SPEAKER 2: E foi solicitada uma entrevista, por intermédio de uma aluna, de um cursinho. Equipe e o cursinho. Para que se tomasse conhecimento do português falado por várias pessoas nascidas em São Paulo, por várias categorias de pessoas. No meu caso, deve ser a categoria universitária, né? Certo, nó nós estamos fazendo só com pessoas ãh de nível universitário. Ah Bem. Então são só pessoas de nível universitário. No meu caso, teria que ser pau> SPEAKER 1: Bem, mas uma coisa que você me perguntou, uma coisa que marcou a existência do estudante foi e exatamente ser aprovado no vestibular. Que a Depois de tanta luta, depois de tanto sacrifício e tanto nervosismo que a gente passa, verificar o nome da gente na lista de aprovados é realmente uma grande satisfação. Depois o trote, aquelas coisas todas que ainda existem hoje, eu acho que existe o trote ainda hoje. SPEAKER 1: Então, foi realmente a... E o trote naquela época e era pesado? É o SPEAKER 2: O trote sempre foi pesado, principalmente nessas faculdades da Universidade de São Paulo, eles procuravam marcar bem a entrada do estudante na na vida universitária né. SPEAKER 1: E quem dava os trotes ()? Sempre os tro> SPEAKER 2: Eu acho que a matemática ela é uma das matérias mais fascinantes que existe em todo o currículo, de qualquer curso, de qualquer escola, mas ela é pessimamente ensinada no Brasil. Não sei se em outros países também. Tanto que ela chega a ser um bicho-papão para para os alunos. Oh Aí vai um bicho-papão para quem quer expressões idiomáticas. Ela chega a ser um bicho-papão Porque ela é mal ensinada e e geralmente ela é ensinada da seguinte maneira, o professor entra, dá a matemática como se ela fosse uma matéria descritiva. Matemática é uma uma matéria que não pode ser decorada absolutamente, é uma matéria que exige raciocínio. Depois chega num exame ou numa prova, o professor pede um uma a resolução de um problema. Aí o aluno não está habituado com aquele raciocínio. Ele não consegue resolver em uma hora uma questão que às vezes o professor, em três horas de aula, leva para explicar. E os professores realmente não foram bons em matemática. Hoje eu não sei como é que estão, mas na minha época não foram bons. Eles Eles incutiam mais medo nos alunos do que propriamente ensinavam matemática. E aí está uma crítica que eu queria fazer. É uma coisa que eu sempre gostei de falar. SPEAKER 1: Se ele não passasse na segunda época, ele seria reprovado. Hoje em dia eu não sei como é que está o ensino. Pelo menos na faculdade já havia uma certa diferença. O aluno, ele poderia ser reprovado em uma matéria ou duas matérias até. Ele ficaria dependendo dessas matérias e iria para o segundo ou para o terceiro ano ou para o quarto ano, conforme o ano que ele estivesse frequentando. Mesmo, na faculdade, na época em que eu cursei, eu cursei a fa eu entrei na faculdade em mil novecentos e cinquenta e quatro, no ano do quarto centenário. Os professores, que ainda ocupavam as cátedras, Eles eram aqueles velhos medalhões, entendeu? Eram velhos em todos os sentidos, né? Na idade e na mentalidade. Então, eles realmente faziam questão absoluta de manter uma certa distância para com os alunos. Mas já haviam os assistentes que vinham com outra mentalidade. Eu não sei como é que é hoje. nas faculdades que vocês estudam, mas naquele tempo tinha um professor catedrático e alguns assistentes. () Eles faziam concursos para livre docentes, outros ficavam como auxiliares, et cetera. Esse já tinha uma mentalidade um pouco mais nova. Mas a cadeira era orientada pelos velhos. E eles mantinham uma certa distância. E> SPEAKER 2: o término de uma faculdade acho que é igual para todo mundo. () Nessa parte de festa ou de festa. Mas eu queria me referir mais ao igual para todo mundo, o fato do o aluno se formar, depois não saber bem o que vai fazer. Ele... No meu caso, e no caso de muitos colegas que estudamos o dia e não trabalhamos durante o curso, enfrentar a vida comercial não foi muito fácil. E é uma das deficiências das faculdades nossas, não digo das de filosofia, porque elas não têm obrigação, eles não eles não estão formando indivíduos que vão entrar para um ramo comercial. mas o o médico, o dentista, o advogado, teriam obrigatoriamente que ter noções de comércio. Não esse comércio de feira, nem de mercado, mas um comércio um um pouco mais refinado, mas tem que ter noções de como manejar o dinheiro. De como empregar a profissão dele de uma maneira ética também. sem ferir a ética, ganhar dinheiro, certo. Essa é uma falha fundamental nas nossas profissões. Eu acredito que o dentista, o médico, ele só aprende isso depois de quinze anos de de profissão. Eu estou atualmente com dezesseis anos de formado. (riso) Aprendeu recentemente. Nem sei se aprendi ainda. Porque aí existem muitos fatores que inf> que influenciam a a maneira pela qual a gente pode viver ou ganhar dinheiro dentro da profissão. Mas ãh você falou que houve uma festa e tal, podia contar como é que foi a festa? Bem, é tradição na nossa faculdade, no último dia de aula, no último exame, se contratar uma bandinha e e fazer a festa particular só daquela classe que fez que que terminou o exame. E dão um banho de barro, banho de água, banho do que tiver hum ah perto das mãos, enten> eram casos raros, os que entravam diretamente do científico para a faculda> E na minha época eram diferentes da época dos meus avós. E na época dos meus avós também eram diferentes dos meus bisavó> Ele achava que a fa a e> SPEAKER 1: SPEAKER 1: Nele havia várias dependências, a parte de esportes, a parte cultural, a parte social. E eu participava um pouco da parte esportiva, eu gostava um pouco de jogar futebol, basquetebol, fazíamos viagens para as cidades do interior e para fora do estado mesmo. E já era, nesse nesse tempo já era semelhante ao que é agora. SPEAKER 1: E era muito bom isso. E existiam campeonatos científicos? SPEAKER 2: Existiam vários campeonatos. Naquele tempo, existia a Mac-med, existia a Pauli-poli. A Mac-med não, a Mac-med era a Faculdade de Medicina e a Faculdade Mackenzie. Pauli-poli era a Faculdade Paulista de Medicina e a E existiu a FOCA, que era a Faculdade de Odontologia e a Faculdade Católica de Direito. E não sei se existe mais hoje em dia, talvez exista. Parece que eles fazem agora um campeonato universitário. E esse campeonato parece que abrangeu todas essas competições paralelas. Que eu acho que é uma medida muito mais certa mesmo. Existia a FUP naquela época, não sei se ainda existe a FUP. SPEAKER 1: e ela que programava todas essas competições. E e existia e e o senhor acha que incentivava ()? SPEAKER 2: Isso melhorava bastante a parte de ensino, embora nós tivéssemos professores que diziam para nós que o aluno entrava para a faculdade com a única finalidade de estudar, todo o resto era secundário. Ele não deixava de ter razão, a nossa finalidade era realmente estudar, mas podia haver essa parte social esportiva que não não fazia mal nenhum, aliás, fazia  bem. Porque a escola deve ser um lugar onde o aluno vai com vontade de ir, e não como obrigação. Eu encarei a vida toda a escola como uma obrigação. Eu tenho um filho de dois anos, de um ano e meio, entrou para uma escola pré-maternal, hoje já existe até pré-maternal. (riso) Ele não falava quando ele entrou nessa escola, para ver como mudou o ensino hoje em dia. Nessa escola, ele aprendeu a... primeiro lugar, ele usava fralda (). Tiraram as fraldas dele nessa escola. Ele aprendeu a falar alguma coisa, aprendeu a a sentar direito, aprendeu a andar um pouco melhor, aprendeu a... a se relacionar com um ano e meio, com outros colegas, está aprendendo a nadar, aprendeu a dançar quadrilha, tudo com um ano. Agora ele tem dois anos, já está fazendo melhor tudo isso. Eu acredito que o que ele está fazendo com dois anos, eu não fazia com quatro. Acho que nem vocês faziam, porque na sua época também não existia essas escolas. Então, hoje em dia, o ensino já começa diferente desde o berço. SPEAKER 1: Está muito melhor. E dessa pré-maternal e ele vai passar para... SPEAKER 2: Deste pré-maternal, ele vai passar para o maternal. E lá o que que eles fazem? O maternal, ele já começa a fazer alguns trabalhos manuais e uma sequência que quase não se nota umas uma solução de continuidade entre uma coisa e outra. Eles fazem trabalhos manuais, continuam aprendendo a nadar, fazerem jogos entre eles, entendeu? Agora isso é muito importante, porque eu me lembro, e isso é importante eu dizer aqui, que eu fui para a escola com sete anos de idade. Foi a primeira vez que eu fui para a escola. Eu não fui para a pré-primária, como hoje em dia, nem jardim da infância, como existia na minha época, chamava-se jardim da infância. Eu fui arrastado e chorando para a escola. E era em frente da minha casa, aliás, aq> Eu não gostava, fui, chorei na escola, não queria ficar, e durante um mês eu fiquei nesse estado de espírito até me acostumar, porque a criança que é jogada diretamente num ambiente estranho, ela leva tempo para se acostumar. Isso aconteceu com o meu filho no no mini-maternal, mas no primeiro e no segundo dia, porque a criança com um ano e meio, ela aceita muito melhor do que com sete anos, certo? SPEAKER 1: Intenção? Tanto () chocava assim () SPEAKER 2: () Ambiente estranho, o cheiro da carteira, o cheiro dos cadernos novos, me apavorava. A cara da professora gorda me a me assustava. Eu e elas não faziam, nem tinham, coitadas, nem tinham o pre o mínimo preparo para ensinar u uma criança. Não não en não entendiam SPEAKER 1: ### SPEAKER 2: Elas estudavam o curso normal. Anos de grupo escolar, quatro anos de ginásio e três anos de curso, que chamava-se curso normal. () É. A preparação era precária, né? Aliás, não era uma preparação, era uma falta de preparação. Hoje em dia, eu tenho eu acho que não mudou muito, hoje em dia, né? Embora... Acho que o curso seja mais, de caráter mais... Embora o curso seja melhor, e parece que com essa reforma de ensino, parece que agora o ensino são oito anos integrados, não é isso? É. E parece que eles vão exigir das professoras um nível secundário, ou nível universitário. Ainda não estão exigindo, mas parece que elas que fazer uma faculdade ou qualquer coisa assim. Isso foi dito para minha mulher, porque ela é professora de grupo escolar. Ela leciona atualmente em grupo escolar. Mas para lecionar no segundo grau, que seriam os últimos quatro anos, ela terá que fazer uma faculdade, como está fazendo. SPEAKER 1: E e desde esse ambiente de da sala do do primário, como é que e> SPEAKER 1: SPEAKER 2: Essa disposição eu não entendo bem. Cada um tinha a sua mala com o seu material. Sentava na sua carteira e dali não levantava mais. E a professora sentava na sua mesa e também raramente levantava. Levantava às vezes para dar um cascudo na cabeça de algum aluno que estava fazendo alguma peraltice. Eram três horas de aulas ininterruptas. Ah, não não existia intervalo? Não existia intervalo. Parece que desapareceu... Parece que agora se faz o curso chamado colegial, se não me engano é isso, colegial, ele vale para qualquer das faculdades que a pessoa queira frequentar. Hoje parece que é isso, na minha época não, na minha época era científico, SPEAKER 1:  clássico. E o que o senhor a () SPEAKER 2: Agora melhorou muito, não há motivo para se separar assim uh, se separar vocações para faculdades. Isso foi difícil na na sua época? Para para de resolver Foi difícil como é hoje em dia? É É tão difícil a gente escolher o que vai ser, não é verdade? Principalmente numa cidade como São Paulo. Eu tive um pai farmacêutico, eu sempre tive uma certa tendência para trabalhar em laboratório, trabalhei em laboratório muito tempo. Talvez isso fez com que eu escolhesse a profissão de de dentista. Ah tá, seu pai é farmacêutico SPEAKER 1: Meu pai era farmacêutico. Isso, o senhor acha que () SPEAKER 2: Talvez, talvez o contato diário com com pessoas, com pacientes, com remédios, com prepara com pre preparados. Eu chegava a preparar pomadas com o meu pai, ajudava () coisa. Então, aquele contato diário com aquilo talvez foi isso que me levasse a escolher uma profissão das de carreira médica. SPEAKER 1: Não é? E de> SPEAKER 2: O aluno saía do do primário, era obrigado a fazer um curso de admissão ao ginásio. Se ele fosse aprovado, ele estaria no primeiro ano do ginásio. Agora Geralmente esse curso podia ser feito no período de férias, então ele não perdia um ano. ingressava no primeiro ano do ginásio. Ao sair do ginásio, ele ingressava sem mais problemas no científico. Científico. E o que que ele tinha que fazer para ingressar além (). Para ingressar aonde? Para entrar () curso imediatamente (). SPEAKER 1: Para sair do ginásio e ir para o científico? Não, não, antes do... Quando ele sai do primário, ele tinha que fazer fazer esse curso SPEAKER 2: Ele fazia um curso de admissão e prestava exame no final do curso de todas aquelas matérias que foram dadas no grupo escolar. Quais ()? Era História, Geografia, Português e Aritmética. Eu cito Aritmética, porque Aritmética é uma é uma das partes da Matemática. Eles chamavam de Aritmética naquela épo> SPEAKER 1: ### SPEAKER 2: Os professores não a> SPEAKER 2: SPEAKER 1: E como é que era a ordem hierárquica dentro do do colégio né? Exis> SPEAKER 1: SPEAKER 1: SPEAKER 1: