SPEAKER 0: Dia agosto de mil novecentos e setenta e dois. Bom o senhor estava contando aquela SPEAKER 1: Epi episódio do trem e o senhor passou para a crise de vinte e nove... Bom, antes antes de contar o episódio do trem, eu tenho que começar do começo. Sim. Quer dizer que eu fui convidado ah ah para ser assistente da cadeira de () da Escola Politécnica de São Paulo. E hum, em virtude desse convite, a escola me mandou para a Europa fazer um curso de pós-graduação na na Europa. Eu fiz então esse curso A parte puramente teórica na Escola Politécnica de Zürich, onde tinha a aula de manhã e mais exercícios práticos. E a parte prática também na Suíça, na Escherwiese e na na na Susa. Depois fui para a Checoslováquia, onde fiz a parte de motores a vapor. e motores de combustão interna na França, e também como estagiário da da Escola Suíça e Oficina Nacional de Combustível de que é a parte puramente na ah específica de combustível líquido, porque a França estava naquele tempo mergulhada naquela filosofia de após-guerra, de se auto bastar em matéria de combustível.  Eles queriam substituir a importação de petróleo, que segundo O (), a guerra foi ga foi ganha numa numa onda de petróleo. Não? De maneira que, quando cheguei no Brasil, eu encontrei uma situação bastante difícil, porque tinha eclodido a crise de vinte e nove, de modo que não só as pessoas que tinham empregos eram despedidas, como no meu caso, que o emprego não existia ainda, havia apenas um convite, ele simplesmente foi cancelado o convite. De modo que eu tive que aceitar eh um emprego modesto na Sorocabana, na Inspetoria Telegrafo, e tive a pouca sorte de, uma semana depois de eu assumir o emprego, uh o chefe da do departamento ficou doente. Eu tive que assumir a chefia e nessa manhã recebi uma comunicação drástica do Dr. Gaspar Ricardo, que era o presidente da companhia, dizendo que os três estavam retidos no interior porque os telégrafos falavam para Piramboia, mas não recebiam comunicação de Piramboia. E aí eu fiquei numa numa situação muito difícil, porque apesar de todos os diplomas que eu tinha trazido, eu não sabia como é que se conser consertava, telégrafo que não falava. Ãh  De maneira que chamei um preto muito simpático que havia lá, o Sr. Benedito, que era geralmente o guarda-freios, que era quem consertava as linhas e tudo mais. Eu não podia chegar para ele e dizer, olha, eu não sei consertar isso aqui, mas você sabe ãh. Então eu mostrei simplesmente uh o memorando do presidente, E ele disse, mas foi tão fácil, é só trocar as pilhas. Já aconteceu isso. Ai eu mandei o telegrama, troque pilhas. Meia hora depois eu comunicava ao presidente que os trens estavam andando ãh ãh. Não disse quem fez, não dá. () Ih ãh hum ãh Meses depois, esse preto ainda teve mais um episódio na minha vida ãh. Nós viajávamos na na na frente da Lagoa Locomotiva, ali no no para-choque da no no  E as velocidades não eram extraordinárias, mas eram bastante altas, não se via nada que passava ali, uns sessenta quilômetros por hora. E ele só ia dizendo, quase que monologando, ãh junta baixa, ãh dormente podre, parafuso solto. Eu estava convencido que ele estava me gozando ali, que ele estava se divertindo a minha custa. Ele com certeza percebeu que eu era inexperiente. Então ele ele ele posava como sendo um perfeito conhecedor da da da das coisas. E eu perguntei para ele. Bom, vamos botar esse negócio direitinho. O senhor não me engana. Porque o senhor não vai me contar que a sessenta quilômetros por hora o senhor descobre que um parafuso está desapertado.   Ele olhou para mim e disse não. De fato eu não vejo nada. Mas é porque o senhor raciocina com a cabeça. ### (risos) A sensação é o choque da da da da da da locomotiva onde eu estou sentado. Ãh ãh E de maneira que assim ele diagnosticava. Ãh de modo que Eu aprendi mais isto também. () Também nunca cheguei a adquirir essa essa capacidade.  Mas, voltando ah à questão da Politécnica, quando eu estava no último ano, o doutor António Carlos Cardoso, que era naquela época  nosso professor de eletrotécnica ãh, me disse que eu não tinha a menor chance de de, no país de mil novecentos e vinte e nove, ãh trabalhar como engenheiro mecânico. Ele disse, não há. Simplesmente não existe. A capacidade não existe o que fazer. Você não tem qualquer probabilidade de trabalhar na ciência de engenharia. Ou você vai construir casa, ou você vai construir estrada de rodagem, ou então você faz qualquer outra coisa. Você trata de uma fazenda do seu pai, qualquer coisa assim, mas não pense que que você consegue trabalhar na sua profissão ãh. Isso é uma mera iludição e nada mais. Ih ih E eu estava na Sorocabana há quatro meses com a sorte que me bateu as portas uh. O Brasil também tinha tido a mesma ideia eh que a França tinha tido, de diminuir as importações, principalmente na no tocante de combustíveis líquidos. e a Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo resolveu então promover a substituição da gasolina natural, na medida do possível ih. Mas ele não tinha, a Secretaria de Agricultura não contava com técnicos e capacidades para fazer isso, então consultou a Politécnica. Então a Politécnica, com um pouco de em questão de consciência, se lembrou que eles me tinham truncado a minha minha carreira, e disse, nós temos uma pessoa que que tem um curso especializado nisso, no Ofício Nacional do Combustível, e aquilo principalmente foi uma das coisas que eu mais aprendi, foi a substituição de de  de gasolina por álcool, que a França já estava fazendo cinquenta por cento.  () Ah eh e então, a Politécnica da fez um convívio assim com a com a Secretaria da Agricultura, eu trabalhava na Politécnica, pago pela Secretaria da Agricultura, de modo que consegui ãh hum tocar adiante e tudo mais. E, nesse momento, tive uma a sorte de ter uma uma o apoio do Estado de São Paulo, que publicou este artigo aqui, da da iniciação ao estudo da aplicação do álcool nos motores de explosão. Uma dessa parte fez um furor, não pelo valor científico dele, mas porque ah tocou um ponto vital, que que havia aquela aquela verdadeira ânsia de de de de cortar as implantações. Só quem viveu o drama de de de vinte e nove não havia emprego para ninguém. Tudo estava de uma maneira ah desesperadora. Como queimava-se café, as fazendas não tinham mais... uma fermentação que revolta, uma coisa medonha, então se nós pudéssemos cortar a gasolina naquele tempo, uh uh o Brasil ele importava parece que coisa vizinha de de de de cem mil litros cem milhões de litros por mês, uma coisa assim, que hoje em dia é uma coisa ridícula, mas na mas naquele tempo era muito, êh e substituir por álcool seria uma grande coisa, ãh daria mais impulso à lavoura, menos () gastas. De modo que nem bem esse artigo apareceu quando o Instituto de Engenharia me convidou para fazer uma conferência. Nessa conferência havia gente sentada nas escadas. Até foi uma coisa ah Não () Não é pelo valor da conferência, era pelo valor do do interesse do tema do interesse do tema. Ih ah O negócio foi assim. A profecia do Cardoso ficou furada já de saída ãh. Porque nem bem ãh ah eu terminei este essa conferência de engenharia, fui convidado pelo governo federal para tomar conta então da do departamento da da de de  combustíveis do Instituto Nacional de Tecnologia, no Rio de Janeiro. Daí eu mudei para o Rio e trabalhei lá. E trabalhava () Ah E trabalhava na minha moto, quer dizer, de macacão, fazendo as coisas ali como eu achava que tinha que ser feito. Num é? De maneira que até que o ministro apareceu lá um dia para para para acertar uh uh os automóveis dele, que andava com álcool, ele tinha ele dava exemplo. Né? Aqui está no meu laboratório lá. E hum e eu atendi o ministro de macacão. E ele então me deu uma gorjeta, ãh para tomar uma cerveja, ãh ãh e ele disse que iria falar com os chefes. O chefe sou eu ah ah ah ih e então (risos). Ah ah ah e foi. ele foi ãh ele ficou muito meu amigo. E ah terminado uh ah terminado este este este este estudo, não é? ãh O Getúlio implantou o álcool () Nós publicamos então isto aqui, que foi a implantação do álcool no Brasil, que ainda fica até hoje. E o ministro mandou, então, imprimir um um um um livro. Ãh E esse livro teve uma reprodução mais ou menos internacional, que aqui está a apreciação do da da da imprensa francesa. SPEAKER 0: Ãh Mas o senhor acha que isso realmente representou, do ponto de vista econômico, ao eh eh alguma mudança substancial no país? ### Nenhuma? SPEAKER 1: Nenhuma ãh ãh. Por Por uma razão muito simples. Porque tudo aquilo que nós pregávamos não foi feito. ãh ãh ãh isso num Foi o seguinte, a nossa ideia seria ãh substituir a gasolina na medida do possível, mas de uma maneira econômica. O que eles fizeram no decreto de dezenove de sessenta e sete ãh foi uma coisa uh ãh tipicamente getuliana. Eles ãh tornaram obrigatória a adição de de de álcool à gasolina ãh e a um preço crescente. Cada ano que que que que os que os engenheiros choravam mais, eles aumentavam o preço. Quer dizer, ele ãh ãh ãh uh o álcool era era pago a um preço muito superior ao seu valor como combustível ih ih muito muito caro. De maneira que ãh ãh ele passou a ser uma espécie de de subvenção da indústria açucareira, mais nada. ãh do ponto de vista ãh energético, ele não resolveu nada, absolutamente nada. Nós tentamos ãh fazer, ãh por exemplo, eu tenho eu fiz o projeto da usina de de campo de de Ponte Nova, ãh que é que é a primeira usina de de mandioca, porque é muito mais fácil, ãh ah a mandioca é muito mais () do que a cana.  A cana é mais conhecida, mas a mandioca tem trinta e quatro litros de de de de álcool por quilo de mandioca, o álcool tem seis só, de maneira que apenas uh o álcool é mais fácil. Então, demagogicamente, se fez o álcool e depois havia pressões ih ãh, o que os americanos chamam de lobistas né, gente que tem influência no governo, que que  conseguiu isso tudo e nunca se produziu o álcool do ponto de vista energético. Nunca ninguém olhou o preço, e aquele Vendiam o preço que os engenheiros mais ou menos forçavam o governo a vender. De modo que esse assunto do álcool motor se encerrou e e eu também SPEAKER 0: E não contribuiu aí para a produção () ainda? Não, de bem... Não. SPEAKER 1: Quer dizer, podiam, ãh, podiam fazer. Na França, por exemplo, quando eu saí de lá, eles tinham metade do consumo era eh ãh álcool. A própria Alemanha, que não tinha grandes mãh... Matérias de álcool ali, né? Ãh, Ãh... Ela usava ba hum hum batata, né? Eles faziam uma parte de batata. E depois passou. Isso foi foi uma uma teoria que vi ãh vigorou na década de trinta, da autossuficiência, que mais tarde, em boa hora, ãh, isso foi abolido, muito melhor, Nós hum ãh hum comprávamos uh a energia, gerávamos aqui, mas não não fomentávamos uma fonte de energia que não é econômica, a não ser em condições muito especiais. Mas daí nesse ãh nesse meio tempo, eu não estaria mais lá porque eu fui convidado então para ah para a para a Nitroquímica. Alí na Nitroquímica eu também tenho questões que que que podia citar que retratam a situação do Brasil e ãh e a e certos fatos como esse da do do do do preto da Soracabana. Porque a Nitroquímica tinha uma sociedade, mais ou menos metade-metade, com um grupo americano que que tinha uma fábrica ãh parada lá na Virgínia. ### capitães de indústrias, a quem eles se associaram, que a fábrica era uma fábrica extraordinária, que estava parada em virtude da crise de () crise de de vinte e nove. E eles então fizeram uma sociedade em que os americanos entraram para esta fábrica e os brasileiros entraram com o dinheiro. Montaram em São Miguel ãh esta esta esta fábrica e me convidaram, então, para para eu sair do do lá da do Instituto de Tecnologia, pedir dimissão. E passei à à à á montagem da da da Nitroquímica, ãh, e em trinta e sete, a Nitroquímica começou a trabalhar ãh, mas sempre sob direção do do do dos americanos. da direção técnica, não, aqui está a montagem da Nitroquímica. Ãh... Com com Naquele tempo, a nossa pobreza era tão terrível, não tinha guindaste. Tudo isso que está aqui, nós nós transportávamos à moda egípcia, quer dizer, com alavancas e e e e empurrado. Eram vinte, trinta, sessenta homens que empurravam essas peças () Nós transportamos, do do do de Virgínia até aqui, ãh, dezoito mili, ãh mil toneladas de de de equipamento. E tudo isso vinha do () esse guindaste que está aí. Era o único guindaste que havia em São Paulo inteirinho. E nós alugamos a qualquer preço. para ajudar um um pouco a a montagem. Mas apesar dessa indigência, eh, nós conseguimos pôr a Nitroquímica funcionando em trinta e sete e a montagem começou em trinta e seis, e... E havia uma equipe de americanos que que foi contratada, nós contratamos, e e eram contramestres, até era mulheres que quem faziam a parte de fiação, normalmente era feito por mulheres. Daí verificamos que a fábrica estava parada, não é porque, por causa da crise que ela não prestava, ela já estava obsoleta. Era um processo inteiramente obsoleto e nós tivemos um um trabalho medonho para fazer aquilo andar. E partia na base de nitrocelulose. A nitrocelulose, como se sabe, é a matéria-prima para pólvora, algodão pólvora. Ah, algodão pólvora é praticamente celulose pura, eh, com ingredientes, um pouco de de carbonas. Quer dizer, nós estamos vendo a história do Brasil, as através do que aconteceu comigo. Claro. Eh... Exatamente isso. Hoje em dia, ãh ãh ãh, além, ãh ãh ãh ãh, a produção brasileira que faz esta firma aqui, nós, ãh, fazíamos cento e cinquenta toneladas por mês. Hoje em dia, ãh ãh, faz-se isso por dia aqui no Brasil. Ãh, ãh... Nós fazíamos, no início () Quando o nosso vendedor vendeu quinhentos quilos por mês de nitrocelulose para tintas e verniz, e tudo o mais, ele quase teve uma estátua. Hoje em dia a Nitroquímica, se envolveu com a.... Que está, que, () disso, ele diz hoje em dia eles fazem trezentas toneladas por mês. De modo que é tudo isto. ### O, o Brasil ãh despertou para isso. Quer dizer... Há lugares, para, não para um, não para dois, não para dez, mas para milhares de engenheiros, para para fazerem a profissão de engenheiro. Não construtores de de de casas de de de de dois andares, nem estradas de rodagem. Não quer dizer que o, que essa verdade não tenha seu mérito, mas também, mas, mas que há lugar para tudo. Quer dizer, nós agora estamos fabricando aviões daqui, estamos fazendo uma porção de de de coisas que eram simplesmente impensáveis lá naquela época, não é? De modo que a, ah, ah, eh... Tudo isso, quer dizer, é como muitas vezes a gente vê em filme de cinema, que eles retratam a vida de uma nação através de um de um de um, da vidazinha de um de uma de uma pessoa qualquer, não é? Quer dizer... Eu retrato ah, a vida do do do nosso país. Nós tínhamos um comércio externo de seiscentos bilhões de dólares, ãh ãh, na época, do do, que eu me formei, uma coisa assim. Levamos, durante muito tempo, com a casa de um bilhão e meio. Agora estamos já com acima de três bilhões e, e com, e com, com, com perspectiva de de aumentar consideravelmente, com o negócio de exportação de de de de de minérios de aço lá da Serra dos Carajás. e (), essas coisas todas, eu acredito que o Brasil estará em breve na casa dos cinco bilhões e tudo isso, quer dizer, numa exportação comparável a da da da, de muitos países europeus considerados de primeira grandeza, né? Não é igual a França, não é igual a Inglaterra, mas em todo caso, precisa notar que esses países também dependem da exportação até porque eles têm uma importação para comer. Sim. A Inglaterra, por exemplo, importa comida, literalmente. Uhum. De modo que não se pode comparar bem, ah, ah... Ah, uh, a nossa exportação parece ser relativamente pequena, mas não é. Então a nação despertou, a nação nasceu, ãh, ãh, ãh, ih, e se tornou possível, todo o, ãh... Toda, ah, essa.. Hoje em dia um aluno se forma e encontra ãh, uh, o que fazer, de, ãh... Realmente toda essa, essa, essa, esse passado meu só tem essa vantagem. Quer dizer, a... Eu fui um... Um símbolo do do do do do do do progresso todo que houve no, no país. SPEAKER 0: Agora, o senhor acha que ãh, hã, uh, hoje em dia, essa expansão do comércio exterior, ele tem, assim, ãh, ele está se desvinculando de uma burocracia, vamos dizer assim, enterrada...  Ah, não tenha dúvida, nenhuma. Eu me lembro que há muito pouco tempo, ah ah ah, adiantava, ah ()... SPEAKER 1: () Ãh... Fez uma declaração que eles iam passar de de, pa parar de exportar porque a pessoa que queria exportar parecia, assim, um preço ou palavra, ele tem que demonstrar que ele não está roubando e tudo mais. Era tão penoso! Porque eles, eles exportavam um milhão de dólares de lápis para fora e, sabe? Não paga a pena, eu acho melhor vender ãh, ãh, uh, menos lápis mas com menos trabalho. SPEAKER 0: O senhor se lembra dos processos assim? () SPEAKER 1: E é muito bem, antigamente a gente já tinha que assinar em cada repartição que a gente tinha que passar tinha que assinar, ãh, uma quantidade fabulosa, eu me lembro um pouquinho disso por um seguinte, porque no começo da produção nós éramos obrigados a exportar porque naquele tempo... Nós produzimos nylon com com matéria-prima francesa. Nós não tínhamos a parte química ainda funcionando. Então o que nós fazíamos é o seguinte, nós, como havia naquele tempo aqueles cérebros ágeis, aquele pedido de Oswaldo Aranha, que havia a classe um, classe dois, classe três, a, ãh, categoria, uhm, ih ih... Então para importar a matéria-prima, eu tinha que comprar ah, ah, dólar a um preço fora do comum. Então eu inventei um processo muito simples, que, ãh, nós () que nós mandamos o óleo de mamona para a França, ele era beneficiado ih, ih, ih, e voltava. Assim, eu não tinha que... Eu só tinha que pagar dólares na diferença da da da do da transformação lá. E com isso barateava muito. Mas para nós exportarmos uh uh, cem toneladas de mamona, mãe santíssima, eh uh, a gente tinha que recorrer quase para o Papa, era uma coisa medonha. O que se tinha que provar, o que se tinha de de de correr... dezenas de de de de reparações, era uma uma coisa proibitiva. E ainda por cima, naquele tempo havia o seguinte, a importação era abreviada. Eles tinham um um um dólar muito, ãh, muito relativamente ãh, suave comparado com a exportação, que era o dólar teórico de oito e cinquenta, que era um dólar que não havia. Aquele era um preço que eles podiam chamar dezoito, como tinham que chamar oito. Porque era uma coisa de real. O ah, uh, uh, ah, uh ,uh... O valor da moeda americana não era mais de dezoito, há muito tempo já tinha deixado de ser. Entretanto, quem exportava era isso que recebia, de modo que desencorajava de de todas as formas a exportação. De modo que, ah,  essa tendência moderna, tendência muito muito arejada, ãh, ãh, ih, ih, de maneira que que que hoje em dia existe a mentalidade de exportar. Eu vi, há pouco tempo, no jornal, no jornal atual, que o café, por exemplo, hoje em dia já está reduzido a uma porcentagem de cerca de, parece que trinta e tantos por cento da da do total da exportação. Com o, há tempos atrás que eles eram quase dos setenta, né? De modo que a dependência do café diminuiu muito. E, ih, ih, ih... E criou a consciência, realmente, que um país precisa exportar para  para para ser alguma coisa. Que durante a década de de cinquenta, por exemplo, foi o pedido de prosperidade de um (). Nós ficávamos muito felizes em substituir importações, mas nunca exportávamos, nunca! Era inconcebível uh uh o Brasil exportar alguma coisa. Hoje em dia nós acreditamos que seja possível, ãh, nós mesmo dentro da nossa diminuta atividade, nós esperamos poder poder exportar. Nós agora, ãh, na minha pequena indústria, nós estamos construindo máquinas aqui. Durante muito tempo eu fazia máquina para a Nitroquímica, projeção, porque eu era empregado. Podia ser o empregado o mais graduado que havia, mas em todo caso era um empregado, não eram minha, a Nitroquímica nem a (). Mas hoje em dia eu estou fazendo máquina para mim próprio e estamos em um dia de considerar a exportação dessa máquina. E nós podemos realmente, com o (), ãh, quer dizer, portanto, com devolução toda do, ou ou a ausência, em todos os () de importação, podemos reexportar as partes da máquina que não vieram ainda, o similar aqui nacional, como no nosso caso, os fusos e pequenas outras coisas. E temos, acredito, pode ser que isso não se realize, mas, em todo caso, acredito que se possa que se possa exportar.  SPEAKER 0: O senhor acha para ai, esquecendo um pouco o trinta e dois, o senhor acha que a época do Getúlio foi uma época, realmente, assim, de... de certeamento do progresso do país ou ele contribuiu para alguma coisa? Não SPEAKER 1: Eu eu eu eu ah sinceramente contra o Getúlio, mas na na mas na parte filosófica, na na ah do que na outra coisa, eu acho que o Getúlio teve teve aspectos muito positivos. O grande mal do Getúlio era ser um caudito. Ele era uma pessoa que que ele queria dominar de todas todas as maneiras, de modo Ele, principalmente, era uma pessoa benévola, de modo que não deu um caráter seminário à ditadura dele, ãh mas mas podendo acertar, ele acertava ãh.  Agora, ele ele não cessou. () Se houvesse uh, Apenas não concorreu, simplesmente, quer dizer o () estava inteiramente fora da da da dessa mentalidade de hoje. Quer dizer, ele era tão incapaz de conceder à exploração esse período que nós estamos vivendo hoje em dia, como () eh não entendia. Não é por maldade, mas ele não entendia a questão social. Quer dizer, era uma coisa acima da da da da da da da capacidade intelectual dele. () teve creditura, sim, porque mesmo a questão social que todo mundo executa para sua posteridade, como sendo o pai dos pobres, entre os mais, na verdade ele apenas teve a inteligência de deixar que os ministros fizessem as leis sociais, Mas quem fez a gestão de horas foi () para para começar, foi o primeiro ministro do trabalho, e posteriormente outros melhoraram e tudo mais, e ele se aproveitava e recolhia os dividendos políticos dessa dessa dessa  coisa. Ele teve a inteligência de deixar que os outros fizessem, mas eu não creio que ele tenha tido realmente iniciativa. Não tinha iniciativa (), tudo, em via de regra, era puramente demagógica, dobrar o salário mínimo, fazer essas coisas assim que não tinham não tinham alcance nenhum social. SPEAKER 0: O senhor, comparando esses períodos que o senhor viveu, e o senhor... Já que nós estamos falando de indústria e como um intelectual, o qual, qual é o período que o senhor acha que realmente o país teve a par, assim, de uma administração política ou um desenvolvimento econômico equivalente? SPEAKER 1: Bom, nós tivemos, nós tivemos, uhm, ah ah, na década de vinte, a ideia do Júlio Prestes foi uma ideia um pouco primária. Mas a ideia dele, ãh,  não deixava ter o, ter sentido. ### A tempestade chegou antes que ele, que ele, que ele, que ele pudesse realizar. Ele... Ele antevia já ah, que a, ah, dependência extrema do café era uma coisa perigosa. Nós estávamos pendurados em uma monocultura, né? Aham. Então ele fez uma valorização. Ele e o Washington, né? O Washington acredito com menos visão. Mas, ãh, fizeram uma valorização que nós chegamos a ter a saca de café, a duzentos mil reais, que era... É uma coisa considerável, é um... Quase que, ãh, o real de tão alta, né? E... E então que eles diziam o seguinte, bom, a lavoura enriqueça durante o período que ela puder enriquecer, porque eles retinham o café nos armazéns reguladores, criaram a escassez e, portanto, o preço alto, quer dizer, nós conhecemos preços que que que os lavradores nem poderiam acreditar de tão alto que era, mas com a condição de que você diversifique a sua cultura. Foi aí que eles lançaram a base para para a para a (), entregaram para os (), ãh, ãh, que fez uma uma obra genial. Porque nunca ninguém, em país nenhum, que eu saiba, tem, por exemplo, uh uh o monopólio de de da produção de sementes da de algodão. Que os sementes de algodão, geralmente a pessoa comprava os sementes de algodão, por exemplo, nos Estados Unidos, que é um grande produtor, produz treze milhões de () por ano, Eles, quem compram semente, quem quiser, eu vendo a minha semente para para a senhora, a senhora vende lá para para o homem, quem quiser comprar, como quem compra semente de laranja ou de de de orquídea, ali. E como resultado nunca puderam uh ãh ãh uniformizar. Ãh, e... E a pessoa só tinha consciência de comprar uma semente má depois de ter um mau resultado. ### Concentrou na na na mão do Instituto de Campinas ãh o monopólio da semente. para produzir semente, tem que produzir algodão também. Então, como ele controlou esse negócio? Fazendo os campos de cooperação, os campos de cooperação, ãh, o Instituto de Campinas fazia contratos com o lavrador, o melhor deles, em cada município. Eles recebiam semente altamente selecionada de Campinas, plantavam, e então o algodão eles vendiam, e a semente era do Instituto, e compraram a um preço. De modo que o lavrador não tinha interesse nenhum em fraudar essa coordenação,, porque o Instituto pagava mais do que ele obteria na pela venda da da terceira. Então, com isso, ele, uh, o Cruz Martins criou um multiplicador. Quer dizer... Ele, ele multiplicava as sementes dele por cem, por duzentos. E Então, eles recolhiam aquelas sementes e vendiam. Então, as sementes que o lavrador comprava eram netas dos das sementes de Campinas, não é? E, com isso, uh, ah, su, ah, São Paulo teve um surto enorme que nós temos uma uma uma regularidade de fibras, de vinte e oito milímetros, () que ninguém tem. Então, uh, ca, com isso, substituiu-se, ou melhor, foi, uh, ah, foi o () do café, depois que o café já tinha rodado. Mas a ideia do Júlio Prestes era substituir antes. Ah, ah, ah, ah, a produção de laranja também, a citricultura foi desenvolvida como tudo mais. Apenas a crise chegou antes o tempo. De maneira que uh uh ainda não tinha se implantado nem a cotonicultura, nem a citricultura em escala grande, E rodou o preço do café, rodou o preço de tudo, de maneira que, mas a ideia em si estava muito bem feita. Quer dizer, Fazer a diversificação naquele tempo não se pensava em indústria, pensava no termo da época. Quer dizer,  Diversificar dentro da agricultura. Mas ah atualmente é isso que está se fazendo, porque em vez de se de substituir as as importações, está se pensando em em em exportar mesmo. E eu acredito que esse esse eh eh é o caminho, mas em todo caso, voltando a sua pergunta mais especificamente, eu acho que somente no no no no governo atual, eu diria mesmo que no próprio governo do Castelo Branco isso não tinha essa essa esse rigor, como tem agora essa ideia.