SPEAKER 2: ### SPEAKER 0: e a convivência deles com os pais foram sempre dentro da normalidade e, graças a Deus, não me aborreceram em nada. Quanto aos estudos, eles também saíram bem, normalmente. No primário, sempre tiveram boas notas, nos ginásios também, nenhum me deu um trabalho mais difícil do que o outro. Todos saíram bem, todos, sem exceção. E agora estão cursando o superior, os dois meninos estudando direito e a menina se preparando para fazer letras. Me parece que vão indo bem e que tudo vai sair normal. Isso é o que me parece. Agora eu tenho alguma experiência também de educação quanto a menores, menores abandonados. Porque a carreira de juiz, como sabem, começa no interior. E lá o problema de menor tem que ser resolvido pelos juízes mesmo, porque não há ninguém que tome esse essa iniciativa. Sabe que o juiz julga o menor, mas quem interna é o executivo, é o governo, é o Estado. Mas como o Estado não cuida desse caso, então o próprio juiz tem que cuidar também de onde colocar os menores abandonados. Nesse problema de menor abandonado eu tive uma experiência muito séria em Cajuru, onde eu fiquei cinco anos e meio. Cajuru é uma cidade muito antiga de São Paulo, divide com Minas Gerais, fica perto do Ribeirão Preto, e o problema de menor lá era muito grave. Eles dormiam embaixo de pontes, nas ruas, e não tinham um mínimo, o mínimo de humanidade. Então, precisou começar começar do começo, fazendo a casa dos menores, estudando o caso de cada menor, localizando os possíveis pais, fazendo o processo de cada um. E assim foi feito e a casa dos menores está lá. O que eu pude verificar é que a alimentação, se não é principal, fator, é um dos principais. Os menores, quando foram colocados na casa dos menores de Cajuru, todos sofriam de várias doenças. O consumo de remédios era enorme e a verba, isso está tudo escriturado lá em Cajuru. As verbas de destinadas a a remédios, conforme ia melhorando a comida, ia diminuindo a verba do remédio. Então a gente viu que a doença do menor, lá naquela naquele setor, se prendia mais à fome propriamente dita do que outra coisa. Quanto a ao estudo, esses menores, eles demonstravam a capacidade de aprender igual a dos outros outros menores, com pais e mães, de maneira que não houve problema sério também quanto à alfabetização dessas dessas crianças. E isso todas as professoras diziam, que eles demonstravam grande interesse em aprender, já porque aquilo também era uma novidade para eles, que nunca tinham visto um livro, um lápis na frente, E, com isso, cheguei à conclusão de que o menor abandonado é um menino comum, uma menina comum, independente de alguém que tome conta dele. Só isso e nada mais. Não se trata de ninguém com pouca inteligência, com com deficiência para aprendizagem, nada disso. Eu achei que eles são normais como outros quaisquer. SPEAKER 2: O senhor, que o senhor disse ter fundado, ela como é que ela ela funcionava? Ela seria uma espécie de escola no caso SPEAKER 0: Ela dá todo o apoio todo tudo a o que os menores precisam, a começar do vestiário, comida, roupas, e escola, e diversão, educação propriamente dita né, em todos os sentidos. Já muitas garotas se casaram muito bem, Até o primeiro casamento foi realizado, a senhora do governador o ofereceu um enxoval completo para a noiva, aquilo foi um sucesso. A gente procurou, procurei eu já não estou mais lá, mas procurava inclusive cuidar do problema de casamento, escolhendo o rapaz ou a moça, escolhendo também, de maneira que desse certo o casamento dele, que parece que está, até agora, nenhum deles falhou. Todos estão vivendo muito bem, com filhos, como se fosse uma família normal, que aliás, são normais. A educação do menor em Cajuru foi feita de acordo com as () da região e o sucesso foi muito grande a ponto de menores de Ribeirão Preto e cidades vizinhas quererem éh obter interna interna lá internação de menor abandonado por outros juízes de outras comarcas. E vale dizer que a boa forma da escola passou para toda aquela região. Isso é um motivo de muito muito agrado para mim, fiz aquilo com muito amor, mesmo porque ninguém ninguém faria se eu não tivesse feito naquela ocasião. SPEAKER 2: E no caso do material escolar assim, que eles teriam que usar assim, eles eles que levavam as SPEAKER 0: Não, isso tudo comprado. Tudo. Nós fizemos uma sociedade onde pagavam mensalidade. As pessoas mais mais importantes do lugar davam Quantia que pudesse por mês. E com isso, começamos alugando uma casa, depois compramos a casa, depois compramos a casa vizinha, depois derrubamos as duas casas e fizemos um prédio definitivo, que é um prédio muito grande. Aqui de São Paulo, porque eu sou radicado, aqui, nas minhas férias, eu vinha e conseguia muita muito material. Assim, por exemplo, a fábrica Lorenzetti, deu todos os chuveiros elétricos. Eu instalei Vinte chuveiros cada lado, vinte para meninas e vinte para menino Agora já, aí é uma dificuldade dos fios, porque se ligar esses quarenta chuveiros de uma só vez, precisa um fio elétrico muito grande para poder aguentar essa sobrecarga enorme de energia. Então aquele prédio foi também feito estudado, com muito amor e assim por diante. O o Conde Francisco Matarazzo tem uma fazenda apegada a Cajuru, chama Fazenda Amália, conhecida. E eu conversando com ele, ele se prontificou e deu toda a pedra britada necessária para a construção. Deu todos os azulejos para para os banheiros, cozinhas éh oh O ferro foi dado pelo José Hermínio de Moraes, aqui da Votorantim. O cimento também. De maneira que foi foi assim conseguindo de um e de outro material, ou mesmo em dinheiro, donativos, que se pôs a fazer aquele prédio. SPEAKER 2: de escola? Escolar SPEAKER 0: O problema é a educação, se a senhora quer saber mais alguma coisa, eu acho que que vai muito bem. Nunca foi tão bem como agora, me parece. Todos têm oportunidade de estudar, coisa que não era assim há questão dos trinta, quarenta anos atrás. E hoje () é. Há toda a facilidade, as escolas públicas não são pagas e as pagas podem ser muito bem pagas pelo próprio estudante, trabalhando, estudando à noite e assim por diante. Eu acho que para quem quiser subir na vida, está muito melhor agora do que há trin> SPEAKER 2: Famoso professor Cruz, isso perguntando a pessoas mais idosas, ele dava matemática, era, o homem era tremendo. É? O> Severa Bueno, que dava português. É, eu lembro que ela... É, aquela () O, o, o professor Cesarino Junior da faculdade dava geografia, porque na época ele era professor de giná> Professor Cruz Vieira Bueno, tinha um outro também famoso, não lembro o nome agora. E> Ele era, ele era o terro> Duro, um cara difícil, realmente. A> A gente trabalhar essa, essa barreira não era fácil, não. E como é que era o tratamento no caso do aluno com o professor? Ah, isso (riso), se superou, parabén> () (riso) é? o professor, () todo dia, né? Nada, nenhum deslize, nenhuma brincadeira, nada. Era de um respeito exagerado. SPEAKER 2: E no caso o aluno, assim, em face do professor, ele tinha, assim, determinados... tinha que fazer alguma coisa, ou... Bo> SPEAKER 0: Bom, na faculdade obrigava a chamar de excelência. Parece que até hoje ainda o costume está lá, não é? Porque a a mesa do professor fica bem elevada na frente, e aqueles que vão falar, na na na cátedra ali do lado. Então a gente tem que tratar por excelência (risos), que era assim no meu tempo. E> Excelência sim, excelência não () E nunca podia interromper. Jamais. Se ele estivesse falando alguma coisa, uma dúvida qualquer, tinha que esperar terminar o assunto para depois tentar fazer a pergunt> E com muita cautela, ainda porque (riso), não era fácil, não. É sempre igual. A> A alegria de lá é igual a de hoje. E> E naquele a naquela época o que estava estava no auge era o fox foxtrot  Então assobiar fox era o que todo mundo fazia, (risos) como () fazem (riso) com as músicas de hoje, não é? Eh, ah, O que estava por cima era a questão dos americanos, então todo mundo cantava em inglês. Podia não saber inglês, mas a música decorava, né imitando o falar dos ingleses, e saía todo mun> Éh ãh O traje, o traje masculino não era tão exagerado como é hoje, mas também tinha suas coisas da época. Eu me lembro de uma época, no tempo do ginásio, que usavam sapato com sola bem grossa, mas grossa mesmo. Quase uns dois centímetros de sola. Então éh aquilo tinha feitio de ferro elétrico assim afinado na frente né  Aquilo era o fim. Custava muito caro esse sapato. mas todos queriam ter aquele tipo de sapato. Depois veio a história da cabeleira. Cab> Olha, eu peguei tanta reforma de ensino porque eu eu comecei com o pe aga, a farmácia com o pe a> SPEAKER 0: Tínhamos três prés. corresponde aos colegiais hoje, né só que o colegial são três anos agora, na época eram dois, mas o ginásio era cinco, e agora é quatro. O número de anos é a mesma coisa, só que mudaram a denominação dos dos cursos E esse pré-médico, pré-jurídico, pré-politecnico era puxadíssimo, igual o igual o estudo que fazem hoje para entrar nas faculdades. Eu não me lembro assim, em dados estatísticos, mas me parece que para entrar numa escola uma escola era tão difícil como hoje né, guardadas as proporções da população né  Hoje em qualquer escola tem dois mil alunos para cem vagas, não é isso? Está acontecendo. Na época era difícil também é, a disputa era grande, poucas vagas né, poucas escolas. Foi difícil entrar em escola superior né  Não vi nada fácil até hoje SPEAKER 2: Havia algum curso que preparasse para o exame e para entrar na fac> SPEAKER 0: Não,  é esse tipo cursinho né não tinha, não. Era o pré mesmo. Pré-jurídico, pré-médico, pré-politecnico  Estudava um dia e noite professor () bom né  Muita dedicação e prestava o exame na faculdade. E E o exame na faculdade tem mais essa. Era difícil. Tinham muitas matérias. Eu me lembro que para entrar em direito eu prestei o exame de História e Filosofia, História da Literatura, veja só. É Francês, literatura francesa e inglesa é Higiene, olha, tinha uma cadeira de higiene para entrar na faculdade direito. História e Filosofia, eu já disse, higiene, o que mais? Olha, parece que eram oito matérias para entrar na faculdade. A Latim, sem dúvida, Latim. ficou mais fácil né são três matérias só. Português, uma outra língua, que é? História, não História do Brasil. Ou ou geral ### SPEAKER 1: Geral. Geral e do Brasil. SPEAKER 0: Muitas matérias que a gente também tinha isso. SPEAKER 2: E no caso o senhor também falou oportunidade dos indivíd> () inclusive viver também. É diferença de ensino dos seus filhos também, né? SPEAKER 0: Bom, eu acho que agora aprende mais. Mais, mais variável e mais depressa. SPEAKER 2: Como que é assim? Como foi o ensino deles? SPEAKER 0: Eu acho que, pelo que eu vejo a conversa dos filhos, os livros, as vezes que eu folheio o caderno, eu acho que estão estão bem à frente, bem bem mais adiantados do que eu no meu tempo. Tudo é natural, o mundo progrediu muito, não é? Mas o que hoje oh hoje se ensina em ginásio, nas escolas, é coisa que no meu tempo já era coisa para especialistas. Já era para uma especialização. Hoje, o geral de hoje já é é muito elevado, eu acho. Eu me lembro, no no tempo da dos ginásios, que apareceu aqui um educador francês, não sei quem é na época, ele era famoso. E vendo o programa dos ginásios do Brasil, ele achou que se alguém na França soubesse aquilo, era um sábio na França. Olha, isso foi dito né no meu tempo de ginásio. Então, foi naquela história da reforma Capanema, () Ele achou que o programa do ginásio brasileiro era máximo. Coisa louca Quem soubesse aquilo na França, podia ser considerado um sábio  Agora, hoje, eu acho que vocês estão mais avanç, vocês estão bem mais mais para frente do que nós naquela época. Eu acho que vocês têm um um uma visão geral do que está acontecendo no mundo. Quem estudar direitinho aí, e passar sem cola, sem nada, quer dizer, com com esforço mesmo, faz que saia bem preparado para a vida. Os programas são ótimos, e já tem tudo que há de novidade, já estão sendo encaixados nos programas né  Me lembro da minha última aula de Química, o professor Gicobardi, ele disse, olha, agora eu vou dar ao senhores, dessa última aula, o senhor presta atenção, que vão, estão bombardeando o átomo, veja, naquele tempo, né, e prótons e elétrons, né, ele disse, olha, isso  também, de Química você me to> Mas o bombardeio do Átomo era a coisa mais nova que tinha. E ele já trazia aquilo como grande novidade para todo mundo olha Agora em diante vocês prestem atenção que tudo vai ser na base do Átomo. Isso me lembra bem foi última aula de química. De lá para cá quanta coisa aconteceu, não é? SPEAKER 2: E às vezes até devido a próprio divisão, no caso do sim talvez, não é? SPEAKER 0: Das matérias. Eu não sei bem como é que estão funcionando as matérias, eu acho que mexeram nisso tudo deve ter mexido. SPEAKER 2: Os alunos costumavam faltar às aulas? SPEAKER 0: Éh a tal de faltar à aula, sempre houve. Matar aula e ir ao cinema, isso acontecia de vez em quando. Era nor> Mas ele tinha razão né  Que definições, assim, ain ainda mais em termos legais, não podem ser variadas. Elas têm que ser exatamente uma coisa. Se você mudar uma palavrinha, não é a mesma coisa, não não não dá certo. Tem que adotar mesmo a definição do mestre. Então ele já deve gostar da cadeia. Gostar da cadeira é com o mestre. Sua Excelência. (risos) é são conceitos mesmo que Mas eu acho que ainda o professor de hoje é mais camarada né, pelo que ouço aí dos filhos aí, da convivência, eu acho que o professor dá mais liberdade, pergunta e interessa o aluno mais no assunto, porque se a gente fica também com muito respeito ao professor, não tem chance de perguntar nada. Se não pergunta, também continua com a dúvida né Agora, se o professor deixar a coisa mais na base da amizade, eu acho que melhora o ensino. o aproveitamento do aluno é bem maior. Quer dizer que pelo que o senhor vê na educação dos filhos do senhor, hoje eles não só recebem de professor, eles têm que... é Inclusive eles levantam problemas, né não sei se em toda matéria, mas quando isso é possível, tem opinião, isso é muito bom. O aluno não podia ter opinião, o quando aluno podia ter opinião, opinião nada a opinião era do mestre, da ilustrada cadeira, é isso, não podia  Nunca duvidava, hoje não é assim. A gente pode respeitar a opinião do mestre, mas também tem a sua. Isso é que é o ideal, não é? Eu acho que vocês estão bem melhor. Vocês pegaram uma época muito melhor para estudar, me parece. Muito mais facilidade. Ou também a forma de ensinar. Os professores também estudam mais para dar aula, me parece. SPEAKER 2: Né, a concorrência maior é (risos) SPEAKER 0: É, também tem isso.(risos) Eu vi a história do objetivo  Eles se prepararam para ganha dinheirama Os professores são muito bem pagos Mas merecem. Merecem, realmente. Eles passam a ensinar uma matéria de especialidade deles em pouco tempo e põem na cabeça dos jovens aquilo para fazer o exame não é  Eles têm que ter técnica ah apuradíssima para poder ter resultado. O que eles devem é ser bem pagos mesmo, eu acho isso muito justo, tá certo Eles são professores que merecem todo o respeito. Eles conseguiram transformar aquilo tudo que era muito difícil em coisa fácil e que o aluno consegue guardar, né, que é o principal. É dar aula é uma coisa muito difícil, dar aula é Precisa ter gosto pelo assunto Não é porque o professor, pode inclusive, ter muito muito bom senso, pode inclusive ser um sábio, mas ele precisa alguma coisa a mais que é para interessar o aluno. Não é  Não sei bem se é a personalidade. Quem sabe com o tempo também a pessoa, né? Porque tem professores natos, quer dizer que ele já entra, se nota que o homem se desenvolve, está à vontade, que ele deixa os alunos também à vontade. Quando não é assim, porque você é muito amarrado, muito fechado, fica lá, não sai da mesa, fica sentado, isso já deixa uma situação, né, (). Os alunos, por sua vez, não querem provocar ele Começam, ficam quietinhos. Fica uma sonolência, né? (Risos) SPEAKER 2: Ele fala. Como SPEAKER 0: Não, não, não. Também não está certo. SPEAKER 2: Não é isso. E as co> Geografia, que era muito, eu me lembro disso, era um problema sério de mapas, a gente gostava muito de mapa naquele tempo. Começar do grupo escolar não é  No escolar eu fazia mapa do estado de São Paulo, mapa do município. Dentro do mapa do estado de São Paulo, as estações, ah as estadas de ferros principais. E decorar, que eu me lembro até hoje, vou dizer, depois de quantos anos. São Paulo ao Rio de Janeiro, Mogi das Cruzes, Jacareí, São José dos Campos, Caçapava, Taubaté, Pindamonhangaba, Guaratinguetá, Lorena, Cruzeiro, Cachoeira, Queiruz Decorei no grupo. Olha quantos anos faz isso. Então faziam questão de de estrada de ferro, as principais as principais paradas. Os confrontos do mapa do estado, rios, serras. () Mas a geografia era era bem cuidada naquele tempo. Bem cuidada. SPEAKER 2: E o aluno não costumava levar esse material em nenhuma nenhum? () SPEAKER 0: ### Eu me lembro dos mapas. Não era permitido. Hoje eles permitem fazer o contorno do mapa com... Até vende aí, não é oh? Parece que tem um objeto vazado, é só passar lápis ali e fica o contorno. Naquele tempo tinha que fazer a mão livre, não tinha nada. Eu tinha que decorar o contorno, o mapa do município, o mapa do estado, o mapa do Brasil, direitinho, na mão livre. SPEAKER 0: Senti Sentir uma coisa que quase todos sentem. Isso é interessante que vocês podiam ver se explicava. No ginásio, a gente está mais sujeito ao professor. Quer dizer, a gente não tem tanto interesse interesse em procurar estudar fora daquilo que foi dado na matéria, porque o professor exige aquilo, deu aquilo, passou, liquidou o assunto. Quando chega na faculdade, tudo é diferente. Pelo menos na faculdade de São Francisco. Há absoluta liberdade. a começar do seu comportamento. Fuma, não fuma, sai, entra, entra na aula a hora que quer, sai na hora que quer, coisa que no ginásio é inadmissível. Então, na faculdade a gente leva um choque, porque a gente pensa, ué, mas aqui não tem dono, parece que não não tem dono. No ginásio eu tenho um dono, tem um dono da matéria de português, eles são donos das cadeiras, era assim. Então, a gente respeitava o professor como dono da da matéria. e procurava estudar exatamente aquilo que ele queria que a gente estudasse para poder passar etecetera Quando fui para a faculdade, eu vi que lá ninguém era dono de coisa nenhuma. Absoluta liberdade, inclusive de assistir ou não assistir aula. E a matéria era dada pelo professor e já ele incentivava a gente éh pesquisar e ler onde é que ele ah ele chegou àquela conclusão, dava biografia, quer dizer, Já aumentou a área de interesse pelo estudo, né? E eu achei isso de pronto na faculdade. A gente Sa sente até um choque, sabe? Porque éh éh esse sistema de a gente obedecer é cômodo, sabe? Parece que não, mas é cômodo. Você cumpre a ordem, está feito, liquidou-se. Dorme em paz, quer dizer, não tem problema de consciência. Na faculdade, com a liberdade que eles dão até exagerada, às vezes, cria um problema de consciência grande. A gente precisa dizer, então, Dá o máximo para para poder ficar a par do que está se falando ali sem sem aquela imposição da cátedra né  Eu acho esse choque todos levam na faculdade. Eles notam que lá a responsabilidade aumentou demais. Porque no ginásio era só obedecer o mestre. Estudar o que ele mandou, estava tudo resolvido. Na faculdade não é assim. Éh Essa liberdade é que é que dá mais trabalho para a gente. Talvez fosse mais cômodo para o aluno (risos) não ter essa liberdade estudar aquilo que está na oposição e ele ficar por isso mesmo. Mas dentro da liberdade, pelo menos o que se dá na São Francisco, cria um problema de responsabilidade muito grande para quem tem um pouco de consciência, quem não tem, está tudo lindo ali. SPEAKER 2: (risos) E o senhor falou em hora marcada né no caos para entrar... Havia horário marcado SPEAKER 0: As aulas? É. As () Religiosamente, e> Isso que eu achava errado, né? Uhum. Você perdeu a primeira porque quis ah eu vou assistir a segunda, n> Não. Perdeu a primeira não assistia mais nenhuma aula durante o SPEAKER 2: E como é que o aluno ficava sabendo, no caso do início da aula? SPEAKER 0: Eu tinha a caderneta. Ela era uma caderneta que davam frequência, né? Ah, é? Então, de manhã, sete horas () passava e já deixava a caderneta e> Então, tinha... Faltou, compareceu. Faltou, compareceu. Todo dia eles batiam o carimbo E pediam ao pai que em casa visse se o aluno tá com compareceu ou não, né? E tinha que assinar todo mês. As notas éh tinham uma uma parte especial para as notas semestrais, eh mensais, depois semestrais, eu não sei, não me lembro agora. E o pai tinha que sempre assinar, depois que saíam as notas, senão não assistia a aula, se o pai não assinou. Quer dizer, eles procuravam fazer o pai se interessar né, forçando né dessa maneira. SPEAKER 2: E no caso, para o aluno, para começar a aula mesmo, havia algum algum algum aviso assim para o aluno? Não, ma> SPEAKER 0: tocava o sinal, ia para a sala, o professor entrava e começava a dar aula, continuando a anterior, se fosse o caso, ou sendo matéria nova né  SPEAKER 2: E como é que era o sistema assim das aulas? SPEAKER 0: O professor dava, falando pausadamente, e os os alunos mais interessados tomavam notas. SPEAKER 2: Não sim, eu estou dizendo mas, é eh Entrava um professores e ficava o período todo ele? SPEAKER 0: Primeiro entravam os alunos, sentavam. Aí quando o professor (), todos os alunos tinham que se levantar, isso era. () Levantavam, o professor ia para a mesa, sentavam. O professor é que dava ordem para sentar. Pronto, aí começava a aula. Fazia a chamada, né? No caso, o professor fazia a chamada. E a no> tinha um problema de frequência muito sério, porque Hoje já deve ainda deve ser assim, mas se ultrapassasse o número de faltas, perdia o ano não é  E não é que perdia o ano naquela matéria, era geral. Tinha que dar tantas frequências por ano para poder fazer exame final, senão estava reprovado. Aí que era  Na segunda época, não é () Quem não tinha essa frequência, então, era obrigado a fazer a segunda época e de todas as matérias, que não adiantava ter tirado boas notas no período normal, porque era eram anuladas. Então, ele tinha que fazer um novo exame de todas as matérias, se eu não me engano, em fevereiro ou março. Chamava-se segunda época. É  A segunda época era para aqueles que não passaram a primeira época e para aqueles que não tinham frequência na primeira época. SPEAKER 2: <íodo em que a segunda época, é período do quê? Período escolar, assim? SPEAKER 0: Não, não dava aula, não. Só marcava o exame de segunda época. O aluno em sua casa ficava estudando, né? Porque eu as aulas parece que eram interrompidas no fim do ano. Natal, por aí. () novamente se eu não me engano. SPEAKER 2: Ficava o ano inteiro ()  SPEAKER 0: Em Julho parece que tinha quinze dias, se eu não me engano,  SPEAKER 2: Vinte dias. E o aluno () é, () SPEAKER 0: Precisava ter  média, média cinco Quando a coisa melhorou, ficou média cinco e quatro por matéria. para passar. Porque antes era cinco em tudo. Se não tivesse cinco na matéria, não passava. Depois eles melhoraram, diminuíram  para quatro por matéria e cinco no Conjunto pessoal. Quando veio aquela história de peso e nota, né? Também foi novidade. Isso já foi... já no tempo do fim do ginásio Parece que fez parte da reforma do Campanema. Essa reforma do Capanema tão falada eles mudaram tudo o sistema de ensino no Brasil, né Uma das coisas, se não me engano, foi essa da da da dos pesos de nota. No primeiro exame tinha peso pequeno, porque a matéria era pequena. E no último exame tinha peso quatro, né? Pois tirava a média e era uma uma um modo de trabalhar muito certo, até porque para tirar dez na primeira prova é fácil, tem poucas matérias, né? E para tirar dez na outra é quase impossível. Então quem tirou dez na outra merece um peso Quatro Eu acho isso muito bom bem feito, muito certo Também foi coisa do do ginásio, do fim do ginásio.