplo, de, de tipo de paisagem no Nordeste, não dá para você fazer uma comparação com a da Argentina e com a dos Estados Unidos, as diferenças que há? ()

SPEAKER 3: : A paisagem da Argentina me pareceu muito feia. A paisagem é muito sem graça, () pla na. Não existe uma riqueza de paisagem como existe aqui, uhum Outra coisa, eu não posso falar da Argentina, que é a paisagem. Estados Unidos o senhor não lembra (risos) Estados Unidos eu não lembro () Europa eu vi. Eu achei, por exemplo, Portugal... tem uma coisa muito engraçada. Todo o espaço externo em Portugal, ele... dá a sensação de uma, de ser muito fechado sempre. Tem sempre vales muito pequenininhos, morrinhos muito pequenininhos, com árvores a distâncias não muito grandes, e depois uma cidadezinha no vale e outra cidadezinha no outro. Então é quase assim que, quer dizer, falando assim em termos analógicos, seria quase que um país meio miniatura. A Espanha é, é muito mais plana, tem um solo meio escuro. A França também é plana. E a Itália não. A Itália tem uma paisagem variada, tudo, mas muito diferente da África. O que que você acha

SPEAKER 2: : () que mais impressionou em cada lugar? Em cada lugar

SPEAKER 3: : Europa você achou mais bonito? () em Portugal é muito bonito a arquitetura árabe Toda a arquitetura árabe, toda a tradição árabe. Eu estive numa cidade chamada Porto Nazaré, que existem uma série de costumes árabes aí. Aquelas mulheres que ficam com pano preto no rosto, sentada na frente das casas cozinhando fora. Estive em () () Óbidos é uma cidade cercada com muralhas (tosse) medievais e as casinhas são todas brancas dentro dessa muralha. Uma espécie de mistura de idade média ocidental com idade média árabe Depois em Lisboa não achei que tivesse grandes flores. ### A gente vê sempre fotografia, quer dizer, não é um negócio que informa muito. A gente pode se sentir assim mais atraído por aqui. () você quer?

SPEAKER 0: : De preferência.

SPEAKER 3: : Bom, Espanha... Na Espanha que me impressionou foi Barcelona () Que é praticamente uma civilização à parte da Espanha. Em Madrid a gente tem toda uma sensação assim de cidade ordenada, de, uh... Tudo é muito limpinho, muito perfeitinho. É... Uma sensação assim de metrópole, muito organizada. E em Barcelona, embora exista também esse aspecto metrópole muito organizado, tudo, a gente percebe que é uma civilização estranha à Espanha. coisas muito interessantes para mim lá foi a obra do Gaudí O Gaudí, um arquiteto, no começo do século, construiu a Igreja Sagrada Família. você já conhece () E o engraçado é que em Barcelona existe quase que uma mitificação desse arquiteto. Existem barzinhos com o nome do, do Gaudí, existem, existe um parque Os banhos, os muros... Depois na, na França... Na França, do ponto de vista meu, é uma coisa bem subjetiva. Realmente eu acho muito bacana a cidade de Paris, né? Apesar de ser uma coisa um pouco fora da moda, achar bonito Paris, né? Paris tem um monte de coisa, né? Tudo é muito bacana, não tem o que descrever. depois... conheci também o norte da França. () muito pouco a cidade, () muito pouco cidade importante naquela França É... De modo que... tenho a impressão que não vale a pena a gente falar sobre isso. Apenas a Bélgica é um prolongamento da França, um país paupérrimo. () as pessoas não mostram tem o país pobre e feio Depois a Holanda, é engraçado, porque a Holanda, na Bélgica, aliás, já é dividida em dois. O sul da Bélgica tem as características de país pobre. A partir de Bruxelas para cima, na, na Flandres lá, né, existe um também () quase que uma outra cultura mesmo, uh As casas são todas de tijolinhos, a gente vê moinhos, como na Holanda mesmo. E a Holanda é um país assim, belíssimo. O que surpreende na Holanda é que justamente  são países muito bonitos.

SPEAKER 2: : () Bom, eu estava dando a volta assim.

SPEAKER 3: : A Itália... Bom, a Itália tem três cidades que são museus, né? Roma, Florença e Veneza. Roma é uma cidade bastante grande, então os turistas quase que se perdem ali dentro. Agora Florença e Veneza são cidades que já estão quase, quase que sendo prejudicadas pela presença dos turistas. São muitos turistas americanos lá () Praticamente fala-se inglês na Roma. () Florença () Roma é uma cidade muito maior, mas tem todas aquelas características de cidade-museu. A gente vê, por exemplo, algumas avenidas em Roma, elas têm ruínas imperiais de um lado e ruínas do tempo da República do outro lado. A gente tem Ao mesmo tempo, sobre toda essa obra romana, a gente tem a arquitetura barroca italiana, que é um negócio fundamental () Por exemplo, na frente de um restaurante que eu almocei, existe uma das igrejas mais tradicionais da arquitetura barroca, que é a igreja de Jesus. É a primeira obra de arquitetura jesuíta que se conhece. Depois tem a Piazza del Popolo, que é uma praça que tem duas igrejas gêmeas, né, dizem que são duas igrejas gêmeas, são duas igrejas exatamente iguais. Foram construídas com as pedras que deveriam ter sido usadas na construção das duas colunas da Basílica de São Pedro. Deveria haver na frente da, da basílica, na fachada. E não foi construída para que se valorizasse a cúpula. E a cúpula por sua vez já tinha sido construída. principalmente com o corpo da igreja e a fachada foi apresentada. () muita, muita obra de Berlim () estátuas () Michelangelo tem, na basílica de São Pedro, tem Moisés e Petrarca. () na basílica de São Pedro, Moisés terminou a igreja chamando Pedro já fica mais afastada ()

SPEAKER 2: : () ()

SPEAKER 0: : () ()

SPEAKER 3: : () não, o Vaticano tem uma área relativamente pequena, né, constitui um estado inteiro praticamente um museu Florência, Veneza, etc. É... Tem os museus Vaticano, o Museu Vaticano, perdão, o Museu do Vaticano. É... Que é um museu que tem uma opção de galerias, todas elas com obras-primas do Renascimento, inclusive obras mais antigas. E ele está ligado com a Capela Sistina, e já se faz quase um corredor para os turistas, o pessoal que vai lá de fora. O pessoal entra na, na porta da frente, atravessa o museu, dá na Capela Sistina, e da Capela Sistina sai. Agora, a pena é que a Capela Sistina, que é sem dúvida a obra-prima do Michelangelo, tenha se transformado em mercado E a quantidade de pessoas que entram lá dentro para ver, falando inglês e gritando, com guias e tal, você não pode ver essas obras, né. Então, no fim, a gente acaba comprando coisas da editora Abril para ver isso () a basílica de São Pedro é um negócio enorme () Eu, pessoalmente, subi a pé até o alto da cúpula, () elevador, () elevadores também, eh, no meio do caminho existem lojas, quando chega a um certo patamar existem até lojas () cartão postal sempre todo mundo pechinchando, querendo vender, empurrar tudo isso quer dizer, realmente é uma pena que todas essas obras estejam assim nas mãos de vândalos, né, que invadem aquilo lá Por outro lado, eles também tentam explorar o mais possível aqui. Esse é um exemplo típico. O fato de haver lojinhas no meio do caminho para gente chegar na cúpula () da Basílica de São Pedro.

SPEAKER 2: : Tem também a coluna () você que foi turista na Europa ()

SPEAKER 3: : () () depois de tudo que eu falei de turista eu não fui como turista ()

SPEAKER 2: : () certo, certo (), na Europa (), quer dizer, lá () você conhece cidades, museus () Se você fosse explorar o turismo no Brasil, o que que você exploraria? ()

SPEAKER 3: : Isso... Há muito tempo, há muitos anos, desde que eu era estudante, eu venho batendo, uh, pela costa de São Paulo e Rio. teve uns colegas meus que fizeram, perdão, inclusive, alguns colegas meus fizeram uma tese no último ano da fau propondo justamente um planejamento turístico () dessa área que vai de Santos até o Rio, né, pela costa Esse plano chegou a ser utilizado pela Secretaria de Turismo do Estado num certo momento, mas agora que surgiu esse, essa estrada de Santos por Rio, depois que se desenvolveu outro tipo de coisa aí, está praticamente esquecido esse projeto Mas desde que eu estou na escola, a gente bate papo, comenta essa, o desenvolvimento turístico dessa área, que é uma área muito bonita, tradicional

SPEAKER 2: : () quais as ideias básicas desse planejamento ()

SPEAKER 3: : dividido em zonas de polo de atração () eu confesso que eu não me lembro direito, eu não me lembro direito, mas eu acho que um dos polos de atração era a Ilha Bela e o outro devia ser a Ilha Grande, que chama, né? Aquela ilha que está na, na Bahia, na Bahia lá do Rio de Janeiro, no estado do Rio. Eu acho que era mais ou menos esses dois focos, o Restinga da Manombá, uma coisa assim, até um foco grande no estado do Rio e um grande no estado de São Paulo Havia algumas estradas radiais, e a estrada, o Santos Rio, seria uma estrada, uh, que iria beirando a costa, como foi feito nesse projeto. Bom, é mais ou menos isso, eu não me lembro assim de todos

SPEAKER 2: : detalhes. Essa () estrada iria só pelo continente? ()

SPEAKER 3: : A estrada ia só pelo continente, e a estrada do jeito que ela foi feita agora, ela faz parte de um plano muito maior que é o plano de toda a estrada da costa bê erre acho que cento e um bê erre cento e um que vai virando toda a costa da Bahia, a costa do Espírito Santo.

SPEAKER 2: : Você já fez essa viagem?

SPEAKER 3: : Não, porque a estrada parece que não existe ainda.

SPEAKER 2: : Parece que tem uma, mas é um pouco... Não, existe o qual? Ah, sim, certo.

SPEAKER 3: : Estou dizendo, pensei que você tivesse perguntado mais para o norte. Não, não fiz esse percurso. conheço

SPEAKER 2: : conhece, e como guia turístico mais interior para onde você levaria (). Para o interior?

SPEAKER 3: : É. Ah, cidades históricas. Pode ser Minas Gerais ou tem que ser o estado de São Paulo? () () Bom, cidades históricas e Minas, né? Ali, (), sei lá, em pleno século dezoito, surgiu uma coisa que é, sei lá, talvez o centro, né, da cultura brasileira da época. Uma coisa com características brasileiras, uma coisa completamente, uh, inspirada em movimentos europeus. () era uma, uma coisa com enfeites europeias, porém tipicamente brasileira uh... foi toda, todo aquele movimento de Ouro Preto () inconfidência, então, ali, ali realmente essas cidades são históricas em todos sentidos, né (), Ouro Preto Mariana, Sambará () A obra de Aleijadinho lá está ()

SPEAKER 2: : O que mais, assim, no interior? O lugar mais ()

SPEAKER 3: : () Ilha do Bananal talvez Eu não conheço, mas eu acho fantástica a ideia. E existe um hotel, né? Na ilha do Bananal.

SPEAKER 2: : () centro-oeste

SPEAKER 3: : Mato Grosso. Centro-oeste, Mato Grosso, Goiás.

SPEAKER 2: : Pará, Amazonas () Em que cidade você levaria alguém? () (risos) Goiânia

SPEAKER 3: : Pantanal não Pantanal () não vai ninguém, né ()

SPEAKER 2: : (risos) () guia turístico ()

SPEAKER 3: : Eu não sou guia turístico, eu estou () ()

SPEAKER 0: : ()

SPEAKER 3: : Conta porém, que é uma coisa da minha infância.

SPEAKER 2: : O que tem de diferente?

SPEAKER 3: : Não, () eu não conheço, sei lá, não existe mais isso. É um pedacinho, mas existe. Não, existe uma colônia alemã muito grande em Santa Catarina () Existe uma colônia alemã () (risos) () Rio Grande do Sul, bom, no Rio Grande do Sul, eu acho que existe () um estado muito mais rico do que a gente pensa Um estado econômico que é bastante evoluído, quer dizer, mas é o tipo da coisa sem graça que é nas cidades que vai, né? Porque são cidades insípidas. () São cidades que, eh, desenvolveram recentemente. São cidades que não têm nenhum interesse paisajístico, não têm nenhum interesse de ordem espacial () Existe um interesse talvez para que a pessoa chegue a lá. () conhece o Brasil mesmo ()